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DE
PESCARIA
ARACAJU, 7 a 18/10/2002
1. Falhas humanas
2. Deficiência de material
3. Condições adversas
- 1. Falhas humanas:
As mais freqüentes falhas humanas que podem causar pescaria, ocorrem
em função dos seguintes fatores:
- c) medição da coluna:
Falhas na medição, substituição e retirada de componentes da coluna, erros de
cálculo e de passagem de serviço são as causas que levam a topadas com a
coluna de perfuração, cimentação de revestimento em profundidade
inadequada, tentativa de assentamento de ferramentas em pontos inadequados,
etc.
A falta de medida tais como diâmetros externos, diâmetros internos e
comprimento do pescoço de pescaria dificultam e, por vezes, impedem as
operações de pescaria.
- d) lubrificantes:
O uso de lubrificantes não recomendados pode resultar em desgaste excessivo
dos filetes das roscas, bem como dano na superfície dos espelhos, diminuindo
tanto as resistências à tração e ao torque, como comprometendo a eficiência de
vedação da conexão.
- e) hidráulica:
Quando a vazão alcança o limite superior da pressão de bombeio e permanece
insuficiente para efetuar uma boa limpeza do poço, a perfuração está sendo
feita com hidráulica deficiente.
Este problema ocorre principalmente em poços profundos e que tenham
sofrido desmoronamento, encontrando-se portanto alargados. Ocorre também
em poços direcionais, com ângulos de inclinação elevados, onde se requer
uma vazão superior às utilizadas para poços verticais para se conseguir uma
boa limpeza.
Nesses casos, pode ocorrer significativa perda de rendimento da perfuração,
porque não se consegue efetuar uma conexão sem ter que repassar o mesmo
tubo várias vezes. Isto devido ao fato de a velocidade de retorno no trechos
alargados se tornar insuficiente para arrastar o cascalho.
Prosseguir nestas condições pode conduzir a prisões.
Circulação prolongada sem movimento da coluna também pode causar prisão
devido à formação de pontes e canalização do fluido.
- b) interrupção da circulação:
A parada de circulação, especialmente nos momentos de ascensão de grande
quantidade de cascalho, tem probabilidade de provocar a prisão por
decantação de detritos sobre a broca ou estabilizadores.
Ocorre principalmente por necessidade de reparo em componente do sistema
de circulação, por ineficiência da manutenção de primeiro escalão, como seja:
substituição oportuna de engaxetamentos da camisa do swivel, pistões das
bombas, juntas de tampões, engaxetamento de uniões e correção imediata de
pequenos vazamentos, ou ainda, falha na manutenção de segundo escalão no
que se refere a correção de vazamentos de óleo lubrificante do swivel (pode
ocasionar o travamento dos rolamentos e conseqüente acidente com a
mangueira de injeção), inobservância de lubrificação do sistema de
transmissão de força, etc.
- c) cabo de perfuração:
Correr o cabo oportunamente não resolve todos os problemas com o mesmo. É
necessário também cuidar da sua conservação na bobina e especial atenção
para o trecho do cabo entre a bobina e a âncora, tendendo a formar uma curva
devido ao peso próprio (catenália), até se apoiar no solo, onde fica sujeito à
ação de corrosão ou impacto de objetos.
- a) cunhas:
Quando se usam cunhas inadequadas para a tubulação em operação ou
faltando mordentes, a área de sustentação das cargas será reduzida podendo,
com isto, provocar colapso, queda de mordentes, queda da cunha e até da
coluna no poço. É importante observar a carga nominal da cunha.
Usar a cunha como freio da coluna durante manobras de descida pode colapsar
o corpo do tubo, provocar cortes concentradores de esforços e quebras
prematuras do tubo, além de causar danos à cunha. Tratando-se de cunha de
comandos, pode ocorrer quebra de mordente, links e a queda da própria cunha
no poço.
- c) colar de comandos:
O assentamento irregular do colar de comandos pode permitir a queda da
coluna no poço, se esta escorregar da cunha, em função de:
- desnivelamento dos mordentes
- desnivelamento do conjunto de links do colar
- d) chaves flutuantes:
Usar chaves flutuantes de forma inadequada traz os seguintes inconvenientes:
- Com ângulo diferente de 90, o torque aplicado será inferior ao
especificado e, além disso, como a linha de centro do cabo se desloca em
direção ao tubo, corremos o risco de empená-lo, retirar a cunha da mesa e
até partir os mordentes da chave.
- O posicionamento da chave fora do plano horizontal, que contém o
molinete, pode retorcer o cabo da chave, tendo em vista que ele é uma
estrutura “T”, dimensionado para receber esforço no mesmo plano. Quebra
de mordentes ou pinos da chave são comuns nesta situação. Pode ainda
empenar o tubo ou até mesmo quebrá-lo dentro da cunha.
- A distância vertical entre chaves deve ser a menor possível para minimizar
o efeito de desalinhamento da coluna e conseqüente aperto insuficiente.
- Quando manobrando, deve-se evitar o uso de uma só chave flutuante para
apertar a coluna, pois isto pode provocar giro do tubo na cunha, criando
cortes transversais no corpo do tubo.
- 1.4) desatenção:
Podemos afirmar que mais de 90% das pescarias de pequenos objetos caídos
no poço tem como origem a falta de atenção para com cuidados elementares:
- tampa no poço
- uso do limpador de tubo
- cuidado quando manuseando pequenas ferramentas tais como alavancas,
chave de colar, chave de broca, trocando elevador, chaves de acionamento
da kelly cock, marretas, etc.
- a) Brocas:
A falta de sensibilidade ao desgaste da broca pode causar a pescaria de cones,
rolamentos e prisão de coluna quando da substituição de brocas.
Prisões por acunhamento da broca nova têm ocorrido devido ao assentamento
imperfeito no fundo, em virtude de falha na análise da broca anterior e
também na tentativa de economizar tempo de sonda, evitando retirar o último
tubo para repassar o intervalo com diâmetro reduzido.
- b) Vazão x Pressão
A falta de sensibilidade para com a variação de pressão em função da vazão,
impede detectar furo na coluna em tempo hábil, queda de jatos, erro de
manobra no manifold, perda da eficiência volumétrica da bomba, etc.
O furo na coluna, pode desviar considerável parcela da vazão e comprometer
o resfriamento e lubrificação da broca, a limpeza abaixo do furo, causar
jateamento da parede do poço com conseqüente desmoronamento, quebra da
coluna por erosão e prisão da coluna devido acúmulo de cascalho abaixo do
furo: principalmente se o furo está diante de formação friável.
- e) Condicionamento do poço:
Operações especiais requerem condicionamento de poço adequado. Uma
coluna testadora, especialmente tratando-se de teste seletivo, descida em poço
com más condições mecânicas tem grande probabilidade de prender, deixar
cunhas de âncora, pedaços de borracha no poço, induzir perda por pistoneio na
descida e provocar kick ou fechamento de poço na subida.
Durante a fabricação e tratamento do fluido, como também perfurando é
indispensável o acompanhamento técnico eficiente, visando evitar a adição
imprópria de componentes do fluido, uso de produtos deteriorados,
procurando manter as características ideais do fluido durante a perfuração.
Nunca deverá efetuar um tratamento de choque no fluido de perfuração com a
coluna de lavagem, barrilete de testemunhagem ou outras ferramentas
especiais no poço aberto, pois o mesmo poderá acarretar a sua prisão.
Descer um barrilete testemunhador, com más condições mecânicas do poço,
pode ocasionar acunhamento. Atenção especial deve ser dada para se evitar
descer coroa de diamantes sobre ferro no poço.
- f) Revestimentos:
Acreditar no aperto original da luva do revestimento tem sido a causa de
jump- out. Constatado este fato pela observação de que na maioria dos casos,
o topo do peixe é quase sempre pino. Quando trabalhando com chaves
flutuantes comuns durante a descida do revestimento, deve-se posicioná-las no
corpo dos tubos superior e inferior, respectivamente por ocasião de aperto.
Nunca sobre a luva.
Descer coluna de revestimento em poços profundos exige o uso de elevador
especial tipo cunha, porque a luva de um revestimento apoiada em um
elevador comum não oferece uniformidade para distribuição da carga da
coluna.
A ausência de protetores de revestimento nos tubos de perfuração é causa
freqüente da ocorrência de furos no revestimento, muitas vezes exigindo a
realização de emendas (casing patch).
Cimentação mal executada pode causar a queda das últimas juntas por ação da
rotação da coluna de perfuração. Sérias prisões e até necessidade de desviar o
poço podem se seguir a este fato.
Mudança de posição dos tubos de revestimento, visando satisfazer à
exigências de medida, pode ocasionar a colocação incorreta de tubos com
relação à resistência crítica no ponto em questão.
- a) Brocas:
Soldagem imperfeita nas pernas das brocas, defeito na selagem dos
rolamentos e calibre original da broca maior que o nominal, são algumas das
falhas de controle de qualidade capazes de conduzir a pescarias.
- b) Roscas:
Em revestimentos e tubos de lavagem tem-se notado defeitos elementares na
abertura das roscas tais como ovalização da matriz, excentricidade no
torneamento da matriz, rosca não especificada para o peso do tubo (roscas de
tubo de lavagem com mesmo diâmetro externo, variam em função do peso
nominal do tubo), com isto provocando queda de juntas no poço.
Pequenas fraturas, detectadas a olho nu, geralmente notadas na matriz da rosca
são bons indicadores da possível existência de outras ao longo do tubo,
podendo ser causadores de furos posteriores.
- c) Revestimentos:
Danos causados nos revestimentos durante manuseio, especialmente em
pequenas deformações na luva, reduzem consideravelmente a resistência à
tração da coluna de revestimento.
Corrosão é também um aspecto do controle de qualidade a ser considerado a
fim de evitar problemas de rupturas ou colapso.
- 2. Deficiência de Material:
Podemos destacar, quanto ao aspecto deficiência de material, como grandes
causadores de pescaria os seguintes:
- 2.2 ) Desgaste:
Pode ser causado por ação de fluidos portadores de sólidos abrasivos, ação do
gás sulfídrico e ação de oxidações, reduzindo da mesma forma as resistências
a esforços do tubo
- 2.4) Fadiga:
Quebras de coluna são muito freqüentes na zona de transição entre comandos
e tubos. Entre todos os tubos, o primeiro tubo acima dos comandos é o mais
tendente à fadiga por estar sujeito às oscilações laterais e verticais da coluna
de comandos e vibrações provenientes da broca.
Uma boa medida para uniformizar a fragilização ao longo da coluna é alternar
o posicionamento do primeiro tubo. Inserir heavy weight entre os comandos e
os tubos é a melhor medida preventiva. Amortecedores de vibração
minimizam estes efeitos.
- 3. Condições adversas:
Além das falhas humanas e das deficiências de material, condições adversas
sobre as quais há pouca possibilidade de ação corretiva imediata são
causadores de muitas pescarias. As principais adversidades encontradas em
um poço, capazes de gerar pescarias são:
- 3.1) Desmoronamentos:
Chama-se desmoronamento a queda de pedaços das paredes do poço na forma
de lascas, pedras ou blocos.
É interessante notar que, neste sentido, as argilas plásticas e os evaporitos
profundos como a halita, a carnalita, etc., não desmoronam, apenas
escorregam para dentro do poço estreitando o seu diâmetro.
- d) turbilhonamento do fluido:
Em alguns casos, muito específicos, um turbilhonamento vigoroso do fluido
pode causar ou acentuar o desmoronamento de folhelhos.
Estão neste caso aquele folhelhos micro faturados, secos, duros e quebradiços,
que estalam sob a pressão dos dedos e se estilhaçam com facilidade.
A maioria das prisões em folhelhos desmoronáveis acontece porque a
ferramenta é tracionada excessivamente, inclusive, o bloqueio total da
circulação.