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Eduarda de Lourdes Lima Silva

Física, Tecnologia, CQ e Auditoria em Radiofarmácia Hospitalar e


Terapias Associadas

Como desenvolver controle de qualidade (físico-químico, químico, radioquímico,


radionuclídeo, microbiológico, biológico) de radiofármacos e validação de método
analítico?

Radiofármacos são preparações farmacêuticas com finalidade diagnóstica ou


terapêutica que, quando prontas para o uso , contêm um ou mais radionuclídeos. Os
radiofármacos compreendem, também, os componentes não-radioativos para marcação e
os radionuclídeos, incluindo os componentes extraídos dos geradores de radionuclídeos. A
produção dos radiofármacos deverá atender os requisitos das Boas Práticas de Fabricação
(BPF) de Radiofármacos, além de atender às especificações farmacológicas. Os
radiofármacos têm a sua produção, suprimento, estocagem, uso e despejo regulamentados
pela legislação nacional vigente.
Os radiofármacos devem ser mantidos em recipientes vedados e em local
suficientemente protegido para evitar irradiação do pessoal por emissões primárias ou
secundárias, de acordo com regulamentos nacionais e internacionais sobre manuseio de
substâncias radioativas.
Radiofármacos injetáveis devem ser preparados de acordo com as BPF de modo a
assegurar a esterilidade, atendendo aos critérios do Teste de esterilidade.Por causa das
características radioativas das preparações, não é praticável atrasar a liberação de alguns
produtos farmacêuticos radioativos por conta do teste de esterilidade. Em tais casos, os
resultados dos testes de esterilidade fornecem apenas evidência retrospectiva confirmatória
para a garantia da esterilidade, que, portanto, depende dos métodos iniciais estabelecidos
na fabricação e nos procedimentos de validação/certificação. No caso de radiofármacos
preparados em pequenos lotes e para os quais a execução do teste de esterilidade
apresenta grau elevado de risco radiológico, a quantidade de amostra requerida no teste de
esterilidade deve ser considerada. Se a preparação radiofarmacêutica é esterilizada por
filtração ou processada assepticamente, a validação do processo é necessária.
Para estabelecer a pureza radionuclídica da preparação, a radioatividade e a
identidade de cada radionuclídeo presente devem ser conhecidas. O método mais
comumente utilizado para examinar a pureza radionuclídica é o da espectrometria gama.
Não é um método totalmente preciso porque as impurezas alfa e beta-emissoras
geralmente não são detectáveis e, quando são empregados detectores de iodeto de sódio,
os picos devidos às impurezas são frequentemente encobertos pelo espectro do
radionuclídeo principal. Por exemplo, o espectro de raios gama não deve diferir
significativamente daquele da fonte padrão) e pode estabelecer limites para impurezas
radionuclídeos específicas (por exemplo, molibdênio-99 em tecnécio-99m). Essas
exigências são necessárias embora elas por si só não sejam suficientes para assegurar que
a pureza radionuclídica da preparação seja adequada para uso humano. O fabricante deve
analisar seus produtos, especialmente as preparações de radionuclídeos de meia vida
curta, quanto à presença de impurezas de meia-vida longa, após período conveniente de
decaimento. Dessa maneira, podem ser obtidas informações sobre a adequação dos
processos de fabricação e dos procedimentos de controle.
A determinação da pureza radioquímica requer a separação das substâncias
químicas diferentes contendo o radionuclídeo e a estimativa da porcentagem da
radioatividade associada à substância química declarada.
A atividade específica é calculada relacionando-se a concentração radioativa
(radioatividade por unidade de volume) com a concentração da substância química em
análise, após verificação de que a radioatividade é devida somente ao radionuclídeo
(pureza radionuclídica) e à espécie química (pureza radioquímica) em questão. A atividade
específica muda com o tempo, devendo ser expressa tendo como referência a data e, se
necessário, a hora. A especificação deve ser garantida durante todo o período de validade
do radiofármaco.
Atenção especial deve ser dada à validação de processos, incluindo validação dos
métodos de esterilização, controle de processo e monitoramento dos parâmetros
estabelecidos, especialmente do ambiente, particularmente quando o produto necessita ser
liberado antes da conclusão dos ensaios de controle, como ocorre com a maioria dos
radiofármacos.
A produção de radiofármacos tem várias peculiaridades e envolve dois aspectos
fundamentais: a proteção radiológica e o trabalho em condições especiais de assepsia. O
manuseio de radiofármacos é potencialmente perigoso. O nível de risco depende
particularmente do tipo de radiação emitida e do tempo de meia‑vida do radioisótopo usado.
Atenção especial deve ser dada ao risco da contaminação cruzada, assim como ao rejeito
produzido no final de cada linha de produção de radiofármacos. A produção conta ainda
com rigoroso controle de processo, que deve ser feito preconizando a não contaminação
cruzada, o menor grau de exposição do operador e a eficácia do produto final. O controle de
qualidade por sua vez inclui: integridade da embalagem do produto final, pureza
radioquímica, pureza radionuclídica, pureza radiativa, pureza química, esterilidade e
pirogênio. Todos esses parâmetros devem ser rigorosamente analisados, para tanto se faz
uso de técnicas modernas de análise, a saber: Cromatografia Líquida de Alta Resolução,
Cromatografia Gasosa e Teste de Esterilidade e Apirogenicidade.

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