Você está na página 1de 5

Mecânica Corporal: paciente e profissional

Síndrome do Desuso: sinais e sintomas que resultam da inatividade.


A forma muscular, a resistência e a coordenação declinam durante o
processo de envelhecimento. Pacientes idosos precisam manter maior mobilidade
para evitar incapacidades.

Perigos da inatividade para os sistemas do corpo humano:


- Muscular: fraqueza, tônus/força diminuídos, atrofia
- Esquelético: má postura, contraturas, pé equino
- Cardiovascular: prejuízo circulatório, formação de trombos (coágulos),
edema dependente
- Respiratório: acúmulo de secreções, respirações superficiais, atelectasias
(colapso de alvéolos)
- Urinário: oligúria (urina escassa), infecções no trato urinário, formação de
cálculos (pedras), incontinência
- Gastrointestinal: anorexia, constipação, impactação fecal
- Tegumentar (pele): lesão por pressão
- Endócrino: taxa metabólica reduzida, secreções hormonais reduzidas
- Nervoso central: distúrbios do padrão do sono, mudanças psicossociais

➔ A boa postura é importante tanto para os enfermeiros quanto para os


pacientes. Uma boa postura ajuda a alinhar a gravidade ao centro do corpo
e oferece mais estabilidade.
Postura ideal quando em pé: cabeça ereta, coluna ereta, quadris no mesmo nível,
ombros na mesma linha e centrados acima do quadril, pés paralelos, joelhos
flexionados (para não comprometer articulações), distribuir o peso para ambos
os pés.
Postura ideal quando sentado: as nádegas e as coxas são a base de apoio, joelhos
flexionados, região poplítea longe da extremidade da cadeira para evitar
obstrução da circulação distal.
Postura ideal quando deitado: cabeça e os músculos do pescoço em posição
neutra, ombros nivelados, braços, quadris e joelhos levemente flexionados,
tronco reto e quadris nivelados, pernas paralelas.
➔ É essencial a utilização adequada da mecânica corporal para manter a
saúde do profissional. Evita lesões por esforço repetitivo, aumenta a
efetividade muscular, reduz a fadiga e promove a durabilidade do trabalho.
Ergonomia: promoção de conforto para manter a saúde no local de trabalho.
Recomendações ergonômicas:
- Uso de equipamentos auxiliares para erguer ou transportar materiais ou
pacientes pesados.
- Uso de equipamentos alternativos em tarefas que requeiram esforço
repetitivo.
- Uso de uma cadeira com bom apoio para as costas.
- Iluminação não ofuscante.

Orientações ergonômicas para o enfermeiro:


- Pés afastados e apoiados no chão
- Manter as costas eretas
- Usar músculos longos de braços e pernas para fazer força
- Usar o peso do corpo como alavanca
- Flexionar joelhos em vez de curvar a coluna
- Contrair músculos abdominais
- Permanecer ao lado para o qual irá virar o paciente
- Deixar a cama em posição horizontal quando paciente não colabora

O que o profissional deve levar em conta antes de transportar pacientes:


- Praticar exercícios físicos para ter uma boa mecânica corporal;
- Não exceder suas próprias capacidades para não se machucar;
- Solicitar a equipe, se necessário;
- Explicar ao paciente o que será feito passo a passo e solicitar sua máxima
ajuda;
- Orientar o paciente para que ele calce sapatos antiderrapantes (oferece
apoio e evita lesões nos pés);
- Planejar e transferir o paciente por distâncias curtas;
- Verificar se espaço físico é adequado e remover obstáculos;
- Verificar presença de soros, sondas ou outros equipamentos instalados;
- Elevar ou abaixar a altura da cama;
- Travar rodas da cama ou maca;
- Travar rodas e levantar o apoio para os pés da cadeira de rodas;
- Utilizar recursos e dispositivos que auxiliem na transferência do paciente
(como pranchas).

Observar:
- Há alguma restrição à mobilidade do paciente?
- Foi prescrita alguma posição terapêutica?
- Que posição é melhor para o paciente?
- O paciente necessita de ajuda para manter uma posição de alinhamento
corporal?

Princípios gerais para o posicionamento do paciente inativo:


- Mudar o paciente de decúbito a cada duas horas, pelo menos
- Solicitar assistência de pelo menos mais um funcionário
- Remover travesseiros e dispositivos de posicionamento
- Soltar as sondas de drenagem da roupa de cama
- Usar lençóis, tecidos com bom deslizamento (com menos atrito) para
auxiliar no posicionamento do paciente/transferência de maca
- Virar o paciente em um bloco único, para evitar torção da coluna vertebral
- Colocar o paciente em bom alinhamento
- Recolocar os travesseiros e dispositivos de posicionamento
- Apoiar os membros em uma posição funcional
- Usar elevação para aliviar o edema ou promover conforto
- Oferecer cuidados à pele após o reposicionamento

Recursos que auxiliam no posicionamento do paciente:


➔ Leito ajustável, colchão, travesseiros
➔ Prancha para leito: oferece apoio adicional ao corpo.
➔ Lençol deslizante: é usado para deslizar e rolar, em vez de levantar o
paciente. Trabalhando em equipe, os enfermeiros usam o lençol para
deslizar e rolar o paciente para uma posição alternativa, evitando qualquer
ação de inclinação, de levar adiante ou de torção. O lençol é removido
depois de utilizado ou mantido seco e sem vincos, para prevenir lesões na
pele.
➔ Rolos trocantéricos: posicionar o rolo junto ao quadril e o trocanter do
fêmur para evitar que o quadril rode externamente.
➔ Rolos para as mãos: evita a perda da mobilidade nas mãos e contraturas. O
rolo mantém o polegar afastado e os dedos na posição neutra.
➔ Botas, pranchas e talas para os pés: previnem a ocorrência do pé equino.
➔ Trapézio: peça metálica triangular presa acima da cabeceira do leito.
Auxilia o paciente a se levantar e movimentar-se na cama.
➔ Grades laterais: garante determinada segurança para o paciente. Auxilia o
paciente a se virar, levantar e sentar.

Posições comuns: decúbito dorsal, decúbito lateral, decúbito lateral oblíquo,


decúbito ventral, posição de Sims, posição de Fowler, posição de Trendelenburg.
➔ Decúbito dorsal (posição supina): paciente deitado sobre as costas. Duas
preocupações: lesão por pressão na região sacrococcígea, calcanhares e
região occipital, risco de formar pé equino. Utilizar rolos embaixo dos
joelhos.
➔ Decúbito lateral: paciente deitado sobre um dos lados do corpo. Necessário
apoio para o ombro e braço, pois, ao girarem, podem interferir na
respiração.
➔ Decúbito lateral oblíquo: variação do decúbito lateral. O paciente deita de
lado obliquamente (é necessário apoio para as costas, perna e braço). Essa
posição impõe menos pressão sobre o quadril, além de reduzir o potencial
de rompimento da pele.
➔ Decúbito ventral (posição pronada): paciente deita sobre o abdome.
Alternativa para pacientes com lesão por pressão oriundo do decúbito
dorsal. O decúbito ventral proporciona menor pressão sobre os pulmões e
melhora a oxigenação arterial. É geralmente usada em pacientes
submetidos à ventilação mecânica.
➔ Posição Sims (posição semiprono): paciente deita-se sobre um dos lados do
corpo, o joelho oposto flexionado em direção ao tórax, abdome e tórax
inclinados para frente. É utilizada em procedimentos e exames que
envolvem o acesso ao reto e vagina.
➔ Posição de Fowler (posição semi sentada): paciente sentado na cama,
permite que ele coma, fale e possa olhar a sua volta com mais facilidade.
Útil para pacientes com dispneia, porque faz os órgãos abdominais se
afastarem do diafragma. Reduz o fluxo sanguíneo nos tecidos da região
coccígea e aumenta os riscos de lesão por pressão.
Posição Fowler Baixa: a cabeça e o tronco elevados a 30 graus.
Posição Fowler Média: elevação de 45 graus
Posição Fowler Alta: elevação de 60 a 90 graus
➔ Posição de Trendelenburg: paciente em decúbito dorsal em que a cabeça
está em um nível mais baixo do que os pés. Recomendado para pacientes
com hipotensão.

Movimentos para evitar trombose:


- Movimentar os pés para cima e para baixo 20 vezes
- Apertar as coxas contra a cama, contar até 6, relaxar e repetir 10 vezes
- Apertar as nádegas uma contra a outra, contar até 6, relaxar e repetir 10
vezes.

Você também pode gostar