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Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso

Faculdade de Design UniRitter

Design de sistema de identidade visual


para a marca Athletic Shoes
Erik Borba Marchetti
erikmarchetti@gmail.com

Porto Alegre, RS, Março a Julho de 2009

Centro Universitário Ritter dos Reis


Marchetti, Erik B.
Design de Sistema de Identidade Visual para a marca Athletic
Shoes – Porto Alegre, 2009.
103 f.:Il.

Monografia – Centro Universitário Ritter dos Reis, 2009.

2.Design Gráfico 3.Marca 4.Identidade Visual 5.Varejo


6.Athetic Shoes

Todos os direitos de reprodução reservados a Erik Borba Marchetti.


É proibida a reprodução ou cópia indevidamente autorizada pelo autor.
Para solicitar permissão entrar em contato através do endereço eletrônico:
erikmarchetti@gmail.com.

ii
Curso de Design

Habilitação em Design Gráfico

Projeto de Diplomação

DESIGN DE SISTEMA DE IDENTIDADE VISUAL

PARA A MARCA ATHLETIC SHOES

Erik Borba Marchetti

Monografia apresentada ao Curso de Design do Centro

Universitário Ritter dos Reis, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Bacharel em Design,B.Di.

Professores orientadores:

Heli Meurer

Jorge Eduardo Loro Ramos

Luiz Antônio Vidal de Negreiro Gomes

Norberto José Pinheiro Bozzetti

Porto Alegre, Março a Julho de 2009

iii
A simplicidade é o último degrau da sabedoria.
Kalil Gibran

iv
A meus pais, Elinor e Vera,
admiração eterna.
Aos meus irmão, Lucas e Marlon,
orgulho infindável.

v
Aos amigos e colegas de profissão, pelas trocas e bons
momentos vividos dentro e fora da universidade.

À minha companheira e amiga Bruna Carrasco pela


compreensão e apoio incondicional.

À família, pela base ao longo desta caminhada.

Aos professores orientadores Heli Meurer, Jorge Eduardo Loro


Ramos, Luiz Antônio Vidal de Negreiro Gomes e Norberto José
Pinheiro Bozzetti.

vi
SUMÁRIO

Athletic Shoes , uma empresa humana. .............................. 1

Capítulo 1 ............................................................................. 9

Design da Identidade Visual de Marca ................................ 9

1.1 História da Marca .............................................................. 9

1.2 Marca ..............................................................................11

1.3 Funcionamento do Sistema de Identidade Visual ...............26

1.4 Produção gráfica e pontos de contato ................................28

1.5 Franquias e Licenciamento de Marca .................................30

Capítulo 2 ........................................................................... 32

A indústria do Esporte........................................................ 32

2.1 História do Esporte e Atletismo..........................................32

2.2 O marketing esportivo e a indústria do esporte ..................39

2.3 O varejo e marchandising .................................................42

Capítulo 3 ........................................................................... 44

Metodologia ....................................................................... 44

vii
3.1 Metodologia e autores ......................................................44

3.2 Etapa Analítica ................................................................48

3.3 Análise Funcional , Morfológica e Estrutural ......................55

3.4 Análises Linguísticas, Denotativa e Conotativa ....................60

3.5 Estruturação dos fatores projetuais ..................................61

Capítulo 4 ........................................................................... 64

design da identidade visual de marca – Athletic Shoes .... 64

4.1 Conceito ..........................................................................65

4.2 Formulação do projeto ......................................................68

4.3 Aquecimento ....................................................................69

4.4 Iluminação .......................................................................73

4.5 Elaboração .......................................................................73

4.6 Definição do símbolo e assinatura visual ............................74

4.7 Seleção de cores ..............................................................78

4.8 Criação dos Pontos de contato ..........................................80

Conclusão ........................................................................... 86

Bibliografia ......................................................................... 89

viii
LISTA DE ABREVIATURAS

ABF – Associação Brasileira de Franchising.

ASS – Assinatura.

PDV – Ponto de Venda.

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Evolução das calçados para corrida da marca Nike. ............................... 2

Figura 2. Assinatura Visual Athletic Shoes. .......................................................... 4

Figura 3. Fachadas de lojas Athletic Shoes. ......................................................... 5

Figura 4. Ass. Visual Centauro e Figura 5. Ass. visual Nery Beck. .......................... 5

Figura 8. Ass. Visual Adidas e Figura 9. Ass. Visual Asics. ..................................... 6

Figura 10. Ass. Visual Mizuno e Figura 11. Ass. Visual Nike. ................................. 6

Figura 12. Taxonomia de projeto. ....................................................................... 8

Figura 13. Sistema de identidade visual para a cidade de Hong Kong. Landor

Compendium. 2003. ........................................................................................ 16

Figura 14. Logotipo Diadora e descrição de medidas de construção. ................... 19

Figura 15. Símbolo da Diadora e descrição de medidas de construção. ............... 21

Figura 16. Assinatura Visual da Diadora e descrição de medidas de proporção. ... 22

Figura 17. Exemplos de Selos. .......................................................................... 23

Figura 18. Exemplo 1: Air Products. Exemplo 2: Nike. Exemplo 3: Philips. ........... 25

Figura 19. Sequência da cognição..................................................................... 27

Figura 20. Exemplo de representação de conceito de marca. Mont Blanc. ........... 27

Figura 21. Principais pontos de Contato de uma marca. ..................................... 30

Figura 22. Dados do setor de licenciamento de marcas em 2008, fonte: ABF. ..... 31

Figura 25. Anúncio Nike. .................................................................................. 38

Figura 26. Anúncio Asics. ................................................................................. 38

Figura 27. Asics Gel-Kinsei ............................................................................... 41

Figura 28. Modelo de segmentos da indústria do esporte. .................................. 42

x
Figura 29. Etapas de metodologia de desenho industrial, BONSIEPE. .................. 45

Figura 30. Etapas de metodologia do processo criativo, DUALIBI e SIMONSEN. ... 46

Figura 31. Etapas de metodologia do processo prático, WHEELER. ..................... 46

Figura 32. União das metodologias propostas. ................................................... 47

Figura 33. Etapas de metodologia Geral, Bonsiepe............................................. 48

Figura 34. Quadro de Análise Diacrônica. .......................................................... 50

Figura 35. Assinaturas visuais do grupo de Análise Sincrônica, da esquerda para

direita: World Tennis, Paquetá Esportes, Centauro e Nery Beck. ......................... 51

Figura 36. Exemplos de padrão visual explorado pela Paquetá Esportes. ............. 52

Figura 37. Padrão visual das lojas Centauro. ..................................................... 52

Figura 38. Padrão visual das lojas World Tennis. ............................................... 53

Figura 39. Padrão visual das lojas Nery Beck. .................................................... 53

Figura 40. Levantamento fotográfico em pontos de venda de shoppings em São

Paulo, imagens cedidas pela Plano Trio Trademarketing São Paulo. .................... 54

Figura 41. Levantamento de imagens de materiais de comunicação das principais

marcas do grupo 1 de análise........................................................................... 55

Figura 42. Análise morfológica e estrutural – Athletic Shoes. .............................. 56

Figura 43. Análise morfológica e estrutural – World Tennis. ............................... 57

Figura 44. Análise morfológica e estrutural – Paquetá Esportes. ......................... 58

Figura 45. Análise morfológica e estrutural – Nery Beck. .................................... 59

Figura 46. Hierarquização dos fatores projetuais. .............................................. 62

Figura 47. Conceitos de movimento/performance. ............................................. 66

Figura 48. Conceitos de Vitória. ........................................................................ 67

Figura 49. Conceitos de Tecnologia................................................................... 68

Figura 50. Visualização dos itens a serem mantidos. .......................................... 69

Figura 51. Geração de alternativas.................................................................... 71

Figura 52. Geração de alternativas.................................................................... 72

Figura 53. Iluminação. ..................................................................................... 73

Figura 54. Elaboração ...................................................................................... 74

Figura 54. Definição do grid estrutural de símbolo de marca. ............................ 74

Figura 55. Exercício de visualização. ................................................................. 75

Figura 56. Testes de fonte tipográfica. .............................................................. 75


xi
Figura 57. Seleção da fonte tipográfica de logotipo e denominador. .................... 76

Figura 58. Assinatura visual horizontal e grid estrutural. .................................... 76

Figura 59. Assinatura visual vertical e grid estrutural. ........................................ 77

Figura 59. Relações de medidas e área de proteção........................................... 77

Figura 60. Limites de redução. ......................................................................... 78

Figura 61. Versões de cor. ............................................................................... 78

Figura 62. Seleção de cores. ............................................................................ 79

Figura 63. Testes aplicação. ............................................................................. 80

Figura 64. Aplicações – Tag e Envelope. ........................................................... 81

Figura 65. Aplicações – Papel timbrado. ............................................................ 82

Figura 66. Aplicações – Cartão de visitas e pasta. .............................................. 83

Figura 67. Aplicações – Caixas e Tênis com Tag. ............................................... 84

Figura 68. Aplicações – Fachada e interior de lojas, cabides e outdoor. ............... 85

xii
RESUMO

Esta monografia de conclusão de curso em design, tem como


objetivo aplicar conhecimentos obtidos no design de sistema
de identidade visual para a marca Athletic Shoes, empresa
baseada no varejo de calçados e artigos esportivos. Para a
realização deste trabalho, o autor embasou-se em teorias
clássicas de design gráfico, metodologias projetuais e
criativas, revisão bibliográfica em revistas, livros, artigos, web
sites, filmes e recursos gráficos.
A história do esporte, e dos artigos esportivos serviu como
fundamento para as etapas analíticas, dando suporte ao
desenvolvimento criativo. As metodologias usadas, geral de
projeto de Bonsiepe, específica/criativa de Dualibi e Simonsen
Jr. e pessoal/prática de Wheeler, nortearam todo o processo
de desenvolvimento, tendo por fim, os resultados de aplicação
visual da marca.

Palavras Chave: Design Gráfico, Identidade Visual de Marca,


Esporte, Marca.

xiii
ABSTRACT

The aim of this Graphic Design conclusion monograph is to


apply gained knowledge to develop a design project of brand
visual identity for Athletic Shoes, which is a shoes and sports
equipment retailer company. To carry out this project, the
author was based on classic theories of graphic design,
creative methodologies, magazines bibliographic reviews,
books, articles, websites, films and graphic resources.
The History of sports and of sports equipment, as foundation
for the analytic stage and supporting the creative
development of this paper work. The methodologies used, as
overall project Bonsiepe, Specific / Creative of Dualibi and
Simonsen Jr. and Personal / Practice Wheeler, guided the
whole developing process of this project, resulting on the
visual application of the Brand.

Key words: Graphic Design, Brand Visual Identity, Sport,


Brand

xiv
ATHLETIC SHOES , UMA EMPRESA HUMANA.

A empresa Athletic Shoes foi fundada no ano de 1992, na

cidade de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul,

Brasil,e é dedicada ao comércio varejista de artigos esportivos

comercializando tênis e confecções de marcas do mercado

mundial do esporte amador e profissional.

A rede possui aproximadamente 15 unidades, distribuídas nos

dois Estados do extremo Sul do País: Santa Catarina e Rio

Grande do Sul e entre todos os seus empreendimentos o

grupo emprega aproximadamente 150 pessoas.

Impulsionada pela demanda por atividades físicas, a venda de

artigos específicos para corrida e futebol é o que comanda

este crescimento da empresa. Entender a necessidade do ser

humano em praticar esportes ao longo da história e qual a

relação psicológica com as marcas é essencial para o

desenvolvimento de uma identidade única, e nos leva a um

1
levantamento histórico sobre o principal produto

comercializado pela loja: Calçados esportivos.

Figura 1. Evolução das calçados para corrida da marca Nike.

Na evolução do produto, podemos perceber o investimento na

tecnologia e na expressão da marca sempre em busca das

necessidades do usuário, a exemplo do produto Nike Presto,

encontrado na Figura 1, onde sua sola flexível tem como

objetivo imitar a sola dos pés.

A missão da Athletic Shoes é proporcionar as pessoas que

desejam praticar um esporte, profissional ou amador, a

possibilidade de o fazerem de forma bem orientada, usando o

produto certo para o tipo de atividade escolhida, bem como

atualizar-se a respeito de tudo o que existe de mais moderno

no mercado de artigos esportivos. A empresa é dinâmica e

segundo informações internas passa por uma época de bons

resultados o que impulsiona os negócios e a expansão da

rede em busca de novas franquias.

2
A etapa de conclusão de curso traz uma motivação extra, o

fato de encerrar algo que lhe proporcionou o início de uma

carreira profissional e que precisa ser finalizado de maneira

primorosa. Acima de ter apenas encerrar a graduação

faculdade, permanece uma necessidade maior de demonstrar

a plena capacidade de produção de um aluno neste trabalho.

O estudo da identidade visual da marca Athletic Shoes, pode

vir a se tornar um grande projeto dada a atual expansão na

qual se encontra a empresa, e é crescente o número de

empresas que buscam por uma padronização visual que as

diferencie dentro do emaranhado de marcas e produtos que

encontramos no mercado. Esta diferenciação é o que garante

a sobrevivência da empresa ao longo dos anos.

A construção de uma identidade visual exige parâmetros

complexos de percepção, semiótica, comportamento do

consumidor, e disciplinas fundamentadas para que o objetivo

seja alcançado. Estudar estas disciplinas e entender o

funcionamento das metodologias de projeto, pesquisa, análise

e métodos criativos é o principal desafio, pois demonstra o

quão aprofundada academicamente está a monografia.

A Athletic Shoes encontra-se atualmente sob um cenário de

expansão através do licenciamento de marca que, por conta

de uma estratégia financeira organizada, e por não lidar com


3
grandes volumes, acabou atravessando até mesmo a crise

enfrentada pelas empresas ao final de 2008. Há cerca de dois

anos atrás esse sistema foi submetido ao processo de

franquias, formato em que a marca é vendida e licenciada e,

desta maneira, as lojas crescem praticamente por conta

própria. Parafraseando Wheeler (2008), a medida que as

empresas crescem seus propósitos se tornam mais lúcidos,

seu posicionamento mais refinado e assim os caminhos

podem ser abertos para os novos mercados que surgem.

Observou-se então um cenário favorável a padronização do

sistema de identidade visual, que hoje em dia é pouco efetivo

e pouco exigente sobre os conceitos e características que

deve transmitir, dificultando a expansão da marca no mercado

consumidor. Esta falha na padronização ocorre quando não

existem regras de aplicação ou as mesmas não são repetidas

nas lojas licenciadas, e o que temos são diversas lojas com

pontos em comum, porém muito diferentes umas das outras

em termos visuais.

Figura 2. Assinatura Visual Athletic Shoes.

4
Figura 3. Fachadas de lojas Athletic Shoes.

A dificuldade da empresa em encontrar um sistema de

identidade integrado entre todas as redes é visível nas

fachadas das lojas, na maneira como a organização do layout

interno é resolvida, variação de cores, tonalidades, tamanhos

de fonte, alinhamentos, formatos e disposições.

A presente monografia pretende focar nas questões de

identidade de marca e suas aplicações, não aprofundando

desta maneira nas questões de arquitetura comercial.

O mercado concorrente da rede hoje em dia é muito vasto,

mas composto basicamente por quatro empresas de maior ou

igual expressividade no segmento de calçados esportivos para

a classe B, C e D. São elas:

Figura 4. Ass. Visual Centauro. Figura 5. Ass. visual Nery Beck.


5
Figura 6. Ass. Visual Paquetá Esportes. Figura 7. Ass. Visual World Tennis.

Referindo-se ao mercado de artigos esportivos, pode se

identificar as principais marcas vendidas na loja e que, por

sua vez, influenciam indiretamente o posicionamento da loja e

movimentam o imaginário do consumidor através do desejo

de ser atleta seja do futebol ou da corrida.

Figura 8. Ass. Visual Adidas. Figura 9. Ass. Visual Asics.

Figura 10. Ass. Visual Mizuno. Figura 11. Ass. Visual Nike.

O objetivo deste trabalho é realizar o design de Sistema de

Identidade Visual para a marca Athletic Shoes, tendo como

objetivos secundários:

• Analisar o mercado de calçados e artigos esportivos e

identificar de que maneira os participantes deste segmento


6
transmitem suas mensagens através da expressão da sua

identidade visual.

• Relevar as principais aplicações dentro do projeto de

identidade visual, e de que maneira elas atingem os objetivos

necessários. Identificar fatores coerentes com a resolução do

trabalho e estabelecer uma metodologia a ser utilizada que se

encaixe da melhor maneira dentro destes fatores.

• Analisar o resultado final e de que maneira a metodologia

usada em projeto pode auxiliar na questão profissional.

O objetivo acadêmico é aplicar base teórica e conhecimento

prático no desenvolvimento do projeto, objetivando alcançar

os resultados desejados e servir de referência a outros

trabalhos de conclusão de curso.

As metodologias e procedimentos utilizados contemplam a

pesquisa bibliográfica englobando livros, artigos, revistas,

sites e trabalhos acadêmicos.

Três metodologias de projeto estarão presentes neste

trabalho: Estrutura de projeto e análises, a metodologia de

Bonsiepe (1984), para o processo criativo, Dualibi e Simonsen

Jr. (2000), e para a etapa pessoal/prática, Wheeler (2008).

7
Definições e delimitações do tema

Taxonomia de Projeto

Figura 12. Taxonomia de projeto.

Situação Inicial Bem Definida:

A empresa não possui uma padronização de seu sistema de

Identidade Visual, para isso o design do sistema de

Identidade Visual da marca Athletic Shoes.

Situação Final Bem Definida:

Construir um sistema de Identidade flexível e de fácil

reprodução, para atender as supostas expectativas de

expansão da empresa, dentro do âmbito acadêmico.

8
CAPÍTULO 1

DESIGN DA IDENTIDADE VISUAL DE MARCA

Nesta etapa do trabalho de conclusão de curso o objetivo é

aprofundar-se dentro do objeto de estudo, utilizando a revisão

bibliográfica realizada e objetivando a fundamentação das

teorias de design de identidade visual de marca.

1.1 HISTÓRIA DA MARCA

Para compreender a história da marca é necessário

aprofundar-se um pouco mais em seus princípios e entender o

porquê da sua existência e compreender o que realmente é

uma marca. Segundo Wheeler (2008), desde o início dos

tempos a necessidade de comunicar emergiu a partir de uma

série de perguntas universais: Quem sou eu? Quem precisa

saber? Porque é preciso saber? Como eles vão descobrir?

Como quero que eles descubram? Indivíduos, comunidades e

9
organizações expressam a individualidade através de sua

identidade. Não se sabe exatamente qual foi o primeiro indício

da criação de uma marca, essas expressões datam de até

5.000 anos atrás, e seu ínicio propriamente dito deu-se

através de símbolos em artigos de cerâmicas, que são

utilizados até hoje, e outros como heráldicas que muitas vezes

são citadas ou parafraseadas no design contemporâneo,

virando até mesmo modismos em diversas fases da história.

A partir da análise de Mollerup (2004), as marcas nascem de

um propósito básico da sociedade de se diferenciar, distinguir

grupos sociais ou interesses. Essa necessidade pode partir de

um fazendeiro querendo marcar seu gado para evitar que

este seja roubado, ou o desejo de um artesão de marcar uma

tigela em cerâmica apenas por puro orgulho. Historicamente,

desejo ou necessidade não são dois itens que podem ser

equiparados em termos de relevância, na verdade podem ser

relacionados a fatos do cotidiano como a guerra, comércio,

trânsito ou atividades de lazer.

Estes primeiros estados de marca, eram usados para definir a

identificação em três tipos:

Identidade Social: Quem é este ou quem diz isto?

Propriedade: Quem possui isto?

Origem: Quem fez isto?

10
Estas três divisões, combinadas com os dois estados de

motivação, nos dão uma visão sobre a divisão da identidade

de marca em seus antecedentes e, a partir de um

levantamento feito pelo autor, é racional dizer que todas as

identidades de marcas sociais e seus certificados de origem,

são resultados tanto de desejo quanto de necessidade, assim

como é seguro dizer que as antigas marcas de gado citadas

anteriormente eram feitas exclusivamente por necessidade.

De certa maneira, nos primórdios do design de identidades de

marca, podemos dizer que eram primariamente “enviadoras”,

pois possuíam mais relação a quem enviava a informação, e

não a quem recebia. Hoje em dia, a evolução dos mercados e

o crescente aumento de nichos de consumo fazem com que

essa relação seja muitas vezes inversa, e o que temos é uma

inundação de identidades de marca sem personalidade,

focadas apenas nos receptores e no que estes esperam que o

produto transmita.

1.2 MARCA

Marca é uma palavra que possui diversas denotações e

diferentes definições dadas por autores de áreas específicas

de design e de marketing, podendo muitas vezes ser

entendida apenas de maneira equivocada como a expressão


11
gráfico-visual da empresa, quando na verdade o termo marca

abrange uma visão maior sobre a essência de uma instituição.

Pode-se dizer que uma marca é o centro das atividades de

vendas e marketing, tendo na maioria das vezes relação com

o sentido de possuir ou de expressar uma determinada

personalidade pessoal ou empresarial.

Segundo Kotler (2003) autor especializado no estudo do

Marketing, uma marca é essencialmente uma promessa da

empresa de fornecer uma série específica de atributos,

benefícios e serviços uniformes aos compradores. As melhores

marcas trazem uma garantia de qualidade, mas uma marca é

um símbolo ainda mais complexo. Ela pode trazer até cinco

níveis de significado:

1. Atributos: Uma marca traz à mente certos atributos. A

Mercedes, por exemplo, sugere automóveis caros, bem

construídos, de boa engenharia, duráveis e de alto

prestígio.

2. Benefícios: Os Atributos devem ser traduzidos em

benefícios funcionais e emocionais. O atributo “durável”

poderia traduzir o benefício funcional “não terei de

comprar outro carro por muitos anos”. O atributo “Caro”

traduz o benefício emocional “o carro me faz sentir

importante e admirado”.

12
3. Valores: A marca também diz algo sobre os valores da

empresa. A Mercedes simboliza alto desempenho,

segurança e prestígio acima de tudo.

4. Cultura: A marca pode projetar certa personalidade. A

Mercedes pode sugerir um chefe decidido (pessoa), um

leão poderoso (animal) ou um palácio austero (objeto).

5. Usuário: A marca sugere o tipo de consumidor que compra

ou usa o produto. Poderíamos esperar ver um alto

executivo de 55 anos de idade atrás do volante de uma

Mercedes, não uma secretária de 20.

Construir uma marca significa entender estas relações e

desenvolver associações positivas e coerentes à identidade

que a empresa irá tomar, deixando claros os seus objetivos.

Strunck (2000), autor especializado no estudo do design,

define Marca da seguinte maneira:

Marca é a soma intangível dos atributos de um produto; seu


nome, embalagem e preço, sua história, reputação e a
maneira como ele é promovido. A marca é também definida
pelas impressões dos consumidores sobre as pessoas que a
usam; assim como pela sua própria experiência pessoal
(STRUNCK, 2007, p.19).

13
Desta maneira, as marcas estão gravadas em nossas mentes

e participam do nosso dia-a-dia muitas vezes sem

percebermos, criando sinônimos de produto como “vamos

xerocar isto” ou “essa máquina não é nenhuma Brastemp”, ou

nos dizendo através de suas expressões visuais, o que

devemos sentir e como devemos reagir. Nestas expressões

visuais, marcas geralmente carregam um duplo sentido que

trafega entre os nossos sentidos de percepção, podendo ser

recebidas muitas vezes pelo seu aspecto perceptivo-funcional

ou perceptivo-emocional:

Se uma marca mostra uma âncora e em seguida o nome da


empresa, isso indica que trata-se de uma empresa de
navegação, então o referencial funcional está ativo. Por outro
lado, se esta âncora está desenhada de maneira
particularmente estilizada, então é o aspecto emocional que
está ativo (MOLLERUP, 2004, p. 88).

Grandes marcas representam uma grande idéia, uma posição

estratégica, ou um conjunto definido de valores. O significado

inspira um processo criativo e é transmitido por meio de um

símbolo, uma palavra ou uma ação que por sua vez releva

fatores externos e focados no receptor.

A confusão feita entre terminologias está presente em nosso

mercado e muitas vezes ouvimos falar em marca, logotipo,

14
identidade visual, símbolo, logomarca ou outras

nomenclaturas relacionadas ao mesmo objeto de estudo.

Para o desenvolvimento, é necessário entender onde estão

situadas as marcas no campo visual e nominal.

Segundo Wheeler (2008) a topologia das marcas pode ser

dividida então, da seguinte maneira:

- Marcas com Palavras – Um acrônimo de natureza livre,

nome de empresa ou nome de produto que foi desenhado

para transmitir o atributo ou posicionamento de uma marca.

- Monograma – Um design único usando uma ou mais letras

que agem como um instrumento mnemônico para o nome de

uma empresa.

- Emblemas – Uma marca na qual o nome da empresa está

intrinsecamente conectado a um elemento pictórico.

- Marcas Pictóricas – Uma imagem literal imediatamente

reconhecível que foi simplificada e estilizada.

- Marcas Abstratas/Simbólicas – Um símbolo que transmite

uma grande idéia e muitas vezes incorpora ambigüidade

estratégica.

IDENTIDADE VISUAL E SISTEMA DE IDENTIDADE VISUAL

Um Sistema de Identidade Visual compreende a organização

dos pontos de contato de uma marca, sendo uma das mais

15
importantes ferramentas no auxílio ao posicionamento

estratégico de uma empresa, pois, além de dizer quem a

empresa realmente é, organiza, registra e padroniza as

normas de reprodução dos materiais gráficos.

A parte da identidade de uma empresa que é visual, é


geralmente referida como identidade visual. Toda empresa
possui uma, querendo os membros considerá-la ou não.
Algumas empresas criam cuidadosamente e sustentam sua
identidade visual, outras a negligenciam. Parte da identidade
visual de uma empresa pode ser controlada por um sistema
de identidade visual, ou programa de design, um plano que
específica as formas visuais que a empresa irá usar para se
apresentar (MOLLERUP, 2004, P. 46).

Figura 13. Sistema de identidade visual para a cidade de Hong Kong. Landor

Compendium. 2003.

O Sistema de Identidade Visual SIV, também conhecido como


Programa de Identidade Visual PIV, é como se configura
objetivamente uma identidade. Formam o sistema todos os
veículos que veiculem os elementos básicos da identidade
visual: o logotipo, o símbolo, a marca, as cores institucionais e

16
o alfabeto institucional, além de outros eventuais elementos
acessórios que são aplicados em itens específicos (material de
papelaria, letreiros, uniformes, etc.) (PEÓN, 2000, p. 14).

Bozzetti (2008) utiliza o termo Sistema de Apoio ao mencionar

os elementos gráficos que servem de apoio à assinatura visual

da empresa, no exemplo da figura 13, onde podemos

compreender melhor esta relação. O projeto não faz parte do

contexto de marcas esportivas, porém, as formas pinceladas

da identidade visual da cidade de Hong Kong, utilizadas em

harmonia com a assinatura visual, formam um exemplo

prático da relação entre sistema e identidade visual.

O crescimento do consumo e a aceleração dos mercados

fazem com que as empresas necessitem de um

posicionamento eficaz perante a concorrência e o sistema de

identidade visual pode, em alguns casos, ditar quem os

concorrentes terão que ser, passando de seguidores de

tendências, a ditadores de tendências.

A crescente necessidade de controle da implantação pública


de sinais identificadores fez com que a cada dia se preste
mais atenção ao sistema total de mensagens de identificação.
Disto nascem os programas de imagem institucional, que
consistem no design do conjunto de sinais e do seu modo de
aplicação a totalidade de suportes gráficos (papelaria, edições
e etc) e não-gráficos (arquitetura, uniformes.)
(CHAVES, 1999, p.65).
17
Os sistemas de identidade visual devem ser criados levando

em conta a flexibilidade, aplicação e principalmente a

diferenciação. É imprescindível que o sistema seja único e

coerente, sendo unificado visualmente e estruturalmente. O

sistema segue cores e famílias de tipos especialmente

desenhados e é quem define o reconhecimento de uma marca

LOGOTIPO

Segundo Peón (2000) os logotipos podem ser classificados a

partir da forma como fazem o uso de sua família tipográfica,

tendo as seguintes divisões:

- Baseados em uma Família Existente: Neste caso, o que lhes

dá identidade é a posição dos caracteres ou a própria

singularidade da família escolhida.

- Baseados em uma família modificada: Neste caso os

caracteres são de uma determinada família, ou um deles é

redesenhado para uma maior singularidade do logotipo.

- Baseados em tipos desenhados: Neste caso a singularidade

é maior, e acontece quando possue tipos especialmente

desenhados para o logotipo.

18
Um logotipo é uma palavra ou palavras independentes. Pode
ser o nome de uma empresa ou um acrônimo. Os melhores
logotipos impregnam uma palavra legível (ou palavras) com
as características distintas de uma fonte tipográfica e podem
integrar elementos abstratos ou pictóricos.
(WHEELER, 2008, p. 64)

Outra classificação feita pela autora leva em conta a

combinação do logotipo com grafismos ou não. Assim temos:

- Logotipos Conjugados a grafismos: Logotipos que além dos

caracteres possuem algum ou alguns outros elementos

gráficos acessórios.

- Logotipos exclusivamente tipográficos: Que se constituem

apenas pelos caracteres utilizados, como mencionado nos

casos anteriores, famílias existentes, modificadas ou

especialmente desenhadas.

Figura 14. Logotipo Diadora e descrição de medidas de construção.

19
SÍMBOLO

Grandes marcas são sustentadas por um ou mais símbolos de

forte presença em nossas mentes. Adidas, Diadora, Nike,

Puma entre outras, construiram estes símbolos de maneira

que hoje são sinônimos de atributos, e não apenas

identificadores de um produto.

Segundo Strunck, o símbolo tem a seguinte definição:

É um sinal gráfico que, com o uso, passa a identificar um


nome, idéia, produto ou serviço. Nem todas as marcas têm
símbolos. Qualquer desenho pode ser considerado um símbolo
se um grupo de pessoas o entender como a representação de
algo além dele mesmo. (STRUNCK, 2007, p.71)

É importante entender a diferença entre Signo e Símbolo.

Através da definição de Strunck (2007), o Signo pode ser

exemplificado através dos desenhos utilizados em placas de

sinalização, pois tem um significado específico, destituído da

emoção. Já um Símbolo nos desperta uma série de

informações e experiências existentes no repertório visual de

cada indivíduo. Um signo pode ter um significado apenas para

uma cultura ou ser de uso internacional.

Segundo Bozzetti (2009), se o projeto efetivamente demanda

a criação de um símbolo para a marca deve-se observar:

20
a) O Símbolo deve integrar-se completamente, de forma

harmônica e sinérgica, ao logotipo correspondente, formando

um todo visualmente consistente e unificado.

b) Admitir reprodução viável e qualificada em diferentes

materiais e processos de reprodução, nas variadas situações

de uso: a cores, em Preto e Branco, recortado, em volume,

bordado, em serigrafia, com animação, etc.

c) Possuir um notável grau de diferenciação visual, que o

capacite a ser reconhecido em meio a milhares de símbolos

assemelhados que povoam nossa comunicação visual.

d) Não oportunizar possíveis interpretações ou conotações

visuais negativas ou depreciativas para a Marca.

Figura 15. Símbolo da Diadora e descrição de medidas de construção.


21
ASSINATURA VISUAL

A Assinatura Visual é definida de diversas maneiras por

diferentes autores, mas representa basicamente a junção

entre o símbolo e o logotipo e constitui segundo Strunck

(2007) Assinatura Visual, é como é chamada a combinação do

logotipo com o símbolo, pode ser usada de uma única forma

ou ter várias possibilidades de combinação. Peón (2000)

associa o termo Assinatura Visual ao termo Marca, e nos diz

que a melhor receita para uma assinatura visual é a junção

entre símbolo e logotipo.

Figura 16. Assinatura Visual da Diadora e descrição de medidas de proporção.

SELO OU EMBLEMA

Também chamados popularmente de brasão, selos e

emblemas são largamente utilizados em embalagens, em

formatos de marca de produto, selos de identificação ou para

definir times e clubes.

22
Os emblemas são marcas que mostram um desenho pictórico
intrinsicamente ligado ao nome da empresa. Os elementos
nunca são isolados. Os emblemas são fantásticos em uma
embalagem, em um cartaz de sinalização ou quando bordados
em um unfirome (WHEELER, 2008, p. 72).

Figura 17. Exemplos de Selos.

COR E ALFABETO INSTITUCIONAL

A seleção das cores que irá compor o sistema de identidade

visual e o alfabeto de apoio formam um capítulo

importantíssimo dentro do detalhamento dos padrões da

identidade. Cores despertam sensações muito particulares e

íntimas ao repertório visual de cada indivíduo, enquanto o

alfabeto de apoio serve para transmitir conceitos ao mesmo

23
tempo em que informa. As cores institucionais podem ser

definidas pelos autores, da seguinte maneira:

Combinação de determinadas cores, sempre nos mesmos


tons. As cores institucionais, embora configurem um elemento
secundário, tem vital importância na eficiência do sistema,
pois tem um alto grau de pregnância (PEÓN, 2000, p. 42).

Uma ou mais cores, que, sempre nos mesmos tons, são


usadas nas identidades visuais, são chamadas cores padrão.
Na maioria das vezes passam, com o uso a ter mais
reconhecimento que o logotipo e o símbolo
(STRUNCK, 2000, p. 79).

O alfabeto Institucional, segundo Strunck (2000) é

empregado para escrever todas as informações

complementares em uma identidade visual. Em uma empresa,

por exemplo, seria aquele usado para escrever os textos nos

impressos administrativos, folhetos, catálogos e etc.

Para garantir a unidade da marca e sua identidade singular, é

indicado que o alfabeto padrão não utilize a mesma fonte

tipográfica utilizada no design do logotipo. Desta maneira

deve-se escolher uma família que transmita as informações

necessárias de forma legível e que passe as sensações em

comum com o conceito da marca.

24
SLOGAN, TAGLINE E DECODIFICADOR

Ao observamos uma assinatura visual, percebemos que a

maioria delas é acompanhada por uma frase ou uma palavra

que possui relação com o produto/serviço oferecido pela

empresa ou com o conceito abordado. Porém, podemos

perceber a diferença nos exemplo seguinte:

Figura 18. Exemplo 1: Air Products. Exemplo 2: Nike. Exemplo 3: Philips.

Bozzetti (2009) define Decodificador (exemplo 1; figura 18)

como um texto, em lettering padronizado, descritivo do nome

completo da marca, ou da área de atuação da entidade, como

no exemplo onde a empresa está situada no ramo de

polímeros. Poderá estar em cima, embaixo ou ao lado da

assinatura e tem caráter informativo. O Tagline (exemplo 2;

figura 18), é descrito por Wheeler como um influenciador no

comportamento de compras o que evoca uma resposta

emocional. Just do It, famosa frase incorporada pela Nike ao

longo dos anos, nos traz a sensação de que todos podem ser

heróis, e não apenas os atletas patrocinados. A empresa

25
Landor Associates, em seu material de divulgação, defende o

termo Brand Driver, nos dizendo que um Tagline muitas vezes

pode ser utilizado como fator primário na execução de um

projeto de identidade de marca, podendo ser o direcionador

dos conceitos de criação.

O Slogan, possue um apelo comercial, e muitas vezes não

acompanha a marca por muito tempo, dando ênfase a

campanhas e ações momentâneas, como no exemplo da

Philips (exemplo 3; figura 18) Let`s make things better, ou

vamos fazer coisas melhores. Slogan que atualmente passou

a dar lugar a Sense and Simplicity, ou Senso e Simplicidade,

pois provavelmente os rumos da empresa já são diferentes.

1.3 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE IDENTIDADE VISUAL

Um Sistema de Identidade Visual, quando bem estabelecido e

construído, segundo Peón (2000) transporta a mensagem

rapidamente através de três princípios básicos de

identificação: Percepção, Conceito e Organização.

PERCEPÇÃO

Podemos tomar como exemplo a análise da sequência da

cognição feita por Wheeler para demonstrar as etapas do


26
reconhecimento visual de uma marca. Este princípio nos diz

que identificamos primeiramente a Forma ou silhueta, seguido

de Cor e Conteúdo. Este conjunto de informações também

pode ser identificado através de uma mancha gráfica.

Figura 19. Sequência da cognição.

CONCEITO

O conceito é a segunda função, e seu objetivo é transmitir

uma mensagem que seja associada ao objeto/serviço relativo

à empresa, que possua persuasão e que esteja em sinergia

com a comunicação proposta.

Figura 20. Exemplo de representação de conceito de marca. Mont Blanc.

27
A marca Mont Blanc explora o conceito de sua marca na

aplicação do símbolo em seus produtos. A forma estelar

inscrita dentro do círculo representa o cume do Mont Blanc

(em frânces, Monte Branco) localizado na França, a mais alta

montanha da Europa, o que pode carregar diversos conceitos

como superioridade, nobreza, força, entre outros. Localizado

estratégicamente na parte superior das tampas de suas

canetas, representa subjetivamente o cume de uma

montanha carregando todo o conceito atrelado à marca.

ORGANIZAÇÃO

Sobre organização, Peón afirma que devemos associar o

objeto a noções de solidez, segurança, organização,

planificação, univocidade. Em qualquer instituição, estes

valores são fundamentais porque é isto que as torna

instituições, e não apenas iniciativas passageiras.

1.4 PRODUÇÃO GRÁFICA E PONTOS DE CONTATO

Ao construir um Sistema de Identidade Visual, deve-se fazer

uma espécie de check-list inicial, verificando junto ao cliente

todos os pontos de contato que a marca possui e que irá

28
possuir. É essencial ter o controle dos ambientes onde a

marca estará inserida, seja ele virtual ou físico, e muitas vezes

este controle é feito por um produtor gráfico dentro do

escritório/agência de design ou dentro da própria empresa.

Um Produtor Gráfico é o profissional responsável por ordenar


e coordenar todas as fases da produção industrial de um
impresso, cuidando para que ele seja adequadamente
desenvolvido atendendo as necessidades das diferentes
etapas de fabricação de produtos gráficos, e que seja feito de
acordo com as determinações do cliente
(FERNANDES, 2003, Introdução).

É indispensável ao falar sobre design gráfico, mencionar esta

etapa do ciclo de criação. Strunck (2000) nos diz que

atualmente não basta ter talento para criar projetos gráficos.

Para designers, dominar a industrialização dos projetos é

imprescindível para acelerar os processos e aumentar a

lucratividade das empresas.

Tratando-se da identidade visual da marca Athletic Shoes, a

função não contemplaria apenas impressos, pois a marca é

muitas vezes aplicada em não-impressos como fachadas ou

web sites. Sendo assim, podemos enumerar os principais

pontos de contato a fim de servirem de ponto de partida para

os outros capítulos do trabalho que envolve as metodologias e

processos de desenvolvimento da identidade.

29
Figura 21. Principais pontos de Contato de uma marca.

1.5 FRANQUIAS E LICENCIAMENTO DE MARCA

Para finalizar a fundamentação, é necessário entender em

qual fatia de mercado Athletic Shoes encontra-se para que se

identifique oportunidades no momento da criação. Hoje a

empresa está enquadrada no sistema de Licenciamento de

Marcas, que difere do sistema de Franquias. Segundo dados

da Associação Brasileira de Franchising (2008), publicados no

jornal gaúcho Zero Hora do dia 5 de abril de 2009, podemos

verificar o volume gerado pelo setor (figura 22).

30
Tratando-se de imagem da marca, a diferença entre Franquia

e Licenciamento, está basicamente na liberdade de atuação

entre uma e outra. Segundo Kotler (2003) o licenciamento

impõe menos barreiras quanto à reprodução e modelo de

negócio, pois o proprietário apenas licenciou o uso da marca,

e não necessariamente seus modelos de gestão ou

funcionamento. Já o sistema de franquias, restringe a

padronização de uma loja para outra, a exemplo de redes

como Starbucks e Burger King, que oferecem os mesmos

serviços, embalagens, e informações visuais em qualquer loja

da rede, tendo um sistema unificado e com maior força.

Sendo franquia ou licenciada, um sistema de identidade visual

bem desenvolvido, e parametrizado, auxilia a expansão da

mensagem trabalhada pela empresa.

Figura 22. Dados do setor de licenciamento de marcas em 2008, fonte: ABF.

31
CAPÍTULO 2

A INDÚSTRIA DO ESPORTE

Este capítulo pretende abordar os temas acerca do ramo de

atividade da marca Athletic Shoes baseado em teorias de

marketing, da história do desporto e a relação do consumidor

com o vestuário. A ênfase do capítulo está no atletismo

amador e no comportamento do consumidor.

2.1 HISTÓRIA DO ESPORTE E ATLETISMO

Os acontecimentos desportivos vêm sendo organizados há

cerca de três mil anos. Não existem dados oficiais do ínicio

da prática dos esportes, porém sabe-se que o atletismo é a

forma mais antiga de um desporto organizado que, na

realidade, trata-se de uma mistura de diversos desportos

englobando as corridas, os saltos e os lançamentos,

32
atividades que vem dos primórdios da humanidade em que

correr, saltar e lançar eram ações encaradas como uma

aprendizagem vital na caça e na guerra. Nos originários

antigos jogos em Olímpia, os corredores usavam elmo e

escudo. Segundo Duarte (2000) Nos primeiros jogos na

Grécia, em 776 A.C., existiu apenas uma prova, a corrida no

estádio. O número de modalidades e a extensão dos jogos foi

aumentando gradualmente e em 580 A.C foram instituídos

prêmios em dinheiro aos campeões, onde tem início o

profissionalismo esportivo.

A corrida amadora ou corrida de rua

Lima (2007) faz uma grande análise sobre o nicho de

mercado crescente da corrida de rua e seus grupos e através

de seu levantamento, pode-se dizer que o sucesso da Volta

de São Paulo, e a Volta de Piracicaba em 1918 e 1919

respectivamente, e de uma corrida noturna na França onde os

corredores levavam tochas de fogo durante o percurso,

serviram de inspiração para o jornalista Cásper Líbero criar a

primeira Corrida de São Silvestre, em 1924 na cidade de São

Paulo. Nesta edição, a competição contou com apenas 60

participantes. Atualmente muito famosa e disputada, a

33
maratona obteve mais de 15 mil inscritos em sua última

edição, a maioria destes corredores amadores.

A Corrida pode ser considerada um esporte-base, já que sua

prática corresponde aos movimentos naturais do ser humano:

andar, pisar, correr. No ínicio do Século XX Marcel Mauss

descreve os movimentos do corpo:

O andar: Habitus do corpo em pé andando, respiração ritmo


do andar, balanceio dos punhos, dos cotovelos, progressão
com o tronco à frente do corpo, ou avançando com os dois
lados do corpo alternativamente (fomos habituados a avançar
com todo o corpo de uma vez) pés para fora, pés para dentro.
Extensão da Perna. (...) Corrida. (MAUSS, 2003, p.227).

Entender do que se trata, e o que motiva estes corredores

amadores serve como base para a pesquisa do trabalho.

Tendo isto em vista, Dunning (1992), complementa que há

pelo menos três aspectos inter-relacionados que teriam

contribuido para o aumento do significado social do esporte.

O primeiro deles é o desenvolvimento do esporte como um

dos principais meios de criação de excitação agradável. Em

segundo lugar, está a transformação do esporte em um dos

principais meio de identificação coletiva, ou seja, da formação

de idéia de se pertencer a um grupo. Por fim, a emergência

do esporte como uma fonte decisiva no sentido de vida.

34
A antropóloga francesa Martine Segalen, maratonista há 25

anos, investigou as imensas transformações pelas quais a

corrida amadora havia passado, a ponto de reunir milhares de

pessoas enquanto no passado reunia muito poucas.

Parafraseando Segalen (2002) a corrida de rua, ou corrida

amadora, surgiu no final dos anos 60 a partir de uma

influência ecológica que ressalta a alegria das corridas através

dos bosques, mas é na cidade que ela se expande.

A autora propõe que existe uma divisão entre motivações

racionais e emocionais para a opção da corrida como esporte:

De um lado, coloca a desnecessidade de infra-estrutura para

a prática do esporte e o fato da corrida ser um excelente

remédio natural para o sedentarismo imposto pela

modernidade. Do outro, aponta a necessidade fisiológica, a

participação na vida urbana e a afirmação pessoal que esta

escolha representa, e, dentro desta afirmação pessoal, existe

a necessidade do ser humano de se identificar dentro de um

grupo, tribo ou nicho.

A atividade esportiva, assim como um trabalho bem-feito,


provém de uma jurisdição múltipla: pode conferir-me glória e
riqueza, pode ser realizada como única finalidade de provar a
mim mesmo que posso saltar mais alto que os outros, que
sou capaz de atravessar o oceano num barco a remo; mas
pode também proporcionar-me alegria pela perfeição do gesto

35
em si, ao fato de conseguir aquilo que antes era impossível.
Posso, assim, satisfazer-me com meu desempenho intelectual,
com minha capacidade de resolver cálculos matemáticos, sem
buscar, uma vez mais, gratificação além do gesto em si.
Minha alegria é extranormativa e limita-se ao momento
presente. (TODOROV, 1996. Pág 155-156).

É dentro do grupo, portanto, que as pessoas encontram um

ambiente propício no qual todos entendem e valorizam o

prazer individual da auto-realização.

Neste sentido Aaker (1998) diz que as marcas de tênis ou

assessorias esportivas, ajudam os participantes destes grupos

a preencherem esta carência de se sentirem parte de um

grupo. Por mais incrível que pareça, estes nomes e símbolos

destinados a identificar os bens de serviço e consumo

conseguiram assumir um papel de uma magnitude

imensurável nas vidas das pessoas.

Corredores iniciantes e iniciados

Existem diferenças encontradas em pessoas recém-iniciadas

em uma atividade, e as que já estão iniciadas há certo tempo.

Ao entrar em grupo, existe a etapa do descobrimento, a

adaptação e a introdução aos hábitos desta tribo, no caso

grupos de corrida. Tratando-se de marcas de calçados e

36
artigos esportivos, os corredores que estão começando fazem

seus primeiros treinos vestindo camisetas brancas de algodão,

grandes e folgadas. Homens geralmente usam shorts de

prática do futebol enquanto as mulheres recorrem a

bermudas estilo ciclista, originárias de academias de ginástica,

juntamente com meias de cano longo e usualmente bonés.

Nos pés, optam por marcas como Nike, Puma, Adidas,

popularmente conhecidas por serem marcas esportivas e de

boa qualidade. Segundo Lima (2007), para o corredor

iniciante, se a Nike é boa no futebol, no basquete e no tênis,

também deve servir para a corrida. Sendo assim, na visão

deles chegar ao ambiente do grupo de corrida com um tênis

Nike, significa trazer consigo todo o prestígio da marca. Ao

usá-la querem ser percebidos como pessoas que também

entendem de corrida, que não são novatos ou iniciantes no

esporte. Ao decorrer do tempo, e juntamente com o

aperfeiçoamento da técnica e da prática, os integrantes do

grupo começam a ter necessidades diferentes, como pisar

melhor, transpirar melhor ou ganho no aproveitamento do

treino. Os homens começam a vestir shorts específicos para a

corrida: curtos, com as laterais transpassadas que permitem

um amplo movimento das pernas. As mulheres também

começam a optar por bermudas curtas, meias de cano curto e

continuam a utilizar o boné.


37
Homens e mulheres usam camisetas específicas para a prática

deste esporte, com tecidos tecnológicos como Nike Drifit, ou

Adidas Coolmax, que permitem a leveza e absorvem

rapidamente o suor durante a corrida, retirando a sensação

de peso dos tecidos comuns.

Nos pés, estes corredores mais experientes utilizam marcas

como Asics e Mizuno, que, em sua estratégia e linguagem

visual de comunicação e produto, prometem entregar estes

benefícios para profissionais, e não para o passeio.

Figura 25. Anúncio Nike.

Figura 26. Anúncio Asics.


38
O reconhecimento pode ser material ou imaterial, da riqueza
ou das honrarias, implicando ou não o exercício do poder
sobre as outras pessoas. A aspiração ao reconhecimento pode
ser consciente ou inconsciente, acionando mecanismos
racionais ou irracionais. Posso também tentar captar o olhar
dos outros por meio das diferentes facetas do meu ser, meu
físico ou minha inteligência, minha voz ou meu silêncio. Sob
essa ótica as roupas exercem um papel particular, pois são
literalmente o campo de encontro entre o olhar dos outros e a
minha vontade, fazendo com que me situe em relação aos
mesmos; quero ser parecido com eles ou com alguns entre
eles e não com todos, ou com ninguém. Em suma escolho
minhas roupas em função dos outros, mesmo que seja para
lhes dizer que me são indiferentes (...). Não é, portanto, um
equívoco quando lembrarmos um antigo gracejo: o ser
humano compõe-se de 3 partes: alma, corpo e roupas.
(TODOROV, 1996. Pág.90)

Iniciantes preferem se disfarçar de corredores entre os

corredores a serem vistos como forasteiros, a fantasia de

“atleta” ou de profissionais inspira o novato para que este

chame atenção dos iniciados.

2.2 O MARKETING ESPORTIVO E A INDÚSTRIA DO ESPORTE

Empresas do ramo esportivo exploram estas necessidades

fisiológicas e emocionais dos humanos desde o início da

39
prática dos esportes, estudando os anseios e objetivos do

usuário praticante de corrida ou de outros esportes.

O marketing esportivo, neste sentido, possui na verdade um

significado organizacional, de conceitos mais abrangentes e

ligados a termos de administração. Sendo assim, Pitts (2002)

afirma que existe a divisão entre administração esportiva e

indústria do esporte, sendo:

(...) Administração esportiva implica um conceito muito mais


amplo. São todas as pessoas, atividades, negócios,
organizações envolvidas em produzir auxiliar, promover ou
organizar produtos esportivos de fitness e recreação. Isso
inclui, por exemplo, o fabricante de equipamentos esportivos,
roupas ou calçados; donos ou gerentes de instalações
esportivas; empresas que administram a mercadoria e
licenças promocionais de produtos. (PITTS, 2002, pág.4-5)

Indústria do Esporte é o mercado no qual os produtos


oferecidos aos compradores relacionam-se ao esporte, fitness,
recreação ou lazer e podem incluir atividades, bens, serviços,
pessoas, lugares ou ideais. (PITTS, 2002, pág.5)

Ainda em seu livro, Pitts nos diz que um dos principais fatores

para o crescimento da indústria dos esportes foi o aumento

na tecnologia em bens, serviços e treinamento. Esta

tecnologia influenciou os equipamentos, as instalações, o

vestuário e os calçados bem como o desempenho sofisticado


40
pelos programas de treinamento. O Asics Gel-Kinsei, serve de

referência para uma das maiores criações na indústria do

esporte, pois simula a pisada natural dos pés através do uso

de um gel especificamente posicionado nos maiores pontos de

impulsão, gerando maior flexibilidade e desempenho.

Figura 27. Asics Gel-Kinsei

A indústria do esporte foi dividida em segmentos baseados

nos produtos e compradores. Nesta divisão cada produto foi

considerado segundo sua função, ou benefício ao consumidor.

Três categorias ou segmentos industriais foram identificados:

Indústria da prática esportiva, Indústria da produção esportiva

e Indústria de promoção esportiva (ver figura 28).

41
Figura 28. Modelo de segmentos da indústria do esporte.

2.3 O VAREJO E MARCHANDISING

A indústria do esporte apresenta-se, neste caso,em promoção

esportiva no canal de vendas através do varejo. Um varejo

tem relação direta com o público-alvo, onde a maioria dos

casos de marca bem sucedida define a experiência de compra

no varejo como um dos maiores idealizadores da compra.

Empresas do ramo dos esportes precisam incitar essa

experiência no momento da compra, e o merchandising bem

42
desenvolvido de um produto, desde sua embalagem até suas

ações no PDV, envolve o consumidor, que na maioria das

vezes entra em um estabelecimento sem ter decidido

exatamente o que vai comprar.

O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de


produtos ou serviços diretamente aos consumidores finais,
para uso pessoal e não-comercial. Um varejista ou uma loja
de varejo é qualquer empreendimento comercial cujo
faturamento provenha principalmente da venda de pequenos
lotes no varejo (KOTLER, 2000, pág.540).

Já a loja de especialidade pode ser definida como uma linha


restrita de produtos com uma grande variedade, como lojas
de vestuário, lojas de artigos esportivos, lojas de móveis,
floriculturas e livrarias. Uma loja de roupas seria uma loja de
linha única, uma loja de roupas masculinas seria uma loja de
linha limitada, e uma loja de camisas masculinas feitas sob
medida seria uma loja super-especializada (KOTLER, 2000,
pág.541).

O merchandising é a atividade que procura acompanhar todo


o ciclo de vida de um produto, desde a sua adequação para
os PDV’s (imagem, embalagem, compra, preço, volume,
exposição, materiais promocionais) até o controle de sua
performance mercadológica diante dos consumidores
(www.popai.com, acessado em 28/04/09).

43
CAPÍTULO 3

METODOLOGIA

O capítulo 3 pretende reunir as análises feitas e demonstrar

como a metodologia de projeto foi aplicada ao tema em

questão. O levantamento e estudo das informações contidas

no capítulo encaminham o processo criativo.

O Objetivo da Análise consiste em preparar o campo de


trabalho para poder posteriormente entrar na fase de
desenvolvimento de alternativas A análise serve para
esclarecer a problemática projetual, colecionando e
interpretando informações que serão relevantes no projeto
(BONSIEPE, 1984, p.38).

3.1 METODOLOGIA E AUTORES

Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizadas três

metodologias, divididas da seguinte maneira: BONSIEPE

44
Metodologia de projeto geral, DUALIBI e SIMONSEN para a

etapa criativa e WHEELER para a fase prática.

As metodologias foram escolhidas observando-se as

peculiaridades do tema e de que maneira iriam convergir

dentro do projeto. Em outras palavras, foram selecionadas

três metodologias que pudessem complementar-se entre si,

sendo possível utilizá-las em diferentes etapas do processo.

Metodologia Geral - BONSIEPE

A metodologia proposta por Guy Bonsiepe atende aos

requisitos de metodologia geral talvez por seu formato linear,

onde é possível avançar no trabalho de maneira organizada e

direcionada. É uma metodologia que permite observar o

crescimento do projeto ao longo do desenvolvimento e por

isso servirá como base para as demais metodologias.

Figura 29. Etapas de metodologia de desenho industrial, BONSIEPE.

45
Metodologia Criativa – DUALIBI e SIMONSEN

Os autores Roberto Dualibi e Harry Simonsen Jr., defendem a

hipótese de que a criatividade pode sim ser algo controlável,

onde até mesmo um leigo, se aplicar o processo correto, pode

vir a produzir soluções. Desta maneira, a metodologia adotada

para a etapa de criação compreende as etapas descritas

abaixo:

Figura 30. Etapas de metodologia do processo criativo, DUALIBI e SIMONSEN.

Metodologia Prática – WHEELER

O trabalho recente de Alina Wheeler aprofunda-se no campo

de estudo do design da identidade visual. Desta maneira, a

metodologia proposta pela autora encaixa-se com o objeto de

estudo do trabalho, dividida do seguinte modo:

Figura 31. Etapas de metodologia do processo prático, WHEELER.

46
Metodologia de trabalho

Para o melhor aproveitamento de cada um dos processos,

uma nova metodologia foi criada a partir da junção das

etapas consideradas mais coerentes com cada fase do

projeto, organizando-se da seguinte maneira:

Figura 32. União das metodologias propostas.

Formatada a nova metodologia, podemos dividir em três

fases, descritas e chamadas da seguinte maneira:

-FASE 1 – ANALÍTICA: o aprofundamento nas etapas

analíticas, desenhísticas e lingüísticas preparam o campo para

que se inicie a etapa de criação.

-FASE 2 – CRIATIVA: O foco é o processo de criação,

portanto, após a geração de alternativas ocorre seleção das

melhores idéias e elaboração das mesmas.

- FASE 3 - PRÁTICA, o objetivo passa a ser o refinamento do

trabalho, verificando se o mesmo é compatível com os

requisitos estabelecidos e preparando a finalização dos

materiais e desenvolvimento de pontos de contato.

47
3.2 ETAPA ANALÍTICA

Durante os Capítulos 1,2 e 3 do presente trabalho foram

abordados temas referentes à primeira fase, problematização,

pertinentes à identificação do problema a ser resolvido. Desta

maneira podemos ingressar na fase analítica onde a

metodologia é definida da seguinte maneira:

Figura 33. Etapas de metodologia Geral, Bonsiepe.

A Fase Analítica foi dividida em dois grupos, alternando

conforme o foco de interesse:

-GRUPO 1 – MARCAS DE ARTIGOS ESPORTIVOS

Foram analisados itens referentes às marcas de artigos

esportivos vendidos nas lojas Athletic Shoes, visto que o rumo

da empresa também é produzir os próprios materiais.

48
-GRUPO 2 – MARCAS DE LOJAS DE ARTIGOS ESPORTIVOS

O grupo dois refere-se à concorrência propriamente dita, onde

são estudadas as estratégias de empresas do segmento.

Análise Diacrônica – Grupo 1

A análise diacrônica é o que lida com a evolução temporal de

determinado item, neste caso identidades visuais das marcas

de artigos esportivos. Sete marcas foram escolhidas dentre as

principais comercializadas nas lojas Athletic Shoes, e a busca

revelou que apesar de atualizarem-se de maneiras diferentes,

elas mantêm aspectos em comum, como a forte presença de

símbolos de marca. Na maioria das vezes os símbolos

representam performance, conquistas, força, animais velozes,

tecnologia ou elementos que possam se tornar marcantes em

uma vestimenta/uniforme como símbolo.

Pode se dizer que um dos paradigmas na criação de

identidades de marcas esportivas é a utilização de símbolos,

pois estes servem como auxílio na reprodução da marca e

levam muito em conta os locais onde serão aplicados.

Observa-se ainda quando dispostas lado a lado, que estas

identidades visuais acompanharam as tendências de suas

épocas, ajustando seus formatos, fontes e aparência sem

perder sua identidade já estabelecida com o consumidor

49
Figura 34. Quadro de Análise Diacrônica.

Análise Sincrônica – Grupo 2

A Análise Sincrônica pretende abordar temas referentes aos

fatos contemporâneos, no caso, análise das estratégias e

padrões visuais adotados pelas empresas do segmento de

calçados esportivos que são concorrentes diretas da empresa.

50
A maioria das marcas utiliza o fator tecnologia em seus

pontos de venda, explorando materiais metálicos, luminosos e

plásticos com formatos arredondados e com pouca

informação visual em suas fachadas.

Exploram-se temas como pistas de corrida, quadras de

futebol, texturas e cores que remetam a esses meios.

A presença de tons de cores vermelhos e azuis é bastante

marcante. Nos materiais de comunicação a mensagem

explorada difere conforme a marca, tendo a performance e a

capacidade de superação do ser humano como base.

Grupo analisado:

Figura 35. Assinaturas visuais do grupo de Análise Sincrônica, da esquerda para

direita: World Tennis, Paquetá Esportes, Centauro e Nery Beck.

Paquetá: Loja destinada à comercialização de tênis e

materiais esportivos das principais marcas esportivas

nacionais e internacionais. O objetivo é atrair um público com

um comportamento jovem e saudável. A empresa teve uma

recente renovação de marca, porém possui um padrão visual

organizado e marcante no mercado.

51
Figura 36. Exemplos de padrão visual explorado pela Paquetá Esportes.

Centauro: Mega store esportiva presente no Brasil inteiro e

dedicada ao comércio de calçados e artigos esportivos para

marcas diversas. Possui um sistema de identidade visual

padronizado e respeitado em seus materiais gráficos.

Figura 37. Padrão visual das lojas Centauro.

World Tennis: Dos concorrentes analisados, a World Tennis

é a que mais se aproxima do modelo de negócio adotado pela

Athletic Shoes, o sistema de Licenciamento. A World Tennis

adota um padrão visual baseado no estilo colegial esportivo e

52
atinge uma fatia do mercado que busca por um produto de

valor mais acessível e destinado à prática de esportes.

Figura 38. Padrão visual das lojas World Tennis.

Nery Beck: A Nery Beck é uma loja focada no público

praticante de esportes, com ênfase na prática do Tênis.

A rede possui um sistema de identidade visual padronizado e

claramente identificado na mente do consumidor como

fornecedor de artigos esportivos especializados. É reconhecida

por ter conseguido ao longo do tempo identificar-se com um

consumidor específico dentro do mercado gaúcho, o jogador

de tênis amador das classes A e B.

Figura 39. Padrão visual das lojas Nery Beck.

53
Análises de PDV

Retornando ao grupo um, podemos verificar o

comportamento das principais marcas no ponto de venda, em

seus displays, expositores e painéis através de levantamento

fotográfico cedido pela agência de Trademarketing Plano Trio,

de São Paulo.

Figura 40. Levantamento fotográfico em pontos de venda de shoppings em São

Paulo, imagens cedidas pela Plano Trio Trademarketing São Paulo.

Análises de materiais de comunicação

Ainda no Grupo um, foi realizado um levantamento de

imagens dos materiais de comunicação utilizados pelas

marcas: Anúncios, outdoors, painéis, web sites, anúncios

digitais, embalagens e outras mídias.

54
Figura 41. Levantamento de imagens de materiais de comunicação das principais

marcas do grupo 1 de análise.

3.3 ANÁLISE FUNCIONAL , MORFOLÓGICA E ESTRUTURAL

A análise funcional, já abordada no capítulo de

fundamentação, corresponde ao funcionamento de uma

identidade visual desde sua percepção até sua conceituação.

55
As análises morfológica e estrutural são relativas às formas

que a matéria pode tomar. No caso, a assinatura visual é

desmembrada e são estudadas sua harmonia de elementos,

de cores e sua composição de mancha gráfica.

Athletic Shoes

Figura 42. Análise morfológica e estrutural – Athletic Shoes.

Considerações: Assinatura Visual Linear e Horizontal, baseada

nos princípios de Inscrição e Compenetração. Utiliza fonte

tipográfica em caixa alta de família existente de estilos

Condensado Negrito e Condensado Negrito itálico.

Conceito: Representação de elementos gráficos comuns ao

meio esportivo, com forte semelhança à Adidas.

Princípio de Cor: Incongruência

56
Princípio Morfológico: Heterometria - Elementos gráficos que

pertencem a distintos grupos e funções de informação.

World Tennis

Figura 43. Análise morfológica e estrutural – World Tennis.

Considerações: Assinatura Visual Linear e horizontal, baseada

nos princípios de justaposição linear. Utiliza fonte tipográfica

alternando caixa alta e caixa baixa, em família existente de

estilo Condensado Negrito Itálico.

Conceito: Assinatura Visual basicamente tipográfica, inspirada

no estilo colegial americano, muito utilizado para representar

artigos esportivos que lançavam tendências nas décadas de

70 e 80 nos uniformes de times universitários.

Princípio de Cor: Incongruência

57
Princípio Morfológico: Heterometria - Elementos gráficos que

pertencem a distintos grupos e funções de informação.

Paquetá Esportes

Figura 44. Análise morfológica e estrutural – Paquetá Esportes.

Considerações: Assinatura visual linear horizontal, baseada

nos princípios de simetria e inscrição. Utiliza fonte tipográfica

em caixa alta de família especial de estilo estendido regular.

Conceito: Cores objetivando atingir o público jovem,

praticante de esportes, com energia e vibração. O símbolo

serve para assimilar a loja à empresa guarda-chuva, Paquetá.

Princípio de Cor: Incongruência

Princípio Morfológico: Singenometria – Elementos de uma

mesma natureza mas deformados de maneira proposital.

58
Nery Beck

Figura 45. Análise morfológica e estrutural – Nery Beck.

Considerações: Assinatura visual linear horizontal, baseada

nos princípios de inscrição. Utiliza fonte tipográfica existente

em caixa baixa de estilo regular.

Conceito: A assinatura não transmite conceitos previamente

estabelecidos, porém o objetivo da comunicação da empresa

e principal usuário consumidor são os tenistas.

Princípio de Cor: Incongruência

Princípio Morfológico: Singenometria – Elementos de uma

mesma natureza, mas deformados de maneira proposital.

59
3.4 ANÁLISES LINGUÍSTICAS, DENOTATIVA E CONOTATIVA

As análises linguísticas têm o objetivo de captar os sentidos

dos termos inerentes ao projeto. Conforme o dicionário Luft

(2000) a denotação funciona como um sentido mais realista

das palavras, busca seu significado real, sua definição em

relação a função, como segue o seguinte exemplo: A pedra é

um material sólido, duro, de característica rochosa. A

conotação, por outro lado, busca um significado translato, às

vezes de teor subjetivo, que uma palavra ou expressão pode

apresentar paralelamente à acepção em que é empregada,

como por exemplo na sentença Aquele homem possui um

coração de pedra. Tendo os significados em vista são

levantados os termos pertinentes ao tema:

ANÁLISE CONOTATIVA

Atlético: Referente a clubes, a pessoa saudável, disposta,

praticante de exercícios, esportista.

Atleta: Indivíduo vigoroso, disposto, saudável.

Atletismo: Prática de esportes relacionados a olimpíadas.

Calçado: Item básico do dia-a-dia, ligado a moda, a status.

Esporte: Passatempo, hobby, prática saudável.

60
ANÁLISE DENOTATIVA

Atlético: Próprio do atleta, vigoroso, forte, musculoso.

Atleta: Lutador, campeão, valente.

Atletismo: Prática de esportes atléticos.

Calçado: Sapato, Bota, vestuário para proteção dos pés.

Esporte: Prática metódica de exercícios físicos.

3.5 ESTRUTURAÇÃO DOS FATORES PROJETUAIS

Um programa de identidade visual é um projeto complexo,

extenso e extremamente delimitado. No entanto, o objetivo

do presente trabalho é demonstrar de que maneira o design

de um sistema de identidade visual pode se aplicar a diversos

formatos de pontos de contato, e não desenvolver os pontos

de contato em si. No entanto, serão escolhidas áreas

principais de atuação dos pontos de contato a serem

abordadas para que se consiga demonstrar a identidade em

funcionamento.

61
Tendo em vista a estrutura a ser seguida, segundo Bonsiepe,

podemos hierarquizar os fatores projetuais do mais

importante para o menos importante e, dentro desta

hierarquização, estabelecer a lista de requisitos.

Figura 46. Hierarquização dos fatores projetuais.

A lista de requisitos é desenvolvida levando em conta o

cenário ser explorado no novo sistema de identidade visual.

Fatores Antropológicos, Mercadológicos e Psicológicos

aparecem como mais importantes, pois ainda existem

oportunidades latentes no mercado para marcas dedicadas a

prática do esporte amador, e que um refinamento no padrão

de comunicação visual, pode alterar substancialmente o

comportamento do consumidor.

62
Este consumidor visa praticar o esporte amador, pois através

de informações da empresa, sabe-se que esportistas

profissionais, na maioria dos casos, são patrocinados por

outras marcas, que lhe cedem toda a aparelhagem necessária

para a prática do esporte como camisetas, tênis, bonés,

mochilas entre outros e, por sua vez, compram muito pouco

nas lojas não sendo um tipo de usuário economicamente

representativo para a rede. Os corredores amadores que

impulsionam o negócio, e é neste usuário que o estudo

antropológico feito anteriormente pretende situar o novo

sistema de identidade visual, dentro de um contexto de vitória

pessoal, performance e tecnologia. O esportista amador, e

também motivado pelo grupo, e por isso a empresa organiza

corridas em grupo, ou corridas noturnas, com o intuito de

formar times praticantes da corrida.

Concluída a fase de análises e levantamento de requisitos, o

próximo capítulo abordará a geração de alternativas até a

finalização do novo sistema de identidade visual.

63
CAPÍTULO 4

DESIGN DA IDENTIDADE VISUAL DE MARCA – ATHLETIC SHOES

O capítulo 4 demonstra o desenvolvimento do projeto em

questão, e de que maneira o aluno pretende contribuir com o

tema agregando as informações obtidas nos outros capítulos.

É a etapa onde todos os elementos são reunidos para

construir o design da identidade de marca.

Projetar um sistema de identidade visual para uma marca,

é uma tarefa que exige a imersão completa dos envolvidos no

tema e no processo, em um campo muitas vezes

desconhecido ou distante ao que chamamos de repertório

visual pessoal. Uma vez que um bom design de identidade

visual é nada mais, nada menos que uma conjunção entre

analogias pessoais e funcionalidades lógicas, conhecer o

assunto exageradamente, se necessário, é o que dará ao

designer a possibilidade de criar um sistema visual que


64
realmente faça a marca conversar com o seu público alvo

através de seus pontos de contato. Se fossemos definir o

processo de criar uma nova proposta, para um sistema de

identidade visual já existente, em apenas uma frase,

poderíamos dizer que assemelha-se a trocar os pneus de um

carro, já em movimento.

4.1 CONCEITO

Durante o desenvolvimento do trabalho, a maturação

decorrente das análises, e estudos feitos, trouxe a tona os

conceitos que deveriam ser trabalhados. Observou-se, que

nas identidades visuais de artigos esportivos, a presença de

símbolos é marcante, e estes representam diversos atributos,

ou benefícios que ao longo do tempo, se tornaram imagens

além do produto que representam. Muitas lembram o

consumidor de que ele é um herói, de que ele é capaz de

vencer seus medos, seus limites, ou que ele é rápido como

um animal selvagem, e essa mágica conexão entre uma

marca, e um indivíduo provém de um objetivo específico de

fazer uma marca, muitas vezes recém criada, de se tornar

algo muito maior do que ela realmente é, alcançado

patamares jamais imaginados.

65
Tendo os fatores projetuais estabelecidos e os demais

objetivos podemos definir a fase de conceituação, de acordo

com Wheeler (2008) em 3 conceitos principais:

Performance/Movimento, Vitória e Tecnologia.

Performance/Movimento

Movimento: 1.Atividade, Agitação, Animação. 2. Ação ou

esforço organizado para se conseguir um objetivo.

Performance: 1. Desempenho

(LUFT, 2002).

Estes conceitos visam explorar as formas do esporte em seus

movimentos, captar a necessidade do ser humano, de mover-

se, hoje em dia crescente devido ao sedentarismo. É um

conceito rico em formas curvas, cores que transmitam

energia, ação, impacto, constante evolução.

Figura 47. Conceitos de movimento/performance.

66
Vitória

Vitória: 1.Ação ou efeito de vencer. Triunfo.

(LUFT, 2002).

Quando uma atleta não possui mais forces, a vitória é o que o

impulsiona a continuar. Seja amador ou profissional, seja a

vitória pessoal ou profissional, o conceito pode ser explorado

como a meta do praticante de qualquer esporte.

Figura 48. Conceitos de Vitória.

Tecnologia

1.Estudo ou aplicação dos processos e métodos utilizados nos

diversos ramos da indústria.

(LUFT, 2002)

67
Os avanços tecnológicos no setor do esporte possibilitam o

melhor desempenho, e é necessário que o usário entenda que

a Athletic Shoes, possue a característica de ter produtos com

excelente desenvolvimento tecnológico de produtos.

Figura 49. Conceitos de Tecnologia.

4.2 FORMULAÇÃO DO PROJETO

A atual marca, apresenta um certo grau de reconhecimento

perante o usuário, e durante a formulação do projeto, alguns

itens poderiam ser matindos para garantir a percepção já

obtida, como os tons de cores azul e vermelho e a opção por

manter a mancha gráfica de format traingular, com o objetivo

de manter uma referência visual com a assinatura atual.

Segundo Wheeler (2008), uma identidade visual fácil de

lembrar e imediatamente reconhecível, viabiliza a

conscientização e o reconhecimento da marca.

68
Figura 50. Visualização dos itens a serem mantidos.

Outro aspecto observado está em relação ao uso ou não uso

de símbolos. Segundo Bozzetti (2009), símbolos são criados

quando necessitam de sua utilização, ou seja, quando existem

pontos de contato ou aplicações que necessitem do mesmo.

Um símbolo serve para rápido reconhecimento de uma marca,

e torna-se forte quando temos um nome longo, como Athletic

Shoes. O produto em foco no trabalho, o calçado, também

demanda o uso do símbolo. Portanto, concordando com a

análise diacrônica e sincrônica, onde encontramos o símbolo

sendo usado em larga escala, o projeto contará com a

utilização de símbolo de marca.

4.3 AQUECIMENTO

A etapa do aquecimento é onde iniciam as gerações de

alternativas utilizando-se de diversos métodos de criatividade

neste caso o brainstorm foi o mais adequado.

69
Para direcionar a criação do símbolo, utilizou do acrônimo AS,

de Athletic Shoes, como base para os rafes. As letras AS, não

remetem a nenhum dos conceitos estabelecidos, ou a alguma

qualidade ou característica do produto, portanto, sua

presença deveria ser subjetiva, quase imperceptível. Durante

o desenvolvimento das idéias, utilizando-se de traços livres,

observou-se a semelhança das formas com a fita rompida

pelo corredor na linha de chegada de uma maratona, e este

formato acabou sendo escolhido por ter coerência com o

conceito de vitória. Associando-se as letras AS ao formato de

uma fita, e adicionando-se a inclinação para transmitir a

sensação de movimento/performance, o resultado foi um

símbolo bastante característico e após inúmeras tentativas

procurando utilizar o formato triangular do símbolo original, o

símbolo começava a surgir trazendo todos os conceitos

previamente estabelecidos. Durante esta fase não existe a

utilização de cores, ou de ferramentas gráficas do

computador, pois desta maneira pode-se criar de maneira

mais livre e menos delimitadora. Após selecionar as melhores

alternativas, o próximo passo é o refinamento e testes de

aplicação, onde a funcionalidade do símbolo é testada em

pontos de contato. O processo de geração e refinamento de

alternativas pode ser observados nas páginas seguintes.

70
Figura 51. Geração de alternativas.

No desenvolvimento das alternativas foi possível perceber

quais símbolos atendiam, ou não, aos requisitos pré

estabelecidos e dentro destes, as melhores alternativas são

selecionadas e novamente é feito um brainstorm direcionado

apenas as idéias mais consistentes. O objetivo é traçar

sugestões viáveis às futuras aplicações.

71
Figura 52. Geração de alternativas.

72
4.4 ILUMINAÇÃO

Um símbolo que transmitisse os três conceitos pré-

estabelecidos, demonstrasse clareza, organização e tivesse a

possibilidade de ser aplicado em diversos formatos,

principalmente um calçado. Estas foram as diretrizes para que

a iluminação desse continuidade ao processo.

Figura 53. Iluminação.

4.5 ELABORAÇÃO

Na elaboração o uso do computador desta vez é necessário

para refinamento dos traços, e para a realização de múltiplos

testes de cores e aplicações. Durante o processo a melhor

alternativa já começava a ser identificada, porém seu traço

ainda não estava harmônico, ou sua forma ainda não estava

definida. A definição veio, ao inserir o elemento que remete a

letra S, que antes estava sendo usado do lado externo do

símbolo, para dentro do elemento que simboliza a letra A.

73
Figura 54. Elaboração

4.6 DEFINIÇÃO DO SÍMBOLO E ASSINATURA VISUAL

Símbolo

Figura 54. Definição do grid estrutural de símbolo de marca.

Tendo o símbolo definido, ele é disposto em um grid

estrutural para ajuste de detalhes e geometrização de formas.


74
Feito isto, posicionamos o siímbolo junto a outros do mesmo

segmento para um exercício de visualização proposto por

Wheeler (2008). O objetivo é verificar se a idéia proposta

relaciona-se com os elementos utilizados no mesmo ambiente,

para que seja facilmente reconhecido pelo usuário.

Figura 55. Exercício de visualização.

Logotipo

A próxima etapa é a definição das fontes tipográficas, de

logotipo, de denominador e de apoio. É importante que a

tipologia tenha relação direta com os traços utilizados no

símbolo, para que o logotipo associado ao símbolo forme uma

assinatura visual com personalidade única e coerente.

Figura 56. Testes de fonte tipográfica.

75
Figura 57. Seleção da fonte tipográfica de logotipo e denominador.

Após a seleção da fonte, uma pequena modificação nas

vogais A e E, garantem ao logotipo a singularidade e

personalidade, e o logotipo passa a ser dominado de logotipo

de família existente modificada.

Assinatura Visual

Figura 58. Assinatura visual horizontal e grid estrutural.

76
Figura 59. Assinatura visual vertical e grid estrutural.

Figura 59. Relações de medidas e área de proteção.

77
Figura 60. Limites de redução.

Figura 61. Versões de cor.

78
4.7 SELEÇÃO DE CORES

Figura 62. Seleção de cores.

Novamente buscando manter a relação com a assinatura

visual anterior, a paleta de cores utilizada foi estabelecida a

partir da gama existente de tonalidades azul e vermelho. A

modificação trouxe um aspecto mais sóbrio ao conjunto e as

cores de apoio ao sistema trazem flexibilidade à marca

podendo se apresentar assim em diversas combinações, sem

que a assinatura visual não seja reconhecida.

79
4.8 CRIAÇÃO DOS PONTOS DE CONTATO

Um sistema de identidade visual organizado para uma marca

de artigos esportivos deve levar em conta a aplicação em

diversos pontos de contato e como parametrizar estas

aplicações. Para isto o manual de identidade visual estabelece

normas e critérios técnicos de reprodução da marca nos mais

variados suportes existentes no atual estado da técnica como

por exemplo: suportes gráficos (impressão) e suportes

eletrônicos (interfaces). Como base para os testes de

aplicação, os exemplos vieram de divisões feitas em lojas de

departamentos de artigos esportivos como Running e Futebol,

ou também Masculino e Feminino. As cores de apoio tentam

subdividir estas seções, deixando um sistema organizado e

dividido conforme o segmento em que for utilizado.

Figura 63. Testes aplicação.

80
Figura 64. Aplicações – Tag e Envelope.
81
Figura 65. Aplicações – Papel timbrado.
82
Figura 66. Aplicações – Cartão de visitas e pasta.

83
Figura 67. Aplicações – Caixas e Tênis com Tag.

84
Figura 68. Aplicações – Fachada e interior de lojas, cabides e outdoor.

85
CONCLUSÃO

Desenvolver o sistema de identidade visual para uma rede de

artigos esportivos, área ao qual tenho inclinação pessoal, foi

certamente acima de um desafio, uma grande satisfação em

termos de maturação profissional e pessoal. Durante o

exaustivo semestre onde encontramos adversidades e

motivações ao longo do caminho, prevalece sempre o objetivo

de desenvolver um trabalho que possa ser aproveitado no

futuro, ou como chamado no capítulo 4, que possa realmente

contribuir para o nascimento de futuros designers gráficos.

A construção da imagem de uma marca não está nas mãos de

quem desenvolve sua identidade visual, mas sim nas mãos do

usuário, e o exercício de tentar entender os anseios de quem

observa as marcas é o que agrega o conhecimento necessário

para o desenvolvimento.

O uso das metodologias de projeto, e a extensa captação das

informações é o que garantiu o completo entendimento dos

86
itens que compõem o repertório do meio de artigos

esportivos, e sendo assim, encaminham um processo quase

natural de analogias, gerações, adaptações e verificações das

tantas idéias possíveis a este tipo de projeto.

Para retratar os aspectos motivacionais que um praticante de

esportes espera em termos de informações visuais, um

designer precisa submergir no tema, e esforçar-se ao máximo

para representar todos os conceitos estabelecidos de maneira

imparcial, lógica, clara e organizada. Foi entendido que estes

são princípios básicos para a construção de qualquer

identidade visual, pois é o que define o profissionalismo de

uma empresa, e o quão preparada ela está para relacionar-se

com seus clientes e colaboradores. Foi entendido também,

que é possível desenvolver alternativas e idéias, liberando-se

de vícios, ou estilos de traços instrinsecos. Como citado em

um trecho do livro de Dualibi e Simonsen: “tornar familiar o

desconhecido” é o processo que estreita as relações entre a

identificação do problema a ser resolvido e o desenvolvimento

do projeto até sua solução.

A solução encontrada resolveu problemas de aplicação da

identidade visual, que por ser muito complexa, abava sendo

prejudicada. O novo símbolo é facilmente reproduzido em

diversas mídias, resolveu problemas de harmonia e coerência


87
estética, quando símbolo e fontes tipográficas estão

estabelecidos dentro de critérios de forma, definiu também,

um posicionamento da empresa perante os concorrentes,

sejam eles pequenos médios ou grandes. Em suma, o projeto

pretende tornar a marca Athletic Shoes, em um símbolo de

uma rede especializada em artigos esportivos, com alta

qualidade em seus serviços e produtos.

Por fim, a realização deste trabalho afirma a união da teoria e

prática, onde foi possível visualizar a convergência dos dados

obtidos no momento de desenvolvimento onde o critério de

revisão trouxe a tona um sistema de identidade visual,

autêntico, singular e com personalidade.

88
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Adidas - www.adidas.com
Athletic Shoes - www.athleticshoes.com.br
Asics – www.asics.com
Icograda - www.icograda.org
Logo Lounge - www.logolounge.com
Mizuno – www.mizuno.com
Nery Beck – www. nerybeck.com.br
Nike Business - www.nikebiz.com
Paquetá – www.paqueta.com.br
Timeline Index – www.timelineindex.com

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