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Qual a diferença entre transferências e trocas

posturais?

As transferências podem ser definidas como um método de mover um paciente


de uma superfície para outra, onde o paciente é capaz de ajudar na
transferência, suportando parte do peso em pelo menos uma de suas pernas.
Alguns exemplos de transferências são mover o paciente de um leito para uma
maca, ou do leito para cadeira de rodas, da cadeira de rodas para vaso
sanitário, ou mesmo do leito para de pé. Já as trocas posturais acontecem no
mesmo plano, como por exemplo as trocas de decúbito (Decúbito dorsal para
lateral), e passar de deitado para sentado na beira do leito e, posteriormente,
retornar para deitado.

Por que fisioterapeutas precisam aprender isso?

Pessoas com mobilidade limitada devido a doenças, fraquezas, lesões ou


deficiências podem ter dificuldade para realizar as transferências posturais sem
o auxílio de um cuidador. Em casos mais graves, o paciente pode
simplesmente não ser capaz de se mover no leito de forma independente e,
portanto, encontra-se com um risco maior de desenvolver úlceras de pressão.
A aplicação das técnicas corretas de trocas e transferências posturais além de
ser um fator de segurança para o paciente, também são importantes para que
o fisioterapeuta realize esses procedimentos de forma mais rápida, com menos
força e protegendo a coluna de sobrecargas mecânicas.

Algumas dicas rápidas:

Caso esteja em atendendo em um hospital, descubra qual era o nível de


mobilidade do paciente antes da admissão. Em outras palavras, o que o
paciente era capaz de fazer sozinho antes de se internar? Não é razoável
esperar que alguém que há anos apresenta grandes dificuldades de
mobilidade, seja capaz de se lhe ajudar a se sentar ou levantar.

Uma outra dica que considero importante é: reconheça quando não for capaz
realizar sozinho a transferência do paciente. Não é vergonha nenhuma pedir
ajuda nestas horas.

Mas que tal ir agora ao que interessa?

Antes de começar, sugiro gastar alguns momentos para planejar sua


intervenção. Explique ao paciente qual será “o plano de vôo” e comunique
antecipadamente como será a troca postural, da maneira mais simples e clara
possível. Diga ao paciente o que ele/ela deverá fazer para lhe ajudar (permita
que o paciente participe o máximo possível).

Se houver acessos ou cateter, certifique-se de que não vão se enrolar ou


tensionar durante a troca postural. Se a cama for ajustável, ajuste a altura para
aproximadamente o nível dos seus quadris.

#1- Trocas de decúbito

De decúbito dorsal para decúbito lateral

Esta é a troca postural mais básica: Passar o paciente de decúbito dorsal (DD)
para decúbito lateral (DL). Para esse exemplo, vamos supor que o paciente é
capaz de ajudar na transferência. Siga as seguintes etapas.

1. Os membros inferiores do paciente podem estar ambos dobrados, ou um


dobrado e o outro em extensão. A escolha fica por conta da preferência ou do
que for mais confortável para o paciente. Caso opte por manter uma perna
fletida e a outra estendida, a perna estendida deve ser a do mesmo lado para o
qual você irá rolar o paciente (Exemplo: se você for virar o paciente para a
esquerda, a perna direita fica fletida e a esquerda estendida). (fig.1.)

2. Caso o paciente consiga lhe ajudar ativamente, basta pedir para o paciente
deixar as pernas “caírem” para o lado, fazendo uma dissociação de cinturas.
Solicite ao paciente que alcance com o braço oposto cruzado o corpo, em
direção à lateral da cama (fig. 2).

3. Em pacientes submetidos à cirurgia de coluna, o procedimento é


semelhante. a única diferença é que o paciente deverá “rolar em bloco”, isto é:
sem realizar a rotação de tronco (fig.3.).


Fonte: Caregiver Guide and Instructions for Safe Bed Mobility. Arch Phys Med
Rehabil. 2017 Sep;98(9):1907-1910.
#2. De DL para sentado com as pernas para fora do leito.
Pronto. Seu paciente já ficou confortavelmente em DL, mas agora você deseja
sentá-lo com as pernas para fora do leito para estimular a independência e a
interação com as visitas. Comece por deitá-lo em DL exatamente como
explicado acima. Sua intenção será elevá-lo como um bloco até deixar o tronco
na vertical. Antes de fazer isso pela primeira vez, certifique-se que o paciente já
tolera a postura sentada com a cabeceira elevada. Você não quer ninguém
tendo hipotensão postural, não é?

Seguindo a figura abaixo, com o paciente em DL Esquerdo, deixe as pernas do


paciente para fora do leito, elas farão um braço de alavanca que irá te ajudar
na transferência. Apoie seu braço direito passando sobre o ombro esquerdo do
paciente e posicionando sua mão sobre o dorso ou sobre a região posterior o
ombro direito dele. Sua mão esquerda irá “segurar” as pernas do paciente por
trás dos joelhos(NÃO é para se posicionar como se fosse carregá-lo no colo!!!,
seu braço esquerdo deve ficar em rotação interna e apoiando a mão sob os
joelhos do paciente) ou em paciente mais colaborativos mas ainda debilitados,
você poderá apenas fazer uma pressão para baixo sobre a crista ilíaca direita
para guiar o movimento. Posicione-se em inclinação lateral do tronco,
mantendo o paciente o mais próximo possível de você e com ele bem apoiado
retorne lentamente o seu tronco da posição de inclinação lateral para a posição
vertical mantendo o tronco do paciente reto, evitando inclinações. Ficou meio
confuso? Na verdade é bem simples, encontrei um vídeo em espanhol que
ensina a fazer essa troca postural usando como exemplo um paciente com
AVC.

PS: Tente com um colega antes de fazer no paciente!


PPS: Se forem necessárias duas pessoas para realizar a troca postural, uma deve
ficar responsável pelo tronco e membros superiores enquanto a outra pelos membros
inferiores.

#3- Transferência do leito para cadeira de rodas

O procedimento para realizar a transferência do leito para a cadeira de rodas é


o mesmo para a transferência da cadeira de rodas para sofá, cadeira higiênica
e vaso sanitário. Siga as seguintes etapas:

1- Posicione a cadeira de rodas próximo ao leito, verifique as travas de rodas e


retire um dos braços da cadeira.

2- Com o paciente sentado à beira da cama, deve-se solicitar ou auxiliar o


paciente a arrastar as nádegas para a frente, até a beira da cama. Os pés
devem estar separados na largura do quadril para que tenham uma base de
apoio mais ampla, verifique o calçado do paciente para evitar que escorregue.

2- Coloque suas mãos por baixo dos braços do paciente, apoiando nas
escápulas, na lombar, ou mesmo usando o cinto ou o cós da calça do paciente
como apoio. Solicite ao paciente que coloque as mãos sobre seus ombros –
ATENÇÃO! Alguns pacientes podem tentar te agarrar pela nuca. Se fizer isso,
interrompa imediatamente o procedimento e reforce a orientação de que o
apoio deve ser nos seus ombros. Segurar o peso corporal de um adulto com o
pescoço pode te machucar.

3- Peça que o paciente lhe ajude o máximo possível. Peça ajuda ao paciente e
erga-o tirando as nádegas do paciente da cama (se preferir ou se o paciente for
muito pesado, uma alternativa seria apoiar suas mãos sob as nádegas do
paciente e a partir daí fazer força para erguê-lo. Faça um movimento de pivô,
girando e deixando o paciente junto da cadeira de rodas e depois ajudando-o a
se sentar.

Naturalmente treine bastante antes de tentar com um paciente, e na primeira


vez que for fazer isso com um paciente peça para que outro fisio ou alguém da
enfermagem fique próximo para ajudá-lo. Ninguém nasce sabendo fazer essas
coisas!!!!

Transferência da cama para a cadeira de rodas

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