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OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (OVACE)

É a obstrução súbita das VA superior causada por corpo estranho. A OVACE


em adulto geralmente ocorre durante a ingestão de alimentos e, em criança, durante a
alimentação ou recreação (sugando objetos pequenos).

As causas de obstrução de VA superiores podem incluir obstruções:


• Pela língua: sua queda ou relaxamento pode bloquear a faringe.
• Pela epiglote: inspirações sucessivas e forçadas podem provocar uma pressão
negativa que forçará a epiglote para baixo fechando as VA.
• Por corpos estranhos: qualquer objeto, líquidos ou vômito, que venha a se
depositar na faringe.
• Por danos aos tecidos: perfurações no pescoço, esmagamento da face,
inspiração de ar quente, venenos e outros danos severos na região.
• Por patologias: infecções respiratórias, reações alérgicas e certas condições
crônicas (asma), podem provocar espasmos musculares que obstruirão as VA.

Sinais de obstrução grave ou completa das vias aéreas

Em uma pessoa consciente que está engasgando, os seguintes sinais


indicam uma obstrução grave ou completa das vias aéreas que exige ação imediata:

• Sinal universal de asfixia: a vítima segura o pescoço com o polegar e o dedo


indicador.
• Incapacidade para falar.
• Tosse fraca e ineficaz.
• Sons inspiratórios agudos ou ausentes.
• Dificuldade respiratória crescente.
• Pele cianótica.

Manobras Para Desobstrução em Adulto

Compressão abdominal
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Varredura digital para
limpeza da cavidade oral

Compressão torácica
administrada em vítima
gestante ou obesa

Manobras Para Desobstrução em Lactente

Golpes dorsais Compressões torácicas

 Em lactentes e crianças deve-se visualizar o corpo estranho antes de tentar


removê-lo com uma pinça ou com o dedo.

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Definições:

• Lactente ou bebê: menor de um ano de idade

• Criança: de um ano até antes do início da puberdade (detectado na urgência pela presença
de broto mamário na menina e pelos axilares no menino)

• Responsiva: criança alerta ou que apresenta resposta ao estímulo verbal e tátil

• Não responsiva: criança que não apresenta resposta ao ser estimulada

Causas de Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho:

No bebê: principalmente líquidos

• Na criança: objetos sólidos (alimentos, pequenos objetos, peças de brinquedos, etc.)

Como reconhecer a OVACE:

• Início súbito de angústia respiratória

• Tosse

• Restrição para falar

• Respiração ruidosa (estridor)

• Chiado Classificação da obstrução:

• Leve: vítima ainda consegue tossir e emitir alguns sons

• Grave: vítima não consegue tossir ou emitir qualquer som

Conduta: as manobras apresentadas a seguir são indicadas para os casos de obstrução das
vias aéreas por objetos sólidos, pois esses objetos podem ocasionar obstrução completa das
vias aéreas superiores.

OBSTRUÇÃO LEVE NA CRIANÇA RESPONSIVA

Perguntar: “Você está engasgado?”

Conduta:

• Não interferir

• Acalmar a vítima

• Incentivar tosse vigorosa

• Observar atenta e constantemente

• Se evoluir para obstrução grave: intervir

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OBSTRUÇÃO GRAVE NA CRIANÇA RESPONSIVA

Sinais clínicos:

• Não consegue tossir (tosse silenciosa ou inefetiva)

• Não emite qualquer som • Início súbito de grave dificuldade respiratória

• Sinal de angústia (sinal universal da asfixia: leva as mãos ao pescoço).

Conduta:

• Abaixar-se, posicionando-se atrás da criança;

• Fechar uma das mãos em punho e posicioná-la no abdome da vítima, na linha média, entre
o umbigo e o apêndice xifoide (sem tocá-lo), com o polegar voltado para o abdome, colocando
a outra mão sobre esta;

• Aplicar compressões rápidas, pressionando essa região para dentro e para cima, simulando
a letra jota;

• Realizar as manobras até a saída do objeto ou até a criança tornar-se não responsiva;

• Dosar a força aplicada;

Após a saída do corpo estranho, oferecer oxigênio por máscara.

OBSTRUÇÃO GRAVE NA CRIANÇA QUE SE TORNA NÃO RESPONSIVA

Conduta:

• Checar responsividade: não responsiva;

• Checar respiração: respiração ausente ou anormal (gasping: respiração lenta e irregular);

• Pedir ajuda: acionamento do serviço de emergência (192 ou 193);


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• Iniciar RCP (ressuscitação cardiopulmonar), começando pelas compressões torácicas;

• Não checar pulso;

• Colocar a criança sobre superfície rígida;

• Realizar 30 compressões torácicas enquanto houver um profissional atuando (na metade


inferior do esterno, com uma ou duas mãos, deprimindo pelo menos 1/3 do diâmetro ântero-
posterior do tórax – cerca de 5 cm);

A seguir, abrir as vias aéreas (com inclinação da cabeça e elevação do queixo);

• Antes de oferecer as ventilações, inspecionar a cavidade oral, retirando o objeto com os


dedos em pinça, se visível e facilmente alcançável;

• Ventilar uma vez e se o ar não passar (ou seja, o tórax não expandir), reposicionar a
cabeça, abrir as vias aéreas e ventilar novamente;

• Se o ar não passar, • Realizar 30 compressões torácicas (com 1 profissional) ou 15


compressões (com 2 profissionais); • Repetir ciclos de compressões e ventilações (30:2 se 1
profissional ou 15:2, se 2 profissionais) até que o objeto seja expelido;

• Trocar o profissional que realiza as compressões a cada 2 minutos (ou 5 ciclos de 30:2 ou
10 ciclos de 15:2);

• Caso o objeto seja expelido ou ocorra passagem do ar (expansão torácica) e respiração


espontânea, oferecer oxigênio por máscara.

OBSTRUÇÃO GRAVE NO BEBÊ RESPONSIVO

Sinais clínicos:

• Início súbito de grave dificuldade respiratória;

• Choro fraco ou silencioso;

• Tosse silenciosa ou inefetiva.

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Manobras Para Desobstrução em Lactente

Conduta:

• Realizar ciclos repetidos de 5 golpes no dorso (entre as escápulas) seguidos de 5


compressões torácicas (logo abaixo da linha intermamilar), até que o objeto seja expelido ou a
vítima se torne não responsiva.

Golpes dorsais Compressões


torácicas

 Em lactentes e crianças deve-se visualizar o corpo estranho antes de tentar


removê-lo com uma pinça ou com o dedo.

OBSTRUÇÃO GRAVE NO BEBÊ QUE SE TORNA NÃO RESPONSIVO

Conduta:

• Checar responsividade: não responsiva;

• Checar respiração: respiração ausente ou anormal (gasping: respiração lenta e irregular);

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• Pedir ajuda: acionamento do serviço de emergência (192 ou 193);

• Iniciar RCP (ressuscitação cardiopulmonar), começando pelas compressões torácicas;

• Não checar pulso;

• Colocar o bebê sobre superfície rígida;

• Realizar 30 compressões torácicas (enquanto houver um profissional atuando) sobre o


esterno, logo abaixo da linha intermamilar (comprimir com dois dedos); deprimir pelo menos
1/3 do diâmetro ântero-posterior do tórax (cerca de 4 cm);

A seguir, abrir as vias aéreas (com inclinação da cabeça e elevação do queixo);

• Antes de oferecer as ventilações, inspecionar a cavidade oral, retirando o objeto com os


dedos em pinça, se visível e facilmente alcançável;

• Ventilar uma vez e se o ar não passar (ou seja, o tórax não expandir), reposicionar a cabeça,
abrir as vias aéreas e ventilar novamente;

• Se o ar não passar,

• Realizar 30 compressões torácicas (1 profissional) ou 15 compressões (2 profissionais);

• Repetir ciclos de compressões e ventilações (30:2 se 1 profissional ou 15:2, se 2


profissionais) até que o objeto seja expelido;

• Trocar o profissional que realiza as compressões a cada 2 minutos (5 ciclos de 30:2 ou 10


ciclos de 15:2);

• Caso o objeto seja expelido ou ocorra passagem do ar (expansão torácica) e respiração


espontânea, oferecer oxigênio por máscara. Os resultados da ressuscitação em bebês e
crianças são melhores quando se combina compressão torácica e ventilação. Entretanto, se a
pessoa que socorre não estiver treinada para realizar as ventilações ou for incapaz de fazê-lo,
esse socorrista leigo deve continuar com compressões torácicas (Hands-Only) até que a
ajuda chegue.

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Bibliografia:

1. AMERICAN HEART ASSOCIATION. AHA Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation


and Emergency Cadiovascular Care. Part 11: Pediatric Basic Life Support. Circulation; 112
(Suppl I):IV156-66, 2005.

2. AMERICAN HEART ASSOCIATION. AHA Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation


and Emergency Cadiovascular Care. Part 13: Pediatric Basic Life Support. Circulation;
122:S862-S875, 2010.

3. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das Diretrizes da American Heart


Association 2015 para RCD e ACE. Disponível em:
http://www.heb.bauru.unesp.br/upload/documentos/Material_Grupo_Capacit
a%C3%A7%C3%A3o_Urg_e_Emerg.pdf. Acessado em 07.06.11.

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