Você está na página 1de 15

CAUSAS

DE

PESCARIA

ARACAJU, 7 a 18/10/2002

ALOISIO ANTONIO GAVIOLI


CAUSAS DE PESCARIA

- Toda pescaria apresenta basicamente uma característica acidental e, como


qualquer acidente, pode ter origem por diversas causas, dentre as quais,
destacamos as seguintes:

1. Falhas humanas
2. Deficiência de material
3. Condições adversas

- 1. Falhas humanas:
As mais freqüentes falhas humanas que podem causar pescaria, ocorrem
em função dos seguintes fatores:

- 1.1) Inobservância de parâmetros básicos e recomendações técnicas:


Lidamos, durante a perfuração de um poço, com um número apreciável de
variáveis que influem no resultado do nosso trabalho. Entretanto, a rigorosa
observância de poucos parâmetros básicos pode evitar muitos dos problemas
de pescaria. Alguns exemplos destes parâmetros a seguir:

- a) peso sobre a broca e potência da mesa rotativa:


Numerosos casos de pescaria de cones e rolamentos de brocas, braços e cones
de alargadores e quebra de coluna têm ocorrido em função da inobservância
do peso adequado sobre a broca e controle de potência da mesa rotativa
(escolha da marcha de força ou limitador de potência ideal para executar o
trabalho de rotação da coluna).
Consideremos a situação em que se está perfurando com broca cuja rotação
recomendada é acima de 100 rpm. Imaginamos ainda que a potência instalada
na sonda é elevada. Se a potência disponível na mesa for alta e ocorrer uma
prisão da coluna por queda de objeto estranho, travamento do cone ou outro
fator o excesso de torque poderá quebrar a coluna e comprometer os demais
componentes.

- b) aperto de coluna: revestimento, produção, perfuração ou especial:


O aperto inadequado da ferramenta é também responsável por grande número
de quebras de coluna.
Quando o aperto é excessivo, provoca o esmagamento do espelho e da
conexão e filetes das roscas, podendo até causar o escoamento do pino.
Quando o aperto é insuficiente, causa vazamentos e concentração de esforços
de flexão na conexão.

- c) medição da coluna:
Falhas na medição, substituição e retirada de componentes da coluna, erros de
cálculo e de passagem de serviço são as causas que levam a topadas com a
coluna de perfuração, cimentação de revestimento em profundidade
inadequada, tentativa de assentamento de ferramentas em pontos inadequados,
etc.
A falta de medida tais como diâmetros externos, diâmetros internos e
comprimento do pescoço de pescaria dificultam e, por vezes, impedem as
operações de pescaria.

- d) lubrificantes:
O uso de lubrificantes não recomendados pode resultar em desgaste excessivo
dos filetes das roscas, bem como dano na superfície dos espelhos, diminuindo
tanto as resistências à tração e ao torque, como comprometendo a eficiência de
vedação da conexão.

- e) hidráulica:
Quando a vazão alcança o limite superior da pressão de bombeio e permanece
insuficiente para efetuar uma boa limpeza do poço, a perfuração está sendo
feita com hidráulica deficiente.
Este problema ocorre principalmente em poços profundos e que tenham
sofrido desmoronamento, encontrando-se portanto alargados. Ocorre também
em poços direcionais, com ângulos de inclinação elevados, onde se requer
uma vazão superior às utilizadas para poços verticais para se conseguir uma
boa limpeza.
Nesses casos, pode ocorrer significativa perda de rendimento da perfuração,
porque não se consegue efetuar uma conexão sem ter que repassar o mesmo
tubo várias vezes. Isto devido ao fato de a velocidade de retorno no trechos
alargados se tornar insuficiente para arrastar o cascalho.
Prosseguir nestas condições pode conduzir a prisões.
Circulação prolongada sem movimento da coluna também pode causar prisão
devido à formação de pontes e canalização do fluido.

- 1.2) Manutenção deficiente do equipamento de perfuração:


Manutenção deficiente do equipamento de perfuração pode resultar em
pescaria, devido principalmente, aos seguintes fatores:

- a) parada do sistema de rotação (mesa rotativa, top drive):


Pode ocasionar prisão por diferencial de pressão.

- b) interrupção da circulação:
A parada de circulação, especialmente nos momentos de ascensão de grande
quantidade de cascalho, tem probabilidade de provocar a prisão por
decantação de detritos sobre a broca ou estabilizadores.
Ocorre principalmente por necessidade de reparo em componente do sistema
de circulação, por ineficiência da manutenção de primeiro escalão, como seja:
substituição oportuna de engaxetamentos da camisa do swivel, pistões das
bombas, juntas de tampões, engaxetamento de uniões e correção imediata de
pequenos vazamentos, ou ainda, falha na manutenção de segundo escalão no
que se refere a correção de vazamentos de óleo lubrificante do swivel (pode
ocasionar o travamento dos rolamentos e conseqüente acidente com a
mangueira de injeção), inobservância de lubrificação do sistema de
transmissão de força, etc.

- c) cabo de perfuração:
Correr o cabo oportunamente não resolve todos os problemas com o mesmo. É
necessário também cuidar da sua conservação na bobina e especial atenção
para o trecho do cabo entre a bobina e a âncora, tendendo a formar uma curva
devido ao peso próprio (catenália), até se apoiar no solo, onde fica sujeito à
ação de corrosão ou impacto de objetos.

- 1.3) Uso inadequado do equipamento:


O uso inadequado de equipamento tem sido causa principal para grande
número de pescarias. Vejamos alguns casos típicos:

- a) cunhas:
Quando se usam cunhas inadequadas para a tubulação em operação ou
faltando mordentes, a área de sustentação das cargas será reduzida podendo,
com isto, provocar colapso, queda de mordentes, queda da cunha e até da
coluna no poço. É importante observar a carga nominal da cunha.
Usar a cunha como freio da coluna durante manobras de descida pode colapsar
o corpo do tubo, provocar cortes concentradores de esforços e quebras
prematuras do tubo, além de causar danos à cunha. Tratando-se de cunha de
comandos, pode ocorrer quebra de mordente, links e a queda da própria cunha
no poço.

- b) elevadores (dimensão e carga nominal):


Elevadores fora do range recomendado pelo fabricante, inadequados para o
tipo de tool joint em uso ou com pouca tensão na mola de travamento,
desgaste interno e nos pinos de articulação, podem não só provocar queda de
coluna como acidentes pessoais.
Usar elevador 90 em tool joint de 18, pode ocasionar queda de coluna por
ação de acunhamento do tool joint no elevador, provocando sobrecarga na
tranca e, consequentemente, abrindo-o. O problema é agravado em poços
profundos, com colunas pesadas. Esta observação também é válida para os
subs de elevação de comandos, tubos de lavagem e ferramentas especiais.

- c) colar de comandos:
O assentamento irregular do colar de comandos pode permitir a queda da
coluna no poço, se esta escorregar da cunha, em função de:
- desnivelamento dos mordentes
- desnivelamento do conjunto de links do colar

- d) chaves flutuantes:
Usar chaves flutuantes de forma inadequada traz os seguintes inconvenientes:
- Com ângulo diferente de 90, o torque aplicado será inferior ao
especificado e, além disso, como a linha de centro do cabo se desloca em
direção ao tubo, corremos o risco de empená-lo, retirar a cunha da mesa e
até partir os mordentes da chave.
- O posicionamento da chave fora do plano horizontal, que contém o
molinete, pode retorcer o cabo da chave, tendo em vista que ele é uma
estrutura “T”, dimensionado para receber esforço no mesmo plano. Quebra
de mordentes ou pinos da chave são comuns nesta situação. Pode ainda
empenar o tubo ou até mesmo quebrá-lo dentro da cunha.
- A distância vertical entre chaves deve ser a menor possível para minimizar
o efeito de desalinhamento da coluna e conseqüente aperto insuficiente.
- Quando manobrando, deve-se evitar o uso de uma só chave flutuante para
apertar a coluna, pois isto pode provocar giro do tubo na cunha, criando
cortes transversais no corpo do tubo.

- 1.4) desatenção:
Podemos afirmar que mais de 90% das pescarias de pequenos objetos caídos
no poço tem como origem a falta de atenção para com cuidados elementares:
- tampa no poço
- uso do limpador de tubo
- cuidado quando manuseando pequenas ferramentas tais como alavancas,
chave de colar, chave de broca, trocando elevador, chaves de acionamento
da kelly cock, marretas, etc.

- 1.5) Negligência ou Imperícia:


Por negligência entende-se a falta de atenção, a má vontade, o relaxamento,
que conduzem a inúmeras causas de pescaria.
Por imperícia entende-se a falta de experiência ou preparo e destreza; muitas
vezes o homem é levado a exercer uma função para a qual não está preparado,
não foi treinado ou não tem aptidão, causando constantemente pescarias e
outros problemas de grande monta.
Vejamos alguns casos típicos de imperícia que conduzem a pescaria:

- a) Brocas:
A falta de sensibilidade ao desgaste da broca pode causar a pescaria de cones,
rolamentos e prisão de coluna quando da substituição de brocas.
Prisões por acunhamento da broca nova têm ocorrido devido ao assentamento
imperfeito no fundo, em virtude de falha na análise da broca anterior e
também na tentativa de economizar tempo de sonda, evitando retirar o último
tubo para repassar o intervalo com diâmetro reduzido.

- b) Vazão x Pressão
A falta de sensibilidade para com a variação de pressão em função da vazão,
impede detectar furo na coluna em tempo hábil, queda de jatos, erro de
manobra no manifold, perda da eficiência volumétrica da bomba, etc.
O furo na coluna, pode desviar considerável parcela da vazão e comprometer
o resfriamento e lubrificação da broca, a limpeza abaixo do furo, causar
jateamento da parede do poço com conseqüente desmoronamento, quebra da
coluna por erosão e prisão da coluna devido acúmulo de cascalho abaixo do
furo: principalmente se o furo está diante de formação friável.

- c) Acomodação da ferramenta ao poço:


Modificações na composição de fundo (acréscimo, substituição ou mudança
de posição de estabilizadores ou comandos, substituição de lâminas de
estabilizadores, inclusão de key seat wipers, etc., podem levar a uma prisão de
ferramenta. Estas mudanças de rigidez ou calibre exigem um condicionamento
de poço, adequando-o ao novo conjunto de fundo.
- d) Atitudes diante de uma ameaça de prisão:
Aplicação de tração excessiva quando lidando com ameaça de prisão tem
resultado em prisão efetiva da coluna.
Uma referência prática para esta situação, no caso de broca acima do fundo,
seria tentar a liberação para baixo trabalhando com o peso dos comandos.
Deve ser evitado tracionar além do peso da coluna, mais que metade do
próprio peso. Exemplo: se a coluna presa pesa 100 ton., ao tracioná-la, a
leitura no indicador deverá ser no máximo de 150 ton.
Quando ocorrer a ameaça de prisão por decantação de cascalho ou
desmoronamento do poço, nunca deve aplicar pressão de bombeio elevada ao
tentar estabelecer circulação, pois isto causa o embaciamento do cascalho e
consequentemente prisão da coluna e perda de circulação.
Com a pressão de bombeio baixa, em torno de 300 a 400 psi, o fluido de
perfuração vai abrindo caminho entre o cascalho e lentamente irá
restabelecendo a circulação, pois sempre fica um filme do fluido entre o
cascalho desmoronado ou decantado.
Outra atitude prejudicial no momento da ameaça de prisão é a liberação brusca
do torque acumulado, podendo causar desenroscamento simultâneo da coluna.
Em poços de grande diâmetro este acidente poderá permitir a acumulação de
dois ou mais peixes lado a lado dentro do poço, dificultando a operação de
pescaria.

- e) Condicionamento do poço:
Operações especiais requerem condicionamento de poço adequado. Uma
coluna testadora, especialmente tratando-se de teste seletivo, descida em poço
com más condições mecânicas tem grande probabilidade de prender, deixar
cunhas de âncora, pedaços de borracha no poço, induzir perda por pistoneio na
descida e provocar kick ou fechamento de poço na subida.
Durante a fabricação e tratamento do fluido, como também perfurando é
indispensável o acompanhamento técnico eficiente, visando evitar a adição
imprópria de componentes do fluido, uso de produtos deteriorados,
procurando manter as características ideais do fluido durante a perfuração.
Nunca deverá efetuar um tratamento de choque no fluido de perfuração com a
coluna de lavagem, barrilete de testemunhagem ou outras ferramentas
especiais no poço aberto, pois o mesmo poderá acarretar a sua prisão.
Descer um barrilete testemunhador, com más condições mecânicas do poço,
pode ocasionar acunhamento. Atenção especial deve ser dada para se evitar
descer coroa de diamantes sobre ferro no poço.

- f) Revestimentos:
Acreditar no aperto original da luva do revestimento tem sido a causa de
jump- out. Constatado este fato pela observação de que na maioria dos casos,
o topo do peixe é quase sempre pino. Quando trabalhando com chaves
flutuantes comuns durante a descida do revestimento, deve-se posicioná-las no
corpo dos tubos superior e inferior, respectivamente por ocasião de aperto.
Nunca sobre a luva.
Descer coluna de revestimento em poços profundos exige o uso de elevador
especial tipo cunha, porque a luva de um revestimento apoiada em um
elevador comum não oferece uniformidade para distribuição da carga da
coluna.
A ausência de protetores de revestimento nos tubos de perfuração é causa
freqüente da ocorrência de furos no revestimento, muitas vezes exigindo a
realização de emendas (casing patch).
Cimentação mal executada pode causar a queda das últimas juntas por ação da
rotação da coluna de perfuração. Sérias prisões e até necessidade de desviar o
poço podem se seguir a este fato.
Mudança de posição dos tubos de revestimento, visando satisfazer à
exigências de medida, pode ocasionar a colocação incorreta de tubos com
relação à resistência crítica no ponto em questão.

- 1.6) Controle de qualidade:


Controle de qualidade ineficaz conduz à pescarias por diversas formas.
Analisemos alguns casos.

- a) Brocas:
Soldagem imperfeita nas pernas das brocas, defeito na selagem dos
rolamentos e calibre original da broca maior que o nominal, são algumas das
falhas de controle de qualidade capazes de conduzir a pescarias.

- b) Roscas:
Em revestimentos e tubos de lavagem tem-se notado defeitos elementares na
abertura das roscas tais como ovalização da matriz, excentricidade no
torneamento da matriz, rosca não especificada para o peso do tubo (roscas de
tubo de lavagem com mesmo diâmetro externo, variam em função do peso
nominal do tubo), com isto provocando queda de juntas no poço.
Pequenas fraturas, detectadas a olho nu, geralmente notadas na matriz da rosca
são bons indicadores da possível existência de outras ao longo do tubo,
podendo ser causadores de furos posteriores.
- c) Revestimentos:
Danos causados nos revestimentos durante manuseio, especialmente em
pequenas deformações na luva, reduzem consideravelmente a resistência à
tração da coluna de revestimento.
Corrosão é também um aspecto do controle de qualidade a ser considerado a
fim de evitar problemas de rupturas ou colapso.

- 1.7) Outros fatores:


As falhas teóricas são devidas a inobservância ou desconhecimento de
princípios básicos de operação: algumas vezes por desconhecer o princípio,
inicia tentativas “achando” que pode dar certo. O “achismo” é uma ciência
brasileira por excelência – todos acham. O método mais simples é: perguntar a
quem sabe, não importa o seu posto ou qualificação. Dizem os mais velhos: “é
melhor passar-se por ignorante por dois minutos que a vida toda”. A
humildade é talvez a maior das virtudes de um homem.
Todas estas falhas humanas e muitas outras possíveis de ocorrer, podem estar
associadas a problemas comportamentais de origem variada tais como:
cansaço, problemas familiares, relacionamento conflituoso no trabalho,
adaptação insatisfatória ao tipo de função e treinamento deficiente.

- 2. Deficiência de Material:
Podemos destacar, quanto ao aspecto deficiência de material, como grandes
causadores de pescaria os seguintes:

- 2.1) Desgaste periférico da ferramenta (comandos ou tubos de


perfuração):
O desgaste periférico dos componentes da coluna de perfuração pode provocar
pescaria em função de:

- a) Redução de resistência ao torque nas conexões devido à diminuição da


área de contato do espelho, comprometendo também a vedação.

- b) Em se tratando de comandos, o desgaste periférico tem como efeito a


concentração de flexão sobre a conexão, facilitando a quebra na raiz da
rosca.

- c) Quando o desgaste é excêntrico, aumenta a oscilação lateral da coluna


devido ao desbalanceamento da massa, especialmente em comandos.
- d) Quando o desgaste se dá no corpo do tubo, causa a diminuição das
resistência à tração, colapso e pressão interna, facilita a quebra do tubo
quando muito solicitado em poços direcionais ou desviados.

- 2.2 ) Desgaste:
Pode ser causado por ação de fluidos portadores de sólidos abrasivos, ação do
gás sulfídrico e ação de oxidações, reduzindo da mesma forma as resistências
a esforços do tubo

- 2.3) Empenos dos tubos de perfuração:


Antecipa a ruptura por fadiga em conseqüência da intensificação das flexões.
Diante das formações friáveis, agrava problemas de desmoronamentos devido
à ampliação da oscilação lateral, principalmente se associada a efeitos de
ressonância.
O empeno nos tubos acelera o desgaste externo por atrito com a parede do
poço.

- 2.4) Fadiga:
Quebras de coluna são muito freqüentes na zona de transição entre comandos
e tubos. Entre todos os tubos, o primeiro tubo acima dos comandos é o mais
tendente à fadiga por estar sujeito às oscilações laterais e verticais da coluna
de comandos e vibrações provenientes da broca.
Uma boa medida para uniformizar a fragilização ao longo da coluna é alternar
o posicionamento do primeiro tubo. Inserir heavy weight entre os comandos e
os tubos é a melhor medida preventiva. Amortecedores de vibração
minimizam estes efeitos.

- 2.5) Espelho defeituoso:


Manuseio dos tubos sem protetores, arrumação de seções estaleiradas na
sonda com o uso de ferramenta imprópria, atrito de corrente de enroscar tubo
entre espelhos, choques do pino da seção sobre o espelho da caixa e outras
razões, podem causar concentração de flexão na raiz da rosca e “wash out”,
ambos problemas que facilmente conduzem à pescarias.

- 2.6) Desgaste por atrito dos mordentes da cunha:


As resistências à tração, torque, pressão interna e colapso podem ser
seriamente afetadas pela ação dos mordentes da cunha. Os cortes transversais
provocam concentração de esforços. Furos no corpo do tubo são comumente
encontrados no local de trabalho das cunhas.
- 2.7) Danos causados por string shot:
Durante operações de pescaria da coluna por partes, costuma-se proceder ao
desenroscamento com auxílio de explosivos. Tabelas do fabricante
dimensionam as cargas explosivas com relação à profundidade e à resistência
da conexão em questão. Porém, mesmo assim, podem ocorrer micro-fraturas,
dilatação na caixa ou expansão no corpo do tubo, comprometendo
consideravelmente as resistências a esforços.

- 2.8) Desgaste na rosca:


Tem como conseqüências principais a distribuição irregular de carga nos
filetes, reduzindo à resistência à tração decorrente da diminuição da área de
contato entre os filetes do pino e da caixa. Da mesma maneira, diminui a
resistência ao torque na conexão e propicia fadiga na raiz da rosca.

- 3. Condições adversas:
Além das falhas humanas e das deficiências de material, condições adversas
sobre as quais há pouca possibilidade de ação corretiva imediata são
causadores de muitas pescarias. As principais adversidades encontradas em
um poço, capazes de gerar pescarias são:

- 3.1) Desmoronamentos:
Chama-se desmoronamento a queda de pedaços das paredes do poço na forma
de lascas, pedras ou blocos.
É interessante notar que, neste sentido, as argilas plásticas e os evaporitos
profundos como a halita, a carnalita, etc., não desmoronam, apenas
escorregam para dentro do poço estreitando o seu diâmetro.

- 3.1.1) desmoronamento de folhelhos:


O desmoronamento de folhelhos ocorre em função das seguintes causas:

- a) alta pressão dos poros:


Sem dúvida, a maior causa dos desmoronamentos de folhelhos é sua elevada
pressão de poros.
A pressão nos folhelhos varia muito em um mesmo poço, ora subindo, ora
descendo de valor. Isto dificulta o estabelecimento correto da densidade do
fluido de perfuração.
Densidade altas retardam a perfuração e podem causar prisão. Densidades
baixas deixam os folhelhos desmoronar e densidades médias não são capazes
de eliminar todos estes problemas.
- b) hidratação:
Os desmoronamentos de folhelhos argilosos podem ocorrer como resultado de
sua hidratação.
O filtrado de uma lama penetra alguns centímetros entre os planos de
estratificação do folhelho, hidratando-o e criando uma força de inchamento
que atua de dentro da parede para dentro do poço, empurrando-a até
desmoronar.

- c) lavagem de sais solúveis:


Quando se atravessa uma camada inesperada de sal com fluido à base de água
doce ou de baixa salinidade, provoca-se sua dissolução e cria-se uma caverna.
Se o teto desta caverna for folhelho, certamente desmoronará buscando uma
configuração de maior estabilidade.

- d) turbilhonamento do fluido:
Em alguns casos, muito específicos, um turbilhonamento vigoroso do fluido
pode causar ou acentuar o desmoronamento de folhelhos.
Estão neste caso aquele folhelhos micro faturados, secos, duros e quebradiços,
que estalam sob a pressão dos dedos e se estilhaçam com facilidade.
A maioria das prisões em folhelhos desmoronáveis acontece porque a
ferramenta é tracionada excessivamente, inclusive, o bloqueio total da
circulação.

- 3.1.2) Desmoronamento de calcáreo:


O calcáreo aflorante ou raso, além de causar sérios problemas de perda de
circulação, é muito frágil e não resiste ao impacto de lâminas de
estabilizadores. Seu desmoronamento costuma ocorrer na forma de
paralelepípedos de tamanho suficiente para acunhar a coluna de perfuração.
Como se trata de rocha fácil de perfurar, comumente aplica-se pouco peso
sobre a broca e rotação elevada. Isto pode ocasionar a quebra na base dos
pinos dos comandos no momento do acunhamento, devido ao elevado
momento de inércia da rotação.
Para evitar estes desmoronamentos o melhor é usar estabilizadores de
borracha, não rotativos, que ficam parados e permitem o giro livre da coluna
no seu interior. Além disso, o emprego de amortecedor de choque, evitará que
a própria broca quebre a formação em blocos desmoronáveis.

- 3.1.3) Desmoronamento de basalto:


na perfuração de soleiras resultantes de derrames basálticos tem ocorrido
desmoronamentos que vem sendo resolvidos com aumento de peso do fluido
de perfuração. Perfurar avante sob tais condições só tem sido possível com
lama 13 lb/gal ou mais.

- 3.1.4) Desmoronamento de areia:


Uma das mais freqüentes causas de desmoronamento de areia é, sem dúvida, a
ocorrência de perda de circulação.
Quando temos uma camada espessa de areia mal consolidada, sobreposta a
uma formação calcárea fraturada, costuma acontecer a perda, e neste
momento, o nível hidrostático cai, podendo não conferir pressão suficiente
para conter aqüíferos existentes na areia.
As prisões de ferramenta por desmoronamento de areia costumam ser severas
e o sintoma típico é a perda de circulação que antecede o fato, bem como ter-
se deixado o poço em estática, por exemplo nas conexões, ou nas manobras.

- 3.2) Fechamento do poço:


O fechamento do poço pode ser total ou parcial, geralmente resulta em
pescaria e quase sempre está associado a um ou mais fatores:

- a) Fechamento por hidratação


Os folhelhos, a depender de muitos fatores, entre eles a composição
mineralógica das argilas originais, filtrado da lama, ph do filtrado, etc., podem
causar fechamento de poço por hidratação.

- b) Fechamento por deslizamento:


As argilas moles, bem como os sais, halita, carnalita, etc., a grandes
profundidades, costumam apresentar alta plasticidade e escorregam para
dentro do poço.
O fenômeno é mais grave, quando pelo movimento tectônico da crosta
terrestre, estes elementos ficam sujeitos a pressões anormais.

- c) Fechamento por swab:


Ao retirar-se a ferramenta do poço há sempre uma queda de pressão natural
devido à própria velocidade ascensional da tubulação.
A esta variação negativa de pressão, nas retiradas, é que chamamos de swab.
O fechamento do poço por swab acontece quando se puxa a ferramenta, muito
rapidamente, frente a uma zona de argila mole ou evaporito profundo. Mesmo
que os estabilizadores não estejam encerados o swab existirá e será tanto
maior, quanto menores forem os jatos da broca e mais elevados os valores
reológicos do fluido.
Mesmo que a ferramenta saia sem nenhum arraste, o poço pode fechar abaixo
da broca pela perda repentina de pressão.

- 3.3) Perda de circulação:


As perdas de circulação podem ser parciais ou totais, quando referidas ao
volume de fluido que consegue retornar ao poço na condição normal de
bombeio. Basicamente, o tipo de formação que se perfura é que determina a
natureza da perda.
Folhelho, por exemplo, geralmente só perde por fraturamento provocado.
Calcáreo estratificado ou vugular, também é por fraturamento.
Calcáreo fraturado, por simples invasão. Calcáreo cavernoso, da mesma
forma.
Areia perde por invasão ou infiltração.
Se um poço tiver zonas de folhelho e calcáreo expostas, e a perda ocorrer por
sobre pressão no poço, com certeza a fratura terá sido no calcáreo, mesmo que
este já não esteja mais sendo perfurado.
Geralmente a pressão de poros do calcáreo que perde é bastante baixa, em
torno de 6 lb/gal. Sua pressão de fraturamento pode ser inferior a 9 lb/gal.
Alta velocidade de descida da coluna é uma das principais causas de indução
de perda de circulação. O recalque da lama pode ser minimizado pela escolha
da velocidade correta de manobra, compatível com as características
geométricas da coluna e da reologia do fluido de perfuração. Por exemplo, na
coluna de teste de formação, coluna de lavagem, etc.

- 3.4) Prisão por chaveta:


Quando um poço por qualquer motivo, sofre um desvio muito acentuado,
forma o que se chama dog leg. O tubo atritando contra a parede do poço diante
do dog leg, cria um canal, que tem o seu diâmetro. Ao se retirar a coluna, os
comandos não conseguem passar pelo canal feito pelo tubo de perfuração e, se
houver excesso de tracionamento, podem ficar acunhados.
O uso de um estabilizador de menor diâmetro, no topo dos comandos, evita
que estes sejam dirigidos para o canal da chaveta.

- 3.5) Prisão por diferencial de pressão:


Quando se perfura com diferencial de pressão alto, em frente à formações de
alta permeabilidade e, por qualquer motivo a coluna fica parada, a prisão da
coluna pode ocorrer em virtude do desencadeamento dos seguintes eventos:

- diferencial de pressão atuando por mais tempo, aumenta o volume do


filtrado.
- Grande filtrado conduz a espesso reboco.
- O aumento do reboco faz crescer a área de contato entre a coluna e a
parede do poço.
- O acréscimo na área de contato, aumenta a força de atrito.

A força que provoca a restrição ao movimento da coluna é proporcional à área


de contato ao diferencial de pressão. O tempo é fator importante, porque a
extensão de área presa cresce com ele.

Você também pode gostar