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Posicionamento do doente após o AVC

Após um AVC, a sensibilidade e o controlo dos movimentos do doente encontram-se muitas vezes diminuídos. Por
isso, é muito importante ter cuidado com a posição em que se põem, pois podem não ser capazes de sentir que se
estão a magoar e, portanto, de mudar instintivamente de posição.

Um posicionamento adequado do doente, quer na cama, quer sentado, é muito importante porque:
• é mais confortável,
• evita as úlceras de pressão (escaras) e as deformidades articulares,
• previne a espasticidade,
• melhora a respiração e
• facilita a recuperação.

As posições devem ser mudadas de 2h em 2h, quando está deitado e, se possível, ficar algum tempo do dia
sentado. Neste espaço de tempo, o doente deve ainda ser estimulado a fazer ligeiras mudanças de posição de 30
em 30 minutos. Nas mudanças de posição é importante que o paciente seja levantado ou que role na cama. Não
deve ser arrastado. Se o fizer podem aparecer bolhas nessas zonas do corpo e posteriormente escaras.

Escaras
Estar deitado ou sentado muito tempo na mesma posição favorece a formação de feridas no corpo (úlceras de
pressão ou escaras). Elas surgem em áreas onde há mais pressão ou fricção do corpo contra a cama,
especialmente nas zonas onde há saliências ósseas. Para além das mudanças de posição, as zonas de pressão
devem ser protegidas com almofadas e a roupa da cama deve ficar bem esticada.

Os pontos ou zonas de pressão conforme a posição:

Fig.1: Zonas de pressão nas diversas posições.

Espasticidade
Os músculos necessitam de ter um tónus (ou tensão) suficiente para permitir mover o corpo ou manter a sua
posição contra a gravidade . Ao mesmo tempo deve ser possível relaxar os músculos para o seu normal descanso
e proporcionar movimentos controlados, com flexibilidade e fluidez. Quando os músculos nestes pacientes ficam
"presos" e os movimentos não são bem controlados, isso pode ser devido à espasticidade.
Na espasticidade há um aumento do tónus ou da tensão de certos músculos. A contracção dos músculos não se
faz de modo normal e foge ao controlo da pessoa atingida pelo AVC. Às vezes aparecem mesmo movimentos em
"sacões" e mover as articulações é muito difícil. Realizar as actividades da vida diária, como vestir, comer, fazer a
higiene e até o caminhar, pode revelar-se bastante difícil, pois a espasticidade pode atrapalhar muito os
movimentos.

Após a fase aguda do AVC, o doente pode desenvolver um padrão espástico que se caracteriza por:

• Inclinação da cabeça para o lado afectado;


• Ombro afectado em retracção, depressão e rotação
interna;
• Antebraço em flexão e pronação;
• Dedos em flexão e adução;
• Anca em retracção e rotação externa;
• Joelho em extensão;

• Pé em flexão plantar e inversão.

Fig. 2: Padrão espástico

Ou seja, a cabeça inclinada para o lado afectado, o ombro descaído, o membro superior todo dobrado e junto ao
corpo, e o membro inferior todo esticado e rodado para fora.

POSICIONAMENTOS
Este é um posicionamento correcto, ou seja, anti-espástico, se revela de extrema importância.
 Cabeça alinhada com o corpo;
 Protracção da omoplata;
 Ombro em abdução e rotação
externa;
 Cotovelo e punho em extensão;
 Antebraço em supinação;
 Dedos em extensão e abdução;
 Extensão do tronco do lado afectado;
 Anca em flexão e rotação interna;
 Joelho em flexão;
 Pé em flexão dorsal e eversão.

Fig. 3: Padrão anti-espástico

Ou seja, a cabeça e o tronco alinhados, o membro superior todo esticado e afastado do corpo, a mão aberta, os
dedos afastados, e o membro inferior todo dobrado e rodado para dentro.

POSICIONAMENTOS

• Com a sua mão na omoplata, deve colocar o ombro afectado do doente mais para a frente (cuidado para
não puxar pelo braço!). O braço deve ficar esticado, a palma da mão virada para cima e os dedos
afastados. Se a mão tiver espasticidade, deve ser aberta de forma gradual e suavemente, para não
aumentar a espasticidade.
• Deve colocar a perna afectada ligeiramente dobrada.
• A perna sã deve ficar dobrada e apoiada numa almofada, à frente da perna afectada.

Deitado com o lado afectado para cima:

• Colocar o braço afectado esticado com a mão aberta sobre almofadas, até ficar à altura do ombro.
• Colocar a perna afectada ligeiramente dobrada e apoiada numa almofada.
• Se necessário, colocar uma almofada nas costas para o doente não rolar para trás.

Deitado de costas:

• Colocar uma almofada debaixo do ombro afectado, deixando o cotovelo esticado e a palma da mão virada
para cima.
• Colocar uma almofada debaixo da anca afectada. O joelho deve ficar ligeiramente dobrado.
• A perna afectada deve ficar rodada para dentro.

Sentado:

• Deve estar sentado direito e com as costas encostadas à cadeira.


• O braço afectado deve estar apoiado numa mesa ou tabuleiro e em almofadas. O cotovelo deve ficar
esticado e a mão aberta.
• Se necessário, deve colocar uma almofada debaixo da nádega afectada para que o joelho não rode para
fora.

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