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CARTILHA DE ORIENTAÇÃO AO

CUIDADOR DE PESSOAS PÓS AVE


CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA - UFPB

O que é Acidente Vascular Encefálico (AVE)?

Também conhecido como trombose


ou derrame. O AVE inicia-se subita-
mente pela falta de irrigação de um
vaso sanguíneo do cérebro (AVE Is-
quêmico) ou por um sangramento no
cérebro causado pela ruptura ou es-
trangulamento de um vaso (AVE He-
morrágico).

É comum que a pessoa acometida necessite de cuidados


após um AVE pois são várias as consequências para os
doentes e suas famílias, uma vez que são afetadas
habilidades necessárias a vida cotidiana, em princípio a
motricidade, a fala, as emoções e a memória. No
entanto, o grau de acometimento depende da extensão
da lesão e da área afetada.

GUIA DE TEMÁTICAS:

 FATORES DE RISCO
 COMO ACONTECE
 LIMITAÇÕES
 FUNÇÃO DO CUIDADOR
 CUIDADOS NO LEITO
 POSICIONAMENTO
 TRANSFERÊNCIAS
 OUTRAS ORIENTAÇÕES
CARTILHA DE ORIENTAÇÃO AO CUIDADOR DE PESSOAS PÓS AVE

FATORES DE RISCO

 Hipertensão Arterial;
 Maus hábitos alimentares;
 Elevados níveis de gordura no sangue;
 Diabetes;
 Tabagismo;
 Consumo de bebidas alcoólicas;
 Excesso de peso;
 Falta de atividade física;
 Stress

COMO ACONTECE

Podem ocorrer perturbações dos movimentos, da


visão, de equilíbrio, na fala, na memória ou deso-
rientação no tempo e no espaço. É comum que a
pessoa perceba uma paralisia ou dormência na
metade do corpo conforme o lado cerebral acome-
tido.

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LIMITAÇÕES

 Déficit Sensório Motor - compreende as altera-


ções da deglutição e alimentação;
 Fraqueza Muscular - atividade muscular míni-
ma e ausência de força para movimentação ati-
va;
 Déficit de Sensibilidade - alteração no limiar de
dor, tato e sensação térmica;
 Alterações na visão - distúrbios no processa-
mento visual, movimentação ocular, perda do
campo visual e perda de visão central;
 Limitação de atividades Motoras e Funcionais -
dificuldade de organização postural e transfe-
rências;
 Limitação cognitiva - dificuldades de compre-
ensão e expressão da fala, de orientação espa-
cial e de tempo e memórias recentes;
 Distúrbios de humor;
 Limitação nas Atividades de Vida Diária.

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FUNÇÃO DO CUIDADOR

A função do cuidador é fa-


zer o que a pessoa doente
não tem condição de reali-
zar por si própria, excluindo
dessa função procedimen-
tos técnicos profissionais.
Na maioria das vezes, é um
membro da família ou ami-
go que está apto a função e
que não torne a relação
com a pessoa com deficiên-
cia de forma conflituosa.
Dessa forma, um cuidador
orientado pode minimizar si-
tuações de desconforto,
servindo como um interlocu-
tor familiar que mantém a
saúde física e mental, assim
como a inclusão social e au-
tonomia do doente.
(Ministério da Saúde, 2013)

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CUIDADOS NO LEITO

 O paciente deve permanecer no máximo 2 horas na mesma


posição.
 O tamanho de travesseiro deve ser adequado, posicionando
completamente entre o espaço da cabeça e do colchão.
 Ter cuidado ao mudar a pessoa de lugar ou de posição, evi-
tando que a pele friccione no lençol ou na cadeira, pois a pe-
le é muito fina e frágil e pode abrir feridas.
 Os lençóis da cama devem ser trocados frequentemente,
devem estar sempre secos e esticados, pois isto pode au-
mentar a pressão na pele e associado ao suor da pessoa
pode deixar a pele frágil e suscetível a lesões por pressão.
 Quando a alimentação for realizada no leito, posicionar a
pessoa sentada recostada com travesseiros ou almofadas
para não se engasgar.
 Se a pessoa cuidada fica a maior parte do tempo em cadeira
de rodas ou poltrona, é preciso ajudá-la a aliviar o peso do
corpo sobre as nádegas.
 Caso a pessoa tenha força nos braços: oriente a pessoa cui-
dada a sustentar o peso do corpo ora sobre uma nádega,
ora sobre a outra, durante pelo menos 1 minuto a cada 15
ou 20 minutos de intervalo.
 Se a pessoa não consegue se apoiar nos braços: o cuidador
deve ajudá-la a se movimentar. Para isso, você deve conver-
sar com sua equipe de saúde (Unidade Básica de Saúde)
sobre o melhor procedimento para o caso específico do indi-
viduo sob seu cuidado.

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POSICIONAMENTO

BARRIGA PARA CI-


MA - posicionar o lado
afetado em forma de
repouso com a palma
da mão para cima e o
joelho apoiado em um
rolo ou travesseiro.

DEITADO DE LADO -
deitar sob o lado não
afetado posicionando o
lado afetado para frente
com o cotovelo esticado
sobre apoio de traves-
seiros ou almofadas,
apoiando também o qua-
dril e as pernas. Poden-
do alternar os lados ob-
jetivando descanso.

BARRIGA PARA BAIXO-


a perna afetada deve ser
colocada ligeiramente do-
brada e apoiada com um
travesseiro embaixo do
joelho, Os cotovelos de-
em ficar alinhados aos
ombros e a cabeça vira-
da de lado com o uso do
travesseiro
sob o rosto. Página 6
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TRANSFERÊNCIAS

DEITADO PARA SENTADO - para sentar na ca-


ma, traga as pernas do indivíduo para fora da ca-
ma, traga o para frente segurando o ombro afetado
e orientando o uso do braço não afetado como su-
porte de força e movimento, traga o para frente até
a posição sentado.

SENTADO PARA CADEIRA - para sentar a pes-


soa, prepare o ambiente, coloque a cadeira do la-
do da cama, ajude a pessoa sentar na cama, tra-
zendo as pernas para fora da cama, oriente a pes-
soa a ajudar usando o lado não comprometido pa-
ra se apoiar e sentar, espere um momento para
prevenir tonturas.

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TRANSFERÊNCIAS

SENTADO PARA DEITADO - o cuidador de-


ve posicionar o indivíduo de frente cruzando
as pernas do mesmo e levando-as para cima
da cama, podendo o paciente auxiliar com o
membro não afetado se impulsionando para
trás, em seguida o cuidador coloca uma mão
no ombro e outra no cotovelo e puxa para po-
siciona-lo. Depois deve descruzar as pernas
e manter os apoios indicados na postura de
deitado de barriga para cima.

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CARTILHA DE ORIENTAÇÃO AO CUIDADOR DE PESSOAS PÓS AVE
CARTILHA DE ORIENTAÇÃO AO CUIDADOR DE PESSOAS PÓS AVE

TRANSFERÊNCIAS

DEITADO DE BARRIGA PARA CIMA PARA


DEITADO DE BARRIGA PARA BAIXO - cru-
zar as penas do paciente e posicionar o corpo
com o membro afetado para o lado que ira fa-
zer o giro, abrir os braços do doente afastan-
do-os da cabeça, virando-a para o lado do gi-
ro. A pessoa deve auxiliar o movimento com o
membro sadio e o cuidador o impulsiona com
as mãos posicionadas no ombro e no quadril.

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TRANSFERÊNCIAS

DEITADO DE BARRIGA PARA BAIXO PA-


RA DEITADO DE BARRIGA PARA CIMA -
aproxime um dos braços ao corpo do indiví-
duo, colocando-o para baixo da cabeça, em
seguida o cuidador deve posicionar uma mão
na frente do ombro e a outra no quadril do pa-
ciente, girando-o para trás.

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TRANSFERÊNCIAS

DEITADO DE BARRIGA PARA CIMA PARA


DEITADO DE LADO - o cuidador deve colo-
car um dos braços da pessoa para cima do
lado a ser virado e o outro na região do cora-
ção, cruzar a perna do paciente do lado a ser
virado para cima, depois o cuidador posicio-
nas as mão ombro e no quadril e faz o giro.
Nessa postura é indicado, após a transferên-
cia, utilizar um travesseiro entre as pernas do
doente.

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TRANSFERÊNCIAS

SENTADO PARA EM PÉ - o cuidador


deve se posicionar a frente do indivíduo
que deve segurar o braço acometido ou
abraçar o cuidador, em seguida o cuida-
dor posiciona seus joelhos a frente dos
joelhos do doente, travando o membro
acometido, depois segura-o pelo tronco e
o levanta.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR - é impor-


tante que após a alta o paciente siga as orienta-
ções médicas e busque outros profissionais para
o tratamento de sequelas. Assim, poderá o profis-
sional de fisioterapia auxiliar nas demandas moto-
ras; o profissional de nutrição auxiliar na dieta ali-
mentar; o de fonoaudiologia tratar os aspectos da
deglutição e comunicação; o psicólogo auxiliar
nas desordens cognitivas, de memória e planeja-
mento; e o terapeuta ocupacional a realizar as ati-
vidades de vida diária de forma autônoma e inde-
pendente. Assim, o tratamento por meio de uma
intervenção em equipe proporcionará uma melhor
qualidade de vida a pessoa acometida por AVE.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES
CUIDADOS COM A ALIMENTAÇÃO - manter o doente em
posturas que evitem engasgos; buscar estimular o uso do ta-
lher com o braço sadio; estimular a autonomia, respeitando
as vontades do paciente, porém seguindo uma dieta orienta-
da por um profissional de Nutrição; estimular a alimentação
ativa, objetivando independência; para os doentes traqueos-
tomizados é necessário observar a saída de conteúdo ali-
mentar e manter uma adequação da consciência e volume
alimentar. Lembre-se da higiene oral.

NECESSIDADES DE USO DE SONDA VESICAL - alguns


pacientes saem do hospital fazendo uso dessa sonda, a qual
consiste em um tubo de borracha flexível com uma ponta in-
troduzida na bexiga e outra conectada a um saco coletor,
afim de medir a quantidade de urina produzida diariamente.
Esse paciente deve ser acompanhado por um profissional
especializado que irá realizar procedimentos. Para tanto, o
cuidador deve estar atento aos seguintes cuidados: vigiar a
cor da urina, evitar que o saco de urina puxe a sonda, des-
cartar a urina e trocar o saco coletor atentando a lavagem
das mão e cuidado para não tocar na extremidade não prote-
gida do tubo que faz a ligação com a sonda e anotar a cor e
o volume de urina para informar o profissional
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OUTRAS ORIENTAÇÕES

ÓRTESES E PRÓTESES - A órtese é confeccio-


nada por um material termo moldável que poderá
ser utilizada em alguns períodos do dia e a noite
com a função de evitar que a pessoa fique com os
dedos da mão e punho em flexão (dobrado) em
decorrência da espasticidade (aumento do tônus
muscular). Também pode ser utilizada para evitar a
rotação do pé e evitar “pé caído”.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E INSTRUMEN-


TAIS - são as atividades cotidianas de autocui-
dado e resolução de problemas. Sua orientação
e treino é restrita ao terapeuta ocupacional.

BANHO - é importante que a pessoa use o


lado sadio para realizar a ação, segurar esponja
e utensílios do banho executar movimentos de
forma lenta com o cuidador auxiliando movimen-
tando o membro afetado.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

VESTIR-SE - camisas com botão facilitam


na fase inicial, vista primeiro o lado afetado e
treine colocar botões com a mão sadia. Para a
calça, o paciente deve estar sentado, com a per-
na afetada cruzada para facilitar a vestimenta da
peça, a mão sadia auxilia e puxa a calça pelo
quadril.

Para os calçados, dê preferên-


cia aos chinelos com tiras no
calcanhar que evitem cair do pé
e tênis ou sapatos sem cadarço
para facilitar a atividade.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

PEGAR OBJETOS EM ARMÁRIOS -


deixar a perna afetada ligeiramente para
frente, possibilitando a transferência de
peso, tentar posicionar o braço afetado
para cima, repetindo o movimento do ou-
tro.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

ADAPTAÇÕES DE UTENSÍLIOS DA
ALIMENTAÇÃO - pratos com bordas e
talheres curvados facilitam a manipula-
ção do alimento até a boca e a manter a
comida no prato sem risco de derramar.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

ALONGAMENTOS:

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

ALONGAMENTOS:

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

EXERCÍCIOS
Membros superiores:

Descarga de peso no bra-


ço acometido com flexão
de punho, extensão dos
dedos e extensão do co-
tovelo. Durante 10 minu-
tos com 20 s mantidos e
10 s de descanso.

Com os dedos entrelaça-


dos e o cotovelo estendi-
do, eleve e baixe os bra-
ços lentamente. 2x10 re-
petições. Descanse dois
min entre as
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OUTRAS ORIENTAÇÕES

EXERCÍCIOS
Membros superiores:

Eleve os ombros
em direção a ore-
lha, mantenha por
10 s, relaxe os om-
bros. Repita o movi-
mento por 10x com
descanso de 10 s.

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OUTRAS ORIENTAÇÕES

EXERCÍCIOS
Membros inferiores:

Exercício de ponte, retire o bumbum da cama e


mantenha por 7 s, retorne a posição inicial. Descan-
se 5 s e repita o movimento 2x10.

Sente e levante lentamente distribuindo o peso nos


membros, mantenha-se em pé por 10 s. retome a
posição inicial, descanse 30 s e repita por 10x man-
tendo o tempo de descanso entre as series.
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OUTRAS ORIENTAÇÕES

EXERCÍCIOS
Membros inferiores:

Descarga de peso no
membro inferior direito. Em
pé, com o joelho semi-
fletido (dobrado) e o calca-
nhar apoiado no chão, jo-
gue o peso do corpo sobre
a perna direita, mantenha
na posição durante 10 s.
Retorne a posição inicial,
descanse 10 s e repita
2x10 repetições.

Treino de marcha. Cami-


nhe atentando ao apoio
do pé no chão e distri-
buição do peso do corpo
entre as duas pernas.
Caminhe por 5 min.
Descanse por 2 min. E
caminhe por mais 5 min.
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COLABORADORES

 Clínica Escola de Fisioterapia - UFPB

 Professora Dr. Karén Lúcia de Araújo Frei-


tas Moreira

 Graduanda Marizângela Ferreira de Souza

(Patch Adams)
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REFERÊNCIAS

https://pt.slideshare.net/trabalhonet5/guia-

para-familiares-e-cuidadores-informais-avc

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/

publicacoesman
al_rotinas_para_atencao_avc.pdf

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/

diretri-
zes_atencao_reabilitacao_acidente_vascula
r_cerebral.pdf

https://www.univali.br/noticias/Documents/

Cartilha%20AVE.pdf

 http://abavc.org.br/cuidados-com-a-
alimentacao-e-a-comunicacao/

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