Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa Ana Coelho 7451

UMA CASA,
Afonso Couchinho 7587
Catarina Oliveira 7922
Francisco Nobre 7497
Rafael Silvestre 7461

UMA PRISÃO
Golfinhos entre mares e grades
“Os golfinhos são os mamíferos marinhos mais inteligentes.
São animais sencientes como nós, mas são selvagens, não são
animais domésticos. Aqueles que temos em cativeiro têm os
comportamentos que têm porque foram treinados”. A questão ética
em relação aos golfinhos é uma discussão complexa que abrange
diversas áreas, desde a manutenção desses animais em cativeiro até
às interações humanas com eles no seu habitat natural. (1)

O problema ético
Apesar de não estarem em
vias de extinção, existem
cerca de três mil golfinhos em
cativeiro a nível mundial. (2)
Críticos argumentam que o
cativeiro pode ter impactos
negativos no bem-estar dos
golfinhos. Devido a todas
estas críticas, nos últimos
anos, houve uma crescente
consciencialização sobre
o bem-estar destes animais
em cativeiro. Isso levou
a mudanças em algumas
legislações e a uma tendência
em alguns lugares para
proibir ou restringir a prática
de cativeiro dos golfinhos.
A relação entre golfinhos
em cativeiro e o conceito de
“One Health” está associada à
interconexão entre
o bem-estar dos animais,
a saúde humana e a saúde
ambiental. O princípio da
One Health reconhece a
interdependência entre
humanos, animais e
ecossistemas, destacando
que a saúde de um
desses elementos está
intrinsecamente ligada
à saúde dos outros. (3)
O cativeiro de golfinhos
em parques aquáticos é
uma questão ética que tem
gerado debates significativos,
porque é essencial
considerar os impactos
físicos e psicológicos nos
animais, bem como procurar
alternativas que equilibrem o
entretenimento humano com
o respeito pelo bem-estar
dos golfinhos. (4)
As consequências
deste ambiente
Os golfinhos que vivem
em cativeiro enfrentam
circunstâncias muito
diferentes dos que vivem
no oceano. O ambiente é
vazio e estéril, com pouca
estimulação mental, ou
diversão. Muitos golfinhos em
cativeiro são regularmente
tratados com antidepressivos
para aliviar a frustração do
cativeiro. O espaço limitado é
um dos fatores que contribui
para essa frustração,
enquanto que na natureza
os golfinhos conseguem
nadar livremente quando se
deparam com um agressor,
em cativeiro acabam por
ter certos confrontos com
companheiros do seu
tanque, dando origem
diversas vezes a cicatrizes.
O confinamento prolongado
é uma das principais causas
de depressão nos golfinhos,
levando a comportamentos
de automutilação, como
batidas repetidas com a
cabeça em paredes, uma
reação cada vez mais comum
nesta espécie. (5)
Além disto, os golfinhos
apresentam níveis de
stress muito superiores
comparativamente aos
restantes animais em
cativeiro, uma vez que é
a única espécie que tem
de realizar truques para
receber comida, aumentando
bastante a pressão imposta
nestes animais. Apesar de
elevados níveis de depressão
e de stress, os golfinhos
aparentam ter sempre um
“sorriso no rosto”. Isto deve-
se ao facto destes animais
não conseguirem demonstrar
expressões faciais conforme
o seu estado emocional como
os humanos, mas na verdade
este “sorriso” faz apenas
parte da sua fisionomia. (6)
Alternativas disponíveis
Como alternativa ao cativeiro
dos golfinhos, defensores
sugerem a criação de
programas de reabilitação
para golfinhos resgatados.
Essas abordagens visam
proporcionar um ambiente
mais próximo do natural e
permitir a reintegração na
vida selvagem, sempre que
possível. (5)
O que está
realmente errado?
Em última análise,
constatamos que os
golfinhos são uma espécie
bastante complexa e que
são tão sencientes quanto
nós. (1) O facto de serem
capazes de manter apenas
uma expressão não deve
significar que devam ser
menosprezados. Assim
sendo, o ser humano não
deve impingir condições que
não sejam naturais para estes
seres, pois se o fizer estará
a desrespeitar eticamente os
direitos dos animais.
“Se há uns anos aquilo que
moveu muitas pessoas a
questionar isto eram motivos
éticos, hoje os motivos pelos
quais nós não devemos
continuar a manter os animais
nestas circunstâncias são
baseados na ciência. Nós
temos conhecimento que
não é bom para o bem-estar
destas espécies serem
mantidos da forma em que
estão.” Richard O’Barry (6)

Referências
Bibliográficas: