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Enfermagem Cirúrgica

3º Ano, Laboral
Segmentectomia e Manutenção das vias áreas permeáveis

DRª. FRANCE RIANE

E N F. E S TA G I Á R I O S : S U L U L U E M E S S I A S

QUINTA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2023


Anatomia e fisiologia do pulmão
O pulmão é um órgão do sistema respiratório, responsável pela troca
de oxigénio e gás carbónico, através da respiração. Um processo
conhecido como hematose.
Anatomia e fisiologia do pulmão
Os pulmões são críticos para o bem-estar geral de um organismo,
criando um local para as trocas gasosas, de modo que o dióxido de
carbono possa ser expresso pelo corpo enquanto o oxigénio é
absorvido para que possa se difundir no tecido através do sangue.
Anatomia e fisiologia do pulmão
Cada pulmão apresenta a forma de um cone irregular, medindo cerca de 25 cm
de altura e 700 g de peso. O pulmão direito é maior e dividido por duas
fissuras, formando 3 partes ou lobos: o superior, o médio e o inferior.

O esquerdo é menor, pois parte da cavidade torácica é ocupada pelo coração. É


dividido por uma fissura, formando dois lobos: o superior e o inferior.
Segmenctomia
Segmentectomia é o procedimento cirúrgico que consiste na remoção
de um dos segmentos pulmonares, ou seja, de apenas parte de um lobo.

A segmentectomia é um procedimento mais complexo do que a


lobectomia (remoção de um dos 5 lobos pulmonares), mas que visa
poupar o maior volume de pulmão possível.
Segmenctomia
Tradicionalmente, a segmentectomia é realizada através de uma toracotomia, que
envolve uma incisão na parede lateral do tórax, seguida do afastamento das costelas -
permitindo acesso ao pulmão.

Porém, com o avanço na medicina, tornou-se possível a realização do procedimento


por via videotoracoscópica ou, mais recentemente, robótica, técnicas que oferecem
mais segurança e praticidade.
Indicação da segmentectomia
 A segmentectomia é uma alternativa para o tratamento do câncer de
pulmão quando o tumor é muito pequeno (<2cm);

 Bronquiectasia;

 Metástases pulmonares;

 Malformações congénitas do pulmão;

 Obtenção de amostra para análises anatomopatológicas.


Complicações
As possíveis complicações durante e após o procedimento
dependerão da extensão da cirurgia e do estado de saúde geral do
paciente.
Complicações
As complicações graves podem incluir:

 Sangramento;

 Infecções e como as pneumonias;

 Derrame pleural;

 Pneumotórax: Ar no espaço pleural causando colapso pulmonar.


Cudados de enfermagem no pré-operatório
 Atender o/a paciente conforme as suas necessidades psicológicas (Esclarecer as
duvidas);

 Verificar os sinais vitais;

 Colher amostras para os exames laboratoriais;

 Acompanhar o paciente para a realização dos exames imagiológicos;

 Observar e anotar aceitação da dieta;


Cudados de enfermagem no pré-operatório
 Orientar higiene pessoal antes de entrar no centro cirúrgico;

 Manter o paciente em jejum durante 6 a 8 horas;

 Fazer tricotomia;

 Orientar o paciente a esvaziar a bexiga 30 minutos antes da cirurgia;

 Encaminhar o paciente ao centro médico.


Pós-operatório
Após a cirurgia, o paciente fica com um dreno no tórax, removido geralmente
entre o 1º e 3º dia. Geralmente após a retirada do dreno e a redução da dor, ele
poderá receber alta hospitalar.

Durante, pelo menos, 15 dias, o paciente deve evitar exercícios intensos. A


recuperação pode levar várias semanas.
Cudados de enfermagem no pós-operatório
 Receber e transferir o paciente da maca para o leito com cuidado, observando os drenos, sondas
e soros;

 Posicionar o paciente no leito de forma adequada, perguntando sempre a posição que se sente
mais confortável;

 Verificar os sinais vitais;

 Observar o estado de consciência;

 Avaliar a drenagem e soroterapia;


Cudados de enfermagem no pós-operatório
 Fazer as medicações prescrições médicas;

 controlar a diurese;

 Assistir psicologicamente o paciente e os familiares;

 Observar e relatar as complicações pós-operatórias (Cianose, dispneia, agitação, sagramento);

 Mantenha a incisão limpa e seca.


Manutenção de uma via aérea permeável
Conceitos básicos
Vias respiratórias são assim denominadas as estruturas responsáveis
pelo transporte do ar do ambiente aos pulmões no organismo
humano.
Conceitos básicos
Uma via aérea permeável é aquela aberta e livre de obstruções, onde o
paciente é capaz de inalar oxigénio e exalar dióxido de carbono.

Ter uma via aérea permeável não significa que o paciente não tenha
dificuldade em respirar, simplesmente significa que, se necessário, o
oxigénio pode ser administrado sem o uso da reconstrução cirúrgica da
via aérea.
Abordagem inicial das vias aéreas
Na abordagem iniciar de uma paciente traumatizado deve-se realizar a
avaliação das vias aéreas.

No atendimento pré-hospitalar, 66-85% das mortes evitáveis ocorrem


por obstrução de vias aéreas (por corpos estranhos, fracturas e
sangramentos graves).
Abordagem inicial das vias aéreas
O socorrista deve analisar se a respiração está adequada e se atentar
para: frequência respiratória, inspecção dos movimentos torácicos,
cianose, desvio de traqueia e observação da musculatura acessória.

Para tal, é necessário expor o tórax do paciente, realizar inspecção,


palpação, ausculta e percussão. É preciso, também, verificar se a
respiração é eficaz e se o paciente está bem oxigenado.
Abordagem inicial das vias aéreas
Após essa etapa devemos nos apresentar ao paciente e fazer alguma
pergunta. Caso o paciente responda, já consideramos que as vias
aéreas estão pérvias. Em caso de ausência de respostas devemos
realizar as manobras Jaw-Thrust (projeção da mandíbula) e Chin Lift
(elevação do mento) para avaliar presença de corpo estranho.
Objectvos manuseio das vias aéreas
 Permeabilizar;

 Proteger contra broncoaspiração;

 Ventilar o paciente.
Avaliação do paciente
 Nível de consciência;
 Esforço espontâneo ou apneia;
 Via aérea e lesão da coluna;
 Expansão da caixa torácica;
 Sinais de obstrução das vias aéreas;
 Sinais de angústia respiratória.
Manobras manuais: Abertura de vias aéreas.
Para manutenção das vias aéreas utiliza-se as seguintes técnicas:

 Chin lift: elevação do queixo, uso de aspirador de ponta rígida;

 Jaw thrust: anteriorização da mandíbula;

 Cânula orofaríngea (Guedel).


Manobras de Jaw-Thrust
Também conhecida como tracção mandibular, essa manobra serve
para anteriorizar o osso hióide e a língua para longe da faringe. É
utilizada em pacientes inconscientes pois a hipotonia da língua pode
obstruir a hipofaringe.
Manobras de Jaw-Thrust
 Indicada no caso de suspeita de lesão cervical;

 Abre a via aérea do paciente;

 O profissional se posiciona atrás do paciente ou ao seu lado, mantendo a imobilização da cabeça/pescoço;

 Utiliza o 4º e 5º dedo das mãos para deslocar a mandíbula para cima e com os polegares mantém a boca
do paciente aberta;

 São necessários dois profissionais para ventilação simultânea do paciente com ambu.
Manobra de Chin Lift. Inclinação da cabeça com
elevação do mento
Também conhecida como elevação do manto. É uma manobra simples para abrir
e manter as vias áreas permeáveis, sendo indicado para pacientes inconscientes.

A técnica consiste em se posicionar de lado do paciente e colocar a palma da mão


sobre a região frontal, empurrando suavemente para realizar um hiperextensão da
cabeça.
Manobra de Chin Lift. Inclinação da cabeça com
elevação do mento
Os dedos da outra mão do socorrista devem ser colocados sob a região de sínfese
mandibular da vitima, levantado a mandibula, ela é traccionada para anterior e para
longe da parede posterior da laringe, estabelecendo assim uma via aérea permeável.

Essa manobra é contra indicada em pacientes politraumatizados de face com


possível lesão cervical, pois este movimento pode aumentar os riscos de danos às
vertebras e a medula espinhal da vitima.
Manobra de Chin Lift. Inclinação da cabeça com
elevação do mento
 Esta manobra não deve ser utilizada na suspeita de lesão cervical;

 Coloca-se uma das mãos na fronte do paciente e a utiliza para inclinar a cabeça
para trás;

 Os dedos da outra mão são colocados no queixo do paciente e são utilizados


para deslocar a mandíbula para cima e frente.
Cânula orofaríngea (Guedel)
É um dispositivo destinado para manter pérvia a via aérea superior
em pacientes inconscientes ou com rebaixamento do nível de
consciência. A cânula evita que a base da língua do paciente com
depressão do sensório obstrua a orofaringe e, consequentemente
permite uma melhor oxigenação. Manter vias aéreas permeáveis.
Mecanismo de acção
A inserção da cânula orofaríngea tem como função principal manter a
língua distante da parede posterior da faringe e proteger o tubo
endotraqueal da compressão dos dentes. Deve ser instalada para
manter a língua em posição que não comprometa a passagem de ar
em vítima com nível de consciência rebaixado.
Material necessário
Tabuleiro contendo:

 Cânula orofaríngea (uma de cada tamanho);

 Luva de procedimento;

 Máscara cirúrgica;

 Óculos de protecção;

 Gazes ou compressas.
Indicação e Contra-indicação
Indicação

 Pacientes inconscientes;

 Pacientes em situação de convulsão e hipersecreção.

Contra-indicação

A instalação desse dispositivo está contra-indicada nas vítimas conscientes, pois


pode induzir a engasgo, vómitos e aspiração de líquidos gástricos.
Descrição do procedimento
Ao colocar a cânula de Guedel a equipe de Enfermagem deve observar também os seguintes cuidados:
manter a cabeça e o pescoço do paciente alinhados em posição neutra; abrir as vias aéreas com a manobra
de tracção de mandíbula no trauma e; em seguida, determinar apropriadamente o tamanho ideal da cânula.

Passos para inserção:

1. O profissional deve higienizar as mãos;

2. Separar o material necessário;


3. Calçar as luvas de procedimento, os óculos de protecção e máscara cirúrgica;
4. Escolha a cânula correcta para o paciente;
Passos para inserção
5. Fazer a abertura de vias aéreas; Manobra de elevação do mento em casos clínicos e
Jaw trusth para trauma.

6. Insira a cânula orofaríngea: Introduzir a cânula de Guedel com a extremidade voltada


para cima no sentido do céu da boca até que passe pela úvula; girar a extremidade em
180º de forma que aponte para baixo; Importante- Em Crianças (até 4 anos):
Introduzir a cânula de Guedel com a extremidade voltada para baixo.
Passos para inserção
8. Confirmar se a cânula encontra-se no local correcto; o enfermeiro
verificar saturação do paciente (oxímetro de pulso), a
expansibilidade torácica e ausculta do tórax (estetoscópio).

9. Retire as luvas e a mascara cirúrgica, despreze o material,


higienize as mão e anote no diário de enfermagem.
Bibliografias
PIRES, M. T. B.; STARLING, S. V. Manual de Urgências em Pronto-Socorro. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
ATLS. Advanced Trauma Life Support: Student Course Manua. 10ª ed. United States of America.
2018.
Haddad, Rui, and Carlos Eduardo T. Lima. "Cirurgia Torácica Robótica: Segmentectomia
Pulmonar." Pulmão RJ 30.1 (2021): 15-19.
Terra, Ricardo Mingarini, et al. "Segmentectomia pulmonar anatômica robótica: aspectos
técnicos e desfechos." Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões 46 (2019).

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