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(1) Mecânica dos Solos V. 2 – Orencio Monje Vilar & Benedito de Souza Bueno – Departamento de
Geotecnia, Escola de Engenharia de São Carlos
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Apresentação
Como mais atraso do que era nossa intenção, lançamos agora o segundo volume da
apostila “Mecânica dos Solos”. Os capítulos estão arranjados em uma ordem didática e
compreendem parte da matéria ministrada na disciplina Maciços e Obras de Terra. Como
novidade, inserem-se alguns exemplos de aplicação e uma sinopse ao final de cada capítulo.
Quanto ao sistema de unidades, por estarmos em uma fase de transição, optamos por
apresentar os exemplos no sistema MK*S, e, em conjunto, os valores para conversão para o
Sistema Internacional. Assim, a unidade de força empregada é o kgf e, admitindo, g=10m/s2
temos 1kgf=10N e para unidade de tensão, kgf/cm2, que corresponde a 100kN/m2.
Agradecemos a Maristela Zotesso e Antonio Claret Carriel, pela datilografia e
desenhos, respectivamente, sobretudo porque a Universidade não tem uma forma de
recompensá-los pelo excelente e dedicado trabalho, e aos alunos Ricardo Gandour pela
resolução do exemplo de Método das Lamelas.
ADENDO
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ÍNDICE
1. Introdução____________________________________________________________ 69
2. Tipos e Causas dos Escorregamentos_______________________________________ 70
3. Fator de Segurança_____________________________________________________ 73
4. Métodos de Estabilidade_________________________________________________ 74
4.1. Introdução_______________________________________________________ 74
4.2. Método do Talude Infinito__________________________________________ 75
4.3. Método de Culmann_______________________________________________ 77
4.4. Métodos que Admitem Superfície de Ruptura Circular____________________ 78
a) Método do Círculo de Atrito- Gráficos de Taylor_______________________ 78
b) Método das Lamelas- Fellenius e Bishop_____________________________ 83
4.5. Método das Cunhas________________________________________________ 90
4.6. Outros Métodos de Estabilidade______________________________________ 93
Sinopse________________________________________________________________ 94
BIBLIOGRAFIA__________________________________________________________ 146
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CAPÍTULO 12(1)
1. INTRODUÇÃO
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VX dz VZ dx
VX VZ
VX dx dz VZ dz dx
x z
Como o volume de água presente é constante, a vazão que entra é igual a que sai, de maneira
que se pode chegar à seguinte expressão conhecida como Equação de Continuidade:
VX VZ
0
x z
h h
VX k X e VZ k Z
x z
2h 2h
kX 0
x 2 z 2
2h 2h
0
x 2 z 2
A situação de anisotropia (kX kZ) pode ser estudada lançando-se mão do artifício de
transformar as coordenadas, de maneira a se chegar à Equação de Laplace, o que será visto no item 6.
Antes de nos lançarmos à apresentação dos princípios básicos das redes de fluxo falaremos, a
título de informação, das várias maneiras de resolver um problema de fluxo.
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Tubos com
corante
Figura 12.2- Modelo físico reduzido de percolação para dentro de uma escavação.
Para o traçado das linhas de fluxo, utiliza-se corante colocado em posições determinadas no
paramento de montante. Ao ocorrer o fluxo, os corantes vão tingir a água, permitindo que se
distingam algumas linhas de fluxo. Paralelamente, a colocação de piezômetros dentro do modelo
permite a obtenção das cargas piezométricas em diversos pontos da secção. A partir desses dados,
pode-se desenhar a rede pretendida.
O fluxo elétrico através de um meio resistivo também é governado pela equação de Laplace.
Pode-se fazer, então, uma analogia entre a permeabilidade do solo e a condutibilidade elétrica de um
meio qualquer.
Monta-se uma secção com chapa condutora e aplicam-se potenciais de carga elétrica que
correspondem aos potenciais de carga hidráulica. Através de medidas de queda de potencial ao longo
da região onde ocorre o fluxo pode-se determinar algumas equipotenciais. As linhas de fluxo são
desenhadas a partir das equipotenciais obtidas.
Finalizando este item, destaquemos algumas características da equação de fluxo que nos serão
úteis para o traçado das redes de fluxo.
A equação de Laplace é satisfeita nas duas famílias de curvas, dadas pelas funções harmônicas
conjugadas e , as quais podem ser interpretadas fisicamente dentro da região onde se desenvolve o
fluxo.
A primeira delas (x, z) = cte., chamada de função carga hidráulica, obedece a equação (x, z)
= -K h + c, e a segunda (x, z) = cte., chamada de função de fluxo é definida de maneira que:
VX e VZ
z x
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A função (x, z) = cte., representa fisicamente, dentro da região onde ocorre o fluxo, pontos
com mesma carga h. As curvas determinadas pela função (x, z) = cte. são chamadas de linhas
equipotenciais.
Por sua vez, a função (x, z) = cte. representa fisicamente a trajetória da água ao longo da
região onde se processa o fluxo. Dá-se o nome de linhas de fluxo às curvas determinadas pela função
(x, z) = cte.
Seja a linha AB da Figura 12.3.a, representativa da trajetória de uma partícula do fluido
passando pelo ponto P, com velocidade tangencial V:
Da Figura 12.3.a tem-se:
VZ dz
tg ou VZ dx VX dy 0
VX dx
Como VX e VZ , resulta
z x
dx dz 0 ou d 0
x z
e, portanto, = cte.
Assim, as curvas dadas por = cte. definem as trajetórias das partículas de fluxo, pois em
cada ponto elas são tangentes aos vetores velocidades.
Observe na Figura 12.3.b que a vazão unitária (q) por cd compreendida entre duas linhas de
fluxo (C e d) é dada por
q cd VX dz cd d d c
o que implica dizer que o fluxo entre duas linhas de fluxo (canal de fluxo) é constante.
Outra importante particularidade refere-se aos coeficientes angulares das curvas determinantes
das linhas de fluxo e das linhas equipotenciais. Para as curvas (x, z) = cte. tem-se
dz x Vz
dx cte z Vx
dx dz 0
x z
dz x V
X
dx cte z VZ
dz 1
dx cte dz
dx cte
Disso resulta que a família de curvas (x, z)=cte., é ortogonal a (x, z) = cte.. Assim as
curvas da função interceptam as curvas da função segundo ângulos retos, ou, em outras palavras,
as linhas de fluxo cruzam as linhas equipotenciais segundo ângulos retos.
Vale lembrar que para condições de contorno determinadas, a solução de uma equação
diferencial é única. Para o caso do fluxo de água através do solo, deve-se ressaltar ainda que
a solução independe do coeficiente de permeabilidade do solo; isto é, são condições
determinantes apenas as condições limites do problema em questão: variando estas, varia a
solução.
4. REDES DE FLUXO
As redes de fluxo constituem então uma solução gráfica da Equação do Fluxo, e são
formadas pelo conjunto das linhas equipotenciais e das linhas de fluxo.
Denomina-se canal de fluxo a região situada entre duas linhas de fluxo. Seja o canal de fluxo
apresentado na Figura 12.4.a.
Q k i A
h
onde i e A bd
l
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Q b
q ou q k h
d l
No traçado de uma rede de fluxo, costuma-se fazer b=l. A perda de carga entre duas
equipotenciais consecutivas é constante, donde se tem a vazão num determinado canal de fluxo é
constante.
Ao fazer b=l, e como as linhas de fluxo são perpendiculares às equipotenciais, resulta uma
figura formada por "quadrados" de lados ligeiramente curvos, como se representa na Figura 12.4.b.
O traçado de uma rede de fluxo consiste basicamente em se desenhar na região de fluxo uma
malha de "quadrados" formados por linhas de fluxo e equipotenciais convenientemente escolhidos
dentre as infinitas linhas possíveis.
O primeiro passo nesse traçado consiste em se estabelecer as condições de contorno ou
limites, as quais podem ser englobadas numa situação de fluxo confinado ou de fluxo não confinado, e
a direção geral do fluxo para o problema em questão.
A Figura 12.5 representa um problema clássico de percolação e nela nos basearemos para
expor os princípios das redes de fluxo.
Figura 12.5- Percolação de água através da fundação permeável de uma cortina de estacas
pranchas.
Este problema cai na categoria de fluxo confinado, isto é, as condições limites estão
determinadas. Na Figura 12.5.a, estão representadas as condições limites formadas por duas
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equipotenciais, uma de carga máxima e outra de carga mínima, e por duas linhas de fluxo, situação
limite que em geral se repete nos problemas de fluxo confinado.
A água evidentemente percolará da esquerda para a direita em função da diferença de carga
total existente.
A Figura 12.5.b representa a rede de fluxo, constituída de uma malha de "quadrados". Pode-se
comprovar, de imediato, duas propriedades características das redes de fluxo:
a) as perdas de carga são iguais entre os vários quadrados da rede;
b) as vazões através dos vários canais de fluxo são iguais.
Para o cálculo da vazão que escoa através do maciço onde ocorre a percolação, observemos
novamente a Figura 12.5 b.
Nota-se que a rede é formada por nf canais de fluxo (=linhas de fluxo menos um.) e por n eq
quedas de potencial (=linhas equipotenciais menos um). Através de um canal de fluxo temos:
h
q k iA k b 1
l
Como construtivamente b = l
q k h
A carga total disponível (H) é dissipada através das neq equipotenciais, de forma que entre
duas equipotenciais consecutivas:
H
h
n eq
Uma das situações práticas onde é maior o emprego das redes de fluxo é no caso das
barragens de terra. A percolação através do maciço compactado enquadra-se no caso do
fluxo não confinado, isto é, uma das condições limites não está determinada a priori. Seja
a Figura 12.6.
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A solução de Kozeny admite que a rede de fluxo que se forma no problema em questão é
constituída por dois conjuntos de parábolas confocais, um deles representando as equipotenciais e o
outro as linhas de fluxo.
Estabelecida essa solução, é possível adaptá-la para barragens com outras condições de
drenagem, o que foi feito por Casagrande, a partir de ensaios em modelos e de estudos teóricos.
Assim a solução de Kozeny, conhecida como parábola básica de Kozeny, encontra grande aplicação
prática no traçado de redes quando o fluxo é não confinado.
4 3 - Linha Freática
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Deve-se lembrar, como condição rotineira, que a freática sendo uma linha de fluxo deve ser
perpendicular ao talude de montante (que é equipotencial) no seu ponto de entrada.
Na Figura 12.9, apresentam-se diversas condições de saída da freática, devendo-se ressaltar
que rotineiramente a freática é tangente ao talude de jusante (taludes menores que 900) ou tangente à
vertical no ponto da saída, caso haja drenagem.
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Figura 12.10- Gráfico para locar o ponto Figura 12.11- Parábola básica e
de saída da freática. correções para situar a freática.
Essa propriedade constitui um dado importante para o traçado da rede, pois uma vez
determinada a freática, o próximo passo será dividir a perda de carga em cotas iguais, o que fornecerá
os pontos de intersecção entre a freática e as equipotenciais. Evidentemente, o número de perdas de
carga a escolher será um problema de tentativas e erros, até que se tenha uma solução que leve em
conta os fundamentos das redes de fluxo.
Pode-se observar ainda na Figura 12.12, que as equipotenciais são ortogonais à linha freática,
o que é obvio, pois que a freática é uma linha de fluxo.
O exposto nos itens anteriores aplica-se aos casos de fluxo estabelecido. Existem algumas
situações (enchimento do reservatório; chuvas intensas ou rebaixamento do nível de água do
reservatório, por ocasião das épocas de seca) que apresentam redes de fluxo particulares.
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Pode parecer ao principiante que a melhor solução será obtida por quem tiver maiores
pendores artísticos. Na verdade obedecendo às condições teóricas anteriormente
estabelecidas, está-se obedecendo às condições da equação do fluxo. Isto conduzirá então a
uma solução única, que independe da habilidade artística de quem procura resolver o
problema.
A seguir enumeram-se vários lembretes e recomendações para o correto traçado de uma rede
de fluxo:
a) usar todas as oportunidades possíveis para estudar a aparência de Redes de Fluxo bem
feitas. Tratar depois de repeti-las, sem ter em mãos o modelo, até obter desenhos satisfatórios;
b) usualmente, é suficiente traçar a rede com um número de canais de fluxo entre 3 e 5. O uso
de muitos canais dificulta o traçado e desvia a atenção de aspectos essenciais;
c) ao principiar o traçado, lembrar que as linhas de fluxo e as equipotenciais deverão ser
normais entre si, e que se procura obter uma Figura formada por "quadrados" (é possível resolver o
problema desenhando figuras retangulares, porém é muito mais difícil);
d) deve-se observar sempre a aparência da rede em conjunto, sem tratar de corrigir detalhes
antes que toda ela esteja aproximadamente bem traçada;
e) freqüentemente, há partes das Redes de Fluxo em que as linhas de fluxo devem ser
aproximadamente retas e paralelas. Nestes casos os canais são mais ou menos do mesmo tamanho e
os quadrados vão resultar muito parecidos. O traçado da rede pode ser facilitado se começar por essa
zona;
f) um erro comum nos principiantes é de desenhar transições muito bruscas entre as partes
retas e as partes curvas das diferentes linhas. Deve-se ter presente que as transições devem ser sempre
suaves e de forma parabólica ou elíptica; o tamanho dos diferentes quadrados deve ir mudando,
também, gradualmente;
g) as superfícies de entrada são sempre equipotenciais, por conseguinte as linhas de fluxo
devem ser normais a elas; o mesmo ocorre com superfícies de saída horizontais. Porém, superfícies de
saída (em contacto com o ar) não horizontais não são nem linhas de fluxo e nem equipotenciais: os
quadrados limitados por essas superfícies podem ser incompletos;
h) em geral, a primeira adoção de linhas de fluxo pode não conduzir a uma rede integral de
quadrados. Pode ocorrer, ao final da rede, que entre duas equipotenciais sucessivas a perda de carga
seja uma fração da perda entre as equipotenciais vizinhas anteriores (formam-se retângulos ao invés de
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quadrados). Geralmente, isto não é prejudicial e esta última fileira pode ser levada em conta no
cálculo, observando-se a fração da perda de carga que resultou (relação entre os lados do retângulo).
O mesmo tipo de abordagem pode ser aplicado aos canais de fluxo, bastando considerar a
parcela da vazão correspondente.
Se, por razões de apresentação, se deseja traçar uma malha integral de quadrados, torna-se
necessário modificar o número de canais de fluxo, ou por interpelação, ou recomeçando.
i) certas condições limites podem ocasionar a intersecção de uma linha de fluxo com uma
equipotencial a ângulos maiores que 90o. Tem-se então uma condição particularmente crítica onde a
velocidade do fluxo pode provocar erosão e arraste. Tais situações devem ser evitadas ou deve-se
providenciar proteção para que tais erosões não ocorram.
A Figura 12.14 esquematiza alguns erros mais comuns nos traçados de redes, as correções
necessárias e a rede completa.
A Figura 12.15 apresenta várias redes de fluxo, a partir dos quais o aluno poderá principiar a
seguir a recomendação a.
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Uma vez determinada a rede de fluxo num maciço, pode-se determinar as pressões neutras
devidas à percolação.
Em determinadas situações, como por exemplo, sob estruturas de concreto, essas
pressões atuarão na base da estrutura exercendo uma força contrária à força normal, o que
pode conduzir a estrutura a uma situação instável.
Seja a Figura 12.16. A barragem vertedouro aí esquematizada está sujeita à percolação pela
sua fundação.
Figura 12.16- Rede de fluxo pela fundação de uma barragem vertedouro de concreto e
diagrama de subpressões.
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Para determinar as subpressões atuantes em sua base basta considerar a rede de fluxo e
determinar as cargas em diversas posições. Fixemos a referência de nível na superfície impermeável.
A perda de carga devida à percolação é h, que será dissipada entre neq equipotenciais, ou seja, entre
duas equipotenciais consecutivas dissipa-se h/neq = h. No ponto 0 a carga total disponível é H0 = z0 +
h = u0/yw + z0, ou, de outra forma, a carga piezométrica é u0/Yw =h. No ponto l como houve uma
perda de carga, teremos:
u1
H1 z 1 H 0 h z 0 h h
W
u1
(z 0 z 1 ) (h h ) h h
W
O raciocínio pode ser estendido aos outros pontos de forma a se obter o diagrama de
subpressões ao longo da base da barragem.
O problema pode ser resolvido também graficamente. Para tanto basta dividir a perda de
carga em parcelas iguais, correspondentes ao número de queda de equipotenciais, e transformá-las em
cotas tal qual se representa na Figura 12.16. No ponto 1, por exemplo, a carga de pressão
corresponderá à distância vertical entre o ponto e o número de quedas de equipotencial (um no caso).
No ponto 5 a mesma situação se repete, bastando observar que ocorreram quatro perdas de carga.
Observar que as cargas de posição consideradas positivas acima da RN. A demonstração do processo
gráfico fica por conta do leitor.
Importante notar que, mesmo que o ponto onde se deseja determinar a pressão neutra não se
situe sobre uma equipotencial da rede traçada, os processos aqui descritos também se aplicam. A rigor
a rede traçada representa apenas algumas equipotenciais e algumas linhas de fluxo, porém sobre
qualquer ponto sempre "passará" uma equipotencial. Seja o ponto P situado entro a 4ª e 5ª
equipotenciais. Estimando que a perda de carga até ele seja 4,5 h pode-se determinar, tanto analítica
quanto graficamente, a carga de pressão sobre ele:
u4 u4
H 4 H 0 4,5 h z4 h 4,5 h
W W
(H 0 h e z 4 z 0 )
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A carga de pressão no ponto l será dada pela diferença de cotas entre esse ponto e o ponto A,
intersecção da equipotencial que passa pelo ponto l com a freática. Os pontos l e A situam-se sobre a
mesma equipotencial, portanto, têm a mesma carga total.
O mesmo raciocínio se aplica, por exemplo, ao ponto 4, bastando considerar a equipotencial
correspondente. Por último, deve-se lembrar que o diagrama de subpressões obtido seja na base de
uma estrutura impermeável ou ao longo de uma superfície de ruptura de um talude, tem como
resultante um empuxo correspondente à área do diagrama e atua no centro geométrico do diagrama.
Outra informação importante obtida a partir da rede de fluxo é a força de percolação. Como já
visto no Capítulo VII - 1° Volume, as forças de percolação são originárias da transferência de energia
que se processa quando do fluxo de água através do solo. Essas forças são efetivas, têm a dimensão de
um peso específico e são tangentes às linhas de fluxo.
Na Figura 12.18 o elemento hachurado tem lado a. O gradiente que atua é i = h/a e a perda
de carga entre duas equipotenciais consecutivas é h = h/ne, onde ne - número de quedas de
equipotencial.
u S a 1 n 1 h w
Isso origina uma pressão u
u u e u s a h w ou
h
u a2 w
a
Como h/a = i e a2 é o volume do elemento, essa diferença de pressões origina uma força de
percolação por unidade de volume igual a:
Fp i w
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2h 2h
kX k Z 0 (k X k Z )
x 2 z 2
kZ kX
xt x x xt
kx kZ
Pode-se na equação do fluxo obter:
k X 2h 2h
0
k Z x 2 z 2
Substituindo x vem:
2h 2h
2 0
x 2t z
Figura 12.19- a) seção natural de uma barragem com anisotropia em relação a permeabilidade;
b) seção transformada da barragem- isotropia quanto a permeabilidade.
Assim o problema se resume a transformar uma das dimensões reais da seção para torná-la
isotrópica e poder trabalhar dentro dos conceitos já estipulados. A Figura 12.19.b mostra a seção
transformada. É importante notar que qualquer das coordenadas pode ser transformada. A rede de
fluxo é desenhada na seção transformada com elementos quadrados e em seguida retorna-se ao
problema original desdobrando as dimensões da direção que foi reduzida. Na Figura 12.20 tem-se um
exemplo de traçado de rede num problema de seção transformada.
Deve-se notar que na seção real as figuras da rede passam a assumir a aparência de retângulos
ou losangos, dependendo da relação de permeabilidades.
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nf
Q k' H k' kX kZ
n eq
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Figura 12.21- Transferência das linhas de fluxo entre meios de diferentes permeabilidades.
No meio 2 (de permeabilidade menor) os canais devem se alargar para dar passagem a mesma
vazão que percolava no canal, no meio 1. Ocorre então uma mudança na geometria do canal de fluxo,
determinada pelas relações expressas na própria Figura.
No caso contrário (k2 > k1), Figura 12.22, pode-se notar que os canais devem se estreitar no
meio 2 para dar passagem à mesma vazão que percola nos canais, no meio 1.
Essas condições gerais de transferência estão esquematizadas na Figura 12.23 para várias
situações diferentes.
O fluxo em meios heterogêneos admite soluções para um mesmo problema que podem diferir
na forma, dependendo das premissas que se adotem para a resolução do problema. No que se segue,
procura-se apresentar o traçado da rede atendendo a condição de igualdade de vazão nos diversos
meios que compõe a secção em estudo.
Figura 12.22- Transferência das linhas de fluxo entre meios de permeabilidade diferentes.
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Figura 12.23- Condições de transferência das linhas de fluxo entre dois meios de
permeabilidade diferentes.
Essa condição permite o traçado de redes com malha quadrada em cada um dos meios, o que
nos parece oferecer menores dificuldades do que as outras maneiras, as quais obrigam soluções que
conciliam malhas quadradas e malhas retangulares.
O andamento a seguir deverá constituir-se dos seguintes passos:
d) calcular a relação k2/k1 da rede construída e compará-la com k2/k1 real. Havendo diferença,
experimentar nova freática de acordo com o seguinte critério: se k 2/k1 calculado for muito alto,
levantar a freática; caso contrário, k2/k1 calculado menor que k2/k1 real, abaixar a freática.
e) refazer a rede de fluxo até conseguir um valor compatível com k 2/k1 real.
Finalizando este item, convém destacar o procedimento que deve ser utilizado no caso de um
problema em que além dos meios serem heterogêneos, eles também são anisotrópicos.
O procedimento a adotar consiste em primeiro transformar a seção (tornar os meios
isotrópicos) em seguida traçar a rede de acordo com exposto neste item; uma vez traçada a rede, voltar
à seção real.
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A parábola é uma curva que define o lugar geométrico dos pontos que eqüidistam de uma reta
(diretriz) e de um ponto (foco). No caso em questão, conhecem-se dois pontos da parábola, D e F,
mostrados na Figura 12.25.
As correções necessárias para locar completamente a freática estão apresentadas no item 4.2.
Os esquemas a seguir (Figura 12.26) apresentam algumas posições rotineiras dos focos F
necessários para o traçado da parábola básica.
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EXEMPLO 12.1
Determinar a vazão que percola pela fundação da cortina de estacas prancha representada na
Figura 12.5 e a pressão neutra no ponto M da fundação. Dados: H = 10m, k =10 -3 cm/s.
nf
QkH n f LF 1 6 1 5
n eq
n eq LE 1 11 1 10
5
Q 10 5 10 5 10 5 m 3 s m
10
H M Ho x h z 0 3,5 m
H 10
h z M 1,8 m
n eq 10
HM zM uM / w u M (z 0 z M ) u 0 x h
H0 z0 u0 / w u M (3,5 1,8) 10 8 1
u 0 H 10 m u M 3,70 tf m 2
EXEMPLO 12.2
Determinar a vazão que percola pela fundação da cortina representada na Figura 12.20.
Assumir H = 10m e kV = 10-3cm/s.
Quando kh = kv = 10-3cm/s temos
nf 3
QkH 10 5 10 5 10 5 m 3 s m
n eq 6
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Quando k h 4 k V 4 10 5 m s
nf
Q k' H k ' k h k V 4 10 5 10 5 2 10 5 m s
n eq
3
Q 2 10 5 10 10 4 m 3 s m
6
Quando k h 9 k V 9 10 5 m s
k ' 3 10 5 m s Q 1,5 10 4 m 3 s m
SINOPSE
1. O fluxo de água através dos solos é regido pela equação de Laplace e os problemas são
geralmente tratados em duas dimensões (plano).
2. Das várias maneiras de se resolver a equação do fluxo, a mais usual consiste no processo
gráfico chamado de REDES DE FLUXO.
3. As redes de fluxo são formadas por malhas de "quadrados" ligeiramente curvos. Nessas
malhas distinguem-se as linhas de fluxo e as linhas equipotenciais.
4. A região delimitada por duas linhas de fluxo é chamada de canal de fluxo. Numa rede as
vazões através dos vários canais são iguais.
5. Entre duas equipotenciais sucessivas as perdas de carga são iguais e constituem uma fração
da carga total disponível
6. As linhas de fluxo interceptam as linhas equipotenciais segundo ângulos retos.
7. As redes de fluxo permitem determinar:
a) as perdas de água por percolação;
b) as pressões neutras na região onde se dá a percolação;
c) os gradientes hidráulicos e as forças de percolação.
8. Para o traçado de uma rede é necessário conhecer:
a) a direção geral do fluxo;
b) as condições limites do problema.
9. Num problema de fluxo confinado as condições limites já estão estabelecidas: em geral
duas linhas de fluxo e duas linhas equipotenciais.
10. Nos problemas de fluxo não confinado a condição limite que resta determinar é a linha
(em contato com o ar) que delimita o fluxo - LINHA FREÁTICA.
11. Propriedades da LINHA FREÁTICA
a) está sob pressão atmosférica, portanto a pressão piezométrica ao longo dela é nula;
b) em conseqüência as perdas de carga são apenas altimétricas;
c) é normal ao talude de montante numa barragem permeável;
d) é tangente ao talude de jusante na saída do talude;
e) é tangente à vertical no ponto de saída, caso haja drenagem à jusante.
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49
CAPÍTULO 13(1)
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
1. INTRODUÇÃO
r1 r2
r1 c
r2 tg ()
c tg ()
Esta expressão simples mascara uma série de características do solo que interferem
na resistência. Uma equação geral que representasse a resistência dos solos deveria ser do
tipo:
f ' , e, w, , C , H , S , , T ,...
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51
A curva l caracteriza a ruptura de tipo frágil, isto é o valor de tensão atinge um máximo
bem definido (Tr) normalmente para pequenas deformações. Atingindo r , a tensão
necessária para manter uma certa taxa de deformação decresce e se aproxima de zero.
A curva 2 caracteriza solos que apresentam ruptura do tipo plástico ("por deformação
excessiva"), isto é, a tensão é crescente até um determinado valor e a partir daí as deformações
continuam a crescer, praticamente sem variação de tensões. Como não se tem um valor característico
como no caso 1, costuma-se definir a "ruptura" em função das deformações que estão em jogo. Na
falta de um valor específico para a situação, tem sido utilizado como valor rotineiro a tensão
correspondente a uma deformação de 20%.
Na situação representada pela curva 3, a tensão atinge um valor definido (máx 3), para em
seguida decrescer e caminhar para um valor constante, denominado de resistência última ou residual.
Dependendo da situação, pode-se tomar o valor da resistência máxima (máx 3) ou da resistência
residual (res).
2.1 - Introdução
Em linhas gerais, pode-se dizer que a resistência dos solos é proporcionada por forças de atrito
resultantes de enlaces moleculares nas superfícies em contato.
Segundo a lei de Coulomb, a resistência por atrito é função da força normal no plano de
deslizamento relativo.
Costuma-se representar a resistência por atrito de duas formas, segundo se esquematiza na
Figura 13.3, onde dois corpos sólidos estão em contacto.
Pode-se utilizar o coeficiente de atrito, f, ou a obliqüidade máxima (máx = ) que a resultante
forma com a normal, valor este atingido quando a força T é capaz de dar início ao deslocamento
relativo dos corpos. O ângulo de máxima obliqüidade recebe o nome de ângulo de atrito e é
representado por .
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52
A lei de Coulomb resultou de observações empíricas. Terzaghi elaborou uma teoria que
fornece embasamento físico para as constatações empíricas das leis de atrito.
Segundo Terzaghi, em sua "Teoria Adesiva do Atrito", a superfície de contacto real entre dois
corpos constitui apenas uma parcela da superfície aparente de contanto, dado que a um nível
submicroscópico as superfícies dos materiais são efetivamente rugosas. O contacto se dá então apenas
nas protuberâncias mais salientes, conforme se mostra na Figura 13.4.
N
Ac
y
A resistência do material da região plastificada é de forma que a máxima tensão cisalhante
possível de se aplicar (T), será:
T Ac
T Ac
f
N y Ac y
Das ponderações de Terzaghi pode-se concluir que a resistência por atrito efetivamente
depende da força normal, pois aumentando esta, aumenta a área real de contacto e conseqüentemente a
resistência. A rugosidade e a adsorção da superfície da partícula controlam as áreas de contacto; por
sua vez, os contactos podem ser de natureza plástica e/ou elástica. No caso de partículas grossas a
altura das protuberâncias é muito menor do que o diâmetro das partículas, de modo que cada
contacto aparente engloba minúsculos contactos reais, donde se devem esperar altas tensões
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53
nesses pontos de contacto. Nas partículas finas, ainda que mais lisas, são pouco prováveis ou
contactos face a face, devido às forças de superfície. Assim os contactos devem se dar,
predominantemente, através das quinas das partículas, e cada contacto deve ocorrer através de
uma única protuberância, resultando um esquema resistente semelhante ao que ocorre nas
partículas grossas.
As partículas minerais vêem-se envolvidas por uma película de água adsorvida, fruto
de potenciais elétricos de superfície não equilibrados. As forças de superfície são maiores nas
partículas finas. Estas atraem então moléculas de água e cátions, os quais por sua vez podem atrair
água também. Determinados cátions, como o Na+ por exemplo, fazem com que a película de água
adsorvida seja bastante espessa.
A água adsorvida, submetida às altíssimas tensões de adsorção que normalmente se verificam
entre partículas finas, encontra-se solidificada (ou com alta viscosidade) próximo às partículas e tem
grande importância na resistência que se desenvolve.
A Figura 13.5 esquematiza a natureza das forças que podem se desenvolver entre duas
partículas.
Em linhas gerais as forças normais e cisalhantes se transmitem apenas nos contactos entre
minerais, contactos estes que podem ser de natureza plástica ou elástica. As outras ações,
sobretudo as de atração e repulsão, têm a sua importância em determinados solos, como se
mostrará adiante.
A presença de água adsorvida, entretanto, sugere que possam existir situações nas quais não se
desenvolvam contactos entre minerais e daí pode ocorrer que esforços normais sejam transmitidos
através da película de água.
Um elucidativo exemplo da transmissão de esforços através de um conjunto de partículas é
fornecido por Lambe (l972) o qual se reproduz em seguida.
São considerados os casos extremos de partículas lamelares colocadas face a face e de um
arranjo de partículas grossas eqüidimensionais. No primeiro caso, duas placas de montmorilonita
sódica úmida são solicitadas por uma força de 4,13 kgf atuante numa área de 4 cm2 (Figura 13.6).
Na Figura 13.6.b aparece a relação entre a tensão normal e a separação entre as partículas,
obtida experimentalmente para o material em questão. Pode-se observar que para uma tensão de 1,033
kgf/cm2 (l atm) a distância correspondente é de 115 Å, o que indica a possibilidade de transmissão de
esforços sem que haja contacto direto mineral-mineral. Destaque-se ainda, que é necessário uma
tensão de 5.600 kgf/cm2 para expulsar a película de água adsorvida e possibilitar o contacto direto
entre as partículas para a configuração apresentada.
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54
4,13
3440kgf / cm 2
0,0003 x 4
Essa tensão é capaz de expulsar a película de água adsorvida que envolve os grãos de areia,
possibilitando contactos grão a grão.
Evidentemente, tais situações constituem casos extremos. Como se sabe, os solos são uma
mistura de partículas das mais variadas formas e tamanhos, o que possibilita a disposição das
partículas segundo situações intermediárias entre as apresentadas. No caso das argilas, qualquer grau
de floculação possibilitará contactos reais, partícula a partícula, de forma que a transmissão de
esforços, de uma maneira genérica se situa intermediariamente entre os casos propostos. Há
evidências de que o mecanismo de transmissão se aproxima muito mais do caso das partículas
eqüidimensionais.
Conforme já salientado, os contactos interpartículas dependem das protuberâncias
superficiais. Mitchell postula que para um dado número de contactos por partículas, a carga
em cada contacto é maior nas partículas grossas; para partículas de mesmo tamanho as cargas
são menores nas partículas lamelares (mica, etc.) do que nas partículas massivas (quartzo,
feldspato, etc.).
Essas considerações auxiliam a entender qualitativamente as diferenças que se observam no
atrito entre minerais massivos e lamelares. Consideraremos apenas o caso de um contacto
interpartículas plastificado (Figura 13.7).
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55
Como as superfícies estão envolvidas pela água adsorvida, o contacto real entre partículas se
dá em apenas uma parcela da área total (Ac) e a máxima tensão de cisalhamento (T) será:
T Ac 1 f
onde Tf é a resistência ao cisalhamento da película e a resistência da partícula
mineral.
2.4- Coesão
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Existe um tipo de coesão, muito comum na natureza, que não tem sua origem na cimentação e
nem nas forças intrínsecas de atração. Esse tipo de coesão, denominada de aparente, ocorre em solos
parcialmente saturados e deve-se ao efeito de capilaridade na água intersticial. A pressão neutra
negativa atrai as partículas gerando novamente um fenômeno de atrito, visto que ela origina uma
tensão efetiva de igual valor.
Esse tipo de coesão desaparece caso o solo seja totalmente saturado ou secado, donde o nome
aparente. A sua intensidade cresce com a diminuição do tamanho das partículas.
A Figura 13.8 ilustra a contribuição para a coesão das diversas fontes citadas.
Figura 13.8.- Contribuições dos vários mecanismos de ligação para a resistência dos solos.
(Ingles, 1962 in Mitchell, 1976).
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57
Conhecidas as tensões atuantes nas faces do elemento é possível conhecer as tensões geradas
em um plano com inclinação em relação ao eixo x: e .
Aplicando-se as equações de equilíbrio, nas direções horizontal e vertical podem-se obter as
seguintes relações entre tensões:
x z z x
cos 2 sen 2
2 2
z x
sen 2 cos 2
2
2 2
x x
z 2 z 2
2 2
Esta expressão corresponde à equação de um círculo cuja representação está na Figura
13.10, conjuntamente com a convenção utilizada para designar os esforços:
x z
Note-se que o círculo tem como abscissa do centro o valor ;0 e que o raio vale
2
2
x
R z 2 .
2
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58
Este é o chamado círculo de Mohr de tensões, cujos pontos têm, como ordenadas, as tensões
em todos os planos do solo que passam por um ponto.
Um ponto notável destaca-se no círculo de Mohr: é o polo, ou origem dos planos, ponto P da
Figura 13.10.
Desejando conhecer as tensões num plano de inclinação conhecida, basta traçar uma paralela
ao citado plano, pelo polo. A intersecção dessa paralela com o círculo fornecerá as tensões no plano,
como por exemplo, o ponto M que representa as tensões num plano de inclinação com a horizontal.
Para localizar o polo P no círculo pode-se fazer a construção inversa, uma vez conhecidas as
tensões num plano e a sua direção. Sejam por exemplo as tensões (X, ) que atuam num plano
vertical: basta traçar por (X, ) uma vertical (paralela ao plano onde atuam as tensões) e determinar a
sua intersecção com o círculo. O mesmo pode ser feito à partir de (Z, ), lembrando agora que estas
tensões atuam num plano horizontal.
Existem dois planos perpendiculares entre si, nos quais as tensões de cisalhamento são nulas.
Esses planos são chamados de principais bem como as tensões normais que neles atuam: 1 tensão
principal maior e 3 tensão principal menor.
As expressões que fornecem 1 e 3 são:
1 z z
2
x x
2
3 2 2
Na Figura 13.11 tem-se representado, para o elemento de solo anexo, os planos e as tensões
principais:
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59
A teoria de Mohr afirma que os materiais rompem quando a tensão de cisalhamento, função da
tensão normal, em um determinado plano iguala ou supera a resistência ao cisalhamento do material.
A equação representativa dessa teoria é da forma:
f
’=s
’
C’
'
Já se alertou sobre a variação que pode ocorrer nos parâmetros de resistência para um mesmo
solo. Dessa forma, torna-se a observar que os citados parâmetros não são constantes para um mesmo
solo.
Como características do critério de Mohr-Coulomb, deve-se ressaltar a desconsideração do
efeito da tensão principal intermediária (2) o que faz com que a resistência dependa apenas das
tensões principais maior e menor.
Vale notar ainda que de acordo com a teoria de Mohr-Coulomb o ângulo entre o plano de
'
ruptura e o plano principal maior corresponde a cr 45 , tal qual se exemplifica na Figura
2
13.13.
As situações particulares da equação de Mohr-Coulomb c e tg
correspondem aos chamados solos puramente coesivos e solos puramente arenosos,
respectivamente.
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60
Força Transdutor
cisalhante de força
Sobre o corpo de prova são aplicadas tensões normais que permanecem constantes até o final
do ensaio. Essas tensões variam para cada corpo de prova, com o intuito de poder definir pares de
tensões diferentes.
O corpo de prova pode ser rompido aplicando-se tensões controladas (medem-se as
deformações provocadas) ou deformações controladas (medem-se as tensões provocadas).
Três leituras são tomadas durante o ensaio:deslocamento horizontal (),), força cisalhante
aplicada (Ft) e deformação vertical (v) a qual fornecerá a variação de volume do corpo de prova.
Os gráficos da Figura 13.15 mostram resultados típicos de ensaios de cisalhamento direto e
que de uma maneira geral representam o que ocorre num solo ao ser cisalhado, independente do tipo
de ensaio.
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61
A curva l é característica das areias compactas: um valor bem definido da tensão cisalhante,
normalmente para pequenas deformações, e um aumento de volume à medida que o solo é cisalhado.
Já a curva 2 é comum das areias fofas: após atingida determinada tensão, as deformações crescem
continuamente sem acréscimo de tensão. Contrário às areias compactas, ocorre agora uma redução de
volume. A Figura 13.16 ajuda a explicar a origem dessas variações de volume.
Figura 13.16 - Tensões Cisalhantes provocam variações de volume: a) solo compacto; b) solo
fofo.
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62
s= tg
N plano de
T ruptura
B P
B , B
ppm 3 1
PPM
Figura 13.17 - Envoltória de Resistência a partir de ensaios de Cisalhamento Direto.
Uma alternativa seria tomar para os solos de comportamento definidos pela curva l (Figura
13.15) o valor da tensão residual ( res) sempre e quando as condições do problema em estudo demanda
sem essa hipótese.
Algumas deficiências limitam a aplicabilidade do ensaio de cisalhamento direto. A primeira
delas é o fenômeno da ruptura progressiva, que se manifesta nos solos de ruptura tipo frágil (curva l -
Figura 13.14).
A ruptura progressiva pode ser explicada como segue, obedecendo a Figura 13.18.
dissipação de pressões neutras, não existe nenhum mecanismo que permita avaliar o
desenvolvimento das pressões neutras no corpo de prova, tal qual seria possível num ensaio
de compressão triaxial.
O ensaio de cisalhamento direto pode em principio ser do tipo rápido, adensado-rápido e lento
(ver item 5.2).
Este tipo de ensaio é o que mais opções oferecem para a determinação da resistência do solo.
Basicamente ele consiste num corpo de prova cilíndrico (H=2 a 2,5 , sendo =5cm e =3,2cm,
diâmetros usuais) envolvido por uma membrana impermeável e que é colocado dentro de uma câmara,
tal qual se esquematiza na Figura 13.19.
Preenche-se a câmara com água e aplica-se uma pressão na água que atuará em todo o corpo
de prova. O ensaio é realizado acrescendo a tensão vertical, o que induz tens8es de cisalhamento no
solo, até que ocorra a ruptura ou deformações excessivas. Outras formas de realização dos ensaios são
mostradas no item 5.4.
Deve-se notar a versatilidade do ensaio. As diversas conexões da câmara com o exterior
permitem medir ou dissipar pressões neutras e medir variações de volume.
Existem várias maneiras de se conduzir o ensaio:
- ensaio rápido ou não drenado: não se permite dissipação de pressões neutras durante a
aplicação da tensão confinante (3) e nem durante o cisalhamento do corpo de prova; é possível medir
as pressões neutras desenvolvidas. Símbolos Q ou Q (caso se determinem as pressões neutras);
- ensaio adensado-rápido: permite-se a dissipação das pressões neutras originadas pelo
confinamento do corpo de prova; dissipação de pressões neutras impedidas durante a fase
de ruptura, porém essas pressões podem ser medidas agora. Símbolos: R ou R (leitura de
pressões neutras);
- ensaio lento ou drenado: permite-se a dissipação de pressões neutras em todas as fases de
ensaio (no preparo: aplicação da pressão confinante e na ruptura). Tensões são efetivas em todas as
fases. Símbolo: S.
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tensões 1 3 máx, analogamente ao que ocorre no ensaio de compressão simples, corresponde à
resistência a compressão do corpo de prova no ensaio considerado.
Geralmente, costuma-se definir a envoltória em função dos 1 3 max dos diversos corpos
de prova, porem a segunda forma de representação também é utilizada, sobretudo em ensaios em que
3 é variável (ensaios a volume constante, por exemplo). De qualquer forma convém ressaltar, que os
valores de máximo não ocorrem para a mesma deformação, quando se observam as duas formas de
representação. Isso introduz na envolt6ria uma diferença no ângulo de atrito resultando valores
ligeiramente maiores quando se considera a relação 1' 3' .
Ensaiados vários corpos de prova com tensões de confinamento constantes, para cada corpo de
prova define-se a envoltória com os círculos de Mohr obtidos, conforme se exemplifica na Figura
13.21.
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65
Este ensaio pode ser entendido como um caso especial do ensaio de compressão triaxial. A
tensão confinante é a pressão atmosférica, donde 3 = 0. O valor da tensão principal na ruptura, 1,
recebe o nome de resistência à compressão simples, Rc.
Em várias situações especiais conduzem-se ensaios que procurem reproduzir com mais
fidelidade as condições de solicitação impostas ao solo, ou ainda ensaios que permitam
medir um aspecto definido, como no caso do ensaio de cisalhamento em anel (ring-shear).
Neste ensaio, empregado para medir a resistência residual ou última do solo (ver item 7.7)
é possível submeter o corpo de prova a deslocamentos grandes de uma forma contínua. A
Figura 13.23 ilustra referido ensaio.
O ensaio de deformação plana tenta reproduzir situações nas quais uma das direções encontra-
se confinada, sem possibilidade de deformação, como ocorre, por exemplo, na ruptura de um talude
extenso ou numa sapata corrida. A Figura 13.24 esquematiza o corpo de prova de um ensaio de
deformação plana. Trata-se de um ensaio empregado quase que exclusivamente em pesquisa
acadêmica, não fazendo parte do elenco de ensaios tradicionais dos laboratórios de Mecânica dos
Solos.
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66
Nos solos de granulação grossa, dada a forma mais ou menos regular das partículas, reduzem-
se os pontos de contacto dentro da massa do solo.
As tensões transmitidas nesses pontos são altas fazendo com que os contactos sejam diretos,
partícula a partícula. A ação da película adsorvida é desprezível e a resistência das areias resulta
exclusivamente do atrito entre partículas.
As condições de permeabilidade dos solos grossos fazem com que a situação drenada melhor
represente a resistência das areias. A equação representativa da resistência desses solos é, por analogia
com o atrito entre corpos sólidos, da forma:
' tg
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A rigor a resistência das areias é atribuída a duas fontes. Uma delas deve-se ao atrito
propriamente dito que por sua vez se compõe de duas parcelas: a primeira, devida ao
deslizamento e a outra a devida ao rolamento das partículas, umas por sobre as outras. A
segunda fonte de contribuição refere-se a uma parcela de resistência estrutural representada
pelo arranjo das partículas.
A Figura l3.26 esquematiza a contribuição das diversas fontes para a resistência de areias
quartzosas.
Figura 13.26 – Parcelas de contribuição das diversas fontes de resistência das areias em função
da porosidade.
Pode-se notar que para altas porosidades ocorrem rearranjos das partículas uma vez que é
necessário que elas deslizem segundo planos de variadas inclinações. Já para arranjos compactos, a
ruptura requer variações volumétricas que se contraponham às tensões confinantes, gerando a grande
parcela de contribuição devida a dilatância. Neste caso ainda, ocorre que a resistência de pico se dá
para baixos valores de deformação,, impedindo que a contribuição devida do rearranjo das partículas
seja grande.
O ângulo de atrito para areias ensaiadas numa mesma compacidade e com mesma orientação
das partículas é tomado como constante, ainda que se reconheça a influência de tensões altas
(provocam esmagamento de partículas e encurvamento da envoltória), e da tensão principal
intermediária, 2. Terzaghi (l967) assinala que tensões da ordem de 50 kgf/cm2 provocam uma
redução de cerca de 10 no ângulo de atrito quando comparado a ângulos determinados com tensões
de até 5 kgf/cm2.
As principais características que interferem na resistência das areias são a compacidade, o
tamanho, a forma e a rugosidade dos grãos e a granulometria.
A influência da compacidade pode ser bem esclarecida quando se observa a Figura 13.26:
areias mais compactas apresentam maior resistência que as areias fofas. Quanto ao tamanho das
partículas, tem-se observado que as areias grossas apresentam maiores ângulos de atrito do que as
areias finas. Nota-se também que areias compostas de grãos angulares evidenciam maiores ângulos de
atrito do que areias de grãos mais regulares; partículas mais rugosas mostram também maiores ângulos
de atrito do que partículas mais lisas.
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68
A seleção das partículas interfere, grosso modo, da mesma forma que a compacidade.
Compreende-se que um solo bem graduado oferece melhores oportunidades de entrosamento, podendo
propiciar um solo mais compacto e por extensão mais resistente que um solo mal graduado.
A Tabela 13.1 a seguir mostra valores característicos do ângulo de atrito em solos granulares,
podendo-se notar ainda a interferência de alguns dos fatores citados.
Um fator que pouco influi na resistência da areia é a água: de uma maneira geral o ângulo de
atrito das areias úmidas é igual ao das areias secas, a menos de l ou 2, o que permite conhecer o
ângulo de atrito utilizando tanto amostras secas como saturadas, estas em condições drenadas
obviamente. Contrário ao que intuitivamente poderia parecer, a água não exerce efeito lubrificante, de
forma que o ângulo de atrito permanece praticamente inalterado. Isso enseja a oportunidade de que
diversas propriedades que dependem do atrito, como por exemplo a relação de tensões principais na
ruptura ou o coeficiente de empuxo em repouso, permaneçam inalterados caso o solo esteja submerso
ou seco.
Uma situação particular de carregamento pode ocorrer com areias saturadas em condições
não drenadas, sobretudo com as areias finas fofas. Frente a solicitações extremamente
rápidas e na impossibilidade das pressões neutras serem dissipadas pode ocorrer a
liquefação do solo. Um fenômeno desse tipo foi um das causas da espetacular ruptura da
barragem de Fort Peck (EUA), construída em aterro hidráulico.
Tal fenômeno pode ser explicado pelas variações de volume a que estão, sujeitos os solos. No
caso das areias fofas, de permeabilidade relativamente baixa, o cisalhamento provoca redução de
volume do solo (Figura 13.15). Estando o solo saturado, essa redução virá acompanhada de um
aumento das pressões na água intersticial, que se não forem dissipadas a tempo, poderão reduzir a
tensão efetiva a zero e conseqüentemente provocar a liquefação do solo.
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69
Em se tratando das areias compactas, ocorre o processo inverso, ou seja, aumento de volume
do solo.
As pressões neutras despertadas agora serão negativas o que faz aumentar as tensões efetivas a
afastar a possibilidade de liquefação.
A redução de volume por um lado e o aumento por outro, conduzem à idéia de um estado de
compacidade intermediário, no qual não ocorressem variações de volume (Figura 13.27). Esse estado
de compacidade é, definido em termos de um índice de vazios, denominado de índice de vazios crítico,
que parece depender fundamentalmente das condições de solicitação.
Compreende-se que uma vez conhecido o índice de vazios critico teríamos um valor de
referência, quanto a compacidade, que serviria para separar a possibilidade ou não de liquefação do
maciço.
Conforme referido, o índice de vazios crítico depende das condições de confinamento, quanto
maiores. as tensões de confinamento, menores os índices de vazios críticos (Figura 13.2 6).
Quanto a técnica de obtenção do 'índice de vazios crítico, vários são os processos em função
das definições criadas por diversos autores.
Segundo Casagrande, o ecrit. corresponde ao estado inicial de compacidade de um corpo de
prova o qual, submetido a um ensaio triaxial com tensão confinante constante, não viesse a apresentar
variação de volume entre o início do carregamento de cisalhamento e o instante de ruptura. (Figura
13.28).
Figura 13.28 – Determinação do índice de vazios críticos empregando ensaios triaxiais com
tensões confinantes 3 constantes.
Outra especificação, devida a Taylor, prefere determina o ecrit a partir de ensaios triaxiais a
volume constante. O ecrit seria representativo do estado inicial de compacidade do corpo de prova,
quando se verificasse serem iguais as tensões de confinamento tanto no início do cisalhamento como
no instante da ruptura.
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70
Quando se despeja uma areia sobre uma superfície horizontal, a inclinação natural que o
talude toma é denominado de ângulo de repouso. Com certa freqüência costuma-se
assumir que o ângulo em repouso 'e igual ao ângulo de atrito da areia.
Na realidade o ângulo em repouso corresponde ao atrito que se desenvolve numa camada
superficial inclinada de areia tal qual se observa quando um corpo sólido desliza ao longo de um plano
inclinado, e não engloba em si as características de compacidade da massa de areia. Como já se falou,
a resistência das areias é composta de uma parcela devida ao atrito por desligamento, outra devida ao
atrito por rolamento e uma terceira parcela proporcionado pelo arranjo estrutural das partículas.
A simples observação da Tabela 13.l, permite constatar as diferenças que a compacidade
introduz no ângulo de atrito das areias: passa-se de um ângulo da ordem de 30 em uma areia muito
fofa para um ângulo de 38 em uma areia muito fofa e para 38o em uma areia muito compacta de grãos
arredondados e graduação uniforme.
Muitos fatores fazem com que o estudo da resistência dos solos argilosos seja mais
complexo que o dos solos arenosos. Inicialmente, deve-se enfatizar que o fator
determinante da resistência nos solos é a tensão efetiva. Qualquer ganho de resistência só
pode ser justificado em função de um acréscimo de tensão efetiva, já que a água não resiste
a tensões de cisalhamento.
O histórico de tensões experimentado pelo solo desempenha um papel fundamental. O pré-
adensamento conduz o solo a um estado mais denso do que o mesmo solo normalmente adensado.
Alguns contactos entre partículas podem resultar plastificados e permanecem mesmo após o
descarregamento do solo, o que gera uma parcela de resistência adicional nos solos pré-adensados.
As baixas permeabilidades dos solos argilosos respondem por uma dissipação lenta das
pressões neutras despertadas por um acréscimo de cargas. Torna-se necessário representar essas
condições de dissipação de pressões neutras em cada caso para conhecer com mais realidade o
comportamento dos solos. Para retratar esses comportamentos existem três formas clássicas de
conduzir os ensaios de resistência: ensaios não drenados (rápidos); adensados rápidos e drenados
(lentos).
Deve-se lembrar também que o mesmo comportamento que caracteriza as areias no tocante as
curvas tensão-deformação também ocorre em argilas. Uma argila pré-adensada experimenta
expansões volumétricas quando cisalhadas e o seu comportamento tensão-deformação é muito
semelhante ao das areias compacta drenadas. As argilas normalmente ou levemente pré-adensadas
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71
' ad
OCR
'
Cabe destacar ainda as interferências do fator estrutura. O amolgamento das amostras, quer
provocado pela amostragem quer pelo cisalhamento, interfere decisivamente nas resistências medidas,
chegando a extremos como no caso das argilas extra sensíveis.
Como as resistências são definidas a partir dos ensaios específicos, apresentam-se a seguir os
comportamentos normalmente verificados nos diversos ensaios.
Uma amostra de argila saturada submetida a um ensaio no qual tanto as pressões neutras
geradas pelo confinamento do corpo de prova, como as pressões geradas pelo cisalhamento, são
dissipadas, tal qual ocorre num ensaio drenado, apresenta resistências crescentes com as tensões
normais aplicadas.
A definição da envoltória é possível a partir do ensaio de vários corpos de prova submetidos a
diferentes condições de confinamento. Uma vez determinada as curvas tensão-deformação, toma-se a
resistência à compressão 1' 3' MÁX , e como já se conhece 3' é possível locar num diagrama x
os círculos de Mohr correspondentes, conforme se mostra na Figura 13.30.
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'tg 'd
onde ' é tensão normal efetiva e 'd é o ângulo de atrito em termos de tensões efetivas, do
ensaio drenado.
Já se o mesmo solo estiver pré-adensado, modificam-se as características de resistência . Seja
a curva de compressão de um solo deixado consolidar desde o instante de sua deposição como
representado na Figura 13.31.
A amostra principia a consolidar a partir do ponto O. Uma vez atingido o ponto A, mede-se a
sua resistência. O mesmo com referência ao ponto B. As resistências medidas são representadas por
A’ e B’ e note que estas resistências correspondem ao intervalo normalmente adensado do solo,
definindo uma envoltória cujo prolongamento passa pela origem.
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(1) Mecânica dos Solos V. 2 – Orencio Monje Vilar & Benedito de Souza Bueno – Departamento de
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Nestes ensaios a primeira etapa é realizada com total dissipação das pressões neutras geradas
pela tensão confinante. Durante a fase de cisalhamento da amostra, as pressões neutras desenvolvidas
são impedidas de se dissipar, ou seja, não ocorrem variações volumétricas por adensamento.
A Figura 13.32 apresenta o andamento esquemático do ensaio de compressão triaxial
adensado –rápido.
Durante a realização dos ensaios são conhecidas, de imediato, as tensões totais atuantes. É
possível também efetuar leituras de pressão neutra e conhecer as tensões efetivas em cada fase do
ensaio.
Nota-se, como no caso drenado, que as resistências são crescentes com as tensões normais
aplicadas. Os círculos de Mohr em termos de tensões efetivas definem uma envoltória praticamente
igual à obtida em ensaios drenados, onde é muito usual determinar a resistência drenada nos ensaios
adensado-rápidos com leituras de pressões neutras (R ) .
A utilização das tensões totais fornece, para os solos normalmente adensados saturados, uma
envoltória cujo prolongamento também intercepta a origem do diagrama x , como no caso das
tensões efetivas (Figura 13.33).
'
cu
E
T
cr
3r' 3c = 3r '1r 1r '
ur
(b)
Figura 13.33 – Envoltórias em termos de tensões totais e tensões efetivas para um solo
saturado normalmente adensado.
Assim é possível obter duas envoltórias a partir dos ensaios adensado-rápidos, que para os
solos saturados normalmente adensados têm as seguintes equações características:
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75
Em termos práticos existe uma grande semelhança entre os parâmetros de resistência obtidos
em termos de tensões efetivas, quer se empreguem ensaios drenados ou adensado-rápidos. Dessa
forma costuma-se representar a resistência em termos de tensões efetivas como:
Em todas as fases do ensaio não drenado, a pressão gerada no corpo de prova é impedida de
dissipar. Em geral, conhece-se em cada instante as tensões totais aplicadas, se bem que seja possível
fazer leituras de pressão neutra. Mas uma vez é fundamental conhecer o papel desempenhado pelas
pressões neutras, o que será descrito a seguir, considerando o solo saturado.
Suponhamos que a amostra estava inicialmente adensada sob uma tensão '0 . Imediatamente
após a amostragem, o desconfinamento do solo tenderá a provocar um aumento de volume, quando
então se contrapões uma pressão neutra negativa igual à tensão 0 u 0 0 . Veja os esquemas da
Figura 13.35.
A aplicação da tensão confinante gerará pressão neutra no corpo de prova. Estando a
drenagem impedida e como o solo se encontra saturado, toda a tensão confinante será suportada pela
água intersticial (lembrar da analogia mecânica do adensamento), o que implica dizer que houve um
acréscimo de pressão neutra igual à tensão confinante. Tal situação significa que não houve ganho de
resistência pelo confinamento do solo já que não houve acréscimo na tensão efetiva.
Finalmente, durante a fase de cisalhamento, novas pressões neutras são geradas. Ao ensaiar
vários corpos de prova, nota-se, de imediato, que todos os círculos de Mohr t6em o mesmo raio e
fornecem uma envoltória horizontal como a representada na Figura 13.36.
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77
u cu
Onde cu recebe o nome de coesão não drenada e u é a resistência não drenada. Note que para
esta situação, o ângulo de atrito em termos de tensões totais u é igual a zero, e que, qualquer que
seja o círculo considerado:
1 3 R
u cu
2
Trata-se de um dos ensaios de mais freqüente realidade dada a sua simplicidade, sendo
comumente empregado para conhecer a resistência não drenada de solos argilosos. A tensão
confinante é a pressão atmosférica, onde 3 0 , e o valor da tensão que provoca a ruptura do corpo
de prova é denominada de resistência a compressão simples (RC).
A Figura 13.38 esquematiza as fases do ensaio:
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78
Figura 13.39 – Círculos de Mohr- compressão simples e ensaios rápidos, solo saturado.
Rc 1 3 máx
u cu
2 2
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A Figura 13.40 mostra uma relação entre c u '0 e o índice de plasticidade obtido, a partir de
ensaios com argilas marinhas, por Skempton e Bjerrum. Notar que para IP > 30% há uma boa
concordância entre valores medidos e calculados teoricamente a partir de ensaios triaxiais.
Muitas argilas mostram uma brusca redução de resistência quando têm as suas estruturas
destruídas, mantendo-se a umidade inalterada. É o caso das “quick-clays” de ocorrência freqüente na
Escandinávia. Para medir a queda de resistência observada, introduziu-se o parâmetro sensibilidade
(St).
Rc
St RC – amostra indeformada
Rc '
RC’- amostra amolgada
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80
totais é curva, porém na prática costuma-se aproxima-la para uma reta de equação genérica (Figura
13.41).
Duas amostras do mesmo solo, com diferentes características iniciais, quando submetidas às
mesmas solicitações atingem estados finais praticamente constantes, desde que haja prazo suficiente
para que se processem as variações volumétricas geradas pelas solicitações aplicadas. No caso de uma
argila saturada, a umidade final será a mesma para as duas amostras e no caso de areias, as duas
amostras tenderão para us mesmo índice de vazios
A resistência medida nessas condições finais, isto é, após consideráveis deformações, é
conhecida por resistência residual ou última (res ou ult).
A Figura 13.42 mostra as características de resistências citadas quando se trata de uma
amostra de argila pré-adensada (P.A.) e outra normalmente adensada (N.A.).
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máx PA PA
+
NA
máx NA = cte +
’res
re s +
+ res
+ +
c’
,
Figura 13.42 – Resistências máxima e residual.
'tg ' r
término da construção, praticamente sequer terão começado a dissipar. No presente caso, então,
constata-se que seria aplicável a resistência não drenada obtida em ensaios rápidos, pois
imediatamente após a construção tem-se a situação mais crítica, com todas as pressões neutras
atuando. À medida que passa o tempo, gradualmente vai se processando o adensamento e o esqueleto
sólido passa a suportar mais tensões efetivas com ganho de resistência.
Importante ressaltar que mesmo existindo algumas situações típicas não é possível padronizar
roteiros: compete ao engenheiro detectar as situações críticas em cada problema e decidir que atitudes
tomar. Apresentaremos adiante outros exemplos.
Existem duas formas de abordagem dos problemas de estabilidade: a análise em termos de
tensões efetivas e a análise em termos de tensões totais. Se julgarmos válido o princípio das tensões
efetivas então é lícito imaginar que a “verdadeira” resistência do solo é aquela determinada em termos
de tensões efetivas, donde o mais correto seria empregar análises em termos de tensões efetivas. Uma
vez sendo possível o conhecimento das pressões neutras e conhecendo as tensões totais atuantes, pode-
se ter a tensão efetiva e com o emprego da envoltória em termos de tensão efetiva, determinar a
resistência disponível. Entretanto, persistem dificuldades de ordem prática para tal procedimento,
porque é necessário conhecer as pressões neutras existentes no problema em questão, o que nem
sempre é fácil ou possível. Embora existam também procedimentos teóricos para calcular pressões
neutras, as análises em termos de tensões efetivas nem sempre são de emprego corrente, porém, é
forçoso reconhecer que a tendência é no sentido do emprego desse tipo de análise.
A análise em termos de tensões totais, ainda a de aplicação mais freqüente, consiste em
empregar resultados de ensaios não drenados. Como premissa básica desse tipo de análise, supõe-se
que as pressões neutras existentes no caso prático em estudo são as mesmas que se desenvolvem nos
corpos de prova submetidos aos ensaios representativos do caso em estudo. Muitas vezes este tipo de
análise fornece resultados conservadores, pois por mais rápida que seja a obra é preciso reconhecer
que poderá haver tempo para alguma dissipação de pressão neutra.
Retornando à discussão sobre a aplicação dos resultados dos diversos ensaios, temos que o
ensaio rápido busca representar situações em que não há tempo para a dissipação de pressões neutras
geradas pelo carregamento aplicado. Trata-se então de situações em curto prazo ou de fim de período
construtivo. Outros exemplos de aplicação seriam a análise da estabilidade de barragens no fim da
construção e o cálculo da capacidade de carga inicial de fundações apoiadas sobre argilas (Figura
13.44)
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83
Figura 13.44 – Exemplos de aplicação dos resultados de ensaios rápidos: a) barragem, final do
período construtivo; b) sapata apoiada sobre argila.
Figura 13.46 – Exemplos de aplicação dos resultados de ensaios drenados: a) talude de jusante
submetido à percolação; b) talude corte.
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84
40
30
desvio
méd padrão
ia
' ( )
20
10
5
0 20 40 60 80 100
IP (%)
Figura 13.47 – Correlação entre ’ e IP para argilas normalmente adensadas (US Navy, 1971)-
adaptado.
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56- A
LL IP d máx w ot s c c´ ´
(o) Local/Obra/Observações
Solo (%) (%) (gf/cm3) (%) (gf/cm3) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (o)
Filtros (1) e transições (2) do ma-
1. areia média a fina (C) - - 1,70 8,2 2,70 - - 34,5-36,5
- ciço compactado da margem direita
2. areia fina argilosa (C) 23 a 33 8 a 14 > 1,80 11 a 14 2,70-2,78 - 0,42 30
- da barragem de Ilha Solteira
Solo de fundação, barragem Porto
3. argila silto-arenosa 50 a 70 23 a 35 - - 2,95 0,5 19 (Q) 0,4 26 ( R sat) Colômbia sat=1,43 e
(solo de basalto) (I) - - - - - 1,2 19,5 (Q) 0,2 24 (S) 1,87g/cm3;´ad=0,55 a 5,5
kgf/cm2
4. argila silto-arenosa (C) 40 a 60 14 a 28 1,60 a 23,9 a - 0,25 17 (Rsat) 0,9 24 Q Maciço compactado, margem direita,
barragem Porto Colômbia
(solo de basalto) - - 1,75 26,7 - - - 0,2
28 ( R sat) ´ad=9kgf/cm2
5. argila pouco siltosa 40 a 60 18 a 28 1,57 20,5 a 2,75 1,5 18 (Q) 0 33 ( R e S) Núcleo impermeável (5) e transição
(solo de xisto) (C) - - a 1,65 23,5 - - - - - (6) da barragem de enrocamento de
6. areia fina a média com - - - - 2,54 - - 0 41 Furnas
pedregulhos (quartzito) - - - - - - - - -
7. argila siltosa vermelha
(basalto) (C)
51
-
23
-
-
20,3
-
-
-
1,9
1,3
11 (Q)
18 (R)
1,9
-
12 Q Maciço compactado; barragem de
Bariri
-
14 (Q) < Solo de fundação, maciço MD; barr.
8. silte argiloso micáceo 30 a 45 10 a 25 - - 2,78 0,5 7m prof. 25 a
12 (Q) > – Itumbiara- sat=1,52 a 1,93g/cm3;
(gnaisse) (I) - - - - - 0,6 7m prof. 29 (S)
´ad= 4 a 5 kgf/cm2
9. argila arenosa - - - - - 1,22 16,7 (Q) - -
Maciço margem direita (9) e solo
(coluvionar) (I) - - - - - 0,92 22 (R) 0 29 (S)
superficial de fundação dos maciços
- - - - - 0,75 10 (Rsat) - -
de terra (10) da barragem de Água
10. argila arenosa - - - - - 0,3-0,7 13 a 20(Q) - -
Vermelha
(coluvionar) (I) - - - - - 0-0,8 22 (R) 0,4 26 (S)
40 8 1,67 20,1 2,79 0,6 22 (Q) - - Parâmetros de moldagem: CC=96%,
11. silte arenoso -
- - - - - 0,4 24,7 (R) - w=wot
micáceo (C)
- - - - - 0,5 19,5 (Rsat) 0,11 28,5 ( R sat) Barragem de terra – Catalão - GO
12. argilas normalmente
127 92 - - - - - 0 19 - Seven Sisters- Canadá
adensadas (I)
60 33 - - - - - 0 28,5 St=12- Gotta River –Suécia
60 30 - - - - - 0 24 St=40- Gotta River- Suécia
39 18 - - - - - 0 32 St=5- Oslo – Noruega
38 18 - - - - - 0 30,5 St= 5- Drammen – Noruega
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56- A
7.9- Os Parâmetros de Pressão Neutra
Em várias situações na prática é necessário fazer uma previsão acerca das pressões neutras
geradas por acréscimos de tensões totais. Skempton (1954) propôs uma expressão para essa
previsão, que pode ser posta da seguinte forma:
u B 3 A 1 3
Os parâmetros A e B, denominados de parâmetros de pressão neutra, podem ser
determinados experimentalmente, fazendo-se variar 3 e 1 de acordo com as variações que
essas tensões venham a experimentar no problema em estudo.
O parâmetro B pode ser determinado quando se aplica a tensão confinante ( 3 ) ao corpo
de prova, estando impedida a dissipação de pressão neutra. Conhecida a pressão neutra ( u 1 )
gerada por 3 e sabendo que 1 3 , tem-se:
u B 3
u1
Onde: B
3
Pode-se, de imediato, concluir que se está trabalhando com um solo saturado, B 1 , pois
todo acréscimo de tensão confinante origina igual aumento de pressão neutra. Para solos totalmente
secos, B 0 , e para solos parcialmente saturados, B deve variar entre 0 e 1.
Para a determinação do parâmetro A deve-se atentar para as pressões neutras u 2
despertadas durante o cisalhamento do solo. De acordo com a expressão de Skempton:
1 u 2
A
B 1 3
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56- A
8- TRAJETÓRIA DE TENSÕES
(a) 1 - 3
3 = cte.
M 1 - 3
u
B 3 = cte.
A
a
(b) (c) t
1' + 3'
2 u
T
u
1 - 3
= E
2
1' - 3'
2
3M
' 3B
' 3A
' 1A
' 1B
' 1M
' 1M ' s, s'
1 + 3 uM
2
Figura 13.48- Ensaio de compressão triaxial adensado-rápido e trajetórias de tensões.
No diagrama x aparecem apenas três círculos de Mohr, porém note que seria
impraticável por razões de clareza representar todos os estados de tensões. Uma representação mais
elegante para o pretendido seria tomar apenas um ponto de cada círculo, como por exemplo o ponto
onde atua máx que tem coordenadas.
1 3 1 3
p q (tensões totais)
2 2
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56- A
trajetória de tensões passa a ser representada num diagrama p-q , o que pode ser
feito em termos de tensões totais (TTT) ou efetivas (TTE). Observe que
q q' e p p'u
h'
Ko (comumente h’=3’ e v’=1’)
v'
ou
v
h ou h
t a
o
t e 45 Ko
c
a
e
o
45
A
b
o s'
s'
-t f d f d
-t
(a) (b)
a: h = 0 ; v aumenta (compressão vertical)
v' + h' b: h = v
so' = = 3c
'
2 c: h = - v
v' - h'
to = =0 d: h aumenta ; v = 0
2
e: h diminui ; v = 0
f: h = 0 ; v diminui (descompressão vertical)
Figura 13.49- Exemplos de trajetórias de tensões.
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56- A
A Figura 13.50 ilustra o andamento da deposição, consolidação e
posterior descarregamento do solo (que pode ser provocado por erosão das camadas superiores,
amostragem, etc.).
t Kr
Ko
o
q 1 Ko
A tg o
p 1 Ko
descarregamento
deposição e consolidação
s' K o cte
Trajetórias correspondentes
a diferentes corpos de prova
c a'
3 1
' s'
Essas relações são genéricas, podendo ser utilizadas tanto para tensões totais como para
efetivas.
Notar que é possível determinar além da envoltória das trajetórias determinada para a
ruptura, várias envoltórias que fornecem as resistências mobilizadas para dados níveis de
deformação (Figura 13.52).
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56- A
t = a' + s ' tg ' (pico)
1 - 3 * t
'
t2 = a2' + s ' tg 2' a = 2
* * 2'
* * 1'
a'
1 2 a
a'1 s, s'
Figura 13.52- Trajetórias para diferentes níveis de deformação.
Finalizando, cabe destacar que a trajetória em termos de tensões efetivas (TTE) acha-se
deslocada na horizontal da trajetória de tensões totais (TTT), do valor correspondente a
pressão neutra no instante considerado. Caso TTE se situe à esquerda de TTT, as
pressões neutras são positivas e caso ocorra o contrário, as pressões neutras são
negativas, como se mostra na Figura 13.53.
u > 0
u < 0
TTT
1 TTT TTE
TTE
2
1- argilas normalmente adensadas
s, s'
2- argilas pré-adensadas
A despeito do solo não ter um comportamento elástico, são várias as situações onde é
necessário empregar os conceitos de Teoria da Elasticidade. A inexistência de relações teóricas que
consigam retratar com eficiência e razoável simplicidade o comportamento dos solos justifica esse
procedimento.
Um material linear, homogêneo e isotrópico necessita de dois parâmetros para a sua
caracterização: o módulo de Elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson (). No caso de solos, para
ressaltar o seu comportamento inelástico, alguns autores preferem definir um módulo análogo ao de
elasticidade, que recebe o nome de módulo de deformabilidade (M).
Os parâmetros elásticos podem ser obtidos de ensaios de campo, como na prova de carga
sobre placas e no ensaio pressiométrico e de ensaios de laboratório, empregando as curvas tensão–
deformação dos ensaios de resistência desta última forma de determinação.
Os ensaios de laboratório usualmente empregados para os solos argilosos são os ensaios
não drenados (triaxial rápido ou compressão simples), pois se admite que as deformações elásticas
se processam rapidamente antes que haja tempo para que as pressões neutras comecem a se dissipar.
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56- A
Existem basicamente duas formas de definir o módulo de elasticidade a
partir da curva tensão-deformação: o módulo tangente à origem e o módulo secante para um dado
nível de tensão ou de deformação (Figura 13.54).
E 500 1500 S u
E 2 qc
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56- A
Os ensaios de cone nem sempre são realizados com freqüência. Uma
correlação com os resultados com freqüência. Uma correlação com os resultados dos ensaios de
penetração (SPT) realizados nas sondagens de simples reconhecimento é apresentada na Tabela
13.4, porém deve-se ser sempre em conta as limitações inerentes aos resultados do “Standart
Penetration Test”.
Tabela 13.4- Correlação entre a resistência de ponta (qc) de ensaio de cone e o índice de
resistência à penetração (SPT ou N)-(Schemertmann, 1970).
SOLO qc / N
- siltes, siltes arenosos e misturas de areias e siltes 2,0
com pouca coesão
- areias finas a médias, areias e areias pouco 3,5
siltosas
- areias grossas e areias com poucos pedregulhos 5,0
- pedregulhos arenosos e pedregulhos 6,0
Dentre os fatores que interferem no módulo de elasticidade, tem-se notado que ele
diminui com o nível de tensões, com o amolgamento da amostra, com o aumento da
umidade e que ele aumenta com a tensão de confinamento, com a relação de preá-
adensamento (OCR), com a densidade e com a velocidade de deformação.
Se para a definição do módulo de elasticidade persistem grandes entraves, estes aumentam
quando se trata de determinar o coeficiente de Poisson. A grande dificuldade surge na medida de
deformações laterais nos corpos de prova e a representatividade desta medida, quando se
consideram efeitos locais, tais como a heterogeneidade na distribuição de tensões e variações de
volume.
Por estas razões costumam-se, nos problemas práticos, assumir valores ou determina-los de
forma indireta, como por exemplo a partir do coeficiente de empuxo em repouso (também de
determinação difícil experimentalmente...):
Ko
1 Ko
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56- A
1 3 ou a b
a b 1 3
1
Ei
a
n
Ei K p atm 3
p atm
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56- A
Exemplo 13.1
CP
1 2,00 1,20
2 3,00 1,75
3 5,00 2,90
Determinar:
a) a envoltória de resistência do solo;
b) a tensão principal maior no instante da ruptura para o CP2.
Resolução
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Exemplo 13.2
CP 3 1 u 3' 1'
1 2,0 3,5 1,4 0,6 2,1
2 4,0 7,0 2,8 1,2 4,2
Determinar:
a) a envoltória de tensões totais;
b) a envoltória de tensões efetivas;
c) as tensões no plano de ruptura para o CP2.
Resolução
500
R2
100
0
0 P 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
’(kPa)
Exemplo 13.3
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56- A
Resolução
400
1 - 3
(kPa) M
+
300
100
0
0 4 8 12 16 20
a(%)
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’
200
M T
t, t’ E
(kPa)
100
0
0 100 200 300 400 500
s, s’ (kPa)
Exemplo 13.4
CP 1 3 máx 3
(Kgf/cm2) (kgf/cm2)
1 2,60 0,50
2 3,28 1,50
3 4,14 3,00
Resolução
a
12 kP
o
(kPa) o
+ . tg 12
s = 95
200
100
0
0 100 200 300 400 500 600 700
(kPa)
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Sinopse
1. A resistência dos solos resulta fundamentalmente de fenômenos de atrito; as tensões
efetivas, portanto, condicionam essa resistência.
2. O critério de resistência mais utilizado em Mecânica dos Solos é o de Mohr-Coulomb
que especifica que a resistência é função da tensão normal, num determinado plano. De
acordo com tal critério pode-se escrever genericamente.
3. Os parâmetros de resistência c ' e ' não são constantes para um dado solo; dependem de uma
série de fatores como, histórico de tensões e faixa de tensões de interesse.
4. A resistência do solo pode ser conhecida através de ensaios de campo e de laboratório. Os
ensaios de laboratório correntemente utilizados são: cisalhamento direto, compressão triaxial e
compressão simples.
5. As areias não cimentadas e as argilas normalmente adensadas têm uma envoltória do tipo:
' tg ' .
6. O atrito nas areias deve-se a duas fontes: uma devida ao atrito propriamente dito e que se
manifesta por deslizamento e por rolamento e outra devido a dilatância. O principal fator que
interfere na resistência das areias é a compacidade.
7. Areias compactas e argilas fortemente adensadas apresentam comportamentos semelhantes
quando cisalhadas: resistências máximas para pequenas deformações e aumento de volume. Areias
fofas e argilas normalmente adensadas mostram reduções de volume quando cisalhadas.
8. A resistência das argilas é basicamente influenciada pelas condições de dissipação das pressões
neutras, relação de pré-adensamento e amolgamento.
9. Argilas pré-adensadas exibem maiores resistências que as mesmas argilas normalmente
adensadas. O pré-adensamento é responsável pela introdução do intercepto de coesão na envoltória
de resistência.
10. A coesão quando não proporcionada pela cimentação entre partículas, resulta de tensões
interpartículas (tensões “internas”ou “intrínsecas”) proporcionadas por forças de natureza
superficial (eletrostáticas, eletromagnéticas), que em última análise geram um fenômeno de atrito.
11. Solos saturados ensaiados em condições não drenadas mostram u 0 .
12. Argilas pré-adensadas e areias compactas exibem resistências pós-pico, para grandes
deformações, consideravelmente menores (resistência residual).
13. O emprego de trajetórias de tensões é uma forma elegante e muito útil de representar o
andamento das tensões num corpo de prova ou num maciço.
14. O módulo de elasticidade de um solo pode ser tomado tangente à origem ou secante para um
dado nível de tensões ou de deformações. Há discrepâncias entre os resultados que se obtém em
laboratório e campo d forma que comumente utilizam-se ensaios de campo (placas) para a
determinação do módulo. Existem teorias que permitem considerar relações tensão-deformação não
lineares, bem como a dependência do módulo de elasticidade com o nível de tensões.
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CAPÍTULO 14(1)
ESTABILIDADE DE TALUDES
1. INTRODUÇÃO
Os maciços sob o aspecto genético podem ser agrupados em duas categorias: naturais e
artificiais. Estes frequentemente exibem uma homogeneidade mais acentuada que os maciços
naturais e, por isto, adequam-se melhor às teorias desenvolvidas para as análises de estabilidade.
Dois outros aspectos elucidativos deste ponto merecem atenção: o primeiro refere-se ao fato de que
os taludes naturais possuem uma estrutura particular que só é conhecida através de um criterioso
programa de prospecção; o segundo está associado à vida geológica do maciço natural intimamente
ligada ao histórico de tensões sofrido por ele - erosão, tectonismo, intemperismo, etc.
São vários os fatores naturais que atuam isolada ou conjuntamente durante o processo de
formação de um talude natural e que respondem pela estrutura característica destes maciços. Estes
fatores podem ser agrupados em duas categorias:
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devem ser convenientes obras de drenagem profunda e/ou impermeabilização a
montante do talude; os efeitos da erosão podem ser combatidos com a proteção vegetal; e, se o
deslizamento ocorre por efeito das forças gravitacionais o retaludamento deve ser a primeira opção
a ser pensada.
Nas obras de estabilização é importante considerar também as soluções mais simples, às
vezes, elas são as mais adequadas. As obras mais caras só se justificam quando o processo de
instabilização não pode mais ser controlado pelas obras mais simples ou quando as condições
geológicas e geotécnicas obrigam a utilização de obras mais complexas.
Este capítulo abordará a estabilidade dos taludes, quantificando os coeficientes de
segurança contra o escorregamento. Na hipótese de não se obter o coeficiente de segurança
requerido opta-se por um dos caminhos delineados no parágrafo anterior. Nos maciços artificiais,
além das alternativas propostas, podem auxiliar no processo de majoração destes coeficientes, as
escolhas do material constituinte, dos parâmetros de compactação, etc.
Antes de iniciar o estudo das análises de estabilidade será conveniente tratar das causas que
podem levar os taludes a escorregar. Estas causas são complexas pois envolvem uma infinidade de
fatores que se associam e entrelaçam. O conhecimento delas permite ao engenheiro escolher com
mais critério as soluções que se apresentam satisfatórias e mesmo prever o desempenho destas
alternativas.
"O movimento dos maciços de terra depende, principalmente, da sua resistência interna ao
escorregamento" (Terzaghi - 1925).
Os escorregamentos de taludes são causados por uma redução da resistência interna do solo
que se opõe ao movimento da massa deslizante e/ou por um acréscimo das solicitações externas
aplicadas ao maciço.
Os movimentos de terra são separados em três categorias consoante à velocidade em que se
ocorrem. Podem distinguir-se: os desmoronamentos, os escorregamentos e os rastejos.
Varnes (l958) estabeleceu uma classificação destes movimentos baseada na velocidade de
ocorrência, Figura 14.1.
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Figura 14.1- Escala de velocidade de Varnes para classificação dos deslocamentos de terra.
a) causas externas: são devidas a ações externas que alteram o estado de tensão atuante
sobre o maciço. Esta alteração resulta num acréscimo das tensões cisalhantes que
igualando ou superando a resistência intrínseca do solo leva o maciço à condição de
ruptura, são elas:
- aumento da inclinação do talude;
- deposição de material ao longo da crista do talude;
- efeitos sísmicos.
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b) causas internas: são aquelas que atuam reduzindo a resistência ao
cisalhamento do solo constituinte do talude, sem ferir o seu aspecto geométrico visível, podem ser:
- aumento da pressão na água intersticial;
- decréscimo da coesão.
c) causas intermediárias: são as que não podem ser explicitamente classificadas em uma das duas
classes anteriormente definidas:
- liquefação expontânea;
- erosão interna;
- rebaixamento do nível d'água.
A Tabela 14.1 a seguir (Terzaghi, 1950), resume as causas e os agentes que provocam a
instabilização dos maciços, referindo os solos que são mais susceptíveis a cada tipo de ação.
Tensões tectônicas Terremotos ou 3) Vibrações de Loess, areia pouco Danifica as Diminui a coesão e
ou explosões deformações alta freqüência cimentada e ligações aumenta a tensão
pedregulho intergranulares de cisalhamento
Areia fina ou
Inicia rearranjo Liquefação
média solta em
dos grãos. espontânea
estado saturado
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Argila fissurada
rija, folhelho ou Abre juntas Reduz a coesão e
4) Movimento de
resíduos de fechadas e produz acelera a ação do
rastejo do talude
escorregamentos novas juntas processo8
Peso do material Fenômeno que deu antigos
do talude origem ao talude
5) Movimento de
Material rijo
rastejo em camada
encima do outro,
fraca abaixo do pé
plástico
do talude
Diminui a
6) Deslocamento Aumenta a pressão
Areia úmida resistência do
do ar nos vazios da água nos poros
atrito.
7) Deslocamento
Rocha diaclasada,
do ar nas juntas
folhelho
abertas
Chuvas ou águas
provenientes de
degelo 8) Redução de Argila fissurada
Dá origem a Diminuição da
pressão capilar rija e alguns
expansão coesão
ligado a expansão folhelhos
Enfraquece as
9) Alteração Rocha de qualquer ligações entre os
química natureza grãos (alteração
química)
10) Expansão da Alarga as juntas
água devido à Rocha diaclasada existentes e produz
formação de gelo novas juntas
Produz juntas de
Água Estiagem 12) Contração Argila Diminui a coesão
contração
Aumento
Mudança rápida do Areia fina ou
14) Inicia o espontâneo da Liquefação
nível do lençol de média solta, em
rearranjo dos grãos pressão da água espontânea
água estado saturado
dos vazios
15) Causa
Silte e camadas de
Elevação do nível elevação da Diminui a
areia entre ou Aumenta a pressão
de água em lençol superfície resistência por
abaixo de camadas de água dos vazios
freático distante piezométrica atrito
argilosas
natural do talude
Diminuição da
16) Infiltração em Aumenta a pressão
Silte saturado resistência por
direção do talude da água nos vazios
atrito
Infiltração 17) Desloca o ar Elimina a tensão Diminuição da
proveniente de Areia fina, úmida
dos vazios superficial coesão
reservatório ou 18) Remove o Destrói a ligação
canais Loess
cimento solúvel intergranular
19) Erosão Solapa o pé do Aumenta a tensão
Areia fina ou silte
subterrânea talude de cisalhamento
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3.FATOR DE SEGURANÇA
Por fator de segurança (FS) entende-se o valor numérico da relação estabelecida entre a
resistência ao cisalhamento, disponível, do solo c ' u tg ' e a resistência ao
cisalhamento mobilizado ( m ) para garantir o equilíbrio do corpo deslizante, sob o efeito dos
esforços atuantes.
m
1
FS
c u tg '
A resistência ao cisalhamento, , que se desenvolve ao longo da superfície de ruptura pode
ser explicitada através das forças resultantes de coesão e atrito, Rc e R respectivamente, que são o
produto dos parâmetros de resistência pela área (A) da superfície onde se desenvolve essa
resistência.
S Rc R
S Rc R
m Rc m R m
FS FS FS
As solicitações que provocam o deslizamento dos maciços, dentre elas a força peso, serão
designadas através de suas resultantes Fa.
Porque certos métodos de estabilidade atestam o equilíbrio dos taludes através da somatória
de forças que atuam sobre eles, resistindo (Rc + R ) ou provocando seus deslizamentos (Fa), o
coeficiente de segurança é definido como:
forças resistentes
FS
forças atuantes
Em outros processos o fator de segurança será tomado como a razão entre os momentos
devido as forças que atuam do sobre a cunha tendem a mantê-la em equilíbrio (M R ) e os momentos
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das forças que tendem a instabilizá-la (Ma). Estes momentos são tomados em
relação a um ponto situado fora do talude:
momentos resistentes
FS
momentos atuantes
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4. MÉTODOS DE ESTABILIDADE
4.1 - Introdução
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ponto de aplicação de W. As forças do empuxo, lateral Fd e Fe, em razão do
exposto, devem ser iguais e ter linha de ação coincidente.
Figura 14.3 - Talude Infinito - a) Geometria e rede de fluxo; b) Esforços sobre uma lamela
isolada.
Esta é uma expressão geral que fornece o valor de FS para a situação mais completa. As
soluções particulares podem ser obtidas a partir dela fazendo nulos os termos não participantes, ou
substituindo adequadamente os termos. No caso de talude não saturado: ' por nat e sat por
nat
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EXEMPLO 14.1
Um maciço com talude infinito constituído de solo silto-arenoso rompeu após uma chuva
intensa em virtude de ter ficado totalmente saturado e de ter perdido a sua parcela de resistência
devida à coesão. Calcular o coeficiente de segurança que existia antes da chuva, quando o NA
estava abaixo do topo da rocha, admitindo que a ruptura se deu com coeficiente de segurança
unitário.
Dados: antes da chuva após a chuva
c = 2 tf/m3 c=0
antes da chuva:
u 0; ' nat 1,70 tf / cm 3 ; sat nat 1,70 tf / cm 3
2 + 1,7 4 cos 2 16 o tg 31,1o
FS FS 3,20
1,7 4 sen 16 o cos 16 o
Este método apóia-se na hipótese que considera uma superfície de ruptura plana passando
pelo pé do talude. A cunha assim definida é analisada quanto a estabilidade como se fosse um
corpo rígido que desliza ao longo desta superfície, como se representa na Figura 14.4.
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Observe que para resistir ao esforço atuante (T) é necessário mobilizar parcelas de
resistência: Cm-coesão mobilizada e tgm - coeficiente de atrito mobilizado.
c AD tg
Cm tg m
FS FS
c * AD N tg
Como deveremos ter T C m N tg m +
FS FS
c AD N tg s AD FR
resulta FS
T T FA
1 sen(i - )
W H AD
2 sen i
Com estes dados pode-se resolver algebricamente o problema, sempre que se arbitre uma
superfície de ruptura. O Fator de Segurança do talude será o menor fator obtido dentre as várias
superfícies arbitradas.
Da expressão T C m N tg m ou substituindo os valores de N e T
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1 sen(i - ) 1 sen(i - )
Cm AD H AD cos tg m H AD sen
2 sen i 2 sen i
cm 1 sen(i - ) sen( m )
N H
H 2 sen i cos i
Assim, arbitrado m, o plano onde ocorrerá máxima tensão cisalhante será aquele definido
por um plano de inclinação o que necessitará da máxima coesão mobilizada. Diferenciando a
expressão em relação a , o máximo ocorrera para um plano definido por cr.
1
cr i m
2
EXEMPLO 14.2
Determinar a máxima profundidade que poderá ter um corte vertical (i = 90o) em um solo
com 1,80 tf / m 3 , 4 tg 25 o tf / m 2 para que resulte um FS = 2.
4 tg 25 o
cm 2 tg m 0,2332 m 13,1o = 0,2332
2 2
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L
aR Lc= comprimento da corda AB
Lc
F = força de atrito, cuja direção faz ângulo com a normal à cunha e que portanto
tangencia um círculo de centro em o e de raio r R sen . O módulo de F é desconhecido.
Em termos práticos pode calcular-se o coeficiente de segurança através do método do
circulo de atrito com no seguinte roteiro:
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56- A
C
FS
Cm
Gráficos de Taylor
FS - fator de segurança
c
cm - coesão mobilizada cm
FS
tg
m - ângulo de atrito mobilizado tg m = tg m
FS
N - número de estabilidade
cm
N ou N f i, m - Figura 14.6 a.
H
N f D, i, n - Figura 14.6 a.b
H,i - altura e. inclinação do talude
D,n - definidos nos próprios gráficos
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- prosseguir até que FSC= FS
b) a segunda classe, caso B do ábaco a possui três subdivisões, Bl, B2 e B3. Nesta classe o
círculo crítico pode ou não passar pelo pé do talude e este já não é o ponto mais baixo do círculo.
- no caso Bl em que o círculo passa pelo pé do talude deve utilizar-se as linhas cheias;
quando elas não mais aparecem este caso pode ser aproximado ao caso B2;
- no caso B2, o círculo crítico passa abaixo do pé do talude. Isto ocorre em taludes pouco
íngremes ou quando o solo possui valores de ângulo de atrito baixos. Neste caso utilizam-se as
linhas tracejadas longas; quando elas não aparecem o círculo crítico passa pelo pé do talude e
então usa-se as linhas cheias;
- no caso B3, o círculo crítico corta a superfície inclinada exposta, do talude. Esta
situação leva o círculo cujo ponto mais baixo acha-se à mesma cota do pé do talude. Deve tomar-
se as linhas tracejadas curtas do ábaco a.
c) a terceira classe, casos A e B do ábaco 2, é denominada " 0" . Apesar do nome, isto
não implica que o ângulo de atrito do solo deva ser nulo; admite-se, sim, que a resistência ao
cisalhamento do solo não apresenta variações consideráveis ao longo da linha de escorregamento,
ou seja, que haja uma aproximada constância desta resistência com a profundidade.
Em taludes íngremes i > 54o deve se usar o ábaco a.
- o caso A desta terceira classe engloba os taludes cujos círculos críticos passam além do
pé dos taludes, cortando a linha de escavação a uma distancia n H , sendo H a altura do talude.
O círculo crítico tangencia o estrato resistente situado a uma profundidade D H .
Com os valores de n, D e i e utilizando-se as linhas tracejadas curtas determina-se o número
de estabilidade.
- no caso B desta classe, o círculo crítico passa pelo pé do talude e o seu ponto mais baixo,
situado a uma profundidade D H da superfície do terreno, tangencia o estrato resistente; para
este caso utilizam-se as linhas cheias do ábaco b.
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56- A
Deseja-se fazer um corte com inclinação de 60o num solo de 1,90 tf/m 3 e
1,4 tg10 o tf / m 2 . Qual poderá ser a. máxima altura desse corte para que o fator de
segurança com relação a altura seja 1,6.
- máxima altura toda resistência mobilizada
m 10 o
cm 1,4
i 60 o N 0,140 N H máx 5,26m
H 0,140 1,9
c c m 1,4
Hmáx 5,26
FS H H 3,20m
H 1,60
Obs.: l tf = 10 kN
Exemplo 14.4
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Calcular o fator de segurança para um talude de inclinação 1V:3H e
altura H=38m. O solo apresenta 2,00 tf/m 3 e 4 tg18 o tf / m 2
lV:3H i 18,5o
tg
l.a tentativa FS 2,0 tg m m 9,5 o
2
N 0,04 c m 0,04 2,0 38 3,04
4
FS C 1,32
3,04
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56- A
En, En+1 = resultantes das forças horizontais totais atuantes nas secções n e n + l,
respectivamente;
xn ,xn+1 = resultantes das forças cisalhantes que atuam nas secções n e n + 1,
respectivamente;
W·= peso total da lamela;
N = força normal atuante na base da lamela;
b = largura da lamela;
h = altura da lamela;
L = comprimento da corda AB ;
= ângulo da normal N com a vertical;
x = distancia do centro do círculo ao centro da lamela;
R = raio do círculo.
Como característica dos métodos de lamelas o fator de segurança é definido como a relação
entre a somatória dos momentos resistentes e os momentos atuantes:
MR
FS
MA
No Método de Fellenius, considera-se que não há iteração entre as várias lamelas, ou seja,
admite-se que as resultantes das forças laterais em cada lado da lamela são colineares e de igual
magnitude, o que permite eliminar o efeito dessas forças considerando o equilíbrio na direção
normal a base da lamela.
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56- A
A única iteração entre as lamelas advém da consideração de ruptura
progressiva que sempre ocorre quando há ruptura de qualquer massa de solo. Este fato é
considerado implicitamente nos parâmetros de resistência do solo, coesão e ângulo de atrito.
Na análise que se segue, considera-se o caso mais genérico de talude com percolação de
água. O valor da pressão neutra ao longo da superfície de ruptura é obtido traçando-se a rede de
percolação. Em cada ponto desta superfície toma-se o valor da carga piezométrica, hw.
O momento resistente será:
n
n
Mr S R R bo c ' ' tg ' R bo c ' bo N ' tg '
i 1 i 1
O equilíbrio na direção normal a lamela fornece.
N N ' U W cos
MA W x R W sen
n
i 1
W sen
i 1
s 1
sm = m c' + ( - u) tg'
FS FS
N
porém
bo
R
FS c' bo + (N - u bo) tg '
W x
N'
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O valor de N’ N ' N u bo pode ser conhecido da somatória de forças na direção
vertical:
c'
W + (x n x n 1 ) (u cos + sen )bo
N' FS
tg'
cos + sen
FS
Substituindo na expressão do FS e lembrando que x R sen e bo b sec resulta:
1
FS c' b + tg' (W - u b + x n x n +1 ) M
Wsen
tg ' FS
onde M cos sen
Os valores de (xn - xn+l ) são determinados por aproximações sucessivas e devem satisfazer a
condição:
( x n - x n 1 ) 0
Estabelecendo-se a equação de equilíbrio para forças que agem na direção tangencial, tem-
se:
S W x n x n 1 sen E n E n 1 cos
(E n - E n 1 )
( x n - x n 1 ) 0
(E n - E n 1 ) 0
1
FS c' b + tg' (W - ub) M
W sen
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56- A
As expressões de M, dependem de FS. As análises por qualquer um dos
dois processos são feitas atribuindo-se um valor arbitrário para FS. Se os valores de FS e FSarb não
são coincidentes, utiliza-se agora FSarb = FS para calcular um novo M , O método é convergente
para a solução exata. Para uma primeira estimativa à comum tomar-se FS = FSFellenius.
A Figura 14. 8 permite a rápida determinação de M .
Como procedimento prático recomenda-se dividir o talude em cerca de dez lamelas; a partir
deste valor há pouco ganho na precisão e um considerável aumento dos cálculos. Cada par de
valores, centro e raio de um círculo hipotético, conduz a um valor de fator de segurança. O valor
crítico será obtido por tentativas.
Desenhado o talude em escala, determina-se uma malha de centros potenciais; em seguida,
escolhe-se um centro e um raio que determinarão uma superfície de deslizamento e calcula-se o
fator de segurança para essa superfície.
Mantendo-se o centro do círculo, adota-se um novo raio e determina-se um novo fator de
segurança. Prossegue-se variando o raio até obter-se o FS mínimo.
Escolhe-se um novo centro e repetem-se os passos anteriores, até percorrer toda a malha
desejada. Após a determinação dos valores mínimos de FS para cada centro, traçam-se curvas que
unem os fatores se segurança iguais (como se faz com as curvas de nível da topografia com o intuito
de determinar a posição do centro que fornece o menor deles).
Como este processo pode ser programável, como mostra o fluxograma representado na
Figura 14.9, existe atualmente uma série de programas que permitem determinar com precisão e
velocidade o valor do fator de segurança.
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EXEMPLO 14.5
Determinar o Fator de Segurança para a encosta esquematizada na Figura 14.10,
considerando um círculo de centro O e raio OX. Empregar os métodos de Fellenius e de Bishop
Simplificado. O solo saturado apresenta 2,05 tf / m 3 , 4 tg 28 o e o não saturado
(acima da linha freática), 1,80 tf / m 3 e 6 tg30 o .
ETAPAS
Início
c´, ´
Geometria
do talude
Criação da matriz
de centros
hipotéticos
Escolha do centro
Escolha do raio
Divisão em lamelas,
cálculo das forças e
momentos
Cálculo
de FS
FS=FSmín não
sim
Criação matriz
FS mín
Todos os
não centros estudados
sim
Escolha de FS
mínimo dos míni-
mos, Escolha de
R
Fim
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Figura 14.9 - Fluxograma para Cálculo da Estabilidade de Taludes -
Método das Lamelas.
FS p R Fi Wi sen i
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56- A
FS p 113.23 43.00 2.63
FS B
R i / M i
Wi sen i
118.02
FS1 2.74 2.70
43.00
118.43
FS1 2.75 2.74
43.00
FS B 2.75
A divisão do copo deslizante segundo duas ou trás cunhas permite conduzir uma rápida e
confiável análise de estabilidade. A Figura 14.12 mostra as cunhas do exemplo da Figura 14.11 a,
conjuntamente com os esforços que nelas atuam.
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56- A
tg
= m = arc( )
FS
Outra alternativa é considerar igual à inclinação do talude. Qualquer alternativa adotada
conduz a resultados praticamente iguais. Arbitrando um Fator de Segurança inicial é possível
definir as direções de Fl e F2.
tg1 tg1
Fsi m 1 arctg
tg m1 FS i
tg 2 tg 2
Fsi m 2 arctg
tg m2 FS i
C1 AB
Cm1
FS i
C 2 BD
FSc Cm2 - obtido do polígono de forças
Cm 2
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Freqüentemente resulta FSi FSc e é possível obter o Fator de Segurança (FS) procurado,
por interpelação (Figura 14.12). Na construção do polígono de forças seguiu-se a seguinte ordem,
começando pelo equilíbrio da cunha passiva (ABR):
Havendo outros esforços, como por exemplo, pressões neutras sobre algumas das
superfícies, basta determinar sua resultante e incluí-la no polígono de forças. Finalizando cumpre
verificar para a superfície ABD, qual posição de BR é a mais crítica. Varia-se a posição de R
(BR1, BR2) de forma a determinar o menor fator de segurança.
EXEMPLO 14.6
CUNHA ABD
AB 15 m
CUNHA BCD
W 2 135 tf / m ; BC 15 m
1a TENTATIVA
tg 27 o
FS 2,0 m1 arc( ) 14,3o m1 14,3o
2
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m 2 0
C BC 5 15
Cm 2 37,5 tf / m
FS 2
C1 4 15
Cm 1 14 tf / m FS cal 4,29
Cm 1 14
2a TENTATIVA 3a TENTATIVA
Cm 2 25,0 tf / m Cm 2 31,25 tf / m
Cm 1 34 tf / m Cm 1 25 tf / m
60 60
FS cal 1,76 FS cal 2,4
34 25
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Existem vários outros métodos de estabilidade que permitem estudar diversas situações.
Entretanto os princípios utilizados são basicamente os mesmos aqui já apresentados e deixa-se de
apresentá-los pelo volume de gráficos que seria necessário reproduzir. Faz-se em seguida
referência a alguns desses métodos.
O método de Bishop e Morgenstern ("Stability Coefficients for Earth Slopes",
Géotechnique, Vol. 10, pg. 129-150, 1960) fornece ábacos para análise de vários casos comuns na
pratica. A análise é feita em termos de tensões efetivas, a partir do método de Bishop.
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56- A
A variação do fator de segurança de taludes de barragem provocada por
rebaixamento rápido é apresentada em forma de ábacos por Morgenstern ("Stability Charts for
Earth Slopes During Rapid Drawndown", Géotechnique, Vol. 13, pg. 121-131,1963). A análise é
efetuada para taludes homogêneos, em termos de tensões efetivas.
Uma análise de estabilidade, considerando qualquer forma de superfície de ruptura e
interação entre as lamelas, é desenvolvida matematicamente por Morgenstern e Price ("The
Analysis of the Stability of General Slipe Surfaces”, Géotechnique, Vol. 15, pg. 79-93, 1965).
Empregam-se os conceitos do equilíbrio limite e dado ao volume de cálculo necessário é preciso
recorrer à programação eletrônica.
SINOPSE
1. Os maciços podem ser naturais ou artificiais. Dada a maior homogeneidade dos maciços
artificiais, estes adequam-se melhor aos métodos correntes de análise de estabilidade.
2. A instabilização de um talude pode se manifestar das mais variadas formas.
Genericamente, pode-se ter desmoronamentos, nos quais uma massa de solo se desloca
do maciço remanescente; rastejos, quando a massa de solo exibe movimentos lentos,
semelhantes aos que ocorrem em um líquido viscoso e escorregamentos nos quais o solo
se movimenta em relação ao resto do maciço, segundo uma superfície bem definida. Os
escorregamentos resultam de rupturas por cisalhamento.
3. Vários são os agentes que provocam a instabilização de um talude (Tabela 14.1).
Podem-se ter genericamente causas externas, internas e intermediárias. Aumentos de altura, de
inclinação, bem como a ação da água situam-se entre as causas mais comuns.
4.O Fator de Segurança (FS) corresponde ao valor numérico da real ação entre a resistência
ao cisalhamento disponível (S) e a mobilizada (Sm) para garantir o equilíbrio do corpo deslizante,
sob o efeito dos esforços atuantes. Costuma-se calcular o FS, também, considerando a relação entre
esforços resistentes e esforços atuantes (forças ou momentos).
5. Os métodos de estabilidade empregam os conceitos do equilíbrio limite, no qual se
considera a ruptura incipiente quando as tensões atuantes igualam a resistência do solo, sem
preocupação com as deformações envolvidas.
6. O método do talude infinito é empregado quando a relação entre extensão e espessura do
talude é muito grande. Nestes casos a linha potencial de ruptura desenvolve-se paralelamente à
superfície do talude.
7.O método de Culmann admite superfície ruptura plana passando pelo pé do talude.
8. Os gráficos de Taylor foram desenvolvidos a partir do método de círculo de atrito
(superfície de ruptura circular) e empregam tensões totais. A sua utilização pode resultar
muito útil em fases iniciais de projeto.
9. O método de Fellenius considera superfície de ruptura circular e assume que as
resultantes das forças laterais sobre as lamelas são colineares e de igual intensidade. Os fatores de
segurança obtidos por este método são geralmente conservadores.
10. No método de Bishop são considerados os esforços laterais sobre as lamelas. No
método de Bishop simplificado despreza-se a ação da resultante dos esforços verticais sobre as
faces laterais das lamelas. O processo de cálculo do Fator de Segurança é iterativo.
11. Planos ou estratos de menor resistência podem condicionar as superfícies de ruptura.
Quando é possível aproximar estas superfícies por retas, a análise de estabilidade pode ser
conduzida de uma forma rápida através do método das cunhas.
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56- A
CAPÍTULO 15(1)
EMPUXOS DE TERRAS
1. INTRODUÇÃO
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56- A
2. COEFICIENTES DE EMPUXO ATIVO, EM REPOUSO E PASSIVO
profundidade z.
1
V V H 2
E
1
H H ( V H )
E
H V H 0
H V H 0
Chamando a relação entre as tensões horizontais (h ) e tensões verticais (v) de Ko,
temos:
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56- A
h
K0 ou K 0 h 0
v 1 v h
Deslocamentos adicionais no anteparo para além daqueles que provocam as condições ativa
e passiva não mais alteram os valores assumidos pelas tensões horizontais visto que o modelo
reológico empregado é o elasto-plástico. Isto significa que ao atingir as condições limites o solo
plastifica, ou seja, as deformações continuam a crescer para um nível de tensão mantido constante.
A Figura 15.3 resume aquilo que foi definido.
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56- A
x xz
X
x z
xz z
Z
x z
As forças X e Z são componentes das forças externas ou das forças de massa, que atuam
sobre o elemento; elas são, portanto, de valor conhecido. Como foi atrás referido tem-se um
sistema de equações com duas equações e três incógnitas, quais sejam x, z, xz.
A compatibilização entre o número de equações e o número de incógnitas é possível
quando se adiciona ao sistema definido anteriormente aquela equação que traduz o critério de
ruptura ou de resistência do solo. No caso mais geral da Mecânica dos Solos esta equação será a
estabelecida pelo critério de Mohr Coulomb ( c tg) . No entanto isto é possível para as
condições de equilíbrio limite. Significa então que apenas as condições de empuxo ativo e passivo
são matematicamente determinadas. Qualquer outra, inclusive a de repouso, não o é.
A condição de repouso, cujo conhecimento é de importância relevante, como será mostrado
a seguir, só pode ser determinada experimentalmente. As técnicas de ensaios são ainda precárias,
além de trabalhosas.
Diante do exposto pode concluir-se que a determinação dos empuxos de terra constitui uma
tarefa de admirável complexidade. As condições extremas, determináveis, exigem deformações
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56- A
suficientes para serem despertadas. Experiências realizadas com areias
evidenciam que para o caso ativo, deslocamentos da ordem de 0,1% da altura do anteparo são
suficientes para provocar o estado de equilíbrio limite no caso ativo e deslocamentos maiores, de 4
a 5%, para o caso passivo.
Em muitos casos as estruturas de suporte são projetadas para trabalhar em intervalos
situados nas faixas ativo-repouso e repouso-passivo. O posicionamento será determinado pela
maior ou menor capacidade de deformação das estruturas. Segundo Mello (l975), em termos
práticos adota-se a postura de calcular os empuxos ativo e passivo (E A e Ep), alterando-os, em
seguida, com auxílio de um fator para fugir-se da situação de ruptura. No caso ativo, o valor de EA
será majorado por um coeficiente tomado, em geral, entre 1,3 a 1,5. Para a situação passiva , o
valor de Ep será dividido por um fator compreendido na faixa de 1,4 a 1,5. Desta forma, os valores
de projeto situar-se-ão dentro da fase de equilíbrio elástico. No caso ativo, este procedimento
implica em obras de maior porte, portanto mais caras; em compensação o inverso ocorre para a
situação passiva. Em ambos, porém, há a garantia da ausência da ruptura do solo arrimado.
K 0 h 0
v h
O valor de Ko depende do tipo de solo, das condições geológicas que governaram a sua
formação e do histórico de tensões a que foi submetido desde a sua gênese. Verifica-se que certos
solos, cujas formações foram regidas pela sedimentação natural, possuem K o aproximadamente
constante com a profundidade. Neste fato reside o interesse prático pela sua determinação, devido a
que, nesta condição, K0 depende apenas do tipo de solo e do método de deposição.
Como foi atrás referido, as determinações de Ko só são possíveis por via experimental, a
partir de ensaios de laboratório e de campo. Elas exigem técnicas de ensaio e equipamentos
especializadas e de grande sensibilidade; são trabalhosas e, em geral não se situam na categoria dos
ensaios de rotina da maioria dos laboratórios.
Bishop e Henkel (l957) propuseram uma técnica de determinação de Ko baseada em ensaios
triaxiais como deformações laterais impedidas. Os ensaios podem ser realizados de forma drenada
ou não drenada, com amostras saturadas ou parcialmente saturadas.
Existem ensaios de campo, como o pressiômetro,que permitem a determinação "in situ" do
valor de Ko.
Em razão das dificuldades existentes para o conhecimento de Ko, várias relações empíricas
foram propostas para a sua determinação, dentre as quais pode enumerar-se:
a) K 0 (1 sen ' ) Jaky (1944);
b) K 0 0,9 (1 sen ' ) Frazer (1957);
1 sen '
c) K 0 (1 sen ' ) Kezdi (1962);
1 sen '
d) K 0 (0,9 5 sen ' ) Brooker (1965)
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56- A
Ireland
original proposta,
2 1 sen '
K 0 (1 sen ' )
3 1 sen '
Alpan (1967) sugere que se adote a equação a) para solos arenosos e a relação abaixo para
solos argilosos normalmente adensados:
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56- A
Argila sensível 34,0 24,0 10,0 0,18 0,52
Argilas - - - - 0,60 a 0,80
Areias não compactadas
(fofas ou compactas) - - - - 0,40 a 0,50
Areias compactas por camadas - - - - 0,80
4. MÉTODO DE RANKINE
Os processos clássicos utilizados para a determinação dos empuxos de terra são métodos de
equilíbrio limite. Admite-se neles que a cunha de solo situada em contacto com a estrutura de
suporte esteja num dos possíveis estados de plastificação, ativo ou passivo. Esta cunha tenta
deslocar-se da parte fixa do maciço e sobre ela são aplicadas as análises de equilíbrio dos corpos
rígidos.
A análise de Rankine apoia-se nas equações de equilíbrio interno do maciço. Estas
equações são definidas para um elemento infinitesimal do meio e estendida a toda massa
plastificada através de integração. Esta análise enquadra-se no teorema da região inferior (TRI) da
teoria da plasticidade.
Como filosofia básica este teorema defende, em primeiro lugar, o equilíbrio entre os
pela ação do peso próprio da cunha. As solicitações internas são as reações que se
aspecto, o TRI impõe respeito a um critério de resistência, ou seja, que não haja em
nenhum ponto desta cunha um estado de tensão capaz de levá-la, nem mesmo numa
Estas duas exigências implicam uma condição de iminência de plastificação, ou seja, estado
ativo ou passivo. Elas podem ser representadas, neste caso, graficamente num plano x , por
círculos de Mohr que tangenciam as envoltórias de ruptura, pois o círculo de Mohr é a
representação gráfica das condições de equilíbrio em torno de um ponto. As condições de
iminência de ruptura, nos casos ativo e passivo, são designadas neste plano pelos pontos da
envoltória de resistência.
As linhas envoltórias separam o plano x em duas regiões: na primeira, interna a elas, há
um regime de equilíbrio elástico; na segunda, externa, há um processo de plastificação ou de
ruptura em curso e, sobre os pontos da envoltória há situações de equilíbrio limite.
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56- A
Um ponto qualquer, no interior de um maciço em repouso, está sob um
estado de tensão que pode ser representado por um círculo de Mohr. Nas condições de geometria
simples, maciço infinito de superfície horizontal, os valores de v e h são tensões principais, basta
para isto considerar a simetria do problema.
Mantendo-se constante o valor de v e fazendo variar h desde o seu valor inicial, de forma
crescente ou decrescente, estabelecem-se as condições limites, ou seja, chega-se a dois círculos de
Mohr que tangenciam as envoltórias de resistência. As relações entre v e h definem os estados de
empuxo ativo e passivo, conforme tenha sido o comportamento de h crescente, ou decrescente,
pela ordem. A Figura 15.4 reproduz aquilo que ora foi definido.
Figura 15.4 - Círculos de Mohr correspondentes aos estados de tensão em repouso, ativo
e passivo.
A solução de Rankine (1856), estabelecida para solos granulares e entendida por Rèsal
(l9l0) a solos com coesão, constitui a primeira contribuição ao estudo das condições de
equilíbrio limite dos maciços, tendo em conta as equações de equilíbrio interno do solo;
Rankine.
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56- A
Embora teoricamente a solução de Rankine só seja válida para muro de parede vertical,
perfeitamente lisa, que é quando se atingem os estados de plastificação de Rankine (superfície de
escorregamento fazendo um ângulo igual a ( 45 2) ou ( 45 2) com o plano principal maior,
para as condições ativa e passiva, respectivamente (Figura 15.5), ela é entendida também aos casos
em que o tardoz do muro faz um ângulo com a vertical. Quando a superfície do terreno é
inclinada de um ângulo i com a horizontal, há que se considerar o muro com uma rugosidade
suficiente para inclinar as tensões resultantes do mesmo valor.
À medida que se afasta das condições teóricas fundamentais, o método fornece valores
que se distanciam cada vez mais dos valores práticos observados. A presença do atrito
Além disso, o atrito propicia uma redução da componente horizontal do empuxo (menor
quanto maior for o valor do atrito () entre o solo e o muro) e provoca o encurvamento das
superfícies de escorregamento (sem ele reta), Figura 15.6.
Figura 15.6 - Efeito do atrito solo-estrutura sobre as direções dos planos de ruptura.
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56- A
Como foi atrás referido, as expressões analíticas do método de Rankine podem ser
Figura 15.7 - Estado de tensão em repouso em maciço granular com superfície horizontal.
Sobre o ponto P, num plano horizontal, atua uma tensão vertical v z , que como se
sabe, é uma tensão principal.
Estando o solo em condição de repouso, h K 0 v ; esta é também uma tensão
principal e atua em um plano vertical.
O estado de tensão no ponto P fica definido com o conhecimento das direções destes dois
planos e das tensões neles atuantes. Este estado é representado pelo círculo de diâmetro PB1 ,
Figura 15.8.
As condições de equilíbrio plástico podem ser conhecidas traçando-se as envoltórias de
resistência e estabelecendo-se os círculos que passam por P e que tangenciam as envoltórias.
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56- A
O pólo do círculo no caso ativo (PA) situa-se coincidente com a HA e no caso passivo (Pp ),
com HP. Unindo-se através de retas, PA com D1 e PA com D2 ficam determinadas as direções dos
planos de ruptura para o caso ativo. Para o caso passivo una-se Pp a E1 e Pp a E2.
Conforme já definido, a relação entre tensões efetivas horizontais e verticais constitui o
coeficiente de empuxo. No caso ativo tem-se:
HA
KA
V
Da Figura 15.8.
V HA 1 HA V
sen
V HA 1 HA V
Donde
HA 1 sen
KA tg 2 45 2
V 1 sen
HP 1 sen
KP tg 2 45 2
V 1 sen
1
KP
KA
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O 3 PA O 3 PA c cotg + ha
KA
O3P O 3 P = c cotg + v
Substituindo
c cotg ha (c . cotg v ) K A
HA V K A c cot g K A 1
porém
cotg K A 1 2 K A
Disso resulta
HA V K A 2c K A
H H
E A ha dz = K A z - 2c K A dz
0 0
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56- A
1
E A = K A H 2 2c H K A
2
É importante notar que quando o solo apresenta coesão, KA já não se refere mais à relação
entre ha e v. Caso se deseje um coeficiente que retrate a relação entre tensão horizontal e
vertical, este poderá ser obtido como segue, porém deve-se notar que o coeficiente assim obtido
(KAc) depende do nível de tensão e deixa de ter uma importância prática tão relevante quanto a que
se observa para o caso de solos granulares.
ha v K A 2c K A
ha 2c
KA c KA KA
v v
Em virtude do solo apresentar coesão, nem sempre será possível estabelecer uma condição
de ruptura. Ela só ocorrerá para pontos em que a tensão vertical seja superior a um dado valor
z 0 . Neste caso limite, o valor de h será nulo e o circulo ativo traçado será tangente à
envoltória, conforme se representa na Figura 15.11.
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56- A
ha K A v 2c K A 0
K A z o 2c K A 0
2c 1
zo
KA
Nem sempre, porém, o valor da coesão é constante com o tempo e disto resulta que nos
cortes em argilas podem aparecer fendas de tração até a profundidade zo.
A presença da coesão possibilita manter um corte vertical, sem necessidade de
escoramento, até uma altura (altura crítica-Hc) na qual o empuxo resultante é nulo:
1
EA K A H 2 2c H K A 0
2
4c 1
H Hc
KA
4c
Hc
A determinação das tensões laterais para o caso passivo segue desenvolvimento análogo ao
apresentado para o caso ativo, resultando.
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hp K p v 2c K p 0
onde:
1 sen
Kp tg 2 45 2
1 sen
V z cos i
z cos i 2
z sen i cos i
A Figura 15.12 mostra a representação gráfica dos círculos de Mohr para solos granulares,
com superfície inclinada.
ha OP' A OPA
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Analogamente, para o caso passivo:
hp OP' p OPp
Da mesma forma que para superfície horizontal pode-se determinar algebricamente o valor
da tensão lateral:
ha K A V K A z cos i
Porém,
2 2
e RPA O 1 PA O 1 R
2 2 2 2
O 1 PA O 1 C1 OO1 sen 2 OO1 (1 cos 2 )
2 2 2
O 1 R OO 1 sen 2 i OO 1 (1 cos 2 i)
2 2 2
OPA OO 1 cos 2 i OO 1 (1 cos 2 ) OO 1 (1 cos 2 i)
OP 2 2 2
OO 1 cos 2 i OO 1 (1 cos 2 ) OO 1 (1 cos 2 i)
Donde resulta
Esta é a expressão mais genérica para KA. Observe que fazendo i = 0 resulta
1 sen
KA e ha K A z , expressões já deduzidas para taludes com superfície
1 sen
horizontal.
O empuxo resultante será:
H H
E A K A V dz K A z cos i dz
0 0
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1
EA K A H 2 cos i
2
Para o caso de empuxo passivo, raciocínio análogo conduzirá à seguinte expressão para o
coeficiente de empuxo (Kp):
A Figura 15.14 ilustra a construção gráfica necessária para a determinação dos esforços
laterais em maciços com coesão e atrito e superfície inclinada.
Figura 15.14 - Representação de Mohr para solos com coesão e atrito e superfície inclinada
A tensão vertical é dada por OP e os pólos ativo e passivo são PA e Pp, respectivamente.
No caso de muro vertical as tensões laterais serão dadas por OPA (ativo) e OP P (passivo) .
5. MÉTODO DE COULOMB
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56- A
O método de Coulomb para cálculo dos empuxos de terra foi enunciado em 1776.
Enquadra-se na filosofia do Teorema de Região Superior (TRS) da teoria da plasticidade, que
estabelece o equilíbrio de uma massa de solo, se para um deslocamento arbitrário, o trabalho
realizado pelas solicitações externas for menor do que o das forças internas. Em caso negativo a
massa estará em condição de instabilização ou de plastificação.
O método de Coulomb admite como básicas as seguintes hipóteses:
a) superfície de desligamento plana, passando pela base da estrutura de suporte;
b) liberdade de movimentação da estrutura capaz de mobilizar todo o atrito existente entre
ela e o solo arrimado.
Esta última hipótese permite conhecer a direção do empuxo. Nenhuma referência é feita,
entretanto, ao seu ponto de aplicação ou à forma da distribuição das tensões horizontais sobre o
muro. O fato de conhecer-se a direção do empuxo implica que, para os casos de carregamento
externos mais simples, é possível determinar o empuxo através de construções gráficas. As
condições de equilíbrio, para um conjunto de forças, obrigam que estas forças concorram para um
mesmo ponto ou forneçam um polígono fechado.
O cálculo do empuxo é efetuado estabelecendo-se as equações de equilíbrio das forças
atuantes sobre uma cunha de deslizamento hipotética. Uma das forças atuantes é o empuxo que no
estado ativo corresponde à reação da estrutura de suporte sobre a cunha e, no passivo, à força que a
estrutura de arrimo exerce sobre ela.
O empuxo ativo será o máximo valor dos empuxos determinados sobre as cunhas
analisadas; o passivo, o mínimo. A ativação pode ser entendida como o fim de um processo de
expansão que se desencadeia no solo a partir de uma posição em repouso. Isto significa que o valor
do empuxo vai diminuindo, com a expansão, até que se atinge um valor critico, situado no limiar da
ruptura, ou da plastificação.
Quando as análises de equilíbrio são efetuadas paras as diversas cunhas hipotéticas supõe-
se que este limiar da ruptura tenha sido alcançado em todas elas, ou seja, todas atingiram a ativação.
Portanto o maior valor de empuxo estabelecido na análise destas cunhas será o crítico, pois no
processo de ativação ele será atingido em primeiro lugar, sendo por conseguinte o empuxo ativo.
Isto corresponde dizer que o empuxo ativo é um ponto de máximo dentre os mínimos valores
determináveis de empuxo. Um fato inverso ao descrito nestes dois parágrafos ocorrerá para o caso
passivo.
Uma outra forma de proceder para calcular os empuxos de terra seria o de estabelecer uma
expressão matemática que descrevesse o equilíbrio de forças e encontrar o ponto máximo (empuxo
ativo) ou de mínimo (empuxo passivo). Nem sempre porém existem facilidades geométricas e de
carregamento que permitam esta linha de ação. Tendo em vista a filosofia do Teorema da região
Superior, no qual se enquadra, o processo de Coulomb tem como principio a comparação entre os
trabalhos de forças externas e o de forças internas. Isto equivale a um equilíbrio estático de forças,
para um dado deslocamento. Assim, nos casos de geometria mais simples, será possível estabelecer
uma equação geral para o problema e encontrar o seu valor máximo, ou mínimo, correspondente às
situações ativa e passiva respectivamente. Em seguida serão fornecidos os casos em que esta
abordagem pode ser possível.
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56- A
Ea W W sen ( - )
= Ea =
sen ( - ) sen(90 + ) sen
Ea
= 0 , que resulta
1
Ea = H 2 K A , onde KA será:
2
2
cosec sen ( )
KA =
sen ( + ) sen ( i)
sen ( ) +
sen ( i)
Tabela 15.2 - Coeficientes de empuxo ativo (KA) pela Teoria de Coulomb, considerando
atrito solo-muro nulo ( = 0)
+ 12o + 30o
i= -30o -12o 0 1 : 4,7 1 : 1,7
= 110o 0,57 0,65 0,81
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56- A
= 100o 0,50 0,55 0,68
= 20o = 90o 0,44 0,49 0,60
E P = 0,5 H 2 K P
2
cosec * sen ( )
Kp =
sen ( + ) sen ( i)
sen ( )
sen ( i)
b) Solução gráfica
A determinação dos empuxos, inclusive para geometrias mais complexas, pode ser feita
através de processos gráficos. Estes processos são todos semelhantes entre si, podendo-
EXEMPLO 15.1 - Determinar graficamente, pelo método de Coulomb, o empuxo ativo sobre o
muro de arrimo esquematizado na Figura 15.16. O muro tem 8,0m de altura, = 20o, e o terrapleno
apresenta = 1,80 tf/m3, s = l + tg 25o tf/m2 e i = 1:4.
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56- A
Figura 15.16 - Determinação do empuxo pelo processo direto-solo com coesão e atrito.
Resolução
1
W= h BD
2
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56- A
1
Escolhendo como escala de forças h resulta para o peso
2
W = BD que tem direção vertical.
a) numa vertical por A marca-se o segmento AQ que representa o peso da cunha na escala
1
h.
2
b) a força de coesão valerá C c AD . Na escala de forças adotada
C 2c AD
=
1 h
h
2
O termo 2c/ tem unidade de comprimento, é constante para todas as cunhas e pode ser
representado pelo segmento AR . Uma paralela à superfície do terreno por R determinará o ponto S
sobre AD. O segmento AI representa a força de coesão na escala adotada.
AR AS AR AD 2c AD
AS = =
h AD h h
c AD
AS +
1
h
2
1
EA = h PQ max.
2
2 2 1
= = 1,11 = AR
1,80
Havendo percolação de água no maciço, a construção gráfica terá a forma (Figura 15.17).
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Agora, além das forças W, C, F e Ea tem-se a força U, resultante das pressões neutras
hidrodinâmicas que agem sobre a cunha. Para computar esta força toma-se o valor da carga
piezométrica nos pontos em que a superfície de deslizamento intercepta as linhas equipotenciais e
marca-se este valor sobre uma linha de base, normal à cunha, neste ponto. Em seguida, traça-se o
diagrama resultante. A força U, de módulo equivalente à área do diagrama, atua no centro de
gravidade da figura e faz um ângulo reto com a linha de deslizamento.
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56- A
Figura 15.18 - Influência da pressão neutra no calculo do empuxo
Esforços laterais devidos a sobrecargas aplicadas à superfície do terreno nem sempre são de
fácil avaliação. Alguns tipos de sobrecargas (uniformemente distribuídas, lineares, etc.) podem ser
consideradas, bastando inclui-las nos polígonos de forças das construções gráficas. Algumas
medidas efetuadas comprovam a aplicabilidade das fórmulas da Teoria de Elasticidade, entretanto
são necessárias algumas correções empíricas para adequá-las aos valores reais medidos. Um dos
aspectos a considerar e que requer correção refere-se à rigidez da estrutura.
Vários autores sugerem aplicar para carregamentos futuros, um fator multiplicativo de 2 nas
expressões da Teoria da Elasticidade, para levar em conta a possível restrição a deformações
imposta pela estrutura.
Apresentam-se a seguir alguns casos mais comuns de sobrecargas.
Estas sobrecargas são tomadas como uma parcela constante que se soma ao valor do
empuxo. Assim, as tensões horizontais devidas a uma sobrecarga q na superfície do terreno
resultam, em qualquer ponto do meio, um valor constante: K q . O valor de K será KA, Ko ou Kp
conforme sejam os deslocamentos da estrutura (Figura 15.19).
q
h1
KA . . h1
N.A.
KA q
H
‘ h2
KA . ‘. h2
KA ( q + h1 + ‘ h2 ) W . h2
h1 ‘ h2 W . h2
EA = KA ( q H + + )+
2 2 2
Figura 15.19 - Influência de sobrecarga uniforme distribuída na superfície do terreno.
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56- A
b.2 - Sobrecarga linear uniforme paralela ao muro
as tensões laterais desse tipo de sobrecarga. Neste caso, ao peso da cunha soma-se o
valor da carga (Figura 15.20), caso ela esteja situada no interior da cunha.
SOLO
+
SOBRECARGA SOLO i
Q D1
D2
E D3
E Q
EA = E + E
A
Figura 15.20 - Influência de sobrecarga linear
m > 0,4 x = mH :
z 2
h = 4 Q m .n
H (m + n2)2
2 z = nH
H
h
m < 0,4
Q 0,203 n
h = H (0,16 + n2)2
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b.3 - Sobrecarga concentrada
H
h
m < 0,4
h ‘ 0,26 R n2
h h = 2 2 3
H (0,16 + n )
( PLANTA )
/2
/2
a ha 2q
ha = ( - sen . cos 2)
A expressão fornece o valor da tensão lateral (h) num ponto a sobre a estrutura de arrimo.
A partir desta expressão estabelece-se o diagrama das tensões horizontais, cuja área fornece o valor
do empuxo provocado pela sobrecarga.
Outra maneira para considerar o efeito de sobrecargas uniformes consiste em empregar o
- Volume 1.
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56- A
A influência do atrito entre o solo e o muro pode ser evidenciada observando-se que
quando o muro move-se, o solo que ele suporta expande-se ou é comprimido conforme
seja o estado ativo ou passivo. No primeiro caso o solo apresenta uma tendência de
descer ao longo da parede que, se impedida, origina tensões tangenciais ascendentes que
O método de Rankine, que desconsidera o atrito entre o solo e o muro, fornece soluções do
lado da segurança. O de Coulomb considera o atrito e fornece soluções mais realistas.
O emprego de uma ou outra teoria está associado, inclusive, como já foi referido, à
geometria do problema. As obras dimensionadas através do método de Rankine serão mais caras
pois, como se sabe, este método fornece valores mais conservativos em face de não considerar o
atrito entre o solo e o muro. Por outro lado esta teoria é de extrema simplicidade e portanto menos
trabalhosa do que a solução de Coulomb.
A presença do atrito, além de reduzir o valor do empuxo, provoca a sua inclinação. Isto
torna os muros mais estáveis já que a componente horizontal do empuxo está diretamente
relacionada com a estabilidade do muro quanto a escorregamento e tombamento. O ângulo de atrito
entre solo e muro depende fundamentalmente do ângulo de atrito do solo. Na falta de um valor
especifico, recomenda-se adotar para um valor situado entre:
' 2
'
3 3
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56- A
D Q D
B B superfície
crítica
CG S
superfície y RS
y=
crítica 3
E
R
E
A
A A
(a) (b)
Figura 15.24 - Determinação do ponto de aplicação do empuxo: a)devido ao solo; b)
A partir da construção gráfica (processo direto, por exemplo), o valor de E pode ser
computado como E E' - E , onde E' refere-se ao empuxo devido ao solo e à sobrecarga e E
refere-se ao empuxo devido somente ao solo. Conhecendo-se os valores de E e E e seus pontos de
aplicação, pode-se estabelecer o ponto de aplicação do empuxo total E'.
e) Fendas de tração
Desde que haja coesão no solo, o estado de tensão que provoca sua ativação provocará
também o aparecimento de fendas de tração.
A superfície do terreno o valor de v será nulo e a tensão horizontal negativa. Como o solo
não resiste tensões de tração (tensões negativas) formam-se, na sua superfície, fendas. Estas fendas
irão até uma profundidade em que a tensão horizontal anula-se, ou seja:
ha = 0 = K A Z o - 2c K A
2c
Zo = KA
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56- A
B D 2c v Ka
H Ea + +
+
A Ka H 2c v Ka H Ka - 2c v Ka
Figura 15.25 - Empuxo em solo com coesão, supondo que resista tração.
Como o solo não resiste às tensões de tração aparecerão fendas até a profundidade z o; o solo
acima desta cota contribui para o empuxo como se fosse uma sobrecarga (Figura 15.26).
zo
+ + + +
Ka (H - zo) 2c v Ka zo Ka
Figura 15.26 - Empuxos em maciços com coesão: desenvolvimento de fendas de tração.
Seja a Figura 15.27 em que um muro de arrimo de parede angulosa sustenta um maciço
de altura H.
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56- A
B A
E1
h1
h2
E2
C D
Figura 15.27 - Determinação dos empuxos em muros com paredes angulosas.
Imagina-se a condição imposta pela Figura 15.28 onde uma estrutura de suporte sustenta
tensões horizontais provocadas por um maciço estratificado.
D1
D2
h1
D3
h2
h3
A
O calculo do empuxo atuante sobre o elemento de suporte pode, a grosso modo, ser feito
por camadas. Considera-se inicialmente a camada superior onde a figura geométrica B1B2D2D1
aplica sobre o segmento B1B2 de espessura hl, a parcela E1 ponto de aplicação e a direção de E1,
pode ser determinado por um processo conhecido.
Em seguida analisa-se a figura B2B3D3D2 que atua sobre o segmento B2B3 de espessura h2.
Despreza-se o atrito entre os estratos e a contribuição do atrito existente entre o solo e o muro fora
da região considerada. O efeito da camada superior é analisado como se fora uma sobrecarga.
Aplica-se o mesmo raciocino para as camadas subseqüentes.
Quando, apenas a massa específica das camadas for diferente a análise pode ser conduzida
pelos processos gráficos da teoria de Coulomb.
A teoria de Rankine, como ficou definido, aplica-se ao caso em que o tardoz do muro é
vertical e liso. Esta condição ideal é, às vezes, conseguida em estacas prancha metálicas ou quando
o muro com parede vertical está sujeito a esforços sísmicos.
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Principalmente quando o muro tem tardoz inclinado, tem-se utilizado a
simplificação de se passar pelo pé do muro um plano vertical imaginário, considerando que a cunha
de solo, que se situa entre o muro e este plano, contribua com seu peso para a estabilidade do
conjunto e que o solo à direita deste plano esteja nos estados de equilíbrio de Rankine. O mesmo
ocorre com freqüência em muros de flexão que têm sua base penetrando no maciço (Figura 15.29).
Quando o muro se desloca, desenvolve-se a superfície de ruptura ad . O solo situado à
esquerda de ab permanece no estado elástico, desenvolvendo-se o estado de equilíbrio plástico,
somente dentro da cunha abcd, desde que o ângulo seja suficiente para que se desenvolva a
superfície ab sem interferência com o muro.
O peso de solo situado sobre o muro contribui então para a estabilidade do muro e o
empuxo é calculado sobre a superfície ac , dado que o prisma acd encontra-se no estado de
equilíbrio limite de Rankine. Em solos arenosos, para que tal ocorra é necessário que:
1 o sen i
90 i ' arcsen
2 sen '
EA
EA EA
d i
EA
w
a
(d)
Figura 15.29 - Aplicação da teoria de Rankine: a) Muro vertical com talude horizontal;
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Quando o muro é vertical, mas o terrapleno tem inclinação i, desde que i < , é aceitável
admitir-se as hipóteses de Rankine, com as ressalvas já feitas, e tomar a direção do empuxo paralela
à superfície do terreno.
Na teoria de Rankine está a admitir-se que não existindo atrito entre o solo e o muro, a
cunha de plastificação possa mover-se livremente, no caso ativo para baixo e no caso passivo para
cima, em relação ao muro. Claro se torna, que a presença do atrito dificulta este movimento livre e
que sua ausência aumenta a ação da cunha sobre o muro no caso ativo e a reduz no caso passivo.
Em ambos os casos têm-se obras mais seguras e possivelmente mais caras do que aquelas que
consideram os esforços no contato solo-estrutura.
Caso se desenvolva atrito entre solo e muro (situação mais real), ou a geometria do
problema e solicitações externas tornem a teoria de Rankine inaplicável, utiliza-se a teoria de
Coulomb. No cálculo de empuxos passivos nenhuma das teorias fornece valores razoáveis,
sobretudo quando o atrito que se desenvolve é grande. Já foi referido neste trabalho que a presença
do atrito altera a forma da superfície de ruptura tornando-a curva no seu trecho inicial próximo ao
pé do talude. Para valores de próximos dos 10o esta hipótese de superfície plana fornece valores
compatíveis com os reais. A partir deste limite a influencia do atrito passa a ser considerável e
melhor seria calcular o valor do empuxo passivo com base na construção gráfica denominada
circulo de atrito.
Para que se entenda o procedimento empregado para a determinação do empuxo passivo
através do circulo de atrito, considerem-se as Figuras 15.30 e 15.31.
circulo de atrito.
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A cunha deslizante ABD sofre a ação do muro, ação esta que pode ser representada pelo
empuxo passivo Ep Essa força está aplicada no terço médio inferior do muro (H/3 medido a partir
do pé do muro). O empuxo passivo constitui o mínimo dos valores estabelecidos para as várias
cunhas hipotéticas analisadas.
A cunha ABD pode ser dividida em duas regiões: ABE e BDE. Para definir esta cunha
traçam-se por B e D retas que fazem (45 - /2) com a superfície do terreno; o ponto de encontro
destas duas retas define o ponto E. Traça-se por E uma perpendicular ao segmento DE . Por
tentativas ajusta-se um circulo que tendo centro sobre esta perpendicular, passe por A e tenha o
segmento DE como tangente, no ponto E.
Esta construção baseia-se na hipótese que admite estar a cunha BDE no estado de
plastificação de Rankine.
A cunha ABD pode ser dividida em duas outras regiões, ABFE e FED, esta, definida por
uma reta vertical traçada a partir de E. O ponto F situa-se no cruzamento desta vertical com a
superfície do terreno.
2
A porção FDE, representada pelo empuxo passivo E 'p ( E p ' = 0,5 Kp EF , com
K P 1 sen 1 sen ) atua sobre a região ABFE.
A direção de E 'p é horizontal e seu ponto de aplicação dá-se no terço médio inferior do
segmento FE .
As forças que atuam sobre a região ABFE são as seguintes:
W = peso da cunha;
F = força de atrito que age ao longo do comprimento AE ; atua sobre uma reta base que faz
um ângulo marcado em relação a superfície de ruptura. Esta reta é tangente a um círculo do
centro O e raio r = R sen , denominado circulo de atrito;
E = empuxo passivo que constitui a reação do muro sobre a cunha ABD; atua segundo
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Figura 15.31 - Determinação do empuxo passivo em solos com coesão e atrito pelo
Para maciço com coesão e ângulo de atrito e tendo ainda a atuar, à superfície, uma
sobrecarga q, o calculo do valor do empuxo passivo pode ser obtido através do método do círculo
de atrito.
Este problema pode ser colocado como a soma de dois outros: o primeiro considerando o
solo como granular apenas; o segundo tendo em conta a ação da sobrecarga e da coesão, admitindo
que o solo não tem peso. Estas hipóteses podem ser melhor entendidas se analisar a expressão de
método de Rankine que fornece o empuxo passivo para está mesma condição:
E p = H K p + 2c K p + K p q
um valor de empuxo passivo E 1p que pode ser obtido pelo processo já descrito a este valor deve-se
somar aquele referente ao segundo problema E 2p , que considera o termo H Kp nulo, ou seja, seria
admitir um maciço com a mesma geometria do anterior, porém com o solo sem peso ( = 0).
E p = E 1p + E 2p
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1
Então, como ficou acima especificado, a parcela E p será obtida através do método do
círculo de atrito conforme seqüência já descrita, de acordo com a Figura 15.30.
2
Para o calculo de E p considere-se a Figura 15.31.
A forma de construção das superfícies de ruptura hipotéticas análogas à descrita para o caso
de maciço granular.
''
A reação da região FDE sobre a porção ABFE é dada pelo empuxo passivo E p referente à
ação da sobrecarga que atua no trecho FD . Ela tem seu ponto de aplicação situada à meia altura do
segmento FE visto que, neste caso, o diagrama de tensão é constante com a profundidade.
''
As forças que atuam sobre o elemento do solo ABFE, além de E p são:
C=C AE e C=C AE
F - força de atrito que sé desenvolve ao longo do trecho AE, esta força faz um ângulo •
Em termos gráficos monta-se o polígono de forças a partir de dados das direções e sentidos
das forças envolvidas obtidas nas construções geométricas que seguem o roteiro abaixo:
''
1) inicia-se pelo polígono somando vetorialmente E p e S, cuja resultante é R1;
''
2) prolonga-se, no desenho, a linha de ação da E p até encontrar a força S, ponto M;
3) por M traça-se uma reta paralela a R, que cruza a linha de ação de Ca no ponto N;
4) soma-se, no polígono de forças, vetorialmente R1 e Ca dando como resultado R2;
5) pelo ponto N traça-se uma paralela a R2 que intercepta a reta base de C, no ponto Q;
6) soma-se vetorialmente R2 a C obtendo-se a força R3;
2
7) por Q traça-se uma paralela a R3 que cruza com a linha base de E p , no ponto T;
8) por T traça-se uma reta tangente ao circulo de atrito, deter minando-se a reta base de F;
2
9) completa-se o polígono de forças somando-se a R3 as forças E p e F cujas direções são
conhecidas. Estando a cunha em equilibro estas forças fornecem um polígono fechado, ou seja, as
2
linhas base destas duas forças se interceptam definindo os módulos de E p e F.
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56- A
Determina-se, assim, o empuxo total.
E p E 1p E 2p
Para variar as cunhas ABD e determinar o empuxo passivo (mínimo dentre os hipotéticos
valores encontrados), basta considerar novos pontos E sobre a reta Ac (Figuras 15.30 e 15.31).
EXEMPLO 15.2
Resolução
10 5 25 250
EA = x = tf / m = kN / m
3 2 3 3
h = OPA = 3,3 tf / m 2
b)
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56- A
hA K A - 2c KA
= 15o K=
O,59
Graficamente, tem-se:
2c 1 2 x1 1
z0 = x = 1,30m
KA 2 0,59
Graficamente:
OT = v para hA 0
v z 0 2,54 z0 = 1,27m
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56- A
SINOPSE
ha K A v K A z cos i
1 - sen
KA = tg 2 (45 - /2)
1 + sen
ha K A z
ha K A z - 2cK A
7. A determinação dos esforços por Rankine pode ser feita graficamente num plano de
Mohr (x). Conhecida a tensão vertical (V), o maciço é levado à ruptura por alívio de tensão
lateral (caso ativo) ou por acréscimo de tensão (caso passivo). Quando toda a resistência é
mobilizada (círculos de Mohr tangenciando a envoltória de resistência) têm-se as tensões laterais
mínima (ativa) e máxima (passiva).
8. A Teoria de Coulomb considera superfície de ruptura plana, passando pelo pé do muro,
atrito entre solo e muro, e permitindo calcular empuxos em problemas de geometria mais
complicada.
9. O empuxo devido à água deve ser considerado separadamente. Não é possível incluir
esforços devidos à percolação de água pela Teoria de Rankine. Ao assumir nível de água estático,
lembrar que os coeficientes de empuxo referem-se a tensões efetivas, e que a água exerce igual
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56- A
pressão em todas as direções. Na análise de Coulomb basta considerar a
resultante das pressões de água e incluí-la no polígono de forças.
10. Existem fórmulas teóricas para calcular esforços laterais devidos a sobrecargas
aplicadas à superfície do terreno. Alguns tipos de sobrecarga (uniforme, linear, etc.) podem ser
facilmente consideradas bastando incluí-las no polígono de forças.
11. Em solos que apresentam coesão existe a possibilidade de surgimento de fendas de
tração. A profundidade que estas podem atingir é determinada pelo ponto em que a tensão lateral se
anula ha 0 .
12. A máxima altura que um corte vertical poderá atingir em um solo puramente coesivo
4c
Hc =
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CAPÍTULO 16(1)
ESTRUTURAS DE ARRIMO
1. INTRODUÇÃO
Sempre que se deseje vencer um desnível e não houver espaço para a construção de um
talude, ou ainda, quando se deseje efetuar aberturas no terreno natural, para a implantação de
galerias, por exemplo, há necessidade de construir estruturas de suporte que impeçam o
desmoronamento do terreno.
As estruturas de arrimo podem ser de vários tipos e proporcionam estabilidade de várias
maneiras. Existem os muros de arrimo de gravidade, de gravidade aliviada, muros de flexão, muros
de contraforte, cortinas de estacas prancha, cortinas de estacas secantes ou justapostas, cortinas de
perfis metálicos (H ou I) combinados com pranchões de madeira, paredes diafragma e
eventualmente partes de estruturas projetadas para outro fim, que têm por finalidade retenção como
por exemplo os sub-solos de edifícios e cortinas de pontes.
Pode-se utilizar estruturas de arrimo em obras temporárias, como na abertura de valas para
implantação de condutos e metrôs. Nestes casos, geralmente, introduzem-se os elementos da
estrutura anteriormente à escavação e à medida que se processa a escavação, complementa-se a
estrutura com os elementos adicionais: pranchões de madeira, estroncas, tirantes, etc. Completada a
obra, procede-se ao reaterro da escavação e os ele mentos utilizados no escoramento podem ser
retirados e reaproveitados.
Em obras definitivas, como no caso dos muros de arrimo, é normal proceder-se à
escavação, deixar um espaço livre atrás de onde será implantada a estrutura, para facilidade de
trabalho, e, uma vez completada a estrutura, procede-se ao reaterro do espaço deixado livre . Deve-
se frisar, entretanto, que estas não são regras gerais para estruturas temporárias e definitivas,
havendo comumente exceções.
Os muros de gravidade dependem basicamente de seu peso para manter a estabilidade; suas
dimensões são de tal ordem que não se desenvolvem tensões de tração em nenhuma seção.
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56- A
No caso de muros de gravidade aliviada o principio básico é o mesmo, só
que por razões de economia substitui-se parte do muro pelo solo que atua sobre a base. Há
necessidade de se reforçar o concreto.
Além da alvenaria e do concreto, pode-se construir muros de gravidade com o emprego de
outros materiais. Os "crib-walls" (Figura 16.2) são compostos de tarugos de madeira, concreto ou
aço, formando gaiolas preenchidas posteriormente por solo.
A terra armada é um material que conjuga solo e uma armadura de tração (tiras metálicas,
fios, fibra de vidro, geotêxteis). Por um mecanismo de atrito cria-se uma pseudo-coesão que
garante estabilidade ao maciço. O revestimento tem por finalidade impedir que o solo situado entre
armaduras escoe e também proporcionar estética à estrutura.
A utilização de seções delgadas de concreto armado ocorre nos muros de flexão e de
contrafortes (Figura 16.4). Trabalham sob tensões de tração, daí a necessidade de utilizar-se
concreto armado.
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56- A
Os muros de flexão são utilizados com razoável economia até alturas da ordem de 6,0 m; os
contrafortes por introduzirem uma rigidez adicional na estrutura aplicam-se para alturas maiores
que 8,0 m e/ou quando as solicitações são elevadas.
As estacas prancha são peças de madeira, concreto armado ou aço que se cravam formando
por justaposição as cortinas e se prestam para estruturas de retenção de água ou solo, podendo ser
utilizadas tanto para obras temperarias quanto definitivas (Figura 16.5).
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A utilização de ancoragens permite uma redução das deformações
laterais, dos momentos solicitaste e da profundidade de cravação da estaca; como alternativa para as
ancoragens pode-se ter estacas prancha escoradas por estroncas.
De uma maneira geral as estacas prancha são cravadas até a profundidade fixada em projeto
e em seguida procede-se à escavação em estágios, quando vão sendo colocadas os elementos de
suporte adicionais (estroncas, tirantes, etc.).
Em obras urbanas, tipo vala-aberta, encontram grande aplicação os perfis metálicos
cravados, combinados com pranchões de madeira.
Figura 16.6 - Estacas prancha de extremidade livre (a)e de extremidade fixa (b). T-reação
devida à ancoragem; A-esforço sobre a cortina; R-empuxo passivo disponível; S-empuxo passivo
reverso, necessário para obter engastamento.
Esse tipo de escoramento segue a mesma linha de construção das estacas prancha, ou seja,
cravação dos perfis, início da escavação até a cota de colocação do primeiro elemento estrutural
adicional, prosseguimento da escavação até o próximo nível de entroncamento colocação da
estronca, e assim sucessivamente até o fundo da escavação (Figura 16.7).
No que se refere a escavações escoradas podemos ter ainda os seguintes tipos de
escoramentos: estacas secantes, estacas justapostas e paredes diafragma.
O método de construção para os três casos é basicamente o mesmo: primeiro, escavação do
furo até a cota desejada (eventualmente as estacas podem ser também cravadas), estabilização do
furo com lama tixotrópica e posterior concentragem. As estacas secantes e paredes-diafragma
encontram maior aplicação quando se deseja impedir a migração de finos e/ou passagem de água; já
as estacas justapostas são utilizadas para reter solos granulares acima do NA quando então se conta
com a contribuição do arqueamento.
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56- A
As paredes diafragma são construídas em painéis alternados com dimensões situadas entre
50 x 250 cm e 90 x 400 cm; a escavação é feita com caçamba tipo "clam-shell" e a concretagem é
submersa afastando-se a lama bentonítica que estabiliza o furo. A Figura 16.9 esquematiza as
diversas fases de construção de uma parede diafragma.
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56- A
Figura 16.9 - Parede Diafragma: a) execução de paredes guia; b) escavação com auxilio de
lama; c) colocação de armadura; d) concretagem submersa; c) retirada dos tubos guia; f) secção.
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56- A
A determinação dos esforços laterais sobre muros de arrimo, pode ser feita por qualquer dos
métodos tradicionais, desenvolvidos no capitulo anterior e que seja aplicável ao problema em
questão. De qualquer forma, relembra-se que os esforços são decisivamente determinados pelas
deformações em jogo e muitas vezes, dada a rigidez da estrutura, não ocorrem deformações
suficientes para mobilizar os estados de equilíbrio plástico. Experimentos com areias densas
realizados por Terzaghi mostraram que a distribuição linear de esforços, tal qual preconizado nas
teorias tradicionais, tem chance de ocorrer quando o muro sofre um giro em torno do seu pé (Figura
16.l0 a).
Para areias compactas basta que o topo do muro se desloque cerca de 0,001 da sua altura,
para que o estado de tensões passe do repouso para o ativo. Como o deslocamento é muito
pequeno, parece lícito supor que essa situação ocorre comumente nos muros de arrimo em balanço.
Situação semelhante ocorre quando o muro tende a sofrer uma translação na horizontal.
Inicialmente o diagrama tende a uma forma parabólica (Figura 16.10 b), com a resultante situada a
meia altura; porém com pequenos deslocamentos (aa’) o diagrama passa a triangular (Figura 16.10
c), com a resultante posicionando-se no terço inferior do muro. Terzaghi assinala que em função
dos pequenos deslocamentos necessários para atingir o estado de equilíbrio ativo, pode-se desprezar
a primeira etapa (Figura 16.10 b), quando se trata de muros em balanço e admitir distribuição linear
de esforços.
Caso o muro gire em torno de seu topo, as deformações na parte superior serão insuficientes
para atingir o estado de equilíbrio plástico (Figura 16.10 d). Entretanto, na parte inferior, os
deslocamentos já são suficientes para atingir o estado de equilíbrio limite. As partículas de areia da
parte superior, por causa da restrição lateral, tendem a movimentar-se para baixo, porém a essa
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56- A
tendência de movimento contrapõem-se tensões de cisalhamento na parte de solo
contígua à superfície de desligamento.
Como conseqüência, a tensão vertical na parte inferior da cunha é menor do que a tensão
vertical em repouso, que corresponde ao peso de solo sobrejacente. Disso resulta, um diagrama
parabólico com tensões altas próximo à superfície e baixas próximo ao pé do muro (Figura 16.10 d).
Este fenômeno de transferência de cargas na massa de solo, de um nível que passou pela
ruptura, para outro nível contínuo, fora da zona de ruptura, recebe o nome de arqueamento. O
arqueamento condiciona uma série de comportamentos observados nos solos, sobretudo nos
granulares, como por exemplo, na distribuição de esforços sobre valas escoradas (item 4) e na
capacidade de carga de estacas.
Outra situação na qual a distribuição de esforços não é linear ocorre quando as
extremidades inferior e superior do paramento estão impedidas de se deslocar, porém, com
possibilidade de flexão na parte central (Figura 16.10 e). Novamente, por efeito de arqueamento, o
diagrama assume uma forma dupla parabólica com esforços menores onde os deslocamentos são
maiores. Exemplo clássico de tipos de estruturas sujeitas a restrições desse tipo refere-se a cortinas
de contenção em pontes e sub-solos de edifícios. Estas estruturas estando apoiadas sobre fundações
pouco deformáveis terão a sua parte superior impedidas de deslocar pela presença das lajes. Deve-
se chamar a atenção para o caso de a estrutura ser bastante rígida, o que poderá impedir
deformações apreciáveis e gerar um estado de esforços próximo do repouso.
Chama-se a atenção também para o caso dos solos pré-adensados que podem apresentar
coeficientes de empuxo maiores que a unidade.
A Figura 16.11 mostra sugestões para a definição das dimensões de muros de arrimo,
segundo Bowles (l977).
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56- A
O projeto estrutural do muro consiste em apenas uma das etapas do projeto global. Os
esforços laterais podem gerar situações de instabilidade, seja por desligamento da estrutura ou
tombamento. A Figura 16.12 ilustra os esforços a observar na verificação ao desligamento e ao
tombamento de um muro de arrimo.
A parcela horizontal do empuxo deve ser comparada com todos os esforços resistentes e
que na Figura 16.12 são:
- coesão e atrito na base: a resistência que se desenvolve entre muro e solo pode ser
colocada semelhantemente à envoltória de resistência dos solos S = Ca + f N
Onde: Ca - força de adesão solo muro (Ca = ca . B)
f - coeficiente de atrito
empuxo passivo (E p)
Evidentemente o empuxo ativo a considerar será composto de todas as ações que possam
atuar sobre o muro: solo, água, sobrecargas, etc.
E ph + c a B + f N'
FS = N' = N U
E Ah
Devido a vários problemas que podem ocorrer com a coesão, recomenda-se utilizar em
solos argilosos como adesão solo-muro Ca = (0,5 a 0,75)c limitando-se esse valor a um máximo de
5 tf /m . Para concreto lançado fresco sobre o solo, pode-se tomar f = tg .
Dentre as forças que se devem incluir em N, esta EAv, componente vertical do empuxo.
Caso não se possa garantir que o solo situado frente ao muro venha a permanecer durante a vida útil
da obra não se deve considerar a sua contribuição.
Normalmente, procura-se obter os seguintes fatores de segurança:
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56- A
O deslizamento geralmente constitui a situação mais critica para muros
sobre solos arenosos. Caso haja camadas de menor resistência subjacentes ao solo de apoio do
muro, deve-se considerar a possibilidade de deslizamento por essa camada.
O Fator de Segurança ao tombamento é calculado considerando-se os momentos em relação
ao pé do muro (ponto A Figura 16.12).
W a + Ep c
FS =
Ea b
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56- A
Caso se utilizem solos siltosos ou argilosos, como material de reaterro, além das
dificuldades já apontadas no item 1, deve-se esperar aumento de esforços devido à água, mesmo
existindo um eficiente sistema de drenagem. Em épocas de intensa precipitação, o nível de água
tardará a baixar, pois devido à baixa permeabilidade desses solos, a água fluirá muito lentamente
para o dreno.
4. ESCAVAÇÕES ESCORADAS
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56- A
Completada a cravação dos perfis, inicia-se a escavação, que prossegue até a
colocação do primeiro nível de estroncas. É razoável supor-se deformações praticamente nulas
devido à pequena altura de escavação e o estado de tensões fica determinado pela condição em
repouso. A Figura 16.16 ilustra as diversas etapas de construção.
Ao prosseguir a escavação até a profundidade do segundo nível de estroncas, a rigidez da
primeira estronca impede deslocamentos da parte superior do escoramento, porém a profundidade
da escavação gera esforços laterais suficientes para provocar um deslocamento dos perfis para
dentro da escavação (Figura 16.16.c). A rigidez da estrutura II e mesmo qualquer pré-compressão
são incapazes de reconduzir o terreno a seu estado original de tensões, porém pode alterar os
esforços na região próxima.
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56- A
H
N
c
Para valores de N superiores a 6 é provável uma ruptura pela base e para N variando entre 3
e 4 tem-se o início de formação de zonas de plastificação, com movimentos significantes do solo.
O fator de redução m da expressão
4c
KA = 1 - m (argilas moles e médias)
H
oscila entre 0,4 e 1,0. Segundo as medições efetuadas nas argilas de Oslo (normalmente
adensadas, aparentemente) e Chicago (ligeiramente pré-adensadas) é provável que m = 1,0 em
argilas pré-adensadas e m < 1,0 nas argilas normalmente adensadas, sempre quando N > 4 e a
camada de argila seja suficientemente espessa para que se desenvolva integralmente a zona plástica.
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56- A
No dimensionamento estrutural dos perfis, pode-se considerá-los como
uma viga continua com a parte superior em balanço e intermediariamente apoiado nas estroncas e a
parte inferior em balanço ou com as condições de apoio determinadas pela profundidade de
embutimento do perfil (ficha). Um processo rápido para determinação dos esforços sobre as
estroncas está representado na Figura 16.18.
Figura 16.18 - Processo simplificado para determinação dos esforços nas estroncas.
Outra alternativa, esta mais simples consiste na colocação de escoras apoiadas no fundo da
escavação.
A distribuição de esforços adotada para o metrô de São Paulo aparece nas Figuras 16.20 e
16.21, para solos arenosos e solos argilosos respectivamente.
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56- A
Figura 16.20 - Distribuição de esforços para solos arenosos Metrô de São Paulo.
No presente caso, considera-se que o solo onde está embutido o perfil proporcione um
apoio situado a 60% do comprimento da ficha. Cargas adicionais, tais como devidas a fundações de
edifícios, devem ser incluídas.
Figura 16.21 - Distribuição de esforços para solos argilosos. Metrô de São Paulo.
1 c 1
zo = 2,67
2 KA
A profundidade da fenda assim calculada deverá ser limitada a 3,0 m e o peso de solo, até a
profundidade zo é tomado como uma sobrecarga. Além disso, deve-se supor a fenda preenchida por
1
água o que resulta um esforço adicional de W z o2 .
2
Na verificação da estabilidade da pranchada, um dos aspectos a considerar refere-se à
profundidade da ficha to. Para facilitar essa verificação pode-se, na adoção do diagrama
equivalente, considerar o empuxo ativo como atuante em toda a extensão do perfil (h + to),
conforme se mostrará no próximo item.
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56- A
Nas paredes de perfil metálico com pranchões, estes descem somente até o fundo da
escavação, formando uma parede continua. Abaixo do fundo, seguem apenas os perfis, sendo
necessário verificar o empuxo passivo disponível para garantir o apoio do perfil. Uma forma de
cálculo proposta por Weissenbach, considerando perfil com aba bo = 30 cm e espaçamento entre L
> l,50 m, é dada pelas expressões.
to - comprimento da ficha
f1 solo
2,0 - marca em blocos (c 1,0 tf /m2)
1,5 - areia (Dr 70%)
0,6 - silte e argila
b - (b - largura da aba do perfil - cm)
f2 =
30
L - (L - espaçamento entre perfis - m)
f3 =
1,50
Para espaçamentos usuais entre perfis (L = 1,50 a 2,00 m) é comum admitir-se a parede
como contínua até o fim do perfil. Assim o empuxo passivo a considerar pode ser calculado pelas
teorias tradicionais.
Na verificação da ficha procura-se um fator de segurança mínimo de 1,5. Quando no ajuste
do diagrama consideram-se os esforços como atuantes em toda a extensão do perfil, o fator de
segurança da ficha é dado por (Figura 16.22).
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56- A
Q B W - E A tg - c H
RH c N c q . N q B Ng
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56- A
Terzaghi considerou que a carga máxima (Q’RH) que o solo pode suportar à profundidade H,
para uma sapata de largura B é:
Q RH
Q 'RH =
2
onde: - Q RH 2B (c Nc q Nq g B N )
Q 'RH B(c N c + q N q + B N )
FS = =
QB W - E A tg - c H
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56- A
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56- A
A estabilidade pode ser calculada por qualquer dos métodos apresentados no Capítulo 14,
devendo-se garantir um fator de segurança adequado para a situação mais critica que possa ocorrer.
Observe que as estroncas atuam como esforços externos e devem ser incluídas na analise de
estabilidade.
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56- A
EXEMPLO 16.1
= 35o
= 30o 1 0,82 = 0,28
K =
i = 10o A
0,91 0,42
0,87 +
0,98
1 E Ah = 5,76 tf/m
EA = 1,90 5 2 0,28 = 6.65 tf/m
2 E Av = 3,32, tf/m
Obs. 1 tf = 10 kN
- peso do muro
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56- A
W1 5 0,40 2,50 5,0 tf/m
5 1
W2 1,60 2,50 12,0 tf/m
2
FS D =
12,0 + 5,0 + 3,32
=
11,73
= 2,0
5,76 5,76
- tensões na fundação
considerando momentos em relação ao centro da base do muro (ponto C), tem-se:
excentricidade da resultante – e
tf . m
e=
M M = 6,65 0,90 + 12,0 0,02 - 5 0,80 = 2,58 m
V V = 20,32 tf / m
20,32 6 x 2,58
2,58 = = 10,16 3,87
e = 0,13 m 2,0 2,0 2
20,32
A = 14,03 tf / m 2 B = 6,29 tf / m 2
SINOPSE
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56- A
plástico, deformações visco-elásticas, dificuldades de drenagem, expansões, são
algumas das razões que tornam problemática a utilização de solos argilosos como preenchimento.
7. Os esforços sobre escoramentos flexíveis escorados diferem daqueles dados pelas teorias
tradicionais. A adoção de diagramas empíricos, para vários tipos de solo, tem permitido
dimensionar esses escoramentos.
8. Além do dimensionamento estrutural das partes componentes do escoramento flexível de
uma escavação (perfis metálicos, pranchões de madeira e estroncas) é necessário verificar as
estabilidades da ficha, do fundo da escavação, da ruptura do talude formado e dos deslocamentos da
pranchada.
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56- A
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