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CRISTIANO ANTONIO PIO

EDILSON GOMES COSTA


SHARLENE PEREIRA PENICHE

SEMINÁRIO6: SFV CONECTADOS À REDE COM BACKUP DE ENERGIA

CURITIBA
2023
1
INTRODUÇÃO

O sistema fotovoltaico pode funcionar de duas maneiras: on grid, quando é


conectado à rede pública de distribuição elétrica (SFCR) e off grid, quando opera de
forma autônoma (SFA). Essas expressões, em inglês, definem se o sistema está ou
não ligado à rede elétrica da concessionária. Existe, ainda, outras categorias de
sistemas nos modelos híbridos, sejam eles conectados à rede ou autônomos.
O sistema on grid é utilizado onde há conexão com a rede da concessionária. A
principal vantagem no Brasil desse sistema é a compensação de energia elétrica, já
regulamentada por lei. Nele, a energia elétrica gerada é usada pelo próprio imóvel e
a sobra é enviada à concessionária, que concede créditos ao consumidor, como
força de compensação pela geração de energia. Esses créditos podem, ainda, ser
transferidos para outro imóvel, desde que esteja registrado no mesmo CPF.
Por outro lado, o sistema off grid é totalmente autônomo, ou seja, não é integrado à
rede “pública” de energia elétrica. Ele é ideal para locais distantes da rede ou sem
acesso à distribuição de energia, como áreas rurais, tanto em ambientes produtivos
como residenciais. Neste, a energia produzida é armazenada em baterias,
garantindo o fornecimento durante a noite ou em períodos sem geração ou com
variação na produção de energia. Devido à sua característica autônoma, esse
sistema também é utilizado em prédios públicos ou naqueles em que a energia não
pode ser interrompida, como hospitais.
O sistema híbrido com é a mescla dos dois tipos já mencionados. As placas
fotovoltaicas captam a luz solar e a converte em uma corrente de energia. O
excedente disso, é armazenado nas baterias, mas também pode ser lançado na
rede.
Neste trabalho, abordaremos o sistema fotovoltaico conectado à rede com backup
de energia, ou seja, uma solução de retrofitque realiza a junção dos dois tipos de
sistemas, fazendo com que um sistema de nobreak seja acionado quando a rede
elétrica se tornar indisponível, permitindo a alimentação seletiva das cargas locais
simultaneamente com energia das baterias e dos módulos fotovoltaicos.
Para uma boa compreensão, discorreremossobre os equipamentos que compõem
este sistema e o modo de operação, além de relacionar os fabricantes e modelos de
inversores para implementar esse tipo de projeto.

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1. SISTEMAS FOTOVOLTAICOSE SEUS EQUIPAMENTOS

Para explicar o que são os sistemas fotovoltaicos híbridos, vamos revisar a diferença
entre os modelos on grid e o off grid. Embora ambos tenham o mesmo propósito,
gerar energia elétrica ao captar a luz solar através de painéis fotovoltaicos, cada um
é indicado para diferentes cenários.

1.1 On grid (conectado à rede distribuidora)


O sistema fotovoltaico on grid se conecta à rede de distribuição de energia elétrica
da região, esta deve autorizar a geração no imóvel e garantir que siga as
especificações necessárias para a segurança. Neste modelo, a energia solar
excedente é enviada para a rede de distribuição que, em troca, oferece uma
compensação de créditos de energia solar na conta de luz. Os equipamentos
necessários para instalar esse modelo são:
 Módulos fotovoltaicos;
 Inversor;
 Acessórios e estruturas de fixação.

Figura 1 – Esquema de um SFV conectado à rede.

Outro aspecto importante do sistema on grid é oanti-ilhamento, característica que


garante a segurança dos equipamentos e do sistema. Assim, caso haja uma queda
de tensão na rede elétrica, o inversor é automaticamente desligado. A função
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também tem o objetivo de proteger qualquer pessoa que entre em contato com o
sistema. Em outras palavras, quando há falta de luz, a pessoa com sistema de
geração de energia solar também fica sem luz.
1.2 Off grid (não conectado à rede distribuidora)

Por sua vez, o sistema fotovoltaico off grid é bastante recomendado para regiões
isoladas e remotas que não possuem acesso à rede elétrica local. Isso porque a
geração de energia solar nesse caso conta com um equipamento extra: as baterias.
No lugar das distribuidoras, são elas as responsáveis por armazenar a energia
gerada e garantir que haja funcionamento da eletricidade à noite, por exemplo. Além
das baterias, o modelo off grid também precisa do controlador de cargas, sendo
assim os equipamentos são:
 Módulos fotovoltaicos;
 Controlador de cargas;
 Inversor;
 Baterias;
 Acessórios e estruturas de fixação.

Figura 2 – Esquema de um SFV autônomo

1.3 Sistemas Híbridos

Os sistemas fotovoltaicos híbridos buscam a união da melhor parte de cada um


deles: a conexão com a rede de distribuição local e o armazenamento próprio de
energia. Assim, numa situação de falta de luz, a pessoa continuaria tendo luz porque
o sistema passaria a consumir a energia armazenada na bateria.
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Contudo, o modelo de sistema híbrido não é autorizado pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) e não tem uso regulamentado no país. Quem aposta na
comercialização e na compra do modelo está apenas na expectativa de uma
regulamentação futura.

1.3.1Sistema híbrido não conectado à rede


Os sistemas híbridos não conectados à rede são sistemas isolados que contam com
um conjunto de baterias e estão instalados em local que dispõe de uma fonte de
geração de energia elétrica, além dos módulos fotovoltaicos. Podem estar aliadas a
geradores movido à diesel ou outra fonte. Também pode ser uma instalação que
está conectada à rede, como no Nobreak Solar ou Backup Solar, mas que não está
estruturada para devolver excedentes energéticos a ela.
A ideia central desse sistema é conciliar redução nos gastos com garantia de
segurança energética, mas dispensando a burocracia da homologação e a
complexidade dos cálculos de créditos e abatimento de contas de energia (ROSA,
2017).

1.3.2Sistema híbrido conectado à rede


O funcionamento desse sistema é semelhante ao sistema conectado à rede, com a
vantagem de permitir que a energia produzida possa ser armazenada em baterias e
utilizada posteriormente.
Figura 3 - Sistema híbrido conectado à rede

Fonte: SOLARTIK (2019)


Normalmente esse sistema é utilizado em casos em que há a necessidade de suprir
temporariamente a ausência de energia elétrica da rede, possibilitando manter parte
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de seu imóvel com energia, como por exemplo portões de acesso, câmeras de
monitoramento, refrigeradores, iluminação e outros.
No módulo Backup o sistema irá tirar dos módulos fotovoltaicos a energia para
alimentar as cargas e manter as baterias sempre carregadas. Quando essa energia
não for suficiente, o sistema utiliza da rede somente a energia necessária, garantido
economia ao cliente.
Dentro do sistema híbrido conectado à rede existem outras duas categorias que
estão relacionadas principalmente aos equipamentos utilizados e a forma de
funcionamento: o Bi-modal e o All in One.

a) Sistema Solar Conectado à Rede Híbrido bi-modal


Esse tipo de sistema pode fazer o consumo direto pela rede elétrica pública, ou
alternar para a energia armazenada no sistema de banco de baterias. Em outras
palavras, ele funciona como um sistema solar autônomo, porém com o auxílio de um
inversor bimodal. É composto dos seguintes equipamentos:
 Inversor bimodal;
 Banco de baterias
 Demais equipamentos que integrem o sistema, conforme necessidade do
consumidor.
Pode-se, assim, considerar esse tipo de sistema como uma junção de “nobreak” e
sistema de geração de energia solar. Do mesmo modo, vale dizer que o Sistema
Solar Conectado à Rede Híbrido bi-modal tem um super diferencial. Ao dimensionar
o sistema solar, não é preciso considerar o funcionamento das cargas pelo período
padrão de dois dias. Assim, isso acontece porque o inversor híbrido consegue
carregar todo o banco de baterias apenas com a energia fornecida pela rede.
Como o funcionamento desse tipo de sistema é constante, a energia excedente não
é injetada na rede elétrica, e por esse motivo não necessita de homologação para
implantação. Porém, o custo dessa modalidade é mais alto em consequência do
sistema de banco de baterias.

b) Sistema Solar Híbrido All in One


Indica-se esse tipo de sistema para quem precisa de uma alimentação de cargas
prioritárias. Ou seja, em instalações e equipamentos que devem funcionar de forma
ininterrupta e segura. Para isso, são seus componentes:
 Inversor interativo;
 Inversor autônomo;
 Banco de baterias;
 Retificadores;
 Controladores de carga;
 e outros equipamentos que venham a integrar o sistema, conforme a
necessidade do consumidor.
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Figura 4–Esquema de Sistema híbrido conectado à rede

1.3.4 As principais vantagens e desvantagens

Dentre as principais vantagens proporcionadas estão:


 o baixo custo de manutenção;
 a segurança energética ao usuário, pois mesmo na ausência de energia
elétrica da rede o sistema pode continuar operando;
 ser um ótimo sistema para locais com redes instáveis, pois ele estabiliza a
rede nas cargas onde ele está conectado;
 aceitar outras fontes de energia como aerogeradores, geradores de
combustão CA e CC, bicicletas ergométricas modernas que geram energia
através do movimento.
Dentre as desvantagens, podemos encontrar:
 requerer maior custo de investimento se comparado aos sistemas solares que
não possuem um banco de baterias;
 a sobrevida das baterias fica, aproximadamente, entre 7 e 15 anos, menor do
que os módulos solares (25 anos);
 necessitar de um espaço maior devido à complexidade na instalação do
sistema;
 limitação no número de máquinas e equipamentos ligados ao mesmo tempo,
dependendo do tipo de inversor.

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2 Modos de Operação de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede com
Bateria

De acordo com Maia (2022), um amplo conjunto de aplicações é trazida para o setor
elétrico, devido aos sistemas de armazenamento em baterias. Nessas aplicações um
ponto que merece destaque é relacionado ao seu local de instalação, onde pode ser
utilizado como: um recurso centralizado, controlado pelo operador, pela transmissora ou
distribuidora; integradas a um gerador; ou podem ser instaladas atrás do medidor. Uma
gama de serviços diferentes, é permitida por cada aplicação. Pela Empresa de Pesquisa
Energética (EPE) são apresentados 13 possíveis serviços oferecidos com o
armazenamento de energia separados em 3 grupos diferentes: Consumidor, Operador e
GT&D.

Figura 1 - Possibilidades de serviços prestados por baterias, adaptado de RMI (2015)


Fonte: Maia, 2022

Segundo Maia 2022, Há por volta de 18 serviços e aplicações que o armazenamento de


energia pode oferecer, tendo em vista que esses serviços estão divididos em 5 grupos
diferentes: Energia em Massa, Ancilares, Infraestrutura de Transmissão, Infraestrutura de
Distribuição e Gerenciamento de Energia no Consumidor, conforme figura 2.

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Figura 2 - serviços e aplicações que o armazenamento de energia pode oferecer.
Fonte Maia, 2022

Para Maia 2022, entre todos os possíveis serviços relatados, destaca-se 3 modos de
operação que podem trazer uma complementação aos sistemas fotovoltaicos conectados
à rede e que evidenciam de modo geral os serviços previamente citados, são eles: time-
shifting, peak-shaving (também conhecido como electric suply capacity) e backup
power (também encontrado na literatura como power reliability).

Time-Shifting (Arbitrage)

No entendimento de Maia 2022, o modo de operação time-shifting (deslocamento de


carga), tem por base o armazenamento da energia em períodos onde o custo é menor,
permitindo realizar a venda dessa energia, em um momento posterior à rede ou
consumindo, quando a energia é mais cara. As baterias podem armazenar o excedente
de energia produzido, quando incorporadas a um gerador fotovoltaico ou eólico.

Figura 3 – Load Shifting

Fonte: Maia, 2022


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De acordo com Urbanetz Junior et al, 2020 apud Sinha e De 2016, o Time Shifting, é
considerado uma técnica simples de gerenciamento de carga, que consiste na redução do
pico de demanda de horário-ponta para os horários intermediários e fora-ponta.

Conforme Urbanetz Junior et al, 2020 apud COPEL 2019, no Brasil, para os
consumidores enquadrados no Grupo A, a tarifa possui valores diversos para o horário-
ponta e fora ponta, sendo no horário-ponta mais caro. Afora a demanda contratada, caso
o consumidor esteja enquadrado na modalidade tarifária azul, tanto o valor da tarifa,
quanto o valor da demanda variam conforme os horários ponta e fora-ponta. Para os
consumidores enquadrados no Grupo B, que pertencem à modalidade tarifária Branca, o
valor da energia irá variar no decorrer do dia, apresentando diferentes valores para o
horário ponta, intermediário e fora-ponta, sendo o primeiro maior.

Na figura 4, é possível se notar os efeitos da utilização da técnica Time Shifting para o


gerenciamento de energia. Na curva azul, antes da aplicação da técnica, temos o pico de
carga de maior duração no horário ponta. Sendo assim, após a atuação do Time Shifting,
pode-se observar na curva vinho que o pico de carga foi deslocado para o horário-ponta,
onde o valor da demanda é mais baixo. Tal fato ocorre em razão do carregamento das
baterias no período fora-ponta e o descarregamento no período ponta, conforme aponta
Urbanetz Junior et al 2020.

Figura 4 - Atuação do Load Shifting. Adaptado de Rajev e Ashok (2015)


Fonte: Urbanetz junior, 2020

Peak-Shaving (Electric Suply Capacity)

O modo de operação peak-shaving (Corte de Pico), é uma forma de operação de


sistemas BTM (Behind-the-Meter - Atrás do Medidor), em que a aplicação se concentra
em diminuir a demanda do consumidor. O presente tipo de operação é mais atrativo em
mercados, em que o custo da demanda engloba a maior parte do custo da tarifa de
energia. Conforme é demonstrado no gráfico abaixo, o sistema de armazenamento é
descarregado em períodos em que ocorre um pico de consumo, postergando a
necessidade de um aumento na contratação de nova demanda, conforme aponta Maia
2022.

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Figura 5 – Peak Shaving

Fonte: Maia, 2022

No entendimento de Urbanetz Junior et al, 2020 apud Martins et al, 2018, o perfil de carga
no sistema elétrico é caracterizado pelos picos de carga de um determinado sistema, ou
seja, curtos períodos ao longo do dia onde uma maior potência é requerida.

No entendimento de Urbanetz Junior et al, 2020 apud COPEL 2019, no Brasil, existe uma
necessidade de contratação da demanda para consumidores enquadrados no Grupo A,
onde a tensão de ligação é igual ou maior que 2,3kV, formado por consumidores
comerciais e industriais. Para estes consumidores, a ultrapassagem de demanda é
caracterizada, quando os picos de carga e estes ultrapassam em mais de 5% o valor da
demanda contratada Urbanetz Junior et al, 2020 apud ANEEL, 2010.

Desse modo, a utilização de Sistemas Fotovoltaicos conectados à rede, com


armazenamento de energia, juntamente com um sistema de controle de carga e descarga
das baterias, apresenta uma solução para a redução dos picos de carga do sistema,
como aponta Urbanetz Junior et al, 2020, apud Boyouk et al 2018. Em tais sistemas, o
banco de baterias deverá ser carregado em períodos de menor demanda, e seu
descarregamento em períodos de maior pico de demanda Urbanetz Junior et al, 2020,
apud Martins et al, 2018.

É possível se verificar, graficamente, na figura 6, a atuação do Peak Shaving, sendo que


na cor violeta está representado o período de carregamento da bateria, quando o pico de
carga está baixo. Em verde está representado o período de descarregamento da bateria,
quando o pico de carga está alto. E por último, em branco, está o perfil de carga, após a
atuação do Peak Shaving, de acordo com Urbanetz Junior et al 2020.

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Figura 6 - Atuação do Peak Shaving. Adaptado de Boyouk et al (2018)
Fonte: Urbanetz Junior, 2020

Backup Power (Power Reliability)

No entendimento de Maia 2022, o modo Backup, que é conhecido na literatura como


modo de confiabilidade de energia (Power Reliability), opera em eventos como o de uma
possível falha da rede, em que o sistema de armazenamento em paralelo com um
gerador local (SFCR por exemplo), pode fornecer energia de backup para o consumidor.
Esse serviço, quando em operação por falta, requer que o consumidor esteja ilhado em
relação à rede e que quando a energia for restabelecida o sistema seja sincronizado
novamente. Em alguns casos, é possível utilizar um sistema para backup direcionando a
energia armazenada para cargas prioritárias, otimizando o sistema e diminuindo os custos
com grandes bancos de bateria.

Figura 7 - Backup Power (Power Reliability)


Fonte: Maia, 2022

UPS (Uninteruptible Power Supply)


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As fontes ininterruptas de energia são responsáveis por fornecer energia emergencial
para determinadas cargas, com a finalidade de protegê-las dos distúrbios na rede elétrica
Urbanetz Junior et al, 2020, apud Niroomand e Karshenas, 2010.

Por segurança, durante uma falta, um sistema fotovoltaico deverá ser desligado do
sistema elétrico. no entanto, caso este sistema estiver conectado a um banco de baterias,
estas poderão funcionar igual uma UPS Urbanetz Junior et al, 2020, apud Burlaka et al,
2018.

Na mesma linha, assim aponta Urbanetz Junior et al, 2020, apud Bellinaso, 2017, quando
inversores fotovoltaicos, operam da mesma forma que uma UPS, podem ser classificados
como uma UPS. Em conformidade com a norma IEC 62040-3, as UPS’s podem ser
classificadas de três formas: espera passiva, dupla conversão e interativa com a rede.
De acordo com Urbanetz Junior et al, 2020, os inversores de espera passiva dependem
tanto da tensão, quanto da frequência da rede, sendo que o banco de baterias só irá atuar
quando houver falta da rede elétrica. Já os inversores de dupla conversão, não dependem
da tensão e frequência da rede, além de possuir dois estágios de conversão: um
retificador e um inversor offgrid. No retificador, obtém-se a energia, no inversor, a carga
será alimentada. Por último, os inversores interativos com a rede, são similares aos
inversores de espera passiva, contudo na entrada de seu circuito, possuem uma chamada
de interface de potência com a finalidade de reduzir a distorção harmônica de corrente,
bem como limitar a corrente de curto-circuito

É possível observar na figura 8, um resumo das três classificações das UPS’s.

Figura 8 - Classificação do Modo UPS. Adaptado de Bellinaso (2017)


Fonte: Urbanetz Junior, 2020

Outros modos de operação e serviços

Conforme destaca Maia 2022, encontram-se outras maneiras de operação que asseguram uma
extensa multiplicidade de serviços que sistemas de armazenamento de energia podem ofertar. O
armazenamento BTM pode ofertar serviços tanto para o consumidor final quanto para a rede
elétrica, principalmente ligados a qualidade de energia elétrica e serviços ancilares, podendo
fornecer: suporte de tensão, regulação de frequência, aumento do autoconsumo de energia
fotovoltaica, suprimento de energia, aumento de eficiência da rede, entre outros. Na tabela da
próxima figura é demonstrado os serviços que o armazenamento BTM de energia podem fornecer.

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2.1 MODOS DE OPERAÇÃO DO SFV CONECTADO À REDE COM BACKUP DE


ENERGIA

No caso da rede CA ausente, o sistema de anti-ilhamento do inversor on-grid é


acionado e se desconecta da rede, fazendo com que as cargas não prioritárias
sejam desligadas e as prioritárias passem a ser alimentadas pelo inversor off-grid,
utilizando os módulos fotovoltaicos que antes estavam conectados ao inversor on-
grid através do Seletor FV.

Na figura a seguir é demonstrado o funcionamento da solução de retrofit quando a rede


elétrica está ausente.

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Figura 2 – Esquema de operação do sistema sem rede CA e com módulos fotovoltaicos.
Fonte: PHB Solar

Quando a rede CA está em operação, o inversor on-grid injeta energia na rede e as


cargas prioritárias e não prioritárias são alimentadas pela rede normalmente, como
em qualquer sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica.

Através do seletor FV os módulos são direcionados para o inversor on-grid e o


banco de baterias é carregado pela rede da distribuidora, como podemos verificar na
figura abaixo:

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Figura 3 – Esquema de operação do sistema com rede CA e com módulos fotovoltaicos.
Fonte: PHB Solar

Além dos dois modos de operação, existe um terceiro em que o sistema opera sem energia
da rede CA e sem os módulos FV, sendo a energia provida apenas das baterias.

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Figura 4 – Esquema de operação do sistema sem rede CA e sem módulos fotovoltaicos.
Fonte: PHB Solar

Seletor FV

O seletor FV atua como um direcionador da energia gerada pelos módulos


fotovoltaicos. Quando a rede CA está operante, ele tem a função de direcionar para
o inversor on-grid.

Quando a rede CA não está disponível, a energia dos módulos fotovoltaicos é


direcionada para o inversor off-grid, que continua a utilizar a energia dos módulos e
evita o “desperdício” mencionado no começo do artigo.

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Figura 5 – Seletor FV usado para redirecionar a energia dos módulos fotovoltaicos para o
inversor on-grid ou para o inversor off-grid, conforme o modo de operação do sistema.
Fonte: PHB Solar

Instalação do seletor FV

Cada seletor pode receber apenas uma string de módulos fotovoltaicos. A tensão de
circuito aberto (Voc) da string deve ser inferior a 500 V. Se já houver uma stringbox
presente no sistema, o seletor deve estar conectado entre a stringbox e o inversor,
conforme as imagens a seguir.

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Figura 6 – Esquema de instalação do seletor FV com uma string de módulos fotovoltaicos.
Fonte: PHB Solar

Figura 7 – Esquema de instalação do seletor FV com duas strings de módulos fotovoltaicos.


Fonte: PHB Solar

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3 FABRICANTES E MODELOS DE INVERSORES PARA SFV CONECTADOS À
REDE COM BACKUP DE ENERGIA

Os inversores híbridos são conhecidos pela sua capacidade do inversor de


operar simultaneamente com uma fonte de energia (módulos fotovoltaicos) e
um banco de baterias.
A segunda interpretação que podemos usar para o termo “híbrido” é a
capacidade do equipamento de operar em dois modos: on-grid (ou grid-tie) e
off-grid .
Dentre as marcas disponíveis no mercado tem—se Deye, Growatt e NHS.

Figura 8 – Esquema de operação de inversores híbridos

Tabela 1 – Modelos de marcas em mercado

Marca Potência

Growatt 2,5kW – 6kW 10kW

Deye 3,6kW,5kW e 8kW

NHS 3kW,5kW, 6kW, 10kW

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CONCLUSÃO

Os benefícios do sistema on-grid já são conhecidos, como os créditos gerados e a


redução no consumo de energia da distribuidora, o que possibilita uma conta de
energia mais barata. Porém, uma grande desvantagem do sistema fotovoltaico on-
grid puro é o fato de precisar estar sempre conectado à rede elétrica, o que torna
impossível sua operação se por algum motivo a rede CA tornar-se indisponível.
A impossibilidade de operar o sistema on-grid sem a rede elétrica constitui um certo
desperdício, pois os módulos fotovoltaicos poderiam gerar energia durante o dia e
pelo menos alimentar uma parte das cargas presentes na instalação.
Por outro lado, um sistema puramente off-grid, por conter um banco de baterias,
pode operar totalmente independente da rede elétrica. Entretanto, os bancos de
baterias geralmente precisam ser grandes e têm um custo elevado, dependendo da
quantidade de energia a ser armazenada.
Na solução de retrofit realiza-se a junção dos dois tipos de sistemas, fazendo com
que um sistema de nobreak seja acionado quando a rede elétrica se tornar
indisponível, permitindo a alimentação seletiva das cargas locais simultaneamente
com energia das baterias e dos módulos fotovoltaicos. Isso confere maior autonomia
ao sistema e amplia a vida útil das baterias.
Portanto, a solução retrofit se torna um recurso prático por permitir um upgrade de
um sistema fotovoltaico já existente, tornando o sistema híbrido e com um backup
(nobreak) que aproveita a geração dos módulos FV quando a rede CA se encontra
inoperante.
Assim, como benefício direto, tem-se todas as vantagens que um sistema on-grid
oferece, além da segurança de não ter uma parada de produção ou de perdas de
produtos que precisam ser permanentemente refrigerados, por exemplo. Como
benefício indireto, tem-se o conforto de poder utilizar energia elétrica a qualquer
hora, com segurança e confiabilidade, sem exposição aos riscos de apagão ou aos
aumentos das tarifas de energia elétrica.

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REFERÊNCIAS

1. GALDINO, M. A.; PINHO, J. T. Manual de Engenharia para sistemas


fotovoltaicos. 1° Edição. Rio de Janeiro, 2014.

2. JUNIOR, J. U.; MARIANO, J. A. Energia Solar fotovoltaica: princípios


fundamentais. 1° Edição. Ponta Grossa. Atena, 2022.

3. PORTAL SOLAR. Como funciona o sistema fotovoltaico com back-up de


baterias. Disponível em: https://www.portalsolar.com.br/como-funciona-o-
sistema-fotovoltaico-com-back-up-de-baterias. Acesso em 10/04/2023.

4. SANTAMARIA, D.; SU, P.H.; ANDOLFO, Y.S. Sistema de backup solar em


aplicações urbanas: estudo de caso para segurança energética em
estabelecimento na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019. Disponível em:
http://pha.poli.usp.br/LeArq.aspx?id_arq=24110. Acesso em: 10/04/2023.

5. ROSA, R. S. Sistema Fotovoltaico Híbrido - Nobreak Solar. CSR Energia


Solar. Disponível em:http://www.csrenergiasolar.com.br/blog/sistema-
fotovoltaico-hibrido-nobreak-solar>. Acesso em: 10/04/2023.

6. ANDRADE, L. (2021) Solução de nobreak solar para retrofit de sistemas


fotovoltaicos. Canal Solar. Disponível em:https://canalsolar.com.br/solucao-de-
nobreak-solar-para-retrofit-de-sistemas-fotovoltaicos. Acesso em: 11/04/2023.

7. INTELBRAS. (2021) Sistemas fotovoltaicos híbridos: o que são e o que diz a


Aneel?Disponível em: https://blog.intelbras.com.br/sistemas-fotovoltaicos-
hibridos/. Acesso em: 11/04/2023.

8. EPE. Sistemas de Armazenamento em Baterias - Aplicações e Questões


Relevantes para o Planejamento. 2019. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-
pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-441/EPE-
DEE-NT-098_2019_Baterias%20no%20planejamento.pdf>.

9. Urbanetz JR, Jair; et al. Modos de Operação do inversor bidirecional aplicáveis ao


Sistema Fotovoltaico Conectado a rede com armazenamento de Energia. Revista
Brasileira de planejamento energético. Congresso Brasileiro de planejamento
energético. Disponível em: file:///C:/Users/Windows%2010/Downloads/27.CBPE_MODOS-
DE-OPERACAO-DO-INVERSOR-BIDIRECIONAL-APLICAVEIS-AO-SISTEMA-
FOTOVOLTAICO-CONECTADO-A-REDE-COM-ARMAZENAMENTO-DE-ENERGIA.pdf

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