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TESTE MÓDULO 3

– ANO 1
[RECUPERAÇÃO DOS MÓDULOS 1 E 2]

ESCOLA______________________________________________________ D ATA ___/ ___/ 20__


NOME_______________________________________________________ N. O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Parte A

Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas

Leia o texto e, se necessário, consulte as notas.

96 98
Nas naus estar se deixa1, vagaroso, Este rende munidas fortalezas;
Até ver o que o tempo lhe descobre; Faz trédoros8 e falsos os amigos;
Que não se fia já do cobiçoso Este a mais nobres faz fazer vilezas,
Regedor2, corrompido e pouco nobre. E entrega Capitães aos inimigos;
Veja agora o juízo curioso Este corrompe virginais purezas,
Quanto no rico, assi como no pobre, Sem temer de honra ou fama alguns perigos;
Pode o vil interesse e sede imiga Este deprava às vezes as ciências,
Do dinheiro, que a tudo nos obriga. Os juízos cegando e as consciências.

97 99
A Polidoro3 mata o Rei Treício, Este interpreta mais que sutilmente
Só por ficar senhor do grão tesouro; Os textos; este faz e desfaz leis;
Entra, pelo fortíssimo edifício, Este causa os perjúrios entre a gente
Com a filha4 de Acriso5 a chuva d' ouro; E mil vezes tiranos torna os Reis.
Pode tanto em Tarpeia6 avaro vício Até os que só a Deus omnipotente
Que, a troco do metal luzente e louro, Se dedicam, mil vezes ouvireis
Entrega aos inimigos a alta torre, Que corrompe este encantador, e ilude;
Do qual quási7 afogada em pago morre. Mas não sem cor, contudo, de virtude!

Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, canto VIII (prefácio de Álvaro Júlio da Costa Pimpão),
Lisboa, Ministério dos Negócios Estrangeiros – Instituto Camões, 2000.
Notas:
1
Referência a Vasco da Gama │ 2 O regedor era o Samorim de Calecute, título dado aos soberanos desse antigo
estado hindu. │ 3 Filho de Príamo, rei de Troia. Quando esta cidade estava prestes a cair em poder grego, Polidoro é
enviado, com ouro, ao Rei de Trácia. Este apodera-se do metal e mata Polidoro. │ 4 Dánae. │ 5 Soberano de Argos
(Grécia) que tenta anular uma profecia (que um neto o mataria), prendendo a filha numa torre; todavia, Júpiter
introduz-se na torre (sob a forma de chuva de ouro) e toma Dánae, mãe de Perseu, que veio a assassinar Acrísio. │
6
Rapariga romana que, na esperança de obter anéis de ouro dos Sabinos (que sitiaram Roma), lhes abre as portas
da cidade; contudo, os inimigos não a poupam, esmagando-a sob as joias e os escudos. │ 7 Como que │ 8 Traidores.

1. Justifique a permanência de Vasco da Gama na nau, considerando a primeira estância.


2. Apresente três situações exemplificativas do poder corruptor do dinheiro.
3. Indique a que se refere o pronome “Este” usado nas estâncias 98 e 99.

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Parte B

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira

4. Na Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente faz um retrato do quotidiano, assumindo, por vezes,
uma perspetiva crítica.
Escreva uma breve exposição onde demonstre a importância da personagem Inês na
concretização do objetivo acima referido (crítica social/retrato do quotidiano).
A sua exposição deve incluir:
 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento onde demonstre a crítica social e o retrato do quotidiano
espelhados por Inês;
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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TESTE MÓDULO 3
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GRUPO II

Leia o texto.

O papel da mulher é demasiadas vezes baseado em preconceitos e mentiras sexistas,


considera, em entrevista à VISÃO, Angela Saini, jornalista de ciência do The Guardian e
autora de Inferior – como a ciência sempre desvalorizou a mulher.

Os homens são mais violentos, gostam de trabalhos manuais e são melhores do que
5 as mulheres em matemática. Já elas são mais dóceis, têm mais habilidades sociais e
nascem com um instinto materno inquestionável. Eles gostam mais de azul, elas de rosa.
Esses são alguns dos lugares-comuns sobre as diferenças entre homens e mulheres – tão
repetidos por aí que qualquer inversão de papéis causa estranheza. Mas, e se lhe disserem
que tudo não passa de uma construção social e que não, não foi sempre assim?

10 Então, afinal, os homens não são de Marte e as mulheres de Vénus. Como é que se
interessou por esta questão?
Estudei engenharia e por demasiadas vezes me disseram “Ah, que engraçado, não há
muitas mulheres a trabalhar em ciência e a escrever sobre isso”. Mas tudo se agudizou
quando, pouco depois do meu filho nascer, me terem pedido para escrever sobre a
15 menopausa. Não achei que fosse um tópico da ordem do dia, mas foi a partir daí que
percebi que há muitas informações sobre tudo o que diz respeito às mulheres que parte de
ideias feitas, lugares-comuns...

E o que sabemos sobre como é que isto começou, quando é que o homem passou a
achar que era um ser superior e a mulher inferior?
20 É difícil saber em que ponto as coisas se tornaram assim tão desiguais para as
mulheres, até porque os homens não foram, tal como hoje não o são, os líderes em todas
as sociedades. Há muito que sabemos que aquilo de os homens irem caçar para arranjar
comida e as mulheres ficarem na caverna a tomar conta da prole é uma versão inventada
da História, e que a História é sempre relatada pela perspetiva dos vencedores, o que não
25 quer dizer que seja exatamente assim. Aliás, segundo a antropologia, as sociedades ditas
primitivas eram muito mais igualitárias do que esta em que vivemos hoje. Sabemos que o
controlo, físico e das instituições, ajudou a cimentar esta diferenciação e, em algumas
comunidades, ainda o facto de a mulher se ter tornado propriedade do homem.

Essa diferenciação sobre o que é próprio do homem e da mulher é, então, uma


30 construção social?
Aceito que há diferenças de ordem biológica, obviamente, mas sermos diferentes não
quer dizer que uns são superiores e outros inferiores.
Teresa Campos, in Visão, edição online de 27 de julho de 2019
(consultado em agosto de 2019, texto com adaptações).

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Para os itens 1 a 7, selecione a opção que completa cada afirmação.

1. As diferenças entre homens e mulheres referidos baseiam-se


(A) em dados concretos e testados.
(B) numa imagem social criada.
(C) em mitos e convicções.
(D) num estudo científico.

2. Atualmente pode constatar-se que


(A) ainda há muitas desigualdades entre homens e mulheres.
(B) há mais igualdade entre homens e mulheres.
(C) a diferenciação entre sexos era mais acentuada nas sociedades primitivas.
(D) as mulheres tinham um papel preponderante nas sociedades primitivas.

3. O vocábulo “dóceis” (l. 5), no contexto, significa


(A) submissas.
(B) influenciáveis.
(C) flexíveis.
(D) habilidosas.

4. As diferenças biológicas
(A) determinam a superioridade dos homens.
(B) são responsáveis pela fragilidade das mulheres.
(C) estão na origem das desigualdades sociais.
(D) não são sinónimo de superioridade ou inferioridade.

5. O processo de formação da palavra “lugares-comuns” (l. 7) designa-se por


(A) derivação por sufixação.
(B) composição (palavra + palavra).
(C) composição (radical + palavra)
(D) derivação não afixal.

6. A oração “que qualquer inversão de papéis causa estranheza” (l. 8) classifica-se como
(A) subordinada substantiva completiva.
(B) coordenada explicativa.
(C) subordinada adverbial consecutiva.
(D) subordinada adjetiva relativa restritiva.

7. O elemento sublinhado em “tal como hoje não o são” (l. 21) é um


(A) pronome demonstrativo.

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(B) determinante artigo definido.
(C) pronome pessoal.
(D) pronome possessivo.

8. Classifique a oração “para escrever sobre a menopausa” (ll. 14-15).

9. Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte “os líderes em todas as


sociedades” (ll. 21-22).

10. Indique a classe e subclasse a que pertence o verbo utilizado em “ e as mulheres


ficarem na caverna” (l. 23).

COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3.
I–A
20 20 20 60
4.A 4.B 4.C 4.D 4.E 4.F 4.G 4.H
I–B
5 5 5 5 5 5 5 5 40
I–C 5.
30
30
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
II 70
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
TOTAL 200

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PROPOSTA DE CORREÇÃO

GRUPO I

Parte A
1. Considerando o conteúdo da estância 96, percebe-se que a permanência de Vasco da Gama na nau
se deve à desconfiança que se apoderou dele e dos restantes navegadores em relação ao
“regedor”. Com efeito, Vasco da Gama fora vítima do regedor depois de ter sido recebido
calorosamente. A hospitalidade inicial do Catual altera-se quando se deixa corromper, exigindo, a
troco da libertação do comandante português, algumas contrapartidas financeiras. Daí que o poeta
o caracterize como “corrompido e pouco nobre”.

2. As situações exemplificativas do poder corruptor do dinheiro estão presentes ao longo da estância


97. Nos versos iniciais, regista-se que rei Treício matou Polidoro para se apoderar do tesouro que
este levava. Nos versos 3 e 4 da mesma estância, diz-se que Acriso prendeu a filha Dánae numa
torre, da qual só sairá após Júpiter ter enviado uma chuva de oiro que terá fascinado o rei. Nos
versos seguintes regista-se que, a troco de anéis de ouro, Tarpeia, abre as portas ao inimigo. Além
destes três exemplos específicos, nas estâncias seguintes dá-se conta igualmente do poder
corruptor do dinheiro dizendo-se, por exemplo, que este é capaz de transformar amigos em
traidores, de entregar capitães aos inimigos e de cegar as consciências.

3. O pronome “Este” tem como referente “o metal luzente e louro”, ou seja, o dinheiro que a todos
corrompe, seja rico ou pobre, por isso por este se fazem e desfazem leis. Além disso, causa
perjúrios, transforma reis em tiranos e até os servos de Deus se deixam corromper.

Parte B

4. A – 11; B – 8; C – 1; D – 4; E – 3; F – 2; G – 10; H – 7

Parte C

5. Gil Vicente é, sem dúvida, genial na forma como se serve do quotidiano seiscentista para pano de
fundo e argumento da sua obra Farsa de Inês Pereira.
Ao selecionar para protagonista uma jovem da média burguesia e em idade casadoira, Gil Vicente
mostra que este grupo social via no casamento uma forma de ascender socialmente. Evidencia
também aquilo que era valorizado pelos homens naquela época, uma vez que a mãe lhe dá tarefas
típicas das donzelas da altura e a critica pelo facto de esta ser malandra. A recusa de Pêro Marques
e a aceitação do Escudeiro para marido também deixam antever o que era mais valorizado na
altura, em particular pelas jovens que procuravam marido, como era o caso de Inês, de que, em
vez de valorizarem a honestidade, preferiam um pretendente bem-falante, bem-parecido e
conhecedor das artes bélicas, independentemente da sua situação económica e da sua falsidade.
Assim, é possível concluir que Gil Vicente conseguiu, através da crítica, retratar uma época e um
grupo social em particular que subvertem os valores em função de uma desejada ascensão social.
(181 palavras)

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GRUPO II

1. B
2. A
3. C
4. D
5. B
6. C
7. A
8. (Oração) subordinada substantiva completiva.
9. Predicativo do sujeito.
10. Verbo copulativo.

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