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A Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro
Amado, Guy.
Raymundo Colares / Guy Amado ; revisão e tradução Quesco Brasil. – 1. ed. – Niterói (SEC) vem trabalhando desde 2008 para difundir, esti-
: Fundação de Arte de Niterói, MAC de Niterói, 2013.
48 p. : il. – (Artistas brasileiros. Monografias de bolso)
mular e fortalecer a cultura do Rio de Janeiro, criando
mecanismos de fomento e políticas estruturantes
Texto em português e inglês.
Inclui bibliografia. para o setor, em todas as suas vertentes, buscando
ISBN 978-85-63334-06-0
contemplar todos os setores e áreas, desde as mani-
festações mais tradicionais, e abrangendo agentes
1. Colares, Raymundo. 2. Artistas brasileiros. 3. Arte contemporânea. 4. Século XX.
I. Museu de Arte Contemporânea de Niterói. II. Título. III. Série. culturais de todo o estado.
CDD 709.81 Como parte desse trabalho, a SEC criou o edital de
Catalogação na publicação: Lêda Maria Abbês Artes Visuais – dentro do pacote de 41 editais lançado
Bibliotecário CRB/7 n. 1071
em agosto de 2011 –, com a finalidade de incentivar
a criação artística, bem como a integração cultural,
a pesquisa de novas linguagens, a formação e o apri-
moramento de pessoal de sua área de atuação.

Balizado por esses parâmetros, o edital proporcio-


nou apoio financeiro a projetos que propunham
a circulação, o intercâmbio e a implementação de
ações de Artes Visuais no Rio de Janeiro, visando
estimular a multiplicidade e a diversidade de ten-
dências e linguagens.

Através do edital, a SEC contemplou projetos como


este, de exposições de arte, intervenções urbanas e
publicações de arte. Assim, reiterou o compromisso
do Governo do Rio de Janeiro de oferecer uma pro-
gramação plural, de qualidade, ampla e diferenciada.

Tentativa de
Ultrapassagem,
déc. de 60
esmalte sintético
sobre aglomerado
(eucatex) Secretaria de Estado
100 x 100 cm de Cultur a do Rio de Janeiro
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em seu
compromisso de divulgar seu acervo não só por meio
de mostras, mas projetos diversos, iniciou em 2000 uma
série de publicações de bolso destinadas a apresentar
suas preciosas coleções João Sattamini e MAC de Nite-
rói. Desde então, isso resultou no lançamento de mais
de uma dezena de títulos voltados para artistas como
Antonio Dias, Rubens Gerchman, Ione Saldanha, Alu-
ísio Carvão, Hermelindo Fiaminghi, Emmanuel Nassar,
Carlos Zilio, Wanda Pimentel, dentre outros.

Muito ainda há para ser estudado a partir das obras


presentes no MAC de Niterói. A lista de artistas, se
detalhada, causaria entusiasmo imediato ao leitor.
Nesse sentido, o apoio da Secretaria de Estado de Cul-
tura do Rio de Janeiro por meio do Edital de Artes
Visuais 2011, permitiu que novos passos fossem dados
nessa direção. Graças a ele, este novo conjunto de
livros, que passam a constituir a coleção Monografias
de Bolso, traz agora leituras das obras de Anna Bella
Geiger, Jorge Guinle, Ivan Serpa e Raymundo Colares.
Além de ampliar os olhares sobre o acervo, ela igual-
mente se atém à proposta de convidar novos autores,
fomentando a reflexão crítica.

Distribuídos em diferentes instituições no Brasil, os


livros também estão disponíveis para download gra-
tuito no site do MAC de Niterói, ampliando o seu
acesso. Divulgar um patrimônio de tal magnitude
corresponde, enfim, a missão do museu de colaborar
na construção da cidadania e levar a arte brasileira a
diferentes lugares.

MAC de Niterói
Eu te amo, 1970
esmalte sintético
sobre madeira
160 x 159 cm
RAYMUNDO COLARES de seu código estético, bem como das propostas do
Novo Realismo francês e da Otra Figuración argentina,
UM BÓLIDE NA CONTRAMÃO vertentes em que se percebia um viés sociopolítico
Guy Amado mais pronunciado. Mas se a Pop Art do Hemisfério
Norte era marcada por uma forte carga de impes-
soalidade e neutralidade expressiva, promovendo o
esvaziamento de objetos e personalidades icônicos
da sociedade capitalista avançada por meio de sua
exposição repetida, serial, com a relação arte-cotidiano
sendo tematizada pelo foco do consumo, o contexto
Os anos 1960 caracterizam um período de intensa e brasileiro instituía outras demandas, mais compro-
marcante agitação na arte brasileira. É o momento em metidas com o sentido de urgência que a ditadura
que se desenrola, em escala internacional, a movimen- militar determinava. Na esteira das influências das
tação genericamente referida como Nova Figuração, novas manifestações internacionais, a necessidade
quando artistas de toda parte convergem para a de um posicionamento crítico que fizesse frente ao
tônica de romper com os postulados da abstração, quadro da realidade político-social do país convergia
nos diversos registros que esta apresentava até finais para o estabelecimento de uma agenda artística mais
da década anterior (geométrica-construtiva, informal, diretamente voltada para a realidade nacional.
lírica, expressionismo abstrato), quando se impunha A questão é que, num cenário opressivo como o
como tendência dominante. No caso brasileiro, tal daqueles tempos, marcado pelos ditames do regime
corrente apresentou características bem próprias, pau- militar, alusões ao referencial norte-americano – ainda
tada pelo interesse em acompanhar o que se passava que se tratando em última análise de uma produção
no mundo associado ao dado imperativo de respon- de viés crítico, como era a arte Pop – despertavam
der às demandas que o contexto sociopolítico, com a forte resistência no meio artístico e cultural como um
instauração da ditadura militar, passava a impor. Um todo. Era de certa forma natural que houvesse um
período também marcado, entre nós, pela reassimi- patrulhamento ideológico quanto à adoção do código
lação e problematização do legado construtivo que estético estrangeiro, especificamente do “imperialismo
vigorava localmente até a década anterior, e que tem made in USA”; mas tais ressalvas por vezes condiciona-
na ênfase da experimentação com a linguagem da vam a assimilação dos influxos externos ao registro de
vanguarda neoconcreta sua expressão mais incisiva. uma emulação pálida de suas premissas, gerando uma
A Pop Art foi uma dessas tendências parcialmente dinâmica de incorporação superficial de seus atributos
reativas ao paradigma anterior, e irá atingir o Brasil em formais, a serem rearticulados na chave do engaja-
meados da década de 1960, quando da difusão no país mento, mais em sintonia com os imperativos da época.
Tais fatores contingenciais iriam conferir um caráter promovendo com sua produção singular um verda-
único para a produção artística brasileira1 à época, deiro curto-circuito de influências e filiações estilísticas
oscilando entre a referência estilística externa mais e pouco ortodoxas, aliadas a um apurado senso composi-
menos assumida e os fortes matizes políticos – incor- tivo e a uma extrema originalidade. Pode-se dizer que
porados como posicionamento necessário, naqueles sua fatura tangenciava a problemática acima comen-
que eram os “anos de chumbo” – de uma maneira tada, em suas feições pop-construtivas de inspiração
que distancia essa produção da eventual “matriz” urbana, ritmos dinâmicos e cromatismo industrial
norte-americana e europeia. Diversos artistas atuantes intenso. Mas qualquer proximidade mais direta da
naquele período terão adequado, digamos, o espí- arte que se fazia nos EUA seria apenas fisionômica,
rito pop sem, contudo, comprometer sua autonomia, dadas as características específicas de seu trabalho;
articulando os estilemas formais da proposta estran- a combinação única que promovia era o suficiente
geira a uma ênfase no comentário sociopolítico. Suas para configurar um estilo pessoal autônomo e invia-
obras não raro apresentavam um dado característico bilizar enquadramentos precisos para sua produção.
de precariedade na realização; as limitações técnicas Sua pintura não apresentava enunciados libertários,
(sobretudo em relação à qualidade de material, mas combativos ou alguma sinalização mais explícita
não só) eram um aspecto inerente ao contexto adverso nesse sentido, como era a tônica dominante em tan-
da realidade terceiro-mundista, sendo particularmente tos contemporâneos do artista. Por outro lado, tais
evidenciadas quando contrapostas à Pop Art que era características teriam colaborado para que sua obra,
produzida nos EUA. Contraste que seria explicitado vista de uma perspectiva atual, afigure-se tão pouco
de modo mais incisivo por ocasião da 9a Bienal Inter- datada se comparada a boa parte da produção da
nacional de São Paulo2. época, incluindo alguns de nossos grandes nomes3.
E é nesse contexto que Raymundo Colares surge Oriundo da pequena Montes Claros (MG), instala-se
como um discreto bólide no meio artístico brasileiro, no Rio de Janeiro em 1965, onde vem para estudar
Arte, dando vazão à vocação recém-confirmada, após
desistir de cursar Engenharia Civil. Entre uma passagem
1. Quando aqui nos referimos a “produção artística brasileira” nos anos pela Escola Nacional de Belas Artes e a frequência ao
1960, temos em mente a que se desenvolvia quase que exclusivamente em
São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois pólos dominantes no cenário cultural
prestigiado curso livre de Ivan Serpa no MAM-RJ, faz
da época. amizade, dentre outros, com Antonio Dias e Hélio
2. A 9a edição da Bienal, realizada em 1967, foi a que trouxe uma poderosa Oiticica e assimila os encantos – e, posteriormente,
delegação norte-americana, com diversos representantes da Pop presentes,
além de uma sala especial com a obra de Edward Hopper. Foi a primeira
vez que expoentes da Nova Figuração brasileira eram confrontados com
seus pares do Hemisfério Norte – como Warhol, Lichtenstein e Rosenquist
– e a ocasião expôs o contraste, ou as consideráveis diferenças estruturais,
logísticas e técnicas entre as produções, que foram potencializadas por 3. Fato para o qual Paulo Venancio Filho já chamava a atenção em seu texto
aquele contexto. “Pintura e caos”, de 1997.
os desencantos – do mundo de possibilidades ofere- obra, de matizes diversos e diferentes camadas de
cido pela metrópole, destacando-se com rapidez no rebatimento ou transposição formal em sua pintura:
cenário carioca e nacional. É uma trajetória mete- Marcel Duchamp, o futurismo italiano, o cinema e as
órica: no curto espaço de quatro anos (1967-1970), HQs/comics, culminando naquele que o artista apon-
o recém-chegado à cidade grande participa de uma tava como uma influência-chave em sua práxis, Piet
dúzia de exposições, dentre salões e galerias, tendo sua Mondrian. Uma relação que, se à primeira vista pode
primeira mostra individual realizada em 1969; ganha parecer algo insólita, em seu cruzamento de pilares
ainda diversos prêmios no mesmo período, sendo os do modernismo e produtos da cultura de massas, se
dois últimos4 decisivos para sua opção de viver cerca analisada mais detidamente apresenta alguns vetores
de dois anos no exterior (EUA e Itália), em 1971-73. comuns. O mais notório deles é certa convergência
A experiência intensa da urbanidade, com suas velo- para a ideia de movimento, noção tão cara à trajetória
cidades múltiplas e ritmos visuais próprios, será decisiva de Colares como um todo. Seja no interesse por sua
na eleição de seu objeto-chave na atividade pictórica: decomposição a serviço de uma pulsão tão racionalista
o ônibus. É a partir do fascínio que desenvolve pelas como sutilmente iconoclasta (o Duchamp inicial da
carrocerias metálicas prateadas e coloridas em trânsito, pesquisa cinética de “Nu descendo a escada”, como
tão presentes em seu cotidiano, que Colares irá estabe- especificado pelo artista5) ou celebratória (como que-
lecer aquele que será seu leitmotiv, sua produção mais riam os futuristas, particularmente evidenciado na
característica e principal corpo de obras. Interessa-se pintura de Balla), seja na dinâmica sequencial (HQs e
obsessivamente pelas possibilidades de decomposição cinema) ou na busca por uma síntese absoluta (Mon-
dos planos que extraía dos motivos nas carrocerias, drian), trata-se de um fator que anuncia o fascínio do
buscando a síntese visual de um dinamismo residual ali artista por um entendimento cinemático da relação
inevitavelmente contido. O que, em leitura expandida, espaço-tempo, questão de que se ocupa por meio de
poderia ser interpretado como uma pulsão incontida uma abordagem bastante personalizada. Acrescente-se
em apreender e traduzir visualmente as velocidades ainda que, no ordenamento mental idiossincrático do
múltiplas que impulsionam cada fragmento da própria artista, tais referências tinham estatuto hierárquico
experiência da vida acelerada na metrópole, fato tão equivalente, o que faz com que um Mondrian possa ter
determinante no percurso poético do artista. no esquema processual de Colares o mesmo peso, por
E aqui adentramos no universo de referências e exemplo, das histórias em quadrinhos – pelas quais era
influências pessoais invariavelmente associadas à sua

5. Conforme depoimento de Colares a Frederico Morais: “Na verdade o


quadro que mais me influenciou foi o ‘Nu descendo a escada’ de Marcel
4. O prêmio “Viagem ao exterior” do Salão Nacional de Arte Moderna e o Duchamp […]”. In “Colares: gigantismo e impasse”. Diário de Notícias, 22
Prêmio IBEU, que incluía uma exposição em Washington – ambos em 1970. ago. 1969.
um aficionado. Este dado é talvez mais revelador do mesmo ônibus que, se por um lado ainda simbolizava
que possa transparecer em sua aparente frivolidade, um projeto – duvidoso, se não falacioso – progressista
por evidenciar uma práxis que se conforma em boa de “brasilidade” e dava assim a medida do descom-
medida amparada pelo cruzamento de referências passo de nosso contexto subdesenvolvido em relação
formais-estilísticas em par com as afinidades eletivas, ao cosmopolitismo glamoroso enunciado pela Pop do
e resume muito do que irá definir a singularidade de Hemisfério Norte, era também o veículo que o tirou de
sua obra. seu anonimato e deu forma a seus sonhos; o mesmo
Por outro lado, percebe-se também, e de imediato, ônibus que inundava seu cotidiano nas ruas do Rio de
a presença decisiva de um elemento construtivo no Janeiro e permitia externar seu encantamento ambi-
esquema compositivo de suas obras. Apesar de não valente pela metrópole, e que o levava de volta a sua
expressamente mencionado pelo artista, o legado Montes Claros; e que, por fim, acabou por atravessar
dessa vertente, desdobrado e alargado pelas conquis- em definitivo sua vida – ou ser pelo artista atravessado,
tas da então recente experiência neoconcreta, sem numa imagem de trágica e poderosa capacidade de
dúvida exerce um papel estrutural em sua produção. síntese de seu percurso6.
De todo modo, o aporte construtivo manifesta-se de Sobre a presença de Mondrian em sua obra caberia
modo incontornável em suas obras, incorporado natu- talvez um comentário à parte, apesar do muito que já
ralmente como procedimento formal dominante em foi dito acerca de sua importância para o brasileiro.
seu modus operandi, o que torna supérflua a neces- Este nutria uma admiração confessa pelo mestre holan-
sidade de justificativas acerca de sua importância na dês, chegando a homenageá-lo explicitamente em
arte de Colares. algumas peças. De saída, há um componente afetivo
O artista desenvolve, a partir da apropriação da contingencial nessa eleição, já que o primeiro con-
grade construtiva como elemento-base, um projeto tato de Colares com o mundo da arte teria se dado
de geometrização do espaço absolutamente singu- justamente pela obra daquele artista, pouco tempo
lar: nele, um rigoroso esquema formal “racionalista” antes, na Bahia. No entanto, e como já muito bem
vê-se obrigado a compartilhar o plano (que pode se assinalado por Ligia Canongia7, o grau efetivo de tal
desdobrar em vários) com uma intensa pulsão expres-
siva – quase inconveniente, se observada por uma
lógica construtiva clássica – ativada, sobretudo, pela
6. Colares viria efetivamente a falecer em decorrência de graves ferimentos
referência dos ônibus que o artista tanto prezava. causados por um incêndio num hospital psiquiátrico onde encontrava-se
internado (por vontade própria), de volta a sua Montes Claros. Contudo,
Elemento em princípio tão pouco afeito a articular tempos antes fora atropelado por um ônibus no Rio de Janeiro, evento
relações desta natureza, o ônibus é, no repertório de decisivo numa espiral autodestrutiva da qual nunca se recuperou e que irá
culminar na sua morte nessas circunstâncias trágicas.
Colares, dotado de alta carga de singeleza e afetivi-
7. CANONGIA, 1997. “Análise das referências”. In Raymundo Colares:
dade. Sobretudo quando se tem em mente que é o Trajetórias. Rio de Janeiro: Centro Cultural Light, 1997.
influência em sua produção é questionável, não sendo a uma inventiva participação-interação do especta-
difícil apontar consideráveis diferenças entre ambos. dor-leitor em “leituras sensórias” sempre únicas. A
Em termos de correspondência formal, verifica-se propósito destas peças, seu amigo Hélio Oiticica ano-
uma afinidade pela capacidade de síntese visual e taria numa carta-poema, em seu inconfundível estilo
por um sentido de organização rigoroso, límpido, dos telegráfico-neoconcretista:
elementos compositivos. Por outro lado, sua pintura
distanciava-se do registro metafísico-cientificista da Livro - MONDRIAN disseca levando a espaço pós-pin-
abstração de Mondrian, permitindo-se, por exemplo, tura representação q se dissolve no plano reconstruído
jogar livremente com a simultaneidade e justaposi- do tempo [...]9
ção de planos de um modo francamente avesso aos
preceitos racionalistas do holandês. Convém lembrar Nessas peças, Colares imprime uma lógica que lhe
ainda que o interesse pelo depuramento visual poderia permite articular relações mais estreitas com o modelo
igualmente ser impelido, em Colares, por fontes mais de pensamento de Mondrian. Há mesmo alguns Gibis
prosaicas, como a simples experiência de observação com referências diretas ao mestre – sua grade e suas
dos painéis publicitários nas ruas, como atesta o pró- cores primárias estão lá, embora dotadas de uma
prio: “À maneira dos out-doors, elimino os detalhes improvável e convidativa disponibilidade, à espera
superficiais e busco a força visual”8. das tantas reconfigurações possíveis a serem efetuadas
Ou seja, se guardado o devido distanciamento, pelo leitor-ativador. Outra citação explícita emerge
poderíamos especular que há em sua obra um regis- em Broadway, boogie-woogie, “trabalho-filme” que
tro ambivalente em que a referência se confunde com o artista definiu como uma “tentativa em termos de
a reverência pelo espírito de Mondrian, pelo perso- cinema de obter/refazer a obra-prima de Mondrian”10.
nagem histórico do Artista com maiúscula, por uma Seja como for, à parte o subjetivismo que rege
trajetória fundada em um obsessivo projeto estético o grau de assimilação de suas influências, a experi-
que incutia uma aventura radical pela linguagem pela ência de fruição da obra do mineiro como um todo
qual o brasileiro nutriu um fascínio intenso. Há que certamente ganha quando isenta deste tipo de con-
apontar, contudo, que a referência-Mondrian aflui dicionamento “verificacionista” a priori – o que de
mais naturalmente em seus Gibis, livros-objeto mani- resto se aplica a quase toda boa arte. Se ter acesso
puláveis concebidos como experimentos gráficos de
visualidade pura (iniciados em 1968) que convidavam
9. Conforme texto-poema inédito de Hélio Oiticica, assinado “HO, nyk, febr.
26, 72”. Catalogado no Projeto Hélio Oiticica como 0447.72 pl.

10. Relato extraído do texto “Algumas ideias em torno à Expo-Projeção 73”,


8. MORAIS, Frederico. “Colares: gigantismo e impasse”. Diário de Notícias, de Aracy Amaral, publicado originalmente no catálogo da mostra Expo-
22 ago. 1969. Projeção, organizada pela autora. São Paulo: Grife, jun. 1973.
ao panteão pessoal de referências de um artista pode série inspirada nos ônibus, realizadas sempre direta-
proporcionar uma compreensão mais aprofundada de mente sobre madeira ou eucatex, além de duas peças
sua produção, pode ser igualmente salutar guardar exemplares da incursão do artista no terreno do tri-
uma distância entre a expectativa de transposição de dimensional, expandindo sua pintura para o espaço
tais referências e a obra que acaba por se apresentar (ambas sem título, e produzidas em 1969). E há ainda
aos olhos. outra obra, Orgia, pintura sobre madeira realizada em
Em resumo, a pintura de Colares – e mesmo as pes- 1983. Um trabalho que se dissocia das demais por se
quisas paralelas em outros suportes, como os Gibis, tratar de uma peça tardia e por apresentar caracterís-
poemas visuais, histórias em quadrinhos e eventuais ticas mais eminentemente restritas a um vocabulário
experimentos em vídeo – consistirá grosso modo num concreto-construtivo rigoroso, de geometrização pura
processo incessante das possibilidades de investigação e um esquema cromático contido; e, sobretudo, sem
sintética do movimento, operando sobre um grid de quaisquer concessões à figuração sempre presente na
procedimentos construtivos/neoconcretos e alimen- faceta mais conhecida do artista.
tado por um repertório iconográfico calcado em um O modo único como sua obra emerge e se instala no
imaginário urbano de extração pop à brasileira. âmbito da nova figuração brasileira inscreve Raymundo
Colares decidida e decisivamente na historiografia
da arte nacional. Opera um cruzamento fascinante
e absolutamente original que conjuga a releitura
A coleção MAC de Niterói/Sattamini possui um con- inventiva do legado construtivo e neoconcreto e os
junto consistente de obras de Raymundo Colares, dos influxos da Pop Art, articulados por uma sensibilidade
mais significativos do país. O que, no caso de um artista urbana ambivalente e um panteão híbrido de referên-
com uma produção rarefeita como é este11, representa cias pessoais. Uma forma singular de combinar uma
uma oportunidade de contato privilegiado com uma iconografia peculiar a uma abordagem pop balizada
trajetória artística fundamental. O recorte presente por uma lógica construtiva, trabalhando numa chave
na coleção compreende sete peças emblemáticas que alterna sofisticação e despojamento, rigor e des-
e altamente representativas do melhor de Colares, contração, tradição e subversão, velocidade e quietude.
todas produzidas no período áureo do artista, entre os O que fica é um corpo de obra reduzido, mas de
anos 1968-70. Trata-se de cinco pinturas da conhecida uma consistência excepcional, marcado por um vetor
elegantemente anárquico e apaixonado, de quem
se permitia conjugar tais elementos a serviço de um
11. Colares tinha um ritmo de atividades lento, que, associado às suas projeto estético altamente personalista. Um bólide na
dificuldades financeiras regulares – que poderiam interferir na aquisição contramão, poderíamos dizer, atravessando em alta
de material de trabalho – e a sua morte precoce, acaba por determinar um
corpo de obras relativamente escasso. velocidade a cena artística brasileira, e nela impri-
mindo sua marca com vigor. Na contramão talvez de
certos modismos, tendências e convenções compor-
tamentais; em última análise na contramão até do
próprio sucesso, minado por fatores externos e razões
internas que atravancaram um percurso promissor,
aberto à base de vontade e uma intuição plástica e
inteligência gráfica privilegiadas.

Referências bibliográficas selecionadas

BUENO, Guilherme. “Raymundo Colares: Ocorrência em uma trajetória”.


In DasArtes n.12, Out-Nov 2010.
CANONGIA, Ligia. “Análise das referências”. In Raymundo Colares:
Trajetórias [curadoria de Ligia Canongia]. Rio de Janeiro: Centro Cultural
Light, 1997.
DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60: Transformações da Arte no Brasil.
Rio de Janeiro: Campos, 1998.
MATTAR, Denise. “Raymundo Colares – Viver uma vez só”. In:
Raymundo Colares: poéticas pop. Curadoria Denise Mattar. Rio de
Janeiro: ADupla, 2011.
MMM, Ascânio. “Ray: meu amigo Raymundo Colares”. In: Raymundo
Colares: poéticas pop. Curadoria Denise Mattar. Rio de Janeiro: ADupla,
2011.
MORAIS, Frederico. “Colares: gigantismo e impasse”. In Diário de
Notícias, Rio de Janeiro, 22 ago. 1969. Artes plásticas.
______. “As estradas do cometa – Velocidade suicida, paixão e rigor”.
O Globo, 01/04/1986.
OSORIO, Luiz Camillo. “Moderno / Fora da moda”. In Raymundo
Colares. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2010.
VENANCIO FILHO, Paulo. “Pintura e Caos”. In Raymundo Colares: Orgia, 1983
Trajetórias [curadoria de Ligia Canongia]. Rio de Janeiro: Centro Cultural esmalte sintético sobre madeira
Light, 1997. 118 x 117 cm
Ultrapassagem Pista Livre,1968
esmalte sintético sobre madeira
160 x 160 cm

Ponto de Mudança, Ocorrência


de uma Trajetória, 1968
esmalte sintético sobre madeira
160 x 160 cm
Raymundo COLARES

obras comentadas

As pinturas das séries “Ônibus” / “Trajetórias” são


certamente o núcleo mais emblemático da produção
de Raymundo Colares. A coleção MAC de Niterói/Sat-
tamini possui um conjunto precioso dessas obras, cinco
no total. Nas peças aqui selecionadas [Tentativa de
ultrapassagem, déc. de 1960; Sem título, 1968], pode-se
verificar como Colares elege uma imagem-tema que Sem Título, 1968 – esmalte sintético sobre madeira – 160 x 160 cm
se tornará uma referência basilar em sua produção.
Objeto-chave para externar o encantamento do
artista pela cidade grande, o ônibus era para Cola-
res o catalisador por excelência do dinamismo da
urbanidade – veículo agenciador e ativador de seu A representação muito própria que o artista confere a
caos, suas muitas velocidades e intensidades. E que esses veículos guarda essa medida: eles surgem apenas
simbolizava também, de um ponto de vista pessoal, o em fragmentos, mas são reconhecíveis sem maiores
mesmo meio que o tirou do isolamento pacato de sua dificuldades a partir de padrões de identificação carac-
pequena Montes Claros [MG] e o conduziu ao novo terísticos – os números das linhas ou de matrícula, a
mundo de possibilidades – e excessos – que a capital típica pintura em faixas com as cores das empresas –,
carioca oferecia. Observando de um ponto de vista executados em um registro estilizado à maneira Pop,
mais distanciado, o ônibus era ainda um fator que alu- mas obedecendo a uma estrutura formal pautada pelo
dia simultaneamente às ideias de progresso e de atraso; rigor geométrico. Curiosamente, em termos de origem
era, ao mesmo tempo, símbolo de uma promessa [sub] da escolha iconográfica, a referência aqui está menos
desenvolvimentista em escala industrial no país e indi- no repertório da Pop Art – como se poderia supor –
cativo de um contexto periférico na economia global, que no Nu descendo a escada de Duchamp e nas telas
onde ainda se sonhava com o asfalto e a efetividade do futurista Giacomo Balla, conforme ressaltado pelo
de tal perspectiva permanecia em suspenso. próprio artista.
Nessas pinturas, desenvolve-se uma operação de ele-
gante radicalização da ideia de movimento; não se
estaria apenas diante de um exercício de [de]composi-
ção estilizado e racionalista de um deslocamento físico,
mas de registros da captação de tais movimentos que
remetem para além da própria ação. A alusão aos tra-
jetos dos veículos em si não possui grande relevância,
mas sim suas trajetórias em sentido ampliado – no que
elas encerram, em sua concretude transcendente, da
experiência do cotidiano na metrópole. The journey
is the destination, portanto, se não no sentido zen da
expressão, então na percepção de que o movimento
interessa aqui mais pelas possibilidades que suscita
como meio ou elemento ativador de uma sensibilidade
inquieta, voltada para a investigação sistemática de
aspectos que conformavam sua prática artística.
A respeito do objeto-tema que tanto marcou sua
obra [e que o artista temia que os Ônibus acabassem
por estigmatizar sua produção, pela grande visibili-
dade que esta série teve à época], Colares uma vez
sentenciou:

“O ônibus é como um homem que tem


Tentativa de Ultrapassagem, déc. de 60 - esmalte sintético
uma trajetória a cumprir e o fará de sobre aglomerado [eucatex] - 100 x 100 cm

qualquer maneira, apesar de encontrar


em sentidos contrários outras forças. Essa analogia feita pelo artista resume também, em
E tentará vencer, forçando trajetórias sua pungente objetividade metafórica, seu próprio
percurso poético. Que afinal, após se defrontar com
contrárias e barreiras, já que fazem parte tantas ”forças em sentido contrário”, acabou tragica-
da vida essas ultrapassagens.” mente ultrapassado pela vida, cedo demais.
As duas pinturas-objeto [Sem título, ambas de
1969], pertencentes à coleção MAC de Niterói/João
Sattamini, constituem-se como obras essenciais na
trajetória de Colares, fortemente representativas de
seu interesse em incursionar pelo território do tri-
dimensional. Por suas características diferenciadas,
têm a capacidade de traduzir, visual e sensorialmente,
aspectos caros à poética do artista. O fascínio pela
Sem Título, 1969 – esmalte industrial sobre metal [alumínio] –
materialização do movimento [leia-se, por sua decom- 100 x 232 x 15 cm
posição] é alavancado pela vontade de avançar para o
espaço com a introdução do dado volumétrico, quase
escultórico; uma busca também impulsionada pelo
desejo de insuflar – ou convocar – um grau de expe- dobras do material como campos compartimentados,
riência mais participativa para o público-espectador. também faz com que o conjunto seja dotado de uma
Essas peças de grandes dimensões - adjacentes organicidade inédita. Resulta um efeito que intensifica
à série dos Ônibus – conjugam tais anseios. A tinta a experiência sensorial do objeto, com a interpene-
esmalte é aplicada diretamente sobre placas de alumí- tração e rebatimento dos planos visuais sendo a um
nio seccionadas e articuladas, num desdobramento de só tempo suavizados e intensificados pela estrutura
presença escultórica da produção que até então se ati- articulada da obra, e o observador sendo instado a
vera a funcionar sob a lógica do quadro. Pode-se notar uma percepção mais envolvente da mesma.
como Colares valoriza o cinza-metálico da superfície São trabalhos que em boa medida realizam a von-
do suporte, incorporando-o como cor e material que tade objetual sempre almejada pelo artista, e uma
remete à “pele” de seu objeto de eleição, as carroce- pulsão tão característica de vários outros de seus
rias, mais e menos coloridas que tanto o inspiraram. colegas de geração, ou pouco mais velhos. Interes-
A estrutura modular articulada dessas obras retoma sados em expandir as premissas construtivistas – ou,
o dinamismo fragmentário, composto por eixos dia- por outro viés, superá-las – e injetar uma dimensão
gramáticos e planos superpostos – o efeito cinemático mais mundana, de um imediatismo comunicante, e
já apontado em sua produção, por vezes explorado à mais participativa na experiência de fruição da obra,
maneira de um zoom – que caracterizava suas pintu- diversos artistas do movimento neoconcreto investi-
ras. Se por um lado a solução modular instaura novos ram nas possibilidades que o elemento tridimensional
modos de percepção da multiplicidade de planos, oferecia para alargar suas práticas até então limitadas
criando camadas visualmente mais literais ao utilizar as ao plano pictórico. Casos como os de Lygia Clark e de
Sem Título, 1969
esmalte industrial
sobre metal
[alumínio]
100 x 231 x 15 cm

Hélio Oiticica são os mais notórios dessa tendência, A Raymundo Colares não interessava chegar tão longe
adotando uma plataforma experimental que por vezes no radicalismo experimental: embora identificado com
conduzia aos limites da linguagem. Entre meados dos práticas e princípios do neoconcretismo, não aspirava
anos 1950 e início da década seguinte, os dois dariam à “desintegração do quadro” ou à “abolição da estru-
grandes passos para uma maior autonomia nesse sen- tura significante” nos termos postos por Oiticica. Para
tido – tendo ambos partido da pintura, Lygia com suas ele, bastava atingir uma espessura de contato mais
Superfícies moduladas, Contra-relevos e finalmente os táctil com o mundo, que melhor articulasse e comuni-
Bichos; e Hélio, principalmente, com seus Bilaterais e casse o delicado sentido de urgência que seus Ônibus
os Relevos espaciais. carregavam; e essas duas obras são exemplares disto.
English Version

The State Secretariat of Culture of port to projects that promoted the Committed to promoting its works further steps to be made in this direc-
Rio de Janeiro (SEC) has been work- circulation, exchange and imple- not only in exhibitions, but also tion. Thanks to that support, this
ing since 2008 to publicise, stimulate mentation of Art projects in Rio de through various projects, in 2000 new set of pocket books now brings
and strengthen Rio de Janeiro culture, Janeiro, in order to stimulate multiple the Museu de Arte Contemporânea readings of the works of Anna Bella
creating mechanisms and policies to and diverse trends and languages. de Niterói began a series of pocket Geiger, Jorge Guinle, Ivan Serpa and
promote and structure all the differ- Through the bidding, projects like books intended to present its valuable Raymundo Colares. As well as widen-
ent branches of the industry, with a this one, as well as art exhibitions, João Sattamini and MAC de Niterói ing the audience for the collection, it
view to covering all sectors and areas, urban interventions and art publi- collections. Since then, the series equally intends to invite new authors,
from the most traditional manifes- cations were considered by the SEC, has brought over ten publications fostering further critical reflection.
tations and encompassing cultural thereby reinforcing the Rio de Janeiro about artists such as Antonio Dias, Distributed to several different
agents statewide. State Government’s commitment to Rubens Gerchman, Ione Saldanha, institutions in Brazil, the books can
As part of this effort, the SEC cre- offering a plural, high quality, broad Aluísio Carvão, Hermelindo Fiamin- also be downloaded free of charge
ated the Visual Arts public bidding and distinctive programme. ghi, Emmanuel Nassar, Carlos Zilio, from the MAC de Niterói website,
– within a package of 41 public bid- Wanda Pimentel and others. broadening access to them even
dings launched in August 2011 – with There is still a great deal to be more. Promoting a heritage of such
the aim of encouraging artistic cre- studied among the works in the MAC magnitude is, at the end of the day,
ation, as well as cultural integration, de Niterói. A detailed list of the art- in line with the museum’s mission of
research of new languages and staff ists would immediately capture the helping construct citizenship and tak-
training and education in their field reader’s imagination. Therefore, the ing Brazilian art to different places.
of work. support of the Secretary of State for
State Secretariat
Grounded on these guidelines, the of Culture of Culture, through the 2011 Visual Arts
public bidding provided financial sup- Rio de Janeiro public bidding project, has enabled MAC de Niterói
RAYMUNDO COLARES manifestations, the need for a critical those anos de chumbo (“dark years”)
stance regarding the sociopolitical re- – in such a way that distanced that
A SHOOTING STAR OUTSIDE THE ality in Brazil led to the establishment production from any of American and
MAINSTREAM of an artistic agenda aimed more di- European matrix. Several artists work-
rectly at the domestic situation. ing during that period tailored, for
Guy Amado
The point is that, against such an want of a better word, the pop spirit
oppressive backdrop, marked by the without, however, impairing their
military regime’s strict rules, allusions autonomy by the formal stylistic traits
Brazilian art in the 1960s underwent which focused with incisive expression to American references – although of the foreign proposition with an
intense and dramatic developments. on experimentation with the avant- in final analysis constituting critical emphasis on sociopolitical comment.
On an international level, the decade garde neoconcrete language. works, just like pop art – provoked Their works often suggested a certain
was marked by the movement generi- Pop Art was one of those tenden- strong resistance in the arts and cul- degree of precarious preparation; the
cally referred to as New Figuration, cies partially reactive to the preceding ture sphere as a whole. It was, in a technical limitations (especially, but
which saw artists from all over the paradigm, and would reach Brazil way, natural for there to be a degree not only, concerning the quality of
world converging to break away from in the mid-1960s with an aesthetic of ideological surveillance against the materials used) were an inherent
the precepts of abstraction, which code that, just like the propositions the adoption of a foreign artistic aspect to the adverse, third-world
had, toward the end of the previous of the French New Realism and the code, from the “made in the USA conditions, particularly apparent
decade, become the dominant trend Argentinian Otra Figuración, con- imperialism”; but such reservations when contrasted with the American
through its various forms (geometric- veyed a stronger sociopolitical thrust. often conditioned the assimilation of Pop Art. Such a contrast was explicitly
constructive, informal, lyrical and ab- Yet while the Pop Art of the north- external influences to the registra- evinced at the 9th São Paulo Interna-
stract expressionism). In Brazil, this ern hemisphere was typified by an tion of a pale copy of their premises, tional Art Biennial2.
current showed befitting character- impersonality and expressive neutral- thus creating the dynamic of super-
istics, geared toward an interest in ity, promoting the emptying-out of ficial incorporation of their formal
keeping up with what was happen- iconic celebrities and objects of ad- attributes, re-engaged in a way that 1. When we refer to 1960s “Brazilian art”,
we have in mind the art produced almost
ing in the world combined with the vanced capitalist society by means of was more in tune with the demands exclusively in São Paulo and Rio de Janeiro,
the two dominant cultural hubs of the time.
given imperative of meeting the de- repeated, serial exposure, with the re- of the time.
2. At the 9th edition of the Biennial, held in
mands that the sociopolitical context lationship between art and everyday Such contingency factors would 1967, there was a strong US delegation, with
several representatives of Pop Art, as well as
imposed, in view of the military dicta- life being explored through consump- afford the Brazilian art1 of the time a special room for Edward Hopper’s works.
torship taking power. The period was tion, the Brazilian context presented a unique character, swinging between It was the first time that exponents of the
Brazilian New Figuration came face to face
also marked, by the re-assimilation other demands, more committed to the assumed – to a greater or lesser with their counterparts from the Northern
Hemisphere – like Warhol, Lichtenstein and
and critical questioning of the con- the sense of urgency as a result of the degree – external stylistic reference Rosenquist – and the event highlighted the
structive legacy had prevailed in the military dictatorship. Amid the flux of and strong political hues – incorpo- contrast, or the considerable structural,
logistic and technical differences between
country until the previous decade, and influences of these new international rated as a required standpoint during the productions, reinforced by that context.
And that is where Raymundo Colares firmed vocation after having decided synthesis of a residual dynamism futurist preferred, particularly evinced
emerged like a shooting star in the not to study civil engineering. Between inevitably contained therein. Which, in Balla’s painting), or in the dynamic
Brazilian art world; his unique works his studies at the Escola Nacional de interpreted more broadly, could be of sequences (comic books and cin-
causing a real short-circuit of far from Belas Artes and attending Ivan Serpa’s seen as uncontained drive to capture ema) or in the search for an abso-
orthodox influences and stylistic rela- prestigious course at MAM-RJ, Colares and visually translate the multiple lute synthesis (Mondrian), this factor
tions allied to a refined sense of com- forged friendships with the likes of speeds that propelled each fragment demonstrates the artist’s fascination
position and extreme originality. One Antonio Dias and Hélio Oiticica, as- of the very experience of the acceler- by a cinematic understanding of the
could assert that his work touched similating the wonders – and, later, ated big city life, such an important space-time relation, an issue under-
on the issue commented above, in the disenchantments – offered by the factor in the artist’s path. taken through a highly personalized
its urban-inspired, constructive-pop big city, quickly establishing himself at And this is where we enter the uni- approach. Moreover, in the artist’s
features, dynamic rhythms and in- the forefront of the Rio de Janeiro and verse of personal influences and ref- idiosyncratic mental ordering, such
tense industrial chromatism. But any Brazilian art scene. It was a meteoric erences invariably associated to his references had equivalent hierarchi-
further direct relation to the art being rise. In a four-year span (1967-1970), multi-hued and multi-layered work, cal status, meaning that a Mondrian
produced in the USA would be purely the newcomer to the big city had fea- resonating or transposing shapes and could, in Colares’ scheme of processes,
physiognomic, given his work specific tured in a dozen exhibitions, present- patterns: Marcel Duchamp, Italian have the same weight as, say, comic
features; the unique combination he ing his debut solo show in 1969 and futurism, cinema and comics, culmi- book stories – of which he was a fa-
produced was enough to constitute winning several awards during that nating in the artist identified as his natic. This fact is perhaps more re-
an autonomous personal style and period, the last two of which4 were key influence, Piet Mondrian. At first vealing and less frivolous than it may
rule out precise classifications of his key to his decision to live abroad (in sight this relationship may seem un- seem, as it shows a praxis shaped to
art. His painting did not send out lib- the USA and Italy) from 1971 to 1973. usual, in terms of connecting the pil- a great extent by formal and stylistic
ertarian, combative statements or any His intense experience of urban lars of modernism and products of cross-referencing in accordance with
more explicit message in that sense, life with its particular visual rhythms mass culture, but when examined selected affinities, and pretty much
as was the dominant trend among so led to his choice of the key object in more thoroughly some common traits sums up what would come to define
many of his contemporaries. On the his pictorial production. Fascinated by are found. The most prominent of the uniqueness of his work.
other hand, from a modern-day stand- these silvery and coloured carriages them is a certain convergence to the
point, such characteristics have helped on the roads, constantly present in his idea of motion, a notion so dear to 3. As Paulo Venancio Filho already pointed
out in “Pintura e caos”, 1997.
maintain his work so up-to-date, when day-to-day, Colares decided to make Colares’ oeuvre as a whole. Whether
4. The “Trip Abroad” prize from the Salão
compared to much of the art of time, them his leitmotif, characterising his in his interest in decomposition at Nacional de Arte Moderna and the IBEU Prize,
which included an exhibition in Washington
including some of our leading names3. art and main body of works. He took the service of a drive as rational as it – both in 1970.
Originally from the small town of an obsessive interest in the different was subtly iconoclastic (the early Du- 5. According to the account given by Colares
to Frederico Morais: “Actually the painting
Montes Claros (MG), he settled in Rio ways of decomposing the designs of champ of the kinetic study of “Nude that most influenced me was ‘Nude
de Janeiro in 1965, where he came to the patterns and motifs painted on Descending a Staircase”, as specified Descending a Staircase’ by Marcel Duchamp
[...]”. In “Colares: gigantismo e impasse”.
study art, following his newly-con- the sides of buses, seeking the visual by the artist5) or celebratory (as the Diário de Notícias, 22 August 1969.
On the other hand, one can also im- same bus that, while still symbolising on his art is questionable, since it is which the Brazilian cultivated an in-
mediately notice the neat presence of the dubious, if not fallacious project easy to point out considerable dif- tense fascination. It should be pointed
a constructive element in the compo- of progressivist Brazil and thus provid- ferences between both. In terms of out, however, that the Mondrian ref-
sitional design of his works. Although ing a measure of the gap between formal correspondence, one can note erence flows more naturally in his Gi-
not explicitly mentioned by the artist, our underdeveloped context and the an affinity for the capacity of visual bis, handheld book-objects designed
the legacy of this trend, developed glamourous cosmopolitanism pre- synthesis and a strict, pure sense of as graphic experiments of pure visu-
and broadened by the achievements sented by northern hemisphere Pop, organization of the atomic elements. ality (started in 1968) which invited
of the then-recent neoconcrete expe- it was also the vehicle that plucked On the other hand, his painting the spectator-reader to an inventive
rience, no doubt exerted a structural him from anonymity and shaped his moved away from Mondrian’s participation-interaction in the always
influence on his production. In any dreams. It is still the bus that pervaded metaphysical-scientific abstraction unique “sensory readings”. His friend
case, the constructive contribution his daily life on the streets of Rio de allowing himself, for instance, to Hélio Oiticica noted the intention of
is unavoidably manifest in his works, Janeiro and allowed his ambivalent play freely with the simultaneity these pieces in a letter-poem written
naturally incorporated as the domi- enchantment with the metropolis, and juxtaposition of planes in a way in his unmistakable telegraphic-neo-
nant formal procedure in his modus and that took him back to Montes which was frankly contrary to the concretist style:
operandi, making it needless to jus- Claros; and that would, fatally, end up Dutchman’s rationalist precepts. It is
tify its importance in Colares’ art. crossing his life once and for all, in an worth recalling that Colares’ interest Book – MONDRIAN dissects blow-
The artist borrows the construc- image conveying a tragic and power- in visual cleanliness could equally be ing into space post-painting repre-
tive grid as the foundation to develop ful synthesis of the path he followed.6 driven by more prosaic sources, such sentation that dissolves into the
an absolutely unique geometrical On the presence of Mondrian in his as the simple experience of observing reconstructed plane of time 9 [...]
design of space; wherein, a rigorous works, a comment a side is perhaps billboards on the streets, as he him-
and “rationalist” formal scheme is to fitting, despite the lengths to which self admits: “Following the example
share the plane (which may unfold his importance has alredy been dis- of billboards, I eliminate the super-
6. Colares actually died as a result of severe
into several planes) with an intense, cussed. Colares clearly acknowledged ficial details and seek visual force”.8 injuries caused by a fire at a psychiatric
expressive – and almost inconvenient, admiration for the Dutch master, even In other words, provided the due hospital where he was being treated (by his
own will), back in his home town of Montes
from a classical constructive perspec- paying him explicit tributes in some distance is maintained, we could Claros. However, some time before he had
been hit by a bus in Rio de Janeiro, which
tive – drive, engaged primarily by pieces. To begin with, there is an emo- speculate that his work embodies marked the start of a self-destructive spiral
from which he never recovered and would
the reference to the bus, so central tive component of contingency in this an ambivalent record in which ref- culminate in his tragic death.
to the artist’s work. An element which choice, as Colares’ first contact with erence is confused with reverence 7. CANONGIA, 1997. “Análise das referências”.
in principle is so detached from any the world of art was precisely through for Mondrian’s spirit, for the historic In Raymundo Colares: Trajetórias. Rio de
Janeiro: Centro Cultural Light, 1997.
relations of such affection, the bus, in Mondrian’s work during a short stay character of the Artist with a capital 8. MORAIS, Frederico. “Colares: gigantismo e
Colares’ repertoire, is endowed with a in Bahia. However, and as already A, for a trajectory founded on an ob- impasse”. Diário de Notícias, 22 August 1969.

high degree of singularity and affec- superbly explained by Ligia Canongia7, sessive aesthetic project that instilled 9. Unpublished text-poem by Hélio Oiticica,
signed “HO, nyk, febr. 26, 72”. Catalogued in
tion. Bearing in mind that it is the the effective degree of such influence a radical adventure in language for the Hélio Oiticica Project as 0447.72 pl.
In these pieces, Colares stamps a In brief, Colares’ painting – and work into space (both untitled and and subversion, speed and stillness.
logic that enables him to build the even the parallel studies in other produced in 1969). One more work, What remains is a reduced, yet
narrowest relations with Mondrian’s media, like the Gibis, visual poems, Orgia (Orgy), a painting on wood exceptionally consistent body of
rationale. There are even some Gibis comic strips and the occasional from 1983, completes the collection. work, marked by an elegantly an-
which bear direct references to the video experiment - consists roughly The latter is distinct from the others archic and passionate direction, of
master – his grid and his primary of an incessant process of possibili- as it was produced much later and someone who took it upon himself to
colours are there, although afforded ties of synthetic investigation into displays features more eminently combine such elements for the sake
an unlikely and inviting availability, movement, operating on a grid of restricted to a strict concrete-con- of a highly personalised aesthetic
awaiting the countless possible constructive/neoconcrete procedures structive vocabulary, consisting of project. A shooting star outside the
reconfigurations to be executed by and fed by an iconographic repertoire pure geometrization and a restrained mainstream, we could say, crossing
the reader-activator. Another explicit rooted in an urban realm of Brazilian chromatic pattern. Moreover, it the Brazilian art scene at high speed
quote emerges in Broadway, boogie- style pop extraction. makes no concessions to the figu- and vigourously leaving his mark on
woogie, the “work-movie” that the ration always present in the artist’s it. Against certain trends, fads and
artist described as an “attempt in The MAC de Niterói/Sattamini Col- better known works. behavioural conventions perhaps;
and in the end even against success
terms of cinema to obtain/remake lection has a consistent and set of The unique way in which his work
itself, undermined by external factors
Mondrian’s masterpiece”.10 works by Raymundo Colares, among emerged and established itself in the
and internal motives that obstructed
In any case, apart from the sub- the artist’s most significant one. sphere of Brazilian new figuration
a promising path, opened on the ba-
jectivism that governs the degree Which, in the case of an artist with imprinted Raymundo Colares name
sis of will, gifted artistic intuition and
of assimilation of his influence, the such sparse production as his11, rep- definitively in the history of national
graphic intelligence.
experience of enjoying Colares’ work resents a privileged opportunity to art. He engages a fascinating and
as a whole is certainly enhanced when experience a fundamental artistic absolutely original connection that
free from this kind of a priori “verify- oeuvre. The selection in the collec- combines an inventive rereading of
ist” conditioning - which is otherwise tion includes seven emblematic and the constructive and neoconcrete
applied to almost all good art. If hav- highly representative pieces of the legacy with the influences of Pop
ing access to the personal pantheon best of Colares, all produced during Art, crafted by an ambivalent urban
of an artist’s references can help the artist’s golden years, between sensitivity and a hybrid pantheon of
10. Account extracted from the text “Some
form a deeper understanding of his 1968 and 1970. There are five paint- personal references. A unique way ideas on the Expo-Projection 73”, by Aracy
Amaral, originally published in the catalogue
production, it can be equally healthy ings from the famous bus-inspired of combining a particular iconogra- for the Expo-Projeção exhibition, organised
to maintain a distance between the series, always made directly on wood phy with a pop approach grounded by the author. São Paulo: Grife, June 1973.
11. Colares was a slow worker, which,
expected transposition of such ref- or eucatex, as well as two examples on a constructive logic, switching associated to his frequent financial
erences and the work which has just of the artist’s incursion into three- between sophistication and simplic- difficulties, which might have hindered his
purchasing of materials, and his early death,
been presented to our eyes. dimensional work, expanding his ity, rigour and relaxation, tradition resulted in a relatively scarce body of works.
Selected Commented Works tive of the country’s peripheral role tal tangibility, they encapsulate the
Bibliographical The paintings from the “Ônibus”/ in the global economy, where the experience of everyday life in the
References “Trajetórias” series are no doubt the perspective of effective development metropolis. The journey is the destina-
BUENO, Guilherme. “Raymundo Colares: most emblematic core of Raymundo was uncertain remained in suspense. tion, therefore, if not in the zen sense
Ocorrência em uma trajetória”. In DasArtes Colares artwork. The MAC de Niterói/ The very personal representation of the expression, then in the realiza-
n.12, Oct-Nov 2010.
Sattamini collection boasts a precious of these vehicles created by Colares is tion that the movement is of interest
CANONGIA, Ligia. “Análise das referências”.
In Raymundo Colares: Trajetórias [curated
set of these works, five in all. In the measured by the fact that they only here in terms of the possibilities it
by Ligia Canongia]. Rio de Janeiro: Centro pieces shown here [Attempted Over- appear in fragments, but are easily opens as a means or engaging ele-
Cultural Light, 1997. taking, December 1960, Untitled, recognizable from the unmistakable ment of a restless sensitivity, geared
DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60:
1968], one can note how Colares paintwork – the bus number, the typ- toward a systematic investigation of
Transformações da Arte no Brasil. Rio de
Janeiro: Campos, 1998. chose a theme-image that would ical stripes in the company colours the aspects that shape his art.
MATTAR, Denise. “Raymundo Colares – become the grounding reference for – reproduced in Pop-style, but fol- As regards the thematic object
Viver uma vez só”. In: Raymundo Colares: his work. lowing a formal structure based on that was so typical of his work (and
poéticas pop. Curadoria Denise Mattar. Rio
de Janeiro: ADupla, 2011. The key-object to externalize the geometric rules. It is curious that, in that the artist feared would end up
MMM, Ascânio. “Ray: meu amigo artist’s fascination with the big city, terms of the origin of his choice of stigmatising his production, due
Raymundo Colares”. In: Raymundo Colares: the bus was to Colares the quintes- icon, the reference comes less from to the significant exposure the se-
poéticas pop. Curadoria Denise Mattar. Rio
de Janeiro: ADupla, 2011. sential catalyst of urban dynamism the Pop Art world – as one would ries enjoyed at the time), Colares
MORAIS, Frederico. “Colares: gigantismo – the vehicle that mediated and imagine – than from Duchamp’s once said:
e impasse”. In Diário de Notícias, Rio de engaged its chaos, its multiple speeds Nude Descending a Staircase and “The bus is like a man who has
Janeiro, 22 Aug 1969. Artes plásticas.
and intensities. And it also symbol- the paintings of the futurist Giacomo a journey to follow and will make
____. “As estradas do cometa – Velocidade
suicida, paixão e rigor”. O Globo, ized, from a personal perspective, the Balla, as stressed by the artist himself. it whatever it takes, despite coming
01/04/1986. same means which brought the artist In these pictures, an elegant radi- up against other forces in the oppo-
OSORIO, Luiz Camillo. “Moderno / Fora da from peaceful isolation in his small calization of the idea of movement site direction. And he will try to win,
moda”. In Raymundo Colares. São Paulo:
Museu de Arte Moderna de São Paulo,
hometown of Montes Claros [MG] is developed; here we are not faced forcing his way through opposing
2010. to the new world of opportunities with merely an exercise of stylized traffic and barriers, as such overtak-
VENANCIO FILHO, Paulo. “Pintura e Caos”. – and excesses – that Rio de Janeiro and rationalist [de]composition of ing manoeuvres are part of life.”
In Raymundo Colares: Trajetórias [curated
presented. From a more detached a physical displacement, but rather This analogy given by the artist
by Ligia Canongia]. Rio de Janeiro: Centro
Cultural Light, 1997. standpoint, the bus was also a factor with the capture of such movements also sums up, in his biting, meta-
that simultaneously alluded to the that refer to beyond the action itself. phorical objectivity, his own artistic
ideas of progress and backwardness; The allusion to the actual journeys of path, which in the end, after com-
it was, at the same time, a symbol of the vehicles is not of great relevance, ing up against so many “forces in the
an (under)developmentalist promise but rather their journeys in a broader opposite direction”, was tragically
of industrial scale in Brazil and indica- sense – in that, in their transcenden- overtaken by life, far too early.
The two object-paintings [Untitled, The jointed, modular structure of experience of enjoying an artwork,
both from 1969] belonging to the these works reflects the fragmentary several artists from the neocon-
MAC de Niterói/Sattamini collection dynamism composed of diagram- crete movement ventured into the
are core elements of Colares work, matic axis and superimposed planes three-dimensional to broaden their
representing his interest in experi- – a cinematic effect previously indi- practices, which had been limited to
menting with three-dimensional cated in his works, sometimes in a flat pictures until then. Cases such
projects. Their distinctive features zoom-like fashion – that so typical as those of Lygia Clark and Hélio
convey both visual and sensorial of his paintings. While on the one Oiticica are the most prominent of
aspects dear to the artist’s ideas. hand the modular solution estab- this trend, adopting an experimental
His fascination for the materializa- lished new modes of perceiving platform that at times led us to the
tion of movement [in other words, the multiple planes, creating visu- limits of language. From the mid-
its decomposition] is leveraged by ally more literal layers by using the 1950s to early 1960s, both artists
the will to progress into space with folds as compartmented fields, it would make great strides towards
the introduction of the volumetric, also gives the ensemble an original more autonomy in this regard – hav-
almost sculptural element; a search organicism. This results in an effect ing both departed from painting,
also driven by the desire to inflate – that intensifies the sensory experi- Lygia with her Superfícies modula-
or summon – a more participatory ence of the object; the visual planes das, Contra-relevos and finally the
experience for the public. interpenetrate and rebound, at once Bichos; and Hélio, especially with his
These large-scale pieces – adja- both softened and intensified by the Bilaterais and Relevos espaciais.
cent to the Ônibus series – embody jointed structure of the work, and R ay m u n d o C o la re s wa s n o t
such yearnings. The enamel paint is the observer is drawn into a more interested in going so far in his ex-
applied directly on to segmented, enveloping perception of the piece. perimental radicalism; although he
jointed aluminium sheets, in a sculp- These works, to a great extent, identified with neoconcrete prac-
tural development of his work that achieve the objectual focus always tices and principles, he did not aspire
until then had been tied to the logic sought by the artist, and a drive to “disintegrate the painting” or
of two-dimensional paintings. Note shared by several colleagues of “abolish the significant structure”
how Colares stresses the metallic grey his own generation, or slightly as Oiticica proposed. For him, it suf-
of the surface of the support, incor- older. Interested in expanding the ficed to achieve a depth of more
porating it as the colour and material constructivist premises – or, from tactile contact with the world, that
resembling the “skin” of his chosen another angle, surpassing them better conveyed the delicate sense
object of study, the colourful and not – and injecting a more mundane, of urgency that his Ônibus carried;
so colourful carriages that served as more participatory and immediately and these two works are emblematic
such inspiration for him. communicative dimension into the in such regard.
Prefeitur a Municipal Museu De Arte Chefe Da Divisão De Administração Projeto Artistas
De Niterói Contempor ânea Luís Rogério Baltazar Br asileiros –
prefeito
de NiteRÓI Assistente Administrativa Monogr afias de Bolso
Rodrigo Neves Diretor Geral Juliana Dias Coordenador
vice-prefeito
Luiz Guilherme Vergara Estagiária Administrativa Guilherme Bueno
Axel Grael Isabela Oliveira
desenvolvimento cultural Catálogo Raymundo Colares
secretário municipal de cultura Estagiária de arquitetura
Sabrina Curi
Arthur Maia Mirtes Gonçalves Autor
Chefe Da Divisão De Acervo Guy Amado
subsecretário municipal de cultura Técnico De Informática
Marcia Müller
Cláudio Salles Carlos de Souza Produção
Conservação De Obras De Arte Daniel Braga
subsecretário municipal de Técnico Em Edificações
Ana Lúcia Capabianco, Elisabete
planejamento cultural Charles Santos Assistente
Kiko Albuquerque Pereira e Juliana Assis Simone Reis
Telefonista
Elisabete Costa Projeto Gráfico
Chefe Da Divisão De Museologia Dupla Design
Fundação De Arte Angélica Pimenta Bilheteria
De Niterói Chaiana Barbosa e Tatiana Caetano Revisão e Tradução
Coordenação De Exposição Quesco Brasil
presidente Débora Reina Loja
André Diniz Cláudia dos Santos, Fotografia
Estagiária De Museologia Maria Helena Melegari e Paulinho Muniz
superintendente cultural Maria Lívia Petersen Maria de Lourdes Rossi
Victor De Wolf
Estagiária De Arquivologia Assistentes De Limpeza Agradecimentos
superintendente administrativo Jéssica Linhares Adilza Quintanilha, Bianca Soares, João Leão Sattamini, Associação
Fernando Cruz José Cordeiro Sobrinho, Kátia de Amigos do Museu de Arte
Chefe Da Divisão De Teoria E Pesquisa Silva, Luiz Eduardo Vicente, Marlon Contemporânea de Niterói (AAMAC),
Lêda Maria Abbês Vinícius das Neves, Maria Verônica Museu de Arte Moderna do Rio de
dos Santos, Roseni Viana e Janeiro (MAM RJ), Mayra Brauer,
Assistente Administrativo
Sebastiana das Neves Marcia Müller, Angélica Pimenta,
Adriana Rios
Zeladores Filipe Farias, Vanessa Duarte,
Estagiárias De Biblioteconomia Luciana D’Aulizio e Therezinha Colares
Alexsandro Rosa, Eduardo Peres,
Fernanda Moura
Eliseu Ferreira, Israel Barreto,
Leandro do Nascimento, Marcelo
Chefe Da Divisão De Arte-Educação Barbalho, Robson de Moura,
Márcia Campos Severino de Oliveira, Ubirajara
Produtora Cultural Cordeiro, Wesley Escocard e
Fernanda Fernandes Vagner Rocha
Arte-Educadores Encarregado De Manutenção
Bruno Gomes, Eduardo Machado, Pôncio Pereira Mirante da Boa Viagem, s/n
Igor Valente e Leandro Crisman Boa Viagem, Niterói, RJ
Manutenção
tel/fax [55 21] 2620 2400 / 2620 2481
Assistentes Administrativos Getúlio da Silva, Geovan mac@macniteroi.com.br
Cristiano de Oliveira e Marcus Vinícius Alexandre, Givaldo Falcão, José www.macniteroi.com.br
Carlos Souza, Luiz Fernando
horário de visitação
Carrazedo, Rosemir de Aguiar
de terça a domingo, das 10h ás 18h
e Valdo Nogueira
visitas mediadas para grupos
Agendamento pelos telefones
[55 21] 2620 2400 / 2620 2481 ramal 229
(Divisão de Arte e Educação)
R E A L I Z AÇÃ O

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