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Ano

Mobilizações e
Posicionamentos ao
doente acamado
Conhecimentos e competências das
Auxiliares
Trabalho realizado no âmbito do Ensino Clínico de Enfermagem do Adulto e
Idoso III, no Lar da Misericórdia de Murça, com o objectivo de dotar os
profissionais desta instituição, nomeadamente as Auxiliares, de conhecimentos
e competências para melhores práticas e cuidados aos utentes desta instituição.

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Ana Carolina Dias, Patrícia Costa e Paula Ferreira


3º Ano
2 Mobilizaçõ es e Posicionamentos ao doente acamado

Índice

Introdução.............................................................................................................................3
Mobilizações.........................................................................................................................4
Posicionamentos...................................................................................................................8
Transferências.....................................................................................................................13
Conclusão............................................................................................................................16
Bibliografia..........................................................................................................................17

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3 Mobilizaçõ es e Posicionamentos ao doente acamado

Introdução

Ao ser realizado um Diagnóstico de Situação relativamente ao contexto dos


cuidados ao doente acamado, na Instituição do Lar da Misericórdia de Murça, através da
construção e aplicação de uma grelha de observação, foi-nos possível discernir a
importância dos cuidados prestados pelas Auxiliares a estes utentes e, como tal,
julgamos importante o fornecimento de material de apoio e de desenvolvimento do
conhecimento destas profissionais, a fim de possibilitar uma maior e melhor qualidade
dos serviços prestados. Desta forma, surge a elaboração deste pequeno dossier, como
suporte ao desenvolvimento das suas práticas profissionais.

Sendo que as mobilizações e os posicionamentos são actividades integrantes dos


cuidados diários prestados aos utentes desta instituição, torna-se relevante que os
profissionais que desenvolvem estas actividades tomem consciência dos princípios a
que deve obedecer uma correcta mobilização e posicionamento, não só dos utentes, mas
também dos profissionais.

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4 Mobilizaçõ es e Posicionamentos ao doente acamado

Mobilizações

As mobilizações dividem-se em activas, passivas e activas assistidas. As


mobilizações activas são realizadas pelo próprio utente; as passivas são realizadas pelo
profissional sem ajuda do utente e, por fim, as activas assistidas são realizadas pelo
profissional com alguma colaboração por parte do utente.

Estão indicadas em utentes imobilizados que não possuam anormalidades no


sistema músculo-esquelético e em utentes com problemas neurológicos como lesão na
espinal medula e sequelas de AVC. Podem ser realizadas aquando dos posicionamentos
do utente, mudança de roupa da cama, banho no leito, transferência do utente, entre
outras situações.

As contra-indicações à realização das mobilizações são as doenças reumáticas em


fase inflamatória, fracturas e deslocamento de articulações.

A realização das mobilizações tem como objectivos: manter o bem-estar; manter


ou aumentar a força muscular; manter ou aumentar a resistência/tolerância ao esforço;
aumentar a amplitude respiratória; diminuir a tensão psíquica e muscular; incentivar o
auto-cuidado e prevenir complicações.

Os movimentos que se tornam mais relevantes para este contexto são a flexão,
extensão, rotação interna e rotação externa quer dos membros superiores como dos
membros inferiores. Para tal será importante o conhecimento prévio da história clínica
do utente; explicar ao utente o que se irá realizar; proteger o utente com lençol para
manter temperatura e privacidade; realizar os exercícios no sentido céfalo-caudal (da
cabeça para os pés), completando-os de um lado do corpo antes de mobilizar o outro
lado; nunca efectuar os movimentos além do ponto no qual o utente sinta desconforto ou
se sinta resistência ao movimento.

Execução:

Apoie sempre as áreas acima e abaixo das articulações;

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5 Mobilizaçõ es e Posicionamentos ao doente acamado

Suba a cama, se possível, a fim de facilitar a execução da actividade e prevenir


complicações para o profissional resultantes da uma postura incorrecta;
Posicionar o utente mais próximo do lado onde vai iniciar os movimentos;
Repetir cada exercício 3 a 5 vezes.

Membros superiores:

O braço do utente deve estar alinhado com o corpo e nivelado com a cama
(posição neutra).
Flexão do ombro: no momento em que o braço toca na orelha, faça a flexão do
cotovelo, para permitir a flexão completa do ombro, voltando depois à posição
neutra.
Rotação externa: faça abdução do ombro e flexão do cotovelo a 90º, rode
externamente o ombro deixando que o antebraço se dirija na direcção da
cabeceira da cama.
Rotação interna: deixe que o antebraço se dirija na direcção dos pés da cama.
Apoie o punho com a mão direita e a parte inferior do úmero com a esquerda,
ombro ligeiramente a abduzido para realizar a flexão e extensão do cotovelo.
Coloque a usa mão direita na mão do utente e a esquerda logo abaixo do punho
do utente e efectue a flexão do punho empurrando suavemente o dorso da mão
para baixo e a extensão empurrando suavemente a superfície da palma da mão
para cima.

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Membros inferiores:

Coloque a mão esquerda por detrás do joelho e a direita acima do tornozelo:


flexão da anca e do joelho elevando a perna acima do quadril de modo que o
joelho se dobre o mais possível em direcção ao tronco, de seguida coloque a sua
mão esquerda sobre o joelho e complete o movimento, não permitindo que a
anca rode externamente.
Flexão da anca com joelho em extensão: eleve a perna sem permitir a flexão do
joelho, pare o movimento se sentir o joelho a flectir ou se sentir queixas por
parte do doente.
Apoie o tornozelo com a sua mão direita e coloque a sua mão esquerda um
pouco acima do joelho e realize rotação interna: rode suavemente a perna em
direcção à linha mediana do corpo.
Rotação externa: rode suavemente a perna lateralmente na sua direcção.

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Posicionamentos

São técnicas terapêuticas adoptadas para colocar o corpo em determinada


situação, tendo como principais objectivos:

_ promover o bem-estar do utente;

_ colocar o utente em posição adequada para uma observação física completa;

_ colocar um utente dependente numa posição segura com alinhamento corporal


correcto para prevenir ou minimizar as complicações potenciais da imobilidade;

_ manter o tónus muscular e estimular os reflexos posturais;

_ diminuir a tensão psíquica e muscular;

_ prevenir complicações.

Posicionamento do doente na cama:

Proporcionar privacidade;
Combinar com o utente como realizar os movimentos;
Colocar o utente em decúbito dorsal e alinhado;
Ajustar a altura da cama;
Colocar o colchão na horizontal baixando a cabeceira da cama se a situação
clínica do utente o permitir;
Travar a cama e baixar as barras de segurança;
Colocar o resguardo sob o doente.

 Posicionamento do doente na cama


Para um dos lados:
Colocar o braço e mão (esquerdo) sob a cabeça e ombro do
doente, a mão e o braço (direito) sob a região dorso-lombar;

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Colocar os braços sob a cintura e anca do utente e aproximá-lo;


Colocar os braços sob as pernas do utente e em bloco aproximá-
lo do lado do leito pretendido;
Alternativa: enrolar a porção proximal do resguardo até junto do
corpo do utente e colocando-nos um de cada lado do leito
elevamos o doente, aproximando-o do lado do leito pretendido.

Para a cabeceira:

Retirar as almofadas e colocar uma encostada à cabeceira da


cama;
Sempre que possível utilizar a colaboração do utente: pedir-lhe
que agarre o trapézio ou a cabeceira da cama com ambas as mãos,
realizando com os braços o movimento adequado, se existirem
problemas de mobilização e força muscular nos membros
superiores deve apenas ser ensinado a flectir os joelhos e apoiar
firmemente os pés no colchão. Os membros superiores são
colocados sobre o corpo. Colocar o braço que está mais próximo
da cabeceira sob a cintura do utente e o outro sob a zona proximal
das coxas. Se não existir auxílio dos membros superiores os
braços do profissional devem ser colocados no plano superior, de
forma a manter o alinhamento do pescoço. Manter as mãos
perpendiculares à cama e transferir o peso em direcção à
cabeceira, ajudando o utente a elevar-se.
Se o utente se encontra impossibilitado de prestar qualquer
colaboração deve ser requisitada ajuda de outro técnico ou
auxiliar com formação. Podem ser utilizados resguardos de ajuda.
Na impossibilidade de existir ajuda e capacidade insuficiente para
realizar o movimento correctamente, pode ser utilizada a técnica
de movimentos intercalados na diagonal.

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Decúbito lateral:

Afastar um pouco o braço e ombro mais próximo;


Colocar o calcanhar e o pé mais distantes por cima do pé e
calcanhar mais próximo;
Colocar os braços sobre o ombro e a cintura do lado mais distante
e rodar o utente para o decúbito lateral pretendido;
Se o objectivo for manter a posição, a manobra deve ser
preparada de forma a que o utente fique colocado no centro da
cama. Para rodar para decúbito ventral não deve ser efectuado o
primeiro passo, o braço deve ser mantido em alinhamento com o
restante corpo ou em alternativa elevar o membro superior acima
da cabeça e a rotação a efectuar será completa. Esta técnica deve
ser realizada por duas pessoas colocadas uma de cada lado do
utente sendo que os movimentos devem ser realizados em bloco.

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Decúbito dorsal:

Utilizada como nova posição para aumentar a comodidade do


utente e para diminuir a possibilidade de uma lesão cutânea;
Apoiar adequadamente o utente;
Evitar exercer pressão sobre a região anterior do joelho;
Dar devida atenção às zonas de maior pressão: calcanhares, sacro,
cotovelos, omoplatas e paste posterior da cabeça.

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Decúbito ventral:

Utilizada para prevenir as contracturas em flexão da bacia e


joelhos, favorecer a drenagem da boca e para colocar o utente
numa nova posição para prevenir o risco de lesões cutâneas;
Apoiar o utente adequadamente;
Não colocar uma almofada sob a cabeça se se pretende a
drenagem de secreções pela boca;
Colocar apoios abdominais a nível do diafragma ou mais baixo
para permitir expansão torácica adequada;
Dar devido valor às zonas de maior pressão.

Após cada decúbito torna-se relevante a aplicação de um produto (creme


hidratante por exemplo) que mantenha a pele elástica e hidratada, devendo registar-se a
hora e o decúbito adoptado; estado dos locais das zonas de maior pressão e a tolerância
do utente ao decúbito.

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Transferência

Ao ser realizado o levante a um utente acamado ou que necessite de ajuda para


se mover, torna-se importante realizar a transferência do leito para o cadeirão ou cadeira
de rodas, e vice-versa, da forma mas organizada e segura possível. Para tal:

Do leito para a cadeira:

Prepare o equipamento e materiais necessários;


Elevar o nível do leito para uma altura adequada;
Explicar o procedimento ao utente pedindo a sua colaboração, se possível;
Preservar privacidade do utente;
Afaste obstáculos do caminho;
Posicione a cadeira num ângulo de 45 graus em relação à cama;
Coloque o utente em decúbito lateral, de frente para si, sobre o lado da cama no
qual ficará sentado;
Eleve a cabeceira da cama para o nível mais alto tolerável pelo utente;
Fique de pé de frente para o utente;
Coloque o braço mais próximo à cabeceira do leito sobre os ombros do utente,
apoiando a cabeça e o pescoço;
Coloque o outro braço sobre as coxas do utente girando-as para si, elevando ao
mesmo tempo o tronco do utente;
Abaixe o nível do leito até os pés do utente tocarem o chão;
Ajude o utente a permanecer na posição sentada na lateral do leito e avalie a sua
tolerância;
Assegure-se de que o utente está estável e com calçado antiderrapante;
Segure o utente pelas axilas e embale o utente para cima, para ficar de pé e gire
o utente até este estar alinhado com a cadeira;
Observe a tolerância do utente ao levante para a cadeira.

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Da cadeira para o leito:

Coloque a cadeira a 45º da cama e trave as rodas, retirando os descansos dos pés
da cadeira;
Explique o procedimento ao utente e assegure-se que ele entendeu os passos e a
sua função durante a transferência;
Estimule o utente a assumir o máximo possível de sustentação do peso do corpo;
Proceda de forma inversa ao que foi dito na transferência da cama para a
cadeira.

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Conclusão

A realização deste pequeno manual de procedimentos destinado aos funcionários


que prestam os cuidados aos utentes acamados deste Lar, servirá de apoio aos cuidados
de Mobilizações e Posicionamentos efectuados na Instituição. Esperamos que este
documento possa constituir uma ferramenta útil, para uma melhoria progressiva da
prestação de cuidados aos utentes desta instituição.

A realização deste trabalho permitiu pôr em prática os conhecimentos teóricos


apreendidos e também a aprendizagem de novos conteúdos, tendo sido uma experiência
muito gratificante para a nossa formação.

Agradecemos a colaboração de todos os profissionais do Lar assim como à


Enfermeira Ana Cristina e ao Professor Amâncio Carvalho, pois foram fundamentais
para a realização deste trabalho.

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Bibliografia

CRUZ, Arménio G. e tal (1997) – Técnicas de reabilitação II – Coimbra:


Edições Formasau. 137 p. ISBN: 972-96680-7-8;
KAPANDJJ, I.A (1987) – Fisiologia Articular. Editora Manole. Vol. I 5ª edição;
KAPANDJJ, I.A. (1987) – Fisiologia Articular. Editora Manole. Vol. II 5ª
edição;
KOZIER, e tal (1993) – Técnicas en enfermería cl´nica. Madrid: Macgraw-Hill.
558 p. ISBN 84-486-0228-5;
POTTER, A. Patricia; PERRY, Anne Griffin (1997) – Fundamentos de
enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 4ª Edição Vol. 2;
QUIRÓS, Paulo J.P.; CARDOSO, Fernando Martins; MARGATO, Carlos
Alberto (1996) – Técnicas de reabilitação I – Coimbra: edições Formasau. 144p.
ISBN: 972-96680-1-9;
SWEARINGEN, Pamela L.; HOWARD, Cheri A. (2001) – Atlas fotográfico de
procedimentos de enfermagem. Porto Alegre: Artemed Editora. 657 p. ISBN:
85-7307-612-7

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