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A CONSULTA DO RECÉM-NASCIDO

PARTE II
AULA #10

A consulta do recém-nascido parte 2

Recapitulando, o nascimento de um bebe e o momento chave para uma famí lia, a


introduça o de um novo ser vai modificar esse ciclo, trazendo novos desafios e possibilidades,
conflitos e problemas que podem surgir nessa nova fase. Acompanhar a famí lia ao longo do
tempo nos coloca em posiça o privilegiada. Ja temos ideia dessa dina mica antes da chegada da
criança, por isso a necessidade de proximidade da equipe multidisciplinar com a famí lia que
esta prestes a receber o rece m-nascido.

Teremos o objetivo de identificar o melhor momento para a consulta do rece m-


nascido, listar as avaliaço es que devem ser feitas nesse primeiro encontro , avaliar o
crescimento e programar as demais consultas.

Ja comentamos bastante sobre a visita domiciliar na aula anterior, esse e u m


instrumento que pode ser utilizado pelo agente comunita rio de sau de (figura que fara o elo
entre a comunidade e a equipe; e o ACS que pode fazer a visita logo que o bebe nasce). Uma
pra tica que pode ser feita e voce como profissional dar o telefone a comunita ria, dependendo
dos crite rios pessoais e limites que voce queira estabelecer; para que a gestante tire du vidas
sobre a necessidade de ir a emerge ncia ou na o, fazer uma avaliaça o, para que as pessoas se
sintam mais seguras.

Teremos a semana do acolhimento inicial ate o 5º dia de vida (ideal que a primeira
consulta seja nesse intervalo de tempo), isso acontece para que voce tenha orientaço es a
chegada desse novo ser, como mudanças que ocorrem na dina mica familiar, o iní cio a
amamentaça o, cuidados gerais com o rece m-nascido; principalmente orientaço es sobre a
vacinaça o e como ocorre esse segmento na unidade de sau de.

Observando a questão do peso, o recém-nascido pode perder até 10% na primeira


semana, o que deve ser recuperado até o 15º dia. Daí a importância dessas avaliações iniciais.
Para que a primeira consulta seja feita de forma organizada, junto com os agentes sociais da sua
unidade (esses agentes podem até fazer a visita, mas as pessoas ideais para fazer a avaliação são os
médicos e a equipe de enfermagem). Iniciaremos com a indicação da visita à unidade (parto normal,
geralmente 24 horas após a saída da maternidade e parto cesárea, 48 horas).

Teremos a indicaça o de necessidade de visita pelo te cnico ou enfermeiro, e


importante ter a agenda livre para que essa visita seja feita, havendo impossibilidade, deixar
pelo menos dois hora rios para a consulta (caso seja pra hora marcada, pode ser de vinte
minutos — 2 hora rios, somando 40 min). Apo s a marcaça o, chegada a consulta e muito
importante que os dados sejam registrados, visitas, atendim ento de rotina (registrados na
caderneta da criança).

Vale destacar que a equipe deve ser o apoio da famí lia, estando disponí vel para
du vidas, principalmente para ma es de primeira viagem, pois na o possuem tantas experie ncias
e ouvir pessoas que esta o nesse cuidado mais intenso da criança e importante (sem
julgamento, lembrando que as pessoas esta o ali para aprender). Outro fator importante e o
aleitamento que deve ser auxiliado, pois, pode ocorrer da pega estar desajustada e entender
como essa orientaça o deve acontecer e muito importante. Devemos e stimular mesmo sendo
difí cil, levando em consideraça o todas as particularidades de cada caso.

Dar suporte na orientaça o e realizaça o da imunizaça o, verificar se a criança foi


imunizada, caso na o tenha sido e importante que seja estimulada. Ter um local de refere ncia
para a indicaça o e muito importante. Fazer a realizaça o da triagem neonatal (teste do pezinho
ate o quinto dia, teste do olhinho, orelhinha, coraça o, etc.), entender quais sa o oferecidos pela
unidade e se possí vel fazer de imediato. Outro fator que deve ser reforçado e a rede familiar,
conforme o genograma que traz a estrutura, quais as pessoas que fazem parte da famí lia que
podem ajudar no suporte a criança. Podemos utilizar tambe m o ecomapa, pessoas que na o sa o
da famí lia, mas que podem dar tambe m esse suporte.

To picos importantes dentro da primeira consulta ao rece m-nascido:

• Ví nculo/apego (inicialmente o ví nculo com a equipe e o apego, nele devemos


analisar como e a relaça o familiar, se existem outros filhos e qual a afinidade deles com o bebe ,
etc.);

• Desenvolvimento da funça o parental (ningue m nasce sabendo ser pai ou ma e,


aprendem geralmente na pra tica, que pode ser auxiliada);

• Estimulo a participaça o paterna – temos historicamente uma cultura de


participaça o limitada por parte dos pais por isso o est í mulo a uma maior participaça o e
necessa rio. Importante explicar sobre a possibilidade de transplantaça o (me todo utilizado
atrave s de uma sonda para que a criança faça o esforço da sucça o);

• Puerpe rio; rede de apoio – como ja citado, a depressa o po s parto e o baby blues –
importante que seja feito a detestaça o e suporte com antecede ncia;

• Aleitamento – avaliaça o da pega e estí mulo;

• Prevença o de acidentes – principalmente em relaça o a postura que o bebe deve


ficar, da necessidade de evitar que os pais durmam com ele no colo, colocar sempre na posiça o
supina (deitado de costas com a barriga pra cima), no primeiro me s fica um pouco mais difí cil,
podemos utilizar uma manta para recolher os braços do bebê imitando o espaço
intrauterino para que fique bem acomodado, fazer com que ele durma no berço, questa o
de escalde de mamadeira para na o dar a criança muito quente, temperatura da a gua e etc.;

• Avaliaça o clí nica – anamnese, avaliaça o fí sica, etc.;

• Crescimento e desenvolvimento – faremos atrave s dos exames fí sicos, com a base


de dados que e deixada na caderneta;

• Triagem neonatal – faz parte da se rie de testes que devem ser feitos na fase
neonatal (teste do pezinho, orelhinha, olhinho, etc.);

• Imunizaça o BCG e HEP B.

Avaliaça o clí nica, crite rios estabelecidos na caderneta abaixo:


Em casos de chegada do bebê sem preenchimento dessa avaliação, preencha
de imediato, utilize o resumo de alta, consulte um familiar, veja o acompanhamento do
pré-natal.

Devemos analisar os antecedentes familiares, saber se e o primeiro filho, se tem


irma os e histo rico de doença conge nita na famí lia.

Iremos analisar tambe m no exame fí sico de primeira consulta:

• Peso, comprimento e perí metro cefa lico (importante colocar o gra fico na
caderneta, junto com a data, verificado a alteraça o, ja podemos tomar as medidas
necessa rias);

• Desenvolvimento social e psicoativo;

• Estado geral:
Alerta;

Sono leve ou profundo;

Choro.

• Presença de assaduras;

• Higiene (orientar sobre dermatite de fralda).

➔ Observar alteraço es clí nicas, morfolo gicas e funcionais.

Avaliaça o:

• Face (implantaça o das orelhas, estrabismo acentuado, face sindro mica ou na o,


etc.);

• Pele (muito vermelha – pletora; muito escura – ciano tico; se existe irritaça o ou
ressecamento de pele);

• Cra nio (verificar a existe ncia de cavalgamento, bossa serossanguinolenta por conta
de traumatismo no parto, fontanela);

• Olhos (secreça o, conjuntivite, hemorragia subconjuntival, etc.);

• Orelhas e audiça o;

• Nariz;

• Boca (palatina, ver o palato);

• Pescoço (torcicolo conge nito);

• To rax (ausculta, verificar alteraço es com relaça o ao esterno);

• Abdome (palpaça o, verificar visceromegalia);

• Genita lia [ver se na bolsa escrotal tem (meninos) o testí culo; avaliar a fimose,
hipospadia; nas meninas, verificar a vagina, o introito vaginal, pois, pode ter as sinetias, etc.];

• A nus e reto (verificar as fezes, coloraça o, a freque ncia, pois nessa idade e
desregulada e ele so conseguira fazer por conta da falta de controle do esfí ncter quando esta
relaxado, geralmente durante o sono ou durante a amamentaça o);

• Avaliaça o neurolo gica (avaliaça o dos reflexos que sa o primitivos);

Teremos como suporte para fazer o exame fí sico a antropometria, ou seja, perí metro
cefa lico/peso/comprimento.
Higienizar e zerar a balança; ao colocar um pano encima, lembrar de subtrair o peso
dele da pesagem do bebe .

No exame fí sico, e importante:

• Evitar quando estiver irritado, logo apo s mamada (voce vai manipular ele o que
pode causar regurgitaça o);

• Exame ra pido, pois, os bebe s tem pouco tolera ncia ao frio;

• Fazer a freque ncia respirato ria e ausculta cardí aca ainda vestido. Lembrando que
para pesar você deve tirar toda a roupa do bebê, inclusive a fralda, então se a balança
puder estar na sala do exame será de muita valia;

• Importante avaliar:

- Atividade esponta neas desse bebe ;

- To nus e reatividade;

- Qualidade do choro (pode ter laringomala cia, choro estridente);

- Temperatura;

- Hidrataça o da pele (ao colocar bastante roupa, a criança na o necessariamente esta


morrendo de calor ou frio, podendo haver mudança de temperatura muito ra pida, como não
há maturidade das glândulas sudoríparas ela não sua, deixando o bebê inquieto ou
irritado, por isso é interessante prestar atenção);
- Perfusa o capilar;

- Reflexos primitivos:

1. Moro (abertura dos braços);

2. Sucça o (e busca);

3. Preensa o palmar e plantar;

4. To nico-cervical;

5. Marcha.

Ví deo de avaliaça o de reflexos primitivos de bebe mostrando todos os testes


citados acima. https://www.youtube.com/watch?v=u0f8Fn6IFIk

Caso haja a ause ncia ou hipotonia deveremos encaminhar ao especialista.

• Quanto aos cuidados podemos fazer algumas orientaço es:

Obs. – Coto umbilical: verificar se tem vermelhida o ou sinais flogí sticos, na o tendo
granuloma na regia o, e recomendado fazer o nitrato de prata com uso no local, para que o
umbigo fique bem melhor.

Na higiene, usar saba o de coco e interessante pois ele sai da roupa com mais
facilidade e na o agride a pele do bebe .

Importante solicitar que na o fumem no mesmo ambiente ou perto da criança.

Iremos analisar agora a classificaça o das crianças segundo grupo de risco:


Ale m do fluxograma de orientaça o, que explica a organizaça o de agen da para
receber o rece m-nascido.

Muito importante deixar claro no pre-natal que a avaliaçao deve ser feita nos primeiros 5
dias de vida da criança, a nao ser que ela esteja internada, trazendo uma dificuldade maior.

Sinais de alerta que podem levar o encaminhamento do RN para a urgencia:

• Recusa alimentar (a criança nao consegue beber ou mamar);

• Vomitos (ela vomita tudo que ingere – diferente de gorfo);


• Convulsoes ou apneia (a criança fica em torno de 20 segundos sem respirar);

• Frequencia cardíaca abaixo de 100 bpm;

• Respiraçao rapida (acima de 60 irpm);

• Atividade reduzida (movimentos menores que o habitual);

• Febre (37,5ºC ou mais);

• Hipotermia (menos de 35ºC);

• Tiragem subcostal;

• Batimento de asas do nariz;

• Cianose generalizada ou palidez importante;

• Icterícia visível abaixo do umbigo ou nas primeiras 24 horas de vida;

• Gemidos;

• Fontanela;

• Secreçao purulenta de ouvido;

• Umbigo hiperemiado (hiperemia estendida a pele da parede abdominal) e/ou secreçao


purulenta (indicando onfalite);

• Pustulas na pele (muito extensas);

• Irritabilidade ou dor a manipulaçao.

Sao eventos importantes, pois, ate os dois meses os bebes tem a possibilidade de ter
doenças graves e ficarem descompensados rapidamente, principalmente nas doenças respiratorias e
gastrointestinais, que sao sinais de gravidade.

Na tosse ou dificuldade em respirar lembrar da periodicidade (acima de 60 irpm) e caso


seja percebida acima, fazer mais uma vez pois nao e uma respiraçao de forma cíclica.

Quanto ao seguimento, o ministerio da saude indica, que:

• MS – 1º semana/ 1º mes/ 2º mes/4º mes/6º mes/9º mes/12º mes – primeiro ano;

• 18º e 24º - 2º ano;

• 3º ano em diante – anual, proximo ao mes de aniversario.

De forma conclusiva podemos destacar que:

➔ O melhor momento da primeira avaliaçao e no 5º dia de vida;


➔ Equipe pode chegar a família atraves da agenda ou visita – pode ser aberta ou
reservar dois espaços;

➔ Observe, investigue e registre;

➔ Exame físico sempre completo na primeira consulta;

➔ Observar as alteraçoes clínicas, morfologicas e funcionais;

➔ Reflexos primitivos;

➔ Situaçoes que requer maior cuidado;

➔ Proximas consultas (marcaçao).

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