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Acidentes são eventos que não escolhem vítima, nem hora para acontecer, muitas situações emergenciais

permeiam o cotidiano das pessoas e estas poderiam ser evitadas ou conduzidas de forma rápida e eficaz a fim
de promover a recuperação da vítima. A aspiração de corpo estranho (ACE) é um acidente grave e
potencialmente fatal, caso ocorra uma obstrução total ou subtotal das vias aéreas, especialmente da laringe ou
traqueia, causando asfixia e podendo levar rapidamente a morte, por isso, saber prestar os primeiros socorros
se torna algo fundamental e imprescindível à vítima: DE OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANO
(OVACE).
 
• Denomina-se primeiros socorros o conjunto de ações e estratégias imediatas aplicadas à vítimas de acidentes
ou mal súbito antes da chegada de apoio avançado (AHA, 2015)
• Objetivo da aula
• Conceito de OVACE
• Identificar a gravidade da obstrução
• Saber como intervir em caso de OVACE
• Como agir em caso de insucesso
(OVACE)
OBSTRUÇÃO DE VIAS AEREAS POR CORPO ESTRANHO
- O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE PRIMEIROS SOCORROS EM CASOS DE OBSTRUÇÃO DE VIAS
AÉREAS POR CORPO ESTRANHO?
OVACE
• A Obstrução das vias aéreas por
corpo estranho (OVACE) pode se Nos primeiros,
apresentar como oclusão parcial pela curiosidade e
ou total das vias respiratórias, reflexo de levar
que, consequentemente, pode
comprometer o ciclo respiratório tudo à boca, por
do indivíduo e levá-lo a óbito. desconhecer os
Podendo ocorrer em qualquer riscos
fase da vida, porém é um
diagnóstico muito mais
frequente em crianças e idosos.
No caso de Idosos – por alterações sofridas pelo
corpo com o passar dos anos
• Nos idosos, muitas vezes decorre de um processo
mastigatório ineficiente pelo uso de próteses
dentárias inadequadas, ou devido ao próprio
processo de envelhecimento; Com o avanço da
idade, o organismo dos idosos pode se tornar mais
propenso a dificuldades na mastigação e ingestão
dos alimentos, tornando esse grupo mais suscetível
a engasgo. 
• “As alterações fisiológicas começam já na parte da
boca com uma redução de saliva e alteração de
paladar. Além disso, a pessoa idosa está mais
propensa à perda da massa muscular, inclusive na
região da garganta, o que afeta a musculatura
responsável por conduzir o alimento até o
estômago. O idoso também pode apresentar
redução do tônus muscular e da força da língua,
com consequente interferência na coordenação
motora da mastigação e, em algumas vezes, por
sequelas de doenças graves incapacitantes – Como
AVC ou Doença Senil”.
Como podemos ver, essa situação de emergência acomete com mais frequência os extremos de
idade, no caso das crianças, representa 53% dos acidentes infantis em nível mundial e, no Brasil,
encontra-se entre as dez primeiras causas de morte pediátrica, sendo a primeira por causa externa.

• A incidência é ainda maior nas crianças menores de três


anos de idade.
• E os corpos estranhos que mais obstruem as vias aéreas
são os de origem vegetal ou sólidos, como pedaços de frutas,
como as uvas que são servidas como lanche p/ crianças, na
qual a forma e o tamanho podem impedir a impactação da
faringe amendoim, grãos, alimentos, ferragens e
brinquedos. Embora apresente chance de letalidade, tal
situação de emergência é considerada evitável e pode ser
revertida primariamente com prevenção.
• Caso ocorra, uma das formas de minimizar os danos, é
através de intervenções imediata realizada por pessoas que
testemunhem a situação e que tenham recebido capacitação
para um socorro de emergência. Para isso, é necessário que
haja a disseminação de conteúdos referentes à temática, a
fim de multiplicar a informação e contribuir com a
translação do conhecimento.
QUAIS TIPOS DE OBSTRUÇÃO PODEMOS
ENCONTRAR?

• OBSTRUÇÃO PARCIAL OU LEVE:


paciente apresenta tosse com
pequeno desconforto
respiratório; ainda há passagem
de ar pela epiglote, o indivíduo
consegue falar e pedir ajuda.
QUAIS TIPOS DE OBSTRUÇÃO PODEMOS
ENCONTRAR?
• OBSTRUÇÃO TOTAL OU GRAVE:
• paciente não consegue mais tossir
nem falar;
• aumento na dificuldade
respiratória,
• podendo evoluir para uma parada
cardiorrespiratória rapidamente;
• presença do sinal universal do
engasgo
(levar as mãos ao pescoço)
Quando suspeitar, quais os critérios de inclusão?

- Certifique-se se o episódio foi testemunhado (ou referido) de engasgo com tosse e/ou sinais de sufocação.
- Lembre que o engasgo ou asfixia pode ser produto de um corpo estranho sólido ou líquido alojado nas vias
aéreas superiores e inferiores – (faça uma rastreabilidade).
Considerar abordagem específica:
OBSTRUÇÃO LEVE EM OBSTRUÇÃO GRAVE:
CRIANÇA RESPONSIVA • Paciente apresenta início súbito de
• Não realizar manobras de grave dificuldade respiratória; não
desobstrução; consegue tossir ou emitir qualquer
• Acalmar o paciente; som (tosse silenciosa);
• Incentivar tosse vigorosa; • pode apresentar o sinal de angústia
• Observar atenta e (sinal universal de asfixia).
constantemente;
• Se evoluir para obstrução grave:
ver item Obstrução grave. • Executar a manobra de Heimlich,
conforme descrito a seguir:
A manobra de Heimlich
A manobra de Heimlich é uma das técnicas de salvamento mais conhecidas quando se trata
de situações envolvendo asfixia decorrente de engasgo. Ela foi criada por um  médico dos
Estados Unidos no ano de 1974, o Drº. Henry Heimlich.
O procedimento pode ser feito por qualquer pessoa, basta seguir as orientações de salvamento
adequadas. Inclusive, ela pode ser aplicada em adultos, crianças e, até mesmo, bebês.
O objetivo da manobra é fazer pressão no diafragma da vítima, forçando uma tosse, de modo
que o objeto que está preso seja expulso.
Vale apena recordar que:

- A asfixia pode levar a vida de uma pessoa em apenas 4 (quatro) minutos. A manobra de Heimlich pode ser útil e salvar uma vida
quando um individuo é socorrido por socorristas altamente treinados.
Como desengasgar um bebê até 1 ano

Passo 1
• Tente manter a calma. Não tente retirar o objeto da garganta do bebê, pois
você poderá empurrá-lo ainda mais fundo, piorando a situação.
Passo 2
• Com o dedo indicador e médio, segure a boca do bebê aberta. Coloque a
criança deitada de barriga para baixo, em cima do seu antebraço, com a
cabeça mais baixa que o corpo. Apoie seu antebraço na sua coxa para ter
mais firmeza.
Passo 3
• Dê 5 tapas com a base da mão entre os ombros, no meio das costas do
bebê. Com um pouco de força, mas sem machucá-lo.
Passo 4
• Coloque o bebê deitado de costas sobre o outro antebraço apoiado sobre a
coxa. Faça 5 compressões com dois dedos no meio do peito, entre os
mamilos. Cada compressão deve ter 4 centímetros.
Passo 5
• Olhe para o bebê. Se ele chorar, vomitar ou tossir é sinal que desengasgou
e sua cor voltará ao normal. Se o bebê ficar inconsciente ou sem reação, vá
para o passo 6.
Passo 6
• Se o bebê continuar “molinho”, sem nenhuma reação, ele pode estar
inconsciente. Neste caso, ligue imediatamente para pedir ajuda ao Corpo
de Bombeiros e ao SAMU.
EXECUTAR MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO CONFORME
DESCRITO À SEGUIR:

Obs.: Lembrar-se de dosar a força aplicada no paciente pediátrico.

Abaixar-se, posicionando-se atrás do Fonte: AHA. SBV para profi


paciente com os braços à altura da crista ssionais da saúde. Manual
ilíaca; do aluno, 2006, p. 61.

Fechar uma das mãos em punho e posicioná-la no


abdome do paciente, na linha média, acima do
umbigo, com o polegar voltado para o abdome;

Com a outra mão espalmada sobre a primeira,


comprimir o abdome em movimentos rápidos,
direcionados para dentro e para cima (em J);

Repetir a manobra até a desobstrução ou o


paciente tornar-se irresponsivo.

Após a expulsão do corpo estranho, realizar


a avaliação primária e oferecer oxigênio por
bolsa valva-máscara, se necessário.
• OBSTRUÇÃO GRAVE EM CRIANÇA IRRESPONSIVA:
• Se o objeto for expelido e ocorrer a passagem do ar (tórax expandir),
• Se a criança tornar-se irresponsiva, o profissional deve realizar avaliação primária e oferecer oxigênio;
interromper a manobra de Heimlich e iniciar manobras de • Na ausência de responsividade e de movimentos respiratório checar
ressuscitação cardiopulmonar; respiração se ausente ou gasping, e pulso ausente ou em duvida,
• Posicionar o paciente em decúbito dorsal em uma superfície retornar RCP de alta qualidade;
rígida; • Com a chegada do SME considerar o transporte imediato p/ um
• Iniciar manobras aplicando inicialmente 30 compressões centro de referência, mantendo as manobras básicas de reanimação;
torácicas com o objetivo de expelir o corpo estranho;
• Abrir vias aéreas e, antes de ventilar, inspecionar a cavidade
oral e remover o corpo estranho, se visível e facilmente
alcançável (com o dedo em forma de gancho) ;
• Caso nada seja encontrado, realizar uma insuflação com
dispositivo bolsa-valva-máscara; se o ar não passar ou o tórax
não expandir, reposicionar a cabeça e insuflar novamente;
• Se ainda assim o ar não passar ou o tórax não expandir, realizar
30 compressões torácicas p/ 2 ventilações (um
socorrista/profissional) ou 15 compressões p/ 2 ventilações (com
dois socorristas/profissionais), e inspecionar cavidade oral;
• Caso não haja sucesso, pode-se tentar a visualização direta com
o dedo indicador em pinça e a remoção do objeto;
• Na ausência de sucesso, repetir ciclos de compressões e
ventilações – (30 p/ 2 ou 15 p/ 2);
• Atentar para ocorrência de PCR – Parada cardiorrespiratória;
Em vitimas gestantes e obesas, realizar compressões torácicas,
no mesmo local das realizações para RCP.

Muito cuidado: neste procedimento há Tente dosar a força respeitando o


risco de eviscerações biótipo de cada individuo
MOTRIX
O QUE NÃO FAZER?
MITOS:
AS ATITUDES ABAIXO PODEM PIORAR O ENGASGO
E CONTRIBUIR PARA UM QUADRO DE ASFIXIA

• NÃO DEITE A PESSOA ENGASGADA QUE ESTIVER • EM ADULTOS, BATIDAS FORTES NAS COSTAS E
CONSCIÊNTE. PRIMEIRO DESOBSTRUA AS VIAS A ATITUDE DE LEVANTAR OS BRAÇOS NÃO
AEREAS. ALTERAM O QUADRO DO ENGASGO.
• NÃO COLOQUE A MÃO NA BOCA DO ENGASGADO
OOU O DEDO EM FORMA DE PINÇA NA
TENTATIVA DE RETIRAR O OBJETO OU ALIMENTO.
POI HÁ O RISCO DE OBSTRUIR AINDA MAIS A VIA
AEREA.
• NÃO PROVOQUE VÔMITO, POIS A OBSTRUÇÃO É
DA VIA AEREA E NÃO DA VIA DIGESTIVA.
• NÃO DÊ LÍQUIDOS AO ENGASGADO, ELE NÃO
CONSEGUIRÁ ENGOLIR E PODERÁ EXPULSAR O
CONTEÚDO PELO NARIZ.
Quando suspeitar ou critérios de inclusão PCR e RCP no bebê e na criança
• Atentar para o direito da criança de ter um acompanhante (responsável legal ou
Conduta outro).
1. Checar responsividade: 3/4
• No bebê: estímulo plantar;
– PCR e RCP no bebê e na criança
• Na criança: tocar os ombros e chamar o paciente em voz alta.
• Acionar SME – (Serviço Médico de Emergência: SAMU 192; BOMBEIRO 193); • Compressões torácicas de boa qualidade compreendem:
2. Se paciente não responsivo, checar respiração e pulso simultaneamente. • Paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal, sobre superfície rígida e
ATENÇÃO: checar pulso central por, no máximo, 10 segundos: plana;
• No bebê: pulso braquial; • No bebê: comprimir o esterno com dois dedos posicionados imediatamente
• Na criança: pulso carotídeo ou femoral. abaixo da linha intermamilar, deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro
3. Posicionar o paciente em decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca;
anteroposterior do tórax ou cerca de 4 cm;
providenciar o monitor/desfibrilador.
4. Se respiração ausente ou agônica (gasping) e pulso presente e com frequência maior do • Na criança: realizar compressões com uma ou duas mãos posicionadas na metade
que 60 bpm: inferior do esterno, deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro anteroposterior do
• Abrir via aérea e administrar ventilações/insuflações oral ou com bolsa-valva-máscara tórax ou cerca de 5 cm;
(ventilação/insuflação de boa qualidade com duração de 1 segundo e promover visível Fonte: AAP/AHA. Suporte Avançado de Vida em Pediatria. Manual para Provedores,
elevação do tórax); 2003, p 62.
• Administrar uma ventilação/insuflação de boa qualidade a cada 3 a 5 segundos (12 a 20
• Permitir o completo retorno do tórax após cada compressão; não se apoiar sobre
insuflações/minuto) e verificar a presença de pulso a cada 2 minutos;
5. Se o paciente permanecer irresponsivo, com respiração agônica ou ausente e pulso o tórax após cada compressão;
central não palpável: iniciar imediatamente ressuscitação cardiopulmonar (RCP), • Limitar as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos;
começando pelas compressões torácicas seguidas de insuflações (usar a relação • Comprimir na frequência de 100 a 120 compressões/minuto;
compressão-insuflação de 30:2 se houver um profissional atuando e 15:2 se houver dois • Alternar os profissionais que aplicam as compressões a cada 2 minutos.
profissionais). Na ausência de responsividade e de movimentos respiratório checar • Insuflações de boa qualidade compreendem:
respiração se ausente ou gasping, e pulso ausente ou em duvida, retornar RCP de alta
qualidade;
• Insuflação com duração de 1 segundo, com volume sufi ciente apenas para
• Com a chegada do SME considerar o transporte imediato p/ um centro de referência, promover a elevação do tórax; e visível elevação do tórax.
mantendo as manobras básicas de reanimação; • Utilizar o monitor/desfibrilador assim que disponível, mantendo as manobras de
reanimação até a efetiva instalação e disponibilidade do equipamento.
PCR e RCP no bebê e na criança
• Compressões torácicas de boa qualidade
compreendem:
• • Paciente posicionado em decúbito dorsal
horizontal, sobre
• superfície rígida e plana;
• • No bebê: comprimir o esterno com dois dedos
• posicionados imediatamente abaixo da linha
intermamilar,
• deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro
anteroposterior
• do tórax ou cerca de 4 cm;
• Fonte: PMSP. Manual de Prevenção de Acidentes
• e Primeiros Socorros nas Escolas, 2007.
Na criança: realizar compressões com uma ou duas mãos posicionadas na
metade inferior do esterno, deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro
anteroposterior do tórax ou cerca de 5 cm

Permitir o completo retorno do tórax após cada compressão; não se apoiar sobre o tórax após cada compressão;
• Limitar as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos;
• Comprimir na frequência de 100 a 120 compressões/minuto;
• Alternar os profissionais que aplicam as compressões a cada 2 minutos.
• Insuflações de boa qualidade compreendem:
• Insuflação com duração de 1 segundo, com volume sufi ciente apenas para promover a elevação do tórax; e visível elevação do tórax.
• Utilizar o monitor/desfibrilador assim que disponível, mantendo as manobras de reanimação até a efetiva instalação e disponibilidade do equipamento.

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