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Introdução
O geoprocessamento é conceituado como a área do conhecimento que se utiliza de técnicas
matemáticas e computacionais, visando o tratamento de informações espaciais (Câmara, 1998).
Conjunto de tecnologias (Geotecnologias) que contempla as etapas de coleta, processamento e uso de
informações relacionadas ao espaço físico, seus cruzamentos, análise espacial e geração de mapas,
relatórios, gráficos, devendo prever o armazenamento, gerenciamento, manipulação e análise destas
informações. Entre as geotecnologias, citam-se: a cartografia, a topografia, a fotogrametria, os sistemas
de sensoriamento remoto, os sistemas de posicionamento por satélites, os sistemas CAD e os sistemas
de informações geográficas (SIG).
Nos estudos onde a variação espacial é de extrema importância, como aqueles que envolvem
variáveis hidrológicas, o geoprocessamento tem se mostrado como uma metodologia promissora.
Segundo Miranda (2005) o geoprocessamento tem permitido uma grande evolução na modelagem e
planejamento ambiental devido às facilidades de armazenamento, manipulação e análise de grandes
quantidades de dados espacialmente distribuídos. Ele permite a combinação de um grande número de
dados provenientes de diversas fontes (mapas, imagens de satélite, fotografia aéreas, dados tabulares,
entre outros), objetivando analisar as interações existentes entre eles, a elaboração de modelos de
predição que dão suporte à tomada de decisão.
Neste ponto torna-se oportuno colocar o conceito de datum planimétrico. Começa-se com um
certo elipsóide de referência, que é escolhido a partir de critérios geodésicos de adequação ou
conformidade à região da superfície terrestre a ser mapeada. O próximo passo consiste em posicionar o
elipsóide em relação à Terra real. Para isto impõe-se inicialmente a restrição de preservação do
paralelismo entre o eixo de rotação da Terra real e o do elipsóide. Com esta restrição escolhe-se um
ponto central (ou origem) no país ou região e se impõe, desta vez, a anulação do desvio da vertical, que
é o ângulo formado entre a vertical do lugar no ponto origem e a normal à superfície do elipsóide. Fica
definida então a estrutura básica para o sistema geodésico do país ou região: o datum planimétrico. Trata-
se de uma superfície de referência elipsoidal posicionada com respeito a uma certa região. Sobre esta
superfície realizam-se as medições geodésicas que dão vida à rede geodésica planimétrica da região.
Um datum planimétrico é formalmente definido por cinco parâmetros: o raio equatorial e o
achatamento elipsoidais e os componentes de um vetor de translação entre o centro da Terra real e o do
elipsóide. Na prática, devido às incertezas na determinação do centro da Terra real, trabalha-se com
translações relativas entre diferentes data planimétricos. Dado um ponto sobre a superfície do elipsóide
de referência de um certo datum planimétrico, a latitude geodésica é o ângulo entre a normal ao elipsóide,
no ponto, e o plano do equador. A longitude geodésica é o ângulo entre o meridiano que passa no ponto
e o meridiano origem (Greenwich, por convenção). Fala-se aqui da definição do sistema de paralelos e
meridianos sobre a superfície elipsoidal do datum.
Outro conceito importante é o de datum vertical ou altimétrico. Trata-se da superfície de
referência usada pelo geodesista para definir as altitudes de pontos da superfície terrestre. Na prática a
determinação do datum vertical envolve um marégrafo ou uma rede de marégrafos para a medição do
nível médio dos mares. Faz-se então um ajustamento das medições realizadas para definição da
referência “zero” e adota-se um dos marégrafos como ponto de referência do datum vertical. No Brasil
o ponto de referência para o datum vertical é o marégrafo de Imbituba, em Santa Catarina.
Abaixo, segue uma lista dos principais referenciais geodésicos utilizados no Brasil:
O Decreto-Lei n. 243, de 28.02.1967, que fixa as diretrizes e bases da cartografia brasileira, diz
no Art. 12 que compete, sobretudo, ao IBGE promover o estabelecimento da rede geodésica
fundamental, do sistema plano-altimétrico único. O Art. 15 diz que o estabelecimento de normas técnicas
para a cartografia brasileira compete ao IBGE no que concerne à rede geodésica fundamental (BRASIL,
1967). Assim, em 25 de fevereiro de 2015, o SIRGAS2000 foi adotado, em definitivo, como o referencial
geodésico oficial do Brasil.
2. SISTEMAS DE COORDENADAS
O usuário de SIG está acostumado a navegar em seus dados através de ferramentas simples como
o apontamento na tela com o cursor e a subsequente exibição das coordenadas geográficas da posição
indicada. Por trás da simplicidade aparente dessa ação, há algumas transformações entre diferentes
sistemas de coordenadas que garantem a relação entre um ponto na tela do computador e as coordenadas
geográficas.
3. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
Todos os mapas são representações aproximadas da superfície terrestre. Isto ocorre porque não
se pode passar de uma superfície curva para uma superfície plana sem que haja deformações. Por isso
os mapas preservam certas características ao mesmo tempo em que alteram outras.
A elaboração de um mapa requer um método que estabeleça uma relação entre os pontos da
superfície da Terra e seus correspondentes no plano de projeção do mapa. Para se obter essa
correspondência, utilizam-se os sistemas de projeções cartográficas. De um modo genérico, um sistema
de projeção fica definido pelas relações apresentadas a seguir (x e y são as coordenadas planas ou de
projeção e j e l são as coordenadas geográficas):
Há um número grande de diferentes projeções cartográficas, uma vez que há vários modos de se
projetar os objetos geográficos que caracterizam a superfície terrestre sobre um plano.
Consequentemente, torna-se necessário classificá-las de acordo com diversos aspectos com a finalidade
de melhor estudá-las. As projeções cartográficas são classificadas, principalmente, quanto à superfície
de projeção e suas propriedades. Quanto à superfície, elas são classificadas em: plana, cônica e cilíndrica,
conforme a Figura 2.
• Plana: a projeção é construída com base num plano tangente ou secante a um ponto na superfície
de referência. Pode assumir três posições básicas em relação à superfície de referência: polar, equatorial
e oblíqua (ou horizontal).
• Cônica: os meridianos e paralelos geográficos são projetados em um cone tangente ou secante à
superfície de referência, desenvolvendo o cone num plano. Pode assumir três posições em relação à
superfície de referência: normal, transversal e oblíqua (ou horizontal).
• Cilíndrica: a projeção dos meridianos e paralelos geográficos é feita num cilindro tangente ou
secante à superfície de referência, desenvolvendo o cilindro num plano.
Quanto às propriedades, as projeções são classificadas em: equidistantes, equivalentes, conformes
e afiláticas.
• Equidistantes: são as que não apresentam deformações lineares, isto é, os comprimentos são
representados em escala uniforme. Dentre as representações usuais de Mapas mundi utiliza-se a projeção
cilíndrica equidistante.
• Equivalentes: não deformam as áreas, isto é, as áreas na carta guardam uma relação constante com
as suas correspondentes na superfície da Terra. As projeções equivalentes são utilizadas para cálculo de
áreas oficiais, por exemplo, para o cálculo das áreas das Unidades da Federação e dos municípios, é
utilizada a projeção equivalente de Albers.
• Conforme: são as que não deformam os ângulos e, decorrente dessa propriedade, não deformam
também a forma das pequenas áreas. As projeções conformes, por conservarem os ângulos, são utilizadas
na navegação marítima e aérea.
• Afiláticas: são aquelas em que os comprimentos, as áreas e os ângulos não são conservados.
Entretanto, podem possuir uma ou outra propriedade que justifique sua construção, tal como distorcer ao
mínimo comprimento, área ou ângulo. São exemplos as projeções de Robinson e a cilíndrica de Miller.
Outra característica importante é que cada fuso apresenta um único sistema plano de coordenadas.
Assim, para localizar um ponto sobre a superfície da Terra, usando o sistema UTM, além dos valores
das coordenadas, é necessário conhecer o fuso e o hemisfério ao qual elas pertencem. Assim, a cada
fuso, de 6 por 6 graus, associamos um sistema cartesiano métrico de referência, atribuindo à origem do
sistema (interseção da linha do Equador com o meridiano central) as coordenadas 500 000 m, para
contagem de coordenadas ao longo do Equador, e 10 000 000 m ou 0 m, para contagem de coordenadas
ao longo do meridiano central, para os hemisférios sul e norte respectivamente. Isto elimina a
possibilidade de ocorrência de valores negativos de coordenadas. A Figura 5 exemplifica o sistema de
coordenadas de um fuso UTM.
Exemplo de notação das coordenadas: E =804 km; N =7.466 km; Fuso: 23 Sul.
No Brasil, oito fusos UTM cobrem todo o Território Nacional, conforme a Figura 6.
Representação vetorial
Na forma vetorial a representação de um elemento gráfico é reduzida a três formas básicas como:
o ponto, a linha e a área ou polígono (Câmara e Medeiros, 1998). Os mapas são abstrações gráficas do
mundo real, onde linhas, sombras e símbolos são usados para representar as localizações de objetos e
fenômenos. Nos mapas os elementos espaciais são compostos por pontos, linhas e polígonos. Um SIG,
internamente, representa os pontos, linhas (ou arcos) e polígonos como conjuntos de pares de
coordenadas (x, y) ou (latitude, longitude) (Rocha, 2002).
Os pontos são representados por apenas um par de coordenadas, enquanto que as linhas e
polígonos são representados por uma sequência de pares de coordenadas. As linhas são representadas
por, no mínimo, dois vértices conectados, gerando polígonos abertos, expressam elementos que possuem
comprimento ou extensão linear. Já os polígonos são representados por, no mínimo, três vértices
conectados, sendo que o primeiro vértice possui coordenada idêntica ao do último, gerando, assim,
polígonos fechados que definem elementos geográficos com área e perímetro (Rocha, 2002).
Cada elemento gráfico pode apresentar, ainda, uma estrutura associada, relacionando cada
entidade a um atributo digital ou mesmo um banco de dados alfanuméricos. São exemplos de
representações vetoriais no SIG as curvas de nível associada a altitude, polígonos relacionando o tipo de
solo com as suas características, pontos cotados, estradas, rios, entre outros. A Figura abaixo mostra um
modelo de representação vetorial no SIG.
Representação matricial
Os dados espaciais também podem ser armazenados internamente no SIG em estrutura de
matrizes. Neste formato, tem-se uma matriz, na qual estão associados valores que permitem reconhecer
os objetos na forma de uma imagem digital. Cada uma das células, denominada pixel (picture element),
é endereçável por meio de suas coordenadas (ou linha, coluna) (Rocha, 2002). Para Câmara et al. (1998)
a representação do espaço na estrutura matricial é obtida por meio de uma malha com linhas e colunas
regularmente espaçadas, formando células. Essas células (ou pixels), geralmente, possuem dimensões
verticais e horizontais iguais, definindo a resolução da malha, ou seja, a área abrangida no terreno por
cada pixel.
É possível associar o par de coordenadas da matriz (coluna, linha) a um par de coordenadas
espaciais (x, y) ou (longitude, latitude). Cada um dos pixels está associado a valores. Desta forma, a
relação entre as células é subentendida em função das coordenadas da malha, pois devido a sua forma
regular, dada a linha e a coluna que localizam um elemento, pode-se facilmente localizá-la e mesmo
efetuar análise simples como operações de vizinhança, distância, entre outras. Estes valores serão sempre
números inteiros, geralmente, utilizados para definir uma cor para apresentação na tela ou para impressão
(Câmara et al., 1998)
Os valores dos pixels representam alguma grandeza física, correspondente a uma porção de área
do mundo real. O principal componente de uma estrutura matricial é a resolução. Esta corresponde à
mínima distância linear da menor unidade de um espaço geográfico, nos quais os dados são registrados.
Essa unidade corresponde a célula. O arranjo espacial das céluas é conhecido como matriz ou grade.
Assim, haverá alta resolução quando essas células apresentarem dimensões muito pequenas. Desta
forma, alta resolução significa quantidade de detalhes, quantidade de células, grandes matrizes e células
pequenas. A Figura abaixo mostra um modelo de representação matricial.