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Atenção e cuidados aos bebês nas Unidades Educacionais

Queridas(os) Educadoras(es)

Gostaríamos de estabelecer um diálogo e contribuir com os processos de formação


continuada das educadoras(es) da RMESP no que diz respeito ao uso do equipamento
bebê conforto.

Ao longo de 2022, com o retorno 100% presencial dos bebês e crianças, alguns desafios
foram postos para as/os educadoras(es). Dentre eles, fomos tomando conhecimento
sobre a chegada de bebês menores de 4 meses. Assim, viabilizamos a parceria com
especialistas na faixa etária entre 0 e 3 anos de idade. Com as visitas em CEIs das 13
DREs, e a organização de temas formativos com as formadoras das DIPEDs, percebemos
a demanda com relação a como cuidar com segurança dos bebês menores de quatro
meses que chegam diariamente às unidades. Diante dessa constatação, levantamos
bibliografias e contamos com o apoio das assessoras de SME/DIEI. Nesse sentido,
identificamos nesses diálogos e visitas a utilização frequente do bebê conforto para
bebês menores e também dos bebês maiores de quatros meses.
Destacamos que esse equipamento é vendido para uso no transporte veicular no
deslocamento dos bebês, item de segurança para essa finalidade. Após a leitura do
manual de instruções do equipamento bebê conforto, há uma consideração
importante sobre o uso apenas em veículos:

Siga todas as instruções deste manual para que a criança tenha a maior
proteção possível em caso de acidente. Este equipamento é projetado para ser
utilizado apenas em bancos veiculares voltados para frente. (Manual de
Instrução Kiddo).

Nesse sentido, entendemos que o bebê conforto não deve ser um apoio ao bebê para
dormir, comer, aguardar as trocas, entre outras ações do cotidiano. Embora haja uma
aparência de conforto, não há justificativa para uso em ambiente educacional, uma
vez que os fabricantes não indicam seu uso para outros fins.

Nesse sentido, os documentos oficiais da rede, bem como o acúmulo de pesquisas


sobre os bebês destacam suas potencialidades, seja nas movimentações dos olhos,
movimentos de pescoço, entre outras, ou seja, experiências que precisam ser
valorizadas e potencializadas.
Partindo do princípio que o bebê desde muito pequeno deve ter sua autonomia
garantida, mantê-lo preso rompe com o direito de movimento livre, onde os
documentos da rede se ancoram, além de uma ampla discussão entre as/os
pesquisadoras(es) da infância anunciam em suas pesquisas no Brasil e
internacionalmente.

Nesse sentido, propomos algumas reflexões para o grupo sobre esse momento de
organização dos espaços com os bebês, com intuito de garantir a liberdade dos
movimentos para a compreensão de como vivem.

Como nos demonstra Winnicott, os bebês, desde o momento em que estão no ventre
de suas mães, estão numa “marcha constante”, aprendem o tempo todo.
Em cada bebê há uma centelha vital, e seu ímpeto para a vida,
para o crescimento e o desenvolvimento é uma parcela do próprio
bebê, algo que é inato na criança e que é impelida para a frente
de um modo que não temos de compreender (WINNICOTT, 1978. p.
29).

Ao longo do levantamento bibliográfico sobre o uso deste equipamento as diferentes


áreas do conhecimento como a pedagogia, fisioterapia, terapeutas ocupacionais e
pediatras nos indicam e reforçam sobre os riscos que os bebês passam nesses
equipamentos como a diminuição de oxigenação, problemas no desenvolvimento da
coluna, além das mortes súbitas (vide referência).

Os bebês, sobretudo os mais novos, necessitam de sono, repouso e descanso por mais
tempo, então extraímos um trecho da Sociedade Brasileira de Pediatria (2018), com
orientações que devemos seguir para que esse momento, além de prazeroso, respeite
seu corpo e não traga riscos de vida:
Recomendações para redução do risco de SMSL, segundo a
Academia Americana de Pediatria 8.1) Uso da posição supina para
dormir Crianças de até um ano de idade devem ser colocadas
para dormir na posição supina (“barriga para cima”) todas as vezes
durante o sono. As posições de lado e prona (“barriga para baixo”)
devem ser desestimuladas, pois não são seguras nessa faixa etária.
Mesmo crianças com doença do refluxo gastroesofágico, que não
apresentem alterações na proteção das vias aéreas, devem ser
mantidas em posição supina durante o sono, pois o risco de mortes
relacionadas ao sono supera os riscos de bronco aspiração devido
ao refluxo. Uma vez que a criança consiga rolar da posição supina
para a prona e da prona para supina, ela poderá ser mantida na
posição que assumir. Recomenda-se períodos de posição prona,
quando a criança estiver acordada e supervisionada pelos pais,
para redução de deformidades cranianas e promover
desenvolvimento neurológico. Não há consenso, entretanto, qual o
tempo e a frequência que a posição prona deverá ser utilizada. 2)
Uso de uma superfície firme para dormir A criança deve ser mantida
numa superfície firme (p.ex., colchão adequado num berço
aprovado por normas de segurança), coberta por um lençol com
elástico, sem objetos soltos. A superfície não pode se deformar
quando a criança é colocada sobre ela. Os berços devem
apresentar um espaçamento degrades adequado e com colchão
que se encaixe adequadamente ao berço. Não colocar objetos
como travesseiros, colchas e edredons junto à superfície de dormir.
Não usar camas (mesmo com grades de cama) pelo risco
aumentado de estrangulamento. Não usar como superfície de
dormir os carrinhos de bebê, cadeirinhas de carro, etc.

Afinal, onde os bebês podem ficar, brincar e se desenvolverem? No chão! Desde que
ele seja limpo, organizado e saudável, cuidando para que não seja gelado ou muito
quente.
Para os menores de quatro meses, um canto especial com um equipamento
desmontável, que garanta a sua segurança, conforto, e liberdade de crescer e se
movimentar livremente, para tão logo chegar ao chão e viver a experiência com
espaços organizados de forma intencional por professoras(es) e mediados pelas(os)
coordenadoras(es) pedagógicas (os).

Por fim, a DIEI e DIPED se colocam à disposição para uma visita, escuta ou qualquer
alternativa que possa contribuir para organização dos espaços que respeitem o direito
à motricidade e ao brincar livres bem como a sua segurança. Seguem alguns sites e
anexos para aprofundamento sobre os riscos do uso do bebê conforto.
REFERÊNCIAS:
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica.
Indicadores de Qualidade da Educação Infantil Paulistana. – São Paulo: SME / DOT,
2016.

São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica.


Currículo da cidade: Educação Infantil – São Paulo : SME / COPED, 2019.

Falk, Judite. Educar os três primeiros anos: a experiência Pikler-Lóczy. São Paulo:
Omnisciência, 2021.

WINNICOTT, Donald. A criança e o seu mundo. LTC Editora, Rio de Janeiro, 1982.

Links de acesso:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20226d-DocCient_-
_Sindrome_Morte_Subita_do_Lactente.pdf

https://bebe.abril.com.br/saude/bebes-nao-podem-ficar-mais-de-uma-hora-
seguida no-bebe-conforto/

https://conteudoproduto.magazineluiza.com.br/manual/21/216276000/manual_40
4.pdf

https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/como-usar-o-bebe-conforto-e-a
cadeirinha-de-carro-de-maneira-segura/

https://www.terra.com.br/noticias/dino/alerta-de-seguranca-pediatras-nao
recomendam-que-bebes-durmam-em-bebe-conforto-fora-do
carro,61b2cd91b7bc7928fbc510b1da65b737u5il5b1p.html

https://static.bemol.com.br/bol/manuais/1/9/3/193289/1524495744014-Kiddo_-
_manual_.pdf

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