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Diversidade, empreendorismo e economia criativa

na cidade mais negra fora da África


No mês da consciência negra, Salvador foi sede de três grandes
eventos que abordaram sobre diversidade,
afroempreendedorismo e economia criativa.

28 de novembro de 2022 chovia bastante em Salvador, mas parecia o único


contratempo daquele dia, pois o Festival Afropunk era uma utopia real. Naquele
espaço eu poderia ser quem eu era sem medos e constrangimentos. A
diversidade era presente em tudo no evento envolvendo empreendedorismo e a
economia criativa. Experiência única e transformadora.

O Festival Afropunk ilustra bem o que foi o mês de novembro em uma cidade tão
singular como Salvador onde tradição ancestral negra se misturou ao
afrofuturismo acentuando uma diversidade que sempre esteve na capital baiana.

Os festivais realizados em Salvador mostraram a força da diversidade e da


cultura negra. Os eventos estão muito além do entretenimento, eles reuniram
mentorias, palestras sobre afroempreendedorismo moda e culinária que
resgatam ancestralidade e pertencimento de todo um público mostrando uma
diversidade única que poucos lugares podem ostentar.

A importância da Diversidade
Não é novidade que a diversidade nunca esteve tão em debate. A inclusão social
de diferentes pessoas não é mais uma opinião que pode ser discordada e sim
uma obrigação para empresas e gestões públicas principalmente se querem ser
vistas de forma positiva no mercado e querem fortalecer sua marca.

O fortalecimento dos movimentos sociais e a democratização na internet, faz


com que o indivíduo não precise dos grandes veículos de comunicação a afim
ganhar visibilidade, hoje tem espaço e voz, para alcançar os mais variados
públicos e segmentos.

Nesse sentido, ações que coloquem luz a questões de raça, gênero, sexualidade
e identidade tornam-se uma ferramenta poderosa para encorajar transformações
e novos olhares.

A diversidade também gera uma sensação de pertencimento em um ambiente


benéfico para que pessoas diferentes sejam o que elas realmente são, sem
medo das represarias.

Diversidade e Inclusão não pode ser uma onda do momento. Por que para
muitos é a possibilidade de sobrevivência em um país onde as desigualdades
estão bem acentuadas. Por isso devemos ter investimentos e profissionais
qualificados para pensar sobre esse assunto.
“Não existe futuro sem a diversidade” Arthur Lima.

FESTIVAL AFROFUTURISMO
Realizado entre os dias 18 e 19 de novembro o Festival Afrofuturismo é um
evento que visa debater assuntos sobre tecnologia, tendências, inovação,
empreendedorismo e futurismo sobre a perspectiva afrocentrada.

É o maior evento de tecnologia da América Latina com o foco na população


negra sendo também a primeira a falar sobre questões relacionadas ao tema.

“O futurismo é algo tradicionalmente elitizado, discutido normalmente apenas em


grandes universidades como Yale e Harvard. Com o festival, queremos
popularizar o conceito e colocá-lo sob uma lente afro. Temos como objetivos ser
o destino para o profissional de tecnologia negro fazer networking, conhecer
pessoas e novas ideias”, Paulo Rogério (fundador do Vale do Dênde e um
dos criadores do festival Afrofuturismo).

O projeto está na sua quarta edição possuindo como sede pontos turísticos do
centro histórico de Salvador como o Teatro Gregório de Mattos, Palacete Tira
Chapéu, Largo Tereza Batista, Casa do Benin, além do novo Hub de Inovação
do Centro Histórico — a Casa Vale do Dendê.

O tema para este ano foi “Por uma abolição econômica” com o foco no fomento
e debate sobre a reparação histórica e econômica dos afrodescentes aqui no
Brasil.

FESTIVAL AFROPUNK
O Festival Afropunk é uma versão brasileira do mundialmente conhecido,
considerado como maior festival negro do mundo.

Antes de ser um festival, o Afropunk era um movimento cultural, com objetivo de


ser resistência dentro de uma comunidade punk rock, dominada por pessoas
brancas. O documentário Afro-Punk lançado em 2003 dirigido por James
Spooner, foi onde começou o movimento.

Realizado nos dias 26 e 27 de novembro contou artistas dos mais diferentes


estilos como o Rap, Hip Hop, Trap e MPB. Entre atrações estava Emicida, Liniker
e Black Pantera, que se apresentam no sábado (26) e Baco Exu do Blues, A
Dama feat. MC Carol e Attooxxá & Karol Conká que tocaram no domingo.

A experiência do Afropunk não era só resumida a música. Os próprios


participantes também eram atrações, principalmente os looks, a diversidade das
roupas era profusão bastante orgânica. Todo mundo parecia ser feliz naquele
espaço.

Os stands de afroempreendedores misturado a experiências visuais, o grafismo


e os pontos para tirar foto eram os outros atrativos do festival. Tudo planejado
para que pessoas negras, cis, não-binários, LGBTQIA+ entre outros pudessem
ter esse pertencimento e vivenciem nesses dois dias em harmonia.

FESTIVAL SALVADOR CAPITAL AFRO


Entre os dias 30 de novembro e 4 de dezembro aconteceu o Festival Salvador
Capital Afro que procura fazer da capital baiana referência em turismo negro.
Foram cinco dias de vivências com o propósito de conectar o público e revigorar
a economia criativa, música, audiovisual, afroturismo e políticas antirracistas de
Salvador.

O festival reuniu 180 artistas entre shows, apresentações e manifestações


artísticas e proporcionou conexões nas esferas da política pública, econômica,
educacional e cultural, pensando em crescer o afroempreendedorismo e o
turístico afro.

Estiveram presente na primeira edição do evento aproximadamente 15.000


pessoas, tendo 12 espaços no Centro Histórico.

Uma programação totalmente gratuita que trouxe mais de 230 atividades entre
reuniões de negócios, palestras e oficinas, além dos 90 afroempreendedores na
Feira AfroBiz e 56 gestores e mentores de negócios.

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