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O crescimento físico é mais lento e o formato do Esses estágios para Freud (apud MUSSEN,
corpo já sofre modificações. Os sistemas muscular, KONGER e KAGAN, 1977), contribuem para o
esquelético e nervoso amadurecem e nesse processo desenvolvimento emocional da criança e
a ossificação é intensificada. experiências ambientais desfavoráveis e situações do
meio poderiam interferir nesse processo de
Quanto ao desenvolvimento motor, esse é amadurecimento emocional.
aprimorado e nessa etapa a criança é capaz de Para Montigneaux (2003 apud Voigt, 2007) o
executar ações mais complexas, como correr, pular, desenvolvimento infantil é dividido em três
e subir com facilidade. Aos cinco anos o senso de períodos, como exposto na tabela 1. O primeiro,
equilíbrio também já está desenvolvido o que lhe compreendido até os dois anos de idade, é conhecido
permite maior destreza nas tarefas (MUSSEN, como “sensório-motor” (PIAGET, 1966 apud
CONGER e KAGAN, 1977); (FORTKAMP e VOIGT, 2007, p. 51), pois o desenvolvimento do
RAUPP, 1989). bebê nesta fase está ligado às atividades que
compreendem esses setores. É um período marcado
Nessa etapa o desenvolvimento perceptivo irá pela experimentação e a sua interação com objetos,
evoluir com o passar da idade, e as crianças ao passo que o bebê desvia sua atenção do interior
aprendem a distinguir entre objetos e reconhecer para os objetos no exterior.
melhor o ambiente conforme suas experiências. A
percepção irá realizar a organização das informações Idade Desenvolvimento Desenvolvi- Socialização
Cognitivo mento
e classificar em categorias que façam sentido à Psicológico
criança. 0 Pensamento e Relação A criança se
a ação estão simbólica com isola em si
2 -3 próximos. a mãe. Mesma.
A segunda infância envolve o período dos seis aos Processo de Dificuldade de
anos
doze anos de idade, no qual o crescimento físico é individualizaçã comunicação.
constante e gradual, e o desenvolvimento do cérebro Capacidade o em relação à
limitada de mãe
está quase completo. O desenvolvimento motor está Raciocínio. (consciência
em plena expansão e as crianças realizam tarefas da sua própria
existência).
ainda mais complexas como praticar esportes, e A criança Autonomia
outras habilidades com maior nível de dificuldade. diferencia o pelo controle
mundo interior do corpo
“Inteligência da
(o eu) do (controle da
Crianças nessa fase, no entanto, tendem a apresentar ação”.
exterior (o evacuação) ou
maior número de acidentes, uma vez que essa fase é não-eu). oposição
extremamente ativa e curiosa. Deve-se atentar, (não.)
Trata as Os pais
portanto, com relação ao ambiente e aos fatores que informações no constituem o
possam ocasionar essas situações (MANNING, modo perceptivo principal
1977; VIGOSTSKII, LURIA e LEONTIEV, 1988). (ver) e sensorial agente da
(tocar). socialização
Início do acesso à
No que concerne aos estágios psicanalíticos do representação
simbólica dos
desenvolvimento, a teoria de Freud envolve as zonas objetos.
corporais mais focadas pelas crianças em cada fase. Tabela 1: Características das crianças, com idade entre o
Assim, durante a infância, o primeiro ano de vida é nascimento e os dois anos.
caracterizado como estágio oral, uma vez que a Fonte: Montigneaux, 2003 apud Voigt, 2007.
criança apresenta prazer com experiências que
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2
O segundo período, é o “pré-operacional”, como ABNT (2016), prevê uma série de normas relativas à
mostra a tabela 2. Para Piaget (apud Voigt, 2007), é segurança e ao bem-estar infantil durante o
a fase na qual a criança desenvolve sua cumprimento de suas funções. Desde normas
personalidade e autonomia. Este período é relacionadas aos artigos de puericultura (NBR
caracterizado pelo universo simbólico, no qual a 15260:2005); segurança de mamadeiras (NBR
criança intensifica sua capacidade de abstração e 13793:2003) e mobiliário infantil (NBR
subjetividade. Seu raciocínio é analógico, 15860:2010); até normas que garantem a segurança
comparando o que descobre com o aquilo que de brinquedos (NBR NM 300-1:2004); roupas (NBR
conhece. 16365:2015); direcionamentos antropométricos e
vestibilidade (NBR 15800:2009).
Desenvolvimen Desenvolvi- Socialização
to mento
Cognitivo Psicológico As normas para vestuário infantil foram
2-3 As ações são Construção de Início da desenvolvidas a fim de prevenir acidentes e orientar
a interiorizadas. uma imagem atividade a indústria quanto aos critérios necessários para a
07 mental da mãe. social por
imitação fabricação de produtos para esse nicho de mercado.
ano
s
dos adultos. Para isso, considera-se a idade da criança, o seu
A criança é Atividade Brinca com comportamento em função do seu estágio de
capaz de se fantasmagóri-ca outras
projetar no (sonho, crianças desenvolvimento, as suas atividades diárias e a
tempo e no imaginário e (atividades capacidade de se cuidarem sozinhas ou não (ABNT,
Espaço. realidade se lúdicas mais
misturam). cooperativas).
2015).
Desenvolviment Desenvolviment Abertura Nesse sentido, a norma NBR 16365:2015
o da função o da sua social da (Segurança de roupas infantis) determina os riscos
simbólica personalidade e criança
(representar) da identidade dependente físicos em cordões fixos e ajustáveis e aviamentos
mentalmente os sexual. dos em roupas infantis, divididos por duas faixas
objetos pais ainda. estarias: crianças menores (de 0 até 7 anos
concretos.
Desenvolviment completos) e crianças maiores (de 7 anos até 14 anos
o da linguagem. completos). A partir disso, define-se uma série de
Raciocínio requisitos de segurança, sendo alguns dos principais
apoiado na
percepção deles expostos no presente estudo.
das coisas.
Representação Crianças mais jovens apresentam maior risco de
do mundo
fortemente acidentes graves em brinquedos de parquinhos,
personalizada. podendo resultar em mortes. Já as crianças mais
Tabela 2: Características das crianças, entre dois e sete velhas e adolescentes apresentam risco de
anos de idade. enganchamento de cordões da cintura, cadarços, e
Fonte: Montigneaux, 2003 apud Voigt, 2007. bainhas inferiores em portas de veículos em
movimento, que podem ocasionar ferimentos graves
Assim, a interação da criança com o vestuário e o ou morte por arrastamento ou atropelamento. Em
ambiente exterior será pautada pelo seu grau de vista disso, a ABNT (2015) recomenda que uma
desenvolvimento cognitivo, psicológico e social. avaliação de risco individual seja realizada em
Desse modo, pequenos adereços e detalhes do qualquer roupa e comprovada por meio de pesquisa,
vestuário podem tornar-se um risco para a criança a fim de preservar a segurança do usuário.
uma vez que ela está em um período de
experimentações. Por isso, o vestuário infantil deve Assim, no que tange às recomendações dessa norma,
levar em consideração também as normas propostas os aviamentos devem ser resistentes a quebra e ao
pela ABNT. arrancamento, principalmente no vestuário de
crianças menores de 3 anos de idade. Os zíperes
4. Normas Técnicas para o Vestuário Infantil devem ter uma aba protetora interna que impeça que
o correr do cursor prenda a pele. Os velcros devem
Durante o período da infância, o risco de acidentes é ser evitados, mas se utilizados devem ter as pontas
intensificado, uma vez que as crianças estão em fase arredondadas e a parte áspera deve ser costurada
de desenvolvimento e aprendizado. Por isso, a
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com a face para cima. Puxadores de zíperes não Fonte: ABNT, 2015
podem ter mais que 75mm de comprimento a partir
do cursor e não podem ficar suspensos abaixo da Constituem exceções à norma as roupas utilizadas
borda inferior das roupas. Na imagem seguinte sob supervisão de adulto, tais como gravatas de
(figura 1), o zíper da esquerda está na posição uniforme escolar, roupas esportivas, trajes teatrais de
correta, enquanto o da direita está abaixo do limite. uso específico, roupas de dança e trajes típicos
folclóricos.
As etiquetas têxteis devem ser compostas de Para os cordões, faixas, cintos e cadarços, os riscos
material macio ou fixadas por meio de estamparia. A referem-se ao enganchamento ou até mesmo
fixação de etiquetas ou quaisquer adereços não pode enforcamento, independente da idade. Assim, as
ser feita com linha de monofilamento (nylon) devido normas ressaltam a importância do tamanho máximo
à agressão que esse material pode causar ao usuário. que estes podem apresentar em roupas infantis.
Os bordados, especialmente para as crianças Por sua vez, a NBR 15800 estabelece critérios para o
menores de três anos de idade, devem ter forro vestuário infantil por meio de referenciais de
interno, evitando atrito com a pele. As embalagens medidas do corpo humano e vestibilidade de roupas
de roupas infantis devem conter informações sobre para bebê e infanto-juvenil.
os riscos de sufocamento. Assim, o objetivo da norma é apresentar medidas
antropométricas para tamanhos que variam desde o
Faixas, cintos e cordões têm tamanho máximo bebê recém-nascido (PP) até adolescentes de 14
estipulado em função da idade da criança. Roupas anos (tamanho 14).
destinadas a crianças menores, segundo ABNT Com isso é possível desenvolver produtos que sejam
(2015), não podem conter cordões na área do capuz compatíveis com as medidas da criança e do
ou pescoço, sejam eles funcionais ou decorativos. adolescente, a fim de que os tamanhos sejam
Faixas e cordões, depois de amarrados, não podem padronizados e as peças tenham uma melhor
passar do limite da roupa em comprimento. usabilidade.
Os cordões não podem gerar risco de Desse modo, por meio do direcionamento proposto
enganchamento. Desse modo, cordões ajustáveis por essas normas, pode-se ter um referencial para
devem ser fixados à roupa em pelo menos um ponto, que o vestuário infanto-juvenil seja
posicionados equidistantes dos pontos de saída. As ergonomicamente adequado ao usuário.
ponteiras dos cordões devem resistir ao
arrancamento, como mostra a figura 2. 5. Requisitos ergonômicos no vestuário
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2
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2
construindo suas preferências e identidade. roupa para cada fase de seu desenvolvimento, e
atentar para os quesitos de segurança em conjunto
com atributos de praticidade e estética, respeitando
Requisitos Segunda Infância os critérios ergonômicos.
Ergonômicos 6 – 7 anos
Utilização de aviamentos de qualidade,
Facilidade de zíper fácil de correr, botões fáceis de Para isso, deve-se realizar processos de controle de
manuseio abrir e fechar. qualidade junto ao produto, para que ocorra uma
Medidas conforme os padrões da NBR padronização e minimização dos riscos ao cliente.
Adaptação
15800.
antropométrica
Além disso, é importante também realizar pesquisas
Informações disponíveis na etiqueta da
Fornecimento
peça que informem sobre processos de de mercado junto ao público a fim de identificar os
claro de
informações
lavagem e conservação. perigos, necessidades, e oportunidades relatadas
pelos responsáveis da criança, e verificar quais são
Aberturas em locais usuais e de fácil
Facilidade para suas dificuldades e sugestões com relação ao
acesso pela criança.
despir e vestir
vestuário infantil.
Folgas na modelagem para
Facilidade de movimentação.
movimentos Resistência à tração e alongamento. Por fim, deve-se estar atento ao lançamento de
novas tecnologias que possam auxiliar nesse
Conforto térmico e tátil na confecção das
roupas. Utilização de tecidos macios que
processo, e à publicação de atualizações em normas
não agridam a pele. regulamentadoras do setor.
Conforto
Conforto sensorial: inclusão de estampas
de personagens.
9. Referências
Faixas e cordões depois de amarrados
não podem passar do limite da roupa em
comprimento.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
Evitar costuras grossas, partes TÉCNICAS. NBR 16365: Segurança de roupas
Segurança
protuberantes e etiquetas costuradas infantis - Especificações de cordões fixos e cordões
com fios de poliamida para não agredir a
pele.
ajustáveis em roupas infantis e aviamentos em geral
Atentar para substâncias nocivas; - Riscos físicos. Rio de Janeiro: 2015. Disponível
Tecidos não podem ser inflamáveis. em:
Capacidade de Bolsos utilitários. <http://www.abntcatalogo.com.br/sebrae/java/vwnor
guardar coisas ma.aspx?Q=9B6D6788D0B06DB41EFB105980AA
Tabela 6: Requisitos Ergonômicos para a segunda 0CF106E35D843FB5B171BCBF98AAC26CF201>
infância até os sete anos. Acesso em: 07 jul. 2016.
Fonte: Os autores (2016).
FARIA, Anália. Desenvolvimento da criança e
Desse modo, durante o desenvolvimento da criança adolescente segundo Piaget. São Paulo: Editora
observa-se a evolução da sua interação com o Ática, 2001.
vestuário, que inicialmente é mais passivo,
comandado pelos pais, para uma postura mais ativa, FORTKAMP, Eloisa; RAUPP, Marilene.
de identificação de sua personalidade e preferências Características evolutivas do desenvolvimento
por meio de suas escolhas. infantil: zero a seis anos. Florianópolis: Ed. Dos
autores, 1989.
8. Conclusão
MANNING, Sidney. O desenvolvimento da
O artigo buscou apresentar requisitos ergonômicos criança e do adolescente. São Paulo: Editora
necessários ao desenvolvimento do vestuário Cultrix, 1977.
infantil, de modo que os fatores concernentes à
criança e seus responsáveis sejam aferidos durante o MARTINS, Suzana B. O conforto no vestuário:
planejamento do produto. uma interpretação da ergonomia - metodologia para
avaliação de usabilidade e conforto no vestuário.
Assim, deve-se pensar na interação da criança com a
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2
Agradecimentos
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