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Florim é uma obra onde o ecletismo é evidente, pois se trata de diferentes estilos

históricos dentro da mesma obra. Ela é estruturada em fragmentos. Isso porque Ruth Ducaso
traz em sua escrita em Florim, o modelo de novela (coro), prosa, poesia e diário. Denise
Carrascoa vai dizer que “Florim é drama de mistério”. Florim é, e Dita também. Dita vai dizer
que dentro dela “vive várias”. Florim se caracteriza no ecletismo desde a assinatura estética de
Ruth Ducaso aos pensamentos de Dita. A obra foge a norma padrão, onde a mistura de estilos
desperta a inespecificidade da obra. A aposta na inespecificidade nas artes contemporâneas,
possui razões onde consiste no “desejo de enquadrar, recortar, destacar determinadas cenas e
realidades” (LUCIANY, 2021). O ecletismo então, vai permitir a manifestação de diferentes
modos de expressão e escrita de Ruth Ducaso.

A construção de Florim é performática, a escrita de Ducaso vai muito mais além que
uma simples escrita. A consistência da obra na inespecificidade contemporânea nos mostra que
este seria um modo particular de elaborar uma linguagem acerca do comum com a finalidade
de tornar favorável diversos modos do não pertencimento. “Não pertencimento à
inespecificidade de uma arte em particular, mas também, e sobretudo, não pertencimento a uma
ideia de arte como especifica” (GARRAMUÑO, 2014).

A proposta da inespecificidade compõe uma obra heterogênea, tanto no formato de


escrita, quanto nos personagens que fazem parte da literatura. Se opõe completamente a
especificação, pois está “criando sempre pontes e laços de conexão inesperados entre
personagens e comunidades separados” (GARRAMUÑO, 2014). Ou seja, a criação de pontes
e laços de conexão em Florim se dá no modo em como Dita narra em seu diário seu maior
desejo – que é ser poeta, e em paralelo o tráfico. Quando ela é presa, a inespecificidade é
evidenciada mais uma vez. Dita usa de seu diário como um desabafo e uma denúncia ao sistema
carcerário feminino. “Porta de cancela passa boi; Porta de arco-íris passa sonho; Boi pode vestir
amarelo sujo; Sonho só deixam vestir colorido” (DUCASO, 2020).

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