Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de PaulaBeauchampSoares
Any POV
Pior que era justamente o contrário, aquilo era o inferno na terra, já dizia
Josh. Mas a mulher parecia bem à vontade em meio a toda aquela
decadência.
Subiu alguns degraus e adentrou uma casa velha e carcomida pelo tempo.
Segundos depois uma luz se acendeu e pude ver a mulher caminhando perto
do vidro da janela.
Será que ela ao menos imaginava que estava sendo seguida? Ou ainda... ela
tinha alguma noção de que em poucos minutos ela provavelmente daria
adeus a sua pobre vida?
Digo provavelmente porque Josh não disse nada a respeito do que faria com
ela. Marilyn, uma prostituta vulgar e sem escrúpulos que devia uma pequena
fortuna em drogas.
Drogas que distribuiu por um bom tempo, até se entregar de vez ao vício e
com isso ficar com parte do dinheiro que deveria ser nosso para pagar a
própria droga.
E isso nem era o pior. Talvez Josh tivesse dado uma segunda chance se ela
não estivesse usando drogas fornecidas por outros criminosos. Mas eu
poderia estar enganada também.
Creio que de qualquer forma Josh não a pouparia. Estava mais implacável do
que nunca. Era visível o medo que ele provocava nas pessoas simplesmente
por estar no mesmo ambiente que elas.
$
1
À meia luz ainda era possível ver perfeitamente seu terno risca de giz, de
caimento perfeito e impecável e o inseparável chapéu. Em minha mente foi
inevitável surgir a palavra Gostoso.
Nesses quase nove anos juntos Josh estava mais viril, mais másculo,
delicioso, potente... resumindo: ainda mais poderoso do que quando o
conheci.
$
103
Ele parou bem em frente ao meu carro e ajeitou o chapéu com a mão coberta
pela luva de couro e me encarou.
Desviei meu olhar da figura dele e olhei novamente para a janela da casa.
Prendi a respiração ao ver a silhueta que tirava a blusa. Era só o que me
faltava Josh ficar sozinho com uma mulher nua.
Lógico que confio cegamente em meu marido, mas certas reações do nosso
corpo são inevitáveis. Segurei-me no banco do carro com força exagerada
atraindo a atenção do Noah.
Não falei nada. Apenas voltei a olhar para Josh que agora colocava a arma na
fechadura da porta e atirava. Simples, rápido e silencioso.
- Eu vou lá.
- Any...
Ela estava com os pés balançando no ar, sendo segura pela garganta. As duas
mãos pequenas tentavam agarrar a mão seguramente coberta pela luva, sem
êxito algum.
- Sabia que você viria. - Ele falou com a voz baixa e rouca sem ao menos se
virar.
- Puta burra. Se fosse apenas alimentar seu vício talvez eu lhe desse uma
segunda chance. Mas não... você teve que me entregar. Quis tirar o seu da
reta e entregou o jogo não é?
Epa... isso ninguém me contou. Ela ainda tentou negar mas nem ao menos
tinha força para mexer a cabeça.
Por fim ele se afastou, soltando as mãos e deixando o corpo cair inerte aos
seus pés.
- E o corpo?
Saiu sem ao menos olhar para trás e eu o segui. Apenas fez um gesto para o
Noah que sabia o que deveria fazer. Eu voltaria com Josh no volvo
estacionado a poucas quadras dali.
Dei um salto da cama olhando ao redor. Merda. Corri para o banheiro e tomei
uma ducha rápida. Eu odiava perder a saída dos meus filhos para a escola.
$
38
$
17
- Bom dia.
- Não foi o que vi. Pensei que tivesse morrido durante o sono.
Fiquei encarando-o até que ele baixou o jornal e pegou sua xícara de café me
encarando também. Balancei a cabeça e deixei o assunto de lado.