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1º Período

 Reflexão sobre a língua

 Textos Informativos

 Textos de carácter autobiográfico


 Reflexão sobre a língua

 Textos Informativos
Lição 5/6

Signo Linguístico – é uma unidade de duas faces que combina o


significante a um significado.

Lição 7/84

Correcção do exercício de avaliação de


diagnóstico
1 - O assunto abordado neste texto é a criação e desenvolvimento do
serviço SMS
2 - 1º – O serviço SMS nasceu em 1992 quando Neil Papworth enviou uma
mensagem de feliz natal aos seus colegas.
2º – O serviço SMS possibilita o envio de letras e números até 160
caracteres, texto que fica armazenado no centro de mensagens do operador
sendo daí enviado para outro terminal.
3º - As potencialidades do SMS só foram descobertas em 1999, sendo
inicialmente mensagem escrita sinónimo de mensagem de voz. Actualmente,
para além de letras e números, são enviadas imagens e melodias.
4º - A linguagem SMS foi criada devido à necessidade de se enviarem
mensagens curtas e rápidas.
3 - Muitas são as potencialidades do SMS: podem-se enviar letras,
números, imagens e melodias, podem-se juntar na mesma mensagem texto
áudio e vídeo gravado em directo.
O serviço SMS, surgido em 1992, começou por enviar letras e números até
160 caracteres entre telemóveis.
4.1 – Ninguém – pronome indefinido.
Percebeu – verbo perceber no pretérito perfeito simples do indicativo.
Imediatamente – advérbio de modo.
Que – conjunção subordinativa integrante
Teria – verbo ter no condicional do indicativo
Este – determinante demonstrativo
Serviço – nome comum
4.2 – 1ºa oração – oração subordinante
2ºa oração – oração subordinada integrante

Gramática – conjunto de regras que comandam os mecanismos de


funcionamento de uma língua.
É composta por varias partes: a fonética (sons), sintaxe (combinação de
palavras) ou da morfologia (trata da classe das palavras).
Lição 9/10

Bordão de linguagem (ou bordão linguístico) – palavra ou


expressão usada no discurso oral para ganhar tempo necessário à
preparação de nova sequencia dispersiva. Ex.: tipo, portanto, pá.

Lição 11/12

Campo lexical – conjunto de palavras relacionadas com uma


determinada realidade. Ex. Campo lexical de futebol: bola, jogador, defesa,
avançado, etc.

Duplo Particípio

Libertar

Libertado (forma
Liberto (forma
regular)
irregular)

Quando os verbos possuem duas formas de particípio emprega-se a forma


regular com os auxiliares ter e haver e a forma irregular com os auxiliares ser
estar (ou ficar).

Lição 13/14

Catáfora – é a referência no texto a outro elemento que se encontra


colocado mais adiante.
Lição 15/16

Parágrafo – o parágrafo pode ser constituído por uma só frase ou


sequência de frases e contém em si o desenvolvimento de uma ideia.

Hiperónimo (hiperonímia) – é uma palavra que inclui a significação


do conjunto de outras. Ex.: felino e Hiperónimo de gato, leão e tigre, por
exemplo.
Hipónimo (Hiponímia) – corresponde a subordinação de sentido entre
uma palavra mais específica e uma mais geral. Ex.: Maçã é hipónimo de
fruto.

Conectores – palavras ou expressões que fazem a ligação entre frases


num período, e entre períodos dentro de um parágrafo, ou entre parágrafos.
Podem ser conjunções, advérbios ou mesmo frases completas. (ver pag. 321
e 322 – [esquema]).

Lição 17/18

Conectores Valor expressivo


Sem dúvida Facto dado como certo
Talvez Dúvida
Mas Contradição
A verdade é que Certeza
Provavelmente Dúvida
No entanto Contradição
Ao contrário de Exemplificação
Por exemplo Reafirmação
Ou seja Adicionar/agrupar elementos ou
ideias
Se Condição/hipótese
Isto Esclarecer uma ideia
A primeira Organização de ideias (sequência)
Realmente Insistência em ideias já expostas
No fundo Insistência
Lição 21/22

Família de palavras – conjunto de palavras derivadas ou compostas


que têm origem numa mesma palavra.

Conjugação Pronominal
Por razoes que por vezes tem a vem com a evolução da língua, os
pronomes pessoais o, a, os, as passam a lo, la, los, las quando seguem
formas verbais terminadas em r, s ou z. Estas consoantes desaparecem.

Ex.: Eu vou encontrar a Joana. – Eu vou encontrá-la.


Ele traz o chapéu. – Ele trá-lo.
Nós achamos o cão. – Nós achámo-lo.

Sempre que a forma verbal termina em ditongo ou vogal nasal, os


pronomes o, a, os, as passam a no, na, nos, nas.

Ex.: Eles acompanham a Joana. Eles acompanham-na

Sempre que a forma verbal se encontra no futuro ou condicional, os


pronomes o, a, os, as ligam-se ao radical do infinitivo passando a lo, la, los,
las.

Ex.: Eu comprarei um livro. – Eu comprá-lo-ei.


Eu compraria um livro. – Eu comprá-lo-ia.

O Requerimento (modelo)

Entidade a quem é dirigido.


Identificação do requerente, Bi, etc.
Vem por este meio solicitar a V. Ex.ª

Pede deferimento,
Local, Data,
Assinatura
Lição 23/24

Actos ilocutórios
É a relação que o falante estabelece com o seu interlocutor.
Aquele que fala ou escreve designa-se locutor.
Aquele que recebe a mensagem designa-se alocutório.
Há vários tipos de actos ilocutórios: Acertivos, directivos, compromissivos,
expressivos ou declarações acertivas. (ver pag. 328 e 329)

Frases interrogativas
Frases interrogativas

Totais

Parciais

Directas
(terminam com “?”)

Indirectas
(não terminam com ponto final)

Totais – Formuladas com o objectivo de obter uma resposta afirmativa ou


negativa.

Parciais – Caracterizam-se pela presença de pronomes ou advérbios


interrogativos.
Lição 29/30
Palavras parónimas – São muito semelhantes gerando por vezes
confusão. Embora tenham significados diferentes, são muito parecidas na
grafia e na pronúncia.

Palavras homófonas – São aquelas cuja pronúncia é igual mas têm


grafia e significados diferentes.

Lição 39/40

A Carta
Alguns consideram as cartas como a escrita autobiográfica por excelência.
A importância da privacidade e, consequentemente, da curiosidade que pode
suscitar, a democratização da escrita, a tematização literária da intimidade,
fazem da carta o lugar fundamental em que o sujeito e a escrita se reflectem.
A carta resulta de uma estratégia discursiva, por princípio, interactiva: trata-
se de um discurso eminentemente pessoal em que um locutor se dirige, por
escrito, a um alocutário ausente, estabelecendo uma comunicação diferida no
tempo e distanciada no espaço: daí as marcas contratuais que a carta
normalmente patenteia – data, local, formas de tratamento, vocativos,
saudações, formas de despedida, etc. Estas marcas contratuais estão
eventualmente ligadas a circunstância históricas e culturais. (ver pag 304).

Modelo:

Remetente
Morada, etc.
Cod postal
Exmo. Sr. Director
Empresa, morada
Código postal

Local, data

Exmo. Sr.,

Com os melhores cumprimentos,


Assinatura
 Textos de Carácter Autobiográfico
Lição 41/42

O diário
O diário é um dos géneros da literatura autobiográfica mais cultivados, pois
é confidente tanto do homem público como do privado, tanto do escritor como
do jovem comum.
O Estatuto do diário é o da confidência – extroversão da vida íntima para
um amigo.
Como na confidência, a relação entre o eu e o diário define-se pela
contradição entre a vontade de falar e o segredo. O diário funciona de facto
muitas vezes com o interlocutor, como sucedâneo (substituto) de um
interlocutor real.
O diário nasce de uma situação de isolamento imposto ou voluntário –
escreve-se o diário na prisão, escreve-se o diário a bordo. Qualquer forma, o
impulso diarístico decorre de uma necessidade de comunicação do eu
consigo mesmo. Pode não ser apenas um caderno de confidência, pode
voltar-se para o exterior e albergar impressões de viagem, comentários de
leituras, reflexões politicas ou morais.
O diário é em si comparável com um capital, e a sua parecença com um
livro de contas como demonstra o titulo “conta corrente” como escolheu
Virgílio Ferreira para o seu diário, Nos diários, os autores fazem um balanço
da sua produção escrita das suas amizades, gravam a consciência do seu
envelhecimento e conservam a lembrança das imagens dos seus
sentimentos.

Autobiografia (pag 130)


O texto encontra-se escrito na primeira pessoa como se pode observar pela
presença dos pronomes eu, meu, mim, me e pelos verbos conjugados na
primeira pessoa: estou, tento, tenho, etc.…
Neste texto, o sujeito de enunciação identifica-se com o autor e, que a partir
de um acontecimento, faz reflexões e digressões acerca de si próprio e
acerca da sua escrita. Uma vez que o texto se inicia com local e data,
podemos concluir que se trata de uma página de um diário.
A Biografia
Como o termo indica, a biografia constitui a representação da vida de uma
determinada personalidade, sobretudo no que diz respeito aos
acontecimentos que lhe deram peculiaridade
A biografia distingue-se da autobiografia por a relação entre o sujeito de
enunciação e o sujeito de enunciado ser de inegável alteridade (qualidade de
falar do outro).
O sujeito de enunciação coloca-se numa situação de radical exterioridade
quanto ao protagonista podendo essa exterioridade ser assumida tanto por
um narrador heterodiegético, pesquisador distanciado e estranho ao universo
do biografado como o narrador homodiegético, testemunha directa da
existência do biografado.
A biografia constrói-se em termos de revelação apresentando gradual e
calculadamente diferentes etapas do desenvolvimento de uma vida. Numa tal
construção exige muitas vezes uma atitude selectiva por parte do biógrafo
que elege os eventos que considera dignos de menção.

Lição 51/52

Autobiografia Biografia

A autobiografia é um registo A biografia permite um maior


subjectivo – relata alguns episódios conhecimento do percurso de vida
recordados e intensamente vividos do biografado, fornece informações
pelo autor, sem qualquer detalhadas de todos os
preocupação de datação ou acontecimentos marcantes no seu
localização exacta. percurso, organizados
cronologicamente e situados
geograficamente.
Na autobiografia é usado um Na biografia utiliza-se um registo
registo de língua literário. A de língua cuidado. A biografia
autobiografia recorre a um recorre a um vocabulário objectivo,
vocabulário rico em adjectivos e a predominando sobretudo os
construção frásica e complexa. O substantivos e os verbos. O discurso
discurso e de primeira pessoa, e de terceira pessoa.
A intenção da autobiografia é A intenção da biografia e
artística, literária, emocional. informativa.

Nota:
Quer a biografia, quer a autobiografia apresentam uma total
adequação comunicativa, pois ambos se ajustam à intenção com que foram
escritos. A autobiografia aproxima-se do diário e da carta, pois também é um
registo na primeira pessoa e, por isso, pessoal e subjectivo.
2º Período

 Contos do Século XX

 Poesia do Século XX
 Contos do Século XX
Lição 57/58

O conto
Conto – Género narrativo em prosa, caracterizado por uma extensão
reduzida, poucas personagens e concentração espácio-temporal. A acção é
linear, circunscrevendo-se a um conflito, a um episódio ou a um
acontecimento insólito, por vezes aparentemente insignificante.

Origens do conto
Constituído tal como o romance ou a novela, um género do modo narrativo,
o conto é normalmente definido como uma narrativa curta. A extensão do
conto decorre em grande medida das suas origens sócio-culturais.
O conto enraíza-se em tradições culturais muito antigas que faziam do ritual
do relato um factor de sedução e aglutinação comunitária. São exemplo disso
as “1001 noites” e “Deamon” de Bocaccio, O conto estava, originalmente,
ligado a situações narrativas elementares. Nelas, o narrados na atmosfera
quase mágica, instaurada pela expressão ‘era uma vez’, suscitava num
auditório fisicamente presente o interesse por acções relatadas no único acto
de narração e que tinham, geralmente, para alem dessa função lúdica, uma
função moralizante.

Características do conto
O conto literário herdou muitas características destas narrativas primitivas.
Veja-se, por exemplo, a função moralizante dos contos literários de Sophia de
Mello Breyner Andersson.
As categorias da narrativa que de modo mais notório são atingidas pela
reduzida extensão do conto, são a acção, personagem e tempo.
Relativamente à primeira é de salientar que o conto tende à concentração
dos eventos, não consentindo a inserção de acções secundárias nem acções
descritivas.
A personagem não é uma personagem completa mas sim um elemento
estático. Muitas vezes o tempo da história relatado no conto é reduzido,
podendo abranger apenas um dia. Quando tal não acontece, o tempo é
tratado de forma económica – predominância do sumário elipse e das
técnicas narrativas.

O conto do séc. XX
È já longa a tradição do conto na literatura portuguesa. Se não
considerarmos os contos populares e tradicionais transmitidos oralmente
sendo mais tarde recolhidos por estudiosos como Teófilo Braga, o primeiro
livro de contos publicado em Portugal é “Contos e Histórias de proveito e
exemplo” (1575) de Gonçalo Fernandes Trancoso, obra muito influenciada
pelo “Deamon”.
No princípio do sec. XIX a preocupação moralizante desaparece mas
subiste a tendência para a narrativa que se cinja à realidade desde quer ser
histórica, quer seja do domínio da experiência do autor. Alexandre Herculano
recria as breves histórias, conservadas da Idade Média em “Lendas e
Narrativas”.
Quando Eça de Queirós tenta renovar a escolha dos assuntos, afastando-se
dos factos mais ou menos históricos a sua tendência para o fantástico em
contos como “A perfeição”, espanta muitos dos seus críticos. De qualquer
forma, no decorrer da segunda metade do sec. XIX, o conto vai-se definindo
como um relato de um episódio singular. Para além de Eça, autores como
Fialho de Almeida e Trindade Coelho contribuíram para o prestígio deste
género literário considerado até então secundário.
No sec. XX, assiste-se à confirmação da crescente importância do conto
com autores como Aquilino Ribeiro ou Raul Brandão. Neste século verifica-se
frequentemente a coexistência (existência em simultâneo) de um poeta e de
um contista num mesmo autor como acontece com Mário de Sá Carneiro,
José Régio, Miguel Torga, Manuel da Fonseca ou Sophia de Mello Breyner
Andersson. Assim dignificado pelo número imérito dos seus cultores, o conto
ocupa na literatura portuguesa um lugar proeminente (muito elevado) e cheio
de prestígio. André Crabbé Rocha considera mesmo que o conto de casa
‘bem’ com o temperamento português feito de pronta emoção e de impulsos
apaixonados.

Onomástica – conjunto de palavras que formam uma língua.

Lição 65/66

O valor do advérbio de modo


Em geral, o advérbio de modo traduz a maneira como algo sucede ou é
avaliado. Ex.: chegou rapidamente à escola.
Por vezes o advérbio de modo desempenha uma função semelhante à do
adjectivo, caracterizando uma personagem ou um objecto.
Lição 69/70

Discurso Directo/Indirecto

Discurso Directo  Discurso Indirecto


Discurso de 1ª pessoa Discurso de 3ª pessoa
Presente do Indicativo Pretérito imperfeito do Indicativo
Presente do conjuntivo Pretérito imperfeito do Conjuntivo
Futuro Futuro do Pretérito (Condicional)
Modo imperativo Modo conjuntivo
Pronomes ou determinantes de 1ª Pronomes ou determinantes de 3ª
ou 2ª pessoa: pessoa:
 Este, esse, isto, isso  Aquele, aquilo
 Meu, teu  Seu, dele
Advérbios: Advérbios:
 Aqui, cá  Ali, lá
 Agora já, ontem,  Então, logo, naquele dia,
amanha no dia seguinte
 Assim  Daquele modo
Interrogativa Directa Interrogativa Indirecta
Vocativo O vocativo desaparece ou passa a
complemento indirecto

Lição 73/74

Funções do Diálogo
1. Caracterização das personagens;
2. Informação sobre o contexto dos acontecimentos: antecedentes
da acção, relação entre personagens.
 Poesia do Século XX
Lição 79/80

Poesia – Definir poesia não é tarefa fácil. O dicionário, por exemplo,


define poesia como arte de expressão literária sob a forma de verso onde são
combinadas harmoniosamente palavras, ritmos, imagens, de forma
intencional. Alguns poetas têm também tentado definir poesia: “A poesia não
se explica, a poesia implica”, “A poesia é a essência do mundo e os ritmos
em que se exprime constituem a forma do mundo”, “A poesia é decifração ao
cifrar os sinais dos tempos através dos múltiplos sentidos”, “Escrever poesia
é estar atento aos sinais mágicos da palavra”.

Lição 83/84

A poesia de Miguel Torga


Alguns dados sobre a vida e obra do poeta:

Miguel Torga cujo nome verdadeiro era Adolfo Correia de da Rocha, nasceu
em 1907 em S. Martinho de Anta, Trás-os-Montes, no seio de uma família de
camponeses. Terminada a escola primária e devido a problemas económicos,
o pai mandou-o para o Porto como moço de recados. Depois entro para o
Seminário, mas o seu espírito rebelde não suportou o regime opressor da
instituição. Aos 13 anos emigrou para o Brasil onde, durante 5 anos,
trabalhou numa fazenda. Mais tarde o tio paterno paga-lhe os estudos e
termina em 3 anos todo o liceu. Aos 21 anos iniciava o curso de medicina,
passando a exercer a actividade de otorrinolaringologista a partir de 1941 em
Coimbra.
Em 1928, entretanto, iniciava Miguel Torga a sua actividade literária, com o
livro de poesia “Ansiedade”. Em 1939 foi preso pela PIDE após a apreensão
do seu livro “4º dia da criação do Mundo”. Uns meses depois casou com uma
belga, professora de literatura.
Ao longo de 67 anos, Miguel Torga publicou uma obra singular, na qual
conta 15 livros de poesia entre os quais se destacam “Libertação” (1944),
“Nihil Sibi” (1944), “Cântico do Homem” (1950), “Poemas Ibéricos” (1965),
“Orfeu rebelde” (1958), 17 volumes de prosa como “Bichos” (1940), “Contos
da montanha” (1941) e “Novos contos da montanha” (1944). Para além disso
escreveu 16 volumes do diário. Morreu em Coimbra a 17 de Janeiro de 1995.

Características da poesia de Miguel Torga:


“Para ser grande, sê inteiro: Nada/teu exclui” – Ricardo Reis.
É esta inteireza que constitui a marca essencial Da poesia de Miguel Torga.
Escrevia o poeta no “Diário X” (1969) que a sua poesia “cada vez deseja ter /
mais força de inspiração / mais poder de encanação / mais livre sinceridade /
e ser, nessa liberdade / hálito de comunhão / do mundo / da humanidade.
Os versos de MT deixam transparecer uma ambição de absoluto – o
absoluto da fidelidade do Homem a si próprio, o absoluto da amizade perfeita
e do amor para sempre. O absoluto da justiça numa sociedade solitária,
fraterna.
Contudo, tem consciência que “o absoluto deve permanecer pura inspiração
porque a felicidade do Homem está no relativo e portanto na contradição, na
luta, na esperança desesperada”.
Miguel Torga é simultaneamente o poeta da angústia e o poeta da
esperança. Empenha-se na afirmação da dignidade humana que tende
mesmo a por em questão qualquer transcendência divina.
Para o poeta a afirmação do humano e a negação do divino.
As palavras mais constantes e obsessivas da sua ora são Liberdade, deus e
destino.
Os dois pólos da religação do Homem ao transcendente tendem a um
conflito que se vai agudizando ao longo da obra do poeta. A par desta tensão
inesgotável, verifica-se na poesia de Torga um conflito cósmico. É notória a
implicação do sobrenatural no natural da poesia torguiana e por isso o
telurismo é uma das suas características fundamentais: “Quando falamos de
telurismo de Miguel Torga queremos dizer a constante e urgente fascinação
com que as leis da vida elementar e natural entram na sua poesia” (citação
de Fernão Magalhães Gonçalves).
No lirismo (conjunto de poesia) de Miguel Torga assiste-se a uma busca de
continuidade absoluta entre o homem e a Terra que tenha por causa e
finalidade a criação, a vida.
O telurismo de Torga +e o apego (ligação) obstinado (teimoso) ao Homem
de Pés no chão, ao Homem de carne e osso, a paixão pela vida. Para o
poeta, o Homem deve ser capaz de se realizar no mundo, deve unir-se à
Terra para que a vida tenha sentido e o próprio sagrado se manifeste. A terra
constitui para o poeta o ventre materno, o chão duro que recebe a semente e
que procria.
Trás-os-Montes apresenta-se na obra do poeta como a terra de Deus ou
Deuses. É na sua terra natal que encontra ternura e sofrimento, o povo com
as suas alegrias e a sua dor.
O telorismo de Torga exprime-se assim na sua ligação à terra, na sua
fidelidade ao povo, na sua consciência de português. Mas o poeta não se
contenta em exaltar a terra com os seus frutos, o sol ou o vento. Há sempre
insatisfação mesmo quando o poeta afirma que é necessário “nascer e ficar
aqui / onde os pés sentem firmeza”. Torga busca na terra a sua verdade
universal, mas sente a condição humana com todos os seus limites.
Lição 87/88

Algumas noções de versificação (ver


fotocópia)
Estrutura métrica

Versos de 3 sílabas Trissílabos


Versos de 4 sílabas Tetrassílabos
Versos de 6 sílabas Hexassílabos
Versos de 8 sílabas Octossílabos
Versos de 9 sílabas Eneassilabos
Versos de 11 sílabas Hendecassílabos

Quando as estrofes de um poema têm versos com o mesmo número de


sílabas diz-se que são isométricas.
Quando os versos têm medida diferentes diz-se que são heterométricas.

Estrutura estrófica

Se a estrofe tem mais de 10 versos, diz-se que é irregular.


Quando o poema é constituído por estrofes com o mesmo número de
versos, diz-se que a sua estrutura é isoestrófica.
Quando o número de versos é deferente diz-se que a estrutura é
anastrófica.

Estrutura Rimática

Quanto à disposição

Rima cruzada
Abab

Rima emparelhada
Aabb

Rima interpolada
Abca
Quanto à qualidade

Rica
(rima com palavras de classe
gramatical diferentes)

Pobre
(rima com palavras da mesma
classe gramatical)

Quanto à sonoridade

Feminina
(rima com palavras graves)

Masculina
(rima com palavras agudas)
Lição 91792

A poesia de Sophia de Mello Breyner


Andersson

Sophia de Mello Breyner Andersson é sem dúvida um dos maiores poetas


portugueses contemporâneos e o nome que se transformou em sinonimo de
poesia.
Sophia nasceu no porto em 1919 no sei de uma família aristocrática. A sua
infância e juventude decorreram entre o Porto e Lisboa, onde tirou o curso de
filologia clássica na universidade,
Depois do seu casamento com Sousa Tavares, fixa-se em Lisboa, passando
a dividir a sai actividade entre a poesia e a actividade politica, contra o regime
de Salazar.
O 1º livro de poesia que publicou, intitula-se “Poesia” em 1944. Trata-se de
uma vasta obra de onde se destacam os livros “Mar novo”, 1958, “Livro
sexto”, 1962, “Dia do mar”, 1974, “O nome das coisas”, 1977. Para além da
poesia, Sophia escreveu ficção como “Contos exemplares”, 1962, ou
“Histórias da terra e do mar”, 1984. É também conhecida a sua obra para
crianças como a “Menina do mar”, 1958, “Fada
Oriana” e o “Cavaleiro da Dinamarca”. Escreveu ainda ensaios e 2 peças de
teatro e traduziu também textos de diferentes autores. Sophia morreu em
Lisboa, no verão de 2004.
Em vários textos de natureza auto reflexiva, Sophia retrata o poeta como
agente de uma aliança, como o sacerdote do absoluto, assumindo assim o
seu oficio um carácter sagrado.
Para Sophia, a criação poética exige uma disponibilidade total. O
despojamento é um dos preceitos fundamentais do ritual da poesia e o
silêncio, despojamento da palavra é, segundo a autora, propicia do acto de
criação.
Ao referir-se aos seus primeiros contactos com a poesia, Sophia evoca as
razoes remotas desse recolhimento: “é possível que esta maneira esteja em
parte ligada ao facto de, na infância, muito antes de eu saber ler, me terem
ensinado a decorar poemas. Encontrei a poesia antes de saber que havia
literatura. Pensava que os poemas não eram escritos por ninguém, que
existiam em si mesmos, por si mesmos, que eram como que um elemento
natural, que estavam suspensos imanentes. E que bastaria estar muito
quieta, calada e atenta para os ouvir. Desse encontro inicial, ficou em mim a
noção de que fazer versos era estar atento e de que o poeta é um escutador”
(Arte poética IV).
As principais temáticas da poesia de Sophia são, sem dúvida, a busca do
real e a busca da justiça. Sophia salienta que a busca da essência das coisas
da ordem das coisas, da verdade das coisas, leva igualmente a procurar a
ordem e harmonia do homem a buscar justiça. (p. 192). Tal leva a autora a
concluir que a poesia é uma moral, é a revolta face ao sofrimento humano. A
inteireza do poeta que para Sophia constitui um dos fins últimos da sua
criação, esta em que a poesia é feita de louvor e de protesto. A principal
função do poeta é assim a de influenciar a vida e o destino dos outros,
contribuindo para a formação de uma consciência comum, entendida como
movimento que evolui do caos para a ordem. Os valores da integridade, da
harmonia e da justiça, que Sophia encontra no mundo antigo, na civilização
mítica da Grécia, estão ausentes do mundo actual, de que a sociedade
urbana é paradigma (realidade que serve de exemplo), “A cidade é a vida
suja, hostil, inutilmente gasta”. É pela poesia que Sophia luta
permanentemente por reencontrar a harmonia perdida, procurando
reconstruir as forças destrutivas instaladas no interior do homem, na
sociedade e no poder.
É na perfeição do universo na ordem do real que Sophia encontra o modelo
original, a forma justa. É na comunhão, na aliança com a natureza que a
autora procura a religação com o sagrado. A natureza e em particular a
natureza marítima, surge na sua poesia como o espaço primordial como lugar
do reencontro de eu na solidão, longe do bulício da cidade e de comunhão
com o que há de mais puro.
Sendo marcadamente mediterrânica, a poesia de Sophia encontra a par da
luz e simbologia do sol e dos símbolos associados ao mar, a sua respiração
vital. O mar assume uma presença genesíaca e purificadora.
O mar, a casa, a praia, os jornais são todos eles suporte de demanda de eu
pela perfeição, pela pureza e pela harmonia. Por exemplo e no jardim que o
eu recupera a sua dimensão intemporal que possuía nas origens.
Em conclusão, Sophia procura continuamente privilegiada com os
elementos naturais refrescando os seus sentidos na captação das sensações
da natureza, numa busca da pureza original e da transparência cósmica.

Lição 97/98

Valores particulares da conjunção


coordenativa copulativa
Geralmente a conjunção e tem como valor adicionar ideias. Contudo, por
vezes, assume outros valores:
1. Articulação de ideias oposta. Ex. Tenho aprendido tanto e não sei
nada.
2. Expressão de uma conclusão. Ex. Qualquer movimento e será um
homem morto.
3. Expressão de uma finalidade. Ex. Vou decorar o texto e transmiti-
lo mão meu irmão.
4. Valor executivo. Ex. Estou sonhando e não que me acordem.

Nota:
A nova terminologia linguística mudou a designação de Condicional
para Futuro do passado.

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