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BASES FUNDAMENTAIS PARA

A ENFERMAGEM
AULA 6

Profª Anna Beatriz de L. P. Naumes


CONVERSA INICIAL

Na administração segura de medicamentos, é preciso ter um domínio de


certas habilidades matemáticas básicas, a fim de conseguir calcular
adequadamente as doses de medicamento, realizar o cálculo das velocidades
de infusão e ainda ser capaz de realizar os cálculos com soluções (por exemplo,
diluição de soluções e medicamentos).
Nesta aula, iremos explorar as diversas situações cotidianas que
envolvem o cálculo de medicação.
Apresentaremos os principais conceitos teóricos e a aplicação destes,
para que você seja capaz de realizar os cálculos necessários à prática
profissional com rapidez, tranquilidade e precisão.

TEMA 1 – CÁLCULO DA VELOCIDADE DE INFUSÃO

Os sistemas de gotejamento proporcionam um volume de 1 ml a cada 20


gotas. Nos sistemas de microgotejamento, a equivalência é de 60 microgotas
por ml, ou seja:

60
1 ml 20 gotas
microgotas

Para infundir um líquido no paciente em um tempo indicado, é necessário


calcular o ritmo de gotejamento ou a velocidade de fluxo. Geralmente, o fluxo se
expressa em gotas por minuto (g/min) ou mililitros por hora (ml/h).

1.1 Cálculo do gotejamento para tempo em horas

V= Volume total em mililitros.


T = Tempo em horas.

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CÁLCULO DE GOTAS/MIN

V
gts/min _____
Tx3

CÁLCULO DE MICROGOTAS/MIN

V
mcgts/min _____
T

1.2 Cálculo do gotejamento para tempo em minutos

V = Volume total em mililitros.


T = Tempo em minutos.

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CÁLCULO DE GOTAS/MIN

V x 20
gts/min _____
T

CÁLCULO DE MICROGOTAS/MIN

V x 60
mcgts/min _____
T

Essas quatro fórmulas podem auxiliar bastante a rapidez nos cálculos de


gotejamento, porém, destacamos que sempre os resultados podem ser
calculados por r1egra de três simples, caso você não tenha certeza da fórmula
a ser utilizada.

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TEMA 2 – EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE VELOCIDADE DE INFUSÃO

A seguir, apresentaremos alguns exemplos de cálculos de velocidade de


infusão, pois esse raciocínio deve estar claro em sua mente, uma vez que esses
cálculos são frequentes no dia a dia da equipe de enfermagem.

Exemplo 1 – Foi prescrita a infusão de 500 ml de soro por um período de


12 horas para o paciente que você está responsável. Você deve se perguntar:
quantas gotas deverão cair por minuto para regular o gotejamento em questão?
Para esse cálculo, temos os seguintes dados:
V = volume total em ml = 500 ml
T = tempo em horas = 12 horas
Gotas = devemos calcular
Com estes dados, usaremos a fórmula de gotas/min com o tempo em
horas, ou seja:
V
Gotas = -----------
Tx3

500 500
Gotas = ----------- = ---------- = 13,8, ou seja, 14 gotas/min.
12 x 3 36

Exemplo 2 – Na prescrição médica de seu paciente, você encontra 500


ml de soroterapia a cada 10 horas. O seu paciente é um bebê e o soro será
infundido em microgotas. Calcule o microgotejamento.
Para esse cálculo, temos os seguintes dados:
V = volume total em ml = 500 ml
T = tempo em horas = 10 horas
Microgotas = devemos calcular
Com esses dados, usaremos a fórmula de microgotas/min com o tempo
em horas, ou seja:
V
Microgotas = -----------
T

500
Microgotas = ----------- = 50 microgotas/min
10

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Exemplo 3 – Foi prescrito ao seu paciente: SG 5%, de 500 ml, com
velocidade de gotejamento igual a 20 gotas/minuto. Quantas horas esse soro
deve demorar para acabar?
Para esse cálculo, temos os seguintes dados:
V = volume total em ml = 500 ml
T = tempo em horas = devemos calcular
Gotas = 20 gotas/minuto
Com esses dados, usaremos a fórmula de gotas/min com o tempo em
horas, ou seja:

Gotas/Minuto = ___V____
Tx3

20 = __500__
Tx3
20 x (T x 3) = 500
60 T = 500
T = _500_
60
T = 8,33 horas
T = 8 horas aproximadamente

Exemplo 4 – Foi prescrita ao seu paciente uma solução


endovenosa de SG 5% de 500 ml, NaCl 30% de 20 ml e KCl 19,1% de 10
ml, com administração de 8 em 8 horas. Qual será o número de
microgotas por minuto?
Para esse cálculo, temos os seguintes valores:
V = volume total em ml = 500 ml + 20 ml + 10 ml = 530 ml
T = tempo em horas = 8
Microgotas = devemos calcular
V
Microgotas = -------------
T

530
Microgotas = --------------- = 66,25, ou seja, 67 microgotas/ minuto
8
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Exemplo 5 – Foi prescrito a um paciente 500 mg de vancomicina em 100
ml de SF 0,9% para administração em 30 minutos. Qual será o número de
microgotas por minuto para essa solução?
Para esse cálculo, temos os seguintes valores:
V = volume total em ml = 100 ml
T = tempo em minutos = 30
Microgotas = devemos calcular
V x 60
Microgotas = -------------
T

100 x 60
Microgotas = ------------------
30

6000
Microgotas = ----------- = 200 microgotas/min.
30

Exemplo 6 – Na prescrição do paciente, há a seguinte indicação: SG 5%


em 1 L para correr em 45 minutos. Você deverá instalar o soro com o
gotejamento aproximado de quantas gotas por minuto?
Primeiro, devemos adequar os dados ao sistema métrico correto da
fórmula.
V = o volume total deve ser em ml (teremos que adequar)
T = tempo em minutos = 45
Gotas = devemos calcular
Para adequar o volume, devemos lembrar que 1 L = 1.000 ml, ou seja, o
volume a ser utilizado na fórmula é 1.000 ml.
V = o volume total deve ser em ml = 1000 ml
T = tempo em minutos = 45
Gotas = devemos calcular
V x 20
Gotas = -------------
T

1.000 x 20 20.000
Gotas = -------------------- = --------------- = 444 gotas/min.
45 45

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TEMA 3 – CÁLCULOS DE DOSE DE MEDICAÇÃO

Na maioria dos casos envolvendo prescrições médicas, os medicamentos


nem sempre são dispensados pela farmácia na unidade de medida em que foram
prescritos.
A indústria farmacêutica embala e envasa os medicamentos em dosagens
padronizadas. A menos que você trabalhe em uma instituição que utiliza o
sistema de dose única, ou seja, os medicamentos já são dispensados pela
farmácia prontos e embalados individualmente com a dose prescrita para o
paciente, você deverá realizar o cálculo da dose a ser administrada.
Para esse fato muito comum, é de extrema importância o conhecimento
dos equivalentes em todos os principais sistemas de medição.
Realizar adequações para que a dose prescrita seja exatamente a dose
recebida pelo paciente normalmente envolve cálculos matemáticos, que, em sua
grande maioria, resolvem-se com uma simples “regra de três”, ou cálculo de
proporção.
Uma prescrição na qual apenas uma fração do medicamento dispensado
será aplicada, deve-se ter a atenção da equipe de enfermagem redobrada. Por
exemplo, uma prescrição pode estar descrita como 200 mg de dipirona EV para
o paciente, porém, a farmácia dispensou apenas a ampola de 1 g/2 ml. Como
proceder?
1 ampola tem 1 g em 2 ml, ou seja, cada ml tem 500 mg.
Se 1 ml tem 500 mg, quantos ml devemos aspirar para que na seringa
tenhamos 200 mg (dose prescrita)?

1ml 500 mg
X ml 200mg.

Multiplicando os opostos:

1 ml x 200 mg = X ml x 500 mg.

Isolando o X, teremos:

X = 200 ÷ 500 = 0,4ml, ou seja, em 0,4 ml teremos 200 mg de dipirona.

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TEMA 4 – EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE DOSE DE MEDICAÇÃO

A seguir, apresentaremos alguns exemplos de cálculos de dose de


medicação simples, sem diluição envolvida.

Exemplo 7 – A prescrição médica indica 600 mg de amoxicilina para


serem administrados em uma sonda gástrica a cada 8 horas. O frasco da
amoxicilina é rotulado com 400 mg/5 ml. Quantos ml de amoxicilina você deve
administrar?
Para os cálculos de dose de medicação simples, que não envolvem
diluição, o método mais rápido é a regra de três, ou seja, apenas raciocínio de
proporção.
Devemos lembrar que o medicamento traz no rótulo a seguinte
informação: 400 mg/5 ml, ou seja, em cada 5 ml de medicamento, teremos 400
mg do fármaco.
Lembre-se de que sempre em uma “regra de três”, as mesmas unidades
de medida devem estar alinhadas (mg em cima de mg e ml em cima de ml):

400 mg → 5 ml
600 mg → X ml

400 x X = 600 x 5
400 X = 3000

3000
A= ------------- = 7,5 ml.
400

Você deve administrar 7,5 ml do medicamento.

Exemplo 8 – A prescrição médica indica 3 mg de sulfato de morfina IV. O


medicamento está disponível apenas em frasco contendo 10 mg/ml. Quantos ml
você deve administrar?
Aqui, novamente o cálculo de regra de três simples.

10 mg → 1 ml
3 mg → X ml

10 x X = 3 x 1
10 X = 3

9
3
X = -------- = 0,3 ml.
10

Você deve administrar 0,3 ml.

Exemplo 9 – Um paciente, admitido no setor de clínica cirúrgica, precisa receber


a seguinte prescrição médica: Decadron 16 mg, via endovenosa. No entanto, no
hospital, apenas está disponível frasco de Decadron 4 mg/ml de 2,5 mL. Sendo
assim, quantos ml devem ser administrados para atender corretamente a
prescrição?
Novamente, regra de três simples.
Se em uma ampola temos 4 mg/ml, com um total de 2,5 ml por ampola:

16 mg → X ml
4 mg → 1 ml

4 x X = 16 x 1
4 X = 16
16
X = ---------- = 4 ml.
4

Atenção: cada ampola tem 2,5 ml e você deverá administrar 4 ml (mais


de uma ampola).

TEMA 5 – AS SOLUÇÕES

Na assistência de enfermagem é utilizada uma variedade de


concentrações para injeções, irrigações e infusões.
“Uma solução é uma determinada massa de substância sólida dissolvida
em um volume conhecido de outro líquido” (Potter, 2018, p. 609). As soluções
também podem ser a mistura de dois líquidos, em que o solvente estará em
maior volume e o soluto estará em menor quantidade.
Quando temos uma certa quantidade de líquido, com a presença de uma
substância sólida diluída (solução), a concentração da solução pode estar em
unidades de massa por unidades de volume (por exemplo, g/L, mg/ml) ou ainda
como uma porcentagem.

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Por exemplo, uma solução a 0,9% é composta de 0,9 g de sólido
dissolvido em 100 ml de solução.
Uma proporção também expressa as concentrações. Uma solução a
1/1.000 representa uma solução contendo 1 g de sólido em 1.000 ml de líquido
ou 1 ml de líquido misturado em 1.000 ml de outro líquido.

5.1 Diluição e rediluição de soluções

A diluição de uma solução nada mais é do que adicionar maior quantidade


de solvente (água destilada, SF, SG ou diluente para injeção) a uma solução,
diminuindo-se, assim, a concentração inicial dela.
Quando se adiciona mais solvente a uma solução, a quantidade de soluto
não se altera, assim, apenas o volume e a concentração são alterados.
Nesse caso, com a diluição da solução, a concentração final diminui e o
volume total aumenta.
Utiliza-se a rediluição quando se necessita de doses muito pequenas,
como as utilizadas em neonatologia, pediatria e algumas clínicas especializadas.

5.2 A penicilina cristalina

Esse antibiótico de largo espectro é comumente utilizado em unidades


hospitalares e seu frasco-ampola possui apresentações mais comuns com
5.000.000 UI e 10.000.000 UI.
No entanto, em tratando-se da penicilina cristalina, sempre devemos
considerar o volume do medicamento. Esse medicamento possui um pó que,
ao ser diluído, mantém o volume inicial, o que não acontece com outras
medicações.
Devemos sempre ter em mente que o frasco-ampola de 5.000.000 UI
equivale a 2 ml e o frasco de 10.000.000 UI equivale a 4 ml.
Ou seja, independente do volume inserido no frasco-ampola, devemos
somar o volume do medicamento.
A título de padronização, como o frasco-ampola de 5 milhões de unidades
possui volume inicial de 2 ml, normalmente inserimos 8 ml de água destilada
para diluição.

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Para a padronização da diluição do frasco-ampola de 10 milhões de
unidades, devemos inserir 6 ml de água destilada, o que resulta em 10 ml totais
da solução, facilitando os cálculos.

Esquematizando:
• Se 5.000.000 UI estão para 8 ml AD + 2 ml de cristais (10ml), logo,
5000.000 UI estão para 10 ml.
• Se 10.000.000 UI estão para 6 ml AD + 4 ml de cristais (10 ml), logo,
10.000.000 UI estão para 10 ml.

Essa padronização auxilia a diminuir os erros de cálculo de medicação,


uma vez que sempre terá a mesma concentração da solução diluída (para 5 e
10 milhões).

5.3 Exercícios de diluição e rediluição de medicamentos e soluções

Agora, apresentaremos alguns exercícios relacionados à diluição de


medicamentos e soluções.

Exemplo 10 – Foi prescrita penicilina cristalina 2.800.000 UI, intramuscular. Na


instituição, existe apenas o frasco-ampola de 10.000.000UI. Como realizar essa
medicação?
Inicialmente, devemos lembrar que a penicilina cristaliza possui volume
de soluto de 4 ml nessa apresentação.
Após essa particularidade, seguimos com cálculos simples de regra de 3.
1 ampola possui 10.000.000 UI e iremos diluir com 6 ml de água destilada,
totalizando um volume de 10 ml de solução.
O volume que irá ser utilizado na regra de três é o da solução, assim,
teremos a seguinte construção:

10.000.000 UI → 10 ml
2.800.000 UI → X ml

10.000.000 x X = 2.800.000 x 10

28.000.000
X = ------------------------- = 2,8 ml.
10.000.000

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Exemplo 11 – Foi prescrita aminofilina 15 mg IV, e a farmácia dispensou apenas
ampola de 240 mg/10 ml. O que você deve fazer?
Novamente, “regra de três” simples.

240 mg → 10 ml
15 mg → X ml
240 x X = 15 x 10

150
X = ----------------- = 0,62 ml.
240

NA PRÁTICA

Nesta aula foram apresentados diversos exemplos de cálculo de


medicação, com a apresentação e a descrição da construção do raciocínio.
No entanto, devemos destacar que, além dos simples cálculos
apresentados, devemos prestar atenção na via de administração prescrita, para
avaliar as condições do paciente, principalmente se a via prescrita é a
intramuscular.
Apresentamos anteriormente uma tabela com os volumes máximos
indicados para cada músculo. Lembre-se sempre que crianças e lactentes
possuem limites de volumes menores para cada região da injeção intramuscular.
Por exemplo, no caso de um bebê que tem prescrita uma medicação IM,
a primeira escolha deve ser o vasto lateral da coxa e esse músculo, para essa
faixa etária, tem indicação de volume máximo igual a 1,0 ml. Sempre fique
atento!

FINALIZANDO

Apresentamos aqui as questões envolvendo o cálculo de medicação, a


velocidade de infusão de soluções e ainda a diluição de medicamentos.
Devemos possuir algumas habilidades matemáticas para assegurarmos
o cálculo correto e seguro de doses de medicamentos prescritos aos pacientes
sob nossos cuidados.
Ao final desta aula, você deve ser capaz de identificar qual o raciocínio
que deverá realizar para o cálculo das doses prescritas. Caso tenha muita
dificuldade com a parte matemática aqui apresentada, sugerimos aprofundar
seus estudos em matemática básica.
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REFERÊNCIAS

BARROS, E.; BARROS, H. M. T. (Org.). Medicamentos na prática clínica.


Porto Alegre: Art-med, 2010.

COSTA, A. L. J.; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre:


Artmed, 2014.

GALINDO, C. et al. Técnicas básicas de enfermagem. Curitiba: Base Editorial.


2010.

PAULA, M.; et al. Semiotécnica – fundamentos para a prática assistencial de


enfermagem. Barueri: Grupo GEN, 2016. 9788595151673. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151673/>. Acesso
em: 5 mar. 2021.

POSSO, M. B. S. Semiologia e semiotécnica de enfermagem. São Paulo:


Editora Atheneu, 2006.

POTTER, P. Fundamentos de Enfermagem. Barueri: Grupo GEN, 2018.


9788595151734. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151734/>. Acesso
em: 14 mar. 2021.

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