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ANÁLISE DAS PREVISÕES NORMATIVAS A RESPEITO DA REDE DE

PESQUISAS JUDICIÁRIAS (RPJ) E OS GRUPOS DE PESQUISAS


JUDICIÁRIAS (GPJ) NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO

1. Contextualização da matéria no âmbito do TRT10


Referência utilizada na análise: Processo SEI 0005021-43.2022.5.10.8000, aberto em 08
de junho de 2022.

A criação do Grupo de Pesquisa Judiciária (GPJ) no âmbito do Tribunal


Regional do Trabalho da 10ª Região resulta de previsão estabelecida na Resolução CNJ
n.º 462/2022, de 6 de junho de 2022, que dispõe sobre a gestão de dados e estatística,
cria a Rede de Pesquisas Judiciárias (RPJ) e os Grupos de Pesquisas Judiciárias (GPJ)
no âmbito do Poder Judiciário.
A referida Resolução estabelece no art. 2º que “cada tribunal deverá instituir o
Grupo de Pesquisas Judiciárias (GPJ), de caráter permanente, que integrará a RPJ e terá
competência para gestão, organização e validação de bases de dados, produção de
estatísticas e elaboração de diagnósticos sobre a atuação do Poder Judiciário”.
Em vista dessa obrigação, o TRT 10 foi intimado pelo Conselho Nacional de
Justiça a tomar ciência do conteúdo da Resolução. O prazo para a instituição do GPJ -
Grupo de Pesquisa Judiciária é 120 dias da publicação do normativo do CNJ, ou seja,
até 8/10/2022. A matéria foi objeto do processo SEI 0005021-43.2022.5.10.8000,
aberto em 08 de junho de 2022.
A presidência do Tribunal arguiu ser facultativa a instalação do GPJ
fundamentando-se no art. 3º, §7º da Resolução CNJ 462 cujo texto estabelece que “nos
tribunais com menos de mil servidores ativos a instalação do GPJ é facultativa”.
O quantitativo de servidores do TRT10 consta na Informação CDPES
(1963603), cujo teor transcreve-se abaixo:
Em exercício no Tribunal 900
Cedidos para outros órgãos 29
Removidos para outros Tribunais 39
Servidores do Quadro
Em exercício provisório em outros órgãos 4
Afastados 4
Total 976
Servidores Comissionados 10
Servidores de Outros Órgãos 137
TOTAL GERAL 1.123

O Secretário Geral Judiciário, mediante o doc. SEI 1964529, sugeriu a


realização de consulta ao CSJT para delimitação do conceito “servidores ativos” nos
termos aplicados na Resolução CNJ nº 462/2022. A sugestão foi acolhida pelo
Desembargador Vice-Presidente no exercício da Presidência e a referida consulta foi
realizada mediante o Ofício PRE 1969967, de 07/07/2022.
Não consta no referido processo autuado por este Regional resposta do órgão
superior. Em vista disso, em 3/08/2022, o Desembargador Presidente do Tribunal
decidiu (doc. SEI 1996614), que:

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A letra do § 7º do art. 3º dessa resolução, conforme o qual nos tribunais com menos
de 1000 servidores ativos a instalação de GPJ é facultativa, bem assim à vista da
Informação 1963603, segundo a qual o TRT da 10ª Região, em seu quadro próprio,
por qualquer que seja o ângulo, dispõe de menos de 1000 servidores ativos,
DECIDO, por razões de conveniência e oportunidade, exercer aquela faculdade e
deixar de instituir Grupo de Pesquisa Judiciárias no âmbito deste Regional do
Trabalho, ao menos até que, a par da consulta levada ao CSJT por via do Ofício
1969967, eventualmente sobrevenha orientação em sentido diverso.

DECIDO, ademais, com amparo no § 1º do art. 2º da Resolução CNJ nº


462/2022, atribuir à DIESP - Unidade Técnica especializada, de caráter
permanente, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência e que previamente
dispõe de servidores com formação em Estatística e em Tecnologia da Informação,
tudo já em consonância com o art. 6º da citada resolução - no que couber, as funções
do GPJ.

O último ato do referido processo SEI 0005021-43.2022.5.10.8000 data de 08 de


agosto de 2022 e refere-se a e-mail por meio do qual foi dada ciência da matéria à
Escola Judicial deste Regional.

2. Análise do atual estado de apreciação do matéria objeto da


consulta feita ao CSJT a respeito do conceito “servidores ativos” e a
possibilidade de não implementação do Grupo de Pesquisa no TRT10.
Obs.: as informações abaixo foram extraídas do processo por meio do qual a matéria foi
tramitada no CSJT e no TST. O referido processo está disponível em versão pdf.

A Secretaria de Pesquisa Judiciária e Ciência de Dados do TST (SEPJD),


unidade criada por meio do Ato GP.TST nº 29, de 16 de maio de 2022, informou que a
matéria objeto da consulta havia sido encaminhada pelo CSJT à apreciação daquela
Secretaria, que se manifestou da seguinte forma:
“Considerando que a estrutura dos GPJs envolve a participação tanto de
magistrados quanto de servidores, é do entendimento desta SEPJD que se
deva entender por "servidores ativos", para as finalidades desse dispositivo, a
soma do total de magistrados e servidores ativos. Igualmente, considera-se
como sendo o prazo limite para instituição do GPJ o dia 8 de outubro de
2022”.
(Despacho SEPJD nº 6, de 26 de julho de 2022).

Em ato contínuo, o Magistrado Supervisor da SEPJD, Dr. Luciano Athayde


Chaves, manifestou-se favoravelmente ao Despacho proferido pela SEPJD (a referida
manifestação consta no Despacho GP/SEGP 534, de 27/07/2022, doc. SEI 0179092).
Posteriormente, foi dada ciência do referido entendimento ao CSJT cuja
Secretária-Geral valeu-se do entendimento da SEPJD transcrevendo quase que
integralmente o conteúdo proferido por aquela unidade no despacho no qual submeteu a
proposta de resposta ao TRT10 à apreciação do Ministro Presidente do CSJT (o
despacho da Secretária-Geral do CSJT data do dia 09 de agosto de 2022).
Até o momento, o TRT10 não foi notificado pelo CSJT a respeito da matéria,
entretanto, todas as manifestações das áreas técnicas confirmam o entendimento de que

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por “servidores ativos” entende-se o somatório do total de servidores e magistrados
ativos do Tribunal.
3. Análise do cenário indicado pela Portaria Conjunta 6/2022, de
29 de julho de 2022.

Nos termos da Portaria Conjunta 6/2022, a Divisão de Estatística e Pesquisa


(DIESP), unidade ligada à Secretaria-Geral da Presidência, ascendeu para o
status de Coordenadoria de Estatística e Pesquisa. Em termos de cargos
comissionados, observou-se os seguintes acréscimos:

Tabela extraída do Anexo V da Portaria Conjunta 6/2022. Anexo V, p. 11

Na mencionada Portaria Conjunta prevê-se que:


Art. 20. Vinculam-se à Secretaria-Geral da Presidência, sob o comando do
Secretário-Geral da
Presidência:
I - o Gabinete da Presidência;
II - a Assessoria da Presidência;
III - a Coordenadoria de Estatística e Pesquisa;
IV - a Coordenadoria de Governança e Gestão Estratégica

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Organograma extraído do Anexo V da Portaria Conjunta 6/2022. Anexo V, p. 8

Tabela extraída do Anexo V da Portaria Conjunta 6/2022. Anexo V, p. 9

Cabe observar que ainda não foram estabelecidas as atribuições da


recém criada Coordenadoria de Estatística e Pesquisa. A postergação de tal
deliberação mantém interface com o formato adotado na reestruturação proposta
pela Portaria Conjunta n. 6/2022 cujo eixo de ação se deu determinando
primeiramente a estrutura das unidades para posterior determinação das suas
atribuições.
A despeito disso, é preciso considerar dois importantes referentes que
sinalizam na direção do objeto ora analisado, no caso, a constituição dos Grupos
de Pesquisa no âmbito do TRT10.
O primeiro referente a ser observado diz respeito ao conteúdo da
Decisão do Excelentíssimo Presidente do Tribunal (1996614) no âmbito do
processo SEI 0005021-43.2022.5.10.8000 já mencionado. Na Decisão, o
Presidente exerce a faculdade de não instituir o Grupo de Pesquisa Judiciárias no
âmbito deste Regional, ao menos até que, a par da consulta levada ao CSJT,
sobrevenha orientação em sentido diverso. Em ato contínuo, a matéria do Grupo
de Pesquisa é designada à Divisão de Estatística e Pesquisa (DIESP):

DECIDO, ademais, com amparo no § 1º do art. 2º da Resolução CNJ nº 462/2022,


atribuir à DIESP - Unidade Técnica especializada, de caráter permanente, vinculada
à Secretaria-Geral da Presidência e que previamente dispõe de servidores com
formação em Estatística e em Tecnologia da Informação, tudo já em consonância

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com o art. 6º da citada resolução - no que couber, as funções do GPJ, notadamente
aquelas discriminadas no art. 4º do mesmo diploma.

Face ao conteúdo da Decisão podemos inferir que o Grupo de Pesquisa


Judiciária, se criado, possivelmente ficará a cargo da extinta DIESP, atual
Coordenadoria de Estatística e Pesquisa.
Ante a pendente delimitação das atribuições daquela Coordenadoria, o
segundo referente a ser considerado diz respeito ao conteúdo informado no
Anexo V (p. 11) da Portaria Conjunta 6/2022 cujas áreas designadas para os
assistentes da Coordenadoria de Estatística e Pesquisa (FC-4) restringe-se a
estatísticos e matemáticos.

Essa previsão corrobora o formato adotado na atual estrutura da DIESP que


atualmente desempenha importante função no tocante à produção de dados estatísticos e
gestão do banco de dados. Entretanto, há de se observar que o ato de pesquisa
compreende a coleta de dados, mas não se restringe a essa atividade. A distinção
dessas atividades consta no espírito do Ato TST.GP nº 229, de 16 de maio de 2022, que
dispõe sobre a criação da Secretaria de Pesquisa Judiciária e Ciência de Dados, e que
distingue no âmbito da Secretaria duas divisões: a Divisão de Pesquisa Judiciária (DPJ)
e a Divisão de Ciência de Dados (DCID).
O mesmo espírito consta na Resolução CNJ n.º 462/2022 ao parametrizar a
estrutura dos Grupos de Pesquisa Judiciária (GPJ) ao delimitar que os grupos sejam
formados por equipe interdisciplinar composta por membros da Corregedoria, da
tecnologia da informação, da estatística, servidor com experiência em Tabelas
Processuais Unificadas e servidor com formação em ciências humanas com experiência
em pesquisa empírica:
Art. 3º O GPJ deverá ser designado pela presidência do tribunal e formado
por magistrados(as) e servidores(as), com equipe multidisciplinar que
contenha, no mínimo:
I – um(a) magistrado(a) supervisor(a);

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II – um(a) magistrado(a) ou servidor(a) indicado(a) pela Corregedoria-Geral
da Justiça; III – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em estatística
e/ou ciência de dados; IV – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em
tecnologia da informação;
V – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em direito,
preferencialmente, com experiência em Tabelas Processuais Unificadas
(TPU) e parametrização; e
VI – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em ciências humanas com
experiência em pesquisa empírica.
Art. 5º O GPJ contará com o apoio de unidade técnica especializada em
estatística e ciência de dados.
Art. 6º A unidade técnica especializada em estatística e ciência de dados será
composta por equipe multidisciplinar, em que é indispensável a participação
de servidores(as) com formação em estatística e/ou ciência de dados e em
direito e recomendável a participação de servidores(as) com conhecimento
nas áreas de tecnologia da informação, ciências sociais, ciências políticas,
ciências econômicas, ciências humanas com experiência em pesquisa
empírica, administração e áreas correlatas das ciências exatas.

Há de se considerar que pesquisar envolve muitas outras tarefas, além da coleta


de dados, entre as quais, destacam-se as atividades de análise dos dados, comparação
das bibliografias e indicadores existentes, entre outras muitas atividades. No caso das
pesquisas aplicadas, é preciso observar a associação de variáveis, a conjecturação de
cenários e a possibilidade de proposição de alternativas e soluções para os problemas ou
desafios identificados. Nesse caso, pesquisar não se refere meramente a um retrato do
momento presente, mas, principalmente, envolve as capacidades de identificar o lugar
onde nos encontramos, projetar cenários futuros e propor intervenções, motivo pelo qual
as pesquisas constituem atividade estratégica.
O potencial estratégico das pesquisas judiciárias consta nas justificativas
elencadas no conteúdo das considerações da Resolução CNJ n.º 462/2022 que cria a
Rede de Pesquisas Judiciárias (RPJ) e os Grupos de Pesquisas Judiciárias (GPJ) no
âmbito do Poder Judiciário. A referida Resolução menciona o objetivo de
“aperfeiçoamento da gestão administrativa e da governança judiciária” e a missão de
“aperfeiçoar as políticas judiciárias com fundamento na produção de dados e
informações científicas sobre os serviços judiciários prestados nas respectivas
localidades”.
Além disso, há de se observar a ideia que compartilhamos sobre o conceito de
dados. Majoritariamente, a visão praticada nos tribunais se restringe aos marcadores
gerados pelo próprio judiciário mediante os sistemas vigentes e as estatísticas
produzidas por eles. Esses dados são extremamente relevantes, necessários e precisam
ser explorados, entretanto, eles não constituem as únicas alternativas possíveis, visto
que há um universo de dados que podem ser coletados, gerados de maneiras diversas a
depender dos objetivos em vista e dos métodos escolhidos.

4. Boas Práticas de pesquisas judiciárias

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Um caso que pode ser tomado como uma boa prática diz respeito ao formato
desenvolvido pela Escola Judicial do TRT01 que realiza anualmente Chamada Pública
para pesquisadores executarem pesquisas sobre temas relacionados à justiça do trabalho
mediante avaliação por comissão avaliadora externa.
Página das pesquisas externas e chamamento público do TRT1:
https://www.trt1.jus.br/web/guest/escola-judicial/pesquisa
Página de editais promovidos pela Escola do TRT1:
https://www.trt1.jus.br/web/guest/escola-judicial/editais-para-docencia
Página principal da Escola do TRT1:
https://www.trt1.jus.br/web/guest/escola-judicial/pesquisa
- Acordos de Cooperação celebrados:
Instituto Cervantes no Rio de Janeiro;
Consulado Geral da Itália;
Instituto Cultural Brasil Alemanha Instituto Goethe.

Página dos acordos celebrados pela Escola do TRT1:


https://www.trt1.jus.br/web/guest/escola-judicial/pesquisa#4

5. PROPOSTA
Face ao exposto, vislumbram-se dois horizontes de implementação do Grupo de
Pesquisa Judiciária (GPJ) na estrutura do TRT10:
1. O Grupo de Pesquisa Judiciária poderá se instalar no âmbito da Coordenadoria
de Estatística e Pesquisa, cabendo nesse caso observar a viabilidade de
ampliação do perfil hoje restrito a estatísticos e matemáticos para os ocupantes
das funções designadas naquela Coordenadoria. Uma solução para essa questão
seria modificar o texto da Portaria Conjunta para: “preferencialmente estatísticos
e matemáticos e áreas afins” ou “estatísticos e matemáticos e áreas afins”.

2. Outra opção institucional seria criar uma Divisão de Pesquisa na estrutura da


Escola Judicial. Nesse caso, o Grupo de Pesquisa persistiria sendo composto por
membros lotados em unidades diversas, tal qual discriminado no art. 3º da
Resolução CNJ 462, cabendo à Escola conduzir as atividades relacionadas ao
grupo e promover outras pesquisas.
Nesse caso, cabe considerar os cortes de pessoal suscitados pela Resolução
CSJT-296/2021 e o corte de funções resultantes da reestruturação promovida
pela Portaria Conjunta 6/2022.
O quadro de funções da Escola Judicial antes e após a reestruturação é o
seguinte:

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Fonte: Organograma extraído do Anexo V, p. 72 da Portaria Conjunta 6/2022.

Fonte: Organograma extraído do Anexo V, p. 73 da Portaria Conjunta 6/2022.

Conforme demonstrado nos atos normativos elencados no tópico subsequente,


há amparo para a designação da atividade de pesquisa à Escola Judicial. Entretanto, isso
demandaria a criação de uma Seção de Pesquisa e a designação de, pelo menos,
uma FC-5 para o chefe da referida seção.
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6. Atos normativos que amparam a criação de uma unidade de
pesquisa na Escola Judicial.
Considerando que a atividade de pesquisa figura entre as atividades
desenvolvidas pelas Escolas Judiciais conforme estabelecido na Resolução CSJT nº
296, de 25 de junho de 2021, art. 14, § 1º segundo o qual “a estrutura das Escolas
Judiciais pressupõe gestão pedagógica, gestão administrativa, pesquisa e gestão
orçamentária, se for de sua competência a ordenação de despesas”.
Considerando a Resolução ENAMAT nº 20, de 30 de agosto de 2018, que
institui o Programa Nacional de Pesquisa da ENAMAT e regulamenta suas atividades.
Considerando o Ato TST.GP nº 229, de 16 de maio de 2022, que dispõe sobre a
criação da Secretaria de Pesquisa Judiciária e Ciência de Dados cuja estrutura da
Secretaria está prevista no art. 3º e comporta duas unidades distintas a Divisão de
Pesquisa Judiciária – DPJ e a Divisão de Ciência de Dados – DCID.
Considerando a Resolução CNJ nº 462 de 06 de junho de 2022, art. 3º que
estabelece que o Grupo de Pesquisa Judiciária “deverá ser designado pela presidência
do tribunal e formado por magistrados(as) e servidores(as), com equipe multidisciplinar
que contenha, no mínimo:
I – um(a) magistrado(a) supervisor(a);
II – um(a) magistrado(a) ou servidor(a) indicado(a) pela Corregedoria-Geral da
Justiça; III – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em estatística e/ou ciência
de dados; IV – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em tecnologia da
informação;
V – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em direito, preferencialmente, com
experiência em Tabelas Processuais Unificadas (TPU) e parametrização; e
VI – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em ciências humanas com
experiência em pesquisa empírica.

Considerando existir nesta Escola Judicial servidora que atende ao requisito


previsto no art. 3º, VI da Resolução CNJ nº 462, a saber, com formação acadêmica em
Sociologia, experiência de 15 anos com pesquisa empírica, a qual foi autorizada em
2018 a desfrutar de licença para realização do doutorado sanduíche no Reino Unido
mediante a celebração do compromisso institucional de desenvolver atividades de
pesquisas, produção, aplicação e disseminação dos conhecimentos adquiridos conforme
estabelecido na Portaria TRT 10ª R. PRE-DGA nº 065/2008, art. 3.º, inciso II.
Propõe-se a criação de uma Divisão de Pesquisas Judiciárias no âmbito da
Escola Judicial do TRT da 10ª Região a qual teria como atribuição fomentar e incentivar
pesquisas relacionadas à Justiça do Trabalho no âmbito do TRT da 10ª Região.

7. Histórico normativo recente a respeito do tema das pesquisas no


âmbito do Poder Judiciário

1) Ato TST. GP nº 229, de 16 de maio de 2022


O Ato TST. GP nº 229, de 16 de maio de 2022 criou a Secretaria de Pesquisa
Judiciária e Ciência de Dados, unidade que tem como missão atuar na gestão,
organização e validação de bases de dados, produção de estatísticas e elaboração de

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pesquisas empíricas e diagnósticos sobre a Justiça do Trabalho. A Secretaria de
Pesquisa Judiciária e Ciência de Dados se subordina diretamente à Presidência do TST,
devendo atuar em articulação com o CSJT e a ENAMAT.
Referências normativas e administrativas que fundamentaram a criação da Secretaria:
Resolução CNJ 331, de 20 de agosto de 2020 que institui a Base Nacional de Dados do
Poder Judiciário (DataJud) e o Sistema de Estatística do Poder Judiciário (SIESP) e a
ampliação da atenção dada pelo CNJ aos temas institucionais relacionados à pesquisa,
gestão de dados e estatística, inclusive, com indicativo de criação de uma Rede de
Pesquisas Judiciária no âmbito do Poder Judiciário.

2) Resolução CNJ nº 462 de 06/06/2022 (https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/4577)


Dispõe sobre a gestão de dados e estatística, cria a Rede de Pesquisas Judiciárias
(RPJ) e os Grupos de Pesquisas Judiciárias (GPJ) no âmbito do Poder Judiciário e dá
outras providências.
Referências normativas e administrativas que fundamentaram a Resolução:
a) Resolução CNJ no 76/2009, que dispõe sobre os princípios do Sistema de
Estatística do Poder Judiciário.
b) Resolução CNJ no 331/2020, que institui a Base Nacional de Dados do Poder
Judiciário (DataJud) como fonte primária de dados do Sistema de Estatística do
Poder Judiciário (SIESPJ).
c) Resolução CNJ no 325/2020, que dispõe sobre a Estratégia Nacional do Poder
Judiciário 2021-2026.
d) Deliberação do Plenário do CNJ no Ato Normativo no 0002827-
76.2021.2.00.0000, na 351ª Sessão Ordinária, realizada em 24 de maio de 2022.
Disposições que criam obrigações para os Tribunais Regionais do Trabalho:
- Art. 2º Cada tribunal deverá instituir o Grupo de Pesquisas Judiciárias (GPJ), de
caráter permanente, que integrará a RPJ e terá competência para gestão, organização e
validação de bases de dados, produção de estatísticas e elaboração de diagnósticos sobre
a atuação do Poder Judiciário.
§ 1o A critério do tribunal, as funções do GPJ podem ser exercidas por unidade
administrativa específica existente ou que vier a ser criada em sua estrutura
organizacional, desde que observadas as disposições e diretrizes constantes nesta
Resolução referentes à composição e atribuição do GPJ.
- Art. 3º O GPJ deverá ser designado pela presidência do tribunal e formado por
magistrados(as) e servidores(as), com equipe multidisciplinar que contenha, no mínimo:
I – um(a) magistrado(a) supervisor(a);
II – um(a) magistrado(a) ou servidor(a) indicado(a) pela Corregedoria-Geral da Justiça;
III – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em estatística e/ou ciência de dados;
IV – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em tecnologia da informação;
V – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em direito, preferencialmente, com
experiência em Tabelas Processuais Unificadas (TPU) e parametrização; e

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VI – um(a) servidor(a) do tribunal com formação em ciências humanas com experiência
em pesquisa empírica.
§ 1º Não havendo servidores(as) nas áreas de formação citadas nos incisos III e IV deste
artigo, recomenda-se a indicação de servidores(as) com, no mínimo, 3 (três) anos de
experiência nas áreas de análise de dados e realização de pesquisa empírica.
§ 2º O GPJ poderá contar com a colaboração ou assessoria de outros magistrados(as) ou
servidores(as) com experiência e formação acadêmica adequadas para a realização e
gestão de atividades de pesquisa.
§ 3º Os tribunais poderão convidar professores(as) de universidades, em atividade ou
aposentados(as), bem como magistrados(as) e servidores(as) aposentados(as) para
colaborar com o GPJ na qualidade de consultores voluntários.
§ 4º O GPJ poderá contar com o apoio e, eventualmente, com a participação de
representantes das Escolas da Magistratura
§ 5º Na composição do GPJ deverá constar ao menos um(a) servidor(a) da unidade
técnica de estatística.
- Art. 10. Os tribunais deverão instituir o GPJ até o prazo de 120 (cento e vinte) dias a
contar da publicação desta Resolução.

3) Ato Conjunto TST.CSJT.GP 48/2022, de 8 de julho de 2022


Dispõe sobre a coordenação e articulação dos grupos ou unidades administrativas de
pesquisa no âmbito da Justiça do Trabalho.
O Ato Conjunto delimita como sendo da competência da Secretaria de Pesquisa
Judiciária e Ciência de Dados (SEPJD) do TST exercer as funções de coordenação e
articulação dos grupos de pesquisas judiciárias (GPJs) instituídos no âmbito da Justiça
do Trabalho, nos termos do art. 2º, § 2º da Resolução n.º 462 do CNJ.
Referências normativas que fundamentaram o Ato Conjunto:
a) Resolução CNJ nº 462, de 6 de junho de 2022
b) Ato TST. GP 229, de 16 de maio de 2022, referendado pela Resolução
Administrativa n.º 2326, de 6 de junho de 2022
c) Resolução CNJ n.º 462, art 2º, § 1º.

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