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CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DNA

CURSO Capacitação em Instrumentação Cirúrgica


PROFESSOR(A) Chirley Andrade
ALUNO (A)

POSICIONAMENTO EM MESA CIRÚRGICA

INTRODUÇÃO

As posições cirúrgicas foram adaptadas ao longo do tempo a fim de fazer com que as
cirurgias se tornassem mais seguras para pacientes que a elas precisassem ser submetidos.
Escolher uma posição cirúrgica, no entanto, é uma decisão que cabe ao cirurgião que irá
executar a cirurgia ou ao corpo clínico que a comandará, mas deve também ser analisada junto ao
anestesiologista que acompanhará o procedimento.
Uma vez que é esse segundo profissional aquele responsável por acompanhar os sinais
vitais do paciente, bem como o fluxo dos seus movimentos respiratórios e, ainda, pelo conforto
do paciente.
Estando adequadamente confortável, o paciente pode ter uma recuperação mais rápida,
menos dolorosa e, ainda, mais respeitosa.

1. POSIÇÕES CIRÚRGICAS
É aquela em que o paciente é colocado, depois de anestesiado, para ser submetido à
intervenção cirúrgica, de modo a propiciar acesso fácil ao campo operatório. As principais
posições cirúrgicas são:
 Decúbito dorsal
 Trendelenburg
 Decúbito lateral
 Ginecológica
 Decúbito ventral

1.1 Posição dorsal ou supina - nesta posição, o paciente deve ser mantido em decúbito dorsal ou
supino, tendo as pernas esticadas e os braços estendidos ao longo do corpo. É a posição mais
comumente usada para as cirurgias abdominais supra e infraumbilical, algumas torácicas,
vasculares. De todas as posições cirúrgicas, é a mais utilizada e a que menos complicações traz
ao paciente.

Cuidados de enfermagem:
 braços sob suporte < 90º (longo do corpo)
 pernas: estendidas, descruzadas
 coxim: sob cabeça e joelhos.

1.2 Posição ventral ou prona - é a posição em que o paciente é colocado com o abdome para
baixo, tendo a cabeça voltada para um dos lados e apoiada num travesseiro, as pernas estiradas,
os braços ligeiramente flexionados e apoiados em suportes. Esta posição exige, ainda a
colocação, de coxins sob os ombros, para facilitar a expansão pulmonar, sob a região
infraumbilical e sob a face anterior dos pés, para evitar a distensão muscular, importante observar
expansão pulmonar e liberação das mamas. É indicada para cirurgias para a região posterior do
corpo (dorsal, lombar, sacrococcígea e occipital), sendo que, nesta última, a cabeça precisa estar
apoiada, pela região frontal, num suporte acolchoado.

Cuidados de enfermagem:
 travesseiros ou coxins no abdome, nos MMII

1.3 Posição lateral ou sims - nesta posição, o paciente é colocado sobre um dos lados, tendo a
perna inferior estendida e a superior flexionada, separadas por um coxim ou travesseiro. Coloca-
se também, um coxim sob a linha da cintura e, a seguir, fixa-se o paciente transversalmente à
mesa cirúrgica com uma faixa larga de esparadrapo, passada sobre o quadril. Esta posição é
utilizada para as intervenções cirúrgicas de acesso aos rins.

Cuidados de enfermagem:
 travesseiros: sob cabeça, entre as pernas (perna de baixa reta e de cima flexionada).
 retorno à posição: lento!

1.4 Posição ginecológica (litotomia) - nesta posição, o paciente é colocado em decúbito dorsal,
tendo os membros inferiores elevados e colocados em suportes especiais, também chamados
perneiras, e fixados com correias. Deve-se ter o cuidado de envolver as pernas com campos ou
perneiras de tecido para lhe proporcionar conforto e segurança. Esta posição está indicada para as
cirurgias ginecológicas, proctológicas, algumas urológicas e exames endoscópicos.
Cuidados de enfermagem:
 bandagens, meias
 cirurgias > 2h = atenção com:
 uso de suportes MMII: flexão extrema coxas (função respiratória = pressão abdominal
contra diafragma).

1.5 Posição de Trendelenburg - nesta posição a cabeça e o corpo são abaixados; é usualmente
empregada para a cirurgia da parte inferior do abdome e da pelve, visando obter a boa exposição
ao deslocar os intestinos para dentro da parte superior do abdome. A posição é mantida ao se
colocar os pés nos estribos; é empregada em quase todos os procedimentos cirúrgicos perineais,
retais e abdominais.

Cuidados de enfermagem:
 cisalhamento: cintas
 retorno à posição: lento

1.6 Posição Trendelenburg Reverso ou Proclive ou Anti Tren: posição adequada para deixar
as alças intestinais na parte inferior do abdome, reduz pressão sanguínea cerebral, indicada para
cirurgia de abdome, crânio, tórax.

1.7 Posição de Fowler Modificada - indicada para neurocirurgias, mamoplastias e


abdominoplastias. Essa é a posição sentada propriamente dita, isto é, em ângulo de 90º. Flexiona-
se a parte dos MMII para prevenção de quedas. Ocorre o aumento do peso do paciente no dorso
do corpo. O repouso do dorso é elevado, os joelhos são flexionados, e o suporte de pé é mantido
no lugar.
1.8 Posição Canivete (Kraske, Depage) - É a posição derivada da ventral, na qual os MMII,
tórax e MMSS são abaixados de forma que o corpo fique fletido sobre a mesa, mantendo-se a
região a ser operada em plano mais elevado. Utilizada para cirurgias da região proctológica e
coluna lombar.

1.9 Cuidados com paciente na posição cirúrgica


a) Ao se colocar o paciente na posição cirúrgica, alguns aspectos fundamentais devem ser
lembrados:
 Atentar a evitar contato de partes do corpo do paciente com as superfícies metálicas da
mesa cirúrgica;
 Posicioná-lo de modo funcional e seguro, a fim de prevenir distensões musculares, evitar
compressão de vasos, nervos e saliências ósseas, e facilitar a dinâmica respiratória;
 Possibilitar livre fluxo das infusões venosas e a adaptação dos eletrodos para a perfeita
avaliação intraoperatória.

b) Ao se retirar o paciente da posição cirúrgica, alguns pontos precisam ser observados:


 Manusear o paciente anestesiado com movimentos firmes e lentos, pois a mudança
repentina de posição pode levar à hipotensão;
 Ao se retirar o paciente da posição ginecológica, deve-se ter o cuidado de descer,
alternadamente, as pernas, a fim de prevenir o afluxo rápido de sangue para os membros
inferiores, podendo causar hipotensão;
 Manter a cabeça voltada para um dos lados, quando o paciente permanecer em decúbito
dorsal;
 Observar o posicionamento correto das infusões.

c) Prevenindo lesão por posicionamento do paciente:


Os fatores a considerar incluem os seguintes:
 O paciente deve ficar na posição mais confortável possível, quer dormindo, quer
acordado.
 O campo operatório deve estar adequadamente exposto.
 Uma posição incômoda, pressão indevida sobre uma região do corpo ou uso de estribos
ou tração não devem obstruir o aporte vascular.
 A respiração não deve ser prejudicada por pressão dos braços sobre o tórax ou por uma
camisola que comprime o pescoço ou o tórax.
 Os nervos devem ser protegidos contra a pressão indevida. O posicionamento inadequado
de braços, mãos, pernas ou pés podem provocar lesão grave ou paralisia.
 Os suportes de braço devem ser bem acolchoados para evitar a lesão nervosa irreparável,
principalmente quando é necessária a posição de Trendelenburg.
 As precauções para a segurança do paciente devem ser observadas, em particular no caso
de pacientes magros, idosos ou obesos, ou naqueles com deformidade física.
 O paciente precisa da contenção suave antes da indução no caso de agitação.

É IMPORTANTE ATENTAR PARA:

 Temperatura da sala - se fria oferecer cobertor aquecido


 Quando da utilização de posicionadores, manter atenção com olhos, orelhas e nariz
 Alopecia focal pode ocorrer em região occipital na qual o anestesista pode virar a cabeça
do paciente a cada 30 minutos
 Mesas de operação – são especialmente desenhadas para atender as exigências peculiares
e altamente especializadas da terapia cirúrgica
 Equipamentos acessórios como estribo, suporte de perna, suporte de braços e suporte de
pé são desenhados para estabilizar o paciente na posição desejada e para oferecer
flexibilidade no posicionamento.

CONCLUSÃO

As posições cirúrgicas se desenvolveram e se aprimoraram através da história da medicina


e, sobretudo, através da melhoria dos procedimentos cirúrgicos através do tempo.
Para uma equipe médica é essencial que elas sejam reconhecidas e, ainda, possam ser
aplicadas sempre que necessário, pois é através de um bom posicionamento do corpo do paciente,
durante um procedimento cirúrgico, que a sua recuperação também começa.
Quando uma cirurgia ocorre em uma posição inadequada para o paciente, a sua
recuperação também tende a ser mais difícil e vagarosa, sobretudo por conta das questões
musculares que estão envolvidas.
Portanto, no momento de planejar uma cirurgia, deve-se planejar também com a equipe a
posição cirúrgica que será adotada. Dessa forma, é possível também preparar a sala, instrumentos
e equipamentos fundamentais para que se promova o conforto do paciente durante todo o tempo
de procedimento.

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