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Ao debruçar-me sobre o tema do meu ensaio crítico, procurei cingir-me a algo local, a uma
programação que amplifica a potência cultural de Portugal fora de Lisboa e do Porto. Após uma breve
pesquisa, deparei-me com o festival Impulso, que se dá no Parque D. Carlos I, situado nas Caldas da
Este festival é coordenado pela Associação Impulso, colaborando com o Município das
Caldas da Rainha e contanto com a presença e auxílio da Escola Superior de Artes e Design das
Caldas da Rainha. Conta também com o apoio de várias curadoras culturais, destacando-se a Rimas e
Batidas, uma revista digital focada no hip hop e na música eletrónica; a Comunidade Cultura e Arte,
que se exprime também numa plataforma digital; e a célebre estação de rádio Antena 3.
noutros campos artísticos, nomeadamente a arte do cinema. Surge nesta área o DocLisboa, o festival
de cinema mais antigo de Portugal, aprimorado nos documentários e colaborando com o Centro
atividades culturais.
Neste ensaio, irei-me focar na programação da edição de 2022 do festival Impulso, que conta
com uma panóplia de artistas de vários pontos do mundo e que se inserem numa variedade imensa de
géneros musicais.
No parâmetro musical, vê-se esta variedade diretamente, com cerca de 41 artistas no cartaz
Antigo membro dos ilustres Buraka Som Sistema, oriundo da Amadora na margem sul de
Lisboa, Branko é um dos nomes que se pode encontrar destacado no cartaz. Também de Portugal se
juntam os Conjunto Corona, oriundos do Porto, conhecidos pela sua música que se compreende no
género do hip-hop alternativo. Mão Morta é também outra banda portuguesa, de Braga, especializada
no punk experimental. De Odivelas surge também a aclamada e eletrificante Nídia, uma das figuras
também a banda Pluto, formada em 2002 por Manel Cruz e Peixe, que anunciam o seu regresso
através da sua performance neste festival. Fora de Portugal, vemos também a artista de Madrid
conhecida pelo seu neo perreo provocador e extremamente sexual Virgen María, como também
Neste ensaio, irei abordar então o aspeto da mesclagem de artistas distintos, analisando não só
os seus géneros musicais e a sua relevância para a indústria musical, como também irei abordar a
inclusão social através da agregação de artistas de várias nacionalidades e de várias minorias. Irei
também expor e aprofundar no espaço em que o evento se decorre e também a acessibilidade de tal.
2. Desenvolvimento
prioridade. Se o seu propósito circula à volta da execução de atividades de criação - como workshops
conferências -. No caso do festival Impulso, denota-se uma prioridade para com a divulgação dos
O festival Impulso procura então divulgar uma vasta série de artistas, com uma grande
receptibilidade quando chega à sua produção musical que permite então uma dissolução de barreiras
entre artistas de vários géneros, permitindo não só uma vasta difusão de artistas únicos, como também
permitindo aos observadores uma absorção mais eficaz de vários panoramas musicais diferentes. Isto
permite uma relação simbiótica entre os artistas e os consumidores: o artista recebe mais atenção e
conhecimento, e o consumidor, ao estar atento ao artista, é exposto a novas formas de pensar, novas
programação ter como âmbito a angariação de dinheiro, tratando os artistas como comodidades de
modo a os vender a cultura de massa. Isto garante então uma constante originalidade tanto no cartaz e
no conceito do festival, permitindo uma renovação constante do festival e, simultaneamente, uma
No aspeto da inclusão social, tem havido, no panorama geral das atividades culturais, uma
maior atenção a inclusão de minorias étnicas, de pessoas que se encontram num espetro não-
Porém, estas características não garantem segurança, não prometem a estas pessoas - vítimas
de violência na sociedade - que não serão sujeitas a crimes de ódio. Logo, é absolutamente crucial
que, num evento que promete um ambiente que inclui pessoas LGBTQIA+ e minorias étnicas, exista
também uma supervisão geral e um órgão dedicado à segurança e ao conforto dos consumidores.
No caso do festival Impulso, não existem quaisquer queixas face à segurança do evento, e
existe certamente uma inclusão para com minorias no cartaz oficial. Não só pessoas da comunidade
LGBTQIA+ , como a DJ lisboeta Odete, como também artistas de várias nacionalidades, como o
corpos administrativos que se dedicam à segurança do evento que se promete um ambiente seguro
para todo o público independente das suas diferenças. Com o festival Impulso, vê-se então uma
aplicação destes dois aspetos e as suas repercussões: um ambiente seguro, capaz de estabelecer uma
No que toca a escolher o espaço na qual se decorrerá um evento, tem de ser escolhido
deliberadamente de acordo com o propósito do evento (se este espaço deve ser escolhido a volta do
conforto do público; se este espaço deve conciliar o conforto das periferias em que se insere com a
maior agregação de consumidores possível; se este espaço deverá refletir o património cultural da
romântico e com um hospital termal Rainha D. Leonor, do reinado de D. João V, que foi sujeito a
Aliás, uma das propostas da edição de 2022 é a comunicação entre a cidade, a música e as
comunidades artísticas que lá se inserem, permitindo então uma maior exposição ao património
cultural. Não só, também são expostos trabalhos e obras dos alunos da ESAD.CR (Escola Superior de
Artes e Design das Caldas da Rainha), que garante não só um conhecimento e exposição do
património cultural e do que a cidade é composta, como também apoia o futuro da arte e do
património da cidade.
3. Conclusão
leiriense que se foca na amplificação de artistas vanguardistas de vários estilos, não só artistas
portugueses como também artistas de vários lados do mundo. Este festival é também multidisciplinar
e exprime se também no ramo do cinema, como também procura explorar e acentuar o panorama
ampliação da cultura, pegando não só no passado histórico da cidade - com a sua localização num dos
espaços mais conhecidos das Caldas da Rainha - como também no futuro, com o recurso a artistas que
reforçado pela inclusão de minorias sociais, tanto no público com uma supervisão minuciosa do
espaço de modo a prevenir ódio e agressões, como no cartaz oficial que mostra uma grande
diversidade de artistas.
remetendo para segundo plano o lucro, evitando assim que os artistas sejam comodidades. É
realmente uma programação de vertente mais alternativa, com um grande pendor cultural que ajuda
também a perceber a vida cultural fora dos dois centros de Portugal (Lisboa e Porto). É uma prova de
que o panorama cultural português, apesar de ser parcialmente omitido por atividades com fins
lucrativos com maior reconhecimento, tem um grande potencial e uma grande riqueza, com
estruturadas.
Isto demonstra que, apesar da predominância pela programação que visa angariar o máximo
de fundos e vender a maior quantidade de produtos - algo que deteriora e sintetiza a cultura - ,
novos talentos e novas formas de expressão artística que permitem a construção de um arquétipo
cultural mais estável e mais relevante para os tempos em que nos inserimos.