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Diretora
Silvane Guimarães Silva Gomes
Campus Universitário, 36570-000, Viçosa/MG
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Esta apostila é um estudo que abrange os princípios e as técnicas dos
modernos sistemas digitais. Ela é baseada no livro intitulado Sistemas Digitais
– Princípios e Aplicações, de autoria de Ronald J. Tocci e Neal S. Widmer,
editado pela Pearson – Prentice Hall.
A apostila foi escrita de forma que os conteúdos do livro-texto foram
escolhidos e resumidos com o intuito de selecionar os temas mais importantes
a serem utilizados no curso de Pós-Graduação lato sensu em Automação e
Controle de Processos Agrícolas e Industriais.
A seguir, você encontrará a apostila dividida em aulas para facilitar a
sequência de aprendizado e a estrutura. Dessa forma, aulas 1 a 5, que serão
vistas na primeira semana de aula, abordam temas relacionadas com a
matemática digital e os princípios de eletrônica digital. Embora algum
conhecimento de eletrônica básica ajude, a maior parte dessa apostila não
exige conhecimento prévio na área.
Nas aulas 6 a 11, abordadas na segunda semana, serão estudados temas
relacionados com álgebra de Boole e circuitos lógicos, nos quais serão vistos
assuntos, como raciocínios lógicos, de extrema importância em sistemas
digitais.
Da aula 12 a 14, na terceira semana, entraremos mais especificamente no
tema Flip-Flops (FFs), um elemento de memória muito importante,
implementado por meio de portas lógicas.
Boa leitura!
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Princípios de eletrônica digital e analógica
1.Conceitos Introdutórios
No mundo atual, o termo digital tornou-se parte do nosso vocabulário no dia
a dia por causa da maneira profunda pela qual os circuitos e as técnicas digitais
tornaram-se amplamente utilizados em quase todas as áreas de nossas vidas, como:
computadores, automação, robôs, medicina, transportes, entretenimento etc.
Nesta primeira aula, vamos começar introduzindo alguns conceitos básicos
que são parte vital da tecnologia digital.
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As quantidades analógicas, tais como as citadas anteriormente, têm
uma importante característica: elas podem variar ao longo de uma faixa contínua de
valores. A velocidade de um automóvel pode ser representada por um valor
qualquer entre zero e 120 km/h, por exemplo. Da mesma forma, a temperatura
medida no termômetro pode apresentar qualquer valor dentro de uma faixa de 25°C
à 45°C.
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1.2.1 Vantagens das Técnicas Digitais
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temperatura é 64°; mas o que estamos fazendo é uma aproximação digital para uma
grandeza analógica.
Para obter as vantagens das técnicas digitais quando tratarmos com
entradas e saídas analógicas, três passos devem ser seguidos:
1. Converter as entradas analógicas do mundo real para o formato
digital;
2. Realizar o processamento (operação) da informação digital;
3. Converter as saídas digitais de volta ao formato analógico (o
formato do mundo real).
A Figura 1 mostra um diagrama, com esses passos, de um sistema de
controle de temperatura típico. Conforme o diagrama, a temperatura analógica é
medida e o valor medido é em seguida convertido para digital por um conversor
analógico-digital (ADC, do inglês Analog to Digital Converter). A informação digital
é então processada por um circuito digital que pode, ou não, incluir um computador
digital. A saída digital é convertida de volta para o para o formato analógico por um
conversor digital-analógico (DAC). Essa saída analógica alimenta um controlador
que comanda algum tipo de ação para o ajuste da temperatura.
Temperatura
Dispositivo (Analógico) Conversor (digital)
analógica Processamento
de medição Analógico / Digital Digital
(sensor) ADC
(digital)
Conversor (Analógico)
Controlador Ajuste da
Digital / Analógico
temperatura
DAC
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Sistemas de Numeração Digital
1.Sistema Decimal
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Sabemos também que no sistema decimal, usando duas posições decimais,
podemos contar 100 números diferentes (102 = 100). Com três posições, podemos
contar 1000 números e assim por diante. Em geral, com N posições ou dígitos
decimais podemos contar 10N números diferentes, começando pelo zero e
incluindo-o na contagem. O maior número sempre será 10N-1.
2.Sistema Binário
1011,1012 = (1 × 23 ) + (0 × 22 ) + (1 × 21 ) + (1 × 20 ) + (1 × 2−1 )
+ (0 × 2−2 ) + (1 × 2−3 ) = 8 + 0 + 2 + 1 + 0,5 + 0 + 0,125
= 11,62510
Observe na operação acima que foram usados subscritos (2 e 10) para indicar
a base na qual o número em questão é expresso. Essa convenção sempre é usada
para evitar confusão quando mais de um sistema de numeração está sendo
utilizado.
No sistema binário, o termo dígito binário (do inglês binary digit) é quase
sempre abreviado com o uso do termo bit. Assim, o número 1011,101 tem 4 bits à
esquerda da vírgula e 3 bits à direita da vírgula binária.
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que o bit unitário muda de 1 para 0, a posição de peso 2 (2 1) alterna (muda de
estado). Cada vez que o bit de peso 2 muda de 1 para 0, o bit de peso 4 (2 2) alterna.
Do mesmo modo, cada vez que o bit de peso 4 passa de 1 para 0, o bit de peso 8
(23) alterna. Esse mesmo processo se repetirá para os bits de ordem maior, caso o
número binário tenha mais de 4 bits.
Como vimos no sistema decimal, também é verdade para o sistema binário
que, usando N bits, podemos contar 2N números. Por exemplo, com 2 bits podemos
contar 22 = 4 contagens (002 até 112); com 4 bits podemos contar 24 = 16 contagens
(00002 até 11112), e assim por diante. A última contagem será sempre com todos os
bits em 1, que é igual a 2N-1 no sistema decimal. Por exemplo, usando 4 bits, a última
contagem é 11112 = 24 - 1=1510.
Essa foi uma breve introdução ao sistema de numeração binário e a sua
relação com o sistema decimal. Dedicaremos mais tempo a esses dois sistemas e
alguns outros sistemas nas próximas aulas.
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1.Introdução
Existem vários outros dispositivos que têm apenas dois estados de operação
ou que podem ser operados em duas condições extremas. Entre esses dispositivos
temos: lâmpada (acesa ou apagada), diodo (em condução ou corte), relé (energizado
ou não), etc.
Em sistemas eletrônicos digitais, uma informação binária é representada por
tensões (ou correntes) que estão presentes nas entradas e saídas de diversos
circuitos. Tipicamente, os números binários 0 e 1 são representados por dois níveis
de tensões nominais. Por exemplo, zero volt (0 V) pode representar o binário 0, e
+5V pode representar o binário 1. Na realidade, devido às variações nos circuitos, o
0 e o 1 são representados por faixas de tensão. Isso é ilustrado na Figura 5 (a), na
qual qualquer tensão entre 0 e 0,8V representa o binário 0 e qualquer tensão entre
2 e 5 V representa o binário 1. Todos os sinais de entrada e saída estarão dentro de
uma dessas faixas, exceto durante transições de um nível para o outro.
Vejamos agora outra diferença significativa entre sistemas analógicos e
digitais. Nos sistemas digitais, o valor exato da tensão não é importante; por
exemplo, para os valores de tensões da Figura 5 (a), uma tensão de 3,6V significa o
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mesmo que uma tensão de 4,3V. Em sistemas analógicos, o valor exato da tensão é
importante. Essa característica nos diz que o projeto de um circuito analógico,
considerando a precisão, é mais difícil que o de um circuito digital devido ao modo
com que os valores exatos de tensão são afetados por variações nos valores dos
componentes.
A Figura 5 (b) mostra um sinal digital típico e como ele varia ao longo do
tempo. Na realidade, trata-se de um gráfico de tensão versus tempo (t) que é
denominado diagrama de tempo. As transições foram desenhadas como linhas
verticais, o que não ocorre na realidade. No entanto, na maioria das situações os
tempos de transição são tão curtos, que podemos considerá-los como linhas
verticais.
Figura 5 – (a) Indicação de intervalos de tensão típicos binários 0 e 1; (b) típico diagrama de
tempo de um sinal digital
2.Circuitos Digitais
Os circuitos digitais são projetados para produzir tensões de saída (v0) que se
encontrem dentro das faixas de tensões determinadas para os níveis 0 e 1, e para
responderem a tensões de entrada (vi) previsíveis que também estejam dentro de
faixas definidas para os níveis 0 e 1. A forma como um circuito digital responde a
uma entrada é denominado lógica do circuito digital ou circuito lógico.
Quase todos os circuitos digitais utilizados nos modernos sistemas digitais são
Circuitos Integrados (CIs). A disponibilidade de uma grande variedade de CIs lógicos
tem tornado possível a implementação de sistemas digitais complexos. Várias
tecnologias de fabricação de circuitos integrados são usadas para a produção de CIs
digitais, sendo as tecnologias TTL e CMOS as mais comuns. Uma difere da outra pelo
tipo de circuito usado para implementar a operação lógica desejada. Por exemplo, a
tecnologia TTL (do inglês, Transistor-Transistor Logic) usa o transistor como seu
principal elemento de circuito, enquanto a tecnologia CMOS (Semicondutor de
óxido Metálico Complementar, do inglês, Complementary Metal-Oxide-
Semicondutor) usa o MOSFET tipo enriquecimento como seu principal elemento de
circuito.
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3.Computadores Digitais
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apropriados para outras unidades de acordo com uma instrução específica
a ser executada.
4. Unidade lógica/aritmética. Todos os cálculos aritméticos e as decisões
lógicas são realizados nessa unidade, que pode enviar resultados para
serem armazenados na unidade de memória.
5. Unidade de saída. Essa unidade recebe os dados da unidade de
memória e imprime, exibe ou apresenta de qualquer outra maneira as
informações ao operador (ou processa, no caso de um computador de
controle de processos).
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número binário é representado por uma das saídas do computador e conectado à
correspondente entrada da impressora, de modo que os 8 bits sejam transmitidos
simultaneamente (paralelamente).
A Figura 7 (b) mostra que há apenas uma conexão entre o computador e a
impressora quando é usada uma transmissão serial. Nesse caso, a saída do
computador produz um sinal digital cujo nível de tensão muda em intervalos
regulares de acordo com o número binário que está sendo transmitido; ou seja, é
transmitido um bit em cada intervalo de tempo (serialmente) para a entrada da
impressora. O diagrama de tempo que acompanha a figura mostra como o nível do
sinal varia com o tempo. Observe que o bit LSB é transmitido primeiro; isso é comum
em transmissão serial.
A principal relação entre as representações paralela e serial diz respeito à
velocidade versus a simplicidade do circuito. A transmissão de um dado binário de
um ponto para outro de um sistema digital pode ser feita mais rapidamente por
meio do formato paralelo, pois todos os bits são transmitidos simultaneamente,
enquanto no formato serial é transmitido um bit de cada vez. Por outro lado, o
formato paralelo requer mais linhas interligando o transmissor e o receptor de
dados binários do que o formato serial. Em outras palavras, a comunicação paralela
é mais rápida; a serial precisa de menos linhas de sinais.
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Figura 7 (a) a transmissão paralela usa uma linha de conexão por bit, e todos os bits são
transmitidos simultaneamente; (b) a transmissão serial usa apenas uma linha de sinal, no
qual os bits são transmitidos serialmente (um de cada vez)
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Sistemas de Numeração e Codificação
1. Introdução
1 0 1 1 0 1 0 12
4
2 + 0 + 2 + 2 + 0 + 2 + 0 + 20 = 18110
7 5 2
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que o MSB (dígito mais significativo – confira na Aula 02) tem um peso de 27, ainda
que ele seja o 8º bit. Isso ocorre porque o LSB (dígito menos significativo) é o
primeiro bit e tem um peso de 20.
4510 = 32 + 8 + 4 + 1 = 25 + 0 + 23 + 22 + 0 + 20
= 1 0 1 1 0 12
Observe que um bit 0 é colocado nas posições 21 e 24, visto que todas as
posições têm de ser consideradas.
Um outro método para converter um número decimal inteiro usa divisões
sucessivas por 2. A conversão, ilustrada na Figura 1 para o número 25 10, requer
divisões sucessivas pelo decimal 2 e a escrita, de modo inverso, dos restos de cada
divisão até que o quociente zero seja obtido. Observe que o resultado binário é
obtido escrevendo o primeiro resto na posição LSB e o último na MSB.
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fracionária (0,5), o resto é um. Se não houver parte fracionária, como 12/2=6, então
o resto é zero.
Exemplo 1: Converta 3710 para binário. Tente fazê-lo antes de olhar a solução
deste e dos demais exemplos a seguir, que está no final desta aula.
Exemplo 2: Qual é a faixa de valores decimais que pode ser representada com
oito bits?
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3.Sistema de Numeração Octal
O sistema de numeração octal é muitas vezes usado no trabalho com
computadores digitais. Ele possui a base oito, o que significa dizer que ele tem oito
dígitos possíveis: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, e 7. Assim, cada dígito de um número octal pode
ter qualquer valor de 0 a 7.
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3.3 Conversão de octal para binário
Dígito Octal 0 1 2 3 4 5 6 7
Equivalente 000 001 010 011 100 101 110 111
Binário
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• Contagem em octal: A contagem é realizada de 0 a 7. Uma vez alcançado o
7, este dígito retorna para 0 na próxima contagem, fazendo com que o
próximo dígito da posição de ordem maior seja incrementado, como realizado
na seguinte sequência de contagem octal: 65, 66, 67, 70, 71 ou 275, 276, 277,
300, etc.
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4.1. Conversão de Hexa para Decimal
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Para praticar, verifique que BA616 = 1011101001102.
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Anexo - Solução dos exemplos desta aula
Solução do exemplo 1:
Solução do exemplo 2:
Solução do exemplo 3:
Solução do exemplo 4:
Assim, 17710 = 2618. Agora, podemos converter este número octal para
seu equivalente binário 0101100012, e finalmente temos:
17710 = 101100012
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Código BCD e o Byte
1.Código BCD
8 7 4 (Decimal)
Note que cada número decimal foi representado por 4 bits, que é a
quantidade necessária para codificar o número 9, que é o máximo no sistema
decimal. Para converter de BCD para decimal, basta agrupar o número BCD em
grupos de 4 bits.
Exemplo 1: Converta 94310 para BCD. Tente fazê-lo antes de olhar a solução
deste e dos demais exemplos a seguir, que está no final desta aula.
Note que, enquanto o código binário requer 8 bits, o BCD requer 12, sendo
uma desvantagem do código BCD. No entanto, a principal vantagem do código BCD
é a relativa facilidade de conversão para decimal e vice-versa. E esta característica é
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muito importante quando se trata de hardware, pois nos sistemas digitais são os
circuitos lógicos que realizam conversão entre os diversos códigos existentes.
3. O Byte
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Exemplo 6: Quantos bytes são necessários para representar, em BCD, o valor
decimal 846569?
Solução: cada dígito decimal é convertido no código BCD de 4 bits. Assim, um
número decimal de seis dígitos requer 24 bits, que correspondem a 3 bytes. Ou seja:
8 4 6 5 6 9 (Decimal)
1000 0100 ⏟
⏟ 0110 0101 ⏟
0110 1001 (BCD)
𝑏𝑦𝑡𝑒 1 𝑏𝑦𝑡𝑒 2 𝑏𝑦𝑡𝑒 3
4 Códigos Alfanuméricos
Possui 26 letras minúsculas, 26 letras maiúsculas, 10 dígitos numéricos, 7
sinais de pontuação e cerca de 40 caracteres como /, %, *, etc. É importante para
que os microcomputadores sejam capazes de manipular informações não
numéricas, como as encontradas no teclado.
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Tabela 3 – Relações do código ASCII
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5. Detecção de Erros pelo Método de Paridade
Em muitas aplicações que envolvem sistemas digitais, dados devem ser
transmitidos, como a transmissão de dados digitais de um computador a outro em
rede (por meio de linha telefônica ou cabo de rede), ou enviando informações pela
internet. Mas nestas transmissões de dados até o receptor, pode ocorrer erros,
devido, principalmente, ao ruído elétrico (que são flutuações em torno da tensão
e/ou corrente elétrica). Quando isso ocorre, o receptor pode interpretar
incorretamente a informação recebida, trocando o nível lógico 1 pelo zero e vice-
versa.
Sabe-se que a possibilidade de erros em equipamentos digitais modernos
é pequena, no entanto, temos que em uma transmissão de milhões de bits por
segundo, uma pequena taxa de ocorrência de erros diversos podem gerar muitos
transtornos. Por isso, os sistemas digitais utilizam a técnica de detecção de erros
pelo método de paridade.
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Exemplo 8: Ao transmitir a mensagem ´HELLO´ de um computador a outro,
quais seriam os caracteres transmitidos usando código ASCII com paridade par?
Solução: inicialmente, deve-se determinar o código ASCII para cada
caractere. Após isso, deve-se contar o número de 1s e anexar o bit de paridade 1, se
o número total for ímpar e zero, se o total for par. Assim, todos os códigos de oito
bits resultantes terão um número par de 1s, ou seja:
H 01001000
E 11000101
L 11001100
L 11001100
O 11001111
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Anexo - Solução dos exemplos desta aula
Solução do exemplo 1:
Solução do exemplo 2:
Solução do exemplo 3:
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