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A protagonista demonstra ainda o seu desprezo pela vida campestre, no entanto ela enfatiza o
prestígio das maneiras cortesãs e a ignorância do rústico.
Inês Pereira apresenta-se como sendo o centro do enredo, revelando “formalidades vazias do
amor e do casamento arranjado por interesse”.
A sua imagem é a de uma jovem que recusa as tarefas domésticas impostas pela mãe, sendo
assim também uma jovem rebelde e determinada, que está em busca de um homem com
quem casar para se libertar da vida cativa que leva.
Mulher à frente para a época em que vive, quer escolher o próprio noivo e não que esse lhe
seja imposto, enfrentando as leis da época e as diretrizes de uma sociedade patriarcal, tendo
em conta de que “as mulheres eram completamente submissas aos homens “, como se pode
confirmar na seguinte passagem:
Mulher decidida e que recusa a vida aborrecida que lhe é destinada, Inês Pereira não ouve os
conselhos avisados da própria mãe que incessantemente a adverte e aconselha. Denota-se na
figura da mãe alguma sabedoria e uma visão pragmática do mundo, fruto da sua experiência
existencial e afetiva. Curiosamente, a personagem entra em cena queixando-se da sua
condição social, mas nunca do facto de ser uma mulher. Apresenta se como uma mulher que
recusa “o trabalho doméstico, a clausura do lar e a falta de liberdade”
Ao ficar com fama de “preguiçosa”, qualquer mulher como Inês poderia estar a prejudicar o
seu bom casamento.
Através do papel de Inês, o dramaturgo procura demonstrar que outro traço marcante da sua
personalidade é a sua irreverência, visto ser constante o questionamento dos valores sociais e
a sua determinação para alcançar os seus objetivos. Deste modo, Inês não espera ser escolhida
pelo seu marido e, ao contrário do que mostra a sua mãe, tem pressa em arranjar marido:
Para além de um homem discreto, esse homem tinha que deter “as virtudes palacianas, ou
seja, o saber, a educação, a finura”.
O destino encarrega-se de castigar Inês, a impulsiva, já que o seu marido age como um
verdadeiro repressor, alegando várias vezes que só tem o que merece já que procurava
discrição.
A protagonista tira daqui uma lição para a vida e a sua salvação chega no dia em que recebe a
notícia da morte do seu marido como cavaleiro em África, morto ao fugir como um cobarde
aquando de uma batalha.
Manipuladora e dominadora, a protagonista Inês casa novamente, porém agora com Pêro
Marques, revendo nele um homem fraco que poderá explorar em todos os sentidos, até
mesmo traí-lo.
Após um casamento dececionante e onde se esvaneceram as fantasias, Inês altera a sua
personalidade, revelando-se “uma mulher de força e de experiência, tornando-se dominadora
e não mais a dominada”
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