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PRIMEIROS SOCORROS

Q U E
D E S
TIT U AR
3 A SA LV
D EM
PO E B Ê
E U B
S

Dr. Marcelo Saldanha


Pediatra
Sumário
Apresentação ---------------------------------------------------- 04

PARTE I

Engasgos, obstrução de via aérea, corpo estranho --- 05


Batidas - Traumas na cabeça (traumatismo
crânioencefálico) ----------------------------------------------- 13
Convulsão -------------------------------------------------------- 16

PARTE II - BÔNUS
Dicas de prevenção de acidentes em casa ------------- 19
Dicas de prevenção de acidentes fora de casa -------- 26
Dicas de prevenção de mordeduras de animais
domésticos ------------------------------------------------------- 29
Apresentação
Ao longo dos meus de vinte e três anos de profissão, me
deparei com inúmeras situações com os mais diversos
desfechos, situações tristes onde perdemos crianças ou
se desencadearam seqüelas irreversíveis, sendo que,
em praticamente todas, se os primeiros cuidados fossem
adotados de forma adequada pelos cuidadores e alguns
profissionais de saúde, certamente o desfecho seria
outro.

Percebendo essa necessidade de fazer as medidas


certas na hora certa, na grande maioria dos casos, pois
essas medidas devem ser feitas pelas pessoas mais
próximas a criança, não dando tempo de levar com
segurança até algum serviço de saúde, dediquei uma
parte da minha vida profissional à capacitação dos
primeiros socorros aos diversos segmentos da
sociedade, desde profissionais da saúde, passando por
educadores e chegando aos pais.

Sempre tive como objetivo, que se conseguirmos, salvar


uma criança apenas, todo esse esforço de mais de vinte
anos já valeu a pena. E afirmo que já valeu a pena por
inúmeras vezes, com os diversos relatos de eventos
potencialmente catastróficos, onde pessoas bem
treinadas por mim conseguiram fazer as medidas
adequadas.
Apresentação
Então lhes apresento esse projeto, que foi elaborado
com muita dedicação e carinho, onde abordo os
principais temas de urgência, com linguagem simples,
mas efetiva, desejando que jamais sejam presenciadas
tais situações, mas que se acontecer, vocês estejam
preparados para enfrentá-las com tranqüilidade,
segurança e conhecimento.

Afetuosamente,
Dr. Marcelo Saldanha – Pediatra

“Foi o tempo que você dedicou


a sua flor que a fez tão
importante”
O Pequeno Príncipe, Antonine de Saint-Exupèry
PRIMEIROS SOCORROS
PARTE I

Engasgos,
obstrução de via
aérea, corpo
estranho
Engasgos, obstrução de via aérea, corpo
estranho

É uma das principais dúvidas dos pais e certamente é


uma das situações mais estressantes que possa
acontecer no cuidado do bebê, pois a atitude dos pais
podem decidir entre a vida e a morte do bebê. Quanto
menor a criança, menor a maturidade neuromuscular
essa criança apresenta, conseqüentemente, sua
capacidade de se auto resolver de uma situação de
engasgo é menor, necessitando de ajuda externa.

O que fazer, então?

Para todas as situações na vida do bebê a calma


contribui enormemente no acerto das medidas a serem
empregadas, eu sei que não é fácil, mas manter a calma
pode salvar a vida do bebê. Associado a calma
necessária, fazer as medidas certas definem o desfecho
favorável da situação emergencial.

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Aspectos que podem
desencadear engasgos:

Antes de falar das medidas necessárias no atendimento


à criança engasgada, quero falar de alguns aspectos que
podem desencadear engasgos:

O bebê pequeno por não possuir maturidade


neuromuscular, degluti alimentos com menos
desenvoltura que as crianças maiores, o que pode
predispor a engasgos com maior facilidade.

Para os bebês que se alimentam de leite materno, é


comum, nos primeiros dias de amamentação, a produção
de leite aumentar subitamente e, por vezes, o bebê não
consegue dar conta da grande quantidade de leite que
chega a sua boca, não conseguindo coordenar a
respiração com a deglutição, precipitando engasgos.
Deve-se ficar alerta para essa possibilidade e, às vezes,
ao observar os seios muito cheios, deve-se esvaziar um
pouco o seio antes do bebê sugar.

Alguns bebês são mais gulosos que outros, e mamam


muito e por conseqüência vomitam mais e, novamente
pela pouca maturidade neuromuscular, não são capazes
de administrarem o vômito com a respiração. Deve-se
nesse caso, adotar medidas antirrefluxo, como ao deitar
o bebê na cama de barriga para cima e com a cebeceira
mais elevada que o abdome, tentar fazer arrotar após as
mamadas, adotar a posição de mamada mais sentada.
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Para os bebês que mamam na mamadeira nunca
aumentar o furo do bico, eles foram testados e
aprovados para disponibilizar a quantidade certa de
saída de leite para cada faixa etária.

Evitar a posição de barriga para baixo sem supervisão de


um adulto, nessa posição, apesar de ser confortável para
o bebê, pode ser perigosa, predispondo a vômitos e
asfixia.

Observar o ambiente que cerca o bebê, pois pequenos


objetos podem sufocar e causar asfixia e até mesmo a
morte. Importante manter a vigilância redobrada com
crianças que convivem com o bebê, para a possibilidade
de colocação de objetos na mão e boca do bebê. Anéis e
adornos em bebês não são indicados, mesmo que
pareçam ser impossíveis de serem deslocados. Para os
bebês que usam chupetas, avaliar a integridade do
material conforme o tempo de uso, com o objetivo de
prevenir a fragmentação e possibilidade de pedaços da
chupeta se deslocar na boca do bebê, também evitar
prendedores de chupeta. Botões e acessórios das
roupas devem ser avaliados com freqüência. Avaliar com
critério os brinquedos e acessórios, certificando-se da
segurança dos mesmos.

Em Resumo, por mais que pareça óbvio, o bebê só vai


se engasgar com o que vai à sua boca, quanto maior o
cuidado, mais precauções forem tomadas, e maior for o
conhecimento a respeito do assunto menos chances
teremos de desfechos desfavoráveis.
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Medidas a serem adotadas:
Normalmente, quando qualquer outra coisa, que não seja
ar, entra na via respiratória, a grande maioria das
pessoas, inclusive os bebês, reagem de forma
incontrolável, desencadeando o reflexo da tosse. A tosse
tem por objetivo fazer com que o que entrou no “lugar
errado”, retorne para o “lugar certo”, sendo que
normalmente ela é efetiva nesse objetivo, principalmente
nos adultos e nas crianças maiores, resolvendo o
processo de engasgo.

Devemos observar com atenção, qualquer pessoa com


tosse súbita, quando está se alimentando, para os bebês
que estiverem mamando, devemos virar de lado, pois
com a mudança de posição já existe a possibilidade de
vomitar e eliminar o que estava provocando o engasgo.

Bebê mamando. Bebê começa a se


engasgar, tirar do
peito.
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Virar o bebê de lado.

Mas e se a tosse não resolver e


a virada de lado também não,
o que fazer?
Para os bebês que começarem a ficar cianóticos (roxos),
ou ficarem hipotônicos (desmaiaram ou ficaram
“molinhos”), devemos iniciar com as manobras de
desobstrução de vias aéreas:

ETAPA 1:
Correspondem ao posicionamento adequado, com a
cabeça mais baixa que o tórax, segurando a cabeça
realização de cinco golpes nas costas do bebê.
Normalmente essa ação já resolve o engasgo, com a
recuperação da respiração e choro do bebê, mas
algumas vezes não, sendo necessário partir para a
segunda etapa.
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Posição do bebê no Posicionar com a
braço. cabeça mais baixa que
o tórax.

Golpes leves nas


costas do bebê.

ETAPA 2:
Corresponde a colocação na posição de barriga para
cima, e a realização de cinco compressões com os
dedos indicador e médio no peito da criança entre os
mamilos.

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Compressões
torácicas.

Se retornar a respiração deve-se encerrar as manobras,


se não retornar, deve-se continuar, com a repetição dos
cinco golpes nas costas, não recuperando ainda, deve
repetir as compressões no tórax.

O processo deve ser


continuado até a criança
voltar a respirar, ao mesmo
tempo em que se solicita
atendimento de urgência ou
remoção para serviço de
urgência.

SERVIÇOS DE URGÊNCIA:

192 193
SAMU Corpo de Bombeiros
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PRIMEIROS SOCORROS
PARTE I

Batina/trauma
na cabeça
(traumatismo
cranioencefálico)
Batina/trauma na cabeça (traumatismo
cranioencefálico)

Uma das principais causas de mortalidade na faixa etária


pediátrica é o traumatismo cranioencefálico, ou batida na
cabeça. Normalmente quanto mais forte for o impacto,
mais chances de fazer alguma complicação no cérebro.

Quando devo me preocupar?

1- Para os bebês:

Perda de consciência com desmaios no momento da


batida ou após

Sonolência excessiva com dificuldade de se manter


acordado

Vômitos repetitivos

Crise convulsiva(ataques)

Choro inconsolável, ou irritabilidade

Fontanela abaulada (moleira tensa)

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2- Para crianças maiores que apresentam os
seguintes sintomas:

Perda de consciência com desmaios no momento da


batida ou após

Sonolência excessiva com dificuldade de se manter


acordado

Vômitos repetitivos

Dor de cabeça muito forte

Agitação

Crise convulsiva (ataques)

Neurológicas, como alterações da fala ou dificuldade de


movimentar algum membro

Para qualquer um desses sintomas


acima procure o serviço de urgência
mais próximo de sua casa.

Para toda a criança vítima de batida na


cabeça, devemos observá-la por
24horas, necessitando despertá-la de
noite a cada 6 horas e observar as suas
reações.

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PRIMEIROS SOCORROS
PARTE I

Convulsões
Convulsões

Convulsão ocorre quando há uma atividade elétrica


anormal do cérebro. Essa atividade pode produzir uma
alteração ou perda de consciência acompanhada de
espasmos musculares involuntários.

Normalmente na faixa etária pediátrica a causa mais


comum de crise convulsiva está relacionada com a febre,
as chamadas convulsões febris, que são desencadeadas
pelo aumento súbito da temperatura corporal.

O que fazer?

Primeiro lugar tentar manter a calma, pois crises


convulsivas, na sua grande maioria, por mais que
assustem, são autolimitadas, ou seja, recuperam
sozinhas e normalmente não deixam seqüelas.

Deve-se deixar a criança de lado com objetivo de proteger


a via aérea, pois se acontecerem vômitos, terá pouca
chance de aspirar alimento para o pulmão. Levar, com
segurança, a criança até algum serviço de urgência, para
uma melhor avaliação.

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O que não fazer?

Ofertar alimentos, água ou medicamentos via oral, no


momento da crise ou logo após

Movimentar membros

Balançar vigorosamente

Colocar os dedos na boca

Não dar banho ou colocar álcool no corpo ou face

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Bônus
DICAS DE PREVENÇÃO
EM CASA
A casa é o lugar onde o bebê e a criança se sentem mais
seguros. No entanto, precisamos prestar muita atenção
pois existem vários riscos às crianças mesmo em nossa
casa. Para isso, existem alguns dispositivos que ajudam
neste cuidado, mas a regra de ouro é:

Bebês e crianças
pequenas não
podem ficar
sozinhas sem
supervisão!

Agora, vamos revisar cada cantinho da nossa casa e


encontrar onde pode estar o perigo!

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Em toda a casa

Use protetores de quinas em móveis;

Use protetores de tomadas elétricas em TODAS as


tomadas que estejam em alcance das crianças;

Só dê a crianças brinquedos apropriados a idade e


com selo de aprovação do INMETRO;

Não deixe objetos pequenos espalhados pela casa


como moedas, tachinhas, botões, colares, anéis ou
qualquer objeto pequenino. A chance do bebê colocar
na boca e se engasgar é muito alta;

Não deixe sacolas ao alcance;

Use telas de proteção apropriadas nas janelas e


sacadas dos apartamentos;

Use portões de segurança nas entradas e saídas das


escadas, bem como telas laterais caso elas sejam
abertas;

Antes de comprar uma planta nova verifique se ela


não é tóxica

Medicamentos precisam estar totalmente fora do


alcance de crianças, em armários altos ou
chaveados.

Qualquer recipiente com líquido dentro onde a criança


possa se afogar. Portanto, cuidado!

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No quarto

Apesar de ficar muito lindo, não use protetores de


berço! Ao invés de usar travesseiro, eleve o colchão
em 30°. Ou então coloque o travesseiro abaixo do
lençol, que deve deve ser com elástico e ficar firme
para que a criança não se enrole. Sufocações
podem ser causados por brinquedos, travesseiros e
lençóis dentro do berço. Por isso fique atento!

Não coloque móveis próximos a janelas! Crianças


adoram escalar!

Crianças pequenas ou mesmo as maiores muito


agitadas não devem dormir na cama de cima de um
beliche. Se esta for a única opção, instale grades
nas laterais para evitar quedas.

Na sala

Cuidado com pisos escorregadios;

Tapetes apenas se forem antiderrapantes;

Cuidado com as cortinas, especialmente as cordas,


que podem causar estrangulamento.

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No banheiro

Use dispositivo de segurança na tampa da privada,


para mantê-la fechada. Você pode não ver perigo
mais os bebezinhos são muito curiosos;

Mantenha a porta do banheiro trancada;

Qualquer utensílio afiado, ou elétrico deve ser


mantido fora do alcance, como secadores de
cabelos ou lâminas de barbear.

Na cozinha

Procure usar preferencialmente as bocas de trás do


fogão e não deixe virados para fora os cabos das
panelas. Não deixe as crianças sozinhas próximas
ao fogão, jamais!

Use travas nos armários baixos;

Fósforos, isqueiros, acendedores de fogão, álcool,


objetos quebráveis e facas não podem estar
acessíveis às crianças;

Cuidado ao colocar alimentos quentes na mesa. A


criança pode puxar a toalha e ter o risco de queimar-
se gravemente. Melhor não usar toalhas quando
temos bebês pequenos em casa. Ao invés de
toalhas, use jogos americanos, pois são mais
seguros.
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Na lavanderia ou área de serviço

Se for possível mantenha o ambiente destinado a


limpeza fechado. Por ali são muitos os perigos para
as crianças;

Produtos de limpeza devem ser guardados longe do


alcance das crianças. No alto ou em armários
fechados;

Nunca deixe balde com água, mesmo com roupa de


molho, em uma peça que a criança tenha acesso.
Muitos bebês se afogam com a água de baldes. Por
isso, depois de usar, esvazie e guarde virado para
baixo e longe das crianças.

Na garagem

Nunca deixe a criança sozinha na garagem. Por dois


motivos:
1. Se você guarda diversos objetos neste espaço,
há grandes possibilidades de oferecer riscos à
criança.
2. Ao manobrar o carro na garagem, a criança por
ser muito pequena, pode não ser vista pelo
motorista e ser atropelada.

Deixe o carro sempre trancado e com as chaves


longe do alcance de crianças.

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Na piscina

Crianças não podem ter acesso a piscinas. Nem


mesmo as infantis ou de plástico.

Sempre que uma criança for brincar em uma piscina


precisa de supervisão constante de adulto.

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Bônus
DICAS DE PREVENÇÃO
FORA DE CASA
No trânsito
O trânsito é um dos maiores causadores de mortes de
crianças no Brasil. Seja como pedestre, ciclista,
passageiro, a atenção com as crianças no trânsito deve
ser redobradas. Por isso:

COMO PEDESTRE: Crianças devem andar


SEMPRE seguradas pela mão. Desde pequenas
ensine-as a olhar para os dois lados da rua antes de
atravessar, observar os sinais de trânsito e a faixa de
pedestre.

COMO CICLISTA: Crianças não devem andar


sozinhas pelas ruas, especialmente as de grande
movimentação. Prefira leva-las para andar em
lugares seguros como parques ou clubes. Use
equipamentos de proteção, especialmente
capacetes, cotoveleiras e joelheiras. Não esqueça
que a criança deve estar de calçado fechado,
seguro, sem cordões soltos.

COMO PASSAGEIROS: Lugar de criança é no


banco de trás, usando cinto de segurança. Até
aproximadamente os 8 anos elas precisam de bebê
conforto, cadeirinha ou assento de elevação, de
acordo com a idade e tamanho. Lembre-se que essa
regra vale SEMPRE, muitos acidentes de carro
ocorrem próximos de casa ou locais com limite baixo
de velocidade, mas, ainda assim causam danos
graves as crianças.

NÃO LEVE CRIANÇAS COMO PASSAGEIRO EM


MOTOCICLETAS. Em casos de acidentes com
motocicletas o risco de gravidade é muito grande. 27
Locais de diversão

REGRA DE OURO VALENDO: Mantenha as


crianças sob supervisão constante.

Somente permita que use brinquedos que sejam


apropriados para a idade.

Verifique se os brinquedos estão em condições de


uso não oferecendo riscos por má conservação,
pontas quebradas, superfícies perigosas.

Ensine as crianças regras de boa convivência, como


não empurrar os amiguinhos.

Soltar pipas somente em locais apropriados distante


da rede elétrica.

Garanta a hidratação durante toda a brincadeira.

Se for brincar no sol, não esqueça de usar protetor


solar e um boné para evitar queimaduras solares.

Se o local da brincadeira tiver muitos insetos não


esqueça de passar repelente nas partes do corpo
que ficam expostas.

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Prevenção em acidente com
animais

Bebês e crianças pequenas precisam ser


supervisionados por adultos quando em contato com
animais;

Ensine-as a brincar com cachorros ou gatos, sem


bater, puxar, ou incomodá-los especialmente quando
estão dormindo, com filhotes, ou comendo;

Não permita que passe a mão em animais na rua,


pois o temperamento do animal é desconhecido;
também não permita colocar as mãos para dentro de
portões de casas.

29
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