Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Editora
Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à Editora
Qualifica Mais. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em
parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação,
fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora.
Editora
Qualifica Mais São Paulo - Rua Catiguá, 159,
Sala 821, Tatuapé/SP CEP: 03065-030
(11) 91318-3141
contato@qualificaead.com.br
ISBN 978-65-996060-8-3
22-100214 CDD-220.6
Índices para catálogo sistemático:
Amo vocês!
Apoiadores do projeto
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Este livro é fruto de um movimento dos apaixonados pela Bíblia que tem tomado o
Brasil. Aqui, vai o meu agradecimento especial aos irmão e irmãs que contribuíram e
fizeram que esse livro se tornasse uma realidade. Que Deus os abençoe!
• Benedito Pedro Andrade • Antonio José de Simone • Cleusa Aparecida Mattos Anser
• Adélia Tiago da Cruz • Antonio José Rodrigues Dantas • convento Joana D'Aza
• Adriana de Pinho Cerqueira • Antônio Marcos de Oliveira Silva • Cristiano Fernandes da Fonseca
• Adriano Jose Elias do Nascimento • Antonio Marcos Valim Saúna • Cristiano Souza Oliveira
• Adriano Rodrigues Vidigal Silva • Antonio Pereira de Souza • Danilo Alves Lopes
• Alberto Antonio Comuana • Aparecida Emília de Souza Delavia • David Bruno Narcizo
• Alberto Rassi • Aparecido Gilberto Rodrigues • Deivacil Rosa Lemes
• Alda Canto • Arãonina Vicente • Denis Antônio Caetano
• Aldinete Melo • Arilma Helena de Souza • Derlei José Ferreira
• Aldo Olmos Molina Junior • Arlione Evanildo Silveira • Deusni Nogueira Ramos
• Alex Pereira • Armanda de Fatima Alves • Diana Mimosa Francisco
• Alexandre Alves • Aronildes Lima de Sousa • Dilcesar Dantas dos Santos
• Alexandre Batista dos Anjos • Augusto Cesar Trindade Carneiro • Dirce Aparecida da Silva
• Alexissandra dos Reis • Cacilda Regina Marques Veloso • Dirceu de Meira Latres
• Alfredo Freitas • Cacilene Vanubia Virginio de Oliveira • Donizete Mariano Terra
• Alice Pereira de Campos • Carlos Alberto da Luz Junior • Douglas de Aguiar Salvador
• Aline Gabriele Santos Franco • Carlos Alexandre de Souza Cardoso • Edilene Torres da Silva Dias
• Aline Lima • Carlos Eduardo Moraes • Edilvan Oliveira Cunha
• Aloete Márcia Reis Oliveira • Carlos Ernesto Matias • Edman Guimarães do Nascimento
• Ana Araceli Brito Alves • Carlos Rangel • Edmilson de Jesus Santos
• Ana Beatriz de Oliveira Carvalho • Casturina Ap. Pereira Santana • Edmilson Diogenes de Moraes
• Ana Maria Mendes • Celivalda dos Santos Bispo • Ednalva Cerqueira de Santana
• Ana Neri da Silva Fernandes • Cinara Carneiro Maluf Ferreira • Edson da silva
• Ana Paula Moreira Dias • Cirlene Marcia da Fonseca • Edson de Souza
• Ana Ruth Secco • Ciro Dias • Eli Márcio Augusto Prudêncio
• André Ângelo Bottan • Clara Caetana Amaral Nascimento • Eliana Maria Menis Bernardes
• Andre Dantas dos Santos • Clarice de Oliveira Cardoso • Elzi Maria Alves Sampaio Ferreira
• Andrea de Sousa Moraes • Clarice Ivete Valduga Tusset • Emerson Alves dos Santos
• Andreia carneiro da Conceição • Clarisley dos Santos Itcak • Emerson Jacomo Izidio dos Santos
• Andreia Fernandes Caetano De Araújo • Claudia Valeria Maia Siqueira • Emerson Oliveira e Silva
• Andreia ramos de Rezende leal • Claudio Aparecido da Fonseca Silva • Emerson Wilson Fernandes
• Ângela Maria Carniel Câmara • Claudio V Oliveira • Eni Maria Rosa Martelozo
• Ângelo Aparecido dos Santos • Claudiomar Queiroz Couto • Erasmo de Sá Novaes Júnior
• Antônia Furtado de Arruda • Claudney Leite da Silva • Esterfeson Fontes Marcial
• Antônio Amarildo Vieira da Silva • Cleber Diniz Bispo • Eunides Reis Martins De Oliveira
• Antônio Barbosa da Silva Neto • Clebeton Luiz Prates • Eurenes Miranda Lima
• Antônio Carlos Moreira • Cleide Maria Train Cordeiro • Eustely Ribeiro Santos Souza da Silva
• Antônio João Abreu de Mendonça • Cleunice Da Silva Machado Leopoldino • Evandro Pereira
Apoiadores do projeto
APOCALIPSE 127
15.2 O conteúdo do Apocalipse em linhas gerais 127
15.3 Sequência de leitura da Bíblia em um ano: Apocalipse 128
1
Parte I: O Cânon da Bíblia
U
ma das informações mais importantes se você quiser compreender
a melhor sequência de leitura da Bíblia consiste no seguinte fato: a
organização e o conteúdo das Escrituras nem sempre foi assim como
é hoje. Ao longo do tempo, houve uma série grande de modificações na estru-
tura e no conjunto do que entraria e do que ficaria de fora da lista de livros.
Isso se deu tanto do ponto de vista do Antigo Testamento quanto do Novo.
Nas próximas partes desse capítulo, mostrarei, em profundidade,
informações cruciais que formarão a base para que você compreenda a
melhor sequência de leitura da Bíblia. Vamos em frente?
15
A melhor sequência para ler a Bíblia
16
Parte I: O Cânon da Bíblia
17
A melhor sequência para ler a Bíblia
Bíblia hebraica para a maioria dos judeus. Alguns autores apontam que
esse conjunto foi oficializado por proclamação de um conselho rabínico,
liderado por Yohanan Ben Hazakay, em torno de 90 d.C.
Uma indicação desse processo consiste no fato de que a igreja cristã
nos próximos séculos adotou esses escritos como seu Antigo Testamento,
ao assumir que esse conjunto era o que compunha as Escrituras de Israel.
Bereshit = Gênesis
Gênesis (Gn) Gênesis (Gn) (Gn)
Êxodo (Ex) Êxodo (Ex) Shemot = Êxodo (Ex)
Pentateuco Levítico (Lv) Levítico (Lv) Wayyiqra = Levítico (Lv)
Tora (5)
ou Tora (5) Números (Nm) Números (Nm) Bemidbar = Números
Deuteronômio Deuteronômio (Nm)
(Dt) (Dt) Debarim =
Deuteronômio (Dt)
18
Parte I: O Cânon da Bíblia
Isaías (Is)
Isaías (Is)
Jeremias (Jr)
Jeremias (Jr)
Lamentações (Lm) Salmos (Sl)
Lamentações (Lm)
Baruc (Br) Jó (Jó)
Ezequiel (Ez)
Ezequiel (Ez) Rute (Rt)
Daniel (Dn)**
Daniel (Dn)** Cânticos dos cânticos
Oséias (Os)
Oséias (Os) (Ct)
Joel (Jl)
Joel (Jl) Eclesiástes (Ecl)
Livros Amós (Am)
Amós (Am) Ketuvim Provérbios (Pr)
Proféticos Abdias (Ab)
Abdias (Ab) (11) Lamentações (Lm)
(18) Jonas (Jn)
Jonas (Jn) Ester (Est)**
Miquéias (Mq)
Miquéias (Mq) Daniel (Dn)**
Naum (Na)
Naum (Na) Esdras
Habacuc (Hab)
Habacuc (Hab) Neemias
Sofonias (Sf)
Sofonias (Sf) 1 Crônicas
Ageu (Ag)
Ageu (Ag) 2 Crônicas
Zacarias (Zc)
Zacarias (Zc)
Malaquias (Ml)
Malaquias (Ml)
19
A melhor sequência para ler a Bíblia
O que quero dizer com tudo isso até aqui? A Bíblia nem sempre foi
assim como é hoje, do ponto de vista de seu conteúdo e também de ordem
dos livros. Ambos os elementos foram sendo organizados com o passar
do tempo. Eles não caíram do céu prontos. Há, portanto, que se dizer que
existe uma lógica, diferente da lógica da sequência histórica dos relatos,
que organiza o cânon tal como ele está hoje.
20
Parte I: O Cânon da Bíblia
21
A melhor sequência para ler a Bíblia
22
Parte I: O Cânon da Bíblia
23
A melhor sequência para ler a Bíblia
2
sequência de leitura
da Bíblia
A
o longo desses anos de estudo, pesquisa e ensino da Bíblia, uma
das perguntas que mais as pessoas fazem é essa: “qual é a melhor
sequência para ler a Bíblia?” Alguns fazem esse questionamento
mesmo já tendo lido a Escritura inteira. Dizem isso porque não conseguem
entender uma lógica, “um fio da meada”, na narrativa como um todo.
Claro, nunca vão entender, mesmo! Por quê? Os livros da Bíblia
não estão numa sequência para serem lidos de Gênesis ao Apocalipse.
A sua forma é como a de uma prateleira de biblioteca, na qual alguém
pega o material de acordo com seu interesse, organizado por seus
gêneros literários.
Neste capítulo, mostrarei os fundamentos da leitura contextualizada
da Bíblia e como isso impactará muito positivamente sua interpretação.
Isso se dará a ponto que nunca mais você abrirá mão desse processo, já
que os escritos sagrados terão muito mais sentido. Está preparado?
24
PARTE II: A Melhor sequência de leitura da Bíblia
8
Ouço a voz do meu amado; ei-lo aí galgando os
montes, pulando sobre os outeiros. 9 O meu amado é
semelhante a gazela ou ao filho da gazela; eis que está
detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, esprei-
tando pelas grades.
25
A melhor sequência para ler a Bíblia
terpretação da passagem se altera. Ela fica mais clara! Isso porque, agora,
você tem conhecimento do contexto histórico e linguístico.
Ler a Bíblia acompanhando a sequência histórica do Antigo Israel
vai trazer à tona a força comunicativa do texto bíblico. Diante disso, a
melhor ordem de leitura deve respeitar esse processo. Aqui, no livro, eu
vou te explicar tudo isso em detalhes. Vamos continuar?
26
PARTE II: A Melhor sequência de leitura da Bíblia
27
A melhor sequência para ler a Bíblia
3
histórica dos livros do
Antigo Testamento
O
livro do Gênesis, o primeiro que precisa ser lido, está estru-
turado em duas grandes partes: a primeira pode ser chamada
de narrativa pré-patriarcal ou história primordial (Gn 1—11); a
segunda, que tem seu início em Gn 12 e vai até o final, no capítulo 50,
é denominada de narrativa patriarcal.
Nos primeiros capítulos, podemos discernir quatro relatos que são
encontrados em diversas genealogias: criação, vida humana dentro e
fora do jardim (Adão / Eva; Caim / Abel), o dilúvio de Noé e a Torre de
Babel (cf. Gn 1-11,9).
Entre os relatos patriarcais, há três coleções narrativas: as histórias
de Abraão, Jacó e José. A ausência de uma coleção distinta de Isaac se
deve ao seu papel marginal como uma figura de transição, ofuscada tanto
pelo pai (Abraão) quanto pelo filho (Jacó) (cf. Gn 11,27-50,26).
Toda essa narrativa do Gênesis está organizada em 10 sessões, con-
tadas a partir da introdução (cf. Gn 1,1-2,3). O que mais chama a atenção
é o fato de que cada uma das porções é introduzida com uma expressão
que aparece dez vezes, “esta é a história...”. Essa fórmula, em hebraico,
é chamada de “toledot”, palavra hebraica que significa “genealogia”, pois
esse é o termo utilizado em todas essas frases (cf. Gn 2,4; 5,1; 6,9; 10,1;
11,10; 11,27; 25,12; 25,19; 36,9; 37,2).
Observe o quadro abaixo:
28
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
2 A genealogia de Adão
(5,1–6,8)
3 A genealogia de Noé
(6,9–9,29)
Período Pré-patriarcal
4 A genealogia dos filhos de Noé
(10,1–11,9)
5 A genealogia de Sem
(11,10–11,26)
6 A genealogia de Taré
(11,27–25,11)
7 A genealogia de Ismael
(25,12–18)
9 A genealogia de Esaú
(36,1–8; 36,9–37,1)
10 A genealogia de Jacó
(37,2–50,26)
29
A melhor sequência para ler a Bíblia
O Dilúvio (6–10).
A rebelião de Babel (11).
30
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
31
A melhor sequência para ler a Bíblia
32
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
33
A melhor sequência para ler a Bíblia
34
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
1. Rúben (29,31-32)
2. Simeão (29,33)
Filhos com Lia
3. Levi (29,35)
4. Judá (29,35)
35
A melhor sequência para ler a Bíblia
5. Dã (30,5-6)
Filhos com Bala
6. Neftali (30,7-8)
7. Gad (30,9-11)
Filhos com Zelfa
8. Aser (30,12-13)
9. Issacar (30,14-18)
Mais filhos com Lia:
10. Zabulon (30,19-20)
36
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
37
A melhor sequência para ler a Bíblia
38
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
39
A melhor sequência para ler a Bíblia
40
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
41
A melhor sequência para ler a Bíblia
Na continuidade da narrativa, mais uma vez, Jacó pede para ser en-
terrado com seus ancestrais na caverna de Machpelah em Hebron. Então
ele morre (49,28-33). Após um período de luto de 70 dias, os doze irmãos
carregam o corpo embalsamado de seu pai para Hebron (50,1-14).
Depois que os irmãos voltaram ao Egito, José tenta acalmar seus
temores de que ele busque vingança. Ele diz a eles: “Deus transformou
em bem o que você quis dizer com o mal” (50,15-21). José vive para ver
a terceira geração dos filhos de Efraim e morre aos 110 anos (50,22-26).
O livro do Gênesis termina assim, com os doze filhos de Jacó no
Egito. Lá, ao longo do tempo, eles se tornarão um povo. A continuidade
da história será contada, por volta de 400 anos depois, a partir do livro
do Êxodo.
1 1-4
2 5-8
3 9-12
4 13-16
5 17-20
6 21-24
7 25-28
8 29-32
9 33-36
10 37-40
11 41-44
12 45-50
42
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
4.1 Êxodo
O livro do Êxodo retoma a narrativa iniciada em Gênesis, quando os
filhos de Jacó se tornam a nação de “Israel” (cf. Ex 1,1-7). Tanto a longa
permanência quanto a condição de convidado que se tornou escravo
de Israel no Egito são o cumprimento da palavra de Deus dirigida a
Abraão em Gn 15,13.
Ademais, o Êxodo narra a história que se deu a partir do julga-
mento de Deus sobre o Egito e a libertação de Israel (cf. Ex 1-15), fatos
que completaram a promessa do Senhor a Abraão de acordo com Gn
15,14. É por conta dessa história que o livro se chama Êxodo, termo
grego que significa “saída”.
A segunda parte do livro do Êxodo enfoca a aliança que Deus esta-
beleceu com Israel no Sinai, por meio de Moisés. Esse pacto, incluindo as
leis (cf. Ex 19-24) e a construção do tabernáculo (cf. Ex 25-40), tornou-se
a base para a missão de Israel na Terra Prometida.
O final do Êxodo consiste na narrativa do momento em que Deus foi
morar com o seu povo no tabernáculo (cf. Ex 40).
4.2 Levítico
No livro do Êxodo, a nação israelita foi tirada do Egito e levada ao
Sinai (cf. Ex 19); é nesse monte que o livro do Levítico é situado. Assim, a
maior parte desse escrito registra Deus explicando Suas leis a Moisés. A
lei bíblica dada a Israel, durante esse momento, abrange Êxodo 20,1-Nm
9,14, incluindo todo o livro de Levítico.
Em Levítico, que é a continuidade da narrativa anterior do Êxodo,
o Senhor chama Moisés ao tabernáculo (cf. Lv 1,1) e lhe explica como
43
A melhor sequência para ler a Bíblia
4.3 Números
Na sequência da leitura, deve-se ler o livro de Números. Ele recebe
esse nome por causa das duas “numerações” dos homens de guerra nos
capítulos 1–4 e 26–27. Em outras palavras, o nome do livro nasce por causa
desses dois censos realizados: o primeiro foi feito no segundo ano após a
nação ter deixado o Egito; e o segundo foi feito 38 anos depois, quando a
nova geração estava para entrar em Canaã. O primeiro censo revelou que
havia 603.550 homens disponíveis; a segunda, que havia 601.730.
Números é o livro que narra os 40 anos dos israelitas no deserto. Ele
descreve o fracasso da nação israelita em Cades Barne (cf. Nm 13,26) e suas
peregrinações até o momento da morte de toda a geração incrédula, mais
velha (cf. Nm 14,26-22,1). Dos que saíram do Egito, apenas dois entraram
na Terra Prometida, Caleb e Josué (cf. Nm 15,30).
Números pode ser dividido em três seções. A primeira e a terceira
seções estão separadas por 40 anos. Elas começam cada uma com um
censo e relatam os preparativos dos israelitas para uma grande mudança.
Na primeira seção (cf. Nm 1–10), a mudança envolve a partida do Sinai
44
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
4.4 Deuteronômio
Deuteronômio é o escrito que conclui o Pentateuco ou a Torá, os
primeiros cinco livros da Bíblia. Ele é entendido como os discursos falados
finais de Moisés (cf. Dt 1,3.5; 4,44; 5,1; 29,1) e transcritos por ele (31,9.22.24;
32,45) para o Israelitas que viveriam na Terra Prometida (1,3.35.39).
É justamente por isso que o livro leva o nome “Deuteronômio”. Esse
termo em grego significa “segunda lei” e está presente em Dt 17,18. Nesse
escrito, Moisés estava reafirmando e reapresentando a Lei para a nova
geração, nascida no deserto. Esse
livro não é uma nova lei, trata-se de uma segunda declaração da lei
dada anteriormente.
Deuteronômio registra Moisés dizendo aos israelitas como viver na
terra há muito prometida a seu antepassado Abraão (cf. Gn 12,1-3) - a terra
que eles ainda deveriam conquistar.
Assim, Deuteronômio é, basicamente, Moisés falando suas palavras
finais à leste do rio Jordão, perto de Bet Fegor, no que antes era o ter-
ritório de Moab, atual Jordânia (cf. Dt 1,1.5; 3,29; 4,46; 29,1; cf. Nm 21,26).
Uma curiosidade é que da região citada acima, a Terra Prometida, a
oeste, foi considerada por Moisés como um território “além do Jordão”
ou “no outro lado do Jordão” (cf. Dt 3,20.25; 11,30; cf. Nm 32,19).
Em contraste, o editor final de Deuteronômio, que estava já na Terra
Prometida, vendo a posição onde Moisés e Israel estavam em Moab, afirma
que aquele local estava no “além do Jordão” (cf. Dt 1,1.5; 3,8; 4,41.46-47.49).
Isso sugere duas perspectivas redacionais distintas de pelo menos dois
momentos diferentes: um antes da conquista e outro depois da conquista
da Terra de Canaã.
45
A melhor sequência para ler a Bíblia
13 1-4
14 5-8
15 9-12
16 13-16
17 17-20
18 21-24
19 25-28
20 29-32
21 33-36
22 37-40
46
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
23 1-4
24 5-8
25 9-12
26 13-16
27 17-20
28 21-24
29 25-27
31 5-8
32 9-12
33 13-16
34 17-20
35 21-24
36 25-28
27 29-32
28 33-36
47
A melhor sequência para ler a Bíblia
39 1-4
40 5-8
41 9-12
42 13-16
43 17-20
44 21-24
45 25-28
46 29-32
47 33-34
4.6 Josué
A continuidade da narrativa bíblica, na melhor sequência de leitura,
se dá no livro de Josué, que se passa logo após a morte de Moisés, o an-
tigo líder de Israel.
Esse livro tem seu início com Deus dando autoridade ao sucessor de
Moisés, Josué, a fim de que ele lidere os israelitas na conquista da Terra
Prometida ao antepassado, Abraão (cf. Js 1,1-5; Gn 17,8). O povo começa
uma campanha militar contra as nações que já residiam em Canaã.
Deus os ajuda e os israelitas tomam posse da terra e a distribuem
em territórios para suas 12 tribos (cf. Js 14,1-5). Todo esse processo é não
apenas uma narrativa de eventos, mas são interpretações teológicas do
que aconteceu.
Josué, no final do livro, conclama Israel a escolher o Senhor, e a re-
novação dessa aliança é apresentada em Js 24.
O livro de Josué pode ser dividido em três partes. A primeira descreve
48
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
48 1-4
49 5-8
50 9-12
51 13-16
52 17-20
53 21-24
49
A melhor sequência para ler a Bíblia
D
epois que o povo estava instalado na terra de Canaã, distribuído
nas 12 tribos de Israel, se tem início o sistema tribal. O conjunto
de livros que trata desse período é o livro de Juízes e os oito pri-
meiros capítulos do primeiro livro de Samuel.
5.1 Juízes
Os eventos de Juízes aconteceram desde a morte de Josué (cf. Jz 1,1)
até a crise do sistema tribal; momento no qual cada um fazia o que bem
entendia, deixando de lado o reto proceder (cf. Jz 22,24). O livro cobre
um período de praticamente 200 anos.
Como o livro se concentra no assentamento na terra, os eventos
narrados ocorreram dentro das fronteiras da Terra Prometida de Israel,
exceto na ocasião em que um juiz pressionaria a batalha contra um grupo
dos povos vizinhos (cf. Jz 3,30; 8,10; 11,32–33; 16,23).
São mencionados, nesse livro, doze juízes diferentes levantados por
Deus para derrotar um inimigo específico num determinado território
e dar descanso ao povo. Eles não eram líderes nacionais; em vez disso,
eram líderes locais que libertaram o povo de vários opressores. É pos-
sível que alguns dos períodos de opressão e descanso se sobreponham.
Nem todas as tribos participaram de cada batalha e frequentemente
havia rivalidade tribal. O fato de Deus poder chamar essas “pessoas
comuns” de juízes e usá-las tão poderosamente é ressaltado no livro.
O Espírito de Deus descia sobre esses líderes para a realização de uma
tarefa específica (cf. Jz 6,34; 11,29; 13,25), embora, muitas vezes, suas
vidas pessoais não fossem exemplares em todos os detalhes. As várias
centenas de anos de governo sob os juízes prepararam Israel para seu
pedido de um rei, como será visto mais adiante (cf. 1Sm 8).
Juízes começa com uma descrição da turbulência política e religiosa
em Israel (Juízes 1–2). Depois disso, vem uma sequência de histórias
sobre os juízes, líderes de Israel. Os juízes principais incluem Eúde (cf.
Jz 3,12–30), Débora (cf. Jz 4–5), Gideão (cf. Jz 6–8), Abimelec (cf. Jz 9),
Jefté (cf. Jz 10–11) e Sansão (cf. Jz 13–16).
O mesmo padrão ocorre em cada história: Israel cai em pecado; Deus
50
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
permite que uma nação estrangeira oprima Israel como punição; Israel se
arrepende; Deus envia um juiz para libertar Israel da opressão estrangeira.
Alguns dados importantes precisam ser destacados a respeito
desse momento da história. O primeiro consiste no fato de que, nesse
período, Deus é entendido como o rei de Israel (cf. Jz 8,23; 1Sm 8,7).
Assim, não havia um monarca humano e a tentativa de estabelecê-lo
foi fracassada (cf. Jz 9).
O segundo ponto fundamental constitui-se pelo fato de que não
havia uma estrutura religiosa plenamente organizada. Não havia um
templo central e sacerdotes que governavam todo o sistema religioso.
Existiam, ao contrário, sacerdotes familiares e os levitas (cf. Jz 17-18) e
santuários espalhados por todo território das 12 tribos (cf. Siquém: Js
8,33; Guilgal: Js 3-4; Betel: Jz 20,26-28; Tabor: Jz 4,6.14; Silo: 1Sm 1-3).
Os últimos cinco capítulos de Juízes enfatizam o declínio social
e moral dentro de Israel, em vez do conflito com inimigos externos.
54 1-4
55 5-8
56 9-12
57 13-16
58 17-21
59 1-4
60 5-8
51
A melhor sequência para ler a Bíblia
A
monarquia unida consiste no período que ocorre entre os anos de 1030-
931 a.C. e é chamada assim pelo fato de que os reis Saul, Davi e Salomão
reinaram sob todo o território das doze tribos, antes de sua divisão.
52
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
que desejava matar Davi e estabelecer sua própria dinastia (cf. 1Sm 18–27).
O fim do primeiro rei de Israel foi trágico; Saul morreu na batalha
junto de seus filhos, abandonados por Deus (1Sm 28,31).
53
A melhor sequência para ler a Bíblia
54
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
55
A melhor sequência para ler a Bíblia
56
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
57
A melhor sequência para ler a Bíblia
58
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
61 9-12
62 13-16
63 17-20
64 21-24
65 25-28
66 29-31
74 5-8
75 9-11
59
A melhor sequência para ler a Bíblia
E
m 1Rs 11,31-32, está claramente indicado que a monarquia que unia
as antigas tribos do norte e do sul acabaria. É no conjunto de 1Rs
12-14 que se encontra a narrativa do fim da monarquia unida. Com
a morte de Salomão, quem assume é seu filho, Roboão, herdeiro do trono.
Diante disso, os representantes das tribos do norte convocaram os do
sul para uma reunião extraordinária em Siquém, para pensar uma forma de
reorganizar o reino sob o novo monarca, Roboão (cf. 1Rs 12,1-19; 2Cr 10,1-19).
Essa convocação foi de singular importância, pois embora Davi tenha
unido o reino, tanto as tribos do norte como do sul mantiveram suas res-
pectivas identidades, que se manifestaram em momentos de crise, como
na transição política quando Salomão morreu.
A resposta de Roboão aos pedidos das tribos do norte não foi nem
acolhedora nem cordial. O novo monarca rejeitou abertamente a reunião,
pois os anciãos de Israel tinham uma série de pedidos e demandas: A
redução de altos impostos na administração de Salomão e a redução do
trabalho forçado a que estavam sujeitos, entre outros requisitos (cf. 1Rs
12,12-15; 2Cr 10,12-14).
Essa dinâmica de pedidos de Israel e rejeições do rei Roboão, final-
mente, levaram à cisma entre as tribos, que já vinha ocorrendo há anos.
Israel decidiu rejeitar, publicamente, a autoridade do reino do sul, e nomeou
Jeroboão, filho de Nabat, como seu novo monarca, que havia retornado
do Egito com esse propósito (cf. 1Rs 12,16-19; 1Cr 10,16-19).
Um ponto fundamental em torno dessa questão é indicar que a nar-
rativa bíblica que apresenta esses incidentes se preocupa em mostrar que
essa divisão fazia parte da vontade de Deus para o povo. Diante disso,
o profeta Semeías disse a Roboão para não atacar as rebeldes tribos do
norte (cf. 1Rs 12,22–24).
Jeroboão, o primeiro rei do norte, após a divisão, organizou sua mo-
narquia. A primeira capital foi Siquém (cf. 1Rs 12,25), embora sua família
vivesse em Tersa, que também era considerada a capital (cf. 1Rs 14,17).
Essas incertezas administrativas deixam claro que ele queria manter um
certo equilíbrio político entre as várias tribos do norte.
60
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
Israel Judá
Duração 210 anos 345 anos
19 reis, média de 20 reis, média de
Reis
11 anos por rei 17 anos por rei
61
A melhor sequência para ler a Bíblia
Toda essa história é contada também nos livros das Crônicas, tanto
no primeiro quanto no segundo. Todo esse conjunto, a obra histórica
cronista, reconta os acontecimentos mediante a perspectiva, sobretudo
dos sacerdotes do Templo de Jerusalém, no período pós-exílico, por volta
de 450-333 a.C.
Por tudo isso, quando alguém lê a Bíblia na sequência em que ela
se encontra, acaba tendo dificuldades, já que as histórias se repetem. O
ideal, numa perspectiva de leitura comparada das duas obras históricas,
tanto a deuteronomista (Js, Jz, 1 e 2 Sm, 1Rs e 2Rs) quanto a cronista (1 e
2 Cr), seria lê-las lado a lado, ou seja, tendo uma sinopse.
62
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
63
A melhor sequência para ler a Bíblia
64
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
Fonte: https://missaoposmoderna.com.br/2014/05/a-arqueologia-e-a-biblia/
65
A melhor sequência para ler a Bíblia
66
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
67
A melhor sequência para ler a Bíblia
84 1-4
85 5-8
86 9-12
87 13-16
88 17-20
89 21-24
90 25-28
91 29-31
92 1-4
93 5-8
94 9-12
95 13-16
96 17-20
97 21-24
98 25-28
99 29-32
100 33-36
68
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
106 1-4
107 5-8
108 9-12
109 13-16
110 17-20
111 21-24
112 25-28
113 29-32
114 33-36
115 37-39
69
A melhor sequência para ler a Bíblia
116 1-3
117 4-7
118 1-3
119 1-3
120 1-3
121 1-4
70
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
O
utro império emergiu com muito poder no cenário mundial, a
Babilônia. Tendo suplantado a Assíria, cresceu rapidamente, com
grande força política e militar, no contexto mais amplo das nações
do Antigo Oriente Próximo, por volta do século VI a.C.
Embora tenha sido assim, seu império não durou muito, pois as
intrigas internas das elites e a instabilidade política geraram um cli-
ma de insegurança, que afetou demais a estabilidade do governo e a
capacidade de manter o domínio dos governantes babilônios.
O primeiro personagem babilônico importante, do ponto de vis-
ta bíblico, foi Nabucodonosor II, rei da Babilônia entre 605-562 a.C.;
filho mais velho de Nabopolassar, fundador da dinastia caldeia; pai de
Amel-marduk (na Bíblia, chamado de “Evil-Merodac”).
Nabucodonosor acompanhou seu pai em campanhas militares con-
tra vários povos dos territórios montanhosos da região. Ele derrotou
Necao II e os egípcios, em Carquemis, em 605, ganhando o controle
da Síria e da região onde o povo de Judá vivia. Depois, nesse mesmo
ano, ele sucedeu a seu pai como rei.
O reinado inicial de Nabucodonosor II realizou diversas campanhas
militares contra todo território da Palestina, inclusive, sitiando Jeru-
salém, capturando o rei Joaquim e colocando, em seu lugar, Sedecias,
que era mais simpático à política babilônica. Tudo isso pode ser lido
em 2Reis 24,10-17.
O rei de Judá, Sedecias, ajudado pelo Egito, acabou se rebelando
contra Nabucodonosor, que, em 589 a.C., devastou Jerusalém em re-
taliação. Isso resultou, três anos depois, nas deportações de parte da
população de Judá para a Babilônia (cf. 2Rs 24,20-25: 21; Jr 52,3-34; Ez
17,15; 24,1-2; 37,5). Isso fez com que a independência política de Judá
acabasse, bem como a dinastia davídica.
A Babilônia, depois da devastação de Jerusalém e após os processos
de deportação, anexou o reino de Judá à província de Samaria. No final
de todos os ataques militares de Nabucodonosor, Judá, o reino do sul
71
A melhor sequência para ler a Bíblia
72
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
122 1-5
73
A melhor sequência para ler a Bíblia
124 1-4
125 5-8
126 9-12
127 13-16
128 17-20
129 21-24
130 25-28
131 29-32
132 33-36
133 37-40
134 41-45
135 46-52
136 1-6
74
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
137 1-4
138 5-8
139 9-12
140 13-16
141 17-20
142 21-24
143 25-28
144 29-32
145 33-36
146 37-40
147 41-44
148 45-48
149 40-44
150 45-50
151 51-55
75
A melhor sequência para ler a Bíblia
O
fim do grande império babilônico se deu com a ascensão da Pérsia
como a nova potência mundial no Antigo Oriente Próximo. Ciro, o
rei persa, liderou uma revolta bem-sucedida contra a Média, em
550 a.C., e continuou a construir e solidificar seu império até sua morte,
em 530 a.C. Ele foi um dos principais agentes da destruição da Babilônia
e do retorno dos exilados para a terra de Judá.
Em 539 a.C., Ciro entra na Babilônia, aclamado, e assume o poder.
O livro do profeta Isaías (dos capítulos 40-55, conhecido como Segundo
Isaías) trata justamente do avanço desse rei persa, fato que reacendeu
a esperança em muitos que estavam em condições ruins do período do
exílio. Isso foi interpretado como sendo uma espécie de novo êxodo.
Um edito de Ciro, em 538 a.C., citado em Esd 1,1-11; 6,3-5; 2Cr 36,22-
23, dá a ordem para que os exilados de todas as nações retornem às suas
terras natais. Os Persas tinham uma forma de governar seu território con-
quistado de forma muito mais branda no que tange à liberdade religiosa e
política. Essa certa liberdade religiosa e política, porém, teve um preço alto.
Tributos, em prata, deveriam ser pagos ao império persa, a partir de agora.
Um ano depois, em 537 a.C., 49 anos depois que o Templo de Jerusa-
lém tinha sido destruído, retornou, para a Judeia, um primeiro grupo de
exilados judeus, provenientes da Babilônia, liderados por Sasabassar (cf.
Esd 1,5-11). Nesse tempo, o culto em Jerusalém é, em parte, retomado, ao
mesmo tempo em que os seus novos fundamentos são colocados.
Entretanto, é somente com o governo do persa, Dario I, em 520 a.C., que
o Templo de Jerusalém efetivamente começou a ser reconstruído sobre os
novos fundamentos. Nessa época, o rei judeu, Zorobabel, colocado no poder
pelo Império, coordenou a continuidade desse processo (cf. Esd 6-12). Tendo
ele liderado mais um grupo de exilados em seu retorno (cf. Esd 2,1-70), quan-
do chegaram construíram o altar e restauraram os sacrifícios (cf. Esd 3,1-6).
Conflitos começam. Os samaritanos, remanescentes dos que ficaram
no reino do norte, misturados com outros povos, pediram para contribuir
na reconstrução do Templo de Jerusalém. Os judeus, considerando-os
76
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
impuros, não aceitam ajuda (cf. Esd 4,1-3). A reconstrução será interrom-
pida (cf. Esd 4,4-5.24).
Nessa época, os profetas Ageu e Zacarias estão atuando em favor do
Templo (cf. Esd 5,1; Ag 1,1-11). Diante disso, a reconstrução é retomada (cf.
Esd 5,2-5; Ag 1,12-15; Zc 1,1-6). As muralhas da cidade de Jerusalém serão
reconstruídas, já no tempo de Ataxerxes I, em 448 a.C., quando um grupo
de exilados retornou à Judeia (cf. Esd 4,12).
Nesse período da história, Neemias volta da Babilônia com a autori-
zação para dar continuidade às construções, sobretudo do Templo. Ele
foi nomeado governador da Judeia (cf. Ne 13,6), fato que lhe deu poder
para lutar contra as oposições do governador da Samaria, Sanabalat, que
havia feito oposição à reconstrução do Templo (cf. Ne 1,10).
Em 515 a.C., os judeus puderam celebrar a Páscoa, novamente, no
Templo de Jerusalém (cf. Esd 6,19-22), sob a liderança dos sacerdotes
levitas. Uma personagem fundamental em toda essa história foi Esdras,
um escriba, sacerdote e mestre da Lei. Ele foi colocado por Artaxerxes
para nomear magistrados e juízes (cf. Esd 7,25) e para ensinar e fazer
cumprir a “Lei de Deus” e a “Lei do Rei” na Judéia (cf. Esd 7,25–26); uma
das primeiras e mais notáveis figuras do Judaísmo do Segundo Templo.
152 1-5
153 6-10
77
A melhor sequência para ler a Bíblia
157 1-2
158 1-5
159 6-10
160 11-13
161 1-3
162 55-58
163 59-62
164 63-66
9.2 Livros que foram escritos nesse período para discutir sobre a teo-
logia da retribuição do Templo de Jerusalém
9.2.1 Rute (foi escrito por volta de 400 a.C. – mas o livro faz menção ao
período do sistema tribal)
Dia Rute – Leia os capítulos Data
165 1-4
78
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
9.2.2 Jonas (foi escrito por volta de 400 a.C. – mas o livro faz menção ao pe-
ríodo do reino dividido, quando a Assíria exercia do domínio da região)
166 1-4
9.2.3 Jó (foi escrito por volta de 400 a.C. – mas o livro faz menção ao período
pré-patriarcal)
9.2.4 Cântico dos Cânticos (foi escrito por volta de 400 a.C. – mas o livro foi
atribuído a Salomão que reinou entre 970/60 e 931 a.C.)
177 1-4
178 5-8
79
A melhor sequência para ler a Bíblia
179 1-5
180 6-9
181 10-14
80
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
P
or 200 anos, o Império Persa se manteve no poder. Este foi uma
potência hegemônica no Antigo Oriente Próximo. Isso demonstrou
que o seu modo de governar teve muita eficácia. As suas decisões
econômicas, sociais, políticas, militares e religiosas de tolerância se mos-
traram muito efetivas na manutenção da coesão do Império.
Surgem, na Grécia, porém, novos líderes políticos e militares com
o desejo de conquistarem territórios ao oriente e internacionalizarem
seu poder. Felipe II, rei da Macedônia, também conhecido como Felipe,
o belo, foi um desses.
Muito sagaz, Felipe II, ao tomar consciência dos conflitos da região
entre as diversas cidades-estados gregas, se autoproclamou o impera-
dor da Grécia, em 338 a.C. Esse fato repercutiu internacionalmente. Mas
ele não levou a cabo seu sonho de conquista. Foi seu filho, Alexandre, o
Grande (Magno), que, ao suceder-lhe, realizou o feito de estabelecer um
grande império que ficou conhecido como o Império Helênico.
Alexandre Magno foi sendo, ao longo do tempo, preparado tanto
intelectualmente, com a ajuda de Aristóteles, o famoso filósofo, discí-
pulo de Platão, quanto militarmente, já que era treinado pelos melhores
guerreiros da Grécia.
Ao assumir o poder, o jovem militar, Alexandre Magno, iniciou uma
série de campanhas contra os exércitos do império persa e seus interesses
no Antigo Oriente Próximo. Esses esforços tiveram êxito. Em 334 a.C.,
quando ele enfrentou os exércitos de Dario II, na Ásia Menor, o derrotou.
Desde aquele momento, nunca deixou de lado seu ímpeto de conquista.
Começou sua expansão territorial, vencendo Damasco, Fenícia e
Palestina, o que lhe permitiu conquistar o Egito. Em 331 a.C., Alexandre
Magno fundou a cidade de Alexandria, local que desempenhou um papel
fundamental na transformação cultural de todo o mundo antigo.
Depois do grande êxito no Egito, Alexandre Magno direcionou suas
tropas para a Mesopotâmia. Lá, enfrentou, mais uma vez, os exércitos
persas de Dario II. Nessa campanha militar, seu triunfo foi tão grande que
81
A melhor sequência para ler a Bíblia
levou à queda da Pérsia. Assim, pôde avançar mais ainda para o oriente,
em territórios que pertenciam aos persas. Em pouco tempo, ainda muito
jovem, Alexandre conseguiu organizar uma vasta extensão territorial, o
Império Grego ou Helênico.
Foi dada à cultura, durante o tempo do império, muita importância.
Alexandre Magno pretendia espalhar o pensamento e o modo de vida dos
gregos por todo mundo antigo. Para tal, por onde chegava a dominação,
os exércitos ensinavam a língua grega, os mitos, a filosofia e as artes.
Além do mais, as cidades conquistadas foram sendo transformadas tanto
na estrutura social quanto na forma arquitetônica, conformando-se às
antigas cidades gregas. A isso se deu o nome de cultura helenística.
Em suas campanhas militares, Alexandre Magno teve o interesse de
conquistar Jerusalém. Entretanto, segundo Flávio Josefo, historiador ju-
deu, ele teria sido alertado em sonho de que não deveria saqueá-la, nem
destruí-la. Desse modo, foi recebido com as honras do sumo sacerdote
e decidiu oferecer sacrifícios no Templo. Além disso, como produto dos
esforços de Jedua, o sumo sacerdote, ele decidiu afirmar os reconheci-
mentos e privilégios que a comunidade judaica tinha no império.
Alexandre Magno morreu na Babilônia em 323 a.C., deixando um vazio
político, social e militar muito difícil de preencher. Não havia, portanto,
quem o sucedesse. Era um império muito grande, que incluía diferentes
nações e culturas variadas. Assim, o império ficou nas mãos dos “diádocos”,
termo grego que significa “sucessores”; eles eram oficiais de seu exército.
Ptolomeu assumiu o Egito; Seleuco, a Babilônia e outras regiões
orientais; Antígono, a Frígia Maior; Lisímaco, a Trácia; Cassandro, a Ma-
cedônia. Os mais importantes para o entendimento das Escrituras e da
história dos judeus são Ptolomeu e Seleuco.
82
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
83
A melhor sequência para ler a Bíblia
84
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
85
A melhor sequência para ler a Bíblia
86
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
87
A melhor sequência para ler a Bíblia
88
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
89
A melhor sequência para ler a Bíblia
90
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
91
A melhor sequência para ler a Bíblia
92
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
182 1-4
183 5-8
184 9-12
185 13-16
186 1-4
187 5-8
188 9-12
189 13-15
10.6.1 Ester (foi escrito por volta de 350 a.C., mas se refere a uma per-
sonagem que viveu durante entre o período do exílio da Babilônia e a
dominação persa, mais ou menos, 597 a.C.)
93
A melhor sequência para ler a Bíblia
190 1-4
191 5-8
192 9-12
193 13-16
10.6.2 Eclesiastes (foi escrito por volta de 250 a.C. – mas o livro foi atri-
buído a Salomão que reinou entre 970/60 e 931 a.C.)
194 1-4
195 5-8
196 9-12
197 1-4
198 5-8
199 9-12
200 13-16
201 17-20
202 21-24
203 25-28
204 29-32
205 33-36
206 37-40
207 41-45
208 46-51
94
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
10.6.4 Daniel (deve ter sido editado por volta de 165 a.C., mas se refere a um
personagem situado durante o período do exílio da Babilônia, entre 598 e 539 a.C.)
209 1-5
210 6-10
211 11-14
10.6.5 Judite (deve ter sido escrito por volta de 165 a.C., mas se refere a uma
personagem situada durante o período do exílio da Babilônia, entre 598 e 539 a.C.)
212 1-4
213 5-8
214 9-12
215 13-16
10.6.6 Sabedoria (deve ter sido escrito por volta de 60 a.C., mas o livro foi atri-
buído a Salomão que reinou entre 970/60 e 931 a.C.)
216 1-4
217 5-8
218 9-12
219 13-16
220 17-19
95
A melhor sequência para ler a Bíblia
O
leitor, até aqui, pode se perguntar: “afinal, onde estão situados os
livros de Salmos e Provérbios?” Essa é uma pergunta muito difícil
de ser respondida, já que essas obras têm um processo redacio-
nal complexo. Basicamente, ambas são coletâneas que foram escritas e
compiladas ao longo de vários séculos.
No caso do livro dos Salmos, pode-se dizer que existem orações da-
tadas do período pré exílico, sobretudo do momento da monarquia, até
o final de sua organização que, geralmente, se situa por volta dos anos
400 a.C. Quase o mesmo é possível ser afirmado sobre Provérbios. Uma
possível diferença diz respeito à sua compilação e organização final que
deve ter sido mais tardia, por volta dos anos 300 a.C.
Aqui, não será tratado de modo mais profundo o conteúdo desses
livros. Abaixo, porém, estão presentes os planos de leitura anuais. Boa
leitura!
221 1-4
222 5-8
223 9-12
224 13-16
225 17-20
226 21-24
96
PARTE III: A sequência histórica dos livros do Antigo Testamento
227 25-28
228 29-32
229 33-36
230 37-40
231 41-44
232 45-50
233 51-54
234 55-58
235 59-62
236 63-66
237 67-70
238 71-74
239 75-78
240 79-82
241 83-86
242 87-90
243 91-94
244 95-98
245 99-102
246 103-106
97
A melhor sequência para ler a Bíblia
247 107-110
248 111-114
249 115-118
250 119-122
251 123-126
252 127-130
253 131-134
254 135-138
255 139-142
256 143-146
257 147-150
258 1-4
259 5-8
260 9-12
261 13-16
262 17-20
263 21-24
264 25-28
265 29-31
98
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
Parte IV - A Sequência
4
histórica dos livros do
Novo Testamento
F
inalmente, chegamos ao período do Novo Testamento. Até aqui, o
que se viu no livro foi o conjunto dos momentos históricos con-
cernentes ao Antigo Testamento e ao período que antecedeu a
chegada do Império Romano na região da Judeia, depois da ascensão e
declínio da dinastia asmoneia.
Do ponto de vista da sequência histórica de leitura da Bíblia, o Novo
Testamento é mais organizado, embora existam alguns pequenos ajustes,
como nas cartas de Paulo, já que elas não estão organizadas no cânon na
ordem cronológica, mas sim por causa do tamanho dos escritos.
Desse modo, a primeira parte deste capítulo consistirá na apresen-
tação de um apanhado histórico da presença dos romanos na região. Isso
dará base para uma leitura e interpretação mais acurada dos 27 livros do
Novo Testamento. Depois, será feita a exposição por blocos de livros de
alguns elementos fundamentais que contribuirão na compreensão de
todo o material canônico produzido pela Igreja primitiva.
99
A melhor sequência para ler a Bíblia
forma de governo era adotada, porque, para o Império, era difícil sub-
meter algum novo território pela imposição de uma autoridade romana.
É bom ressaltar que alguns reinos aliados dos romanos serviam para
ocupar as lacunas territoriais, nas quais o Império não tinha contingente
militar suficiente. Desse modo, não raras vezes, esses reis-clientes com-
batiam os inimigos imperiais com suas próprias forças armadas. Portanto,
esse foi um dos modelos de governança mais convenientes para os romanos.
Hircano II governou em representação de Roma na região da Judeia,
além da Galileia e de algumas comunidades da Transjordânia, como a
Pereia. Porém, não tinha controle da costa mediterrânea, visto que essa
responsabilidade tinha a possibilidade de transporte e comércio.
A queda de Hircano II começou. Quando Pompeu terminou a imple-
mentação das primeiras decisões administrativas e políticas em Jerusalém,
voltou a Roma, mas levou como prisioneiros Aristóbulo II e seus dois filhos,
Alexandre e Antígono. No decorrer dessa viagem, Alexandre conseguiu
fugir, evitando, assim, a prisão romana.
Em meio a esses conflitos, Antípatro, governador da Idumeia e pai
de Herodes, o Grande, foi desenvolvendo sua liderança regional. Como
um bom administrador, ele aproveitou as fraquezas de João Hircano II e
aumentou sua influência na Judeia. Mais tarde, esse será o Herodes da
época do nascimento de Jesus.
Alexandre, que havia escapado de Pompeu em sua viagem a Roma,
em 57 a.C., organizou um exército de opositores à presença do Império
Romano na região e iniciou uma guerra contra os grupos que apoiavam
a presença imperialista de Roma na Palestina.
Gabino, o governador da Síria, em reação aos ataques, autorizou o
general Marco Antônio a reprimir aquele levante armado de Alexandre.
A derrota do filho de João Hircano II se deu numa batalha perto de Jeru-
salém, ao se render.
Diante disso, a fim de que outras revoltas não ocorressem, Gabino
ordenou a destruição das fortalezas de Jerusalém e de outras comuni-
dades judaicas. Ademais, tirou, de modo mais intenso, poderes de João
Hircano II, dividindo seu território em cinco distritos que eram adminis-
trados por conselhos, detentores de plenas autoridades política, social
e econômica. Os distritos eram: Jerusalém, Gezer e Jericó, na Judeia; e
Perea e Séforis, na Galileia.
João Hircano II foi renomeado sumo sacerdote, mas não rei, o que o
privou de autoridade política. Porém, mais à frente, Júlio César restaurou
parte dessa autoridade, nomeando-o etnarca em 47 a.C.
100
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
101
A melhor sequência para ler a Bíblia
102
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
12.2.2.1 Arquelau
Arquelau é mencionado pelo nome apenas uma vez no Novo Tes-
tamento em Mt 2,22. Antes disso, na narrativa de Mateus, os magos
haviam informado Herodes, o Grande, sobre o nascimento do Rei dos
Judeus, Jesus.
O reinado de Arquelau foi tumultuado, de acordo com os poucos
registros históricos existentes. Conforme Flávio Josefo, ele depôs vá-
rios sumos sacerdotes, em Jerusalém, com finalidade de atender seus
próprios interesses políticos.
Flávio Josefo informou que Arquelau transgrediu a lei judaica do
levirato ao se casar com a esposa de seu irmão (cf. Dt 25,5-10). Arquelau
se divorciou de sua esposa, rapidamente, para se casar com Glaphyra.
Entretanto, pelo fato de que ela já tinha três filhos com seu ex-marido,
fez com que essa união fosse ilegal.
Os detalhes da queda de Arquelau não são claros. Estrabão, historia-
dor da antiguidade, afirmou que Arquelau, Antipas e Filipe não tiveram
êxito em seus reinados. Porém, apenas Antipas e Filipe foram autorizados
a retornar ao governo, enquanto Arquelau foi banido.
Após seu banimento, o território de Arquelau foi anexado pelo
Império Romano e se tornou uma província romana governada por
governadores romanos.
103
A melhor sequência para ler a Bíblia
104
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
105
A melhor sequência para ler a Bíblia
106
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
107
A melhor sequência para ler a Bíblia
108
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
12.3.5.1 Os Saduceus
A origem dos saduceus, provavelmente, se deu no período persa ou
helenístico. Alguns afirmam que seu início teria sido ainda mais antigo.
Fato é que, na época de Jesus, eles eram uma das três principais correntes
109
A melhor sequência para ler a Bíblia
de pensamento no judaísmo.
Eles se batizaram com esse nome em homenagem a Sadoc, o sacerdote
que já estava em Jerusalém quando Davi a conquistou. Davi e Salomão
deram suporte à descendência e à hereditariedade no sacerdócio da fa-
mília de Sadoc. Assim, o ofício de sumo sacerdote havia sido passado de
geração em geração, desde então, formando o sacerdócio sadoquita (cf.
2Sm 8,17; 1Rs 1,8; 2,35; cf. Ez 40,46; 43,19; 44,15; 48,11).
Os saduceus estavam essencialmente interessados em política e eram
fortemente influenciados pelo pensamento helenístico, o que os tornava
oponentes ferrenhos dos fariseus (cf. At 23,6s).
Na época de Jesus, os saduceus tinham pouco contato direto com o
povo, pois sendo a elite judaica composta de ricos e nobres, formavam o
grupo mais próximo ao sumo sacerdote, como um conselho (cf. At 5,17).
Assim, eles tinham a liderança política. Durante o ministério público de
Jesus, suas políticas eram, em geral, pró-romanas.
Do ponto de vista da doutrina, os saduceus e os fariseus concordaram
em reconhecer o Pentateuco ou Torá como a base da religião judaica. Os
saduceus, no entanto, rejeitaram a “tradição dos pais”, também conhecida
como a Torá Oral (Halakah), ou seja, as regras farisaicas e comentários
sobre a Lei. Em questões individuais da lei, eles julgaram ainda mais se-
veramente do que seus oponentes.
Como racionalistas declarados, eles negavam a ressurreição dos
mortos (cf. Mt 22,23; Mc 12,18; Lc 20,27; At 4,1s; 23,8) e a vida após a morte
(cf. Lc 16,27s), bem como a existência de anjos e espíritos (cf. At 23,8). Além
disso, eles não davam o devido valor aos profetas.
12.3.5.2 Os Fariseus
A palavra fariseu vem do hebraico “pharushim” e significa, possivel-
mente, “separado”. Tal nomenclatura tem relação com o fato de que eles
teriam ficado livres das influências da cultura helenista, em contraste com
os saduceus que a aderiram. Nesse sentido, o movimento surgiu como
uma contracorrente à assimilação da cultura grega.
Sobre questões políticas, enquanto os saduceus apoiaram os esforços
para alcançar a independência administrativa, após a revolta dos Macabeus,
os fariseus defenderam a separação da religião e da política, rejeitando,
inclusive, a função política do cargo de sumo sacerdote.
Os fariseus faziam oposição aos romanos, mas de forma pacífica. Por
essa razão, embora os macabeus, inicialmente, dependessem do grupo;
depois, acabou os abandonando e até os perseguindo.
110
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
111
A melhor sequência para ler a Bíblia
12.3.5.4 Os Zelotas
Na época de Jesus, havia também pessoas que não aceitavam o po-
der do Império Romano na região, e que, diante disso, se organizavam
de forma paramilitar a fim de fazer um enfrentamento armado contra
os opressores. Um desses grupos revolucionários é chamado de zelotas.
O termo “zelota” ou “zelote” vem do grego, “zelos”, que significa “zêlo”.
Nesse sentido, tratava-se de uma pessoa zelosa e estritamente devotada
a Deus. Por isso, é que esse grupo não se submetia, de forma alguma, ao
poder romano, já que ele era pautado na adoração do imperador como
uma divindade.
Jesus tinha Simão, um de seus discípulos, caracterizado como um
zelota como é possível ver em Lc 6,15; At 1,13. Ademais, outro seguidor
próximo de Jesus que alguns consideram possivelmente um membro des-
se grupo armado era Pedro, pelo fato de que ele estava com uma espada
durante a fatídica noite na qual o Nazareno foi preso no Getsemani. Não
dados tão exatos que comprovem essa tese. Ainda há, portanto, muita
discussão em torno disso.
Outro personagem importante que possivelmente era um zelota é
Barrabás. O texto bíblico o mostra como alguém que cometeu um assas-
sinato durante uma insurreição (cf. Mc 15,7).
12.3.5.5 Os essênios
De todos os partidos judaicos, os essênios são os preferidos de Flavio
Josefo. Fílo de Alexandria também falou deles. Plínio, o Velho, o naturalista
romano, descreve o que parece ser a comunidade de Qumran em uma
112
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
113
A melhor sequência para ler a Bíblia
mitivo. Toda essa investigação, nos últimos anos, tem avançado muito,
revelando dados surpreendentes que ajudam a entender o modo de agir
e de pensar da Igreja Primitiva e do judaísmo na época de Jesus.
12.4 Os Evangelhos
É dentro desse contexto complexo que Jesus de Nazaré viveu.
Nesse sentido, os Evangelhos narram desde o seu nascimento, infância,
ministério, paixão, morte, ressurreição e ascensão aos céus. Sem as
informações básicas acima, é impossível compreender o que os relatos
bíblicos querem comunicar.
No que tange à sequência de leitura dos Evangelhos, é importante
ressaltar que a ordem na qual eles estão na Bíblia, muito provavelmente,
não corresponde à ordem cronológica de sua redação. Muitos acadêmi-
cos insistem que o primeiro a ter sido escrito foi Marcos, por volta do
ano 70 d.C.; seguido por Mateus e Lucas, ambos por volta de 85 d.C.; e,
por fim, João, situado pelos anos 90 d.C.
Essa teoria sobre a cronologia da redação dos Evangelhos exposta
acima é a mais aceita na comunidade acadêmica recente, independen-
temente da tradição religiosa, ou seja, católica ou protestante. Vale
ressaltar que, sendo uma teoria, ela não é um dogma católico. A Igreja,
nesse caso, dá liberdade de investigação científica aos estudiosos da
Bíblia. A aceitação, portanto, desse postulado teórico não é obrigatório.
Quem quiser permanecer na visão mais tradicional de que Mateus foi
escrito primeiro pode.
Diante do exposto, mesmo com todo o debate teórico, minha su-
gestão para a ordem de leitura dos Evangelhos é: Marcos, Mateus, Lucas
e João.
266 1-4
267 5-8
268 9-12
269 13-16
114
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
270 1-4
271 5-8
272 9-12
273 13-16
274 17-20
275 21-24
276 25-28
277 1-4
278 5-8
279 9-12
280 13-16
281 17-20
282 21-24
283 1-4
284 5-8
285 9-12
286 13-16
287 17-21
115
A melhor sequência para ler a Bíblia
O
livro de Atos dos Apóstolos começa onde o Evangelho de Lucas
parou. Inclusive, é importante ressaltar que ambos compõem o
que se chama, na pesquisa bíblica, de obra lucana. De fato, esses
escritos formam uma unidade literária. Há duas vertentes teóricas prin-
cipais a respeito da ligação deles: uma afirma que havia um único livro
que foi dividido em dois; a outra, que Atos é o segundo volume, separado
desde o princípio. Não há consenso, mas a segunda é mais aceita.
O quinto livro do Novo Testamento narra o que aconteceu desde a
ascensão de Jesus até por volta do ano 62 d.C., quando Paulo já está pri-
sioneiro na cidade de Roma. Essa datação final da narrativa é postulada
pelo fato de que o livro não traz informações importantes a respeito da
história, como: a morte de Pedro e de Paulo, ocorridas, possivelmente,
entre os anos 64 e 68 d.C.; a perseguição do imperador Nero aos judeus
e cristãos, que se deu em 64 d.C.; a guerra entre romanos e judeus, que
teve seu ápice com a destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C.
O mote narrativo consiste em demonstrar que os discípulos de Jesus
cumpriram à risca o mandato missionário para levarem a Palavra de Deus,
depois do recebimento do Espírito Santo, começando por Jerusalém,
passado pela Judeia e Samaria, até os confins do mundo, ou seja, Roma
(cf. At 1,8).
Atos dos Apóstolos pode ser dividido em duas grandes partes. A
primeira descreve a história inicial com o foco no personagem Pedro,
podendo ser chamada de “Atos de Pedro” ou “Atos dos helenistas”; e a
segunda, com o foco na missão de Paulo, que poderia ser chamada de
“Atos de Paulo”, narra desde sua conversão à prisão em Roma.
As duas partes se sobrepõem, sobretudo nos capítulos 7 a 12; mas uma
divisão clara ocorre, a partir de At 13,1, quando as viagens missionárias
paulinas são descritas. O paralelismo entre Pedro e Paulo é muito notável,
ações e eventos correspondentes são relatados de cada um.
Seguindo o mandato de Jesus, os apóstolos pregam em Jerusalém
(cf. At 1 – 8,3), estendem a proclamação do Evangelho a Judeia e Samaria
116
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
288 1-4
289 5-8
290 9-12
291 13-16
292 17-20
293 21-24
294 25-28
117
A melhor sequência para ler a Bíblia
14 ESCRITOS PAULINOS
118
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
119
A melhor sequência para ler a Bíblia
120
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
Dia 1Tessalonicenses –
Leia os capítulos
295 1-5
296 1-4
297 5-8
298 9-12
299 13-16
300 1-6
121
A melhor sequência para ler a Bíblia
301 1-4
302 1
303 1-4
304 5-8
305 9-13
306 1-4
307 5-8
308 9-12
309 13-16
310 1-3
122
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
312 1-6
313 1-6
314 1-4
315 1-3
123
A melhor sequência para ler a Bíblia
15 AS CARTAS CATÓLICAS
124
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
são dirigidas a indivíduos. No caso, mesmo assim, elas são incluídas nas
cartas católicas por causa do valor para o leitor em geral.
O caráter e o conteúdo dessas sete epístolas – oito, se incluirmos
Hebreus - são tratados sob seus vários títulos. As cartas de Tiago e Judas
pertencem à escola judaica do Cristianismo; as de Pedro a um tipo de fé
ampla e apartidária que inclui e faz a mediação entre os cristãos judaizantes
e os paulinos. As cartas de João foram escritas depois que as controvérsias
doutrinárias internas da Igreja cessaram, e a pressão da oposição e do
erro de fora tendeu a unir seus “filhinhos” em uma nova comunidade de
amor e vida espiritual.
Por último, Hebreus foi acoplado a esse conjunto, mais recentemente,
como vimos anteriormente, pois, após avanços significativos nas pes-
quisas, não há mais quem, academicamente, aceite a autoria de Paulo. O
vocabulário, a estrutura sintática, os temas, a teologia e o gênero literário
são muitíssimo diferentes dos escritos paulinos.
É preciso dizer, a mais, que esse escrito não é uma carta, já que tem
a estrutura nem o estilo de uma. Sabe-se que, na antiguidade, o gênero
literário epistolar era mais rígido do que hoje em dia. Nesse sentido, ele
tinha uma arrumação que Hebreus não tem. Sendo assim, Hebreus é um
livro que faz uma exposição homilética, ou seja, ele se constitui, basica-
mente, num conjunto de sermões, realizados a partir da apresentação
de interpretações cristológicas de textos bíblicos do Antigo Testamento.
Do ponto de vista da sequência da leitura, não há uma definição.
A ordem pode ser a que a própria Bíblia apresenta, pois não uma su-
cessão lógica.
316 1-4
317 5-8
318 9-13
125
A melhor sequência para ler a Bíblia
319 1-5
320 1-5
321 1-5
322 1-5
323 1-13
324 1-15
325 1-25
126
Parte IV - A Sequência histórica dos livros do Novo Testamento
Apocalipse
O termo grego “apocalipse” significa “revelação”. O livro, como um
todo, é entendido como uma visão recebida por um vidente, no caso,
João. Ele contém uma mensagem, transmitida por meio da simbologia do
gênero literário apocalíptico, de esperança de que os cristãos da Igreja
Primitiva, situada na Ásia Menor, se veriam a salvo da perseguição do
Império Romano, personificado pela Besta.
A partir de uma leitura rápida do Apocalipse, fica claro que a lingua-
gem do vidente foi influenciada pelas profecias de Daniel mais do que
por qualquer outro livro. Nesse sentido, é fundamental a recordação de
que Daniel foi escrito com o objetivo de confortar os judeus sob a cruel
perseguição de Antíoco Epifânio, conforme foi dito anteriormente. Assim,
o vidente no Apocalipse tinha um propósito semelhante.
Os cristãos foram ferozmente perseguidos pelo imperador de Roma,
Domiciano (51-96 d.C.). Diante de tal realidade, a apostasia se tornou uma
realidade e ameaçada a perseverança de muitos, na comunidade. Nesse
contexto, falsos profetas circulavam, tentando seduzir o povo a viver
de acordo com as práticas pagãs, participando do culto em honra ao
mandatário romano. João exorta seus irmãos, cristãos, a permanecerem
fiéis Cristo e a suportar as adversidades com firmeza. Ele os encoraja,
recordando-os da promessa de uma recompensa celestial. Por isso, ele
lhes garante que a vinda triunfante de Cristo está próxima.
De acordo com a narrativa de Apocalipse, com a parusia, as perse-
guições aos cristãos serão vingadas. Seus opressores serão julgados e
lançados aos tormentos eternos. Serão julgados os vivos e os mortos. Os
que morreram pela fé serão ressuscitados a fim de que possam compar-
tilhar os prazeres do reino de Cristo.
127
A melhor sequência para ler a Bíblia
326 1-4
327 5-8
328 9-12
329 13-17
330 18-22
128
A melhor sequência para ler a Bíblia
ANOTAÇÕES
129
A melhor sequência para ler a Bíblia
ANOTAÇÕES
Este livro foi impresso pela Gráfica Viena em papel offset 75g em fevereiro de 2022.
130
João Cláudio Rufino
• Doutorando e Mestre em TEOLOGIA
pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP), Bacharel em
TEOLOGIA pela Pontifícia Faculdade
de Teologia Nossa Senhora da Assun-
ção e Bacharel em FILOSOFIA (PUC-SP).
Editora
Acesse
o site