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EPM103
Pesquisa Operacional II
Fevereiro, 2013
EPM103 (2013) Teoria das Filas
1. Introdução
Você se lembra da última vez em que perdeu parte do seu precioso tempo aguardando
em uma fila? Talvez tenha sido no supermercado, no banco, no caixa eletrônico, no
trânsito, no restaurante ou mesmo na Internet (esperando por atendimento on-line ou
em algum servidor de jogos...). Para a maioria das pessoas, o tempo gasto em uma fila
vai do "indesejável" ao "isto é um absurdo! Será que eles não poderiam colocar mais
funcionários atendendo?".
No início do século XX, Agner Krarup Erlang, um engenheiro de telecomunicações di-
namarquês, iniciou o estudo do congestionamento e dos tempos de espera para a reali-
zação de ligações telefônicas, iniciando assim a chamada Teoria das Filas. A teoria
das filas não é um método de otimização estrita (como a programação linear, por
exemplo), mas sim, uma ferramenta que se preocupa com a elaboração e a solução de
modelos matemáticos que representem analiticamente o processo de formação de fila.
Os modelos da teoria das filas procuram fornecer informações como:
2
EPM103 (2013) Teoria das Filas
Uma constatação óbvia de quem vai ao banco: em certos dias do mês, próximos às da-
tas de pagamento de salários, a fila do banco é maior porque um número maior de pes-
soas resolveu ir ao banco simultaneamente. É fácil constatar que o comportamento da
fila do banco é influenciado pelo processo de chegada de clientes (de quanto em quanto
tempo um novo cliente entra no banco). Por outro lado, você sempre reclama daquele
famoso banco que tem poucos caixas de atendimento e percebe que, com mais caixas ou
com caixas mais modernos, o seu tempo de espera no banco seria menor. De fato, o
comportamento da fila também é influenciado pelo processo de atendimento nos servi-
dores (quanto tempo dura o atendimento de cada cliente em cada caixa).
Para estudarmos uma fila, devemos caracterizar tanto o processo de chegada de clien-
tes, quanto o processo de atendimento dos clientes nos servidores. Isto é feito por meio
da identificação das distribuições de probabilidades que regem esses processos. Para
que isso seja possível, devemos fazer inicialmente uma coleta de dados sobre os inter-
valos de tempo entre chegadas e os tempos de atendimento em cada servidor. Em se-
guida, podemos elaborar tabelas de freqüências acumuladas para as distribuições ob-
servadas dos intervalos entre chegadas e dos tempos de atendimentos (admite-se que
as médias dos tempos de atendimento já foram testadas estatisticamente e rejeitou-se
a hipótese de que as médias sejam diferentes).
Para a aplicação da teoria das filas é interessante, mas não necessário, que as distri-
buições observadas tenham um modelo teórico associado (exponencial, Erlang, unifor-
me ou normal, entre outras). Assim, devemos proceder a um teste de aderência para
verificarmos qual modelo teórico melhor se adapta à distribuição observada. Um dos
testes estatísticos de aderência mais utilizados é o do qui-quadrado, apresentado re-
sumidamente no apêndice A desta apostila. Na prática, este tipo de análise é feita em
softwares específicos (Stat::Fit, por exemplo), que realizam outros testes de aderência
além do teste do qui-quadrado, como o de Kolmogorov-Smirnov.
Exercício
3. Disciplina de serviço
Ao entrar em um sistema de filas, um cliente poderá ter que esperar em fila por algum
tempo até que um servidor esteja disponível para atendê-lo. Contudo, nem sempre os
clientes são atendidos na ordem de chegada já que as filas são sempre regidas por al-
gumas regras de funcionamento, denominadas disciplinas de serviço. Entre as dis-
ciplinas comumente utilizadas, destacam-se:
3
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FCFS (first come, first served) – primeiro a chegar, primeiro a ser atendido: os cli-
entes são atendidos na ordem em que chegam. Trata-se da disciplina mais comum em
sistemas que envolvem pessoas. Quando alguém "fura a fila", está desrespeitando a
regra FCFS (e deveria ser sumariamente enforcado);
FCLS (first come, last served) – primeiro a chegar, último a ser atendido. Aparen-
temente pouco comum, esta regra "comanda" diversos sistemas de armazenamento e
estocagem (mesmo quando não é a estratégia mais adequada);
SIRO (served in random order) – atendimento aleatório dos elementos em fila;
GD (generic discipline) – disciplina genérica de atendimento.
4. Estrutura do sistema
A estrutura mais simples de um sistema de filas é composta por uma fila e um único
servidor, como representado na Figura 1.
Servidor
Saída
Chegada
de clientes
Clientes em fila
Servidores
Saída
Chegada
de clientes
Clientes em fila
4
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deira e, por último, pela máquina fresadora. Cada máquina tem a sua própria distri-
buição do tempo de atendimento e a peça pode esperar em alguma fila antes de ser
atendida por cada uma das máquinas. Um sistema deste tipo forma uma rede de fi-
las, como exemplificado na Figura 3. Apesar da sua importância, a obtenção de resul-
tados analíticos para este tipo de sistema é extremamente difícil e não faz parte do
escopo deste material.
Servidores
Saída
Chegada
de clientes
Clientes
5. Notação de Kendall-Lee
(a/b/c):(d/e/f)
onde:
5
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Convém mencionar que, em muitas situações, a fila é especificada apenas pelo primei-
ro termo (a/b/c), pois se admite que o primeiro cliente a chegar é o primeiro a ser
atendido, não há limitação na capacidade do sistema e a população é infinita.
Exercício
fila pode nunca se dissipar ao longo da próxima hora, afetando diretamente o desem-
penho do sistema dentro do período de análise. Neste caso, o sistema deve ser analisa-
do no seu regime transitório, que é o período em que o sistema é dependente das su-
as condições iniciais.
Por outro lado, se as condições iniciais do sistema se dissipam, ou seja, o período de
análise é suficientemente longo para que as condições iniciais não afetem o comporta-
mento médio do sistema, a análise pode ser feita apenas para o estado estacionário.
Devido à natureza matemática do problema, o regime transitório é de análise extre-
mamente difícil e não será estudado neste trabalho.
7. Fórmula de Little
L W
Esta fórmula também pode ser escrita em função do número esperado de clientes na
fila (Lq) e do tempo médio de espera em fila (Wq) ou em função do número esperado de
clientes em atendimento (Ls) e do tempo médio de atendimento (Ws):
Lq Wq ; Ls Ws
Por exemplo, considere um sistema que recebe uma média de 30 clientes por hora. Se o
tempo médio de atendimento for de 5 minutos, temos: 30 clientes/h e W = 5/60 h.
Portanto, o número esperado de clientes neste sistema será de:
5
L W 30 2 ,5 clientes.
60
8. Definições básicas
Algumas definições básicas são fundamentais para entendermos a teoria das filas.
7
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8
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P X x h / X x P X h
Suponha, por exemplo, que a variável aleatória X é o tempo, medido em minutos, entre
duas chegadas sucessivas de clientes em um caixa eletrônico. No momento, são 8h e o
último cliente chegou às 7h 57 min. Logo, sabemos que X > 3. De posse dessa informa-
ção, qual é a probabilidade de que a próxima chegada ocorra após as 8h 05 min? Neste
caso, x = 3 min (=8h - 7h 57min) e h = 5 min (=8h 05min - 8h). Daí:
P X 8 / X 3 P X 5
F x f t dt 1 e x
0
A característica de falta de memória faz com que a variável aleatória com distribuição
exponencial tenha um lugar de destaque no estudo de processos estocásticos, por ser,
freqüentemente, uma componente de um processo de Markov. Um estudo interessante2
demonstrou que os intervalos de tempo entre gols de jogos da copa do mundo (descon-
siderando os tempos entre um jogo e outro) são exponencialmente distribuídos com
média 1/ = 36,25 minutos. Ora, o senso comum diz que o fato de surgir um gol neste
momento, não aumenta ou diminui a probabilidade da ocorrência de um novo gol nos
próximos 10 minutos. A Figura 4 representa a distribuição dos tempos entre gols su-
cessivos nos jogos de todas as copas do mundo até 2002, comparado com o valor teórico
da distribuição exponencial. A conclusão que se obtém é: o processo de surgimento de
gols é um processo sem memória!
1 Lembre-se que a distribuição exponencial é definida por uma média 1/ e variância 1/2.
2 CHU, S. Using Soccer Goals to Motivate the Poisson Process. INFORMS Transaction on Education. Revista ele-
trônica. v.3, n.2, 2003. http://ite.pubs.informs.org/Vol3No2/Chu/index.php.
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Figura 4 - Distribuição dos tempos entre gols sucessivos em copas do mundo (CHU, 2003)
Exercício
i) N(0) = 0;
ii) N t , t 0 tem incrementos independentes;
O número de eventos que ocorre em qualquer intervalo de tempo de amplitude t,
iii)
tem uma distribuição exponencial com taxa .
Nestas condições:
e t t
n
10
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Voltando às copas do mundo, como os tempos entre gols sucessivos são exponencial-
mente distribuídos, o número de gols que ocorre em um dado período de tempo é um
processo de Poisson. A Figura 5 representa a ocorrência de gols por jogo e o valor teóri-
co obtido pela distribuição de Poisson.
Figura 5 - Distribuição de gols por partidas de todas as copas do mundo (CHU, 2003)
A taxa de surgimento de gols foi estimada em = 2,4784 gols por partida (de 90 minu-
tos). De posse dessa informação, se quisermos, por exemplo, estimar a probabilidade
de que dois gols ocorram em um intervalo de 10 minutos, temos:
2, 4784 2
10 2,4784
e 90
10
e t t
2
PN s 10 N s 2 90 0,029 ou 2,9%
2! 2!
Exercícios
onde πn 0 n, 1 n,..., s n é o vetor das probabilidades de estado e P é a matriz
das probabilidades de transição. Em virtude das dificuldades para obtenção de resul-
tados analíticos durante a fase transitória, contenta-se, na maioria dos casos, em se
obter resultados para a cadeia de Markov em regime estacionário, quando este existe.
Satisfeitas certas condições, quando n, a probabilidade de estado j (n) converge
para uma probabilidade estacionária j .
A distribuição estacionária das probabilidades de estado , em tal situação, é calculada
pela solução do sistema de equações lineares:
π πP
s
j 1
j 1
Exercícios
a) Qual é a variável aleatória mais adequada para que se possa estudar esta situação?
12
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7) Suponha que a condição do tempo amanhã dependa apenas das condições do tempo
hoje, conforme apresentado a seguir:
P[chover amanhãchuva hoje] = 0,7
P[sol amanhãchuva hoje] = 0,3
P[chover amanhãsol hoje] = 0,4
P[sol amanhãsol hoje] = 0,6
Como representar este problema com uma cadeia de Markov? Qual é a probabilidade
de um dia de chuva?
8) Em uma cidade, 90% dos dias de sol são seguidos por outro dia de sol. Por outro
lado, 80% dos dias de chuva são seguidos por outro dia de chuva. Use essas informa-
ções para modelar a condição do tempo na cidade como uma cadeia de Markov (crie um
diagrama de transição de estados). Quais são as probabilidades de que chova ou faça
sol em um dia qualquer?
10) Uma empresa possui duas máquinas. A cada dia de trabalho, existe uma chance
em três de que uma determinada máquina quebre durante o dia: se isto acontecer, a
máquina será consertada e estará disponível novamente depois de dois dias (por
exemplo, se uma máquina quebrar durante o dia 3, estará pronta para trabalhar no
início do dia 5). Em média, com quantas máquinas a empresa pode contar diariamen-
te? Sugestão: use os seus conhecimentos sobre probabilidade conjunta e crie um dia-
grama de transição de estados para o sistema. Em seguida, calcule as probabilidades
estacionárias de cada estado.
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
Para que se possa modelar um sistema de filas como M/M/1 é preciso admitir algumas
hipóteses como verdadeiras:
No caso da fila M/M/1, tanto os intervalos entre chegadas sucessivas quanto os tempos
de atendimento são variáveis aleatórias exponenciais (portanto, sem memória). Assim,
é possível estudar o sistema em um instante t qualquer sem se preocupar com o estado
inicial do sistema. Seja então, N t o número de clientes no sistema no instante t em
uma fila M/M/1. Em virtude da falta de memória dos intervalos entre chegadas conse-
cutivas, i , (i 1,2,) e dos tempos de atendimento Vi , (i 1,2,) temos:
3Portanto, o número de elementos atualmente no sistema não depende do passado, mas sim, do estado imediata-
mente anterior dele.
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p j lim P[ N (t) j ] .
t
Nascimento: a probabilidade de uma chegada no intervalo [t, t+dt] é igual a dt, com
N t passando de i para (i+1) e
Morte: a probabilidade de uma saída é dt, com N t passando de i para (i-1).
PN t dt i
PN t i dt dt PN t i dt PN t i 1 dt PN t i 1
Uma forma de visualizar essas relações é por meio de um diagrama com as taxas (infi-
nitesimais) de transição de estados, como mostra a Figura 6.
0 1 2 3 ...
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p0 1 1
j
p j p0 1 , j = 1,2,...
j
onde 1 é chamado de índice de congestionamento do sistema.
A condição 1 obriga que o sistema seja estável, ou seja, que a taxa de atendimento
seja maior do que a taxa de chegada de clientes no sistema. Em caso contrário, o sis-
tema nunca seria capaz de atender a todos os clientes e a fila tenderia a crescer indefi-
nidamente. Por outro lado, o valor de também representa a probabilidade de encon-
tramos o servidor ocupado, justificando o fato de que p0 1 . A partir das probabi-
lidades estacionárias de estado da fila, uma série de expressões para medidas de de-
sempenho podem ser obtidas. Por exemplo, o número médio de elementos no sistema
(fila + atendimento) em regime estacionário, tem a seguinte expressão:
2
L jp j ou L .
j 0 1 1
2
Lq
1
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1
h(w) e (1 ) w .
(1 )
1
W .
1
L 1 1
W
1
Lq
Wq
( )
Ls 1
Ws
100
90
L
80 1
70
60
50
40
30
20
10
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
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P[ k no sistema] pi (1 ) i k
i k i k
Exercício
12) Reconsidere o problema descrito nos exercícios 3 (página 10) e 4 (página 11), em
que a taxa média de chegadas de clientes na lanchonete é 45 clientes/hora e a taxa
média de atendimento de clientes é de 1 cliente por minuto. Lembrando que há apenas
um funcionário responsável pelo atendimento e admitindo que as variáveis aleatórias
envolvidas possuem distribuição exponencial, responda:
Esta fila é semelhante à fila M/M/1 exceto pelo fato de que, quando existem c clientes
no sistema, qualquer nova chegada é perdida. Um exemplo desta fila ocorre no drive-
thru de algumas lanchonetes, em que a capacidade de atendimento somada ao espaço
reservado para a fila de automóveis é limitado a um certo valor fixo. Se um novo veícu-
lo chega quando todas as vagas estão ocupadas, ele é forçado a desistir de entrar no
sistema e a lanchonete perde aquele cliente.
Quando realizamos a modelagem da fila segundo o mesmo procedimento usado para a
fila M/M/1, encontramos os seguintes resultados para o caso de :
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1
p0
1 c1
p j j p0 , j 1,2,..., c
p j 0, j c 1, c 2,...
c
Lembrando que L jp j , temos:
j 0
1 c 1 c c c1
L
1 1
c 1
1 c
pj , j 0 ,1,2 , , c ; L
1 c 2
Em ambos os casos:
Ls 1 p0 ; L Ls Lq
A determinação dos tempos médios de atendimento, em fila e no sistema, pode ser fei-
ta pela fórmula de Little, desde que se considere o número médio de clientes que efeti-
vamente entram no sistema. No sistema com restrição de capacidade, dos clientes
por unidade de tempo que chegam, uma parcela pc encontra o sistema com a capaci-
dade esgotada. Assim, a taxa das clientes que realmente entram no sistema vale
c pc 1 pc . Conseqüentemente:
L L
W
1 pc c
Ls L
Ws s
1 pc c
Finalmente, observe que, mesmo com a fila M/M/1/c é estável (por quê)?
Tendo em vista que os intervalos entre chegadas consecutivas não têm memória e os
tempos de atendimento sim, escolhem-se, para estudar esta fila, os instantes corres-
pondentes ao fim de atendimento (saída). Seja então, tn o instante de saída do cliente
n, n = 1,2,... e X n o número de clientes no sistema neste instante, sem incluir o que
está saindo. A Figura 8 mostra a evolução do sistema entre dois instantes consecutivos
de saída tn e tn 1 . De acordo com a Figura 8:
X n Yn1 1 , se X n 1
X n1
Yn+1 , se X n 0
PYn1 j , se i = 0;
pij P X n1 j / X n i PYn+1 j 1 i , se i 1 e j= i-1 , i,...
0 , em outros casos
Caso (a) Xn 1
Yn1 chegadas
Xn X n1
tn Vn1 tn1 t
Saída do Saída do
cliente n cliente n+1
Caso (b) Xn = 0
tn tn1 t
Vn1
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
Assim, das expressões anteriores, a matriz das probabilidades de transição é dada por:
a0 a1 a2 a3 a4
a a a a a
P
0 1 2 3 4
a0 a1 a2 a3
a0 a1 a2
Como, por hipótese, há uma fonte infinita de usuários, o sistema = P contém infini-
tas equações e, sendo P uma matriz densa (em termos de elementos não nulos), é mui-
to difícil resolver o sistema de equações. Uma forma de superar o impasse é recorrer à
utilização de transformada Z (ou transformada geométrica), com o que se obtêm os se-
guintes resultados:
iii) O número médio de elementos no sistema num instante de saída em regime estaci-
onário, L lim jP X n j , é dado por:
n
j
2 2 2
L Ls Lq
21
21
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0 1
Expressões do modelo de fila M/D/1 (para os tempos de espera, use a fórmula de Little)
2
p0 1 Lq Ls P existência de fila
21
Para finalizar este breve estudo da fila M/G/1, convém ressaltar que, como os tempos
de atendimento possuem memória, essa fila não pode ser estudada em um instante
genérico t e todos os resultados obtidos se referem aos instantes escolhidos para obser-
vação do sistema. Desta forma, a probabilidade estacionária j é uma medida da ra-
zão entre o número de vezes que o processo está no estado j e o número total de obser-
vações feitas nos instantes de saída em regime estacionário.
Exercício
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
Para o estudo da fila M/M/s utiliza-se, a exemplo da fila M/M/1, um diagrama de tran-
sição de estados, conforme a Figura 10. A taxa de transição de probabilidade do estado
i para o estado (i+1) é sempre , enquanto a taxa de transição de i para (i-1) depende
do número de postos de atendimento em operação.
2 3 s s s
Para o cálculo das probabilidades de estado pj, j = 0,1,2,..., deve-se resolver o seguinte
sistema de equações:
pi1 ipi , i 1 ,2 ,..., s
pi1 spi , i s 1 , s 2 ,...
p
j 0
j
1
cuja solução existe desde que o índice de congestionamento seja menor que 1, ou seja:
1.
s
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
Daí:
pj
s j p0 j 1,..., s
j!
pj
s j p0 j s, s 1, s 2,...
s! s j s
A probabilidade de que um novo cliente entre em fila ao chegar no sistema é dada por:
P j s
s
s
p0 .
s! 1
A probabilidade de que um cliente espere mais do que um certo tempo T em fila vale:
P j s
L .
1
P j s
Lq ,
1
Ls .
24
EPM103 (2013) Teoria das Filas
Exercício
14) Considere que a lanchonete do exercício 12 (página 18) decidiu abrir um segundo
caixa de atendimento para que dois clientes possam ser atendidos simultaneamente (a
fila de espera se mantém única). Lembrando que = 45 clientes/hora e = 1 cliente
por minuto, determine as características de desempenho do novo sistema.
Para este caso, o custo total de operação é dado pela soma do custo de atendimento com
o custo de espera, ou seja:
5 Lembre-se de que esta expressão é válida para as condições expressas anteriormente, não é uma expressão gené-
rica que vale para qualquer sistema de fila M/M/s.
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
Custo/tempo
Custo total
Custo de atendimento
Custo de espera
Figura 11 - Curvas genéricas do custo de espera, atendimento e do custo total em modelos de filas
Exercício
15) Considere que a lanchonete descrita no exercício 12 (página 18) atribua um custo
de R$ 10,00 para cada hora que um cliente passe no sistema e que cada caixa receba
R$ 7,00 por hora. Qual operação é mais econômica: com um ou dois caixas?
***
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
Exercícios complementares
Obs.: O Apêndice C (final da apostila) contém um formulário geral sobre os modelos de fila discu-
tidos neste material. Respostas dos exercícios propostos a seguir, a partir da página 30.
16) O número de pacotes de pipoca vendidos por hora em um cinema segue uma dis-
tribuição de Poisson, com média de 15 pacotes por hora. Calcule a probabilidade de
que 60 pacotes sejam solicitados entre as 16 h e as 20 h. Qual é a probabilidade de que
o tempo entre duas solicitações consecutivas seja menor do que 6 minutos?
17) O número de incêndios ocorridos em uma cidade segue uma distribuição de Pois-
son, com média de 12 incêndios por dia.
a) Calcule a probabilidade de que nenhum incêndio ocorra entre a meia-noite de se-
gunda-feira e as 3 h de terça-feira.
b) Calcule a probabilidade de que o tempo entre dois incêndios consecutivos seja maior
do que 3 horas.
18) Em média, 10 carros por hora chegam ao drive-thru de uma lanchonete que possui
apenas uma cabine de atendimento. O tempo médio de atendimento de cada cliente é
de 4 minutos. As distribuições probabilísticas do intervalo de tempo entre chegadas e
do tempo de atendimento são exponenciais.
a) Qual é a probabilidade de que a cabine de atendimento esteja vazia?
b) Quantos carros, em média, aguardam por atendimento?
c) Quanto tempo um carro gasta no drive-thru, em média?
d) Qual é a média de clientes atendidos por hora? Dica: avalie os valores de e .
19) Admita que uma média de 125 pacotes de informação por segundo cheguem a um
roteador que, por sua vez, leva 0,002 segundos para processar cada um. Considerando
que as variáveis aleatórias envolvidas possuem distribuição exponencial, responda:
a) Qual é o número médio de pacotes que aguardam (por exemplo, em um buffer) para
serem processados pelo roteador?
b) Qual é a probabilidade de que existam 5, ou mais, pacotes no sistema?
20) Desde o instante em que uma consulta é feita em um gerenciador de banco de da-
dos até o momento em que o resultado está disponível passam-se 3 segundos, em mé-
dia. De acordo com os relatórios de utilização do sistema, sabe-se que o gerenciador do
banco de dados fica ocioso durante 20% do tempo. Assumindo que um modelo de fila
M/M/1 seja aplicável, calcule o tempo médio de processamento (efetivo) de cada consul-
ta e número médio de consultas presentes no sistema.
21) Considere um ponto onde táxis e pessoas chegam com taxas médias de 1 e 2 por
minuto, respectivamente (os intervalos entre chegadas sucessivas são distribuídos ex-
ponencialmente). Por motivos diversos, os passageiros vão embora imediatamente se
não encontram um táxi no ponto. Os táxis, contudo, sempre esperam por passageiros.
a) Quais são os clientes e servidores deste sistema?
b) Determine o número médio de táxis que aguardam por passageiros.
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
24) Um posto de vistoria de veículos, com capacidade para "abrigar" 3 clientes, empre-
ga um atendente com capacidade para atender, em média, 2 veículos por hora. Ne-
nhum dos clientes (que chegam a uma taxa média de 3 por hora) admite esperar por
atendimento fora das dependências do posto. Admita que os intervalos entre chegadas
e os tempos de atendimento sejam aleatórios, com distribuição exponencial.
a) Em média, quantos clientes por hora efetivamente entram no sistema?
b) Qual é a probabilidade de que o atendente esteja ocupado?
26) Considere uma agência bancária com dois caixas. Em média, 80 clientes por hora
chegam ao banco e aguardam em fila única. O tempo médio de atendimento por cliente
é de 1,2 minutos. Assuma que os intervalos de tempo entre chegadas sucessivas e os
tempos de atendimento são exponencialmente distribuídos. Determine:
28
EPM103 (2013) Teoria das Filas
27) O gerente de um banco deseja determinar quantos caixas trabalharão nas sextas-
feiras. Para cada minuto que um cliente aguarda em fila, o gerente acredita que um
custo de R$ 0,05 é incorrido. Em média, 2 clientes chegam ao banco por minuto, sendo
que cada um é atendido em um tempo médio de 2 minutos. O custo associado à contra-
tação de um caixa é de R$ 9,00 por hora. Os intervalos de tempo entre chegadas suces-
sivas e os tempos de atendimento são exponencialmente distribuídos. Para minimizar
o custo de operação do sistema, quantos caixas devem trabalhar nas sextas-feiras?
29) Considere um sistema de fila M/M/1 em que as taxas originais dos processos de
chegada e de atendimento, respectivamente e , dobrem de valor. De que forma o
número médio de clientes no sistema e seu tempo médio de permanência são afetados?
30) Qual dos seguintes sistemas tem um melhor desempenho em termos de W e L, (a)
uma fila M/M/1 com taxa média de chegadas e taxa de atendimento 3 ou (b) uma
fila M/M/3 com taxa média de chegadas e taxa de atendimento ? Sugestão: desenhe
o diagrama de transição de estados dos dois sistemas.
Roteiro de estudos: a base teórica para Teoria das Filas está distribuída nas seções
20.1 - 20.6 e 20.8 do "livro do Winston" (Pesquisa Operacional I):
Referências
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EPM103 (2013) Teoria das Filas
30
EPM103 (2013) Teoria das Filas
31
EPM103 (2013) Teoria das Filas
32
EPM103 (2013) Estudo de Caso: Meu Primeiro Emprego
Este estudo de caso pode parecer um pouco longo, mas pretende cobrir todos os aspectos
pertinentes ao nosso curso de Teoria das Filas. Sugestões:
6 Extraído de "Lockheed Missiles and Space Company". WHISLER, W. D. Cases in Management Science.
Duxbury Press. 1996.
7 Scientif American, janeiro, 1906.
8 New York Times, 1913.
33
EPM103 (2013) Estudo de Caso: Meu Primeiro Emprego
esta época, um jovem engenheiro chamado Clarence Johnson candidatou-se a uma va-
ga na Lockheed, mas não foi aceito. Mais tarde, por um daqueles acasos da vida, os
caminhos de Clarence Johnson e da Lockheed se cruzaram novamente. Como a
Lockheed não dispunha de um túnel de vento para testes, encaminhou o projeto do
novo Electra-10 para o túnel de vento da Universidade de Michigan. O engenheiro que
realizou os testes apontou no seu relatório algumas deficiências e propôs diversas su-
gestões valiosas para o desenvolvimento do projeto. A Lockheed o contratou imediata-
mente e ele permaneceu lá por 50 anos, tornando-se o mais famoso designer de aero-
naves do mundo. E quem era ele? Oras, Clarence Johnson, o mesmo jovem engenheiro
que havia sido reprovado no processo seletivo da Lockheed!
A chegada da Segunda Guerra Mundial acelerou a demanda por aviões e, em 1938, a
Lockheed recebeu um pedido de 250 Electras - renomeado "Hudson" pelos britânicos –
para serem entregues em 18 meses. O pedido foi posteriormente aumentado para
3.000 aviões. No total, a Lockheed entregou cerca de 20.000 aviões durante o período
1939-1945. Em menos de 25 anos, o número de empregados da companhia aumentou
de apenas 9 para 94.000.
Infelizmente, a empresa cresceu muito nas décadas seguintes em função de novas
guerras (principalmente a guerra fria) e da corrida armamentista. Nas décadas de 70 e
80, a Lockheed projetou e produziu mais de 400 naves espaciais. Em 20 de julho de
1976 a sonda Viking I aterrizou em Marte. As câmaras e sensores produzidos pela
Lockheed gravaram e transmitiram por mais de 200 milhões de milhas de distância,
um grande número de informações e fotografias de Marte para a Terra. Outra sonda
famosa é a Voyager 2, que após alguns anos no espaço, encontrou Jupiter, Saturno,
Urano, Netuno e Triton. Os sensores da Voyager 2 continuam em operação após mais
de 17 anos e 2,5 bilhões de milhas percorridas.
Em 1990 o telescópio espacial Hubble foi colocado em órbita pelo ônibus espacial Co-
lumbia. O telescópio de 12 toneladas - uma obra-prima da tecnologia de satélites, mui-
ta da qual desenvolvida pela Lockheed - permite aos cientistas ver bilhões de anos luz
no passado desde quando o universo foi formado.
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EPM103 (2013) Estudo de Caso: Meu Primeiro Emprego
Questões
"Eu acabo de chegar da reunião da gerência. Parece que estão todos perplexos e confu-
sos acerca das suas recomendações de comprarmos uma máquina que custa três vezes
mais e produz apenas uma placa por hora (10%) a mais do que a outra máquina. Todo
mundo olhou para mim e eu não consegui explicar o seu raciocínio".
"Nosso pessoal é formado por engenheiros e administradores com muita visão prática e
que são muito céticos em relação ao uso de modelos teóricos. No passado, nós tínhamos
todo o tipo de especialistas, inclusive um formado em métodos quantitativos – que infe-
lizmente não foi aluno de Pesquisa Operacional II na EEM. Assim, o pessoal daqui
concluiu que esses modelos funcionam na teoria, mas não na prática. Por exemplo, os
seus cálculos e recomendações foram baseados no custo de espera de US$ 20,00 por ho-
ra por placa. Na prática este custo pode variar entre US$ 10,00 e US$ 30,00. Por outro
lado, me parece que o tempo de produção é melhor aproximado por um valor constante
do que por uma distribuição exponencial".
Como você responderia a esta colocação? Mostre como (e se) a sua recomendação é afe-
tada pelas alterações no custo de espera e na distribuição do tempo de serviço. Estude
apenas valores inteiros do custo de espera, entre US$ 10,00 e US$ 30,00.
5) Após a sua explicação, o supervisor (de olhos arregalados e boca aberta) exclama:
E assim, você participa da sua primeira reunião da gerência: parabéns! Após a sua
apresentação sobre a compra da máquina, diversos gerentes sênior vêm apertar a sua
mão e felicitá-lo pelo excelente trabalho. Três meses depois, quando a máquina é fi-
nalmente instalada e inicia a produção, você descobre que o "profissional" que vendeu
a máquina era um vendedor de carros usados que, atualmente, é foragido da polícia. A
produção de onze placas por hora só pode ser atingida em condições irreais; no chão de
fábrica a máquina produz apenas 10,5 placas por hora. Você devolveria a máquina B e
compraria a máquina A (de um vendedor honesto)? Explique.
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EPM103 (2013) Estudo de Caso: Meu Primeiro Emprego
Uma semana depois, com a reputação ainda em alta, você recebe um chamado de Ber-
nie Gross Jr, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento. O centro de P&D, uma
fábrica considerada no "estado da arte", projeta e testa novos produtos para a NASA,
Força Área e para o mercado civil. Com a recente convicção da existência de um espião
nos níveis mais altos da companhia, a segurança no centro de P&D foi reforçada e uma
estação de raios X será colocada na entrada, com capacidade para verificar 45 traba-
lhadores por hora. Em média, 20 cientistas chegam por hora e, tanto o intervalo entre
as chegadas de cientistas quanto o tempo de processamento podem ser aproximados
por distribuições exponenciais. Com os recentes cortes na área de defesa e com a impo-
sição do novo programa de austeridade da Lockheed, o vice-presidente Gross quer a
sua ajuda para determinar o custo devido à espera dos cientistas em fila.
Questões
2) Devido ao alto calibre dos empregados, a companhia gasta um total de US$ 65,00
por hora por empregado. Este valor inclui salários, benefícios sociais, custos diretos,
custos indiretos e overhead. Qual é o custo anual associado ao sistema de segurança da
Lockheed, assumindo turnos de 24 horas por dia, 360 dias por ano?
3) Cada máquina de raios X custa US$ 50.000,00, enquanto os salários e benefícios
sociais dos operadores atingem o montante de US$ 30.000,00 ao ano. Você autorizaria
a compra de uma ou duas máquinas de raios X? Qual é o número ótimo de máquinas?
4) Graças às valiosas contribuições anteriores, você passa a ser convidado regular das
reuniões da gerência. Na última reunião, Alice Erhard, vice-presidente de RH, relatou
que, devido ao fluxo de centenas de cientistas do antigo bloco soviético, a Lockheed es-
tá em condições de contratar um pessoal altamente qualificado por salários baixos. Em
seguida, ela apresenta alguns gráficos e transparências com valores específicos de sa-
lários. De volta ao seu escritório você recalcula o custo de espera por hora, por empre-
gado, para US$ 52,00. De que forma esta mudança afeta as suas recomendações?
5) Um grande concorrente da Lockheed está demitindo milhares de trabalhadores e
vendendo equipamentos ociosos. Entre os equipamentos à venda, existem máquinas de
raios X, à venda por US$ 20.000,00 cada. Como esta situação afeta sua decisão?
6) Após as máquinas citadas na questão 5 chegarem à fábrica para um período de tes-
tes você descobre que se tratam de equipamentos antigos, capazes de processar apenas
40 pessoas por hora. Que efeito esta informação tem sobre a sua decisão?
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EPM103 (2013) Estudo de Caso: Meu Primeiro Emprego
Algumas semanas após o encontro da gerência com a vice-presidente de RH, ela o con-
vida para almoçar no Silicon Valey Country Club. Enchendo a cara de piña colada em
uma elegante sala de jantar, você descobre que Alice Erhard está muito impressionada
com as economias que você gerou na fábrica de micro-placas e no centro de P&D. Ela
gostaria que você analisasse o problema da clínica médica da empresa onde existe um
problema de fila (e provavelmente um de gerência também).
O complexo da Lockheed é compreendido por diversos edifícios distribuídos por várias
milhas quadradas. A empresa, baseada no Vale do Silício, emprega entre 10.000 e
30.000 empregados. As necessidades médicas dos trabalhadores no horário de trabalho
são atendidas pela clínica da empresa, que funciona em um edifício separado e é for-
mada por uma sala de espera e várias salas de atendimento. A clínica emprega um
médico e uma enfermeira em tempo integral e fica aberta das 7h às 19h, 360 dias por
ano. Estima-se que os empregados cheguem a uma taxa média de 4 por hora e que o
médico consiga atender 5 pessoas por hora; as distribuições estatísticas das variáveis
aleatórias envolvidas podem ser aproximadas por distribuições exponenciais.
Questões
2) Quanto custará anualmente para a empresa o tempo total gasto na clínica por seus
funcionários? O salário médio de um empregado da Lockheed é de US$ 30,00/h.
3) Você dá a este projeto prioridade total, prepara um relatório meticuloso e profissio-
nal, põe numa pasta de couro e o entrega a sra. Erhard em um jantar festivo no Chez
Pierre's (o restaurante mais exclusivo da cidade). Ela está muito animada com o jantar
e promete olhar o relatório com atenção, voltando a conversar com você mais tarde.
Dois dias depois, ela lhe telefona e acrescenta a seguinte informação: o Dr. Hawkins,
atual médico da clínica, está com problemas de saúde e pretende se aposentar. O RH
pré-selecionou duas candidatas para ocuparem a vaga: a Dra. Rose Abbott e a Dra.
Julia Brown. A Dra. Abbott é graduada por Stanford, possui cinco anos de experiência,
é capaz de atender 5 pacientes por hora e pretende receber US$ 50.000,00 por ano. A
Dra. Brown é graduada pela UCLA e também possui cinco anos de experiência. Ela é
capaz de atender 6 pacientes por hora e pretende receber US$ 100.000,00 por ano.
Qual candidata você recomendaria que a sra. Erhard contratasse?
4) A candidata "perdedora" fez uma nova proposta ao RH da empresa: ela e o marido
(que é clínico geral) se mudariam para as imediações da empresa e atenderiam, cada
um, 5 pacientes por hora. No entanto, para compensar os inconvenientes da mudança
de casa, cada um gostaria de receber US$ 100.000,00 por ano. Alice Erhard gostaria
que você analisasse esta proposta (que, aliás, ela considerou completamente absurda).
5) Intrigada com a sua recomendação anterior, Alice quer saber se uma possível alte-
ração nos salários tornaria (ou manteria) viável a proposta "alternativa" anterior.
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EPM103 (2013) Estudo de Caso: Meu Primeiro Emprego
6) Após ouvir suas recomendações, Alice pergunta se não seria mais interessante con-
tratar as duas candidatas, cada uma para um turno de 6 horas. O que você responde-
ria? Como de costume, justifique matematicamente sua recomendação.
7) Enquanto estava trabalhando nestas questões, você recebe um memorando do sr.
Malcom J. Loughead III – membro sênior do conselho – lhe avisando que, como parte
da reforma de saúde do governo, um imposto de 4% passará a ser aplicado sobre todos
os serviços médicos. Além disso, todo médico deverá preencher vários formulários ex-
tensos e complicados. Conseqüentemente, os médicos serão capazes de atender um pa-
ciente a menos por hora. Para lidar com o custo adicional e ainda se manter dentro de
uma política austera de gastos, a companhia pretende bloquear o acesso à assistência
médica de todos os trabalhadores temporários e de meio período. Assim, apenas três
pacientes chegarão por hora na clínica, em média. Finalmente, você fica sabendo que a
proposta "alternativa" (ver questões 4 e 5) foi vetada e a sua indicação inicial (questão
3) prevaleceu.
a) Quantas pessoas aguardarão na sala de espera agora?
b) Quanto tempo cada empregado aguardará na sala de espera?
c) Quanto tempo cada empregado passará na clínica?
d) Quanto custará para a empresa o tempo de espera gasto na clínica por ano?
8) Durante seu estudo deste problema, você notou que, se somente os trabalhadores
em tempo integral forem atendidos, o salário médio de US$ 30,00 por hora não seria
mais válido. Revendo as informações, você descobre que o valor de salário médio mais
adequado para a situação deveria ser de US$ 40,00 por hora. Refaça os cálculos dos
custos de espera da empresa e verifique o impacto percentual do aumento do salário
médio no custo total de operação do sistema.
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EPM103 (2013) Teoria das Filas (apêndices)
Apêndices
A - Teste do qui-quadrado
Ok Tk
Ek (A1)
Tk
K
E Ek2 (A2)
k 1
Em cada classe calcula-se o valor Ek, que é a diferença entre o número observado de
elementos, Ok, e o valor teórico, Tk, dividida pelo valor teórico da classe (Tk). O somató-
rio dos valores Ek, para todas as k classes envolvidas determina a estatística E, cuja
distribuição é qui-quadrado com k-1-n graus de liberdade, sendo n é o número de pa-
râmetros estimados a partir da amostra coletada.
Escolhendo-se um nível de significância ALFA e k-1-n graus de liberdade, obtém-se da
tabela da distribuição qui-quadrado o valor Ecrítico. Se E for maior que Ecrítico, rejeita-se
a hipótese de que a amostra observada provém de uma população com a distribuição
teórica adotada.
A Tabela A.1 mostra um exemplo das classes de freqüências (k=9) dos tempos de aten-
dimento de um terminal portuário com um único berço, o número de elementos obser-
vados por classe e o valor acumulado, a freqüência teórica acumulada por classe e o
número teórico de elementos por classe, considerando que a distribuição normal será
testada aos dados observados. A partir dos dados da amostra são estimados os valores
da média (=420) e do desvio padrão (=40).
Para o cálculo da estatística E são utilizadas a terceira e quinta coluna da tabela A.1.
O valor E obtido pela aplicação das expressões A.1 e A.2 é 0,47938. Como foram calcu-
lados os valores da média e desvio padrão da distribuição a partir da amostra, o valor
de n será 2.
Assumindo igual a 5%, e k-1-n igual a 6, o valor Ecrítico é de 12,589. Como E é menor
que Ecrítico, aceita-se que a distribuição normal adere aos dados observados. Outro teste
de aderência importante é o de Kolmogorov-Smirnov, mais poderoso do que o teste do
qui-quadrado, cujos detalhes podem ser encontrados em bons livros de estatística.
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EPM103 (2013) Teoria das Filas (apêndices)
40
EPM103 (2013) Teoria das Filas (apêndices)
1
s 1 1 n 1 s s
Expressão para cálculo: p0
n 0 n! s! s
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EPM103 (2013) Teoria das Filas (apêndices)
C - Formulário geral
Modelo M/M/1
p0 1 p j 1 j , j 1,2, P[ k no sistema] k
2 2
Lq Ls L
1 1
1 p j j p0 , j 1,..., c
: p0
1 c1 p j 0, jc
1 c 1 c c c1
L
1 c1 1
1 c
: pj , j 0,1,2,, c L
1 c 2
Modelo M/D/1
2
p0 1 Lq Ls L Lq Ls
21
Modelo M/M/s
1
s1 1 n 1 s s s s p
p0 P j s
s! s s! 1
0
s n0 n!
P j s
Lq Ls L Lq Ls
1
pj
s
j
p0 , j 1,2, [ Sem fila ] pj
s j p0 , j s, s 1, s 2, [ Com fila ]
j! s! s j s
1 e t ( s1s )
P(W t) e t
1 P( j s) s 1 s P(Wq t) P( j s)e s (1 ) t