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Apresentação
Uma fila é caracterizada por um processo de chegadas (pessoas, veículos, trens, etc.) a um sistema de atendimento formado
por uma ou mais unidades de serviço. As unidades podem ser atendidas individualmente (pedágio, porto etc.), ou em grupos
(pessoas num elevador, veículos num semáforo etc.).
Nesta aula, vamos compreender a determinar a melhor maneira de usar uma equipe e outros recursos, ao mesmo tempo em
que reduz os tempos de espera dos clientes.
O modelo também pressupõe que as filas seguem a regra FIFO (primeiro a entrar, primeiro a sair). Outras regras de fila incluem
LIFO (última entrada, primeiro a sair), primeiro o trabalho mais curto, seleção aleatória e ordem de prioridade.
Objetivos
Compreender princípios e fundamentos do Modelo de Otimização — Organização de filas;
Reconhecer os métodos e as técnicas do Modelo de Otimização — Organização de filas;
Identificar os procedimentos de obtenção das soluções Ótimas por meio das etapas do Modelo de Otimização —
Organização de filas.
Teoria de Filas
A Teoria de Filas é de extrema importância no ato de estudar as características do processo, pois possibilitará a redução
dos problemas causados aos clientes, como por exemplo, atrasos, fazendo com que aconteça a fidelização dos clientes e
que a empresa forneça um serviço de qualidade.
O estudo baseado na Teoria das Filas é realizado por meio de fórmulas matemáticas que facilitam a verificação do
comportamento de sistemas reais em situação aleatória. Desta forma, é possível mencionar a capacidade de
atendimento, garantindo um nível de satisfação aos seus clientes, ao se combinar custo do serviço, qualidade oferecida e
investimentos nos gargalos.
No transporte ferroviário, o pátio de consertos e serviços apresenta problemas interessantes, que incluem o número e a
localização dos desvios e alocação de máquinas de serviço (com base em uma tabela de trens e carros a serem
removidos ou adicionados), além da tabela de horários de trens diretos que passam pelo local.
O sistema ferroviário pode ser analisado como um todo, com o objetivo de minimizar o movimento de carros vazios.
No modelo rodoviário é possível dimensionar um pedágio ou estabelecer o melhor esquema do fluxo de veículos pelas
ruas de uma cidade, com as durações dos semáforos, de modo a melhorar o serviço, agilizando o sistema e,
consequentemente, diminuindo os gastos com combustível.
Exemplo
O funcionamento de um metrô. Quando a população é pequena o efeito existe e pode ser considerável.
Uma mineração, na qual uma carregadeira carrega minério em caminhões que chegam. Se existem 3 caminhões e,
se ocorrer que todos eles estejam na fila da carregadeira, então não chegará nenhum outro caminhão.
Como é o processo de chegada?
Consideremos, como exemplo, um posto de pedágio com 5 atendentes. Pode-se constatar que o processo de chegada
entre 7 e 8 horas da manhã é definido por 20 automóveis por minuto ou 1 automóvel a cada 3 segundos.
Trata-se de um valor médio, pois não significa que em todo intervalo de 1 minuto chegarão 20 automóveis. Em alguns
intervalos de 1 minuto podem chegar 10, 15, 25 ou até 30 automóveis. Consequentemente, o intervalo de 3 segundos
entre chegadas não é rígido e os valores, por exemplo, desde zero segundos (2 veículos chegando juntos) até 20
segundos.
O número fornecido, 3 segundos, representa, assim, o intervalo médio entre chegadas no período da 7 às 8 horas da
manhã.
Resumindo as afirmações acima quantificamos o processo de chegada dizendo que a taxa média é de 20 veículos por
minuto ou que o intervalo médio entre chegadas é de 3 segundos.
Fonte: Shutterstock
Poderia ser encontrado outro sistema de filas com exatamente os mesmos valores médios acima citados, mas com
diferentes variações no entorno da média (por exemplo, uma situação em que os intervalos entre chegadas estão entre 0
e 10 segundos).
dizendo que não basta apenas fornecer os valores médios, é necessário também mostrar
Um tipo raro de processo de chegada é o regular, ou seja, aquele no qual não existe nenhuma variação entre valores
para os intervalos entre chegadas.
IC 3 segundos
O processo de atendimento é também quantificado por uma importante variável randômica. A letra grega μ é usada para
significar ritmo de atendimento e se usa TA para tempo ou duração do serviço ou atendimento.
GD Outra ordem
um valor médio.
Esta é a característica capaz de causar irritação quando se está em uma fila de espera. O ideal é que não exista espera,
mas esta nem sempre é a melhor situação do ponto de vista econômico.
Se entrarmos em uma fila com 10 pessoas à nossa frente, o tempo de espera será igual ao somatório dos tempos de
atendimento de cada um dos clientes da nossa frente ou, possivelmente, será igual a 10 vezes a duração média de
atendimento.
Tal como o tamanho médio da fila, o tempo médio de espera depende dos processos de chegada e de atendimento.
Fonte: Shutterstock
Cliente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Intervalo 2 3 3 3 5 0 1 5 1 4 1 2
Momento 2 5 8 11 16 16 17 22 23 27 28 30
O valor zero acima significa que o sexto cliente chegou junto com o quinto. O valor médio dos dados acima é 2,5 minutos
e, portanto, o sistema funcionou com um ritmo médio de 24 chegadas por hora.
Cliente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Duração 1 2 1 1 3 2 1 4 2 3 1 3
O valor médio dos dados acima é 2,0 minutos e, portanto, pode-se dizer que o servidor tem uma capacidade de atender
30 clientes por hora. Finalmente, o sistema trabalhou conforme abaixo e por ela verifica-se que os clientes de números
6, 7, 9, 10, 11 e 12 tiveram que esperar em fila.
Cliente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo em fila 0 0 0 0 0 3 4 0 3 1 3 2
Exemplo
Em um sistema estável podemos ter um tempo médio de espera na fila de 5 minutos. Para se chegar a esta
conclusão foi necessário observar o funcionamento do sistema durante um longo período, no qual inúmeros clientes
foram atendidos.
Em situações nas quais o tempo de atendimento pode variar dentro de uma larga faixa de valores não recomenda o uso
de diversas filas. É o caso de bancos, correios etc., nos quais pode ocorrer que alguns clientes apresentem uma carga de
serviço muito grande e, portanto, o tempo de atendimento para eles será exageradamente maior que a média.
Relações básicas
Existem duas relações importantes:
NS NF + NA
TS TF + TA
Portanto:
NS = NF + NA = NF + λ / μ = NF + TA / IC
Na qual:
𝜌=𝜆/𝜇 λ = ritmo médio de chegada
μ = ritmo médio de atendimento
Onde:
𝜌=𝜆/(M. M é o número de atendentes.
𝜇) Assim, ρ representa a fração média do tempo em que cada servidor está
ocupado.
Exemplo
Com um atendente, caso cheguem 4 clientes por hora e ele tenha capacidade para atender a 10 clientes por hora,
logo a taxa de utilização é 0,40 e pode-se também afirmar que o atendente fica 40% do tempo ocupado e 60% do
tempo livre (esta afirmação é intuitiva mas pode ser matematicamente demonstrada).
Visto que o estudo é com sistemas estáveis (os atendentes sempre serão capazes de atender ao fluxo de chegada) tem-
se sempre que ρ < 1. Quando ρ = 1 o atendente trabalhará 100% do tempo (e estranhos fatos ocorrerão ...).
Na prática, i representa o número mínimo de atendentes necessários para atender a um dado fluxo de tráfego.
Exemplo
Se λ = 10 clientes / hora e TA = 3 minutos (ou μ = 20 clientes / hora) tem-se que λ / μ = 0,5, ou i = 1, e conclui-se
dizendo que 1 atendente é suficiente para o caso. Se o fluxo de chegada aumentar para λ = 50 clientes / hora, tem-
se que λ / μ = 2,5, ou i = 3, isto é, necessita-se de no mínimo 3 atendentes. Na indústria telefônica esta variável é
bastante utilizada ao se referir a tráfego em troncos telefônicos.
Nome Fórmula
Tempo de Atendimento TA = 1 / μ
Taxa de Utilização dos Atendentes 𝜌=λ/(M.μ)
Intensidade de Tráfego i = | λ / μ | = | TA / IC |
NS = NF + NA
NA = λ / μ
Relação entre Fila, Sistema e Atendimento
NS = NF + l / m = NF + TA / IC TS = TF + TA
NA = 𝜌 = λ / ( M μ )
NF = λ . TF
Fórmulas de Little
NS = λ . TS
Ciclo = Qtdd / λ
Duração do Ciclo
Ciclo = TFS + TS
Solução:
TA = 1 / μ = 1 / 25 = 0,04
TF = TS – TA = 0,3 – 0,04 = 0,26
NF = l x TF = 20 x 0,26 = 5,2 clientes
Em uma mineração verificou-se que o tempo médio de permanência no sistema (TS) dos caminhões junto às
carregadeiras é de 3 minutos e que, em média, existem 6 caminhões (NS) no setor. Qual a taxa de chegada de
caminhões?
Solução:
NS = l x TS ou l = NS / TS
Pela Lei de Little:
l = 6 / 3 = 2 chegadas por minuto
Atividade
1 - Considere um sistema no qual navios chegam a um porto para carregar algum produto. Abaixo estão anotados
os valores de intervalos entre chegadas (em horas) para 20 navios:
Cliente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Intervalo 10 2 13 7 2 8 8 8 10 9 1 14 14 1 10 9 9 9 8
Cliente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Duração 5 5 3 3 6 7 6 8 2 5 8 8 8 3 4 3 3 4 5 5
Pede-se:
a) O intervalo médio entre chegadas;
b) A duração média da carga.
Modelos Básicos
Existem alguns modelos básicos que compõe um sistema de filas, com ênfase nos processos probabilísticos descritos em
Fogliatti (2007). Nestes modelos é comum que os tempos entre chegadas e os tempos de atendimento sigam
distribuições exponenciais e as nuances descritas a seguir.
O Modelo M/M/1
Tem um único atendente.
Definições:
2
λ
NF Número médio de clientes na fila. NF =
μ(μ−λ)
λ
NS Número médio de clientes no sistema. NS =
μ−λ
λ
TF Tempo médio que o cliente espera na fila. TF =
μ(μ−λ)
Pn
λ λ
Pn = (1 − ) ( )
sistema. μ μ
Taxa de utilização
λ
Relação entre o ritmo de chegada e o ritmo médio de atendimento: ρ =
μ
Comentário
Sistemas estáveis exigem λ < μ ou ρ < 1. Quando ρ tende para 1 a fila tende a aumentar infinitamente, pois:
2 2
λ ρ
NF = =
μ(μ−λ) (1−ρ)
Modelo M/M/c
• Tem uma única fila e diversos servidores;
• Chegada e atendimento seguem a Distribuição de Poisson ou a Distribuição Exponencial Negativa;
• Supõe-se que a capacidade de atendimento de cada um dos servidores é a mesma (μ).
Definições:
Taxa de utilização
λ
Relação entre o ritmo de chegada e o ritmo médio de atendimento: ρ =
cμ
População Infinita
O uso de gráficos facilita o estudo do modelo M/M/c. O gráfico seguinte permite obter o número médio de clientes na fila
(NF) em função do fator de utilização e tendo como parâmetro a quantidade de servidores c.
Atividade
2 - Uma fábrica possui um depósito de ferramentas onde os operários vão receber as ferramentas especiais para a
realização de determinada tarefa. Verificou-se que o ritmo de chegada (λ) é de uma chegada por minuto e o ritmo
de atendimento (μ) é de 1,2 atendimentos por minuto (seguem o modelo marcoviano M/M/1). A fábrica paga $9,00
por hora ao atendente e $18,00 por hora ao operário. Determine:
3 - Uma cooperativa agrícola prevê um crescimento na chegada de caminhões a seu terminal de descarga. O pátio
de estacionamento, onde os caminhões permanecem, comporta seis veículos. A cooperativa acha aceitável que um
caminhão aguarde na fila sua vez de descarregar por no máximo 0h75. Como a equipe de descarga tem condições
de descarregar quatro caminhões por hora em média, deseja-se saber:
Qual a taxa média de chegada que faz com que o tempo médio de espera seja igual ao máximo admissível?
b) Para essa taxa de chegada, qual a probabilidade de que o pátio não seja suficiente?
4 - Em uma mineração verificou-se que o tempo médio de permanência no sistema (TS) dos caminhões junto às
carregadeiras é de 3 minutos e que, em média, existem 6 caminhões (NS) no setor.
a) 20 minutos
b) 15 minutos
c) 30 minutos
d) 10 minutos
e) 25 minutos
5 - Em uma mineração verificou-se que o tempo médio de permanência no sistema (TS) dos caminhões junto às
carregadeiras é de 3 minutos e que, em média, existem 6 caminhões (NS) no setor.
Qual o tempo médio para o processo completo de descarregamento (ou TFS: Tempo Fora do Sistema)?
a) 12 caminhões
b) 10 caminhões
c) 15 caminhões
d) 20 caminhões
e) 525 caminhões
6 - Abaixo estão citadas algumas classificações de filas. Qual é aquela que segue o canal único e atendimento único?
Notas
1
A. K. Erlang
Referências
FOGLIATTI, Maria Cristina Mattos. Teoria das filas. Rio de Janeiro: Interciência, 2007.
MOREIRA, D. A. Pesquisa operacional: curso introdutório. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
MOREIRA, D. A. Pesquisa operacional: curso introdutório. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
PARREIRA JUNIOR, Walteno Martins. Apostila de modelagem e avaliação de desempenho. Universidade do Estado de Minas
Gerais. Fundação Educacional de Ituiutaba. Curso de Sistemas de Informações, 2010. Disponível em:
<http://www.waltenomartins.com.br/ap_mad_cap1.pdf
<http://www.waltenomartins.com.br/ap_mad_cap1.pdf> >. Acesso em: 08 ago. 2018.
Próximos Passos
Os benefícios reais que a implantação da lógica de Roteirização e Programação de Veículos pode trazer num sistema de
transportes;
Métodos e técnicas que tem por objetivo a redução do tempo, da distância percorrida e dos custos operacionais logísticos;
A programação das entregas baseada na quantidade e capacidade dos veículos, na quantidade de pedidos e nos locais de
entrega.
Explore mais
BRUNS, Rafael de et al. Pesquisa operacional – Uma aplicação da teoria das filas a um sistema de atendimento. Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR60_0158.pdf
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR60_0158.pdf> >. Acesso em: 08 ago. 2018.
DUARTE, Karia Pires e LIMA, Milton Luiz Paiva de. Análise operacional do terminal público do porto do Rio Grande usando teoria
de filas. Disponível em: <http://www.semengo.furg.br/2006/08.pdf <http://www.semengo.furg.br/2006/08.pdf>
>. Acesso em: 08 ago. 2018.
LIMA, Vitor Costa de et al. Aplicação da teoria das filas em serviços bancários. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Osvaldo_Quelhas/publication/298429375_Aplicacao_da_teoria_das_filas
_em_servicos_bancarios/links/574c1e0108ae538af6a50c8a/Aplicacao-da-teoria-das-filas-em-servicos-
bancarios.pdf
<https://www.researchgate.net/profile/Osvaldo_Quelhas/publication/298429375_Aplicacao_da_teoria_das_filas
_em_servicos_bancarios/links/574c1e0108ae538af6a50c8a/Aplicacao-da-teoria-das-filas-em-servicos-
bancarios.pdf> >. Acesso em: 08 ago. 2018.