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BASES FUNDAMENTAIS PARA

A ENFERMAGEM
AULA 2

Profª Anna Beatriz de L. P. Naumes


CONVERSA INICIAL

Vamos apresentar nesta aula os cuidados corporais em enfermagem,


relacionados à movimentação do paciente e seus principais desafios; o
posicionamento adequado do paciente no leito, considerando diversas
particularidades e as medidas de conforto que podemos proporcionar aos
pacientes sob nossos cuidados.
Este material vai proporcionar conhecimentos do organismo humano e
seus aspectos para que você tenha condições de prestar uma assistência de
enfermagem integral e humanizada, conhecendo as técnicas corretas e
princípios norteadores que possibilitarão a você desenvolver um cuidado ao
paciente com excelência.

TEMA 1 – POSICIONAMENTO DO PACIENTE

Os pacientes tendem a adotar as posições mais confortáveis para eles,


mas algumas vezes essa necessidade se deve a razões terapêuticas. Existem
diferentes e diversas posições que facilitam a execução de cirurgias, exames
clínicos e até mesmo a administração de medicamentos.
Posicionar o paciente de acordo com o exame a ser realizado significa
expor adequadamente a área que será examinada. A enfermagem deve
respeitar o pudor e proteger o paciente de riscos. Deve-se sempre deixar o
paciente centralizado no leito, a fim de evitar quedas. Mudanças de posição
podem provocar tontura, mal-estar, palidez.
A enfermagem deve sempre estar atenta a possíveis queixas do paciente.
Há muitas situações em que devemos usar o bom senso para decidir qual é a
melhor posição para o paciente. Uma avaliação inteligente dos problemas de
saúde do paciente e conhecimentos de anatomia e fisiologia constituem uma
base importante para essa decisão.
Devemos conhecer todas as posições que o paciente pode adotar e as
medidas de suporte que aumentam o conforto em cada uma dessas posições.
As razões para posicionar um paciente terapeuticamente podem ser
descritas como: manter a boa postura do corpo; prevenir contraturas; promover
a drenagem de secreções; facilitar a respiração; prevenir o desenvolvimento das
lesões por pressão.

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Devemos sempre buscar as posições que se aproximam da posição
anatômica básica, pois elas mantêm a boa postura corporal, o que é sem dúvida
desejável. As articulações devem ser mantidas em discreta flexão, pois a
extensão prolongada acarreta uma tensão muscular desnecessária.
A posição do paciente deve ser alterada frequentemente, pelo menos a
cada 2 horas para pacientes que têm sua integridade da pele preservada. Em
pacientes que já apresentam lesões na pele, independente do grau, a mudança
de decúbito deve ser a cada hora. Uma pressão mantida sobre determinada área
da pele pode causar lesão na área, resultando nas chamadas lesões por pressão
(que antigamente eram chamadas de úlceras de decúbito).
Os pacientes apresentam individualmente um grau diferente de
aceitabilidade da pressão sobre a pele e essa característica não é conhecida
previamente, sendo um desafio manter a integridade da pele de pacientes de
mobilidade reduzida. Todos os pacientes necessitam de exercícios diários, a
menos que estejam contraindicados por motivos médicos. Quando um paciente
muda de posição, suas articulações devem ser movimentadas em todo o ângulo
de ação, a menos que isso também esteja contraindicado por motivos médicos.
Quando posicionamos pacientes no leito, os princípios que regem a
posição anatômica devem ser mantidos, tais como: bom alinhamento de todas
as partes do corpo; distribuição homogênea do peso sobre todas as partes do
corpo; maior espaço possível para que os órgãos internos se localizem nas
cavidades corporais; articulações em posição funcional (para andar, apanhar
objetos etc.).
Pode ser melhor para determinados pacientes permanecer em certas
posições que não obedecem à posição anatômica terapêutica, entretanto os
princípios básicos devem ser lembrados e aplicados sempre que possível.
As medidas de conforto que a enfermagem pode proporcionar aos
pacientes sob seus cuidados devem ser exploradas e aplicadas em nossa rotina
de trabalho.
Um dos principais exemplos que podemos trazer a vocês sobre
posicionamentos no leito é a questão dos ninhos que atualmente encontramos
em todas as Unidades de Terapia Intensiva Neonatais.
Há cerca de 20 anos iniciaram-se estudos sobre o melhor posicionamento
dos bebês prematuros nas incubadoras, uma vez que antigamente os bebês
eram dispostos em posição supina simples, ou ainda, mesmo que colocados

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lateralmente, os prematuros extremos não possuem a flexão anatômica que os
bebês a termo apresentam (devido à imaturidade das estruturas articulares).
Iniciou-se então um movimento de busca para que esses pequenos
indivíduos pudessem receber um pouco de conforto em meio aos tantos
cuidados agressores que necessitam.
Assim surgiu a utilização dos ninhos nas incubadoras, feitos com
pequenos lençóis enrolados de maneira a criar uma moldura oval, onde os bebês
são dispostos dentro, mas sentem as suas extremidades fletidas e até mesmo
suavemente contidas pelos ninhos.

1.1 Posições para exames e tratamentos

Entre as posições mais utilizadas, destacam-se as seguintes:

1. Sentada – utilizada para exames de ouvidos, olhos, nariz, garganta, pés,


mãos, cabeça, braços e tronco;
2. Ortostática – posição de pé, ereta, usada para verificar atividades motora,
marcha, equilíbrio, postura, conformação óssea, etc.;
3. Decúbito dorsal – posição deitada de costas com as pernas estendidas
ao lado do corpo, usada para exame do tórax, parte anterior do abdome
e extremidades;
4. Decúbito ventral – posição deitada de abdome para baixo, usada para
exames da parte posterior do tórax, região cervical, lombar e glútea;
5. Sims – decúbito lateral esquerdo ou direito, com a perna que está do lado
de cima flexionada, afastada e apoiada na superfície de repouso. Essa
posição é usada para exames e cateterização do reto, verificação da
temperatura pelo reto e outros;
6. Fowler – posição semissentada no leito, usada como posição de conforto,
quando há dispneia após cirurgia de tireoide ou abdominal, drenagem de
tórax, etc.;
7. Jackknife ou canivete – decúbito ventral, com coxas e pernas suspensas
para fora da mesa, e tórax sobre a mesa, a qual está levemente inclinada
no sentido oposto das pernas, usada para exames e cirurgias de ânus,
reto e outras;

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8. Ginecológica – decúbito dorsal, com as pernas flexionadas, afastadas,
usada para exames dos órgãos genitais internos e externos, cirurgias,
cateterização, partos e outros;
9. Litotômica – decúbito dorsal, com pernas afastadas e suspensas sobre
perneiras, usadas para exames dos órgãos genitais internos e externos;
10. Tredelenburg – decúbito dorsal com o corpo inclinado para trás, pernas
e pés pensos fora da mesa. Essa posição também pode variar com pernas
e pés mais elevados que o corpo, e é muito usada em casos de
hemorragia, edema e outros;
11. Genupeitoral – decúbito ventral, com tórax e coxas flexionadas,
levantando o assento, apoiando-se nos joelhos e cotovelos. Essa posição
é usada para exames do reto e outros.

TEMA 2 – MOVIMENTAÇÃO NO LEITO E PARA TRANSPORTE DO PACIENTE

Quando tratamos da mobilização do paciente, devemos atentar para a


utilização de posturas corporais corretas, a fim de evitarmos lesões
desnecessárias.
A utilização dessas posturas adequadas, além de prevenir lesões, que
podem agravar-se e evoluir para limitações ou restrições de movimento do
profissional de saúde, ainda contribuem para uma movimentação segura dos
pacientes.
Sempre devemos estar atentos às queixas dos pacientes, assim como às
posições no leito em que esse paciente será mantido. Preferencialmente, as
posições anatômicas (levemente fletidas) são as mais indicadas e proporcionam
maior conforto.
O profissional de saúde deve ser capaz de analisar a situação geral do
paciente para poder intervir na movimentação e posicionamentos corretos dos
pacientes no leito e em momentos de repouso.
A orientação do paciente quanto às técnicas que serão utilizadas, assim
como sempre solicitar a sua colaboração (sempre que possível), proporciona
segurança física e manejo adequado dos acessórios terapêuticos que podem
estar sendo utilizados pelo paciente, por exemplo, coletes, sondas, drenos,
curativos, sacos coletores, aparelhos gessados ou colares.

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Pontos importantes
Quando pensamos em movimentação e posicionamento do paciente,
Pianucci (2019), descreve os principais pontos que devemos atentar:
Avaliar se o número de pessoas é suficiente para realizar a movimentação,
visando à ergonomia da equipe e segurança do cliente.
Prever a melhor forma de realizar a movimentação, possibilitando a todos a
segurança no procedimento.
Em caso de paciente politraumatizados, fazer a movimentação evitando dor
intensa, agravamento das lesões, principalmente na coluna vertebral, e danos
ao aparelho gessado e talas. Colar ou colete não devem ser removidos sem
indicação prévia. Sempre manter o cliente em posição anatômica. A
movimentação deverá ocorrer em bloco.
Pacientes agitados ou agressivos podem estar contidos mecanicamente.
Nesse caso, devemos tomar cuidado para não liberar a contenção, a fim de
evitar a agressão ou queda.
Gestantes em sua maioria precisam ser auxiliadas em função das mudanças
que seu corpo sofreu; com o deslocamento do seu centro de equilíbrio devido
ao crescimento do abdome, o que provoca desequilíbrio e dificuldade na
movimentação. (Pianucci, 2019, p. 62)

2.1 Movimentação do paciente no leito

Material: lençol, coxins, travesseiros.


Método:

1. Lavar as mãos;
2. Seguir escala de mudança de decúbito de acordo com a prescrição de
enfermagem;
3. Orientar o paciente sobre o procedimento;
4. Solicitar colaboração do paciente, se possível;
5. Adaptar travesseiros e coxins, se necessário;
6.Certificar-se de que o paciente está em posição confortável;
7. Lavar as mãos;
8. Realizar anotações de enfermagem.

Observação: desenvolver a técnica seguindo sempre os princípios da


ergonomia.

2.2 Virar o paciente em decúbito lateral a braços

1. Movimentar o paciente para cerca de 20 centímetros além do centro da


cama, em direção ao lado oposto ao que será lateralizado;
2. Posicionar as pernas do paciente de maneira que fiquem retas, porém
cruzadas;

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3. Colocar uma das mãos no ombro do paciente que está encostado no
colchão e a outra na região lombar do mesmo lado e, com firmeza e
rapidez, virar o paciente para o lado desejado;
4. Colocar um coxim entre as pernas, um na região dorsal e outro na região
ventral, na altura do hipograstro (no total de 3 apoios). Para recostar o
braço que se encontra do lado de cima, podemos utilizar de diversos
coxins, dependendo da altura desse braço ao colchão, sempre
proporcionando conforto ao paciente.

2.3 Virar o paciente em decúbito lateral com auxílio do lençol móvel


(travessa)

1. Soltar o lençol móvel (travessa) de um lado;


2. Colocar o paciente um pouco mais para a beira do leito, do lado oposto ao
que se vai virá-lo;
3. Cruzar a perna do cliente para o lado que se quer virar;
4. Pegar o lençol móvel (travessa), enrolar e puxar vigorosamente para cima,
até o paciente ficar virado de lado;
5. Colocar um travesseiro entre as pernas, um para apoiar o dorso e outro
no abdome. Utiliza-se o número de travesseiros necessários para deixar
o paciente confortável;
6. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.

2.4 Para colocar em decúbito ventral

1. Inicialmente retirar cobertas e travesseiros, para melhor movimentação do


paciente;
2 lateralizar o paciente;
3. Posicionar as duas mãos como apoio, uma no ombro e outra no terço
médio da coxa do paciente, auxiliando-o a virar-se com um impulso rápido,
porém seguro;
3. Posicionar coxins nas regiões dorsal, abaixo dos joelhos e onde julgar
necessário, de modo a possibilitar uma posição confortável.

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2.5 Levar o paciente para a cabeceira do leito

2.5.1 Quando o paciente ajuda

1º método
Explicar ao paciente o que será realizado, o modo e solicitar seu auxílio,
de maneira a permanecer em decúbito dorsal, flexionando os joelhos e firmando
os pés no colchão;
Posicionar o braço dominante abaixo do ombro do paciente, de maneira
que atravesse seu tórax e sua mão firme na axila do lado oposto;
Posicionar o outro braço na região sacral do paciente, atravessando o
pompleto.
Pedir ao paciente que, ao mesmo tempo em que ele dá impulso para cima,
levante-o e arraste-o em direção à cabeceira do leito.
2º método
Pedir ao paciente que flexione os joelhos, firme os pés no colchão e
segure a cabeceira do leito com as mãos;
Ajudar o paciente a se deslocar para a cabeceira do leito.

2.5.2 Quando o paciente não pode ajudar

Método:
A 1ª pessoa coloca um braço no ombro e o outro na região glútea;
A 2ª pessoa coloca um braço na região lombar e outro na altura dos
joelhos;
Num movimento ritmado, as duas levam o paciente para a cabeceira.
Observação: para abaixar o paciente no leito, usam-se os mesmos
métodos.

2.6 Passar o paciente do leito para a maca e vice-versa

Quando o paciente pode colaborar, a enfermagem só auxilia e orienta. No


caso de o paciente estar impossibilitado de colaborar, a enfermagem deve
procurar o cuidado em equipe.

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2.6.1 Passar o paciente do leito para a maca e vice-versa com auxílio do
lençol móvel (travessa)

São necessárias 4 pessoas.


Método

1. Preparar a maca;
2. Explicar ao paciente o que vai ser feito;
3. Deixar em leque a colcha e o sobre lençol que está cobrindo o paciente;
4. Soltar o lençol móvel (travessa) e enrolar as pontas bem próximo do
paciente;
5. Colocar a maca paralela e encostada no leito;
6. As pessoas devem colocar-se, duas ao lado da cama, e duas ao lado da
maca, segurando o lençol móvel (travessa);
7. Apoiar a cabeça com travesseiro se o paciente estiver inconsciente ou
impossibilitado de colaborar;
8. Posicionar os braços do paciente sobre o tórax ou estendê-los ao lado do
corpo;
9. Ao segurar o lençol, dobrar suas laterais até o ponto mais próximo ao
corpo do paciente, proporcionando firmeza ao segurá-lo;
10. Ritmadamente, as 4 pessoas, num só movimento, passam o paciente
para a maca ou a cama;
11. Dar atenção para o transporte de sondas, cateteres ou drenos que
estejam instalados no paciente; estes devem todos ser clampeados no
momento da mobilização e abertos e checados logo a seguir;
12. Proceder com as anotações de enfermagem.

Observação
• 1ª pessoa – posiciona-se na cabeceira da cama apoiando cabeça e
tronco;
• 2ª pessoa – posiciona-se nos pés da cama apoiando membros inferiores;
• 3ª pessoa – posiciona-se em uma das laterais da cama, apoiando tronco
e quadril;
• 4ª pessoa – posiciona-se na outra lateral da cama, apoiando tronco e
quadril.

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2.6.2 Passar o paciente do leito para a maca e vice-versa a braços

São necessárias 3 pessoas.


Método:

1. Preparar a maca;
2. Explicar ao paciente o que será feito;
3. Colocar um lençol sob o paciente;
4. Abaixar a colcha e o sobre lençol que o cobre;
5. Envolver o paciente com o lençol;
6. Colocar a maca em ângulo reto com a cama (cabeceira da maca e os pés
da cama);
7. As pessoas se colocam ao lado do paciente, por ordem de altura;
8. A mais alta, na cabeceira, coloca um braço no ombro ou na cabeça, e o
outro na região lombar (cintura do paciente);
9. A média, no meio, coloca um braço na região lombar, cruzando-o com o
da cabeceira e o outro no terço inferior da coxa;
10. A mais baixa, nos pés, coloca um braço na região lombar, cruzando-o
com a do meio, e o outro segura o dorso dos pés;
11. Inspirar profundamente e, num movimento simultâneo, colocar o
paciente na beira da cama;
12. Levantá-lo, colocando-o sobre o peito;
13. Soltar o lençol que o envolve e cobri-lo.

2.7 Movimentação do paciente da cama para a cadeira de rodas

Material: cadeira de rodas, escadinha e lençol móvel (travessa).


Como proceder:

1. Explicar para o paciente como será o procedimento, sempre que possível,


solicitando seu auxílio;
2. Posicionar a cadeira de rodas próxima à cama e encostá-la o máximo
possível, posicionando a escadinha logo à frente da cama;
3. Travar a cadeira de rodas e dobrar (abrir) o descanso para os pés;
4. Caso o paciente tenha condições de se movimentar, colocar-se à frente
do paciente, de modo que ele possa utilizá-lo como apoio para sair da
cama.

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5. Em casos que o paciente não esteja apto a colaborar, utilizar a travessa
abaixo dele para movê-lo em direção à cadeira;
6. Posicionar os pés do paciente na escadinha, de modo que ele possa
apoiá-los;
7. Utilizando a travessa, desloca-lo para a cadeira de rodas;
8. Posicionar adequadamente seus pés na cadeira, abaixando o descanso
dos pés da cadeira de rodas;
9. Se necessário, cobrir o paciente com um lençol;
10. Posicioná-lo confortavelmente;
11. Realizar anotações de enfermagem.

TEMA 3 – RESTRIÇÃO DE MOVIMENTOS – RESTRIÇÃO MECÂNICA NO


LEITO

São medidas para limitar os movimentos do paciente em caso de extrema


necessidade, com auxílio de lençóis, ataduras de crepe e braçadeiras. O
procedimento deve ser explicado com muita clareza aos familiares do paciente
para que não haja dúvidas quanto à necessidade de restrição.
As restrições mecânicas no leito realizadas com o objetivo maior de
proteger o paciente de quedas, agitação e movimentos bruscos no leito. São
realizadas geralmente com lençóis, ataduras de crepe, braçadeiras ou outros
tecidos firmes, porém que proporcionem certo conforto ao paciente.
Ao serem utilizadas essas restrições, sempre se deve priorizar a
comunicação à família, explicando sobre as necessidades e principalmente
sobre a indicação da restrição para o paciente.
As indicações para o uso de restrições mecânicas são: na realização de
determinados procedimentos, como punção venosa em lactente; para evitar
queda da cama de cliente agitado, semiconsciente, inconsciente ou com
convulsões; em caso de agitação pós-operatória, principalmente se operado do
crânio ou catarata; em alguns tipos de exames e tratamentos; em doentes
mentais que constituem perigo para si e para os demais pacientes; em crianças
e adultos com afecções na pele para evitar que se cocem; em casos em que o
paciente não colabora para manutenção de sonda, cateter, curativo ou soro; em
paciente com alteração de comportamento, com lucidez prejudicada.
Devemos ter atenção aos seguintes pontos, conforme destaca Pianucci
(2019, p. 78):
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Avaliar criteriosamente a necessidade de fazermos ou mantermos a
restrição de movimentos, aplicando-a somente em casos de extrema
necessidade.
Estarmos atentos à presença de cianose local, ferimento da pele,
edema do membro e palidez de extremidade no local da restrição.
Não apertarmos excessivamente a faixa, sempre deixando dois dedos
entre o local da restrição e a amarração.
Nunca podemos restringir os membros sem restringir o abdome; com
movimentos bruscos o paciente pode se soltar, causando trauma de
coluna.
Nunca devemos restringir os ombros sem restringir o abdome.
Quando colocamos a contenção no abdome, devemos evitar ajustar o
lençol sobre a região epigástrica.
O paciente deve ser mantido em posição cômoda e anatômica.
Sempre devemos remover a restrição visualizando a região contida, no
mínimo 4 vezes ao dia.
Ao removermos as restrições, de forma alternada, massageamos a
área restrita e movimentamos as articulações, caso não haja
contraindicação para isso.
Nunca devemos comprimir artérias, plexos e nervos;
Nunca devemos fixar restrição de mãos à cabeceira da cama.
Anotar sempre no relatório os pacientes que estão com restrição e sua
causa determinante.

3.1 Tipos de restrição mecânica

Pode ser utilizado para as restrições mecânicas todo tipo de faixas de


tecido, por exemplo, lençóis, ataduras de crepom, faixas elásticas, alguns
coletes de restrição, tábuas, talas, cama com grade, sacos de areia para tração
ortopédica, entre outros.

3.1.1 Restrição por meio de lençóis

Material: lençóis dobrados em diagonal até formar faixa de uns 25 cm de


largura.
Método:
Inicialmente restringir a região dos ombros, transpassando a faixa de
lençol sobre o tórax do paciente pela parte da frente, passando pelas axilas,
saindo por trás, cruzando sob o travesseiro e amarrando ao estrado da cabeceira
da cama.
Com a utilização de dois lençóis dobrados (duas faixas de lençol),
posicionar um lençol no abdome do paciente e outro abaixo na mesma altura
(dorso), de modo que suas pontas fiquem uma em cima da outra. Torcer estas
pontas juntas, e amarrá-las no estrado lateral da cama

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Após a restrição dos ombros e abdome do paciente, devemos restringir
os movimentos dos membros inferiores, passando entre os joelhos do paciente,
de modo alternado (formando uma espécie de 8), e torcendo e amarrando as
pontas juntas no estado da cama.

3.1.2 Restrição com faixas

Geralmente são usadas nos punhos e tornozelos.


Material: faixa de crepom de algodão de pelo menos 15 cm de largura e
maior do que 1 m de comprimento. Algodão, algodão ortopédico, compressa
(para proteção das extremidades).
Método:

• Dobrar a faixa de maneira que a figura em 8 seja formada e segurá-la


pelos centros a fim de fazer um laço com nó;
• Posicionar adequadamente o membro do paciente, prendendo-o com a
argola formada pela faixa (como se fosse uma pulseira ou tornozeleira);
• Proteger a pele com um algodão ou compressa, atentando sempre para
não apertar excessivamente a argola, verificando sempre como está a
condição da circulação deste membro;
• Amarrar a extremidade da faixa no estrado lateral da cama.

3.1.3 Restrição com colete

Colete é uma vestimenta reforçada, sem mangas, com tiras largas e


longas, saindo de cada lado da parte da frente e cujas pontas são amarradas
nas laterais da cama.

TEMA 4 – MEDIDAS DE CONFORTO

Um dos objetivos da enfermagem é promover conforto aos pacientes. A


hospitalização do ser humano proporciona inúmeros desconfortos, tanto
psicológicos, físicos e até mesmo espirituais, dependendo dos valores e rotinas
deste paciente.
Ao ser internado, o paciente sofre por deixar sua rotina, seu lar, seus
hábitos e afazeres, e até mesmo sua privacidade.
A percepção das rotinas diárias de uma ala de internação pode
desencadear diversos sentimentos de angústia e medo, tanto com relação ao
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seu tratamento, como em relação aos procedimentos e situações que serão
enfrentados.
Algumas atitudes simples diminuem esse desconforto em ambiente de
internação, por exemplo, sempre estar portando o crachá de identificação,
sempre se apresentar ao paciente e acompanhantes, respeitar a privacidade do
paciente, observar seus costumes e sempre que possível, inseri-los na rotina de
cuidados, etc.
Alguns pacientes podem apresentar desconforto de natureza espiritual,
uma vez que o internamento pode estar privando-o de participar das atividades
de sua fé.
Ao identificarmos nos pacientes este sentimento, devemos perguntar se
deseja a visita de seu conselheiro espiritual (padre, rabino, pastor ou líder
religioso da sua fé), a fim de proceder com as autorizações necessárias para
acesso deste à visita.
Podemos, porém, incentivá-lo a ter vivência espiritual satisfatória, o que
geralmente resulta em auxílio no seu restabelecimento.
Quanto ao desconforto físico dos pacientes, geralmente está associado a
extremos de temperatura, posicionamento inadequado no leito, imobilidade,
roupas de cama úmidas ou amarrotadas, excesso de ruídos e barulho,
substâncias com odor forte, falta de costume com a densidade dos colchões e
travesseiros hospitalares, que geralmente tem cobertura impermeável, etc.
A enfermagem deve sempre que possível contornar as causas possíveis
e, quando pertinente, proceder a adequações no ambiente do paciente.
Uma das queixas frequentes de alguns pacientes é o toque pela mão fria
do profissional de saúde. A simples fricção das mãos sempre antes do toque no
paciente atenua esse desconforto.

4.1 Meios de proporcionar conforto físico

Atualmente, um mercado em expansão mundial é a fabricação de


materiais destinados exclusivamente ao conforto dos pacientes.
Com o envelhecimento da população mundial e o aumento expressivo das
doenças crônico-degenerativas, há cada vez mais pessoas necessitando de
estratégias para aumentar seu conforto, tanto em casa quanto nos
internamentos hospitalares.

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A criação de coxins, colchões de água, tipo casca de ovo, rolos e suportes
de espuma, bolsas de água quente e muitos outros equipamentos.
Vale lembrar-se sempre a higiene de todos esses materiais e
equipamentos, a fim de promover um ambiente saudável.
A higiene é uma ferramenta de proporcionar conforto aos pacientes, e
sempre que estes não estiverem em condições de realizar o autocuidado, a
enfermagem deve suprir essa falta.
Objetivando a reabilitação dos pacientes, devemos, sempre que possível,
utilizar-nos desses momentos como oportunidade de educação em saúde.

TEMA 5 – MASSAGEM E EXERCÍCIO PASSIVO

É a compressão manual, metódica, dos tecidos corporais, com fins


terapêuticos e de conforto.
Possui diversas finalidades como produzir o relaxamento muscular; ativar
a circulação sanguínea; evitar formação de lesões; reduzir possibilidades de
atrofias.
A enfermagem utiliza-se dessas técnicas para promover uma melhor
qualidade dos tecidos que sofrem compressão em pacientes acamados. As
técnicas apresentadas a seguir geralmente são realizadas uma vez ao dia, na
finalização do banho corporal dos pacientes, otimizando a sensação de bem-
estar e relaxamento que o banho proporciona.

5.1 Movimentos mais comuns para massagem

A seguir, apresentaremos os movimentos mais comuns para a massagem


corporal.

5.1.1 Deslizamento

Para realizarmos movimentos de deslizamento, com as mãos espalmadas


e firmes, devemos deslizar de maneira leve e ritmada as mãos, tanto em
movimentos circulares, como podemos aplicar movimentos mais longos,
geralmente nos membros.

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5.1.2 Amassamento

Consiste em agarrar o músculo, resolvê-lo e apertá-lo, de acordo com o


contorno da massa muscular.

5.1.3 Fricção

É um profundo movimento circular em que os dedos não deslizam sobre


a pele, mas a pele se move com os dedos.

5.1.4 Percussão

Consiste em dar palmadas ou bater de leve com as mãos cerradas no


tecido.

5.1.5 Vibração

É um impulso vibratório ou agitante comunicado aos tecidos do paciente


por meio de contínua vibração do ombro, braço, mãos e dedos do executante.

5.2 Descrição da técnica de massagem como protocolo de cuidado

Material: loções ou cremes hidratantes, conforme tipo e aspecto da pele


do paciente.
Método:

1. Observar a temperatura do ambiente, adequando-a sempre que possível;


2. Orientar o paciente, posicionando-o confortavelmente;
3. Separar o material e deixá-lo próximo;
4. Lavar as mãos e friccioná-las para que não estejam frias;
5. Expor a área a ser massageada;
6. Colocar uma pequena quantidade de creme ou loção nas mãos e iniciar
os movimentos delicadamente, executando-os conforme planejado;
7. Lavar as mãos e cobrir o paciente;
8. Guardar o material e deixar o ambiente em ordem;
9. Registrar o cuidado prestado, anotando todas as intercorrências e
detalhes que achar pertinentes.

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Observações

1. Nunca devemos tentar fazer massagem sobre a roupa do paciente.


2. O ideal é que a massagem seja feita logo após a higiene corporal geral, a
fim de proporcionar relaxamento, irrigação sanguínea adequada,
diminuindo as possibilidades de lesão de pele por diminuição da
movimentação no leito.
3. A duração da massagem de uma região pode variar de 1 a 3 minutos.
Lembramos que a massagem, como tratamento, deve ser prescrita e
realizada por pessoal especializado (fisioterapeutas).
4. Convém que as mãos que irão realizar essa massagem estejam livres de
calosidade e aspereza, limpas, quentes e com as unhas curtas.

NA PRÁTICA

Vamos imaginar que você está responsável por um paciente acamado,


que permanece a maior parte do tempo deitado em cima do lado direito de seu
corpo, sem muita mobilidade. Ao programar a higiene dele, nesse caso, banho
de leito, devemos sempre aproveitar esse momento para proceder ao exame
detalhado das condições da pele.
Durante o banho, você e sua dupla percebem que a área do trocanter está
macerada, avermelhada e a pele encontra-se extremamente fina. Quais são as
principais intervenções de enfermagem que você pode realizar?
Primeiramente, durante a higienização (banho de leito), você já deve
atentar para o exame desta área. Sinais de maceração indicam que há enorme
possibilidade de que evolua uma lesão por pressão.
Aproveitar os movimentos da higiene para realizar a massagem
apresentada nesta aula possibilitará um aumento da irrigação sanguínea da área
afetada, o que sempre ocasiona melhora tecidual.
Secar bem a área após o banho, deixar as roupas de cama limpas, secas
e sem dobras também é um cuidado que faz a diferença em tecidos frágeis.
A mudança de decúbito deve ser estimulada a cada hora, uma vez que
você já identificou a maceração da pele.
Percebe como é fácil conseguir agregar os cuidados teóricos
apresentados nesta aula com uma assistência de enfermagem de qualidade?

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FINALIZANDO

Nesta aula abordamos novamente a descrição das medidas de conforto


do paciente, porém agora destacando o posicionamento, movimentação e
transporte do paciente.
Alguns cuidados devem ser tomados tanto no preparo do paciente quanto
nas técnicas que foram apresentadas aqui para proporcionar integridade tanto
do trabalhador de enfermagem quanto segurança ao paciente.
Destacamos ainda as medidas de conforto (psicológico, espiritual e físico)
que podemos proporcionar àqueles sob nosso cuidado.
Ainda, trouxemos brevemente alguns fundamentos e técnica de
massagem de conforto e exercício passivo.

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REFERÊNCIAS

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