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Cartografia
Teoria
Cartografia
Localizar-se e orientar-se no espaço sempre foi uma preocupação do ser humano. Hoje,
conseguimos fazer isso com muito mais eficiência. Mas o que é a cartografia? A cartografia é a
ciência responsável por pensar, elaborar e estudar os mapas.
Representar a superfície curva da Terra já foi um desafio para a cartografia. Todavia, com o
desenvolvimento das projeções cartográficas, esse problema foi solucionado. A forma mais
fidedigna de representar a Terra seria por um globo ou mapa digital que incluísse a esfericidade em
seu projeto. Nem sempre é possível andar com um globo; e, até pouco tempo, um mapa digital era
algo inimaginável. Considere que todo mapa possui distorção, pois representar uma superfície
esférica num plano exige isso. É importante entender as propriedades das projeções; isto é, o que
elas distorcem e não distorcem.
Projeções cartográficas
Propriedades
A projeção cartográfica é uma tentativa de representar a Terra em um plano, e sempre irá apresentar
distorções. Na tentativa de minimizar as deformações ocorridas pela planificação do globo, há
diferentes projeções, que são classificadas de acordo com as alterações em cada aspecto: área,
ângulos ou distâncias. Cada uma delas preserva um aspecto e altera outro. Elas podem ser
classificadas em:
● Conforme: os ângulos são idênticos aos do globo terrestre, onde ocorre o cruzamento de
meridianos e paralelos em ângulos retos. A forma dos continentes é representada sem
distorção, porém há alteração do tamanho de suas áreas, tal como o exemplo abaixo:
Não altera as áreas, conservando, assim, uma relação constante com a sua correspondência na superfície terrestre.
(Disponível em: <https://professorrobsonblog.wordpress.com/author/chruzoe/>. Acessado em: 22/12/2021.)
● Equidistante: como o nome diz, as distâncias entre os pontos de um mapa se mantêm precisas,
não apresentam deformidades lineares, mas são deformadas as áreas e os ângulos, como o
exemplo abaixo:
● Afilática: não preserva nenhuma das propriedades, porém há a minimização das distorções das
propriedades como um todo.
A partir disso, alguns autores lançaram, na história, projeções famosas, que são classificadas
dentro do sistema apresentado. Vamos ver as principais projeções cartográficas:
Escalas
A ideia de escala, muito abordada na cartografia, também é cobrada em diversos conteúdos. Para
a geografia, trata-se da amplitude da área geográfica em estudo. Em globalização, por exemplo,
falamos muito sobre a escala global influenciando a escala local, e vice-versa. Uma decisão tomada
entre representantes de dois países pode alterar totalmente a realidade de bairros, vilarejos, cidades
ou municípios. Além do mais, um mesmo fenômeno pode ocorrer em diversas escalas. Consegue
pensar em algum exemplo?
Existe uma fórmula utilizada para descobrir a escala de um mapa, a distância real de uma área
representada ou a distância no mapa:
𝐷 =𝑑×𝐸
(D - distância real; d - distância no mapa; E - escala)
● Escala gráfica: a escala gráfica ilustrada abaixo é representada por uma linha reta dividida em
partes iguais e deve ser utilizada como uma régua. A vantagem da escala gráfica é que, mesmo
quando um mapa é reduzido por causa de uma xerox ou manipulação da imagem, as
proporções da escala gráfica se mantêm, enquanto a proporção da escala numérica é desfeita.
● Escala pequena: quanto maior o denominador, menor é a escala. Isso significa que os
elementos reais foram muito reduzidos, o que ocorre quando são representadas áreas muito
grandes. Ideal para representar um mapa do mundo, de um país ou estado.
● Escala grande: quanto menor o denominador, maior é a escala. Isso significa que os elementos
reais não foram muito reduzidos, o que ocorre quando são representadas áreas pequenas.
Existe um termo chave que você deve lembrar na hora de responder se o mapa possui escala
pequena ou grande, que é o “grau de detalhamento”.
● Um mapa em que é possível visualizar um bairro (por exemplo, suas ruas, até mesmo os carros
estacionados) tem ALTO grau de detalhamento, logo é uma escala GRANDE.
● Um mapa cujos detalhes não podemos observar, como um mapa-múndi ou um mapa de um
país inteiro por exemplo, é uma escala PEQUENA, pois a realidade foi muito reduzida para caber
no papel.
Anamorfoses
As anamorfoses são distorções propositais nas formas e tamanhos das regiões representadas a
partir de um dado numérico qualquer com o objetivo de facilitar a visualização daquele fenômeno.
Dessa forma, exageram-se ou reduzem-se as regiões de acordo com a proporção (maior ou menor)
dos dados representados. Olhando a imagem abaixo rapidamente é possível perceber a região com
maior agricultura familiar, produção agrícola ou população, por exemplo.
Geografia
Curvas de Nível
Os mapas em curvas de nível ou mapas topográficos são utilizados para representar relevos. Para
representar os diferentes aspectos do relevo, como sua curvatura, os aspectos da declividade de
suas encostas e sua altura, é necessário utilizar essa convenção. Na prática, é como se fizéssemos
linhas imaginárias ao redor do relevo em questão e depois achatássemos ele sobre o papel. Quando
as linhas estão muito próximas, indica uma encosta mais íngreme. O menor e mais interno círculo
sempre será o topo. Para compreensão total, é preciso treinar a visualização espacial, e focar no
topo buscando visualizar ele em sua altura ajuda bastante. Esse tipo de mapa consegue revelar
também o caminho das águas, ou seja, o aspecto hidrográfico presente nos relevos e encostas.
Chama-se curvas de nível pois as curvas indicam cada nível do relevo.
Geografia
(Fonte: https://www.coladaweb.com/geografia/mapa-topografico./)
Cabe destacar o papel das novas tecnologias aplicadas à cartografia, como os satélites e o GPS.
Esses instrumentos possibilitam a coleta e o processamento de informações como nunca vistos
antes.
● Sistema de Posicionamento Global (GPS): desenvolvido na época da Guerra Fria, o GPS aponta
com precisão a localização de um objeto ou pessoa. Dentre suas utilizações encontra-se o
direcionamento em ruas e rodovias quando instalado em automóveis.
● Sensoriamento remoto: é a obtenção de imagens a partir de sensores acoplados nos satélites
ou aviões. É a captação e registro de imagens a longa distância. Podem ser obtidas imagens
de florestas, cidades, nuvens, entre outras. Depois de as imagens serem captadas, elas são
georreferenciadas em sua localização e colocadas num Sistema de Informação Geográfica
(SIG). A esse conjunto de técnicas que tratam e produzem a imagem final, captada inicialmente
pelo sensoriamento remoto, chamamos de geoprocessamento.
Geografia
Exercícios
1.
A ONU faz referência a uma projeção cartográfica em seu logotipo. A figura que ilustra o
modelo dessa projeção é:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Geografia
2. Anamorfose é a transformação cartográfica espacial em que a forma dos objetos é distorcida,
de forma a realçar o tema. A área das unidades espaciais às quais o tema se refere é alterada
de forma proporcional ao respectivo valor.
(GASPAR, A. J. Dicionário de ciências cartográficas. Lisboa: Lidei, 2004.)
(D)
(A)
(E)
(B)
(C)
3. O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia ensina indígenas, quilombolas e outros grupos
tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento para produzir
mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras.
(LOPES, R. J. O novo mapa da floresta. Folha de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado).)
4.
Considerando-se que a distância entre o local onde os destroços do avião foram avistados e
a cidade de Perth é de 2 cm, a escala aproximada dessa representação cartográfica é:
(A) 1 : 12.500.
(B) 1 : 125.000.
(C) 1 : 1.250.000.
(D) 1 : 12.500.000.
(E) 1 : 125.000.000.
6.
7.
8.
10. (Enem PPL, 2017) Projeção cartográfica é uma transformação que faz corresponder, a cada
ponto da superfície terrestre, um ponto no plano.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Geografia
Gabaritos
1. A
O símbolo da ONU – Organização das Nações Unidas – é uma representação baseada na
projeção azimutal do globo, na qual o plano tangencia o globo no polo.
2. C
A anamorfose consiste em uma distorção proposital feita na área de uma determinada feição
(continente, país, município...) a partir de um dado numérico, distorcendo as áreas de acordo
com esses valores. Por isso, a alternativa C corresponde a uma anamorfose.
3. D
Os mapas são instrumentos utilizados para mapear o espaço geográfico, onde são englobados
aspectos naturais – dados pela natureza, como rios e florestas – e artificiais – construídos pelo
Homem, como moradias e vias de deslocamento. A possibilidade de grupos tradicionais
marcarem corretamente suas terras leva a uma maior preservação de sua cultura, de suas
práticas e suas relações, valorizando suas identidades coletivas. Vale ressaltar que a
demarcação não gera automaticamente a modernização de suas terras ou a superação da
pobreza.
4. E
A questão aborda a ideia de escala. Todo mapa representa uma parte da realidade, que é
reduzida. A relação entre escalas pode ser observada por meio da distância no mapa e a
comparação com a distância na realidade. Na questão, a distância dos destroços é de 2.500km
para a cidade de Perth. Considerando que a distância no mapa é de 2 cm, cada 1 cm no mapa
corresponde a 1.250km na realidade. Ao converter de km para cm, temos 125.000.000.
5. B
O texto fala de forma resumida como estudamos e olhamos para o mundo a partir dos mapas,
mais do que propriamente para o objetivo, para a realidade. É importante destacar que os
mapas correspondem a uma redução da realidade e assim são produzidos e controlados pelas
classes que detém o poder associando-os, portanto, ao domínio hegemônico. As alternativas
seguintes são incorretas porque o texto não faz referência ã escala dos mapas, à teoria
geocêntrica, às projeções ou às legendas, mas ã produção da imagem controlada pelas classes
que detinham o poder ao longo da história.
6. B
A opção B é a correta, pois a disposição dos países do norte simboliza a centralidade dos países
desenvolvidos, ao contrário dos países subdesenvolvidos que ocupam uma posição periférica
no símbolo. As opções incorretas são: A e E, pois não ocorre inversão ou continuidade alterada
dos continentes; C, pois o emblema utiliza uma projeção plana, não havendo redução do
traçado dos países periféricos; D, pois os continentes meridionais também estão
representados.
7. E
Todo mapa é uma construção geopolítica que precisa de distorções. As distorções acontecem
porque é impossível retratar uma esfera num plano de papel sem algum tipo de alteração. Nas
grandes navegações, houve um crescente desenvolvimento dos estudos cartográficos e da
elaboração de mapas. Percebe-se que houve a adoção das linhas de proporção, os meridianos,
projetados de maneira reta com os paralelos. Não pode haver uma proporção real das áreas
apresentadas, e os continentes recém-descobertos nas grandes navegações não estão sem
sua proporção real ou sendo evidenciados.
Geografia
8. C
No passado, as projeções cartográficas eram feitas sem muita ciência das dimensões reais.
Assim, os mapas eram mais políticos e ideológicos do que nunca, contendo, muitas vezes,
elementos de caráter imaginário e mitológico, como monstros marinhos. No mapa da questão,
vemos como elemento central Jerusalém, e uma divisão simplista entre os continentes de
interesse europeu. Assim, a alternativa que mais se encaixa é a que demonstra a centralidade
de algumas regiões.
9. B
O croqui é simplesmente um desenho em forma de mapa que possibilita visualizar
determinados fenômenos ou pontos de interesse (turísticos, políticos....) espacialmente. No
caso acima, o croqui representa os tipos de turismo no território da França.
10. A
Os três mapas resultam de projeções cilíndricas com diferentes posições em relação ao globo
terrestre. O segundo é bastante comum, similar à projeção cilíndrica de Mercator, mas com
destaque para a orla do Pacífico. No primeiro e no terceiro, o mundo é apresentado com
perspectivas pouco convencionais. De qualquer forma era necessário encontrar o desenho de
três cilindros nas alternativas.