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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA


E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DANIELA CAROLINA MARQUES

ESTUDO DAS PROPRIEDADES


TERMODINÂMICAS DE MISTURAS DE METANO
EM OLEFINA LINEAR

CAMPINAS
2016
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Elizangela Aparecida dos Santos Souza - CRB 8/8098

Marques, Daniela Carolina, 1988-


M348e MarEstudo das propriedades termodinâmicas de misturas de metano em
olefina linear. / Daniela Carolina Marques. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

MarOrientador: Paulo Roberto Ribeiro.


MarDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Mecânica e Instituto de Geociências.

Mar1. Solubilidade. 2. Olefinas. 3. Poços de petróleo - Perfuração. 4. Poços de


petróleo - Fluidos de perfuração. I. Ribeiro, Paulo Roberto,1961-. II.
Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III.
Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Study of thermodynamics properties of methane and olefin


mixtures
Palavras-chave em inglês:
Solubility
Olefins
Oil wells - Drilling
Oil wells - Drilling fluids
Área de concentração: Explotação
Titulação: Mestra em Ciências e Engenharia de Petróleo
Banca examinadora:
Paulo Roberto Ribeiro [Orientador]
Sérgio Nascimento Bordalo
Otto Luiz Alcântara Santos
Data de defesa: 19-02-2016
Programa de Pós-Graduação: Ciências e Engenharia de Petróleo
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho as duas pessoas mais importantes na minha vida: ao meu pai,
Daniel, e a minha mãe, Angela.
AGRADECIMENTOS

Esse trabalho não teria sido possível sem o apoio e incentivo da minha família e amigos.
Gostaria de expressar minha gratidão e respeito pelo meu orientador, Prof. Dr. Paulo
Roberto Ribeiro, pela orientação, apoio e preciosos comentários durante o desenvolvimento deste
trabalho.
Agradeço também aos técnicos Leandro Augusto Fernandes e Luiz Benedicto Pompeo
Neto por todo o suporte para a concretização deste trabalho.
A Alice Kiyoka Obata pelos cafés e chás maravilhosos e além dos artigos fornecidos.
Sou não menos grata aos meus amigos e colegas do DEP, especialmente ao Cláudio,
Felipe, Epaminondas, Antônio e Pedro pelo companheirismo.
Ao Nilo, Marta, Diogo e Pedro Alcântara Pessôa Filho que me auxiliaram no decorrer
da pesquisa.
Agradeço imensamente a todos os meus professores, pois muito aprendi com eles
especialmente àqueles que com pequenos gestos se tornaram exemplos de vida para mim.
Aos funcionários da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP e a todos os
cidadãos brasileiros que contribuem para a manutenção da universidade.
Ao Centro de Estudos de Petróleo (CEPETRO) pela infraestrutura e ao Programa de
Recursos Humanos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (PRH/ANP)
pela concessão da bolsa de estudo.
Ao apoio da PETROBRAS, particularmente, a Dra. Rosana de Fátima Teixeira Lomba e
ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES) pelo
fornecimento da olefina linear.
Agradeço sobretudo a Deus.
RESUMO

A descoberta do pré-sal em águas profundas evidenciou um ambiente desafiador para a perfuração


devido a demanda e restrição técnica fomentando o desenvolvimento de tecnologias. Com isso,
falhas na adequação do fluido de perfuração, restrições ambientais e perda de circulação são
exemplos da importância do fluido para a eficiência das operações bem como redução de custos
operacionais. Nessa perspectiva, conhecer o comportamento da mistura fluido de perfuração e gás
da formação é essencial em situações de influxo de gás da formação para o poço. Assim como o
conhecimento do comportamento volumétrico permite melhor adequação do fluido a janela
operacional colaborando com o controle de poço e, por conseguinte, com a segurança operacional,
uma vez que fluidos de perfuração base sintética são mais sensíveis a variação de pressão e
temperatura do que fluidos de perfuração base água. De acordo com a literatura, a olefina linear
apresenta menor toxicidade e maior biodegradabilidade se comparada a n-parafina e, portanto,
atende aos novos requisitos apresentados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) o qual impôs restrições quanto ao descarte de fluido de
perfuração base parafínica em operações marítimas. Nesse cenário, primeiramente foi estudado o
efeito da pressão e temperatura no comportamento volumétrico da olefina linear pura no intervalo
de 15oC a 55oC e pressões de até 96,63 MPa através de uma célula PVT com limite operacional de
15oC a 200oC e 103 MPa. Num segundo momento, ensaios PVT foram realizados para misturas de
metano em olefina linear com fração molar de gás variando entre 30% a 50% num intervalo de
25oC a 80oC. Adicionalmente, os dados obtidos foram comparados com os obtidos
experimentalmente para a n-parafina pura e na literatura para misturas de metano em n-parafina.
Além disso, correlações matemáticas representativas dos dados experimentais foram obtidas para
cálculo da massa específica, razão de solubilidade e fator de volume de formação do óleo. O estudo
mostra que a mistura metano-olefina linear é mais sensível a mudanças de temperatura e pressão do
que a mistura metano-n-parafina. A análise da razão de solubilidade indicou que o gás metano é
menos solúvel na olefina do que na n-parafina e éster.

Palavras Chave: solubilidade, perfuração, olefina linear, PVT.


ABSTRACT

The discoveries made in the pre-salt layer in deep water have evidenced a challenging environment
for drilling operations because of the demand and technical restriction fomenting technological
development. Therewith drilling fluids inadequacies, environmental restriction and lost circulation
are examples of the drilling importance for the operational efficiency as for cost reduction. In this
context, understanding the drilling fluid and gas formation mixture behavior is essential in
situations of gas influx from the formation into the wellbore. Moreover, the volumetric behavior
knowledge allows better drilling fluid adequacy to the operational window collaborating with well
control, and consequently in the operational safety once the synthetic based drilling fluids are more
sensitive to the pressure and temperature variations then water based drilling fluids. According to
the literature, linear olefins show less toxicity and better biodegrability when compared to paraffins
and esters, therefore they fit in with the new requirements presented by Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) which restricted the disposal of cutting associated
with paraffins in offshore operations. In view of it, firstly we study the pressure and temperature
effect on the linear olefin volumetric behavior in the temperature range of 15ºC to 55ºC and
pressure up to 96,63 MPa in a PVT cell with an operational limits of 15ºC to 200ºC and 103 MPa.
Secondly, PVT tests were conducted for methane and linear olefin mixtures with a gas molar
fraction of 30% to 50% in a range of 25ºC to 80ºC. Additionally, the data collected were compared
to experimental data for n-paraffin and literature data for methane and n-paraffin mixtures.
Furthermore, mathematical correlations representatives of the experimental data were conducted for
the density, solubility ratio and oil formation volume factor. The present study showed that methane
and linear olefins mixtures are more sensitive to temperature and pressure changes than methane
and n-paraffin mixtures. The solubility ratio analyses indicated that methane gas is less soluble in
olefin base than n-paraffin or ester bases.

Key Word: solubility, drilling, linear olefin, PVT.


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Gráfico da profundidade versus pressão no anular. ....................................................... 30


Figura 3.1 - Aparato experimental. .................................................................................................... 39
Figura 3.2 - Corte transversal da célula PVT. .................................................................................... 40
Figura 3.3 - Representação esquemática da célula PVT. ................................................................... 41
Figura 3.4 - Gráfico da pressão versus volume para misturas de metano em olefina linear afim de
determinar a pressão de saturação para diferentes frações molares de gás a 25oC. ........................... 45
Figura 3.5 - Imagem do picnômetro utilizado para determinação da massa específica a 1,83 MPa. 48
Figura 3.6 - Imagem da balança. ........................................................................................................ 49
Figura 4.1 - Análise comparativa entre a massa específica da água a 50ºC obtido experimentalmente
e na literatura. ..................................................................................................................................... 54
Figura 4.2 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água a
25ºC obtido experimentalmente e na literatura. ................................................................................. 55
Figura 4.3 - Coeficiente de compressibilidade isotérmico da água destilada. ................................... 56
Figura 4.4 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água
obtido experimentalmente e na literatura a pressão atmosférica. ...................................................... 56
Figura 4.5 - Massa específica da olefina linear em função da pressão. ............................................. 57
Figura 4.6 - Efeito da pressão e temperatura na variação da massa específica da olefina linear. ...... 58
Figura 4.7 - Coeficiente de compressibilidade isotérmico da olefina linear em função da pressão. . 59
Figura 4.8 - Coeficiente de expansão térmica isobárico da olefina linear em função da temperatura.
............................................................................................................................................................ 59
Figura 4.9 - Possível solidificação da olefina linear a 69,05 MPa e 15ºC. ........................................ 60
Figura 4.10 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a
25ºC. ................................................................................................................................................... 61
Figura 4.11 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a
35ºC. ................................................................................................................................................... 61
Figura 4.12 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a
45ºC. ................................................................................................................................................... 62
Figura 4.13 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a
55ºC. ................................................................................................................................................... 62
Figura 4.14 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a
70ºC. ................................................................................................................................................... 63
Figura 4.15 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a
80ºC. ................................................................................................................................................... 63
Figura 4.16 - Razão de solubilidade da olefina linear na pressão de saturação para as frações
molares de gás de 30%, 40% e 50%. ................................................................................................. 64
Figura 4.17 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da
pressão a 25ºC. ................................................................................................................................... 65
Figura 4.18 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da
pressão a 35ºC. ................................................................................................................................... 65
Figura 4.19 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da
pressão a 45ºC. ................................................................................................................................... 66
Figura 4.20 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da
pressão a 55ºC. ................................................................................................................................... 66
Figura 4.21 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da
pressão a 70ºC. ................................................................................................................................... 67
Figura 4.22 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da
pressão a 80ºC. ................................................................................................................................... 67
Figura 4.23 - Fator de volume de formação do gás metano em função da pressão. .......................... 68
Figura 4.24 - Pressão de saturação da mistura de metano em olefina linear para as frações molares
de gás de 30%, 40% e 50%. ............................................................................................................... 68
Figura 5.1 - Análise comparativa entre a massa específica da olefina linear calculada e a obtida
experimentalmente a 25oC. ................................................................................................................ 73
Figura 5.2 - Análise comparativa entre a massa específica de misturas de metano em olefina linear
calculada e a obtida experimentalmente a 25oC................................................................................. 74
Figura 5.3 - Análise comparativa do fator de volume de formação de misturas de metano em olefina
linear calculada e a obtida experimentalmente a 25oC. ..................................................................... 76
Figura 5.4 - Análise comparativa entre a massa específica da olefina linear e n-parafina a 25ºC. ... 77
Figura 5.5 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da olefina
linear e n-parafina a 25ºC. .................................................................................................................. 78
Figura 5.6 - Análise comparativa entre a razão de solubilidade para n-parafina, éster e olefina em
metano a 70ºC. ................................................................................................................................... 79
Figura 5.7 - Análise comparativa entre a massa específica de misturas de metano em olefina linear e
de misturas de metano em n-parafina a 70ºC. .................................................................................... 80
Figura 5.8 - Análise comparativa entre a massa específica de misturas de metano em olefina linear e
de misturas de metano em n-parafina a 80ºC. .................................................................................... 80
Figura 5.9 - Análise comparativa entre o fator de volume de formação de misturas de metano em
olefina linear e de misturas de metano em n-parafina a 70ºC. ........................................................... 81
Figura 5.10 - Análise comparativa entre o fator de volume de formação de misturas de metano em
olefina linear e de misturas de metano em n-parafina a 80ºC. ........................................................... 81
Figura A.1 - Análise comparativa entre a massa específica da água a 50ºC obtido
experimentalmente e na literatura. ..................................................................................................... 94
Figura A.2 - Análise comparativa entre a massa específica da água a 80ºC obtido
experimentalmente e na literatura. ..................................................................................................... 95
Figura A.3 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água a
50ºC obtido experimentalmente e na literatura. ................................................................................. 95
Figura A.4 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água a
80ºC obtido experimentalmente e na literatura. ................................................................................. 96
Figura B.1 - Massa específica da n-parafina em função da pressão. ................................................. 98
Figura B.2 - Efeito da pressão e temperatura na variação da massa específica da n-parafina. .......... 99
Figura B.3 - Análise comparativa entre a n-parafina obtida experimentalmente e da literatura a
25ºC. ................................................................................................................................................... 99
Figura B.4 - Análise comparativa entre a n-parafina obtida experimentalmente e da literatura a
50ºC. ................................................................................................................................................. 100
Figura B.5 - Análise comparativa entre a n-parafina obtida experimentalmente e da literatura a
80ºC. ................................................................................................................................................. 100
Figura B. 6 - Coeficiente de compressibilidade isotérmico da n-parafina em função da pressão. .. 101
Figura B.7 - Coeficiente de expansão térmica isobárico da n-parafina em função da temperatura. 102
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Vantagem de cada método de gerenciamento de cascalhos. ......................................... 28


Tabela 2.2 - Desvantagens de cada método de gerenciamento de cascalhos. .................................... 29
Tabela 2.3 - Constantes PVT para bases óleo e sintéticas fornecidas por Zamora et al.(2000). ....... 33
Tabela 2.4 - Constantes para a equação de O'Bryan et al. (1988)...................................................... 36
Tabela 4.1 - Parâmetros para o cálculo da massa específica da água através. ................................... 54
Tabela 4.2 - Dados experimentais da massa específica da olefina linear determinados através de um
densímetro. ......................................................................................................................................... 69
Tabela 4.3 - Dados experimentas da massa da olefina linear a 1,93 MPa. ........................................ 69
Tabela 4.4 - Dados experimentais obtidos da viscosidade da olefina linear...................................... 70
Tabela 4.5 - Dados experimentais da massa molecular da olefina linear. ......................................... 70
Tabela B.1 - Composição da n-parafina............................................................................................. 97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Lista de abreviaturas

exp. - Experimento
FG - Fração molar de gás
liter. - Literatura
std - Condição padrão (determinada pela ANP: 20oC e 14,696 psi = 0,101 MPa)

Lista de siglas

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis


CCD - Charge Coupled Device (Dispositivo de Carga Acoplada)
CCE - Constant Composition Expansion (Expansão a Composição Constante)
CENPES - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello
CEPAGRI - Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura
CEPETRO - Centro de Estudos de Petróleo
ECD - Equivalent Circulating Density (Densidade Equivalente de Circulação)
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis
IOGP - International Association of Oil and Gas Producers (Associação Internacional dos
Produtores de Petróleo e Gás)
LAO - Linear Alpha-Olefin (Alfa-Olefina Linear)
LTMO - Low Toxicity Mineral Oil (Óleo Mineral de Baixa Toxicidade)
MPD - Managed Pressure Drilling (Gerenciamento da Pressão durante a Perfuração)
NIST - National Institute of Standards and Technology (Instituto Nacional de Padrões e
Tecnologia)
OL - Olefina Linear
PRH - Programa de Recursos Humanos
PVT - Pressão, Volume e Temperatura
SRDP - Statistical Reference Datasets Project (Conjunto de Dados de Referência Estatística)
LISTA DE SÍMBOLOS

Letras latinas

Bg Fator de volume de formação do gás [m3/m3 std]


Bo Fator de volume de formação do óleo [m3/m3 std]
co Coeficiente de compressibilidade isotérmico [GPa-1]
fcélula Constante do tubo [m3/m]
h Altura [m]
hpistão Altura do pistão [m]
m Massa [kg]
MM Massa molecular [kg/mol]
P Pressão [MPa]
PSat Pressão de saturação [MPa]
R2 Coeficiente de determinação
Rs Razão de solubilidade [m3 std/m3 std]
T Temperatura [oC]
V Volume [m3]
x Resultado fornecido pelo osmômetro [mmol/kg]

Letras gregas

α Coeficiente de expansão térmica isobárico [K-1]

γ g Densidade relativa do gás


µ Viscosidade dinâmica [mPa·s]
ρ Massa específica [kg/m3]

σ Desvio padrão do conjunto de medições


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 17
1.1 Objetivos ............................................................................................................................... 19
1.2 Escopo e Organização ........................................................................................................... 20
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................... 22
2.1 Base Olefínica ....................................................................................................................... 22
2.1.1 Toxicidade e biodegradabilidade ................................................................................... 24
2.1.2 Avaliação do destino e dos efeitos do descarte dos cascalhos ....................................... 26
2.2 Caracterização Volumétrica .................................................................................................. 29
2.2.1 Bases puras ..................................................................................................................... 31
2.2.2 Solubilidade do gás em fluido de perfuração ................................................................. 34
3 METODOLOGIA ........................................................................................................................ 38
3.1 Célula PVT............................................................................................................................ 38
3.1.1 Procedimento experimental e cálculos experimentais ................................................... 40
3.2 Densímetro ............................................................................................................................ 46
3.2.1 Metodologia densímetro ................................................................................................ 47
3.3 Picnômetro ............................................................................................................................ 47
3.3.1 Metodologia picnômetro ................................................................................................ 48
3.4 Viscosímetro ......................................................................................................................... 49
3.4.1 Metodologia viscosímetro .............................................................................................. 50
3.5 Osmômetro Crioscópico ....................................................................................................... 50
3.5.1 Metodologia osmômetro crioscópico ............................................................................. 50
4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ........................................................................................... 52
4.1 Célula PVT............................................................................................................................ 52
4.1.1 Aferição instrumental ..................................................................................................... 53
4.1.2 Olefina linear.................................................................................................................. 57
4.1.3 Misturas de metano em olefina linear ............................................................................ 60
4.2 Densímetro ............................................................................................................................ 69
4.3 Picnômetro ............................................................................................................................ 69
4.4 Viscosímetro ......................................................................................................................... 69
4.5 Osmômetro Crioscópico ....................................................................................................... 70
5 ANÁLISE EXPERIMENTAL ..................................................................................................... 71
5.1 Ajuste Matemático ................................................................................................................ 71
5.1.1 Correlações para a massa específica da olefina linear ................................................... 72
5.1.2 Correlação para a massa específica de misturas de metano em olefina linear ............... 73
5.1.3 Correlação para a razão de solubilidade de misturas de metano em olefina linear ....... 74
5.1.4 Correlações para o fator de volume de formação do óleo.............................................. 75
5.2 Análise Comparativa ............................................................................................................. 76
5.2.1 Olefina linear e n-parafina ............................................................................................. 77
5.2.2 Razão de solubilidade para misturas de metano em olefina linear e metano em n-
parafina....................................................................................................................................... 78
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................... 83
6.1 Revisão da Literatura ............................................................................................................ 83
6.2 Resultados Experimentais ..................................................................................................... 83
6.3 Análise Experimental ............................................................................................................ 85
6.4 Recomendações ..................................................................................................................... 86
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 87
APÊNDICE A – Análise PVT para a água ........................................................................................ 94
APÊNDICE B – Análise PVT para a n-parafina ............................................................................... 97
17

1 INTRODUÇÃO

Em 2007, a descoberta de petróleo e gás no pré-sal da costa brasileira, província


composta por grandes acumulações de óleo leve, de excelente qualidade e com alto valor comercial,
trouxe novos horizontes para o setor petrolífero.
Segundo o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 da Petrobras, principal operadora
nacional, em 2020 planeja-se alcançar uma produção total de óleo e gás (Brasil e internacional) de
3,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia e estima-se que 66% da produção total de óleo no
Brasil será proveniente de áreas do pré-sal.
Esse cenário evidenciou um ambiente desafiador para a perfuração devido a demanda
técnica e regulamentações ambientais fomentando o desenvolvimento de novas tecnologias para
perfuração em águas ultra profundas.
Conceitos como perfuração direcional e poços de grande afastamento elevaram as
exigências de fluidos de perfuração com propriedades que excedam aquelas de fluidos de
perfuração base água. No entanto, a utilização de fluidos de perfuração não aquosos no meio
ambiente marinho está sujeita às legislações ambientais. Dessa forma, fluidos de perfuração
sintéticos foram desenvolvidos como alternativa aos fluidos base óleo vistos que são estáveis a altas
temperaturas, proporcionam alta lubricidade e estabilidade do poço, além de serem considerados
menos agressivos ao meio ambiente (Caenn, 2014).
A escolha de um fluido de perfuração adequado e a manutenção de suas propriedades
são fatores determinantes para a eficiência da perfuração, para uma completação bem-sucedida e
para os custos totais do poço. O objetivo deste capítulo é, portanto, apresentar a importância do
conhecimento das propriedades dos fluidos de perfuração para a indústria do petróleo sobretudo
quando o fluido sofre contaminação com gás presente na formação.
O fluido de perfuração percorre um longo caminho, desde os equipamentos de
superfície, preenchendo o interior da coluna de perfuração e o espaço anular. Durante esse trajeto, o
atrito do fluido de perfuração gera perdas de cargas, também conhecidas como perda de pressão. A
pressão hidrostática do fluido e as perdas de cargas podem ser expressas em termos de peso do
fluido e quanto somadas fornecem a densidade equivalente de circulação no fundo do poço também
denominada Equivalent Circulating Density - ECD (Rocha, 2006).
18

Em operações em águas ultra profundas, a janela operacional, formada a partir da


pressão de poro e pressão de fratura da formação, é estreita e, portanto, quanto mais representativo
for o cálculo da ECD melhor será a estabilidade do poço. A estabilidade do poço envolve a correta
escolha da janela de densidade do fluido afim de prevenir o colapso ou o fraturamento e por
consequência perda de circulação do poço. No entanto, esse cálculo é dependente do modelo
reológico utilizado, das propriedades do fluido e da temperatura. Tanto a perfuração convencional
como a perfuração não convencional como por exemplo através da tecnologia Managed Pressure
Drilling - MPD exigem cálculos precisos para a ECD.
Com o objetivo de reduzir ao mínimo os impactos das atividades exploratórias do
petróleo sobre o meio ambiente, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Renováveis (IBAMA) restringiu o descarte de cascalhos contaminados com fluido de perfuração
base parafínica em operações marítimas. Por razões econômicas, processar, armazenar e transportar
os cascalhos até a costa para descarte envolve equipamentos e operações adicionais em relação à
opção de descarga. Como alternativa, estuda-se a substituição gradativa da base parafínica pela base
olefínica por apresentar menor toxicidade e maior biodegradabilidade.
No entanto, simuladores numéricos baseiam-se em propriedades tais como o coeficiente
de compressibilidade isotérmico, coeficiente de expansão térmica isobárico, massa específica e
modelos reológicos para prever a pressão no fundo do poço e outros parâmetros hidráulicos, por
isso um estudo do comportamento volumétrico da olefina linear é necessário afim de atualizar a
base de dados desses simuladores.
Visto que uma das principais funções do fluido de perfuração é exercer pressão
hidrostática sobre as formações a serem perfuradas pela broca. Caso essa pressão seja menor que a
pressão dos fluidos confinados nos poros da formação pode ocorrer influxo de gás da formação para
o poço. Em situações as quais esse influxo é controlado, o evento recebe o nome de kick, em casos
extremos, quando esse fluido contaminado não é controlado corretamente pode ocorrer a erupção
do fluido ou gás recebendo o nome de blowout (Thomas, 2004).
Nessa perspectiva, conhecer o comportamento da mistura fluido de perfuração e gás da
formação é essencial em operações de controle do poço principalmente quando fluidos de
perfuração base sintética são utilizados, pois a maior solubilidade de gases da formação nessas
bases dificulta sua detecção. Além disso, o entendimento do comportamento volumétrico permite
melhor adequação do fluido a janela operacional conforme mencionado anteriormente.
19

O presente estudo visa caracterizar o comportamento volumétrico da base sintética


olefina linear (OL) apresentando dados de massa específica, o coeficiente de compressibilidade
isotérmico e coeficiente de expansão térmica isobárico em função da pressão e temperatura. Além
disso, o comportamento termodinâmico de misturas de metano em olefina linear é estudado.
As propriedades termodinâmicas das misturas analisadas são obtidas através do modelo
black-oil o qual fornece estimativas para o fator de volume de formação do óleo, Bo, fator de
volume de formação do gás, Bg, razão de solubilidade, RS, e pressão de saturação, PSat, em função
da pressão, temperatura e composição. A massa específica do liquido na região monofásica e na
região bifásica também são calculadas.
A ausência de uma análise cromatográfica da olefina linear estudada inviabilizou a
análise do equilíbrio de fases pelo modelo composicional o qual através de equações de estado e
métodos iterativos para o cálculo das derivadas parciais calcula as propriedades termodinâmicas do
fluido a partir de dados PVT (Pressão, Volume e Temperatura).
Tendo em vista a segurança ambiental e operacional durante a perfuração, o estudo das
propriedades termodinâmicas de misturas de metano em olefina linear é fundamental para a
eficiência das operações bem como para a redução de custos operacionais.

1.1 Objetivos

Portanto, o presente estudo tem por objetivos:

 Estudar a influência da pressão e temperatura no comportamento volumétrico da olefina


linear pura;
 Estudar o comportamento de fases de misturas de metano em olefina linear através de
ensaios PVT (Pressão, Volume e Temperatura);
 Obter correlações para a massa específica, coeficiente de compressibilidade isotérmico e
coeficiente de expansão térmica isobárico para a olefina linear em função da pressão e
temperatura;
20

 A partir dos dados experimentais de misturas de metano em olefina linear, obter correlações
para razão de solubilidades, massa específica e fator de volume de formação dentro do
intervalo abordado em função da pressão, temperatura e composição;
 Realizar uma análise comparativa entre os dados experimentais obtidos para a olefina linear
pura e n-parafina;
 Comparar os resultados obtidos para misturas metano em olefina linear com dados coletados
na literatura para misturas metano em n-parafina.

1.2 Escopo e Organização

O presente trabalho está divido nos seguintes capítulos:

 Capítulo 1: apresenta uma introdução do tema abordado de forma a ressaltar a importância


do estudo no atual cenário brasileiro de perfuração;
 Capítulo 2: contém a revisão da literatura apresentando estudos conduzidos anteriormente
sobre toxicidade e biodegradabilidade de bases de fluido de perfuração, investigações em
torno do comportamento volumétrico de bases sintéticas bem como a solubilidade de gases
em bases, emulsões e fluidos de perfuração;
 Capítulo 3: fornece uma descrição da metodologia empregada para a condução dos ensaios
PVT. Nessa seção, são apresentados alguns equipamentos adicionais ao estudo tais como o
osmômetro, densímetro, picnômetro e viscosímetro os quais forneceram dados de massa
molecular, massa específica e viscosidade;
 Capítulo 4: apresenta e discute os resultados experimentais obtidos para os fluidos em
função da pressão, temperatura e composição. As propriedades termodinâmicas
determinadas para a base pura são: viscosidade, expansão térmica isobárica,
compressibilidade e massa específica e para as misturas de metano/olefina linear são: razão
de solubilidades, fator de volume de formação do óleo, fator de volume de formação do gás,
pressão de saturação e massa específica. Além disso, essa seção aborda a aferição
instrumental a fim de garantir a veracidade das medições realizadas;
21

 Capítulo 5: mostra as correlações matemáticas representativas dos dados experimentais


coletados obtidas com o auxílio de um programa computacional. Além disso, análises
comparativas entre os dados experimentais obtidos para misturas de metano em olefina
linear e dados retirados da literatura para misturas de metano em n-parafina assim como
para as bases puras são apresentadas;
 Capítulo 6: fornece as principais conclusões do presente trabalho e recomendações para
trabalhos futuros.

Ao final, em Referências, todo o material consultado para a realização dessa dissertação


é mencionado.
22

2 REVISÃO DA LITERATURA

Em ordem de entender a relevância do presente estudo, uma revisão bibliográfica


dividida em duas partes é apresentada.
Primeiramente, as características do fluido sob investigação são apresentadas bem como
estudos conduzidos a fim de avaliar a toxicidade e biodegradabilidade da base olefina frente a
outras bases sintéticas. Além disso, os métodos disponíveis de gerenciamento de resíduo de
perfuração em operações marítimas são discutidos brevemente.
A segunda parte, aborda estudos conduzidos a fim de avaliar o comportamento
volumétrico de diferentes bases, num primeiro momento estudos realizados para a base pura são
relatados. Num segundo momento, são delineados trabalhos que tiveram por objetivo o estudo da
solubilidade de gases em bases e fluidos de perfuração.

2.1 Base Olefínica

Segundo Bourgoyne et al. (1986) e Zamora e Roy (2000), fluidos de perfuração estão
relacionados diretamente e indiretamente à maioria dos problemas envolvendo perfuração. Os
fatores que determinam a escolha do fluido de perfuração são: o tipo de formação a ser perfurada; o
intervalo de temperatura; resistência, permeabilidade e pressão de poro exibida pela formação; o
processo de avaliação da formação; qualidade de água disponível e considerações ambientais.
De acordo com Bourgoyne et al. (1986) e Caenn et al. (2014), as principais funções dos
fluidos de perfuração na perfuração rotativa são carregar os cascalhos gerados na broca, transportá-
los pelo espaço anular e permitir sua separação na superfície; exercer pressão hidrostática suficiente
contra a formação a fim de evitar o influxo de fluidos da formação para o poço; manter a
estabilidade das seções não revestidas do poço; refrigerar e lubrificar a coluna de perfuração e a
broca; reduzir o atrito entre a coluna de perfuração e as laterais do poço; formar um reboco fino e de
baixa permeabilidade a fim de selar os poros e pequenas fraturas nas formações penetradas pela
broca além de auxiliar na coleta e interpretação das informações provenientes de testemunhos e
23

perfil elétrico. Adicionalmente, segundo os autores, o fluido de perfuração não pode: ser nocivo ao
meio ambiente nem ao ser humano; ser prejudicial às técnicas de avaliação de formação; demandar
métodos incomuns ou onerosos de completação do poço perfurado; interferir na produtividade dos
fluidos da formação e causar corrosão ou desgaste excessivos dos equipamentos de perfuração.
A base de um fluido de perfuração pode representar de 60% a 90% do seu volume
físico. Portanto, fluidos de perfuração são classificados de acordo com o principal constituinte
podendo ser gás, água e óleo. Fluidos de perfuração base sintética foram desenvolvidos como
alternativa ambiental frente os fluidos base óleo. Entre as bases sintéticas temos:

 Parafina (também conhecida como alcanos) são hidrocarbonetos saturados com cadeias de
carbono entre C10 a C22 podendo ser lineares, ramificadas ou cíclicas;
 Ésteres são óleos vegetais modificados derivados, geralmente, da reação entre um ácido
graxo e álcool;
 Olefinas de fórmula química CnH2n classificadas como alfa-olefina linear (LAO),
polialfaolefina (PAO) e olefina interna (IO).

Olefina, também conhecida como alcenos, são hidrocarbonetos alifáticos apresentando


pelo menos uma dupla ligação entre os carbonos. Devido a instauração da cadeia são instáveis e
quimicamente reativas por esse motivo dificilmente são encontradas na natureza. Segundo McCain
(1990), as propriedades físicas dos alcenos são muito semelhantes às propriedades físicas dos
alcanos.
Olefinas leves como o eteno (ou etileno) e o propeno (ou propileno) possuem grande
importância na cadeia petroquímica e maior aplicação comercial, pois são os precursores de resinas
plásticas, fibras sintéticas, elastômeros, solventes, tintas e adesivos. A maior parte da produção de
eteno é obtida através do craqueamento a vapor de hidrocarbonetos (steam cracking), uma mistura
de etano/propano proveniente do gás natural e nafta petroquímica pode ser utilizada como matéria-
prima (Leite, 2013).
As alfa-olefinas lineares são produzidas através de um processo de crescimento de
cadeia ou oligomerização de eteno o qual produz moléculas lineares na faixa de C4 a C30+.
Catalisadores como o trietilalumínio ou um composto de níquel são utilizados no processo (Leite,
2013).
24

Os isômeros de olefinas com mais de 18 átomos de carbono são mais viscosos, no


entanto, isômeros com menos de 14 átomos de carbono são mais tóxicos. Portanto, isômeros de
olefinas com 14 a 18 átomos de carbono são preferenciais (Caenn et al., 2014).

2.1.1 Toxicidade e biodegradabilidade

Segundo Melton et al. (2004) os organismos bênticos, conjunto de seres vivos que
vivem no fundo do mar, são os que mais sofrem devido a descarga de cascalhos com a base aderida.
Os impactos ambientais decorrentes da descarga estão relacionados a fatores tais como: a toxicidade
química do fluido de perfuração, a depleção de oxigênio devido a biodegradação e os impactos
físicos devido ao soterramento ou mudança no tamanho dos grãos.
Os impactos na coluna de água são considerados desprezíveis, pois os fluidos de
perfuração não-aquosos possuem baixa solubilidade na água do mar, baixo teor de compostos
aromáticos, baixa dispersão e os cascalhos tendem a se agregar logo após serem descarregados
aumentando a velocidade de queda e, dessa forma, diminuindo a permanência na coluna de água.
A taxa de biodegradação depende das condições ambientais no fundo do mar bem como
das concentrações e tipos de fluido de perfuração. Condições aeróbicas favorecem a biodegradação,
porém o enriquecimento orgânico do sedimento devido a presença de cascalhos pode levar a
condições anaeróbicas à medida que o material orgânico se biodegrada. Como consequência, os
organismos que precisam de oxigênio para sobreviver podem não serem capazes de competir com
as bactérias.
Dessa forma, o impacto sobre a comunidade bentônica está relacionado a persistência
das acumulações de cascalhos com a base aderida, toxicidade do fluido, taxa de biodegradação e
condições anóxicas.
Growcock et al (1994) discorrem sobre as propriedades físico-químicas de fluido de
perfuração sintéticos. Segundo os autores, fluido sintéticos parecem ser mais biodegradáveis e mais
dispersivos na água do mar do que óleos minerais. Além disso, a temperatura ambiente, são mais
viscosos do que fluidos de perfuração base óleo, no entanto são mais sensíveis ao aumento da
temperatura.
25

Visser et al. (2002) conduziram ensaios laboratoriais com o objetivo de determinar a


degradabilidade e ecotoxicidade de seis fluidos: olefina isomerizada C16-18, alfa-olefina C14-16,
tetradeceno isomerizado, isômero de parafina, óleo mineral e diesel. Em seu estudo as olefinas
demostraram maior biodegradação e menor toxicidade depois da bioremediação (processo pelo qual
organismos vivos tais como fungos, plantas e enzimas são utilizados para reduzir ou remover
contaminações de resíduos oleosos). Os autores atribuem a perda de 71% do óleo diesel devido a
fatores abióticos do componente volátil desse fluido, no entanto ele permaneceu extremamente
tóxico após a bioremediação. Enquanto que a iso-parafina e o óleo mineral desenvolveram
toxicidade extrema após o período de três meses de bioremediação e a taxa de degradação foi 50%
menor que a medida para olefinas (39-45% perda de massa comparado a 91-96% para olefinas).
Segundo os autores, a estrutura molecular do fluido em vez do comprimento da cadeia determina a
degradabilidade e no caso de isômeros, a degradação parece estar relacionada ao grau de
ramificações.
Visto que ensaios laboratoriais podem não refletir a resposta em campo precisamente,
Visser et al. (2004) estudaram a degradação e a ecotoxicidade de resíduos de perfuração com C14
alfa-olefina linear em ensaios realizados em laboratório através de duas técnicas: compostagem com
resíduos de madeira, processo biológico em que microrganismos degradam a matéria orgânica, e
landfarming, uma fina camada de resíduo é espalhada no solo. Os dados obtidos pelos autores
indicam que tanto em condições de laboratório quanto em campo os resíduos com a base aderida
degradaram rapidamente, no entanto a taxa de degradação foi menor em campo que a observada em
laboratório. Além disso os dados sugerem que landfarming e compostagem são meios efetivos para
eliminar e desintoxicar C14 alfa-olefinas lineares (LAO).
Melton et al. (2004) resumem as principais conclusões do relatório do International
Association of Oil and Gas Producers – IOGP que sumariza a base de conhecimento do efeito
ambiental devido a descarga marítima de resíduos de perfuração. Segundo os autores, estudos
laboratoriais indicaram que o éster apresenta baixa toxicidade quando comparado com outras bases
não aquosas. No entanto, análises realizadas no Mar do Norte concluíram que olefinas possuem
menor efeito biológico do que o éster. Essa diferença de impactos ecológicos encontrada é atribuída
a complexidade e variabilidade do ambiente marinho. Além disso, eles relatam que é provável que
após três ou quatro anos da interrupção da descarga de fluidos sintéticos ou óleos minerais
altamente processados, a concentração dos fluidos nos sedimentos irá decair e as concentrações de
oxigênio aumentarão suficientemente para que a completa recuperação da área anteriormente
26

afetada seja possível. Controversamente, a descarga de sedimentos contendo óleo diesel e óleo
mineral convencional em alguns estudos persistiram por mais de oito anos e no período de cinco
anos houve pouco decaimento dos níveis.
Cano et al. (2005) examinaram o efeito da temperatura e tempo na toxicidade de
sedimentos de fluido de perfuração utilizados para poços de alta temperatura sendo três fluidos
analisados: olefina interna (C16-C18) e duas misturas de éster/olefinas (10% / 90% e 30% / 70%).
Na primeira fase do estudo, quatro amostras de olefina e quatro de misturas éster/olefina foram
analisadas sendo que apenas uma mistura éster/olefina falhou quanto ao limite de toxicidade. Na
segunda etapa, foram testadas 26 amostras sendo seis amostras com base olefina interna, apenas
cinco amostras de fluido de perfuração éster/olefina falharam. O estudo confirmou a hipótese inicial
de que a toxicidade é negativamente afetada pela mistura éster/olefina e para alguns casos de alta
temperatura em condições de fundo de poço (tempo, temperatura). Os autores ressaltam que acima
de 148,89oC, ésteres podem hidrolisar e resultar em um aumento na toxicidade do fluido.
Os resultados apresentados pelos autores Visser et al. (2002, 2004) e Cano et al. (2005)
sugerem que fluidos de perfuração base olefinas são mais passiveis de serem biodegradados e
diminuem o risco ambiental que fluidos de perfuração similares. Além disso, ésteres são mais caros
e mais instáveis que olefinas.

2.1.2 Avaliação do destino e dos efeitos do descarte dos cascalhos

Em resposta às diretrizes ambientais quando ao uso e descarte de fluidos de perfuração


não-aquosos, fluidos menos nocivos ao meio ambiente foram desenvolvidos. Dessa forma, fluidos
de perfuração sintéticos foram desenvolvidos como alternativa ambiental para os fluidos de
perfuração base óleo.
Os cascalhos de perfuração, pequenos pedaços de pedra, argila, folhelho e areia,
representam o maior volume produzido de resíduos associados a operações de perfuração. No meio
ambiente marinho, o impacto dos fluidos de perfuração está associado a descarga de cascalho com
fluido aderido pós-tratamento.
27

Embora as legislações ambientais variem de acordo com o país, segundo o livro do


Caenn et al. (2014), as regulamentações ambientais no Golfo do México especificam as seguintes
limitações para descarga marítima de fluido de perfuração:

 Proibido a descarga integral do fluido de perfuração, óleo livre a partir dos cascalhos e óleo
da formação nos cascalhos;
 Fluido base nos cascalhos menor que 8% em peso para base éster e menor que 6,9% em
peso para base olefina;
 Teor máximo de poliaromáticos de 10 ppm;
 Biodegradável tão rápido quanto olefinas internas C16-C18;
 Toxicidade: não mais tóxicos do que olefinas nos testes de dez dias de toxicidade de
sedimentos.

No Brasil, novos critérios de desempenho ambiental emitidos pelo IBAMA em 2013


quanto a ecotoxicidade em sedimento e biodegradabilidade anaeróbica restringiram o uso e descarte
da parafina em operações marítimas. Portanto, o contínuo uso da parafina como base implica no
recolhimento do cascalho.
Considerações ambientais, operacionais e de custo são ponderadas no gerenciamento de
resíduos da perfuração e de fluidos de perfuração. A descarga marítima associada a fluidos não
aquosos avançados é a opção mais segura, econômica e flexível quando aplicável. Transporte
marítimo para descarte terrestre e reinjeção de cascalhos são outras alternativas para destino do
resíduo sólido. A seguir, a Tabela 2.1 mostra as vantagens e a Tabela 2.2 as desvantagens de cada
processo de gerenciamento de resíduos da perfuração.
28

Tabela 2.1 - Vantagem de cada método de gerenciamento de cascalhos.

Vantagens Econômicas Operacionais Ambientais

Processo simples; Baixo consumo de


Menor custo por unidade
nenhum custo de energia; nenhuma
de volume tratado;
Descarga transporte envolvido; emissão atmosférica
nenhum potencial de
marítima nenhum requisito de incremental.
responsabilidade nas
espaço; risco de
instalações terrestres.
segurança baixo.

Cascalhos podem ser Eliminação do impacto


Nenhuma necessidade de
injetados se pré-tratados; no fundo do mar; limita a
transporte; capacidade de
tecnologia comprovada. possibilidade de
Reinjeção descartar outros resíduos
contaminação das águas
cascalho que precisam ser
de superfície e
descartados em terra.
subterrâneas.

Os resíduos são Nenhum impacto sobre


removidos do local de comunidade bentônica;
Transporte perfuração eliminando evita impacto sobre áreas
-
até a costa responsabilidade futura ambientalmente sensíveis
no local da plataforma. em alto mar.

Fonte: Caenn et al. (2014) apud Drilling fluids and health risk management (2009).
29

Tabela 2.2 - Desvantagens de cada método de gerenciamento de cascalhos.

Desvantagens Econômicas Operacionais Ambientais

Potencial Requisito de Potencial para impactos


responsabilidade gerenciamento dos localizados de curto
Descarga marítima futura; custos constituintes dos fluidos. prazo sobre a biologia no
marítima referentes a análise dos leito marinho.
descartes e potenciais
impactos.

Equipamentos extensos e
Cara e trabalhosa. Aumento da poluição do
exigência de mão de
obra; eficiência variável; ar devido aos grandes
Reinjeção requisitos de energia.
limitações de projeto e
cascalho
modelagem de cabeça de
poço.

Risco de segurança
Custo de locação de uma
relacionados a carga e Consumo de combustível
embarcação de transporte
descarga de contêineres; e consequentes emissões
pode ser alto e varia de
maior risco e exposição atmosféricas; maior risco
acordo com a distância a
do pessoal a de vazamentos durante a
Transporte percorrer; custos
hidrocarbonetos transferência; descarte
até a costa adicionais associados ao
aromáticos; logística dos terrestre cria novos
equipamento de
cascalhos gerados no problemas.
transporte marítimo.
caso da perfuração em
alta taxa de penetração.

Fonte: Caenn et al. (2014) apud Drilling fluids and health risk management (2009).

2.2 Caracterização Volumétrica

Mitchell et al. (2013) descreveram um modelo térmico combinado com análises de


fluido de perfuração. Segundo os autores, a sensibilidade a variação de pressão e temperatura
sofridas por fluidos de perfuração base sintética somada as condições de perfuração em poços
profundos e com extensas camadas de água dificulta a manutenção da correta pressão durante a
perfuração principalmente devido a presença de formações fracas. Eles atribuem a massa específica
30

como principal propriedade para a determinação da pressão no anular, dessa forma, o aumento da
massa específica devido ao resfriamento do fluido de perfuração resulta num aumento da pressão
conduzindo a pressão no anular para a linha de gradiente de fratura, Figura 2.1, acarretando em
problemas de circulação. E o aquecimento do fluido de perfuração ocasiona em massas específicas
menores que consequentemente diminuem a pressão no anular podendo conduzir a problemas de
controle de poço possibilitando a ocorrência de influxo de gás no poço caso exista uma região
produtora naquela profundidade. Com isso, os autores concluem que a expansão e contração do
fluido de perfuração em regiões produtoras permeáveis pode produzir resultados indesejados.

Figura 2.1 - Gráfico da profundidade versus pressão no anular.


Fonte: Adaptado de Mitchell et al. (2013).

Hauge et al. (2013) conduziram um estudo referente a fatores e medidas de melhoria


relacionadas com controle de poço. O estudo consistiu na análise de relatórios de investigação de
controle de poço e entrevista com 33 profissionais da área de perfuração terrestre e marítima.
Discrepâncias entre a análise dos relatórios e entrevista foram obtidas para o quesito tecnologia.
Investigando os relatórios, um número expressivo de incidentes foi provocado por causas técnicas
principalmente relacionados com a coluna do fluido de perfuração (resultado de predições
31

incorretas da pressão de reservatório) e pelo sistema de detecção de kick. No entanto, os


entrevistados focaram no fator humano. Segundo os autores, esse resultado pode ser decorrente do
longo tempo que uma solução técnica levaria ou da satisfação com o sistema tecnológico e por isso
focaram em treinamento e melhoria da conformidade dos procedimentos.
Como visto anteriormente, as propriedades volumétricas dos fluidos de perfuração são
influenciadas pela pressão, temperatura e composição do fluido. Dados precisos de massa específica
tanto da base pura como de misturas de metano em olefina, razão de solubilidade e fator de volume
de formação são extremamente importantes para o controle do poço e cálculo da densidade
equivalente de circulação.
A seguir será apresentado:

 Estudos anteriores os quais analisaram o comportamento volumétrico de fluidos e bases de


perfuração através da caracterização PVT;
 Trabalhos de diferentes autores que estudaram a solubilidade de gases da formação em bases
e fluidos de perfuração.

2.2.1 Bases puras

Thomas et al. (1982) estudaram o efeito da pressão e temperatura na massa específica


de fluidos de perfuração base água e base óleo no intervalo de 21,11oC a 204,44oC e 0,10 MPa a
96,63 MPa. Para isso, foram analisadas três amostras distintas de massas específicas para cada tipo
de base. Os autores concluíram que a mudança da massa específica do fluido de perfuração é
independente da massa específica inicial e pode ser tratada como função da pressão e temperatura.
Além disso, para fluidos com mesma massa específica em condição de superfície, a massa
específica do fluido base óleo será maior que da base água a alta pressão e temperatura.
Peters et al. (1990) realizaram ensaios PVT para fluidos de perfuração base diesel e óleo
mineral num intervalo de 0,10 MPa a 103 MPa e temperaturas de 25,56oC a 176,67oC a fim de
verificar a representatividade dos dados de densidade preditos através de um modelo composicional
de balanço de massa. O modelo composicional calcula a densidade do fluido de perfuração a
elevada pressão e temperatura através do conhecimento da composição do fluido, da densidade dos
32

constituintes do fluido a temperatura e pressão ambiente e a altas pressões e temperaturas. Os dados


experimentais obtidos estavam de acordo com os dados preditos pelo modelo segundo os autores.
Zamora e Roy (2000) descrevem que apesar dos avanços tecnológicos, a maioria dos
inconvenientes envolvendo a perfuração estão relacionados com problemas hidráulicos. Segundo os
autores, as propriedades dos fluidos de perfuração normalmente são mais sensíveis a variação da
temperatura do que pressão. Falhas na compensação do efeito da temperatura e pressão na massa
específica e nas propriedades reológicas podem acarretar em valores de ECD incorretos
principalmente em cenários com alta pressão e alta temperatura.
Zamora et al. (2000) apresentaram as dez maiores preocupações relativas a fluido de
perfuração em operações de perfuração em águas profundas. Entre os assuntos abordados está o
conhecimento das propriedades do fluido de perfuração em condições de fundo de poço a fim de
calcular a pressão hidrostática verdadeira no fundo do poço. O efeito da pressão e temperatura na
densidade para a maioria dos fluidos sintéticos e óleos, segundo o autor, pode ser calculada através
da Equação (2.1).

ρo = (a2T + b2 )P2 + (a1T + b1 )P + (a0T + b0 ) (2.1)

Onde: ρ0 é a massa específica do óleo [g/cm3] a temperatura T [oF] e pressão P [psi].

Os valores empíricos dos parâmetros an e bn da Equação (2.1) são apresentados na


Tabela 2.3 para as bases: LVT 200, LAO C16C18, Saraline 200 e EMO-400 fornecidos pelos
autores.
33

Tabela 2.3 - Constantes PVT para bases óleo e sintéticas fornecidas por Zamora et al.(2000).

LVT 200 LAO C16C18 Saraline 200 EMO-400


a2 -4,3373 E-13 -2,7166 E-13 -4,3235 E-13 -3,1847 E-13
b2 6,5076 E-12 -2,8894 E-11 1,0891 E-11 -1,7697 E-11
a1 1,5695 E-08 1,2965 E-08 1,5814 E-08 1,3525 E-08
b1 2,4817 E-06 3,12266 E-06 2,3560 E-06 2,8808 E-06
a0 -3,8503 E-04 -3,5547 E-04 -3,7621 E-04 -3,7799 E-04
b0 8,3847 E-01 8,1304 E-01 8,0019 E-01 8,4174 E-01
Fonte: Zamora (2000).

Demirdal (2001), em seu estudo sobre n-parafinas, também menciona que a taxa de
variação da densidade da base e do fluido de perfuração em relação a pressão e temperatura são
similares, em outras palavras, a taxa de mudança da densidade para a base n-parafina e para o fluido
de perfuração base n-parafina em condições isotérmicas é independente da presença de água,
emulsificantes e sólidos e dependente apenas do tipo de base utilizada na emulsão invertida.
Demirdal et al. (2007) investigaram a reologia e o comportamento volumétrico do
fluido de perfuração e da base sintética n-parafina no intervalo de 0,10 MPa a 34,58 MPa e
temperaturas de 26,67oC a 137,78oC. Segundo os autores, o efeito da temperatura é mais dominante
quando comparado com o efeito da pressão, especialmente para baixas pressões e, ainda, a base é
ligeiramente mais compressível que o fluido de perfuração para todas as pressões e temperaturas
estudadas.
Demirdal et Cunha (2009) analisaram o efeito da pressão e temperatura no
comportamento volumétrico de duas bases de óleo sintético: C16-C18 olefina interna e C12-C14
alfa-olefina linear. O estudo abrange temperaturas de 25oC a 175oC e pressões de 0,10 MPa a
96,63 MPa e realiza uma análise comparativa entre as duas bases olefínicas e fluidos como água,
salmoura, óleo mineral, óleo diesel número 2 e n-parafina. De acordo com os autores, a análise
comparativa mostrou que as densidades de óleos sintéticos são mais sensíveis a variação da
condição de fundo de poço do que quando comparado com a água, salmoura, diesel e óleo mineral.
A alfa-olefina linear, entre os fluidos estudados, apresentou maior sensibilidade a temperatura
enquanto que o coeficiente de compressibilidade isotérmico da n-parafina aumentou mais
rapidamente do que para os demais fluidos estudados pelo autor.
34

Estudos PVT recentes realizados por Vianna et al. (2015) entre as bases: olefina interna,
alfa-olefina I, alfa-olefina II e n-parafina e os fluidos de perfuração: fluido olefínico, fluido
parafínico e fluido aquoso polimérico demostraram que os fluidos são compressíveis, ou seja, o
aumento da pressão, aumenta a densidade na faixa estudada pelo autor que compreende
temperaturas variando de 4oC a 120oC e em pressões de até 172,37 MPa.
Durante os ensaios da alfa-olefina I, os autores verificaram um suposto congelamento
da amostra na curva de 4oC devido um desvio observado no gráfico de densidade em função da
pressão iniciado em 103,52 MPa, o mesmo comportamento foi verificado para a n-parafina, porém
a 41,47 MPa. Além disso, os autores constataram que as bases puras, n-parafina e alfa-olefina II,
apresentaram comportamento semelhante e a pequena diferença observada referente a maior
densidade apresentada pela alfa-olefina II.

2.2.2 Solubilidade do gás em fluido de perfuração

Para um controle de poço eficaz, sobretudo em situações de influxo de gás da formação


para o poço, conhecer a interação entre o gás da formação e o fluido de perfuração é fundamental
principalmente para bases sintéticas as quais permitem maior solubilidade do gás no liquido quando
comparadas com base aquosa.
Algumas contribuições importantes são mencionadas a seguir:
Para O’Brien (1981) a alta solubilidade do gás em fluidos de perfuração base óleo pode
apresentar vantagens em algumas situações ao em vez de problemas. Por exemplo, na perfuração
sub-balanceada com o poço produzindo constantemente gás, uma quantidade maior de gás pode ser
tolerado com fluido de perfuração base óleo do que na base água. Segundo o autor, a solubilidade
do gás metano no óleo pode ser de 10 a 100 vezes maior do que na água.
Thomas et al. (1982) investigaram o efeito da solubilidade do gás, mistura de
hidrocarbonetos leves, nas propriedades do fluido de perfuração base óleo diesel a 37,78oC em um
intervalo de 19% a 66% em fração molar de gás. Ademais, os autores escreveram um programa
para simular blowout, erupção do gás no poço, e utilizaram para prever o efeito do influxo de gás no
poço nos indicadores de superfície. Segundo os autores, o indicador mais confiável é o pit gain,
ganho de volume do fluido medido no tanque.
35

O estudo demostrou que a maior solubilidade do gás no fluido de perfuração base óleo
do que na base água altera significativamente o tempo de resposta na superfície referente ao influxo
de gás no poço. No entanto, eles mencionam que após a detecção de um pequeno influxo em termos
de aumento de pressão e ganho de volume no tanque, o controle do influxo de gás em fluidos de
perfuração base óleo deverá ser mais fácil do que para base água, pois a solubilização do gás limita
o aumento da pressão e minimiza os danos na superfície.
O’Bryan et al. (1988) analisaram os fatores que afetam a solubilidade de gases em
fluidos de perfuração. Num primeiro momento, os autores estudaram o comportamento da
solubilidade do C1 em três bases: diesel número 2, Mentor 28 e Conoco LVT a fim de verificar o
efeito da composição. Eles concluíram que as solubilidades nos três óleos são parecidas a baixa
pressão mas difere em altas pressões e no intervalo estudado a solubilidade é inversamente
proporcional a temperatura e diretamente proporcional a pressão. Além disso, dados experimentais
foram obtidos para a solubilidade em base óleo e em fluido de perfuração base óleo para os
seguintes gases: C1, C2, mistura de gás natural e CO2. Dessa forma os autores apresentam o seguinte
método para a estimativa da solubilidade do gás no fluido de perfuração base óleo, Equação (2.2):

n
 P 
Rs =  b  (2.2)
 aT 

Onde: RS é fornecido em [scf/stb]; a, b e n são coeficientes de regressão adimensionais.

A Equação (2.2) é válida para baixas e moderadas pressões e não deve ser utilizada em
pressões acima da metade da pressão na qual o gás e o liquido são miscíveis em todas as
proporções. A Tabela 2.4 apresenta os parâmetros da Equação (2.2).
36

Tabela 2.4 - Constantes para a equação de O'Bryan et al. (1988).

Fluido a b n
Gás
hidrocarboneto 1,922 0,2552 0,3576 +1,168γ g + (0,0027 − 0,00492γ g )T − (4,51E−6 − 8,198E−6γ g )T 2
em base óleo
Gás
hidrocarboneto 4,162 0,1770 0,40 +1,65γ g −1,01γ 2g
em emulsificante
Fonte: O’Bryan et al. (1988).

Berthezene et al. (1999) investigaram a solubilidade do metano a 90oC e pressões de


15 MPa a 35 MPa em quatro bases sendo elas: óleo diesel, óleo mineral, polialfaolefina (C14 e C16
em sua maioria) e éster. Além disso, os autores averiguaram a representatividade da hipótese aditiva
a qual permite calcular a solubilidade do gás na emulsão através da soma da solubilidade do gás em
cada componente da mistura.
De acordo com os autores, em todos os casos observados, a solubilidade obtida
experimentalmente é maior do que a calculada através do método aditivo, porém a diferença é
menor que o erro experimental e, portanto, a hipótese aditiva pode ser aplicada. No mais, foi
observado que a solubilidade do metano depende pouco da composição do hidrocarboneto para
pressões abaixo da pressão crítica da mistura.
Silva et al. (2004) realizaram a caracterização PVT de misturas de metano em n-
parafina e metano em éster para dois aparatos experimentais diferentes a temperaturas de 70oC e
90oC e fração molar de gás na faixa de 15% até 75%, uma célula PVT contendo mercúrio e outra
livre de mercúrio. Segundo os autores, a n-parafina apresentou menor ponto de bolha, maior
solubilidade e, portanto, maior fator de volume de formação do óleo e menor massa específica do
que a base éster.
Atolini (2008) estudou o comportamento PVT de misturas de metano em n-parafina e
em emulsões base n-parafina composta por salmoura, óleo e emulsificante. A autora trabalhou com
temperaturas de 70oC a 130oC, frações molares de 12% a 95% de metano atingindo a região crítica
do fluido. Ela relata que até aproximadamente 63% molar de metano, a pressão de saturação
aumenta conforme a temperatura aumenta e após é observado uma inversão do comportamento no
gráfico de pressão de saturação pela composição da mistura metano/n-parafina.
Segundo a autora, tanto a emulsão quanto a base pura apresentaram comportamento
semelhantes. No entanto, ela observou que a solubilidade aumenta com o aumento da fração de óleo
37

no fluido indicando a baixa solubilidade do gás na salmoura. Ademais, a solubilidade apresentou


um comportamento linear, independente da temperatura e ascendente até aproximadamente
35 MPa, a partir desse ponto as isotermas se afastam até atingirem uma pressão limite acima da
qual a solubilidade passa a ser infinita.
Lima (2014) investigou o comportamento PVT de misturas de dióxido de carbono em
base n-parafina e em emulsões base n-parafina num intervalo de temperatura de 40oC a 80oC e
fração molar de gás de 10% a 50%. O autor verificou que a pressão de saturação do sistema
contendo emulsão apresentou comportamento semelhante ao sistema com a base pura.
Através de dados retirados da literatura, o autor relata que em temperaturas menores
(40oC e 50oC) a mistura contendo CO2 apresenta maior densidade do que a mistura com metano, e
para temperaturas maiores, menor densidade para a mistura com CO2. Além disso, o autor constata
que o dióxido de carbono é mais solúvel na n-parafina do que o gás metano.
Kim et al. (2015) conduziram ensaios PVT para misturas de metano em éster puro e em
emulsão base éster num intervalo de temperatura de 70oC a 130oC e concentrações molares de gás
de 10% a 90%. De acordo com seu estudo, em concentrações baixas de metano, a temperatura tem
pouco efeito na pressão de saturação da mistura. No entanto, acima de 60% molar de gás, a pressão
de saturação diminui de acordo com o aumento da temperatura. Considerando a solubilidade do gás
no liquido, apesar da pouca influência da temperatura para pressões em torno de 35 MPa, a
solubilidade diminui levemente com o aumento da temperatura.
38

3 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta uma breve descrição do aparato e procedimento experimental


utilizado para obter medidas de pressão, temperatura e volume. A metodologia empregada é
contínua aos trabalhos de Atolini (2008), Kim (2010) e Lima (2014) através do sistema PVT
Schlumberger. Além disso, os instrumentos de medição densímetro, picnômetro, viscosímetro e
osmômetro foram utilizados a fim de obter a massa específica da olefina linear a pressão ambiente,
massa específica da olefina linear a 1,83 MPa, viscosidade e massa molecular respectivamente.

3.1 Célula PVT

O aparato experimental é um sistema PVT Schlumberger composto por:

 Célula PVT de limite operacional de 103 MPa, aproximadamente 0,0001 m3 e intervalo de


temperatura de 15oC a 200oC;
 Câmara climática de banho de ar para manutenção, aquecimento e resfriamento do sistema
que opera num intervalo de -73oC a 200oC;
 Garrafa com fluido teste com limite operacional de 103 MPa;
 Bomba de deslocamento positivo com capacidade para 0,0005 m3 e 138 MPa responsável
pela pressurização e despressurização da célula;
 O fluido hidráulico utilizado é o Conosol 260 responsável por exercer pressão no topo do
pistão;
 Agitador magnético em hélice que opera na faixa de 5,83 a 41,67 Hz;
 Sistema de aquisição de dados composto por uma câmera Charge Coupled Device - CCD
colorida de alta resolução acoplada a um componente mecânico motorizado de
deslocamento vertical com um codificador linear de alta precisão e monitor colorido de alta
definição.
39

A Figura 3.1 apresenta o aparato experimental e a Figura 3.2 mostra um corte da célula
PVT.

Figura 3.1 - Aparato experimental.


40

Figura 3.2 - Corte transversal da célula PVT.


Fonte: Lima (2014).

A célula PVT utilizada permite a visualização da amostra através de duas janelas


localizadas na frente e atrás. A amostra permanece dentro de um cilindro de vidro (0,1780 m de
comprimento, 0,0318 m de diâmetro interno e 0,0508 m de diâmetro externo), vedado por anéis de
viton e com um pistão em seu interior responsável por impedir o contato da amostra com o fluido
hidráulico. O espaço anular entre o cilindro e o envoltório metálico é preenchido com o fluido
hidráulico garantindo o equilíbrio entre a pressão interna e externa nas paredes do cilindro. Na
extremidade inferior da célula, um agitador magnético em hélice é posicionado a fim de garantir a
homogeneização da amostra.
O sistema de aquisição de dados permite visualizar o interior da célula e executar
medições de altura a qual pode ser convertida em volume conhecendo a área transversal do cilindro.

3.1.1 Procedimento experimental e cálculos experimentais

A Figura 3.3, apresenta um esquema do sistema PVT. Os ensaios foram realizados


segundo o procedimento descrito a seguir:
41

Figura 3.3 - Representação esquemática da célula PVT.


Fonte: Manual do equipamento.

1. O fluido teste e o gás metano são inseridos cada um em um cilindro que funciona como um
acumulador (0,001 m3 e 103 MPa), a garrafa contendo a olefina linear é pressurizada até
1,83 MPa;
2. A massa específica do fluido é determinada a 1,83 MPa e aproximadamente 25oC com o
auxílio de um picnômetro e de uma balança;
3. A limpeza da célula PVT foi realizada utilizando como solvente o diclorometano e ar
comprimido, nessa etapa o pistão encontra-se no fundo do cilindro (o pistão deverá estar a
uma altura de aproximadamente 0,02 m);
4. Através da válvula V031, vácuo é aplicado até o topo da garrafa que contém o fluido teste
por quatro horas;
42

5. O acumulador é conectado com a bomba de deslocamento positivo através da válvula V014


e a amostra é transferida para a célula PVT abrindo as válvulas do topo do acumulador,
V006 e V004;
6. Quando o volume desejado da amostra for atingido, fechar a válvula V004 seguida das
válvulas V006 e topo do acumulador, dessa forma a massa no sistema permanece constante
durante os ensaios;
7. A fim de referenciar as medidas, o codificador linear é levado até a altura de fundo do
cilindro da célula PVT, considerada posição zero das medidas de altura;
8. A massa da amostra é determinada através da leitura da altura do pistão no interior da célula
e da massa específica calculada no tópico 2 através da Equação (3.1) e Equação (3.2):

• Cálculo para converter altura do cilindro em volume de amostra:

V =  h− hpistão f célula  −Vmorto


( ) (3.1)

o Onde: h é a altura do topo do pistão em [m]; hpistão é a altura do pistão em [m]; fcélula é a
constante do tubo [m3/m]; Vmorto é igual a 5,44 10-7 m3.

• Cálculo da massa:

m
ρ= (3.2)
V

o Onde: m é a massa em [kg] e V é o volume da amostra em uma determinada pressão e


temperatura [m3].

9. Inicia-se o ensaio levando a célula da pressão ambiente a 96,63 MPa utilizando a bomba de
deslocamento positivo para exercer pressão na célula;
10. A cada 7,00 MPa é realizado uma medida de altura que através da Equação (3.1) é
convertida em volume. Como os ensaios são realizados a expansão a composição constante
– CCE, a massa específica pode ser determinada para cada condição de pressão;
43

11. Como a variação do volume em função da pressão é realizada em condições isotérmicas, o


coeficiente de compressibilidade isotérmico pode ser calculado através da Equação (3.3):

1  ∂V 
co = −   (3.3)
V  ∂P T

o Ou através da Equação (3.4):

1  ∂ρ 
co =   (3.4)
ρ  ∂P T

12. Com o objetivo de calcular a massa específica e o coeficiente de compressibilidade


isotérmico em diferentes temperaturas, a amostra é aquecida com o auxílio da câmara de
aquecimento;
13. O aumento da temperatura, aumenta a pressão na célula devido a expansão térmica. Quando
a temperatura atinge o valor desejado a pressão na célula é retornada a 0,10 MPa e inicia-se
um novo ensaio;
14. Os experimentos são realizados em equilíbrio, logo a variação do volume em função da
variação da temperatura a pressão constante pode ser determinada através da Equação (3.5):

1  ∂V 
α=   (3.5)
V  ∂T P

o Ou através da massa específica pela Equação (3.6):

1  ∂ρ 
α =−   (3.6)
ρ  ∂T P

15. Para a admissão do gás, é realizada a limpeza das linhas e aplica-se vácuo por duas horas.
Após essas etapas a garrafa com o gás metano é conectada com a bomba e o topo da garrafa
é conectado com a célula PVT através das válvulas V006 e V004;
44

16. Devido a solubilidade do gás no liquido, o volume de gás admitido é contabilizado através
do deslocamento de fluido hidráulico pela bomba. O gás é admitido a 20,79 MPa e
aproximadamente 25oC e a massa específica nessa condição é obtida através do site do
National Institute of Standards and Technology – NIST, dessa forma a massa de gás inicial é
determinada;
17. A célula é elevada até 69,05 MPa afim de garantir que o sistema seja monofásico e inicia-se
o processo de despressurização com o agitador ligado para que a amostra atinja o equilíbrio
mais rapidamente. No entanto, ao efetuar a leitura, tomou-se o cuidado de desligar o
agitador e esperar a amostra estabilizar (aproximadamente 20 minutos). Nessa etapa, ao se
aproximar da pressão de saturação aumenta-se a quantidade de leituras realizadas;
18. Ao atingir a pressão de saturação, a pressão na célula é elevada afim de garantir a condição
monofásica e o processo de despressurização é reiniciado com o objetivo de averiguar a
pressão de saturação novamente;
19. A despressurização segue abaixo da pressão de saturação até atingir aproximadamente o
limite de 0,0001 m3 impostos pela célula;
20. A pressão de saturação também pode ser determinada pela intersecção da curva monofásica
(mais inclinada) com a curva bifásica (curva suave, pois devido a compressibilidade do gás,
para uma pequena variação de pressão o volume deslocado deverá ser maior) no gráfico de
P versus V apresentado na Figura 3.4. Na seção 4, os valores encontrados para a pressão de
saturação através desse método serão apresentados;
45

Figura 3.4 - Gráfico da pressão versus volume para misturas de metano em olefina linear afim de determinar a pressão
de saturação para diferentes frações molares de gás a 25oC.

21. O volume da amostra a diferentes pressões e temperaturas é determinado e como resultado a


massa específica, o fator de volume de formação do óleo, volume formação do gás, e razão
de solubilidade, são determinados através da Equação (3.2), Equação (3.7), Equação (3.8) e
Equação (3.9), respectivamente:

Bo =
(
Vo P,T ) (3.7)
Vóleo_ std

Bg =
(
Vgás_ livre P,T ) (3.8)
Vgás_ std

o Onde: Vóleo_std e Vgás_std é o volume correspondente a mesma massa de óleo ou gás na


superfície em condição padrão (ANP: 20oC e 14,696 psi correspondente a 0,101 MPa).

Vgás_ dissolvido_ std


Rs = (3.9)
Vóleo_ std
46

o Onde: Vgás dissolvido std é o volume de gás dissolvido no óleo a P e T expresso em condição
padrão e Vóleo std é o volume de óleo na superfície em condição padrão.
o Os dados para a condição padrão para o óleo foram determinados com o auxílio de um
densímetro discutido a seguir e para o gás pelo site do NIST;
22. Ao final do ensaio, a célula é aquecida até que se atinja o equilíbrio da nova temperatura
desejada;
23. Para uma nova composição gás-liquido, gás metano é admitido na célula, a esse processo
dá-se o nome de enriquecimento de gás, pois não há necessidade de descarregar os fluidos
da célula para formular uma nova composição da mistura. A fim de calcular a fração molar
de gás na amostra, o volume de gás a ser admitido é calculado através da equação dos gases
reais e o cálculo do fator de compressibilidade, Z, determinado pela equação de Brill &
Beggs.

3.2 Densímetro

A densidade é determinada baseada no princípio de tubo em U oscilante. A amostra é


injetada em um tubo em U o qual é eletronicamente excitado para oscilar em sua frequência
característica (depende da densidade da amostra). A densidade é dependente da temperatura, e
geralmente, a densidade diminui com o aumento da temperatura.
O densímetro DMA 4500 v6.008 acoplado ao densímetro DMA HP Density Meter foi
utilizado para medir a massa específica da água a 25oC a pressão atmosférica e a 1,83 MPa. A
massa específica da olefina linear também foi determinada a 20oC, 50oC e 75oC e pressão
atmosférica, a qual, segundo o site do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à
Agricultura - CEPAGRI, para a cidade de Campinas, onde os ensaios foram realizados, é
equivalente a 0,094 MPa.
Os limites operacionais dos densímetros são:

 DMA 4500: o intervalo da temperatura de trabalho é de 0oC a 90oC, pressão operacional de


0,10 MPa a 1,14 MPa, intervalo de medida de 0 a 3000 kg/m3 e volume total de amostra de
1 10-6 m3. A resolução da densidade é 0,01 kg/m3;
47

 DMA HP: pode ser utilizado num intervalo de temperatura de -10oC a 200oC, pressão
operacional no intervalo de 0,10 MPa a 69,05 MPa, intervalo de densidade de 0 a
3000 kg/m3 e volume total de amostra de 2 10-6 m3.

As medidas realizadas pelo densímetro DMA HP são transferidas para a unidade de


avaliação, DMA 4500.

3.2.1 Metodologia densímetro

Ao ligar o densímetro, averiguou se a massa específica encontrada para o ar está em


torno de 1,2 kg/m3 para a temperatura de 20oC e pressão atmosférica garantindo dessa forma que o
equipamento não contém resíduos de ensaios anteriores.
Em seguida, uma seringa foi utilizada a fim de admitir o fluido teste no equipamento
DMA 4500. A temperatura desejada foi fixada e esperou o resultado. Três medidas foram realizadas
para cada temperatura sempre trocando o fluido no interior do densímetro por uma amostra nova.
No caso de medidas a pressão diferente da atmosférica, um acumulador com o fluido
teste foi acoplado no densímetro DMA HP e uma bomba de deslocamento positivo similar à do
item 3.1 foi utilizada para controlar a pressão.
Após os ensaios a limpeza do instrumento foi realizada admitindo querosene como
solvente, logo após álcool e por último ar comprimido foi aplicado.

3.3 Picnômetro

Picnômetros são reservatórios de volume invariável que através de um balança


permitem ao operador determinar a massa específica de uma amostra com alta precisão.
Os limites operacionais do picnômetro Schlumberger para a temperatura encontra-se na
faixa de 0oC a 200oC, volume equivalente a 7,5 10-5 m3 e como a pressão operacional depende da
temperatura de trabalho tem-se: pressões de até 12,51 MPa para temperaturas de até
48

aproximadamente 38oC, 9,48 MPa de para temperaturas entre 38oC a 90oC e 7,89 MPa para
temperaturas de 90oC até 200oC.

3.3.1 Metodologia picnômetro

A fim de obter a massa específica da olefina linear na condição de admissão na célula


PVT, o picnômetro, Figura 3.5, foi limpo com diclorometano e vácuo foi aplicado por uma hora.
Logo após, foi realizado a pesagem inicial do instrumento.

Figura 3.5 - Imagem do picnômetro utilizado para determinação da massa específica a 1,83 MPa.

Olefina linear foi inserida no picnômetro a 1,83 MPa através da bomba de deslocamento
positivo do sistema PVT mencionado no tópico 3.1. Após o equilíbrio ser atingido as válvulas
foram desconectadas e o picnômetro foi novamente pesado.
A balança Sartorius LA1200S, Figura 3.6, com intervalo de escala 0,001 g foi utilizada
para a pesagem inicial e final do picnômetro. A diferença entre a massa inicial e a massa final
dividido pelo volume bombeado fornecem a medida da massa específica a temperatura ambiente.
49

Figura 3.6 - Imagem da balança.

3.4 Viscosímetro

Dados de viscosidade foram obtidos para a olefina linear pura a 20oC, 50oC e 75oC e
pressão atmosférica através do viscosímetro ViscoPro2000 System 4 do fabricante Cambridge. Os
dados obtidos são apresentados no Capítulo 4.
O programa utilizado para fornecer as medidas foi o Viscolab PVT software 1.2 e o
banho térmico da marca Julabo foi empregado para alterar a temperatura da amostra. Os limites
operacionais do viscosímetro encontram-se no intervalo de temperatura de 5oC a 190oC e pressões
de até 138 MPa.
A viscosidade é determinada através da movimentação eletromagnética de um pistão
rodeado pela amostra de fluido, a viscosidade absoluta do fluido é determinada a partir do tempo
necessário para que o pistão realize o caminho de ida e volta na câmera de análise. O aumento da
viscosidade é percebido como a diminuição do tempo de viagem do pistão. A faixa operacional do
equipamento varia entre 0,2 a 20000 mPa·s.
50

3.4.1 Metodologia viscosímetro

No menu principal, selecionar o intervalo apropriado para o pistão utilizado nos ensaios.
Admitir a amostra, verificar se as válvulas estão fechadas corretamente. Entrar com a temperatura
de ensaio desejada e esperar até o momento em que a temperatura e pressão se estabilizem para
fazer a leitura.
Para o processo de limpeza do equipamento foram utilizados querosene seguido de
álcool e ar comprimido.

3.5 Osmômetro Crioscópico

O osmômetro modelo Osmomat 010 da Gonotec determina a massa molecular em


soluções de benzeno e a osmolaridade total (quantidade de partículas dissolvidas em um
determinado solvente) em soluções aquosas a partir da medição do ponto de congelamento sendo
adequado para medir pontos de fusão entre +10oC e -5oC.
Além disso, o dispositivo atual é responsável por analisar amostras automaticamente a
partir de um pequeno volume, em um curto período de tempo e com um intervalo de erro reduzido.

3.5.1 Metodologia osmômetro crioscópico

A solução é resfriada usando um sistema de controle de temperatura. Quando a


temperatura da amostra estiver menor que a do ponto de congelamento da água pura, a cristalização
da solução é automaticamente iniciada. Uma agulha de aço inox é mantida abaixo de 0oC de forma
que o vapor da água no ar condensado congele na ponta da agulha como um minúsculo cristal sendo
dispensado na solução super-resfriada. O início da cristalização ocorre por inoculação da solução
com os cristais de gelo, e imediatamente após, a temperatura da solução começa a aumentar
espontaneamente enquanto o calor da cristalização é liberado devido ao processo de congelamento.
51

Para substâncias de molalidade (expressa o número de mols do soluto existente por


quilograma de solvente) desconhecida, pelo menos três soluções com concentrações diferentes
deverão ser medidas. As concentrações utilizadas foram 10, 15 e 20 g de soluto por quilograma de
solvente, neste caso o benzeno foi utilizado como solvente.
O equipamento foi calibrado primeiramente com o benzeno, definindo a temperatura de
cristalização (0oC) e a taxa de resfriamento (50%).
Após a calibração com o Zero-Benzeno, o equipamento é calibrado com um padrão de
massa molar conhecida. No caso deste estudo, o soluto utilizado foi o decano
(MM=0,14229 kg/mol) e as concentrações da solução utilizadas foram 10, 15 e 20 g de soluto por
quilograma de solvente.
A estratégia utilizada na leitura da amostra foi alternar entre uma medida de calibração
com a solução padrão e uma medida da amostra. Para cada concentração, três medidas foram
realizadas e utiliza-se a média dos resultados.
Para encontrar a massa molecular, primeiro calcula-se a concentração da solução,
Equação (3.10) e depois calcula a massa molar média através da Equação (3.11):

• Cálculo da concentração da solução:

msoluto  g
Concentração = (3.10)
msolvente kg

• Cálculo da massa molar média:

g
Concentração 
 g   kg 
MM  = ⋅1000 (3.11)
 mol   mmol 
x 
 kg 

Onde: x é o resultado da medida experimental realizada pelo osmômetro crioscópico.


52

4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Nesta seção é apresentada a aferição instrumental da célula PVT utilizando água como
fluido de calibração.
Em seguida, dados PVT para a olefina linear e para misturas metano em olefina linear
são apresentados. A massa específica, o coeficiente de expansão térmica isobárico e o coeficiente
de compressibilidade isotérmico são determinados para a olefina linear. Além disso, a massa
específica, razão de solubilidade, pressão de saturação, fator de volume de formação do óleo e do
gás são discutidas para misturas de metano em olefina linear. Serão apontadas dificuldades
encontradas quanto a utilização do fluido em determinadas condições de ensaio.
Ademais, medidas experimentais para a massa específica, viscosidade e massa
molecular da olefina linear, determinadas a partir dos equipamentos apresentados na seção 3.2, 3.3,
3.4 e 3.5, são exibidas.

4.1 Célula PVT

Através do sistema PVT, o volume de fluido na célula a diferentes condições de pressão


e temperatura pode ser coletado. Como resultado, a massa específica, o coeficiente de
compressibilidade isotérmico e o coeficiente de expansão térmica isobárico podem ser
determinados para o fluido puro e a massa específica, razão de solubilidade, fator de volume de
formação do óleo, fator de volume de formação do gás e pressão de saturação podem ser calculados
para misturas de metano em olefina linear.
Essa seção está dividida em três partes:

 Aferição instrumental;
 Apresentação dos dados experimentais para a olefina linear;
 Apresentação dos dados PVT para misturas de metano em olefina linear.
53

4.1.1 Aferição instrumental

Com o objetivo de avaliar a acurácia dos dados experimentais, a célula PVT foi
calibrada usando água destilada como fluido de calibração. A fim de eliminar a presença de gases
que possam estar dissolvidos na água, foi aplicado vácuo na amostra por uma hora.
Um densímetro DMA 4500 v6.008 e um densímetro acoplado DMA HP Density Meter,
mencionado na seção 3.2, foi utilizado para obter a massa específica da água. A massa específica a
pressão atmosférica de Campinas e 25oC foi de 997,1 kg/m3. Para a pressão de 1,93 MPa e 25oC, o
valor encontrado para a massa específica da água foi 992,8 kg/m3. A partir desse valor foi possível
o cálculo da massa inicial da amostra na admissão na célula PVT. Dados para as temperaturas de
50oC e 80oC também foram realizados a pressão atmosférica, no entanto foi possível observar a
presença de bolhas a temperatura de 80oC.
A massa especifica e o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água foram
obtidas a diferentes condições de pressões e temperaturas. Os ensaios foram realizados no intervalo
de pressão de 0,10 MPa a 96,63 MPa e temperatura de 25oC, 50oC e 80oC, sendo que a cada 7 MPa
um dado experimental foi coletado. Os ensaios foram realizados em duplicata.
Os resultados obtidos foram comparados com dados da literatura (Wagner e Pruß, 2002)
e o erro relativo experimental para a densidade não foi superior a 1% indicando que os dados PVT
podem ser considerados robustos. A Figura 4.1 apresenta os dados obtidos a 25oC para a massa
específica em função da pressão. No APÊNDICE A encontram-se os dados para as temperaturas de
50ºC e 80ºC.
54

Figura 4.1 - Análise comparativa entre a massa específica da água a 50ºC obtido experimentalmente e na literatura.

É possível observar que os experimentos 1 e 2 estão em condições de reprodutividade.


De acordo com Vuolo (1996) reprodutividade é definida pelo: “Grau de concordância entre
resultados de medições de um mesmo mensurando, efetuadas sob condições variadas de medição”.
A Tabela 4.1, a seguir, apresenta as correlações experimentais e o coeficiente de
determinação para a Equação (4.1) obtidas para a massa específica da água no intervalo de 25ºC a
80ºC e pressões de até 96,63 MPa. Através do resultado da derivada parcial da equação da massa
específica em função da pressão multiplicado pelo inverso da massa específica obtém-se o valor do
coeficiente de compressibilidade isotérmico.

ρ = aP + bT 2 + cT + d (4.1)

Onde: ρ é a massa específica em [Kg/m3], T em [oC] e P em [MPa].

Tabela 4.1 - Parâmetros para o cálculo da massa específica da água através.

a b c d R2
Exp.1 4,6801 E-1 -7,8989 E-4 -4,3152 E-1 1,0027 E+3 0,9979
Exp2. 4,8905 E-1 -5,9712 E-4 -3,2621 E-1 1,0042 E+3 0,9781
Liter. 3,9999 E-1 -7,1012 E-4 -3,8794 E-1 1,0085 E+3 0,9967
55

A Figura 4.2 apresenta os dados obtidos para o coeficiente de compressibilidade


isotérmico em função da pressão a 25ºC e dados retirados da literatura. Para as temperaturas de
50oC e 80oC, os dados são apresentados no APÊNDICE A.

Figura 4.2 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água a 25ºC obtido
experimentalmente e na literatura.

O erro relativo encontrado foi de no máximo 23%. Para a maioria dos líquidos, o
aumento da temperatura aumenta o coeficiente de compressibilidade isotérmico. No entanto, à
aproximadamente 45ºC, o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água destilada atinge um
valor mínimo antes de aumentar com o aumento da temperatura, Figura 4.3. Dessa forma, o cálculo
para o coeficiente de compressibilidade isotérmico não foi capaz de prever esse comportamento da
água, Figura 4.4. Uma solução seria estender a faixa de temperatura dos ensaios.
56

Figura 4.3 - Coeficiente de compressibilidade isotérmico da água destilada.


Fonte: Earlougher, 1977.

Figura 4.4 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água obtido experimentalmente
e na literatura a pressão atmosférica.
Fonte: Disponível em http://www1.lsbu.ac.uk/water/density_anomalies.html#Tcomp. Acessado em 01 de abril de 2016.
57

4.1.2 Olefina linear

A princípio foi estudado o efeito da pressão e da temperatura no comportamento


volumétrico da olefina linear pura. Os ensaios foram realizados no intervalo de pressão de
0,10 MPa a 96,63 MPa e temperatura de 15oC a 55oC, sendo que a cada 7 MPa um dado
experimental foi coletado.
A seguir, são exibidos gráficos com os dados experimentais para a massa específica, o
coeficiente de compressibilidade isotérmico e coeficiente de expansão térmica isobárico para a
olefina.
A Figura 4.5 apresenta o comportamento da massa específica da olefina linear em
função da pressão e temperatura respectivamente. Devido ao aumento da pressão, o volume sofre
uma retração, representada pelo aumento da massa específica. No entanto, o aumento da
temperatura acarreta na redução da massa específica da olefina linear.

Figura 4.5 - Massa específica da olefina linear em função da pressão.

A Figura 4.6 apresenta o efeito da pressão e temperatura na variação da massa


específica da olefina linear. Os dados experimentais mostram que conforme a temperatura aumenta
de 25ºC a 55ºC, a massa específica da olefina linear diminui 17 kg/m3 e aumenta 43 kg/m3
dependendo da condição de pressão (0,65 MPa a 96,60 MPa, respectivamente). O ponto de
referência para os cálculos foi 25ºC, 0,65 MPa e 776 kg/m3.
58

Figura 4.6 - Efeito da pressão e temperatura na variação da massa específica da olefina linear.

O efeito duplo da contração do volume ocasionado pelo aumento da pressão e da


expansão do volume devido a temperatura podem ser analisados através do coeficiente de
compressibilidade isotérmico e do coeficiente de expansão térmica isobárico.
A resposta a mudança do volume devido a uma variação da pressão é determinada pelo
coeficiente de compressibilidade isotérmico. Dessa forma, o conhecimento do coeficiente de
compressibilidade isotérmico é importante em problemas de escoamento transiente.
Para líquidos, o coeficiente de compressibilidade isotérmico é muito pequeno, pois para
uma variação unitária de pressão acarreta em uma pequena variação de volume. Fluidos levemente
compressíveis são geralmente assumidos como independentes da pressão, ou seja, apresentam
coeficiente de compressibilidade isotérmico praticamente constantes.
No caso do coeficiente de expansão térmica isobárico, ele determina a resposta a
mudança de volume devido a uma variação de temperatura. É um parâmetro importante para a
análise do efeito térmico.
A Figura 4.7 apresenta os dados experimentais para a compressibilidade. Na faixa
estudada de 0,10 MPa a 96,63 MPa e intervalo de temperatura de 15ºC a 55ºC, o coeficiente de
compressibilidade isotérmico variou de 0,756 GPa-1 (55ºC e 0,65 MPa) a 0,692 GPa-1 (20ºC e
89,68 MPa).
59

Figura 4.7 - Coeficiente de compressibilidade isotérmico da olefina linear em função da pressão.

Através da Figura 4.8 é possível verificar o coeficiente de expansão térmica isobárico


da olefina linear em função da temperatura. A análise da figura permite concluir que a temperatura
é diretamente proporcional enquanto que a pressão é inversamente proporcional ao coeficiente de
compressibilidade isobárico para a olefina linear na faixa estudada.

Figura 4.8 - Coeficiente de expansão térmica isobárico da olefina linear em função da temperatura.
60

Durante os ensaios de 15oC e aproximadamente 69 MPa, a amostra apresentou a


formação de grãos o que a princípio indica a solidificação da amostra. A Figura 4.9 apresenta uma
foto da célula tirada minutos depois da descompressão. O mesmo comportamento foi observado a
20oC e 96,60 MPa.

Figura 4.9 - Possível solidificação da olefina linear a 69,05 MPa e 15ºC.

Vianna et al. (2015) mencionam que a curva de temperatura 4oC para a alfa-olefina no
gráfico de massa específica versus pressão apresenta um desvio que segundo os autores supõem ser
o congelamento da amostra.

4.1.3 Misturas de metano em olefina linear


61

Os ensaios PVT para misturas de metano em olefina linear foram iniciados a


aproximadamente 69 MPa a fim de garantir o estado monofásico, o intervalo de temperatura
escolhido foi de 25oC a 80oC e frações molares de gás de 30%, 40% e 50%.
Os dados obtidos para a massa específica de misturas de metano em olefina linear, 30%
a 50% fração molar de gás, em função da pressão na região de saturação e subsaturação são
apresentados nas figuras: Figura 4.10 a Figura 4.15.

Figura 4.10 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 25ºC.

Figura 4.11 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 35ºC.
62

Figura 4.12 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 45ºC.

Figura 4.13 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 55ºC.
63

Figura 4.14 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 70ºC.

Figura 4.15 - Massa específica de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 80ºC.

Como é previsto, na região monofásica, o valor encontrado para a massa específica


diminui com a diminuição da pressão. Isso ocorre porque o gás, componente mais leve, se expande
aumentando o volume da mistura. Na saturação, a massa específica aumenta conforme a célula é
despressurizada devido a saída de gás da solução reduzindo o volume da mistura.
O efeito da temperatura tanto na região monofásica quanto na região bifásica é
inversamente proporcional a massa específica.
64

A solubilidade do gás metano na olefina linear em função da pressão de saturação nas


temperaturas e composições estudadas é apresentada pela Figura 4.16.

Figura 4.16 - Razão de solubilidade da olefina linear na pressão de saturação para as frações molares de gás de 30%,
40% e 50%.

Na faixa estudada, a pressão e a razão de solubilidade apresentaram comportamento


linear ascendente. A temperatura exerceu pouca influência na razão de solubilidade do gás. No
entanto, é possível verificar uma inversão do comportamento da temperatura a aproximadamente
35 MPa equivalente a uma fração molar de gás de 50%.
O fator de volume de formação do óleo fornece o volume que a fase liquida composta
por uma mistura de liquido e gás dissolvido apresentaria ao ser levada de uma condição P e T para
condição standard. Essa medida fornece o encolhimento que o liquido ira sofrer devido ao
desprendimento de gás ao ser levado de uma condição inicial de pressão e temperatura à condição
standard.
De acordo com a literatura, o fator de volume de formação do óleo aumenta na região
monofásica e diminui na região bifásica com a despressurização da célula. O efeito da temperatura
é diretamente proporcional ao fator de volume de formação do óleo. As figuras a seguir, da
Figura 4.17 a Figura 4.22, apresentam os valores do fator de volume de formação da olefina linear
em função da pressão para as temperaturas estudadas.
65

Figura 4.17 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 25ºC.

Figura 4.18 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 35ºC.
66

Figura 4.19 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 45ºC.

Figura 4.20 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 55ºC.
67

Figura 4.21 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 70ºC.

Figura 4.22 - Fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear em função da pressão a 80ºC.

A Figura 4.23, a seguir, apresenta os valores encontrados para o fator de volume de


formação do gás em função da pressão. Através da figura, é possível observar que o aumento da
temperatura deslocou a curva para a direita.
68

Figura 4.23 - Fator de volume de formação do gás metano em função da pressão.

A pressão de saturação da mistura de metano em olefina linear em função da fração


molar de gás é apresentada pela Figura 4.24.

Figura 4.24 - Pressão de saturação da mistura de metano em olefina linear para as frações molares de gás de 30%, 40%
e 50%.

Dentro da faixa estudada, é possível verificar uma inversão do comportamento da


temperatura a aproximadamente 35 MPa equivalente a uma fração molar de gás de 50%
comportamento semelhante ao ocorrido com a razão de solubilidade.
69

4.2 Densímetro

Os valores encontrados para a densidade da olefina linear a aproximadamente 93,72 kPa


e temperaturas de 20oC, 50oC e 75oC são apresentados na Tabela 4.2, a seguir:

Tabela 4.2 - Dados experimentais da massa específica da olefina linear determinados através de um densímetro.

T [oC] Massa específica da olefina linear [kg/m3] Média


20 781,44 781,45 781,48 781,46
50 760,48 760,48 760,51 760,49
75 743,01 743,01 743,01 743,01

Os dados apresentados na Tabela 4.2 indicam que a massa específica da olefina linear
diminui com o aumento da temperatura devido ao movimento térmico das moléculas isoladas que
requer mais espaço.

4.3 Picnômetro

Os dados encontrados durante a pesagem do picnômetro são apresentados na


Tabela 4.3. A temperatura ambiente estava em torno de 28ºC e volume igual a 7,5 10-5 m3.

Tabela 4.3 - Dados experimentas da massa da olefina linear a 1,93 MPa.

Massa [g] Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média σ [%]


Inicial 731,685 731,687 731,684 731,685 0,125
Final 788,696 788,694 788,695 788,695 0,082

De acordo com os dados obtidos, a 1,93 MPa e a temperatura ambiente, o valor


encontrado para a massa específica da olefina linear foi 777 kg/m3.

4.4 Viscosímetro
70

Segundo Growcock et al. (1994) a viscosidade de fluidos de perfuração base sintética


diminui mais rapidamente do que para o fluido de perfuração base óleo mineral de baixa toxicidade
(LTMO) conforme a temperatura aumenta. Os autores mencionam que a temperatura ambiente,
fluidos sintéticos são 2 a 4 vezes mais viscosos do que LTMO.
Os dados obtidos para a viscosidade da olefina linear pura a 20ºC, 50ºC e 75ºC e
aproximadamente 93,72 kPa são apresentados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Dados experimentais obtidos da viscosidade da olefina linear.

Temperatura [oC] Pressão [kPa] Viscosidade [mPa·s]


19,90 ± 0,37 93,72 3,132 ± 6,7
50,00 ± 0,17 93,72 1,738 ± 0,6
75,10 ± 0,06 93,72 1,120 ± 0,3

Conforme previsto, a viscosidade diminui conforme a temperatura aumentou em


aproximadamente 2,8 vezes.

4.5 Osmômetro Crioscópico

A massa molar encontrada para a olefina linear através do Osmomat 010 foi
0,2023 kg/mol. Esse valor se faz necessário para o cálculo das frações molares na mistura metano
em olefina linear. A Tabela 4.5, a seguir, apresenta os resultados obtidos.

Tabela 4.5 - Dados experimentais da massa molecular da olefina linear.

Resultados Concentração Massa


Amostra Massa Real [g] Encontrados Média da Solução Molar
[mOsmol/kg] [g/kg] [g/gmol]
a
Msoluto Msolvente 1 2a 3a
1 0,20 10,13 109 106 101 105,33 19,74 187,44
2 0,19 14,81 64 58 65 62,33 12,83 205,82
3 0,21 20,06 45 51 51 49,00 10,47 213,64
Média MM 202,30
71

5 ANÁLISE EXPERIMENTAL

Essa seção aborda a correlação matemática obtida a partir dos dados experimentais para
a massa específica da olefina linear pura. Além disso, são apresentadas correlações matemáticas
para a massa específica, razão de solubilidade e fator de volume de formação do óleo para misturas
de metano em olefina linear.
As correlações para os dados experimentais medidos são essenciais para softwares de
simulação de kick. Vale ressaltar que extrapolações das correlações apresentadas nessa dissertação
funcionam apenas como base para a grandeza, portanto devem ser utilizadas com cautela.
Visto que a base sintética mais presente nos fluidos de perfuração utilizados pelas
companhias operadoras em solo brasileiro é a parafina e devido às novas exigências ambientais
quanto ao uso dessa base em perfurações marítimas acarretando na possível substituição gradual
dessa base pela base olefínica, o estudo comparativo visa apresentar diferenças e semelhanças entre
essas duas bases relativas ao comportamento volumétrico e a solubilidade do gás em função da
temperatura e pressão.
Por fim, uma análise comparativa entre os dados experimentais obtidos para a olefina
linear e n-parafina e entre os dados experimentais obtidos para a misturas metano em olefina linear
e dados retirados da literatura para misturas de metano em n-parafina será realizada.

5.1 Ajuste Matemático

No intuito de obter correlações matemáticas que representem os dados experimentais


para possível aplicação em programas computacionais de controle de poço e simuladores de influxo
de gás da formação para o poço, o programa computacional LAB Fit foi escolhido para o ajuste
multivariável dos dados obtidos experimentalmente para a olefina linear e mistura de metano em
olefina linear.
Esse programa foi desenvolvido para tratamento de dados experimentais e envolve
programas tais como ajuste de curvas, gráficos 2D e 3D, estatística básica e propagação de erros. A
72

maior parte da fundamentação teórica do programa provém do livro “Tratamento de dados


experimentais” de Wilton P. Silva e Cleide M.D.P.S. Silva.
De acordo com os autores, Silva et al. (2004), o desempenho do software foi verificado
utilizando o “Statistical Reference Datasets Project - SRDP” do “National Institute of Standards and
Technology (NIST) ” no qual entre os 27 resultados obtidos pelo LAB Fit são estatisticamente
idênticos aos valores certificados.
Segundo os autores, a biblioteca do LAB Fit disponibiliza mais de 200 funções de uma
variável independente e quase 280 funções com duas variáveis independentes, previamente
definidas. Os ajustes de funções são realizados através de regressão não-linear aplicada de forma
iterativa até atingir um critério de convergência. O programa dispõe de uma ferramenta para
procurar as melhores funções de ajuste dentre as disponíveis na biblioteca além de um avaliador de
expressões no qual o usuário pode escrever a sua própria função de ajuste.

5.1.1 Correlações para a massa específica da olefina linear

Uma expressão matemática foi ajustada aos dados experimentais obtidos para a massa
específica da olefina linear, apresentados na seção 4, através do programa computacional LaB Fit
para previsão da massa específica no intervalo estudado.
A equação encontrada representa a massa específica numa faixa de pressões de
0,65 MPa a 96,63 MPa e temperaturas entre 15oC e 55oC. Para o ajuste com três parâmetros, foi
escolhida a função mostrada pela Equação (5.1):

ρ = aP + bT + c (5.1)

Onde: as unidades da equação são fornecidas em ρ [kg/m3], T [oC] e P [MPa].

Através da Equação (5.1) é possível observar que a massa específica sofre influência da
pressão e temperatura de forma similar.
73

O coeficiente de determinação encontrado foi de 0,9867 e o erro relativo encontrado


não foi superior a 0,8% indicando a representatividade da equação para cálculo da massa específica
da olefina linear na faixa estudada.
O programa computacional LaB Fit gera um gráfico, Figura 5.1, comparando os dados
experimentais com o calculado através da Equação (5.1) para a olefina linear. A escala de cores
apenas auxilia na percepção de desníveis de superfície. Além disso, os círculos preenchidos
representam os pontos experimentais acima da superfície de resposta e os círculos vazados os
pontos abaixo.

Figura 5.1 - Análise comparativa entre a massa específica da olefina linear calculada e a obtida experimentalmente a
25oC.

5.1.2 Correlação para a massa específica de misturas de metano em olefina linear


74

O melhor ajuste para os dados experimentais da massa específica de misturas de metano


em olefina linear fornecido pelo programa para a região monofásica e bifásica é apresentado por
equações do tipo Equação (5.2):

a+ P
ρ= (5.2)
b+ cFG

Onde: as unidades são fornecidas em ρ [kg/m3] e P [MPa].

Na região monofásica foi observado erro relativo máximo de 0,7% e na região bifásica
1,6%.
A Figura 5.2 apresenta a comparação entre a massa específica experimental e o ajuste
realizado através da Equação (5.2) a 25ºC.

Figura 5.2 - Análise comparativa entre a massa específica de misturas de metano em olefina linear calculada e a obtida
experimentalmente a 25oC.

5.1.3 Correlação para a razão de solubilidade de misturas de metano em olefina


linear
75

A razão de solubilidade foi ajustada em função da pressão e temperatura através da


Equação (5.3):

Rs = aP2 + bT + c (5.3)

Onde: Rs [m3 std/ m3 std], T [oC] e P [MPa].

A análise da Equação (5.3) mostra que a razão de solubilidade sofre mais influência da
pressão do que da temperatura.
O erro relativo entre os valores encontrados experimentalmente e os obtidos através da
Equação (5.3) para a razão de solubilidade foi de 3,2% enquanto que o coeficiente de determinação
encontrado foi de 0,9962.

5.1.4 Correlações para o fator de volume de formação do óleo

Ajustes dos dados experimentais para o fator de volume de formação do óleo é


apresentado a seguir através da Equação (5.4) para a região monofásica e Equação (5.5) para a
região bifásica.

FG
Bo = +c (5.4)
a + bP

Bo = a⋅ bP ⋅ FGc (5.5)

Através da análise da Equação (5.4), é possível observar que, na região monofásica, o


fator de volume de formação do óleo diminui com o aumento da pressão. Para a região bifásica,
Equação (5.5), o fator de volume de formação do óleo aumenta com o aumento da pressão. Ambos
comportamentos estão de acordo com a literatura.
76

Para a região monofásica, o erro relativo não foi superior a 0,5% enquanto que para a
região bifásica não ultrapassou 2,2%.
A Figura 5.3 mostra a comparação realizadas entre o fator de volume de formação do
óleo experimental e calculado através das Equação (5.4) para região monofásica e para a região
bifásica por intermédio da Equação (5.5).

Figura 5.3 - Análise comparativa do fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear calculada e a
obtida experimentalmente a 25oC.

5.2 Análise Comparativa

Apesar da base olefínica e da base parafínica serem representativas de grupos de


hidrocarbonetos com propriedades físicas semelhantes, o objetivo dessa seção é apresentar as
principais diferenças e/ou semelhanças encontradas na análise dos resultados experimentais obtidos
para a olefina linear e para misturas de metano em olefina linear com dados de literatura para a n-
parafina e para misturas de metano em n-parafina.
77

5.2.1 Olefina linear e n-parafina

Os gráficos apresentados a seguir, Figura 5.4 e Figura 5.5, são análises comparativas
entre olefina linear pura e n-parafina a 25ºC para a massa específica e para o coeficiente de
compressibilidade isotérmico, respectivamente.
Os dados para o coeficiente de compressibilidade isotérmico e massa específica da n-
parafina são apresentados no APÊNDICE B.

Figura 5.4 - Análise comparativa entre a massa específica da olefina linear e n-parafina a 25ºC.
78

Figura 5.5 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da olefina linear e n-parafina a
25ºC.

A análise da Figura 5.4 permite inferir que a temperatura de 25ºC, a olefina linear
apresentou massa específica levemente maior do que a n-parafina para todas as pressões estudadas.
Através da Figura 5.5 é possível inferir que o coeficiente de compressibilidade
isotérmico para n-parafina é maior do que o para a olefina linear a 25ºC para todas as pressões
analisadas.

5.2.2 Razão de solubilidade para misturas de metano em olefina linear e metano em


n-parafina

Os dados experimentais obtidos para a razão de solubilidade foram comparados com


dados de literatura para misturas de metano em n-parafina e metano em éster e são apresentados na
Figura 5.6, a seguir.
79

Figura 5.6 - Análise comparativa entre a razão de solubilidade para n-parafina, éster e olefina em metano a 70ºC.

A análise da Figura 5.6 indica que a razão de solubilidade do gás no óleo para a mistura
metano em olefina linear é menor do que a de misturas de metano em n-parafina e metano em éster.
Em todas as bases, o aumento da pressão ocasionou aumento no valor da razão de solubilidade.
A Figura 5.7 e a Figura 5.8 apresentam a análise comparativa entre a massa específica
de misturas de metano em olefina linear e de misturas de metano em n-parafina (Atolini, 2008) a
70ºC e 80ºC.
80

Figura 5.7 - Análise comparativa entre a massa específica de misturas de metano em olefina linear e de misturas de
metano em n-parafina a 70ºC.

Figura 5.8 - Análise comparativa entre a massa específica de misturas de metano em olefina linear e de misturas de
metano em n-parafina a 80ºC.

Através da análise das figuras, Figura 5.7 e Figura 5.8, observa-se que a 30% em fração
molar de gás de metano, a massa específica de misturas de metano em n-parafina foi levemente
maior do que para misturas de metano em olefina linear nas temperaturas e pressões analisadas.
81

A Figura 5.9 e a Figura 5.10 comparam o fator de volume de formação do óleo para
misturas de metano em olefina linear e para misturas de metano em n-parafina encontrados na
literatura (Atolini, 2008).

Figura 5.9 - Análise comparativa entre o fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear e de
misturas de metano em n-parafina a 70ºC.

Figura 5.10 - Análise comparativa entre o fator de volume de formação de misturas de metano em olefina linear e de
misturas de metano em n-parafina a 80ºC.
82

O valor encontrado para o fator de volume de formação do óleo a 30% de fração molar
de gás para misturas de metano em olefina linear é maior do que o encontrado na literatura para a
mistura de metano em n-parafina.
A análise comparativa indicou que a substituição gradativa da base parafínica pela
olefínica deverá ser acompanhada por uma atualização dos simuladores computacionais devido às
diferenças encontradas entre as propriedades comparadas.
83

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As principais conclusões do presente trabalho assim como recomendações para


trabalhos futuros são apresentados a seguir.

6.1 Revisão da Literatura

A revisão de literatura indicou que novas normas ambientais inviabilizaram o contínuo


descarte de cascalhos contendo n-parafina em operações marítimas. Estuda-se a substituição
gradativa da base parafínica pela base olefínica por apresentar menor toxicidade e maior
biodegradabilidade frente as outras bases disponíveis no mercado.
A fim de atualizar os simuladores numéricos, o estudo do comportamento volumétrico
de misturas de metano em olefina linear em situações de influxo de gás para o poço é necessário
devido à ausência desses dados na literatura. Além disso, as estreitas janelas operacionais presentes
na perfuração de poços do pré-sal aumentam a necessidade de cálculos precisos para a ECD.

6.2 Resultados Experimentais

A análise experimental da olefina linear permite concluir que:

 O valor da massa especifica tende a aumentar conforme a pressão aumenta devido a


compactação do volume da amostra;
 O valor da massa específica tende a diminuir de acordo com o aumento da temperatura
devido a expansão térmica do volume da amostra;
84

 A compressibilidade do fluido é diretamente afetada pela temperatura e inversamente


afetada pela pressão;
 O coeficiente de expansão térmica isobárico é diretamente proporcional à temperatura e
inversamente proporcional à pressão.

Com base nos dados experimentais para misturas de metano em olefina linear, temos:

 Em condições monofásicas a pressão é diretamente proporcional enquanto que a


temperatura é inversamente proporcional a massa especifica, comportamento semelhante ao
observado para a olefina linear pura;
 Abaixo da saturação, devido ao desprendimento do gás, a pressão e temperatura são
inversamente proporcionais a massa específica;
 Foi verificado uma inversão no comportamento da razão de solubilidade devido a influência
da temperatura no gráfico da razão de solubilidade em função da pressão a
aproximadamente 35 MPa;
 O fator de volume de formação do óleo aumenta na região monofásica devido a expansão da
mistura e diminui após atingida a saturação com a despressurização devido ao
desprendimento do gás, componente mais leve, e o efeito da temperatura é diretamente
proporcional;
 O fator de volume de formação do gás aumentou conforme a temperatura aumentou;
 A diferença entre o valor de pressão de saturação observado e calculado através do gráfico
de pressão versus volume não foi superior a 5,7%.

O aumento da temperatura de 20ºC a 75ºC diminuiu o valor encontrado para a


viscosidade da olefina linear em aproximadamente 2,8 vezes.
A massa molecular encontrada para a olefina linear através do osmômetro crioscópico
foi de 0,2023 kg/mol.
Durante os ensaios com olefina pura à 15ºC e 69,05 MPa, observou a mudança de
estado físico da olefina linear. A fase formada foi lentamente desfeita a medida que a amostra foi
despressurizada. O mesmo comportamento foi observado a 20ºC e 96,63 MPa.
Visto que fluidos de perfuração sintéticos são mais sensíveis à variação de pressão e
temperatura do que fluidos base água, o conhecimento do comportamento termodinâmico da olefina
85

linear bem como da mistura metano-olefina em função da pressão e temperatura é essencial para o
controle do poço.

6.3 Análise Experimental

A análise comparativa da olefina linear com n-parafina mostrou:

 Olefina linear apresenta maior massa específica a 25ºC em toda a faixa de pressão estudada;
 Coeficiente de compressibilidade isotérmico da n-parafina é maior do que para a olefina
linear a 25ºC.

A análise comparativa da mistura metano-olefina linear com metano-n-parafina


mostrou:

 A solubilidade do gás metano indicou ser menor na olefina linear do que nas misturas de
metano em n-parafina e em éster na faixa analisada;
 A massa específica de misturas de metano em n-parafina apresentaram valores maiores do
que para as misturas de metano em olefina linear na região monofásica;
 O fator de volume de formação do óleo na região monofásica é maior para misturas de
metano em olefina linear.

A análise comparativa entre a olefina pura e a n-parafina assim como entre misturas de
metano em olefina linear e metano em n-parafina mostram que apesar das duas bases apresentaram
grupos de hidrocarbonetos com características semelhantes, o comportamento volumétrico tanto
quanto a solubilidade do gás difere mostrando a necessidade do estudo das propriedades
termodinâmicas da olefina linear com o objetivo de atualizar simuladores numéricos.
Dessa forma, os objetivos mencionados na introdução foram alcançados, as correlações
matemáticas para as propriedades calculadas foram obtidas permitindo sua aplicação em
simuladores de controle de poço.
86

6.4 Recomendações

A seguir são apresentadas algumas recomendações para trabalhos futuros:

 Estender a faixa de composição de gás metano nas misturas de metano em olefina linear;
 Estender a faixa de temperatura tanto para a olefina linear pura quanto para misturas de
metano em olefina linear;
 Realizar testes com emulsões afim de verificar a influência da salmoura na solubilidade do
gás uma vez que fluidos de perfuração são compostos por base óleo, salmoura e
estabilizantes;
 Realizar testes com misturas de dióxido de carbono em olefina linear com o objetivo de
estudar o comportamento termodinâmico dessas misturas visto que grandes quantidades
desse gás estão presentes nos poços do pré-sal brasileiro;
 Analisar a propagação das incertezas para as propriedades estudadas.
87

REFERÊNCIAS

ATOLINI, T. M. Estudo de comportamento PVT de misturas de metano em emulsões base n-


parafina a altas temperaturas, pressões e concentrações de metano. 2008. 125 p. Dissertação
(mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica, Campinas,
SP.

BERTHEZENE, N., de Hemptinne, J. C., Audibert, A., Argillier, J. F. 1999. Methane solubility in
synthetic oil-based drilling muds. Journal of Petroleum Science and Engineering, 23(2), 71-81p.

BOURGOYNE Jr., Adam T; Millheim, Keith K.; Chenevert, Martin E.; Young Jr., F.S. Applied
drilling engineering. Richardson, TX: Society of Petroleum Engineers, 1986. 502p. (SPE textbook
series, vol. 2).

CAENN, Ryen; Daley, H.C.H.; Gray, George R. Fluidos de perfuração e completação. 6ed.
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94

APÊNDICE A – Análise PVT para a água

As figuras a seguir, Figura A.1 e Figura A.2, apresentam os dados experimentais


obtidos para a massa específica da água destilada em função da pressão a 50oC e 80oC,
respectivamente.

Figura A.1 - Análise comparativa entre a massa específica da água a 50ºC obtido experimentalmente e na literatura.
95

Figura A.2 - Análise comparativa entre a massa específica da água a 80ºC obtido experimentalmente e na literatura.

Através da análise das figuras, Figura A.1 e Figura A.2, é possível verificar a
reprodutibilidade dos ensaios conforme mencionado para a temperatura de 25ºC na seção 4.1.1.
A Figura A.3 e a Figura A.4 apresentam o valor encontrado para o coeficiente de
compressibilidade isotérmico da água em função da pressão a 50ºC e 80ºC.

Figura A.3 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água a 50ºC obtido
experimentalmente e na literatura.
96

Figura A.4 - Análise comparativa entre o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água a 80ºC obtido
experimentalmente e na literatura.

Conforme mencionado para o coeficiente de compressibilidade isotérmico da água a


25ºC, os resultados apresentaram erro relativo de no máximo 23%.
97

APÊNDICE B – Análise PVT para a n-parafina

A amostra de n-parafina utilizada nos ensaios PVT dessa seção é do mesmo lote da
estudada por Atolini (2008) e Lima (2014). A composição da n-parafina é fornecida na dissertação
de Atolini (2008) e é apresentada na Tabela B.1.

Tabela B.1 - Composição da n-parafina.

Componentes Fração Mássica Fração Molar


n-C5 0,0004 0,0010
Cyclo-C6 0,0006 0,0015
C7 0,0017 0,0034
Mcyclo-C6 0,0019 0,0040
C8 0,0171 0,0314
C9 0,0237 0,0383
C10 0,0885 0,1292
C11 0,1021 0,1358
C12 0,1701 0,2065
C13 1,7978 2,0086
C14 64,5550 66,4291
C15 26,9714 25,5987
C16 4,8868 4,3038
C17 0,8940 0,7375
C18 0,2923 0,2277
C19 0,1458 0,1084
C20 0,0277 0,0197
C21 0,0231 0,0155
Total 100,0 100,0
Fonte: Atolini (2008).

Os ensaios PVT da n-parafina foram realizados no intervalo de pressão de 0,101 MPa a


96,63 MPa e temperatura de 25oC a 80oC, sendo que a cada 7 MPa um dado experimental foi
coletado.
A Figura B.1, a seguir, apresenta a massa específica da n-parafina em função da pressão
para as temperaturas de 25ºC, 50ºC, 75ºC e 80ºC.
98

Figura B.1 - Massa específica da n-parafina em função da pressão.

Através da análise da Figura B.1 é possível verificar que conforme a pressão aumenta, a
massa específica aumenta em condição isotérmica. No entanto, o aumento da temperatura, diminui
o valor da massa específica mantendo a pressão constante.
A Figura B.2 apresenta o efeito da pressão e temperatura na variação da massa
específica da n-parafina. Os dados experimentais mostram que conforme a temperatura aumenta de
25ºC a 80ºC, a massa específica da n-parafina diminui 41 kg/m3 e aumenta 30 kg/m3 dependendo da
condição de pressão (0,58 MPa e 103,52 MPa, respectivamente). O ponto de referência para os
cálculos foi 25ºC, 0,58 MPa e 772 kg/m3.
99

Figura B.2 - Efeito da pressão e temperatura na variação da massa específica da n-parafina.

Os dados encontrados para a massa específica da n-parafina a 25ºC, 50ºC e 75ºC, foram
comparados com dados encontrados na literatura e são apresentados nas Figura B.3, Figura B.4 e
Figura B.5, respectivamente. Em todas as temperaturas analisadas, a n-parafina desse estudo
apresentou maior massa específica que a apresentada pelo autor.

Figura B.3 - Análise comparativa entre a n-parafina obtida experimentalmente e da literatura a 25ºC.
100

Figura B.4 - Análise comparativa entre a n-parafina obtida experimentalmente e da literatura a 50ºC.

Figura B.5 - Análise comparativa entre a n-parafina obtida experimentalmente e da literatura a 80ºC.

Na dissertação de Demirdal (2001), o autor apresenta a composição da n-parafina


estudada como sendo C14-C15 e o intervalo de estudo foi de 26,7ºC a 137,8ºC e pressões de até
34,58 MPa.
A Equação (5.1) foi a que melhor representou os dados experimentais para a massa
específica da n-parafina no intervalo estudado (25ºC a 80ºC e pressões de 0,101 MPa a 103 MPa).
101

Através do resultado da derivada parcial da equação da massa específica em função da


pressão multiplicado pelo inverso da massa específica obtém-se o valor do coeficiente de
compressibilidade isotérmico para a n-parafina.
O coeficiente de compressibilidade isotérmico em função da pressão da n-parafina é
mostrado na Figura B. 6.

Figura B. 6 - Coeficiente de compressibilidade isotérmico da n-parafina em função da pressão.

A pressão é inversamente proporcional enquanto que a temperatura é diretamente


proporcional no cálculo do coeficiente de compressibilidade isotérmico da n-parafina.
A Figura B.7 apresenta o coeficiente de compressibilidade isobárico para a n-parafina
em função da pressão. A análise da figura permite concluir que o aumento da temperatura aumenta
o coeficiente de compressibilidade isobárico enquanto que o aumento da pressão diminui.
102

Figura B.7 - Coeficiente de expansão térmica isobárico da n-parafina em função da temperatura.

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