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2022
AUTOR
1. INFORMAÇÕES DO EDITAL 4
2. DISCIPLINAS E NÚMEROS DE QUESTÕES 6
3. TÍTULOS CONSIDERADOS 7
4. SUGESTÃO DE CRONOGRAMA DIÁRIO 7
5. SUGESTÃO DE CRONOGRAMA SEMANAL 8
6. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 9
7. DICAS PARA A PROVA 10
8. CRONOGRAMA 11
9. DIREITO CONSTITUCIONAL 13
10. DIREITO ADMINISTRATIVO 32
11. DIREITO PENAL 49
12. DIREITO PROCESSUAL PENAL 85
13. LEGISLAÇÃO ESPECIAL 141
14. DIREITOS HUMANOS 225
15. MEDICINA LEGAL 251
16. DIREITO CIVIL 260
17. NOÇOES DE CRIMINOLOGIA 305
18. NOÇOES DE INFORMÁTICA 313
1. INFORMAÇÕES DO EDITAL
É fundamental que o concurseiro LEIA o edital, para entender as regras do jogo. Aqui trazemos
um pequeno compilado para facilitar e sintetizar as informações mais relevantes, porém não se esqueçam
de conferir os requisitos exigidos no edital para ingresso na carreira almejada.
Vagas: 250 (duzentas e cinquenta), das quais 13 vagas são para pessoas com deficiência.
Banca: VUNESP.
Endereço Eletrônico: www.vunesp.com.br
Salário: R$ 10.382,48 reais.
Inscrições: no período das 10 horas de 21 de março de 2022 às 23 horas e 59 minutos de 28 de
abril de 2022.
Valor da inscrição: R$ 105,50 reais.
Prova Objetiva:
Data: 12/06/2022 – período da manhã.
O candidato deverá apresentar-se trajado de forma compatível com a tradição forense.
O concurso será realizado em 5 (cinco) fases, a saber:
1. Prova preambular, de caráter eliminatório e classificatório (100 questões), duração de 4 horas;
2. Prova escrita, de caráter eliminatório e classificatório;
3. Comprovação de idoneidade e conduta escorreita, mediante investigação social, de caráter
eliminatório;
4. Prova oral, de caráter eliminatório e classificatório;
5. Prova de títulos, de caráter classificatório.
Prova Discursiva:
Data: 12/06/2022 – período da tarde.
O candidato deverá apresentar-se trajado de forma compatível com a tradição forense.
A prova escrita avaliará o domínio do conhecimento jurídico, do conteúdo das disciplinas do edital
e da norma culta, bem como o desenvolvimento dos temas na estrutura proposta, a adequação da
linguagem, a articulação do raciocínio lógico e a capacidade de argumentação e será constituída por 1
(uma) dissertação e 4 (quatro) questões discursivas. Cada questão valerá até 15 pontos e a questão
dissertativa, 40 pontos.
Matérias abrangidas: direito penal, legislação especial, direito processual penal, direito
constitucional, direitos humanos e direito administrativo.
A prova escrita terá a duração de 4 (quatro) horas, não podendo o candidato ausentar-se,
definitivamente, da sala de provas antes das primeiras 2 (duas) horas, sob pena de desligamento do
concurso.
As matérias e legislação descritas no Anexo IV incluem as respectivas modificações e
atualizações, que passarem a vigorar durante a realização do concurso. A jurisprudência e as
Súmulas dos Tribunais Superiores, pertinentes às matérias do Anexo IV, poderão ser objeto de
questionamento.
Serão considerados habilitados na Prova Escrita os candidatos que obtiverem,
consecutivamente:
Nota mínima igual ou superior a 50 (cinquenta) pontos;
As maiores notas na prova em número de 2 (duas) vezes o de vagas em disputa, incluindo-se,
eventualmente, os candidatos empatados no limite estabelecido e os habilitados contemplados pela Lei
Complementar nº 683/1992.
Prova Oral
O candidato deverá apresentar-se trajado de forma compatível com a tradição forense.
Durante a arguição, o candidato poderá consultar códigos ou legislação esparsa, não
comentados ou anotados, os quais serão fornecidos pela Academia de Polícia.
A prova oral, gravada em áudio e vídeo, consistirá na arguição do candidato, em sessão pública, e
versará sobre conhecimento das seguintes disciplinas: Direito Penal, Direito Processual Penal,
Observação:
As disciplinas nas provas preambular, escrita e oral abrangerão o Anexo IV do Edital, podendo ser
incluídos, em uma disciplina, tópicos de outra, desde que sejam afins.
3. TÍTULOS CONSIDERADOS
Título Pontos por Título Pontuação Máxima
Doutorado 5 5
Mestrado 4 4
Especialização 2 2
Livro 1 3
Artigo 0,5 3
Docência 1 2
20h30 às 21h30
Sanar eventuais dúvidas por meio de vídeo aula, doutrina ou material próprio.
(facultativo)
1
Nas disciplinas ou temas onde não há jurisprudência, estudar um material de aula ou obra resumida sobre aquele ponto.
2
Nas disciplinas ou temas onde não há lei seca, utilizar todo o tempo para resolver questões de provas anteriores (VUNESP).
3
Nas disciplinas ou temas onde não há jurisprudência, estudar um material de aula ou obra resumida sobre aquele ponto.
4
Nas disciplinas ou temas onde não há lei seca, utilizar todo o tempo para resolver questões de provas anteriores.
5
Recomendo o curso de rodadas de simulados da Adverum, que é coordenado por mim. Segue o link para análise
https://adverum.com.br/rodadas-de-simulados/386/curso-concurso-dpcsp-delegado-de-policia-civil-de-sao-paulo-prova-
escrita-rodadas-de-simulados
6. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
6
As dicas foram extraídas da obra: FONTES, Eduardo; HOFFMAN, Henrique. Como se preparar para o Concurso de
Delegado (2021). São Paulo: Editora JusPodivm, 2021, p. 9-11.
para aliviar a tensão, tomar uma água, comer um chocolate e voltar com foco total e os outros 30 minutos
para passar as respostas ao cartão definitivo ao final da prova. O tempo restante deverá ser gerenciado
por você para responder a todas as questões, com base na média feita.
Quando estiver resolvendo questões em casa, não deixe de cronometrar seu tempo. Veja se a sua
média de minutos gasto para responder está condizente com o fornecido pela Banca, e tente se adequar
para não deixar de fazer a totalidade da prova no dia de sua aplicação.
Quanto ao estudo para a prova objetiva, é imprescindível que se priorize a análise da legislação,
pois a literalidade dos dispositivos legais é sempre muito explorada nessa primeira etapa. No entanto, as
Bancas costumam adotar vieses diferentes. Aliás, nas últimas provas para Delegado de Polícia temos
observado uma cobrança mais doutrinária e jurisprudencial das disciplinas. Por isso, é importante
conhecer a organizadora do seu concurso. O CEBRASPE, por exemplo, costuma explorar mais
jurisprudência, embora não deixe de cobrar também a “lei seca.” Já a VUNESP costuma questionar a
literalidade de dispositivos legais e súmulas. Mas uma coisa é certa: independente da Banca, o candidato
precisa conhecer a letra da lei.
Na fase dissertativa, sempre que possível, apresente uma resposta ampla, contendo citação da
doutrina, da lei e da jurisprudência. É a técnica conhecida como “três irmãs.” Dessa forma, você
demonstrará ao examinador que tem muito conteúdo, pois conhece o ordenamento jurídico, o
entendimento doutrinário sobre o tema questionado e o pensamento dos Tribunais Superiores. Assista
ao vídeo que gravei explicando essa técnica de resposta. Se não se recordar do artigo exato da lei, indique
ao menos a legislação ou o nome jurídico (exs.: Lei de Tortura; Lei de Drogas; Lei de Organização
Criminosa, etc.), pois muitas vezes o edital não permite consulta à legislação nessa fase do certame,
como é o caso dessa prova para Delegado de Polícia de São Paulo.
Caso você se dedique exclusivamente aos estudos, é hora de estabelecer metas e rotinas. Coloque
em um papel o seu quadro de horários, preenchendo-os da forma mais eficaz possível. Lembre-se de
sempre dar um intervalo entre um turno e outro e incluir exercícios físicos no cronograma. Além de
ajudarem no bem-estar, eles ainda te auxiliam na preparação de um futuro e provável teste de aptidão
física.
Não se esqueça, ainda, que o sono também faz parte do aprendizado. Ele é importante para ter
disposição diária e memorizar o que se estudou. Separe de 6 a 8 horas diárias, se possível.
8. CRONOGRAMA
O cronograma diário aqui apresentando é apenas exemplificativo, pois cada aluno tem uma
realidade e deve, se necessário, adaptá-lo, tendo como norte todas as dicas que preparei com muito
esmero para lapidar e relembrar os temas mais recorrentes.
Programas extensivos que buscam abranger todo o edital devem ser feitos a longo prazo, por meio
de cursos específicos e essa não é nossa proposta.
De qualquer forma, para qualquer cronograma, seja para um estudo reta final, médio ou longo
prazo, sugiro que a metodologia aqui explicada seja utilizada, pois certamente contribuirá muito para
uma revisão eficaz, proporcionando uma fixação do tema estudado.
Orientações:
1. Os temas abordados já devem ter sido estudados pelo aluno. Entretanto, coloquei alguns tópicos
que reputo imprescindível para uma revisão realmente eficaz. Caso você não possua material sobre o
assunto, busque estudá-lo em alguma doutrina ou pesquise na internet. Assim, suponha que eu tenha
sugerido o estudo do tema “teoria da captura das agências reguladoras” e você não disponha de qualquer
material sobre ele. O ideal é buscar algo relacionado ao assunto em uma boa doutrina ou em uma fonte
segura da internet para evitar qualquer surpresa no momento da prova.
2. Os temas indicados devem ser estudados na profundidade necessária. Lembre-se: você não
precisa fazer uma tese de mestrado de cada tópico relacionado no edital. O importante é compreender o
conceito, natureza jurídica, suas hipóteses, classificações e como o tema é tratado pelos Tribunais
Superiores, caso haja precedente sobre o assunto. Vale recordar a seguinte máxima: “o aprovado é aquele
que sabe pouco de muita coisa e não quem sabe muito de pouca coisa.”
3. A jurisprudência indicada poderá ser consultada gratuitamente no site
www.dizerodireito.com.br. Recomendo a leitura do informativo na versão resumida. Entretanto, se
após estudá-lo, ainda permaneceu alguma dúvida ou o texto ficou dúbio e obscuro, faça uma análise do
informativo na versão mais completa.
3. A lei seca deve ser extraída do site do planalto7, que está sempre atualizado.
4. Por vezes, vale a pena você recorrer de alguns mnemônicos nesta reta final. Caso desconheça
algum, busque pelo mnemônico no Google ou outra ferramenta de pesquisa na aba “imagem” com o
tema e o ramo do direito que está estudando. Exemplo: digite na caixa de pesquisa o “mnemônico
LESAO elemento da constituição direito constitucional.”
Superada essas noções introdutórias, chegou o momento de partirmos para o estudo do seu edital,
com base no direcionamento a seguir apresentado. Agora é com você, detone.
7
planalto.gov.br
9. DIREITO CONSTITUCIONAL
14 questões
com o intuito de retomar a estabilidade em casos de tumulto institucional. São medidas excepcionais
modeladas para situações de crise, como meios de resposta a determinadas anormalidades, restritas a
certos locais e períodos. Por isso, regem-se pelos princípios da necessidade e da temporariedade.
Temos como exemplos (e você deve estudar com calma cada um desses temas): intervenção federal,
estado de defesa e o estado de sítio.
2. Constituição: Reputo importante sempre ter em mente os sentidos/concepções da
constituição. Lembre-se que este tema pode ser utilizado numa eventual resposta em questão discursiva,
como forma de demonstrar domínio de algum assunto correlato. Os sentidos: sociológico (Ferdinand
Lassalle), político ou decisionista (Carl Schimtt) e jurídico (Hans Kelsen) precisam ser estudados.
2.1. Quanto aos elementos da Constituição, memorize cada um e seus significados. O mnemônico
“L-E-S-A-O” pode ajudar: Limitativos, de Estabilização constitucional, Sócioideológicos, formais de
Aplicabilidade e Orgânico. Entenda a estrutura da Constituição. Leia sobre o preâmbulo (sempre é
cobrado, ex. natureza jurídica – tese da irrelevância jurídica; não pode ser usado como parâmetro de
controle de constitucionalidade etc.) e sobre a natureza das normas dos ADCT.
2.2. O tema “classificações da constituição” despencam em provas. Fique atento para o modo
como é abordado o assunto no enunciado.
Ex.1: Classifique a Constituição quanto à sua origem. Você deverá se lembrar de que nossa
Constituição foi “promulgada” (sinônimos: votada, democrática), mas não se esqueça de estudar as
classificações de outros países como as cesaristas ou bonapartistas e as pactuadas ou dualistas.
Ex.2: Classifique a Constituição quanto à estabilidade/alterabilidade. Lembre-se que no Brasil,
nossa Constituição é rígida.
3. Sistema Constitucional: trata-se do conjunto organizado dos elementos que influem no
universo constitucional, este tema está ligado aos artigos inaugurais da CF/88, portanto dê especial
atenção aos arts. 1º a 4º, entendendo seus incisos, tal qual o inciso I do art. 3º: “construir uma sociedade
livre, justa e solidária”, e para a prova de Delegado de Polícia fique atento às pegadinhas, pois o art. 1º
trata dos fundamentos da Constituição (mnemônico: SO-CI-DI-VA-PLU), o art. 3º trata dos objetivos
fundamentais (mnemônico: CON-GA-ERRA-PRO) e o art. 4º trata dos princípios que regem as
relações internacionais (mnemônico: CON-DE PRE-SO NÃO RE-IN-A, COOPERA IGUAL).
4. Intepretação do texto constitucional (hermenêutica jurídica) e princípios constitucionais:
é um tema que deve ser memorizado, no que se refere aos princípios de interpretação (unidade da
constituição, efeito integrador, proporcionalidade etc.), e os métodos de interpretação constitucional
(jurídico, tópico-problemático, hermenêutico concretizador etc.). Leia a diferença entre princípios e
regras de Robert Alexy e as facetas do princípio da proporcionalidade (necessidade, adequação etc.).
Leia também sobre mutação constitucional e interpretação conforme a Constituição. Costuma-se
cobrar esses assuntos confundindo um com o outro. Ainda nesse tópico, não deixe de estudar a força
normativa da Constituição por Konrad Hesse (teoria concretista).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Em recente julgamento nos autos da ADPF no
132, o Supremo Tribunal Federal, diante da possibilidade de duas ou mais interpretações razoáveis sobre
o art. 1.723 do Código Civil, que trata sobre a união estável entre homem e mulher, reconheceu a união
homoafetiva como família. Nesse caso, é correto afirmar que a técnica de interpretação utilizada foi: c)
interpretação conforme (correta).
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - O poder que enseja a elaboração da
Constituição de um Estado-membro da federação, organizando o arcabouço constitucional daquela
unidade federada, é denominado: b) poder constituinte derivado decorrente institucionalizador.
(correta)
Curiosidade!
Esse tema caiu na minha na prova oral para Procurador do Estado de São Paulo no ano de 2002.
Respondi com perfeição a classificação e estava feliz com meu desempenho até que o examinador me
pediu para abrir determinado dispositivo da Constituição (infelizmente não me recordo mais qual seria)
e informar em qual classificação ele se encaixaria. Respondi com convicção, mas errei feio
(hahahahaha), ou seja, errei com convicção (risos!). O importante é que, ao final, fui aprovado em 51º
lugar, dentre as 120 vagas disputadas. Você pode extrair algumas lições dessa minha história: (i) o
assunto realmente é importante, sendo explorado em todas as etapas dos mais variados certames; (ii)
mesmo errando uma ou outra questão, é possível ser aprovado (ninguém tira nota máxima no concurso,
nem mesmo o primeiro colocado); (iii) o fato de você entender a teoria não significa que, na prática,
você sabe aplicá-la. Por isso é fundamental compreender e não decorar a matéria.
Curiosidade!
Novamente, na prova para Procurador do Estado de São Paulo, desta vez na fase discursiva, uma
das questões versava sobre o controle difuso de constitucionalidade. Após responder exatamente o que
o examinador questionou, notei que havia sobrado 2 ou 3 linhas a preencher. Comecei a pensar o que
mais eu poderia escrever, pois já havia exaurido o tema. De repente, tive um insight e me lembrei da
origem do controle difuso, colocando na prova essa informação. Veja, foram apenas 2 ou 3 linhas que
acrescentei e que fez uma tremenda diferença na minha nota. Como eu sei disso? O mesmo examinador
que me “sacaneou” na fase seguinte (prova oral), disse-me que, na disciplina dele (Constitucional) eu
havia tirado a maior nota na prova discursiva. Informou que fui o único a comentar sobre a origem do
instituto e isso foi um diferencial em relação aos demais candidatos. Por isso, quem assiste minhas aulas
sabe o quanto eu insisto nas famosas “cerejas do bolo” nas respostas. Alguns décimos na sua pontuação
podem fazer uma enorme diferença na nota final.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa correta a respeito do
Controle de Constitucionalidade no Brasil. d) A medida cautelar deferida na Ação Direta de
Inconstitucionalidade, que será em regra dotada de eficácia contra todos de efeito ex nunc, torna
aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo manifestação expressa em sentido contrário.
(correta – Lei 9.868/99, art. 11 e §§)
sanções aos organizadores da reunião. Curiosidade: Lembre-se que o direito de reunião (norma de
eficácia contida) pode ser restringido e até mesmo suspenso no caso de estado de defesa (CF/88, art.
136, I, “a”) e no estado de sítio (CF/88, art. 139, IV).
1.2. Dê especial atenção aos parágrafos do art. 5º, § 1º (aplicação imediata), § 2º (cláusula aberta
- inexauribilidade), § 3º (tratados de direitos humanos com status constitucional - esse parágrafo cai
sempre e é um daqueles que você precisa MEMORIZAR!!! e § 4º (princípio da
subsidiariedade/complementaridade) que trata do Tribunal Penal Internacional (Estatuto de Roma).
1.3. Atenção ao novo direito fundamental inserido pela EC 115, de 2022: “CF/88, art. 5º, LXXIX
- é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
digitais.” Correlacione este novo direito fundamental com os conceitos da Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD – Lei nº 13.709, de 2018).
1.3.1. Neste tema, fique atento sobre a possibilidade de criação de novos direitos fundamentais,
pois nada impede que o legislador reformista (poder constituinte derivado) amplie o catálogo já existente
na Constituição Federal. Contudo, questão interessante será saber se este novo direito é cláusula pétrea.
Aqui duas correntes disputam o tema:
1ª Corrente (majoritária): Cláusulas pétreas não podem ser criadas pelo poder de reforma (o poder
de reforma não pode limitar a si mesmo), entretanto, é possível que uma emenda à constituição
acrescente dispositivos ao catálogo dos direitos fundamentais e estes sejam considerados cláusulas
pétreas, nas hipóteses em que este direito já era considerado implicitamente um direito fundamental.
Nesse caso, a emenda apenas estaria declarando de forma expressa direitos que já possuíam assento
constitucional desde a promulgação da CF/88;
2ª Corrente: O poder de reforma poderá, por emenda constitucional, incluir um novo direito
fundamental como cláusula pétrea, mesmo que este direito não seja implícito. Seria uma exceção ao
poder de reforma de se autolimitar.
1.4. Fique atento às normas já reconhecidas como cláusulas pétreas heterotópicas (fora do art.
60, § 4º, mas dentro do texto constitucional): (i) princípio do concurso público (STF, MS 33.866); (ii)
princípio da anualidade eleitoral (STF, ADI 3.685) e (iii) princípio da anterioridade tributária (STF, ADI
9397).
1.5. Neste tema, direitos fundamentais, quero que leia e entenda a ementa da APDF 635
(informativo 1042 do STF), conhecida como “ADPF das Favelas”, assunto muito importante que
envolve várias questões relacionadas à segurança pública. Embora faça referência ao Estado do Rio de
Janeiro, trata-se de matéria de suma importância para seu estudo. Olha esse trecho da decisão: “Sempre
que houver suspeita de envolvimento de agentes dos órgãos de segurança pública na prática de infração
penal, a investigação será atribuição do órgão do Ministério Público competente. A investigação
deverá atender ao que exige o Protocolo de Minnesota, em especial no que tange à oitiva das vítimas ou
familiares e à priorização de casos que tenham como vítimas as crianças. Ademais, por ser função
essencial do Estado, acolher também o pedido para determinar que, em casos tais, o Ministério Público
designe um membro para atuar em regime de plantão.”
2. Proteção judicial dos direitos fundamentais: Realizar a leitura do art. 5º da CF/88, incisos
LXVII a LXXIII e das leis indicadas no edital, uma vez que vieram expressamente mencionadas,
lembrando que a natureza jurídica dos remédios constitucionais é de ação constitucional. Estude a
diferença entre garantias e direitos fundamentais.
2.1. Leia com calma e entenda as hipóteses de cabimento e definição de cada ação constitucional,
dando ênfase nos temas em que não é possível habeas corpus (ex.: não cabe HC contra: suspensão de
direitos políticos, apreensão de veículo, após cumprimento de pena privativa de liberdade etc.), pois
costuma se cobrar a jurisprudência relacionada as ações constitucionais. Fique atento a
interdisciplinaridade com o inquérito policial (cabe habeas corpus profilático ou trancativo contra
instauração de I.P. sem justa causa, por exemplo). Sobre este tema (HC profilático) veja a decisão da 2ª
Turma do STF no HC nº 147.303 (habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares
de natureza criminal diversas da prisão). Leia também sobre a admissibilidade excepcional do habeas
corpus coletivo (leading case – presas grávidas e mães de crianças).
2.2. Súmula da moda é a 691 do STF, pois tem relação com os temas de suspensão de liminar
(assunto de grande repercussão em 2021). Estude a regra e a exceção quando a súmula é afastada
(decisão teratológica).
2.3. Sobre mandado de segurança eu quero que leia sobre teoria da encampação (Súmula 628 do
STJ). Estude também o informativo 1021 do STF, em que foi analisada a constitucionalidade de alguns
dispositivos da Lei nº 12.016, de 2009, como por exemplo o art. 1º, § 2º que foi declarado constitucional:
“Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores
de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.”
2.4. Atenção especial à lei de mandado de injunção e seus legitimados ativos (não confundir com
os legitimados ativo do mandado de segurança coletivo – fazer tabela). Trata-se de lei nova, por isso é
bom lembrar de diferenciar com a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Estudar brevemente
sobre as teorias adotadas (não concretista, concretista, concretista geral e individual), correlacionando
com o direito de greve para o servidor público, pois o STF abandonou a teoria não concretista em meados
de 2007 nesse leading case. Sobre ação popular, saiba da legitimidade para pleitear (cidadão – brasileiro
em pleno gozo dos direitos políticos), contra quem pode ser intentada tal ação e os tipos de lesão ao
patrimônio público (mnemônico para ajudar: PA / PA MEIO MORAL). Leia tarjando a Lei nº 4.717/65
e lembre-se que a ação popular é isenta de custas judiciais e de ônus sucumbenciais, salvo má-fé.
2.5. Atenção redobrada ao habeas data. Trata-se de ação constitucional gratuita (HC também o é)
para conhecimento e retificação de dados (nunca se obtém informação de terceiros) e a necessidade de
prévio indeferimento do pedido de informação (NÃO é esgotamento das vias administrativas). Para o
mandado de segurança lembrar de sua subsidiariedade expressa e ler julgados e súmulas sobre o tema.
2.5.1. Fique atento para os casos em que NÃO admitem habeas data: (i) obter cópia de processo
administrativo (STJ, REsp 904.447); quebrar sigilo em inquérito policial (STJ, AgRg nos EDcl no HD
98); discutir correção de prova de concurso público (STJ, AgRg no HD 127) e obter certidão pública
(STJ, HD EDcl 67).
2.6. Dê uma atenção no seu material aos enunciados de súmulas relacionadas às ações
constitucionais (são cobrados na sua literalidade) e aos informativos dos últimos dois anos, pois há
alguns entendimentos que só é possível se extrair das decisões dos Tribunais Superiores. Como exemplo
separei algumas hipóteses em que cabe ou não habeas corpus (tema sempre cobrado):
2.6.1. Cabe habeas corpus: para análise de legalidade (não é mérito) de prisão em punições
disciplinar militares; trancamento de processo no qual se apura o delito de porte de drogas; contra
instauração de inquérito policial ou indiciamento, sem que haja justa causa para estes atos (HC
trancativo); contra indeferimento de prova de interesse do investigado ou acusado; contra deferimento
de prova ilícita ou deferimento inválido de prova lícita; contra autorização judicial de quebra de sigilo
(bancário, fiscal, telefônico) em procedimento penal; questionar medida protetiva de urgência previstas
na Lei Maria da Penha, que restrinjam a liberdade de ir e vir etc.
2.6.2. Não cabe habeas corpus: para discutir direito de visita a preso; para trancar processo de
impeachment; de decisão monocrática de Ministro do STF e do STJ (salvo ser for decisão teratológica);
questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do trânsito em julgado da ação originária e tampouco
antes do trânsito em julgado de revisão criminal; em favor de pessoa jurídica; trancamento de persecução
penal referente à infração penal à qual seja cominada tão somente pena de multa; quando já tiver havido
o cumprimento da pena privativa de liberdade; contra exclusão de militar, perda de patente ou de função
pública; contra efeito extrapenal de perda do cargo advindo de sentença condenatória transitada em
julgado; contra apreensão de veículo; suspensão do direito de dirigir; eventual pedido de reabilitação do
paciente; assegurar preservação da relação de confidencialidade entre clientes e advogado; pleitear a
extração gratuita de cópias de processo criminal; aditamento da denúncia a fim de incluir outro acusado;
perda de direitos políticos; discutir reparação civil fixada na sentença condenatória criminal; discussão
de mérito administrativo de prisão em punições disciplinar militares etc.
3. Quanto aos direitos sociais, uma leitura atenta dos arts. 6º ao 11 da CF/88, deve bastar para
responder as questões da prova de Delegado de Polícia. Costuma cair a literalidade do art. 6º, portanto,
recorde de todos os direitos ali expostos (mnemônico: EDU MORA LÁ SAÚ TRABALHA ALI ASSIS
PROSEG PRESO ou LESSMA PPATT) e por incrível que pareça já caiu que o último direito social ali
inserido foi o do “transporte” pela EC nº 90/2015. Leia também sobre o “efeito cliquet” (ver princípio
do não retrocesso ambiental também), mínimo existencial, reserva do possível e metodologia fuzzy
(Canotilho). O direito de greve citado no art. 9º e a sua correlação com as polícias é tema relevantíssimo,
principalmente a questão da impossibilidade de greve pelos servidores da área de segurança pública
(STF, informativo nº 860 – tese de repercussão geral).
3. Nacionalidade é um tema tranquilo, mas sempre questionado por meio de casos criados pelo
examinador para confundir o candidato. Você deve ler a Constituição (arts. 12 e 13) e saber as
nomenclaturas usadas pela doutrina (nacionalidade originária, derivada), os termos em latim são
importantes também (ius sanguini, ius soli) e memorizar as hipóteses. A leitura sobre a “cláusula de
reciprocidade ou quase nacionalidade” dos portugueses é importante, bem como os cargos privativos de
brasileiro nato (mnemônico: MP3.COM). Recorde-se que o presidente do CNJ e o Conselho da
República (6 cidadãos) devem ser brasileiros natos. Atenção para as hipóteses de perda de nacionalidade
(punição e mudança). Gostaria que você estudasse o julgado paradigmático sobre perda da nacionalidade
de brasileira que obteve green card (STF, informativos nº 822 e 859).
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Ao dispor sobre os direitos e garantias
fundamentais, a Constituição Federal de 1988 dispõe que: c) as associações só poderão ser
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
primeiro caso, o trânsito em julgado. (correta – CF/88, art. 5º, XXIV)
votos válidos em cada uma delas OU tiverem elegido ao menos 15 deputados distribuídos em 1/3 das
unidades da Federação).
2.2.1. Dica: Leia os informativos 1026 e 1008 do STF. O de nº 1026 fala sobre candidatura nata:
“Não existe no Brasil a candidatura nata, ou seja, o direito do titular do mandato eletivo de ser,
obrigatoriamente, escolhido e registrado pelo partido como candidato à reeleição.” Já o 1008 dispõe que:
“É vedada a fusão ou incorporação de partidos políticos que tenham obtido o registro definitivo do TSE
há menos de 5 anos.”
2. Organização do Estado: Leia e entenda as capacidades dos entes federados (mnemônico: O-
L-G-A). Memorize o art. 18, § 3º da CF/88, que fala da incorporação, subdivisão, desmembramento e
anexação dos Estados e o § 4º que trata dos municípios (tema correlacionado aos “municípios
putativos”). Cuidado com as hipóteses em que seria possível a criação de municípios, sabendo que o
Legislativo ainda não editou lei complementar federal disciplinando o tema desde 1988, portanto é
impossível a criação ou desmembramento de novos municípios (STF, informativo 758) e o julgado
recente sobre o tema (STF, informativo 1028). Leia o art. 96 da ADCT.
2.1. Estude o federalismo, correlacionado com os temas de federalismo cooperativo, dual, técnica
da primazia ou preponderância de interesses. Saiba as denominações doutrinárias de distribuição de
competência (centrípeta e centrífuga) e de origem histórica (centrípeta e centrífuga). Para ajudar
memorize a seguinte frase: “no Brasil a federação é centrípeta (maiores poderes e competências para
União) que se originou historicamente por um movimento centrífugo (estado unitário que se fragmentou
em várias unidades autônomas).”
2.2. A leitura dos artigos da Constituição é de fundamental importância, pois os assuntos costumam
ser cobrados na sua literalidade. Leia também nos seus resumos (doutrina ou PDF) as formas de governo,
forma de Estado, sistema de governo e regime de governo (não só do Brasil). Lembrar do mnemônico:
(FE NA FEDERAÇÃO, FOGO NA REPÚBLICA, SIGO PRESIDENCIALISTA O REGO É
DEMOCRATICO).
2.3. A repartição de competências dos Entes federados é um tema maçante que infelizmente deve
ser decorado! Costuma cair a literalidade e temas concretos enfrentados pelo STF, geralmente
confundindo competência exclusiva, privativa, comum e concorrente. Há diversos mnemônicos na
internet (CAPACETE PM, PUFETO etc.). Dê uma atenção especial porque certamente estará na sua
prova. Leia sobre repartição de competências vertical e horizontal. Aqui não tem muito o que fazer, ler
e reler várias vezes fazendo uso do método de tarjar as palavras importantes, conforme expliquei no
vídeo.
2.4. Atenção às competências introduzidas pela EC 115, de 2022, no art. 21 (competência
material exclusiva da União): “XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
pessoais, nos termos da lei” e no art. 22 (competência legislativa PRIVATIVA da União): “XXX -
proteção e tratamento de dados pessoais.”
3. União, Estados federados, Municípios e Distrito Federal e Territórios: leia com atenção os
dispositivos constitucionais sobre estes entes federados (CF/88, arts. 20 a 33), a cobrança exigirá a
literalidade dos dispositivos constitucionais, portanto é fundamental uma leitura ativa do conteúdo, que
deverá ser realizada conforme eu expliquei na vídeo aula. Exemplo: o § 3ºdo art. 33 da CF/88, que trata
dos territórios federais, prevê: “Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do
Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda
instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições
para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa”, portanto, memorize, o governador não é
eleito por voto, mas nomeado pelo Presidente da República e a nomeação deverá ser aprovada
previamente, por voto secreto, após arguição pública, pelo Senado Federal (ato privativo), artigo 52, III,
“c” da CF/88.
4. Constituição Estadual: fique atento a este tema, pois é importante o conhecimento do Estado
do qual você está prestando o concurso público, certamente haverá questões neste sentido em todas as
fases. A previsão da Constituição Estadual está no art. 25, caput da CF/88, neste tema leia sobre o
princípio da simetria e limitação ao poder constituinte estadual. Sobre poderes remanescentes leia o art.
25, § 1º da CF/88 e jurisprudência sobre o tema.
4.1. Leia com atenção a Constituição Estadual do Estado de São Paulo, dando atenção aos
fundamentos do Estado, organização dos Poderes, organização do Estado e especial atenção aos arts.
139 e 140 que tratam da segurança pública e da Polícia Civil.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Considere que o Estado X, em função da
diversidade cultural constatada em sua região, decida desmembrar-se para formação de dois novos
Estados. Nessa hipótese, é correto afirmar que tal desmembramento. a) será constitucional desde que a
proposta seja aprovada pela população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e,
cumulativamente, pelo Congresso Nacional, por lei complementar. (correta – CF/88, art. 18, § 3º)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa correta que corresponda
à previsão da Constituição Federal de 1988 sobre a repartição de competências entre os entes federativos.
d) Compete à União, Estados-membros e Distrito Federal legislar concorrentemente sobre custas dos
serviços forenses. (correta – CF/88, art. 24, IV)
comissões parlamentares de inquérito (CF/88, art. 58), sobre CPI estudar sobre direito subjetivo das
minorias.
3.1. Estude com calma o “estatuto dos congressistas” (CF/88, art. 53 e seguintes), tema relacionado
às imunidades parlamentares (absoluta e relativa “freedom for arrest”), foro por prerrogativa de função,
dando atenção a jurisprudência recente do STF e do STJ, em especial a Ação Penal 937 do STF. Leia o
Decreto-Lei nº 201/1967.
3.2. Processo legislativo é um tema que certamente aparecerá na sua prova, não tenha dúvidas. Por
isso, preciso que você estude o processo legislativo especial da emenda constitucional, decore os
legitimados e as fases (iniciativa, aprovação e promulgação – quem promulga é a mesa da Câmara e do
Senado, não se esqueça) fazendo uma correlação com o poder constituinte derivado reformador
(relembrando as limitações circunstanciais e formais). Decore as limitações materiais do § 4º - cláusulas
pétreas (mnemônico: FO-VO-SEPAR-DIREITOS) e o § 5º (a matéria de emenda rejeitada não pode ser
proposta na mesma sessão legislativa; não confundir com o as leis ordinárias que podem ser objeto de
novo projeto na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer casa do Congresso Nacional). Faça um link com os tratados de direito internacional com status
de emenda constitucional. Dê uma lida sobre na iniciativa popular nas emendas constitucionais (não
aceito, porém, tem autores que entendem a possibilidade). Estude o processo legislativo
ordinário/comum atentamente dando especial atenção as iniciativas privativas e sobre o veto jurídico e
político do Chefe do Poder Executivo. Leia também sobre o “veto extemporâneo”, “preclusão tácita”
(ADPF 714) e sobre republicação de lei sancionada (STF, informativo 1005). Leia sobre medida
provisória e trancamento de pauta (STF, informativo 870). Faça uma leitura rápida sobre “contrabando
legislativo” (STF, informativo 803 e 857). Controle externo auxiliado pelo TCU (outra função típica do
Poder Legislativo) será estudado em Direito Administrativo, mas já adiante fazendo a leitura do
informativo 687 do STJ (tema de extrema relevância).
3.2.1. Dica: Estude a possibilidade de cláusula pétrea ser objeto de emenda constitucional. Embora
haja divergência, prevalece que é possível, todavia a emenda não poderá atingir o “núcleo essencial” da
referida cláusula de eternidade (STF, ADI 2.024).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Supondo que o Senador Y deixe de comparecer,
em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias do Senado Federal, é correto assinalar
que: e) perderá o seu mandato, mediante decisão declaratória do Senado Federal, salvo se a ausência
decorra de licença ou missão autorizada pela Casa legislativa. (correta – CF/88, art. 55, III e § 3º)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - A Casa na qual tenha sido concluída a votação
de projeto de lei deverá enviá-lo ao Presidente da República que, ao considerar o projeto: a) no todo ou
em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de
quinze dias úteis, contados da data do recebimento. (correta – CF/88, art. 66, §§)
1.1.Faça leitura rápida e se possível uma tabela sobre as diferenças entre Conselho da República e
Conselho de Defesa Nacional. Sugiro uma leitura do informativo 1025 do STF que trata da vacância de
Governador e vice (o art. 81 da CF/88 não é de reprodução obrigatória).
2. Poder Judiciário: faça uma leitura atenta dos artigos da Constituição já é mais do que
suficiente. Leia e releia várias vezes empregando o método já destacado, pois é cobrada a literalidade
das competências para julgamento de cada Corte. Leia sobre o Conselho Nacional de Justiça e a
composição dos tribunais (quantidade de membros).
2.1. Sobre Súmula Vinculante, leia o tema na CF/88, art. 103-A e atenção para a Lei nº
11.417/2006, quanto aos legitimados para edição, revisão ou cancelamento que são quase iguais aos
legitimados da ADI (a lei dá legitimidade ao Defensor Público-Geral da União e todos os Tribunais,
confira na lei – art. 3º). Estude também um tema relacionado, que é a reclamação constitucional,
analisando sobretudo a necessidade de esgotamento das vias administrativas para manejo da
reclamação constitucional em afronta à Súmula Vinculante (Lei nº 11.417, art. 7º, § 1º).
3. Ministério Público: insere-se no tema das funções essenciais da justiça, grave quais são
(mnemônico: D-A-M-A) e realize uma leitura dos artigos da Constituição sobre a advocacia e defensoria
pública, no tema Ministério Público, muito provavelmente irá ser cobrada a literalidade dos artigos da
Constituição no que se refere a estrutura do Ministério Público (MPU e MPE) e do Conselho Nacional
do Ministério Público, exemplo o CNMP compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato
de dois anos, admitida uma recondução. Dê uma lida nos informativos: 1000 do STF onde se entendeu
que: “Compete ao STF processar e julgar originariamente ações propostas contra o CNJ e contra o
CNMP no exercício de suas atividades-fim” e “decisões administrativas do CNJ devem ser cumpridas
mesmo que exista decisão judicial em sentido contrário proferida por outro órgão judiciário que não seja
o STF”; e no informativo 985 do STF: “Conflito de atribuições envolvendo MPE e MPF deve ser
dirimido pelo CNMP.”
3.1. Sobre a Defensoria Pública leia os arts. na CF/88 que tratam do tema. Porém, entenda que,
enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a
Defensoria Pública possui a função de custos vulnerabilis (fiscal dos vulneráveis). Assim, segundo a
tese da Instituição, em todo e qualquer processo em que se discuta interesses dos vulneráveis seria
possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não advogado particular
constituído. Há previsão expressa nesse sentido no art. 81-A da LEP e no art. 141 do ECA. Sobre o tema
leia o informativo 657 do STJ: “Admite-se a intervenção da Defensoria Pública da União no feito
como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e
dos direitos humanos.”
3.1.1. Fique atento, pois o STF, na ADI 6875, formou maioria (6 votos) pela constitucionalidade
do poder de requisição da Defensoria Pública. Veja os dispositivos impugnados que foram
considerados constitucionais (todos possuem a mesma redação): “LC 80/94, arts. 8º, XVI; 44, X; art. 56,
XVI; 89, X e art. 128, X - São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: X - requisitar
de autoridade pública e de seus agentes exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos,
documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições.”
4. Estado de Defesa: estude da defesa do Estado e das instituições democráticas pelo Estado de
Defesa e Estado de Sítio. Entenda quando cabe um e quando cabe outro, observando os prazos, hipóteses
e súmulas correlatas. Dica: sempre é cobrado o tempo de duração do estado de defesa: “CF/88, art. 136,
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado
uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.”
4.1. O tema da segurança pública é um dos mais importantes em se tratando de concurso para
Delegado de Polícia. Portanto, a leitura dos artigos da Constituição é imprescindível, conjugando-a com
uma doutrina, vídeo aula ou PDF, dando ênfase para a missão constitucional de cada um dos órgãos dos
incisos TAXATIVOS do art. 144 (sobre a taxatividade do art. 144 da CF, leia a ementa da ADI nº
6.621/TO – há voto divergente do Min. Edson Fachin que não se tornou regra). Esse assunto foi cobrado
na prova objetiva para Delegado de Polícia do Paraná 2021. Também leia o informativo 983 do STF:
“não é possível que os Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso daqueles que estão
previstos no art. 144 da CF/88.” Embora seja tema de direito administrativo é fundamental compreender
a diferença entre polícia ostensiva e polícia judiciária.
4.2. Leia com atenção o § 4º do art. 144 da CF/88, pois está expresso no edital o estudo sobre as
funções e missões constitucionais do Delegado de Polícia. Sendo necessária a compreensão dos temas
que são de atribuição da Polícia Federal (Lei nº 10.446/02), porque a polícia civil tem atribuição residual,
sendo indispensável, portanto, o conhecimento de quais crimes serão investigados pela PF. Leia a
questão da proibição de extensão de foro por prerrogativa para Delegados de Polícia (STF, informativo
940 e 1010) e sobre controle externo da atividade policial (CF/88, art. 129, VII). É bom saber também
que existe o sistema único de segurança pública (SUSP - Lei nº 13.675/2018), para discorrer em
eventual questão da prova dissertativa.
A título de curiosidade segue uma tabela sobre os integrantes operacionais do SUSP.
INTEGRANTES OPERACIONAIS
(atuam nos limites de suas atribuições, de forma cooperativa, sistêmica e harmônica)
5. Ordem Social: A leitura dos dispositivos constitucionais é suficiente para a prova. Lei da
seguridade social (arts. 194 a 204); educação (arts. 205 a 214), aqui dê atenção ao informativo 826 do
STF: “O Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos
de idade”; desporto (art. 217); comunicação social (arts. 220 a 224); meio ambiente (arts. 225), reputo
essencial a leitura deste artigo; família, criança, adolescente, idoso e índio (arts. 232), dê especial atenção
ao artigo 231 que trata dos índios, costuma ter alta incidência de cobranças, neste tema leia o informativo
985 do STF que trata da Covid-19 e dos índios. Perceba que o edital não trouxe o capítulo IV “ciência,
tecnologia e inovação”, portanto não necessita de leitura nesta reta final.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Suponha que o Presidente da República, depois
de ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretou estado de defesa para
restabelecer a paz social ameaçada por grave e iminente instabilidade institucional no local X. Nesse
caso, é certo assinalar que: b) o decreto poderá restringir tanto o sigilo de comunicação telegráfica como
telefônica. (correta – CF/88, art. 136, § 1º, I, alíneas “b” e “c”)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia – É correto afirmar sobre o Conselho da
República: a) dele participam como membros, dentre outros, os líderes da maioria e da minoria, tanto na
Câmara dos Deputados como no Senado Federal. (correta – CF/88, art. 89, IV)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - O Poder Judiciário é um dos poderes
constituídos da República Federativa do Brasil, cujo regime jurídico vem tratado nos artigos 92 e
seguintes da Constituição Federal e assevera que: a) os servidores receberão delegação para a prática de
atos de mero expediente sem caráter decisório. (correta – CF/88, art. 93, XIV)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa que corretamente trata
do sistema constitucional de crises. e) Os pareceres emitidos pelos Conselhos da República e de Defesa
Nacional não são vinculantes, cabendo a decretação do estado de defesa ao Presidente da República, que
expedirá decreto estabelecendo a duração da medida. (correta - CF/88, arts. 90, caput, 91, § 1º, II e 136,
§ 1º)
1000 e 1028 do STF e informativos 666, 668, 710 e 712 do STJ (o informativo 712 do STJ fala da
remoção para acompanhamento de cônjuge – importante).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Os princípios administrativos podem ser
utilizados para fins de controle de constitucionalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
sendo o que se observa na alternativa a seguir: a) a nomeação de cônjuge da autoridade nomeante para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança na Administração Pública do Estado viola a
Constituição Federal. (correta – Súmula Vinculante 13)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - O conceito de Administração Pública possui
vários sentidos, sendo correto afirmar que: d) sob o sentido material, a Administração Pública deve ser
entendida como a atividade administrativa exercida pelo Estado. (correta)
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Servidores da Secretaria da Fazenda pretendem
a ascensão do cargo de Técnico, posteriormente reestruturado para Analista Tributário, para o cargo de
Agente Fiscal, sob o argumento de que ambos os cargos pertencem à mesma carreira. Tal pretensão é:
d) inconstitucional, por constituir modalidade de provimento derivado, que propicia ao servidor a
investidura, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual foi anteriormente investido. (correta – Súmula Vinculante 43)
convalidação dos atos administrativos (mnemônico: FO-CO: forma e competência e objeto plúrimo) e
as formas de extinção (natural, subjetiva, objetiva, renúncia, revogação, anulação, cassação, caducidade
e contraposição). Dê uma atenção especial para anulação e revogação (estudar atos irrevogáveis), efeitos
e características (autotutela e heterotutela). Leia o informativo nº 668 do STJ, que versa sobre erro de
direito e de fato (operacional ou de cálculo). Recomendo também que você leia sobre o plano de análise
do ato administrativo.
4. Processo Administrativo: todos os Estados bebem da fonte que é a Lei nº 8.112/90 (regime
jurídico dos servidores públicos civis dos entes da administração direta e indireta) e a Lei nº 9.784/99
(processo administrativo na administração pública federal), por isso, o conhecimento dos seus preceitos
é fundamental. Após dominar esse ponto, verifique as diferenças na Lei Estadual nº 10.177/1998, que
trata do processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual (tema que será revisto
nos últimos dias de estudo de Direito Administrativo). Leia as súmulas recentes sobre o tema,
especialmente os enunciados de nº 633, 635, 641, 650 e 651, todas do STJ.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Suponha que a concessão de uma determinada
permissão de instalação de empreendimento em um imóvel dependa, conforme determinado em lei, da
assinatura da autoridade administrativa em dois formulários distintos e que, em determinado caso
específico, em que pese o processo administrativo ter sido adequadamente instruído, a autoridade
competente firmou apenas um dos formulários, ordenando a publicação da autorização, apesar do vício,
o qual era desconhecido no momento da publicação. Identificado o vício após dois meses da publicação,
a autoridade administrativa deverá: d) convalidar o ato, corrigindo o defeito sanável contido no ato
anterior, garantindo, assim, a estabilidade das relações já constituídas. (correta – trata-se de vício de
forma)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - A imperatividade é o atributo do ato
administrativo que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou execução. Dispensam esse atributo
os atos administrativos: a) enunciativos. (correta – não existe imperatividade nos atos de gestão,
enunciativos e negociais)
2.3. Consórcios públicos é previsto no art. 241 da CF/88 e pela Lei nº 11.107/2005. Leia sobre o
tema se atentando para as seguintes dicas: a União só pode celebrar com Municípios se o Estado
participar; não é permitida a celebração por pessoa administrativa (administração indireta); a formação
do consórcio é realizada pela: formalização do protocolo de intenções, publicação no diário oficial,
ratificação por da um dos entes consorciados e celebração do contrato de consórcio; o consórcio pode
ser uma associação pública (personalidade jurídica de direito público - autarquia interfederativa ou
multifederada que integra a administração pública indireta) ou pessoa jurídica de direito privado; estude
sobre os três tipos de contratos (consórcio, rateio e programa).
2.4. Sobre a defesa do usuário/consumidor de serviço público dê uma lida nos aspectos mais
importantes da Lei nº 13.460/2017 que trata do tema. Dica: memorize os princípios do art. 4º: “Os
serviços públicos e o atendimento do usuário serão realizados de forma adequada, observados os
princípios da regularidade, continuidade, efetividade, segurança, atualidade, generalidade, transparência
e cortesia) e se atente ao art. 10, § 2º: “São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
determinantes da apresentação de manifestações perante a ouvidoria.” Por fim, quero que memorize que
na avaliação continuada dos serviços públicos a avaliação será realizada por pesquisa de satisfação feita,
no mínimo, a cada um ano, ou por qualquer outro meio que garanta significância estatística aos
resultados (art. 23, § 1º).
3. Bens públicos é um tema de direito civil. É importante conhecer os arts. 98 a 103 do Código
Civil e saber diferenciar os bens públicos quanto à destinação ou afetação (uso comum do povo, de uso
especial e dominicais). Saiba qual pode ser ou não alienado ou se é possível usucapião. Memorize as
prerrogativas dos bens públicos (alienabilidade condicionada, impenhorabilidade, não-onerabilidade,
imprescritibilidade). Sobre ocupação pública de bem dominical e ações possessórias sugiro a leitura do
informativo 594 do STJ (tema interessante, não imprescindível) e a Súmula 637 do STJ, além da Súmula
477 do STF sobre terras devolutas na faixa de fronteira.
3.1. Quero que memorize estes três artigos do CC: “art. 101. Os bens públicos dominicais podem
ser alienados, observadas as exigências da lei”; “art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a
usucapião” e “art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.”
4. Intervenção do Estado na Propriedade: Faça um resumo comparativo entre as modalidades
de intervenção restritivas (requisição administrativa, limitação administrativa, servidão administrativa,
tombamento e ocupação temporária) e intervenção supressiva (desapropriação e expropriação). O que
costuma ser cobrado são as características de cada tipo de intervenção. É preciso entendê-las para não
as confundir no dia da prova. Dê especial atenção à desapropriação, correlacionando o estudo com os
dispositivos constitucionais e entenda a diferença entre desapropriação por necessidade pública,
utilidade pública e interesse social. Leia sobre “hierarquização verticalizada na desapropriação”. Por
fim, estude a expropriação prevista no art. 243 da CF/88 e leia o informativo 851 do STF: “A
expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o proprietário
comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo.”
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - A atividade administrativa do Estado
frequentemente demanda a necessidade de intervenção da propriedade individual em razão de um
interesse público maior. A respeito das diversas modalidades de intervenção na propriedade, julgue as
afirmações a seguir e selecione a alternativa correta. a) A servidão administrativa é a intervenção na
propriedade particular que decorre da instituição de direito real, impondo ao proprietário a obrigação de
suportar ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade, em benefício de serviço público ou de um bem
afetado a um serviço público. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - O direito do proprietário de exigir que na
desapropriação se inclua a parte restante do bem expropriado, que se tornou inútil ou de difícil utilização,
é denominado de: c) Direito de extensão. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Após publicar edital de licitação a fim de
contratar empresa para a construção de uma delegacia policial, a autoridade administrativa verifica a
existência de um erro na descrição do projeto básico, que afeta, de maneira significativa e inquestionável,
a estimativa de custos dos licitantes e a formulação das propostas a serem apresentadas. Nesse caso, a
autoridade deverá: b) alterar o edital, divulgando a modificação pela mesma forma que se deu o texto
original, reabrindo o prazo inicialmente estabelecido para a apresentação das propostas. (correta – Lei
8.666/93, art. 21, § 4º)
1. Intervenção do Estado no Domínio Econômico: Comece este tema fazendo uma leitura
constitucional da “ordem econômica e financeira”, arts. 170 a 181 da CF/88. O seu estudo aqui deve ser,
em especial, dos arts. 173 e 174 da CF/88. O art. 173 trata da exploração direta de atividade econômica
pelo Estado (estado executor) quando necessário aos imperativos de segurança nacional ou relevante
interesse coletivo (memorize isso). Essa intervenção direta é realizada pelas empresas estatais (empresas
públicas e sociedades de economia mista), as condições para esta atuação estão nos parágrafos do art.
173, estude com calma os papeis das empresas estatais no domínio econômico.
1.1. O Estado assume o papel de regulador (intervenção indireta) quando elabora normas, reprime
abusos, interfere na inciativa privada e regula preços e abastecimento (implementação de políticas
econômicas), faça uma leitura de um resumo sobre esse assunto.
2. Responsabilidade Civil do Estado: Muito importante, será cobrado sem dúvidas, uma ou mais
questões. Estude brevemente a historicidade (teoria da irresponsabilidade, civilistas, publicistas). Dê
atenção especial às teorias publicistas da responsabilidade (culpa administrativa, teoria do risco, risco
administrativo e risco integral). Memorize e entenda os elementos da responsabilidade do Estado
(conduta, nexo causal e dano) e as causas excludentes, atentando-se para qual teoria elas não são
aplicadas (teoria do risco integral). Memorize também o art. 37, § 6º da CF/88, que é cobrado na sua
literalidade.
2.1. A teoria é muito importante, porém, mais relevante é a jurisprudência sobre o tema. Como
dica, sugiro a leitura dos seguintes informativos: responsabilidade do Estado por (i) preso foragido (STF,
informativo 993); (ii) em razão de morte de detento no sistema prisional (STF, informativo 819); (iii)
por danos decorrentes de fogos de artifício (STF, informativo 969); e (iv) por danos causados a
profissional de imprensa ferido em manifestação pública (STF, informativo 1021).
2.2. Atenção à Súmula 652 do STJ: “A responsabilidade civil da Administração Pública por danos
ao meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário, mas de
execução subsidiária.”
3. Controle Administrativo: É tema de relativa importância. Faça um estudo do controle político
e controle administrativo e do momento desse controle (prévio, concomitante e posterior). Neste tópico
o que importa é o controle administrativo que é exercido pelo Poder Executivo, pelos órgãos do Poder
Judiciário e do Legislativo. Estude o controle interno (atos da própria administração – autotutela) e
externo (entes da administração indireta – heterotutela). Sobre os meios de controle é preciso estudar o
direito de petição e obtenção de certidões em repartições públicas (CF/88, art. 5º, XXXIV). A coisa
julgada administrativa e prescrição administrativa são temas que merecem cuidado. Faça um estudo
sobre a controladoria, órgão interno de controle do Poder Executivo em cada um dos entes federados.
No âmbito federal, importante apenas conhecer a Controladoria-Geral da União (Lei nº 13.844/2019).
3.1. Sobre os Tribunais de Contas faça uma leitura atenta dos arts. 70 a 75 da CF/88, enfatizando
a composição e estrutura do TCU. Perceba que hoje só há dois Tribunais de Contas DO Município (RJ
e SP), pois já existiam antes da CF/88, que agora traz vedação no art. 31, § 4º da Carta Magna (não
confunda com Tribunais de Contas DOS Municípios – órgão estadual). A respeito do Tribunal de Contas
DOS Municípios leia o informativo 883 do STF: “A Constituição Federal não proíbe a extinção de
Tribunais de Contas dos Municípios”. Atenção! O julgamento das contas do Presidente da República é
ato privativo do Congresso Nacional (CF/88, art. 49, IX), competindo ao Tribunal de Contas da União
tão-somente à elaboração de parecer prévio. Leia os informativos 687 do STJ (concessão inicial de
aposentadoria), 1029 do STF (legitimidade de execução de multas aplicadas por Tribunais de Conta
estaduais). Importante saber a assimetria constitucional entre os entes federados no que diz respeito aos
Tribunais de contas do Município (STF, informativo 1011). Por fim, estude a Súmula 347 do STF,
analisando se está superada ou não (análise de constitucionalidade das leis e dos atos do poder público
pelo Tribunal de Contas).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2019 - Prefeitura de São José dos Campos - SP - Analista em Gestão Municipal –
Direito - Tendo em vista o entendimento da Jurisprudência acerca da responsabilidade civil do Estado,
é correto afirmar que: a) a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo
ser comprovados a culpa do agente ou falha do serviço, o dano e o nexo de causalidade. (correta)
VUNESP - 2019 - Câmara de São Roque - SP - Oficial Legislativo – A respeito do controle
judicial dos atos administrativos, é correto afirmar que: b) a concessão de mandado de segurança não
produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria. (correta – Súmula 271 do STF)
1. Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de São Paulo: essa lei complementar é
importante para se entender como funciona a Polícia do Estado de São Paulo. Faça uma leitura atenta do
título II que trata da Polícia Civil, estude com calma os temas relacionados ao concurso público,
memorize que no art. 28 a posse se dará no prazo de 15 dias, contados da publicação do ato de
provimento e no art. 30 o exercício terá início dentro de 15 dias contados da data da posse ou da data de
publicação do ato no caso de remoção. Estude também os temas: deveres do policial civil (art. 62), das
transgressões disciplinares (arts. 63 e 64), responsabilidades (art. 65 e 66), penalidades (arts. 67 a 79),
extinção da punibilidade (arts. 80 a 83), procedimento disciplinar (arts. 87 a 89), sindicância (arts. 90 a
93), processo administrativo (arts. 94 a 118), recursos (arts. 119 e 121) e revisão (arts. 122 a 128).
2. Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo: lei relativamente grande, porém
é importante sua leitura. Eu indicarei os temas que reputo mais importantes. Leia as disposições
preliminares (arts. 1º a 10); provimento (arts. 11 e 12); nomeações (art. 13); do concurso (arts. 14 a 20);
da posse (arts. 46 a 55); exercício (arts. 57 a 75); contagem de tempo de serviço (arts. 76 a 85), nesta
parte acho importante você memorizar no art. 78 os tempos de afastamento de serviço (casamento – até
8 dias, falecimento de cônjuge, filhos, pais e irmãos – até 8 dias, falecimento dos avós, netos, sogros, do
padrasto ou madrastas – até 2 dias, licença paternidade – 5 dias); vacância (art. 86); estabilidade (arts.
217 e 218); penas disciplinares (arts. 251 a 263); providências preliminares (arts. 264 a 267);
procedimento disciplinar (arts. 268 a 271); sindicância (arts. 272 e 273); processo administrativo (arts.
274 a 307); recursos (arts. 312 a 314) e revisão (arts. 315 a 321).
3. Lei de Improbidade Administrativa: é com certeza um dos temas mais importantes do
edital, principalmente porque houve recente alteração pela Lei nº 14.230, de 2021. Sugiro que leia um
material em que se dê ênfase às mudanças (ex.: não se pune mais atos ímprobos culposos etc.). Dê muita
atenção para as mudanças, pois as bancas costumam explorar justamente isso, como forma de verificar
se o candidato está atualizado. Não se esqueça de memorizar as penas previstas no art. 12 (uma tabela
ajuda muito), pois sempre caiu e vai continuar caindo; leia também o art. 13 que trata da declaração de
bens e demissão a bem do serviço público. Dica: Súmula 651-STJ: Compete à autoridade administrativa
aplicar a servidor público a pena de demissão em razão da prática de improbidade administrativa,
independentemente de prévia condenação, por autoridade judicial, à perda da função pública.
3.1. Atenção com a decisão prolatada pelo Ministro Alexandre de Moraes na MC em ADI 7042 e
7043, que deferiu parcialmente a medida cautelar e fixou três teses: a) conceder interpretação conforme
a constituição federal ao caput e §§ 6º-A, 10-C e 14, do artigo 17 da Lei nº 8.429/92, com a redação dada
pela Lei nº 14.230/2021, no sentido da existência de legitimidade ativa concorrente entre o ministério
público e as pessoas jurídicas interessadas para a propositura da ação por ato de improbidade
administrativa; b) suspender os efeitos do § 20, do artigo 17 da Lei nº 8.429/92, com a redação dada pela
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - A Lei de Acesso à Informação (Lei no
12.527/2011) é um dos mais importantes instrumentos de transparência e combate à corrupção em vigor
no Brasil. A respeito das regras previstas nesse instrumento normativo, é correto afirmar que: a) se
aplicam também, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização
de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções
sociais. (correta)
indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; III -
comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais
interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados; IV - no tocante a licitações e contratos:
(...); V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes
públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de
fiscalização do sistema financeiro nacional.”
1.4. Os arts. 6º e 7º tratam da responsabilização administrativa. Veja quais as sanções (isoladas ou
cumulativas) possíveis: I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do
faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo,
excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação;
e II - publicação extraordinária da decisão condenatória. Os parágrafos trazem as peculiaridades, mas
chamo-lhes atenção para o § 4º: “Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível utilizar o
critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a
R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).”
1.5. O tema que reputo mais importante é o Acordo de Leniência, arts. 16 e 17. Leia com bastante
atenção, especialmente os resultados que a colaboração deve resultar (incisos I e II do art. 16): “I - a
identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e II - a obtenção célere de informações
e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.” Já o § 1º traz os requisitos cumulativos para a
celebração do acordo: I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em
cooperar para a apuração do ato ilícito; II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento
na infração investigada a partir da data de propositura do acordo; III - a pessoa jurídica admita sua
participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o processo
administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais,
até seu encerramento.”
1.5.1. Atenção ao benefício do acordo: art. 16, § 2º: “celebração do acordo de leniência isentará
a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em
até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.” Veja o § 3º: “O acordo de leniência não exime a pessoa
jurídica da obrigação de reparar integralmente o dano causado.” Olha que interessante, uma causa de
interrupção do prazo prescricional fora do Código Penal: “§ 9º A celebração do acordo de leniência
interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.”
1.6. Por fim, leia a responsabilização judicial (arts. 18 a 21), com atenção para o art. 19 que
enumera as possibilidades (as sanções podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativamente): “I -
perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente
obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; II - suspensão ou interdição
parcial de suas atividades; III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; IV - proibição de receber
incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de
instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e
máximo de 5 (cinco) anos.” Para que haja dissolução compulsória a lei condiciona a duas hipóteses (art.
19, § 1º): I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a
prática de atos ilícitos; OU II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a
identidade dos beneficiários dos atos praticados.”
1.6.1. Por fim, atenção ao parágrafo único do art. 21: “A condenação torna certa a obrigação de
reparar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será apurado em posterior liquidação, se
não constar expressamente da sentença”; art. 25: “Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas
nesta Lei, contados da data da ciência da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado”; art. 28. “Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa jurídica
brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior”; e art. 30: “A
aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de responsabilização e aplicação de
penalidades decorrentes de: I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992 ; e II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ou outras normas
de licitações e contratos da administração pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de
Contratações Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011.”
2. Lei nº 13.460/2017 (Lei do Usuário do Serviço Público). Comece memorizando os princípios
do art. 4º: “Os serviços públicos e o atendimento do usuário serão realizados de forma adequada,
observados os princípios da regularidade, continuidade, efetividade, segurança, atualidade, generalidade,
transparência e cortesia” e se atente ao art. 10, § 2º: “São vedadas quaisquer exigências relativas aos
motivos determinantes da apresentação de manifestações perante a ouvidoria.”
2.1. Por fim, quero que memorize que na avaliação continuada dos serviços públicos a avaliação
será realizada por pesquisa de satisfação feita, no mínimo, a cada um ano, ou por qualquer outro meio
que garanta significância estatística aos resultados (art. 23, § 1º).
3. Lei Estadual nº 10.294/1999 (Proteção e Defesa do Usuário do serviço Público). Este diploma
é semelhante ao que comentei acima, porém é em âmbito Estadual. Foque nas diferenças. Atenção para
quem se aplica a lei: “administração Pública direta, indireta e fundacional; e por particular, mediante
concessão, permissão, autorização ou qualquer outra forma de delegação, por ato administrativo,
contrato ou convênio”.
3.1. Memorize os direitos básicos do usuário, previstos no art. 3º (são poucos e aposto a cobrança
neles): informação; qualidade na prestação do serviço e controle adequado do serviço público.
3.2. Atenção à inovação trazida pela Lei nº 17.430, de 2021, que acrescentou o art. 7º-A. Ao ler já
percebi que é o artigo mais importante da lei, MEMORIZE, pois ele traz os princípios e os define no
parágrafo único: “Art. 7º-A - A qualidade do serviço público é pautada pelos princípios da efetividade
da gestão pública, eficiência administrativa e eficácia dos gastos públicos.”
3.2.1. Efetividade da gestão pública: capacidade de atendimento das reais necessidades da
população; Eficiência administrativa: capacidade de promover os resultados pretendidos com o
dispêndio mínimo de recursos e Eficácia dos gastos públicos: capacidade de promover os resultados
pretendidos com o alcance máximo da meta traçada.
4. Lei nº 14.129/2021 (Princípios, regras e instrumentos para aumento da eficiência pública).
Estude a quem se aplica esta lei (art. 2º), porém acho mais fácil você decorar a quem não se aplica (§
1º): “Esta Lei não se aplica a empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
controladas, que não prestem serviço público.” Leia o art. 3º que trata das diretrizes do Governo Digital
e da eficiência pública, como exemplo cito dois incisos que achei interessante: “XVII - a proteção de
dados pessoais, nos termos da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais)” e “XXV - a adoção preferencial, no uso da internet e de suas aplicações, de tecnologias, de
padrões e de formatos abertos e livres, conforme disposto no inciso V do caput do art. 24 e no art. 25 da
Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet)”.
4.1. O art. 4º traz alguns conceitos, por isso, acho interessante a leitura. Veja, por exemplo, o inciso
XI: “transparência ativa: disponibilização de dados pela administração pública independentemente de
solicitações.”
4.2. A lei é um pouco extensa, se houver tempo leia os outros títulos.
5. Lei Complementar do Estado de São Paulo nº 1.361/2021. Esta lei trata da bonificação por
resultados, certamente vai te interessar bastante durante a carreira, porém, agora é um pouco maçante e
cansativa a leitura. Em havendo tempo disponível, leia os seus critérios.
5.1. Vale a pena dar uma olhada nas disposições gerais, portanto, veja o que diz o art. 1º: “Fica
instituída a Bonificação por Resultados - BR, a ser paga aos servidores em exercício nas Secretarias de
Estado, na Procuradoria Geral do Estado, na Controladoria Geral do Estado e nas Autarquias”, e olha
para quem não se aplica a lei: “Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica aos seguintes
agentes públicos, independentemente do regime jurídico a que estiverem submetidos: 1. ocupantes do
cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual e integrantes da carreira de Procurador do Estado; 2.
militares e servidores em exercício na Secretaria da Segurança Pública; 3. servidores em exercício
nas Universidades Estaduais.”
5.2. Procure entender como se cumpre as metas da bonificação por resultados e seus indicadores
(arts. 4º a 13). Veja alguns artigos que achei interessantes: “Art. 11 - São elegíveis para o recebimento
da Bonificação por Resultados - BR os servidores que tenham participado do processo para cumprimento
das metas em pelo menos 2/3 (dois terços) do período de avaliação”; “Art. 12 - É vedado o pagamento
da Bonificação por Resultados - BR, nos termos desta lei complementar, aos: I - servidores que percebam
vantagens de mesma natureza; II - servidores dos órgãos e entidades a que se refere o “caput” do artigo
1º desta lei complementar, afastados para órgãos, entidades ou Poderes, de qualquer dos entes
federativos, salvo nas hipóteses previstas nesta lei complementar; III - aposentados e pensionistas” e
“Art. 13 - A manipulação de dados e informações com o propósito de alterar o resultado das avaliações
previstas nesta lei complementar caracteriza procedimento irregular de natureza grave, a ser apurado
mediante procedimento disciplinar, assegurados o direito à ampla defesa e ao contraditório, na forma da
lei.”
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PauliPrev - SP - Procurador Autárquico - A autoridade máxima de cada
órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas, isentando-as da
seguinte sanção: e) publicação extraordinária da decisão condenatória. (correta – Lei nº 12.846/13, art.
16, § 2º)
último foi cobrado na prova de Delegado do Rio de Janeiro) e leia sobre velocidades do Direito Penal
de Jesus Maria Silva Sanchez.
1.1. Eu quero que você estude também as funções garantistas, lendo os conceitos básicos de Luigi
Ferrajoli contidos em sua obra “Direito e Razão” (facetas do princípio da proporcionalidade),
memorizando garantismo negativo (proibição do excesso) e garantismo positivo (vedação à proteção
deficiente ou insuficiente). Leia os 10 axiomas de Ferrajoli. Apesar de não estar expresso, estude os
temas modernos sobre garantismo trazidos por Douglas Fischer – garantismo integral ou binocular e
garantismo hiperbólico monocular. Caso não possua material sobre esses temas, sugiro minhas aulas de
penal parte geral, onde esses assuntos são abordados com uma boa visão prática. Dica: leia sobre
coisificação de Durig.
2. Princípios fundamentais do Direito Penal: As disposições penais na Constituição devem ter
sido estudadas na parte de Direito Constitucional, porém, sempre revise os princípios que estão
plasmados no art. 5º da CF/88. É fundamental estudar o direito penal como intervenção mínima e os
desdobramentos da subsidiariedade (plano concreto direcionado especialmente ao operador do direito)
e fragmentariedade (plano abstrato direcionado ao legislador). Dê especial atenção aos princípios que
regem o direito penal, notadamente os princípios da intervenção mínima, da insignificância, da
exteriorização ou da materialização do fato, da ofensividade ou lesividade e o da legalidade com
seus desdobramentos (reserva legal, anterioridade, legalidade estrita e escrita, e lei certa e necessária).
2.1. Um dos princípios mais importantes é o da insignificância (bagatela própria), memorize os
vetores para sua aplicação segundo os Tribunais Superiores – HC nº 84.412/SP (mnemônico: M-A-R-I:
mínima ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada); estude sua aplicação
prática nos casos concretos e os informativos 793, 816, 913, 938 e 973 do STF e 554 e 665 do STJ. Saiba
diferenciar bagatela própria de imprópria.
2.1.1. Atenção principalmente quanto à aplicação da insignificância aos crimes de perigo abstrato,
em especial posse de drogas para consumo pessoal, do qual recentemente o STF no HC nº 202.883/SP
aplicou, em caráter excepcional, a insignificância. Lembre-se que a maioria esmagadora das decisões do
STF são no sentido de que a bagatela própria não se aplica ao crime de posse de drogas para consumo
pessoal e tampouco para o tráfico (arts. 28 e 33, respectivamente).
2.1.2. Fique muito atento ao delito de posse de munição desacompanhada de arma de fogo, que
também foi aplicada a insignificância de forma excepcional pelo STJ (jurisprudência em teses, edição
108 e AgRg no HC nº 692.217/ES, julgado em 04/10/2021), todavia, quero que você fique muito
esperto, pois em outro julgado a 3ª Seção do STJ no EREsp 1.856.980, julgado em 22/09/2021, entendeu
que, embora com o acusado tenha sido apreendida apenas uma munição de uso restrito, desacompanhada
de arma de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes de tráfico de drogas e associação
para o tráfico, afastando o reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas
a mínima ofensividade da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade.
2.1.2. Dica: leia sobre crime de perigo abstrato-concreto (tema pouco trabalhado na doutrina,
porém estudado nas minhas videoaulas de penal parte geral constante no site do Aprenda –
aprenda.com.br/eduardofontes).
3. Fontes do Direito Penal: Estude as fontes do direito penal, formais ou de cognição e materiais
ou de produção (atenção ao parágrafo único do art. 22 da CF/88). Atente-se para as fontes formais, nos
casos em que é possível ou não a utilização de medida provisória para a criação de normas penais não
incriminadoras benéficas ao réu. Leia sobre costume abolicionista (jurisprudência não admite).
A doutrina mais moderna, a exemplo de Rogério Sanches, rompendo com a tradicional
classificação trazida pelos doutrinadores em geral, considera fontes imediatas do Direito Penal a
Constituição Federal, os tratados e convenções internacionais de direitos humanos, a jurisprudência, os
princípios e os complementos da norma penal em branco.
Nossa posição!
Quanto à jurisprudência, filiamo-nos à doutrina mais moderna, que a considera fonte imediata
reveladora de direito, a exemplo do que ocorre com as súmulas vinculantes.
Ex1. A SV nº 24 considera que não há crime contra a ordem tributária quando pendente o
lançamento definitivo do tributo.
Ex2. A LGBTfobia sendo considerada pelo STF como crime de racismo (ADO 26 e MI 4733).
Estude as classificações das leis penais (incriminadora, não-incirminadora, de ampliação, extensão
ou integrativa, completa, incompleta). Dê atenção às normas penais em branco homogêneas
(homovitelina e heterovitelina), heterogêneas, ao revés ou invertidas e ao quadrado; leia sobre tipo penal
aberto, fechado e normas de extensão pessoal, temporal e causal.
4. Escolas Penais: Este tema é mais comum em Criminologia, entretanto, não se engane, pode
aparecer na sua prova aqui neste tópico. Inclusive as escolas penais foram objeto de cobrança na prova
de Delegado de São Paulo de 2018.
4.1. Estude com atenção a escola clássica, quanto aos seus principais autores (Marquês de
Beccaria, Francesco Carrara, Anselm von Feuerbach), principal obra (Dos Delitos e da Pena de
Beccaria). Quero que memorize o seguinte: nesta época o método era o dedutivo, marcada pelo livre-
arbítrio e função da pena (preventiva - geral e especial e retributiva). A cobrança vai recair sobre os
elementos que indiquei.
4.2. Já na escola positiva (século XIX), estude seus principais nomes, obras e seus movimentos.
Memorize que o método era o empírico e a escola foi marcada pelo determinismo (biológico e social).
Sobre os principais expoentes farei algumas considerações, dada a relevância do tema:
4.2.1. Cesare Lombroso (fase antropológica): obra “O homem delinquente”. Defendeu o
determinismo biológico. Estude neste ponto os tipos de criminosos por Lombroso, como por exemplo o
criminoso atávico.
4.2.2. Enrico Ferri (fase sociológica): obra “Sociologia Criminal”. Conhecido como pai da
sociologia, Ferri acreditava no determinismo social. Possui também sua classificação de criminosos
(exemplo: criminoso passional), sugiro a leitura.
4.2.3. Raffaele Garofalo (fase jurídica): obra Criminologia. Defendia a teoria do crime natural.
Garofalo também faz suas classificações dos criminosos (ex.: assassinos ou delinquentes típicos).
4.3. Leia também sobre o correcionalismo penal de Karl Roeder, tecnicismo jurídico-penal de
Arturo Rocco e defesa social de Fillipo Gramatica. Por fim, não negligencie uma leitura rápida sobre o
positivismo criminológico no Brasil, cujo principal expoente foi Raimundo Nina Rodrigues, fundador
da antropologia criminal no final do século XIX. Confira o pensamento de Nina Rodrigues na minha
obra: “Nina Rodrigues afirmava que existiam diferenças quanto à capacidade intelectual entre as raças,
de modo que tentava comprovar essa teoria através de suas obras. Para ele, os negros, índios e os
mestiços brasileiros eram inferiores tanto fisicamente como mentalmente.”
5. Evolução histórica do Direito Penal no Brasil: Neste tópico você vai fazer um estudo por um
material resumido que aborda a evolução histórica do Direito Penal no Brasil, perpassando pelos
seguintes momentos: Ordenações Afonsinas, Ordenações Manuelinas, Ordenações Filipinas, Código
Criminal do Império, Código Criminal da República, Consolidação das Leis Penais (Consolidação de
Piragibe) e entrada em vigor no ano de 1942 do nosso Código Penal, sendo sua parte geral totalmente
reformulada pela Lei nº 7.209/1984.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - No que concerne às Escolas Penais, é correto
afirmar que a: b) “Clássica” funda-se no livre-arbítrio e tem em Carrara um de seus maiores expoentes.
(correta)
VUNESP - 2021 - Prefeitura de Jundiaí - SP - Procurador do Município - Quanto aos
princípios constitucionais que regem o Direito Penal, é correto afirmar que a Constituição da República
de 1988 consagrou expressamente que: e) é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal. (correta – CF/88, art. 5º, XII)
Jurisprudência ☐
Interpretação da Lei Penal. Relação com outros ramos. Direito
DIAS Estudado ☐
Penal e política criminal. Código Penal. Parte Geral. Aplicação da
03, 04 e 05 Revisado ☐
Lei Penal. Do Crime. Da Imputabilidade Penal.
Questões ☐
Vinculante alcança fatos anteriores à sua edição (STJ, REsp 1.318.662/PR). Estude a possibilidade ou
não de aplicação da lei penal benéfica no seu período de vacatio legis (tem divergência – exemplo recente
é o do art. 22, da Lei 7.492/86. Embora se trate de crime federal, recomendo uma leitura dessa espécie
de evasão de divisas). Não confunda os efeitos da abolitio criminis (não afasta os efeitos extrapenais)
com os do perdão judicial (Súmula 18 do STJ: “sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”). Saiba diferenciar
continuidade normativo-típica de abolitio criminis. Leia o informativo 660 do STJ que trata da
continuidade típico normativa da falsidade ideológica que era prevista no art. 125, XIII do revogado
Estatuto do Estrangeiro. Estude também a abolitio criminis temporária no Estatuto do Desarmamento
(súmula 513 do STJ) e sobre combinação de leis (lex tertia – súmula 501 do STJ).
4.1.1. Estude as leis intermitentes (excepcional e temporária) e as leis intermediárias ou
intermédias (não confunda os termos). Leia sobre retroatividade da jurisprudência e do complemento
da norma penal em branco (atenção nas divergências, assunto com incidência elevada de cobrança).
4.1.2. Estude tempo do crime (teoria da atividade) correlacionando com a imputabilidade
biológica (geralmente costuma ser cobrado caso do menor que cometeu o crime no dia do aniversário);
leia sobre lugar do crime (teoria da ubiquidade), correlacionando com os crimes à distância ou de espaço
máximo, em trânsito e plurilocal (este último será estudado no tema competência em processo penal).
Dica: Atenção para às exceções à aplicação da teoria da ubiquidade: crimes plurilocais, infrações
de menor potencial ofensivo, crimes conexos, atos infracionais, crimes falimentares e crimes militares
(mnemônico: PICA FALIDA CM).
4.2. Lei penal no espaço: estude territorialidade, extraterritorialidade e intraterritorialidade, lendo
com calma os arts. inaugurais do Código Penal nesta parte. Estude passagem inocente de embarcações
(doutrina majoritária entende que se aplica também às aeronaves). Na extraterritorialidade, dê atenção
aos princípios que regem o tema (princípios da nacionalidade ativa, passiva, da defesa, justiça universal,
da bandeira etc.) e cuidado com o princípio da bandeira, pois sua cobrança é reiterada; memorize as
hipóteses de extraterritorialidade incondicionada. Sobre o tema, leia o informativo 959 do STF: “O
agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado criminalmente, pelos mesmos
fatos, em um Estado estrangeiro” e o informativo 656 do STJ: “A pendência de julgamento de litígio no
exterior não impede, por si só, o processamento da ação penal no Brasil, não configurando bis in idem.”
O tema intraterritorialidade está relacionado também com as imunidades diplomáticas, portanto
recomendo estudar oportunamente imunidade de jurisdição cognitiva e de execução penal.
4.2.1. Sobre extraterritorialidade incondicionada quero que se atente para uma pegadinha antiga
de prova: a alínea a do inciso I do art. 7º trata dos crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da
República, portanto, repare, não há o bem jurídico “patrimônio”. Sendo assim, o crime de latrocínio
não será hipótese de extraterritorialidade incondicionada (tema recorrente em provas) e, também, fique
atento, os crimes da Lei nº 9.455/97 (Tortura), são hipóteses de extraterritorialidade incondicionada por
força do art. 2º.
4.2.3. Dica: quero que você dê atenção ao artigo 9º do CP, que trata da eficácia da sentença
estrangeira e sua homologação, por conta do caso "Robinho”, uma vez que há discussão se é possível a
transferência de execução da pena (TEP) com base no art. 100 da Lei nº 13.447/2017 (Lei de Migração).
O Código Penal não prevê a homologação de pena privativa de liberdade e a TEP possui interpretações
distintas na doutrina (Valério Mazzuoli diz que não é possível a TEP para brasileiros natos, já Vladimir
Aras diz que é possível).
4.3. Conflito aparente de normas (antinomia) é um tema relativamente fácil, que você precisa
aprender, pois além de ser muito cobrado em provas, será extremamente utilizado em sua atividade como
delegado de polícia. Estude com calma os elementos que caracterizam a existência do conflito e as
soluções pelo princípio da especialidade, da subsidiariedade e da consunção. Maior atenção no princípio
da consunção, pois ele se desdobra em crime progressivo, progressão criminosa, antefato impunível (ler
a súmula 17 do STJ) e pós-fato impunível, e são justamente esses desdobramentos que são mais
explorados, portanto, atente-se para a diferenciação de cada um. Alguns autores trazem o princípio da
alternatividade como solução para o conflito aparente de normas nos tipos mistos alternativos (ex. art.
33 da Lei de Drogas). Leia sobre o tema, inclusive a crítica no sentido de que, na realidade, não há
conflito de normas, mas um aparente conflito interno, na própria norma.
Curiosidade!
Na minha prova oral de Procurador do Estado de São Paulo, a primeira pergunta lançada pela
examinadora de Direito Penal foi justamente sobre esse assunto. Lembro-me como se fosse hoje. Após
eu tomar assento, ela me disse: “Boa tarde, Dr. O senhor pode discorrer sobre o tema conflito aparente
de normas e apresentar exemplos?” Fiquei feliz quando recebi a pergunta e também com meu
desempenho, pois eu havia estudado algumas vezes o tema e sabia da sua importância. Minha nota foi
9,5 em penal.
5. Do crime: O conceito analítico de crime deve ser muito bem compreendido (fato típico, ilícito
e culpável – sistemas bipartido, tripartido e quatripartido). Não se limite a estudar somente esse conceito
analítico ou estratificado, pois é indispensável que você entenda o conceito material, legal e
criminológico do delito. No entanto, o conceito analítico é, sem dúvida, o mais importante. Você precisa
entender como os substratos do crime (fato típico, ilícito e culpável) evoluíram ao longo do tempo (e
ainda estão em evolução). Portanto, é preciso que você examine como era o fato típico nos sistemas
clássico, neoclássico, finalista e funcionalista; como era a ilicitude nos sistemas clássico, neoclássico,
finalista e funcionalista; como era a culpabilidade nos sistemas clássico, neoclássico, finalista e
funcionalista. No funcionalismo, o estudo de Roxin e Jakobs costuma ser suficiente. Por fim, tenha uma
noção da teoria social e teoria da ação significativa.
5.1. Não deixe de estudar também as classificações das infrações penais, diferenciando crime de
contravenção penal, infração de alto, médio e menor potencial ofensivo; estude quanto ao sujeito ativo
(crimes próprios, funcionais, bipróprios, bicomuns etc.), quanto sujeito passivo (ex. dupla subjetividade
passiva). Outras classificações importantes são as de crimes instantâneos, instantâneos de efeitos
permanentes, permanentes, continuados, habituais, comissivos, omissivos (entenda a diferença entre
omissão própria e imprópria), de atividade, unissubjetivos ou monossubjetivo, plurissubjetivos
(condutas paralelas, convergentes e contrapostas), complexos, vagos, remetidos, de atentado etc.
Dica: a prova de Delegado de Polícia do Rio de Janeiro em 2021 tratou do crime de circulação,
que é aquele praticado por intermédio de automóvel, o candidato deveria conhecer essa nomenclatura
para responder à questão.
5.2. A respeito de crime doloso o aluno deverá estudar as teorias do dolo (vontade e
consentimento) e as classificações – dolo direto (1º, 2º e 3º graus) e indireto - alternativo (objetivo e
subjetivo) e eventual (sobre dolo eventual ler o informativo 665 do STJ – compatibilidade com meio
cruel). Saber a diferença entre dolo de consequências necessárias (dolo de 2º grau) e dolo de dupla
consequência (dolo de 3º grau e a crítica doutrinária). Leia sobre dolo global ou unitário no crime
continuado e se é possível tentativa no dolo eventual (há divergência, mas prevalece que sim, inclusive
foi dado como correta a possiblidade de tentativa no dolo eventual na prova de Delegado Federal no ano
de 2021).
5.3. Saber o conceito de crime culposo e seus requisitos (conduta humana voluntária,
inobservância de um dever objetivo de cuidado, resultado involuntário previsível, tipicidade e nexo entre
a conduta e o resultado). Saber do critério do homem médio pra aferir a previsibilidade objetiva. Estudar
e saber as diferenças entre as espécies de culpas próprias (consciente e inconsciente) comparando a culpa
consciente com dolo eventual (tema da moda por causa do caso da Boate Kiss). Leia sobre culpa
imprópria ou por equiparação pelo qual a estrutura do crime é dolosa, mas o agente é punido a título de
culpa. Leia sobre culpa in re ipsa e se é adotada no Direito Penal brasileiro. Observação: Os requisitos
do crime culposo foram objeto de questionamento na prova dissertativa de Delegado Federal do ano de
2021.
5.4. Crime preterdoloso ou preterintencional é uma espécie de delito agravado pelo resultado
(estudar as outras espécies de crimes agravados pelo resultado). Entenda que só haverá crime
preterdoloso quando há um crime doloso agravado/qualificado pela culpa (dolo no antecedente e culpa
no consequente) e que nem todo crime agravado pelo resultado é preterdoloso. Trata-se de um tipo
incongruente por excesso objetivo.
Dica! Cuidado com o crime de latrocínio (roubo qualificado pelo resultado morte), pois nem
sempre será preterdoloso, sendo possível que o resultado agravador seja praticado a título de dolo (dolo
no antecedente e dolo no consequente).
5.5. Estude todas as fases do iter criminis – cogitação (idealização, deliberação e resolução),
preparação (em regra não punida), execução e consumação. Lembre-se que, em regra, os atos praticados
na fase da “preparação” são impuníveis, mas, excepcionalmente, o legislador considera atos
preparatórios como crimes autônomos (são os chamados crimes obstáculos), a exemplo da associação
criminosa, art. 288 do CP. Nesse tema é fundamental você estudar as teorias que explicam o momento
em que o agente ingressa nos atos de execução (teoria subjetiva e objetiva).
5.5.1. Na teoria objetiva entenda as divisões: hostilidade ao bem jurídico, teoria objetivo-formal
(recentemente adotada pelo STJ no informativo nº 711 – importante), teoria objetivo-material (terceiro
observador) e teoria objetiva-individual (plano concreto do autor - parcela da doutrina, a qual me filio,
defende que deveria ser essa a teoria adotada).
5.6. Sobre o momento consumativo, saiba a diferença entre consumação formal e material; estude
ainda o exaurimento (crime exaurido), entendendo seus reflexos (circunstância judicial desfavorável,
causa de aumento de pena, qualificadora ou crime autônomo, como por exemplo, art. 148, V do CP).
5.7. Estude o instituto da tentativa com bastante atenção, pois o tema é de elevada cobrança, dada
sua relevância prática. Você precisa conhecer o conceito, as expressões sinônimas (ex. conatus, tipo
penal manco etc.) e suas modalidades (perfeita, imperfeita, cruenta e incruenta); memorizar os requisitos
(início da execução, não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente, dolo de
consumação e resultado possível) e saber as teorias ou sistemas de punição da tentativa: objetiva e
subjetiva (prevalece que ambas são adotadas). Leia sobre as demais teorias: subjetivo-objetiva ou teoria
da impressão e a teoria sintomática.
5.7.1. Quero que você fique muito atento as hipóteses em que não se admite a tentativa (tema muito
cobrado, inclusive já foi objeto de cobrança na prova oral de Delegado de São Paulo), memorize o
mnemônico CCHOUP: contravenções penais (a tentativa é possível no mundo fenomênico, mas não é
punida na LCP), crimes culposos, crimes habituais, crimes omissivos próprios, crimes unissubsistentes
e crimes preterdolosos. Conheça a fundamentação significativa da tentativa do delito (Vivés Antón) –
tema moderno. Por fim, leia sobre tentativa supersticiosa ou irreal.
5.10.1. Nexo causal é um tema de suma importância. Estude as teorias que tratam da causalidade
simples (equivalência dos antecedentes causais, eliminação hipotética de Thyrén) e da causalidade
adequada (concausa superveniente relativamente independente). É preciso compreender as concausas e
suas espécies. Dica: Leia sobre cursos causais extraordinários ou hipotéticos (tema cobrado na prova
oral do MPMG em 2022).
5.10.2. Teoria da imputação objetiva é um tema que vem sendo cada vez mais explorado pelas
bancas. Estude o nexo normativo pelas vertentes de Gunther Jakobs (teoria dos papéis) e Claus Roxin
(princípio do risco). Não deixe de estudar autolocação e heterocolcação em perigo. Relacionado ao tema
entenda o conceito de direito penal quântico.
5.10.3. Sobre tipicidade entenda a diferença entre tipicidade formal e material, correlacionando
com o princípio da insignificância, adequação social e consentimento do ofendido (causas supralegais
de exclusão da tipicidade). Na teoria do tipo é necessário um aprofundamento da evolução doutrinária
de suas fases, citamos as principais: direito romano (corpus delicti ou tabestand), fase da independência
do tipo, fase do caráter indiciário da ilicitude (adotado no Brasil – ratio cognoscendi), fase da tipicidade
como essência (ratio essendi), fase dos elementos negativos do tipo e tipicidade conglobante de
Zaffaroni (este último muito cobrado. Saiba o conceito e a consequência da sua aplicação). Por fim, não
deixe de estudar atos reflexos (ausência de elemento volitivo) e ações de curto-circuito (há elemento
volitivo).
5.11. Ilicitude é um tema muito relevante para a atividade policial, uma vez que o Delegado de
Polícia diuturnamente irá analisar se o fato típico que lhe é apresentado foi praticado sob o manto de
excludentes de ilicitude. Relembre tipicidade conglobante e sua influência no estrito cumprimento do
dever legal e no exercício regular do direito, bem como a teoria ratio cognoscendi. Saiba a diferença
entre ilicitude formal (mera violação da lei penal) e material (contrariedade do fato com o sentimento
social de justiça). Estude com bastante atenção as espécies de excludentes de ilicitude no Código Penal
(rol exemplificativo) e o consentimento do ofendido (causa supralegal de exclusão da ilicitude). Dê
atenção a todos os requisitos para que seja possível a exclusão da ilicitude, lembrando-se dos previstos
em lei (requisitos objetivos) e daquele que decorre do sistema finalista (requisito subjetivo), pois o agente
deve saber que está agindo amparado por uma causa justificante.
5.11.1. Estado de necessidade: ler o clássico exemplo do ataque de animal (se não foi utilizado
como instrumento – estado de necessidade); o estado de necessidade agressivo e defensivo (qual gera
responsabilidade no campo civil) e as teorias diferenciadora e unitária. Estudar o chamado commodus
discessus (saída mais cômoda) e sua possibilidade ou não no estado de necessidade e na legítima defesa.
5.11.2. Legítima defesa: além dos requisitos objetivos e subjetivo, é preciso entender todas as
modalidades de legítima defesa: antecipada, postergada, sucessiva, recíproca, putativa, simultânea.
Estudar os excessos: intensivo, extensivo, exculpante e acidental. Neste tema, costuma-se perguntar se
é possível uma hipótese de legítima defesa em face de outra. Exemplo: cabe legítima defesa real em face
de legítima defesa putativa? É preciso dominar bem os conceitos para não cair em pegadinha de prova.
Neste tema não deixe de lado a inovação trazida pelo Pacote Anticrime, que é o parágrafo único inserido
no art. 25 do CP, que trata da legítima defesa do agente de segurança pública que repele agressão ou
risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.
5.11.3. Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito: estudar seus
requisitos correlacionando com o art. 301 do CPP. Note que são chamadas descriminantes penais em
branco (descriminante que é complementada por outra norma que anuncia o direito do cidadão ou o
dever de agir para o agente público).
Atenção! Particular pode alegar estrito cumprimento do dever legal? (estudar as correntes).
Estudar os ofendículos: saiba o conceito e memorize que: quando acionado (legítima defesa do
patrimônio), quando não acionado (exercício regular de direito – propriedade, intimidade). Ler sobre
disponibilidade da integridade física e consentimento do ofendido.
5.11.3.1. Não deixe de estudar o estrito cumprimento do dever legal putativo, quando por erro
justificável, existe a suposição de situação de dever legal. Por exemplo, o policial munido de mandado
de prisão, ao concretizar a diligência descobre que, na realidade, o alvo era o irmão gêmeo do detido.
Neste sentido o STJ tratou do tema fazendo menção à exceção da boa-fé (HC 633.441, julgado em
07/02/2022). Veja um trecho do voto vista do Ministro Rogério Schietti Cruz: “...A polícia agiu por erro
escusável. Os agentes invadiram o endereço respaldados por autorização judicial. Pode-se dizer que até
mesmo o suspeito e os seus defensores iniciais na ação penal não consideravam a possibilidade de má-
conduta estatal, pois somente um ano depois delinearam a tese ilicitude da prova. O imóvel descrito no
mandado não era somente verde, uma parte dele estava pintada de branco, e tinha portas que, à vista da
largura da estrutura e de suas características, não sugeria a existência de várias casas independentes no
local. Não se verifica devassa arbitrária da polícia, tanto que os agentes fizeram diligências anteriores
para visualizar o suspeito na construção e não adentraram a habitação que ficava em frente, onde eram
guardadas as armas de fogo, tudo a denotar a confiança justificada, aferida consoante um padrão de
razoabilidade objetiva, de que atuaram sem o propósito de violar normas legais ou garantias individuais".
5.12. Culpabilidade é um tema de grande importância. Lembre-se que a culpabilidade foi
esvaziada em seus elementos psicológicos com a chegada do finalismo, sendo composta por elementos
puramente normativos (teoria normativa pura: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e
exigibilidade de conduta diversa – nessa ordem).
5.12.1 Da imputabilidade penal: Estude a quem pode ser imputada a infração penal (lembrar que
emancipado não pode – capacidade plena do Direito Civil não é igual imputabilidade) e as causas que
excluem a imputabilidade. É preciso ficar atento com os critérios adotados: menor de idade - critério
biológico; doença mental ou desenvolvimento mental incompleto - critério biopsicológico.
5.12.2. Leia o informativo 659 do STJ sobre laudo antropológico para o silvícola e o informativo
662 do STJ que trata de interpretação não literal do art. 97 do Código Penal (medida de segurança –
juízo de periculosidade). Neste tópico, estude sobre os sistemas no caso de semi-imputabilidade –
sistema unitário / vicariante e sistema duplo binário / duplo trilho. Faça um estudo detalhado dos casos
de embriaguez acidental (caso fortuito ou força maior) e não acidental (preordenada, voluntária e
culposa). Entenda a teoria da actio libera in causa (ação livre na causa) e saiba a crítica de parcela
minoritária da doutrina (reponsabilidade penal objetiva). Faça uma correlação com o art. 45 da Lei de
Drogas.
5.12.3. Não se esqueça: a emoção (aguda e de curta duração) e a paixão (crônica e de existência
mais estável / duradoura) não excluem a imputabilidade penal (CP, art. 28). Correlacione o tema com a
atenuante da alínea “c” do inciso III do art. 65 do CP: “cometido o crime sob coação a que podia resistir,
ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção,
provocada por ato injusto da vítima”. Recorde-se que este tema reaparece no homicídio privilegiado
(CP, art. 121, § 1º) e na lesão corporal (CP, art. 129, § 4º).
5.12.4. Potencial consciência da ilicitude: o estudo cinge-se à teoria do erro de proibição, tema
de alta incidência nas provas de Delegado de Polícia. Saiba diferenciar erro de tipo essencial (não sei o
que estou fazendo) com erro de proibição (sei o que estou fazendo, mas não sei se é ilícito),
compreendendo as consequências do erro escusável ou inescusável.
5.12.4.1. Dê atenção ao erro de tipo acidental (dados periféricos do crime), estudando suas espécies
(erro sobre a pessoa, erro de execução, erro sobre o objeto e resultado diverso do pretendido). Estude o
critério subjetivo no erro de proibição (valoração paralela na esfera do profano) e o critério objetivo do
homem médio no erro de tipo essencial. Leia sobre erro psiquicamente condicionado (Zaffaroni), erro
culturalmente condicionado, erro sobre o nexo causal e dolo geral ou erro sucessivo.
5.12.4.2. No erro de proibição (permissivo) estude a modalidade direta, indireta e mandamental.
Saber as teorias da culpabilidade (decorrentes da teoria normativa pura) e seu tratamento jurídico penal
(teoria limitada e extremada da culpabilidade). Dica: a teoria limitada da culpabilidade foi adotada pela
exposição de motivos do Código Penal.
5.12.4.3. Estude as descriminantes putativas: erro de fato (ou sobre os pressupostos fáticos) e
erro sobre a existência e limites de uma causa justificante (erro de proibição indireto). Neste tema leia
sobre teoria extremada sui generis (erro misto, híbrido ou eclético) ensinada pela doutrina moderna, com
a qual concordo. Atente-se para os conceitos de erro de tipo invertido, erro de proibição invertido e delito
putativo por obra do agente provocador. Por fim, leia sobre erro determinado por terceiro.
5.12.5. Exigibilidade de conduta diversa: leia um resumo sobre coação moral irresistível (vis
compulsiva) e obediência hierárquica (não confundir com coação física irresistível – vis absoluta que
exclui o fato típico).
5.12.5.1 Jamais se esqueça! Na coação moral irresistível o coator responde pelo crime de tortura
para prática de crime (autoria mediata) em concurso material com o crime que ele determinou. Se a
coação for resistível haverá concurso de pessoas, mas o coagido será condenado com pena atenuada (CP,
art. 65, III, c). Atenção para a correlação destes institutos com as agravantes e atenuantes genéricas do
Código Penal (não deixe de ler).
5.12.5.2. Leia sobre causas supralegais de inexigibilidade de conduta diversa (escusa de
consciência, desobediência civil, conflito de deveres, estado de necessidade exculpante etc.). Ler os
conceitos de coculpabilidade e vulnerabilidade de Zaffaroni, e a perspectiva crítica da doutrina –
coculpabilidade às avessas.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - O Direito Penal trabalha com a necessidade de
se apurar a responsabilidade subjetiva para punir o autor do crime. No que concerne à responsabilidade
objetiva, o Direito Penal: a) admite-a excepcionalmente, quando pune aquele que agiu em estado de
completa embriaguez culposa. (correta – actio libera in causa)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - “Existe_________ quando o agente prevê o
resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se _________ quando a vontade do
agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso, mas, prevendo que o
evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.” Assinale a alternativa que
correta e respectivamente completa as lacunas. d) culpa consciente ... dolo eventual (correta)
Jurisprudência ☐
subjetiva (ampla ou extensiva) e teoria objetiva (restritiva) que se divide em objetiva-formal (adotada
no Brasil) e material.
1.1. Dê especial atenção a teoria do domínio do fato, que tem aparecido em todo concurso.
Conheça sua origem (Hegler, Lobe, Welzel e Roxin). Observe que os contornos dados por Roxin são os
mais cobrados. Estude com calma o domínio da ação (autor mediato), domínio da vontade (autor
mediato) e domínio funcional do fato (coautoria). No domínio da vontade memorizar as hipóteses de
autoria mediata (erro, coação e aparato organizado de poder). Não deixe de estudar a autoria
organizacional (Roxin) e autoria de escritório/escrivaninha (Zaffaroni). Dica: a teoria do domínio do
fato não abrange os crimes funcionais, omissivos impróprios, de mão própria e culposos.
1.1.1. Leia também o informativo 681 do STJ: “A teoria do domínio do fato não permite,
isoladamente, que se faça uma acusação pela prática de qualquer crime, eis que a imputação deve ser
acompanhada da devida descrição, no plano fático, do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado
delituoso.”
1.2. Eu quero que você memorize os requisitos para caracterização do concurso de pessoas:
pluralidade de pessoas e condutas, liame objetivo, relevância causal da conduta, identidade de infração
penal e fato punível. Também estude as espécies de autoria: imediata, mediata, intelectual, por convicção
e leia sobre “executor de reserva”.
1.3. No tema participação é preciso estudar as teorias que tratam do tema: teoria da causação moral
(induzimento e instigação) e do favorecimento material (cumplicidade). Estude participação em cadeia,
participação sucessiva e cumplicidade por omissão. Dica: não existe participação em crime culposo
(coautoria sim). Leia também sobre participação inócua, inútil ou ineficaz. Por fim, estude as teorias do
partícipe – acessoriedade mínima, média, máxima e hiperacessoriedade.
1.4. Quanto ao requisito “identidade de infração penal para todos os agentes” é fundamental o
estudo das teorias monista, pluralista e dualista. Dica: a teoria dualista aparece no art. 37 da Lei
11.343/06 (STF HC 106.155/RJ). Leia sobre cooperação dolosamente distinta ou desvio subjetivo de
conduta e participação de menor importância (ou de somenos importância), principalmente no crime de
latrocínio.
1.5. No tema coautoria estude coautoria sucessiva e mediata, e os crimes multitudinários ou de
multidão delinquente. Não confundir coautoria sucessiva com autoria colateral (sinônimos: paralela,
imprópria, parelha) autoria incerta, acessória ou ignorada.
2. Das Penas: Estude os fundamentos da pena pelas teorias absolutistas, utilitaristas e ecléticas
ou mistas (esta última é a adotada), sem esquecer de analisar a teoria agnóstica da pena (Zaffaroni) e as
finalidades da pena (prevenção geral: positiva e negativa e prevenção especial: positiva e negativa).
2.1. Estude com calma as espécies de sanções: pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos
e de multa) e medida de segurança (detentiva e restritiva). Faça uma leitura atenta ao Código Penal, art.
33 e seguintes, correlacionando com temas da Lei de Execução Penal, sabendo diferenciar muito bem
os tipos de regime (reclusão e detenção) e as formas de progressão de regime que devem ser
memorizadas (LEP, art. 112), pois certamente haverá um caso para que o candidato diga se o reeducando
pode ou não progredir. Leia os informativos nº 662 do STJ, 938 e 982 do STF e súmulas sobre o tema
(enunciados 269, 429, 440 e 636 do STJ, enunciados nº 718 e 719 do STF e súmula vinculante 26).
2.1.1. Fique atento ao seguinte: O CP, no art. 33, § 4º dispõe: “O condenado por crime contra a
administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação
do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.”
Contudo, olhe o que o STJ decidiu no AgRg no HC nº 686.334/PE: “Não havendo na sentença
condenatória transitada em julgado determinação expressa de reparação do dano ou de devolução do
produto ilícito, não pode o juízo das execuções inserir referida condição para fins de progressão, sob
pena de se ter verdadeira revisão criminal contra o réu”.
2.2. Memorize os casos em que há ou não reincidência e atente-se para os entendimentos
jurisprudenciais (ex.: art. 28 da Lei de Drogas não gera reincidência, STJ, REsp 1.672.654/SP). Leia
sobre sistema de perpetuidade (STF, RE 593.818, tese de repercussão geral) e o caso do vigilante
(informativo nº 658 do STJ). Leia a progressão per saltum (súmula 491 do STJ e súmula vinculante 56
que trata do tema).
2.3. Sobre o exame criminológico leia o informativo 919 do STF: “O juiz da execução criminal
tem a faculdade de requisitar o exame criminológico e utilizá-lo como fundamento da decisão que julga
o pedido de progressão.”. O restante do tema (pena restritivas de direito) é preciso ler o Código Penal e
informativos, com especial atenção às alterações promovidas pelo Pacote Anticrime.
2.4. Atenção! O Ministério Público detém legitimidade exclusiva para propor cobrança de multa,
conforme se extrai do AgRg 1.869.371/PR da 5ª Turma do STJ, julgado em 24/11/2020 (leia a ementa,
em especial o item IV, para entender isso; a legitimidade deixa de ser subsidiária e passa a ser exclusiva).
2.5. Cuidado com o novo entendimento do STJ (REsp 1.785.383/SP - tema 931), sobre a
possibilidade de extinção de punibilidade pelo cumprimento de pena sem pagamento de multa. A tese
fixada pela Corte foi a seguinte: “Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de liberdade
e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária pelo condenado, que comprovar impossibilidade de
fazê-lo, não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade”.
2.6. Sobre aplicação da pena, estude com calma o sistema trifásico de aplicação da pena, também
conhecido como sistema Nelson Hungria (STJ, AgRg no REsp 1.021.796/RS). É preciso entender cada
fase e alguns pontos na jurisprudência a saber: informativo 825 do STF: “condenações anteriores
transitadas em julgado não podem ser utilizadas como conduta social desfavorável” e 647 do STJ: “na
primeira fase de aplicação da pena os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus
antecedentes criminais”. Não confunda personalidade do agente, antecedentes criminais e conduta social
(veja os comentários do Dizer o Direito nos informativos 647 e 702 do STJ que explicam muito bem as
diferenças).
Dica: leia o informativo nº 679 do STJ, observando que a tenra idade da vítima é fundamento
idôneo para majorar a pena-base (1ª fase de aplicação da pena) e o REsp 1.794.854/DF do STJ, do qual
se entendeu que condenações criminais transitadas em julgado, não consideradas para caracterizar a
reincidência, somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes
criminais, não se admitindo sua utilização para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente.
Sobre dosimetria da pena leia o informativo 713 do STJ: “Se o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa,
exclui circunstância judicial reconhecida na sentença, isso deve gerar a diminuição da pena.”
2.7. No tema concursos de crimes, estude as espécies (material, formal e continuado) e os sistemas
de aplicação (cúmulo material e exasperação). É fundamental você compreender o conceito e os
requisitos para caracterização de cada um.
2.7.1. No concurso formal (muito cobrado) entenda a modalidade própria (perfeita ou normal) e
a imprópria (imperfeita ou anormal – de desígnios autônomos). Leia sobre concurso material benéfico.
Dica: leia a jurisprudência em tese do STJ sobre esse assunto. O que realmente tem despencado
em prova são os entendimentos dos Tribunais Superiores a respeito do roubo praticado contra vítimas
diferentes em um único contexto (STJ diz tratar-se de concurso formal impróprio e o STF diz tratar-se
de crime único – memorize isso). Outro tema de suma importância é relacionado ao latrocínio, pois há
divergência entre os Tribunais Superiores. Para o STJ, se houver uma única subtração, mas duas ou mais
mortes, haverá concurso formal impróprio de latrocínio (HC 459.546/SP). No entanto, o STF e doutrina
majoritária entendem que haverá apenas um crime de latrocínio quando for atingido um único
patrimônio, independentemente do número de pessoas mortas. Leia também sobre apreensão de várias
armas de fogo no mesmo contexto fático, neste caso, entendeu o STJ que se as armas forem de calibres
diferentes haverá concurso formal e não delito único (AgRg no REsp 1.588.298/MG).
2.7.2. Quanto ao crime continuado, estude sobre as teorias que explicam sua natureza jurídica
(unidade real, ficção jurídica e mista), as espécies de crime continuado (simples, qualificado e
específico) e seus requisitos. Leia o informativo nº 899 do STF (não há continuidade entre roubo e
extorsão). Memorize o critério de exasperação da pena criado pelo STJ (2 crimes = 1/6, 3 crimes = 1/5,
4 crimes = 1/4, 5 crimes = 1/3, 6 crimes = 1/2 e para 7 ou mais crimes = 2/3), esse critério você encontra
nas jurisprudência em teses do STJ.
2.7.3. Não deixe de estudar as teorias do crime continuado (subjetiva, puramente objetiva e
objetivo-subjetiva). Dica: A exposição de motivos do Código Penal adotou a teoria objetiva (critérios
legais do art. 71, caput do CP), mas a doutrina moderna adota a teoria objetivo-subjetiva ou mista (STJ,
jurisprudência em tese, edição 17 e Rogério Greco), que além dos critérios legais (tempo, lugar, maneira
de execução) acrescenta o dolo global ou unitário (critério subjetivo).
2.7.4. Estude o crime continuado específico (crimes dolosos contra a vida), observando que a
súmula 605 do STF foi superada. Leia a ementa do AgRg no REsp 1.562.088/MG (não há continuidade
delitiva entre furto e roubo).
2.7.5. Por fim, fique atento às súmulas 723 do STF: “Não se admite a suspensão condicional do
processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto for superior a um ano” e súmula 243 do STJ: “O benefício da suspensão do processo
não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou
continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano”.
2.8. Sobre suspensão condicional da pena e livramento condicional, não tem segredo, seu
estudo deve ser da literalidade do Código Penal, buscando memorizar suas hipóteses de incidência e
suas peculiaridades.
2.8.1. Dicas da suspensão condicional da pena: memorize o sursis simples, etário (70 anos), e
humanitário (razões de saúde); no Brasil é adotado o sistema franco-belga (europeu continental); Lei
Maria da Penha não veda a concessão suspensão condicional da pena; na Lei de Drogas há vedação
expressa ao benefício; a concessão anterior por multa não impede o sursis (súmula 499 do STF) e nos
crimes ambientais a pena privativa de liberdade não pode ser superior a 3 anos (diferente do CP cujo
patamar é de 2 anos) e deve-se reparar o dano ambiental (Lei nº 9.605/98, art. 16).
2.8.2. Dicas do livramento condicional: memorize a súmula 441 do STJ (a falta grave não
interrompe o prazo da obtenção de livramento condicional); o recurso cabível no caso de conceder, negar
o revogar o livramento condicional é o RESE (CPP, art. 581, XII) e memorize as condições subjetivas
inseridas pelo Pacote Anticrime no livramento condicional (CP, art. 83, III e alíneas).
2.9. Sobre efeitos da condenação, é preciso conhecer os arts. 91 e 92 do Código Penal,
diferenciando efeitos extrapenais genéricos e específicos. O mais importante neste tema é saber quais os
casos em que há ou não efeito automático da condenação. Recomendo que você estude por uma tabela.
Dica: Decore o mnemônico: T-OC (na tortura e na lei de organizações criminosas o efeito da
condenação é automático quanto à perda do cargo, função ou mandato eletivo).
2.9.1. Ainda sobre os efeitos da condenação, estude a novidade trazida pelo Pacote Anticrime
(confisco alargado do art. 91-A do CP). Também não deixe de estudar o confisco de instrumento e de
produtos do crime, o confisco por equivalência, por fungibilidade ou por extensão e o confisco por
presunção ou alargado (conforme já mencionamos). Por fim, estude o informativo nº 599 do STJ: “A
pena de perdimento deve ser restrita ao cargo ocupado no momento do delito, salvo se o novo cargo
tiver relação com as atribuições anteriores”.
2.10. Reabilitação e ação penal: leia os dispositivos legais do Código Penal, é o suficiente.
3. Das Medidas de Segurança: Neste tema faça a leitura dos arts. 96 a 99, atentando-se para os
prazos, pois é o que costuma ser cobrado, tais quais os previstos nos parágrafos do art. 97. Aqui quero
que você se atente para o seguinte: no art. 97 do CP o legislador disse que se o agente receber uma pena
de reclusão ele será internado em hospital de custódia, caso ele receba uma pena de detenção receberá
tratamento ambulatorial. Entretanto, a Resolução no 113 do Conselho Nacional de Justiça dispõe que o
juiz competente para a execução da medida de segurança, sempre que possível buscará implementar
políticas antimanicomiais, conforme sistemática da Lei no 10.216, de 06 de abril de 2001. Dentro desse
espírito, o STJ entende que o juiz, à luz dos princípios da adequação, da razoabilidade e da
proporcionalidade, não deve considerar a natureza da pena privativa de liberdade cominada ao delito
para fixar a espécie de medida de segurança aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo
ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável (informativo 662).
Desse modo, mesmo em se tratando de delito punível com reclusão, é facultado ao magistrado a escolha
do tratamento mais adequado ao inimputável.
3.1. Dica: O STF no HC 107.432 entendeu que o limite máximo de medida de segurança será o
previsto no artigo 75 do CP (40 anos). Já o STJ entende que o limite da medida de segurança não poderá
ultrapassar o máximo da pena em abstrato do crime do qual o agente foi condenado, inclusive este
entendimento está plasmado no enunciado de Súmula 527 da Corte Cidadã.
4. Da Ação Penal: Ação penal será estudada na parte de Processo Penal, portanto, apenas leia os
artigos, tarjando os pontos mais importantes para revisão.
5. Da Extinção da Punibilidade: Sobre as causas extintivas da punibilidade leia o tema no
Código Penal e memorize as hipóteses. Saiba as diferenças entre anistia, graça e indulto (faça uma tabela
comparativa – leia a súmula 631 do STJ sobre indulto). Conforme já mencionei não confunda abolitio
criminis (remanescem os efeitos extrapenais) com perdão judicial (súmula 18 do STJ).
Dica: Estude a causa supralegal de extinção da punibilidade (interpretação a contrario senso da
súmula 554 do STF).
5.1. Sobre prescrição comece o estudo pela natureza jurídica (causa de extinção da punibilidade).
Saiba diferenciar prescrição da pretensão punitiva (PPP) e prescrição da pretensão executória (PPE),
memorizando os prazos do art. 109 do Código Penal. Atente-se para os termos iniciais da PPP (art. 111
do CP) e da PPE (art. 112 do CP).
5.1.1. É preciso estudar, ainda, a divergência dos Tribunais Superiores quanto ao termo inicial da
PPE previsto no art. 112, inciso I (trânsito em julgado para acusação). O STF realiza uma intepretação
teleológica e diz que o prazo se inicia quando transita em julgado para acusação e defesa (informativo
890); já o STJ adota uma interpretação literal (o prazo da PPE se inicia com o trânsito em julgado da
acusação conforme descrito no inciso).
5.1.2. Quero que memorize o art. 115 do CP (redução dos prazos prescricionais pela metade) e as
causas suspensivas ou impeditivas (art. 116 do CP) e as interruptivas (art. 117 do CP) da prescrição,
dando maior atenção às introduzidas pelo Pacote Anticrime. Leia o informativo 672 do STJ: “Acórdão
que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição”, este também é o entendimento do plenário do
STF no HC 176.473/RR, julgado em 27/04/2020.
5.1.3. Por fim, acho muito importante que você estude o informativo 1001 do STF: “no caso do
art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de prescrição da pena máxima em
abstrato cominada ao crime”. Também são importantes outros dois informativos 670 do STJ: “O
cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou em prisão domiciliar,
impede o curso da prescrição executória” e o 672 que se refere ao ECA: “se a internação for aplicada
sem termo, o cálculo do prazo prescricional deverá levar em consideração a duração máxima da
internação (3 anos)”
5.1.4. Não deixe de estudar prescrição intercorrente, retroativa e antecipada (virtual ou pela pena
hipotética – ler súmula 438 do STJ). Estude os entendimentos sumulados sobre o tema, em especial os
enunciados 146, 497, 592 do STF e 74, 191, 220, 338 415, 438, 710 do STJ.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - No que concerne ao art. 107 do CP, que enumera
as causas extintivas da punibilidade, trata-se de rol: a) exemplificativo, já que são admitidas pela
legislação causas ali não contidas, como, por exemplo, o cumprimento da suspensão condicional do
processo. (correta)
VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz Substituto - Sobre o instituto do livramento condicional, é correto
afirmar que: b) para sua concessão, é de rigor que o condenado não tenha cometido falta grave nos
últimos 12 meses. (correta)
Jurisprudência ☐
DIAS Parte Especial. Título I: Dos Crimes contra a Pessoa. Título II:
Estudado ☐
09, 10 e 11 Dos Crimes contra o Patrimônio. Título III: Dos Crimes contra a
Revisado ☐
Atenção! O plenário do STF, no informativo 1036, entendeu que o crime de injúria racial, espécie
do gênero racismo, é imprescritível (o STJ entendeu assim também no AgRg no REsp 1.849.696/SP).
Não deixe de estudar as diferenças entre o crime de racismo e injúria racial. Dica: o crime de racismo é
de ação penal pública condicionada à representação (CP, art. 145, parágrafo único).
1.1.7. No capítulo VI – crimes contra a liberdade individual, além da leitura tarjada da lei, dê
especial atenção ao crime de stalking (art. 147-A) e o de violência psicológica (art. 147-B), inovações
legislativas que já estão sendo cobradas.
Dica: Recentemente a 6ª turma do STJ no AgRg nos EDcl no REsp 1.863.977/SC, julgado em
14/012/2021, entendeu que a revogação da contravenção de perturbação da tranquilidade (LCP, art. 65)
pela Lei nº 14.132/2021, não implica em abolitio criminis em todos os casos, pois houve continuidade
normativo típica nas condutas que subsumirem à figura típica do crime de stalking (CP, art. 147-A). Para
as condutas que não encontrarem enquadramento no dispositivo do Código Penal houve real abolitio
criminis.
1.1.8. Não deixe de estudar o crime de sequestro e cárcere privado (art. 148), redução a condição
análoga à de escravo (art. 149) e tráfico de pessoas (art. 149-A). Dica: correlacione estes artigos com o
art. 13-A e 13-B do CPP (muito importante).
1.1.9. Ainda neste capítulo estude com atenção o art. 154-A (invasão de dispositivo informático),
tema de grande relevância, muito presente na atividade policial. Atente-se para a inovação trazida pela
Lei nº 14.155, de 2021, que alterou a redação do caput. Não se esqueça de que este crime se procede
mediante representação, salvo se cometido contra a administração pública direta ou indireta ou contra
empresas concessionárias de serviços públicos (art. 154-B do CP).
2. Título II: Dos Crimes contra o Patrimônio: Sem dúvidas é um dos temas mais relevantes. A
leitura de um bom material, com o devido aprofundamento nos temas que indicarei é de fundamental
importância.
Dica: Leia a jurisprudência em teses do STJ sobre o tema.
2.1. O crime de furto deve ser estudado com profundidade, juntamente com os informativos sobre
o tema e súmulas dos Tribunais Superiores. Evidentemente dê atenção às inovações legislativas e
atenção ao art. 155, § 4º-A, inserido pela Lei nº 13.654, de 2018 (é crime hediondo o emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum). Cuidado! Não é crime hediondo o art. 155,
§ 7º (subtração de substância explosiva).
Atenção às inovações trazidas pela Lei nº 14.155, de 2021, art. 155, § 4º-B (furto com fraude
eletrônica) e suas majorantes no § 4º-C (servidor fora do território nacional e contra idoso ou vulnerável).
Dê especial atenção ao furto mediante fraude x estelionato de medidor de energia, neste tema leia o
informativo 648 do STJ: “Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o
devido: estelionato (não é furto)”.
Dica: É possível o furto híbrido se a qualificadora for de ordem objetiva, súmula 511 do STJ. Leia
o informativo 645 do STJ: “O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica antes do
oferecimento da denúncia não é causa de extinção da punibilidade”.
2.1.1. Saiba a teoria adotada para consumação do crime de furto e roubo – amotio/apprehensio
(neste sentido, o enunciado de súmula 582 do STJ e o STF no HC 100.189/SP). Não deixe de estudar as
outras teorias também – contrectatio (tocar), ablatio (transportar) e ilatio (lugar seguro). Leia também
sobre furto de uso, furto famélico e furto quando há vigilância por câmeras, a súmula 567 do STJ e o
informativo 897 do STF: “A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não
constitui óbice para a tipificação do crime de furto”.
2.1.2. Não confunda furto famélico, típica hipótese de estado de necessidade, com o estado de
precisão, situação enfrentada por boa parte da sociedade brasileira, correspondente a dificuldades
financeiras, o qual não autoriza invasão no patrimônio alheio.
2.2. No crime de roubo além da leitura já recomendada dê atenção às inovações trazidas pela Lei
nº 13.654, de 2018 e pelo Pacote Anticrime, observando qual é ou não crime hediondo.
Dica: A violência exercida com emprego de arma branca não foi rotulada como crime hediondo.
2.2.1. Leia sobre “latrocínio”, consumação e tentativa (súmula 610 do STF). Repare que, sempre
que houver morte, o crime estará consumado. Conforme já adiantamos no tema concurso de crimes, leia
o assunto latrocínio e pluralidade de mortes (há duas correntes – STJ: concurso formal – HC 185.101/SP;
STF e doutrina: crime único de latrocínio – HC 96.736). Leia o informativo nº 658 do STJ: “A dívida
de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configuração da tipicidade dos
delitos patrimoniais.” Estude a diferença entre roubo próprio (violência própria e imprópria) e roubo
impróprio (veja a divergência e correntes sobre a tentativa de roubo impróprio – STJ não admite).
Dica sobre latrocínio: Ao latrocínio e ao roubo qualificado pelas lesões corporais de natureza
grave não se aplicam as causas de aumento de pena prevista no § 2º do art. 157 do Código Penal, em
virtude de sua localização topográfica (Rogério Greco e STJ no HC 554.155/SP).
2.3. Estude extorsão e extorsão mediante sequestro com bastante atenção, atentando-se para as
mudanças promovidas pelo Pacote Anticrime e quais são ou não crimes hediondos. Saiba diferenciar
roubo com restrição da liberdade da vítima, extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima e
extorsão mediante sequestro (uma tabela pode ajudar).
Dica: Com o advento do pacote anticrime a extorsão que resulta lesão corporal grave ou morte
deixou de ser de ser crime hediondo (CP, art. 158, § 2º). Agora, somente a extorsão com restrição da
liberdade que resulta lesão corporal ou morte é considerado crime hediondo (CP, art. 158, § 3º).
2.4. Ainda sobre os crimes contra o patrimônio dê atenção aos crimes de apropriação indébita,
estelionato e receptação. O estelionato, além de ser um dos mais cobrados, foi recentemente alterado.
Não tenha dúvidas de que o estelionato qualificado pela fraude eletrônica, § 2º-A e sua majorante no §
2º-B vai aparecer no concurso. Memorize as alterações promovidas pelo Pacote Anticrime, natureza da
ação penal (condicionada à representação e incondicionada nas hipóteses do § 5º do art. 171). Estude a
divergência quanto à retroatividade do § 5º do art. 171 (mudança da ação penal) nas ações penais em
andamento. Anote! Sobre o tema, a 3ª Seção do STJ, no informativo 674 e a 2ª Turma do STF, no
informativo 995, entenderam que o § 5º do art. 171 não tem aplicação nas ações em andamento. No
entanto, recentemente (22/06/2021), a 1ª Turma do STF divergiu no informativo 1023, entendendo que
a exigência de representação no estelionato alcança processos com denúncia já oferecida (tema bom de
segunda fase).
2.5. Estude as escusas absolutórias (arts. 181 a 183 do CP). Costuma-se cobrar a literalidade dessas
disposições. Observe que o Delegado de Polícia não deve sequer instaurar inquérito policial diante de
imunidade penal absoluta, pois não há interesse que justifique o início da persecução penal em relação
a um fato que o Estado não pode punir. Dica: A escusa absolutória do art. 181, II do CP abrange a
paternidade e filiação socioafetiva (Enunciado 26 do CJF/STJ) e atenção para o informativo 531 do STJ:
“ No caso de ato infracional equiparado a crime contra o patrimônio, é possível que o adolescente seja
beneficiado pela escusa absolutória prevista no art. 181, II, do CP”. ATENÇÃO! Prevalece ser possível
a incidência da escusa absolutória mesmo nos crimes patrimoniais cometidos contra a mulher no
ambiente doméstico e familiar (STJ, RHC 42918/RS). No caso de ato infracional equiparado a crime
contra o patrimônio, é possível que o adolescente seja beneficiado pela escusa absolutória prevista no
art. 181, II, do CP (STJ. HC 251681/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 03/10/13 – Info.
531).
2.5.1. Não confunda causas extintivas da punibilidade com causas de exclusão da punibilidade.
Enquanto nas causas extintivas da punibilidade, o direito de punir nasce, mas desaparece em razão de
fato/evento superveniente, por exemplo, no crime perseguido mediante ação penal de iniciativa exclusiva
da vítima, não sendo proposta a ação penal (queixa-crime) no prazo legal, ocorre a decadência
extinguindo-se o direito de punir do Estado; nas causa de exclusão, o direito de punir sequer nasce,
levando em conta, em regra, determinadas condições pessoais do agente. Pode-se citar como exemplo o
furto praticado pela mulher em face do marido. Nesse caso, o Estado, por razões de política criminal,
anuncia, desde logo, que não tem interesse em punir o fato (art. 181, I do CP). Portanto, atente-se, as
escusas absolutórias são causas de exclusão da punibilidade.
3. Título III: Dos Crimes contra a Propriedade Imaterial: Nos crimes contra a propriedade
imaterial estudar a lei nos pontos mais importantes. Atenção especial ao art. 184 do CP (ler a súmula
502 do STJ).
3.1. Fique atento as disposições previstas no art. 186 quanto ao tipo de ação penal do art. 184:
queixa-crime para o caput do art. 184, ação penal pública incondicionada para os §§ 1º e 2º do art. 184
e se a vítima for entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista
ou fundação instituída pelo Poder Público, e ação penal pública condicionada à representação, nos crimes
previstos no § 3º do art. 184.
4. Título IV: Dos Crimes contra a Organização do Trabalho: faça a leitura ativa dos arts. 197
a 207, atentando-se para o fato de que a competência para o processo e julgamento destes crimes é da
Justiça Federal (art. 109, inciso VI, CF/88).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - O crime de apropriação indébita (CP, art. 168):
c) apenas tem como objeto material a coisa alheia móvel, sendo impossível falar-se em apropriação
indébita de imóvel. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - A respeito dos crimes contra a organização do
trabalho, é correto afirmar que: c) o crime de paralisação do trabalho de interesse coletivo configura-se
independentemente do emprego de violência contra pessoas ou coisas. (correta – CP, art. 201)
VUNESP - 2021 - TJ-GO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção - O crime
do art. 154-A do CP, “invasão de dispositivo informático”: a) é de ação pública condicionada à
representação, como regra. (correta – CP, art. 154-B)
VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz Substituto - Na hipótese de réu condenado por crime de
homicídio doloso, tendo sido reconhecidas duas qualificadoras, é correto afirmar que: a) uma qualificará
o delito e a outra poderá ser usada para elevar a pena como agravante, se prevista no rol legal (artigo 61,
CP). (correta)
criança ou adolescente ou de vulnerável (CP, art. 218-B) e divulgação de cena de estupro ou de cena de
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia (CP, art. 218-C).
2.3.1. Eu quero que você fique atento para o artigo 218-B, leia o informativo 690 do STJ: “A
configuração do crime do art. 218-B do CP não pressupõe a existência de terceira pessoa, bastando que
o agente, por meio de pagamento, convença a vítima, maior de 14 e menor de 18 anos, a praticar com
ele conjunção carnal ou outro ato libidinoso, de modo a satisfazer a sua própria lascívia”, e também se
atente ao § 3º que traz um efeito obrigatório da condenação que é a cassação da licença de localização
e de funcionamento do estabelecimento quando o proprietário, gerente ou responsável do local estiver
envolvido.
2.3.2. Atenção para o art. 218-C, § 1º, incluído pela Lei nº 13.718, de 2018, conhecido pela
doutrina como revenge porn. Não confunda com o sextortion que configura o crime de extorsão do art.
158 do CP.
2.4. Atente-se para o tipo de ação penal (incondicionada) para todos os crimes do capítulo I e II;
as causas de aumento de pena do art. 226, inclusive o inciso IV inserido pela Lei nº 13.718, de 2018, e
memorize as causas de aumento de pena no art. 234-A, com atenção para os incisos III e IV, inseridos
pela Lei nº 13.718, de 2018.
3. Título VII: Dos Crimes contra a Família: Estude este título fazendo tarjas nos termos que
achar importante para revisão da lei seca. Atenção especial ao crime do art. 235 (bigamia), art. 236
(induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento – único crime de ação penal privada
personalíssima) e art. 244 (abandono material).
4. Título VIII: Dos Crimes contra a Incolumidade Pública: Este é o tema da moda! Antes da
pandemia nem seria necessário um estudo aprofundado desses delitos, mas hoje merecem uma atenção
redobrada.
4.1. Leia atentamente e empregue o método de ocultar palavras-chave nos crimes do art. 257
(subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento), art. 267 (epidemia), art. 268 (infração
de medida sanitária preventiva - certamente este art. é um dos mais relevantes nesse tema), art. 269
(omissão de notificação de doença) e o art. 273 (falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais).
Dica: O STJ tem precedente reconhecendo a inconstitucionalidade do preceito secundário do
art. 273, § 1º, B, inciso V, por ofensa ao princípio da proporcionalidade. Nesse caso, a Corte adotou a
pena prevista para o tráfico de drogas, com possibilidade de incidência da causa de diminuição prevista
no § 4º do art. 33 (STJ, HC 239.363). Já o STF, analisando a pena do art. 273, § 1º, B, inciso I, fixou a
seguinte tese de repercussão geral: “É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do
CP, com redação dada pela Lei 9.677/1998- reclusão de 10 a 15 anos - à hipótese prevista no seu § 1º-
B, inciso I, que versa sobre importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária.
Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária –
reclusão de 1 a 3 anos e multa” (RE 979.962/RS, j. 24/03/21).
4.2. Sugiro que busquem uma tabela de crimes relacionados à pandemia, não sendo necessários
maiores aprofundamentos. Estude também os crimes do art. 283 (charlatanismo) e art. 284
(curandeirismo), caso relacionado ao pastor que estava vendendo curas milagrosas da Covid-19.
5. Título IX: Dos Crimes contra a Paz Pública: Entenda a diferença entre incitação ao crime
(art. 286) e apologia de crime ou criminoso (art. 287). Quero que dê especial atenção ao parágrafo único
do art. 286 inserido pela Lei nº 14.197, de 2021, que trouxe a seguinte redação: “Incorre na mesma pena
quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes
constitucionais, as instituições civis ou a sociedade”. Por fim, leia sobre a marcha da maconha e apologia
ao crime, sendo que o STF entendeu em 2011 que prevalece a liberdade de expressão e que o fato é
atípico.
5.1. Faça a leitura da lei seca tarjando os pontos mais importantes. Dê especial atenção ao crime
de associação criminosa (art. 288 do CP), crime de concurso necessário, que demanda estabilidade e
permanência, fazendo um comparativo com organização criminosa e associação para o tráfico de drogas
(crimes que costumam aparecer por meio de casos práticos). Atenção para a associação criminosa
qualificada do art. 8º da Lei 8.072/90, quando direcionada à prática de crimes hediondos, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Lembre-se que a associação
criminosa consta no rol de crimes admissíveis de prisão temporária e que a constituição de milícia
privada não recebeu o rótulo de crime hediondo.
6. Título X: Dos Crimes contra a Fé Pública: Quero que comece relembrando que não cabe
princípio da insignificância neste tema. Faça uma leitura da lei seca tarjando os pontos mais importantes.
Dê especial atenção para o art. 289 (moeda falsa – competência da Justiça Federal), art. 297 (falsificação
de documento público), art. 298 (falsificação de documento particular), art. 299 (falsidade ideológica),
art. 304 (uso de documento falso), art. 307 e 308 (falsa identidade), art. 311 (adulteração de sinal
identificador de veículo automotor) e art. 311-A (fraudes em certames de interesse público).
6.1. Saiba fazer a distinção clara de falsidade material e falsidade ideológica. Não se esqueça de
que a falsidade ideológica pressupõe documento verdadeiro quanto à forma, sendo falso apenas o seu
conteúdo. Atenção para os documentos públicos por equiparação (art. 297, § 3º do CP) e observe que
cartão de crédito ou de débito é equiparado a documento particular (art. 298, parágrafo único). Leia as
súmulas do STJ, enunciados 62: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação
na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada" e 104: “Compete à Justiça
Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a
estabelecimento particular de ensino”.
6.2. Atente-se para a competência para processar e julgar o uso de documento falso (atenção com
o núcleo do tipo “usar” e não “portar”), que é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi
apresentado o documento público (súmula 546 do STJ). Não confunda com a hipótese em que o agente
faz uso de documento verdadeiro, crime do art. 308 do CP. Agora se o agente apenas atribuir-se ou
atribuir a terceiro falsa identidade o crime será do art. 307 do CP, atenção para a súmula 522 do STJ: “A
conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de
alegada autodefesa”.
6.3. Sobre o art. 311 e 311-A a leitura e a revisão da lei seca tarjada é o suficiente. Atente-se para
os informativos 657 do STJ: “Adulterar placa de veículo reboque ou semirreboque não configura o crime
do art. 311 do CP” e 715 do STF: “a conduta de colocar uma fita adesiva ou isolante para alterar o
número ou as letras da placa do carro e, assim, evitar multas, pedágio, rodízio etc., configura o delito do
art. 311 do CP”.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - No que concerne aos crimes contra a dignidade
sexual, é correto afirmar que: d) é fato típico induzir menor de 14 (quatorze) anos a presenciar ato
libidinoso diverso da conjunção carnal, a fim de satisfazer lascívia própria. (correta – CP, art. 218-A)
VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz Substituto - A conduta daquele que beija, bem como passa a mão
no corpo e nas partes íntimas de uma criança de dez (10) anos de idade, não ocasionando lesões físicas
à vítima, configura crime de: d) estupro de vulnerável. (correta)
Jurisprudência ☐
Título XI: Dos Crimes contra a Administração Pública. Título
DIAS Estudado ☐
XII: Dos Crimes contra o Estado Democrático de Direito:
15 e 16 Revisado ☐
artigos 359-I a 359-T.
Questões ☐
1.1. Estude questões introdutórias, como a diferenciação entre crimes funcionais próprios,
impróprios e a consequência da desclassificação deste crime. Saiba o conceito de funcionário público,
interpretação autêntica ou legislativa do art. 327 para fins penais (leia os informativos 757, 816, 915 e
950 do STF). Dica: Diretor de sindicato não é equiparado a funcionário público, mas pode praticar
peculato (CLT, art. 552), porque o ato é que foi equiparado. É fundamental compreender a questão da
comunicabilidade do crime funcional para com os particulares (CP, art. 30). Leia sobre “delitos próprios
com estrutura inversa” e a jurisprudência em tese do STJ sobre os crimes contra a administração pública.
1.2. Estude peculato (CP, art. 312) com bastante atenção, entendendo suas espécies (apropriação,
desvio e furto). Leia sobre peculato malversação (bem particular como objeto material de peculato –
administração pública sendo atingida na sua face moral e não patrimonial).
Dica: Não confunda peculato desvio do art. 312 com emprego irregular de verbas ou rendas
públicas do art. 315 do CP (o dinheiro não é desviado para fora da administração pública). A respeito
do peculato desvio recomendo a leitura dos informativos do STJ, 664: “Pratica o crime de peculato-
desvio o Governador que determina que os valores descontados dos contracheques dos servidores para
pagamento de empréstimo consignado não sejam repassados ao banco, mas sim utilizados para quitação
de dívidas do Estado” e 666: “Configura o crime de peculato-desvio o fomento econômico de
candidatura à reeleição por Governador de Estado com o patrimônio de empresas estatais”.
1.3. Peculato culposo é um tema relevante, sendo o único crime culposo contra a administração
pública. Entenda a divergência doutrinária da expressão “crime de outrem” constante nesse tipo penal
(doutrina majoritária defende que crime de outrem seria um peculato doloso praticado por outro
funcionário público, sendo que este pode estar ou não em concurso com algum particular. Também é a
minha posição). Atenção! No peculato culposo a tentativa de crime doloso por outrem torna atípica a
conduta do funcionário relapso.
1.3.1. Especial atenção ao § 3º do art. 312, pois possui alta incidência em certames públicos.
Note que haverá a extinção da punibilidade no caso de reparação de dano ANTES da sentença
irrecorrível. Se a reparação ocorrer após a sentença, haverá a redução da metade da pena. Mas essas
regras só se aplicam ao peculato culposo (memorize esse parágrafo e leia sobre a crítica doutrinária pela
falta da expressão “salvo impossibilidade de fazê-lo”). Estude peculato de uso e sua discussão
doutrinária (bem fungível – não há crime – e infungível – há crime), lendo os informativos do STF, 712:
“O STF considerou atípica a conduta de ‘peculato de uso’ de um veículo para a realização de
deslocamentos por interesse particular” e 834: “Servidor público que se utiliza da mão-de-obra de outro
servidor público (normalmente seu subordinado) para, em determinados momentos, fazer com que este
preste serviços particulares a ele, não configura peculato nem qualquer outro crime. Atenção: se o
indivíduo que se utilizou do servidor público for Prefeito, ele cometerá o delito do art. 1º, II, do DL
201/67”. Estude também peculato mediante erro de outrem, chamado erroneamente de peculato
estelionato (CP, art. 313).
Dica: A doutrina entende que funcionário público (enfermeiro) que simula aplicar vacina contra a
Covid-19 para se apropriar do fármaco comete crime de peculato, pois se apropria de bem móvel
(vacina), da qual tinha posse em razão do cargo; se o funcionário exige vantagem indevida para aplicar
a vacina o crime é o de concussão (CP, art. 316).
1.4. Estude as diferenças dos peculatos eletrônicos (art. 313-A e B), para não errar o caso
apresentado na prova. Observe que no art. 313-A é o funcionário público autorizado que insere dados
falsos, facilita a inserção de dados falsos ou altera dados corretos (se não é autorizado comete o crime
de falsidade ideológica do art. 299, parágrafo único do CP) e há um elemento subjetivo do tipo (obter
vantagem ou causar dano), este crime é formal e não tem majorante; já no art. 313-B, há modificação ou
alteração do sistema de informações ou programa de informática por qualquer funcionário público.
Crime formal e não tem elemento especializante. Se houver dano haverá uma majorante (exaurimento
constitui causa de aumento de pena).
1.5. Atenção para o crime de concussão (CP, art. 316), crime de maior potencial ofensivo e dupla
subjetividade passiva. Observe a diferença com a corrupção passiva. Repare que o Pacote Anticrime
aumentou a pena máxima da concussão para 12 anos, igualando ao da corrupção passiva.
Dicas: Atenção ao informativo 564 do STJ: “No crime de concussão, a situação de flagrante delito
configura-se no momento da exigência da vantagem indevida (e não no instante da entrega), isso porque
a concussão é crime FORMAL, que se consuma com a exigência da vantagem indevida; assim, a entrega
da vantagem indevida representa mero exaurimento do crime que já se consumou anteriormente”; o
funcionário público deve deter competência para a prática do ato, sob pena de responder por outro crime;
se houver violência ou grave ameaça o crime será o de extorsão. O particular que entrega a quantia
exigida não comete crime de corrupção ativa, pois não há espontaneidade (STF diz que concussão e
corrupção ativa são “incompossíveis”). Se o policial pratica concussão, deverá ser apenado com mais
rigor (STF, informativo 835).
1.5.1. Estude excesso de exação (CP, art. 316, § 1º - observando com atenção as condutas
nucleares). Fique atento com o informativo nº 712 do STJ: “mera interpretação equivocada de norma
tributária não configura o crime de excesso de exação”. Não confunda esta figura com o excesso de
exação qualificado (CP, art. 316, § 2º) e este com peculato-desvio (CP, art. 312, caput), faça uma tabela
se necessário.
Dica para compreensão: no excesso de exação o agente exige tributo indevido para os cofres
públicos ou o tributo é devido e ele emprega forma vexatória ou gravosa; no excesso de exação
qualificado o agente desvia o que recebeu indevidamente para si ou terceiro (não vai para os cofres
públicos igual sua forma simples) e no peculato desvio o funcionário público desvia para si ou para
terceiro vantagem devida, da qual tem posse em razão do cargo.
1.6. Na corrupção passiva (CP, art. 317) atente-se para as condutas típicas – solicitar e receber
(crime formal), e aceitar (crime material), vantagem indevida ou aceitar promessa. Atenção à discussão
doutrinária da vantagem recebida em proveito do próprio serviço público (Fernando Capez e Bittencourt
dizem que não há crime de corrupção passiva, porém pode configurar improbidade ou infração
administrativa).
1.6.1. Para diferenciar a corrupção passiva da concussão, lembre-se da distinção clássica: na
concussão há o verbo “exigir”, enquanto na corrupção passiva o verbo é “solicitar”, embora os concursos
públicos estejam alterando os verbos visando confundir o candidato. Ex.: “O agente insistiu de forma
intimidatória para que fulano lhe entregasse quantia indevida” ou “O agente disse com tranquilidade
que tal dinheiro era para seu pão de queijo”. Atenção ao exaurimento desse crime, que é considerado
uma majorante (art. 317, § 1º).
1.6.2. Leia o informativo 709 do STJ que trata do médico do SUS que solicita ressarcimento ou
reembolso de despesa por utilizar na cirurgia sua máquina particular (pode configurar infração ao Código
de Ética, mas não crime).
1.6.3. Estude com calma corrupção passiva e ativa, recordando-se da clássica (não vá errar)
exceção pluralista à teoria monista do concurso de agentes. Para facilitar o entendimento no tema de
corrupção ativa compreenda a diferença entre “espontaneidade” e “voluntariedade”: para que haja
corrupção ativa o particular deve oferecer ou prometer espontaneamente (nascer da vontade de seu
interior, sem influências externas) a vantagem indevida, o que é diferente de voluntariedade em que há
interferência externa, embora não haja coerção, pois neste caso o particular teria apenas cedido à
exigência e não responderá pelo crime do art. 333 do CP. Dica: A contraproposta configura corrupção
ativa.
1.6.4. Fique esperto com os temas especiais destes crimes: se é o fiscal de renda que exige, solicita
ou recebe vantagem indevida, pratica o delito do art. 3º, II, da Lei nº 8.137/1990; se há suborno de
testemunha, perito, tradutor ou intérprete judicial em processo judicial, policial ou administrativo será o
crime do art. 342, § 2º do CP ou àquele que deu, ofereceu ou prometeu dinheiro ou vantagem a
testemunha, perito, tradutor ou intérprete judicial, haverá o crime do art. 343 do CP; há também o crime
de corrupção passiva eleitoral (CE, art. 299).
1.6.5. Atenção ao informativo nº 608 do STJ: “lucro fácil e cobiça são elementares dos tipos de
concussão e corrupção passiva e não devem ser utilizados como fundamento para aumento de pena
base”. Leia também o informativo 981 do STF: “Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que
recebe vantagem indevida para interceder junto a diretor da Petrobrás com o intuito de que fazer com
que a empresa faça acordo com empresa privada e pague a ela determinadas quantias em atraso”.
1.6.6. Dê atenção ao estudo da corrupção passiva privilegiada (CP, art. 317, § 2º) e saiba
diferenciar de prevaricação (CP, art. 319). Naquele notar que o funcionário público cede a pedido ou
influência de outrem; neste o agente o faz por interesse ou sentimento pessoal (note que é a mesma pena
para ambos os delitos, só havendo alteração na tipificação). Perceba que na corrupção passiva
privilegiada e na prevaricação não há vantagem envolvida. Quanto ao crime de prevaricação a doutrina
o denomina de “autocorrupção”.
1.6.6.1. Quero que se atente a liminar deferida parcialmente pelo Min. Dias Toffoli na ADPF 881
(falta ser referendada pelo plenário do STF) na qual se entendeu não ser possível a subsunção do crime
de prevaricação aos membros do Ministério Público e Magistrados, que adotem interpretação, mesmo
que minoritária, da lei e do direito (a punição de determinada interpretação por parte de atores jurídicos
é chamada pela doutrina de Crime de Hermenêutica), confira um trecho da ementa: “defiro
parcialmente a medida cautelar para, nos termos do pedido formulado pela autora, determinar “a
suspensão da eficácia do art. 319 do Código Penal, especificamente na acepção que possibilita o
enquadramento da liberdade de convencimento motivado dos membros do Ministério Público e do Poder
Judiciário como satisfação de ‘interesse ou sentimento pessoal’ ou como incidente no tipo objetivo, na
modalidade ‘contra disposição expressa de lei’, para fins de tipificação como crime de prevaricação da
conduta daqueles agentes que, no exercício lícito e regular da atividade-fim dessas instituições, e com
amparo em interpretação da lei e do direito, defendam ponto de vista em discordância com outros
membros ou atores sociais e políticos.” Curiosidade: A Lei de Abuso de Autoridade tem disposição
expressa em relação aos crimes de hermenêutica: “Lei nº 13.869/2019, art. 1º, § 2º A divergência na
interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade.”
1.7. No crime de facilitação de contrabando ou descaminho (CP, art. 318), atente-se que se trata
de outra exceção pluralista à teoria monista do concurso de agentes. Repare que se trata de crime
remetido (descrição típica do crime remete o intérprete a outro tipo penal) e que não é qualquer
funcionário público que pode praticar este delito, logo, só pode ser cometido por aquele que, por lei, tem
a função de impedir a prática de contrabando ou descaminho (funcionários da receita federal, polícia
federal, polícia rodoviária federal, policiais civis, militares e rodoviários estaduais). O crime é de
competência da Justiça Federal. Atenção para o entendimento doutrinário no sentido de que, se há
recebimento de vantagem indevida para a facilitação de contrabando e descaminho há absorção do crime
de concussão e de corrupção passiva, mesmo que as penas destes sejam mais graves.
1.8. Estude a lei seca tarjando os pontos mais importantes dos crimes do art. 319-A, art. 320
(condescendência criminosa) e art. 325 (violação de sigilo funcional).
1.9. Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral (não são crimes
funcionais) estudar com calma o trio resistência-desobediência-desacato, certamente na sua Delegacia
haverá inúmeras ocorrências neste sentido relacionadas a atuação das polícias militares. Por isso, o
aprofundamento é essencial para a prova e para a vida prática.
1.9.1. Atenção ao crime de desobediência e sua natureza subsidiária. Faça a leitura do HC
486.040/MG e do AgRg no AREsp 1.403.618/MS da 6ª Turma do STJ e do informativo nº 975 do STF:
“Comete crime de desobediência o indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial de justiça na
ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo”, este informativo tratou da hipótese em que
a norma prevê sanção administrativa ou cível (multa processual do § 2º do art. 77 do CPC) cumulada
com a aplicação do crime de desobediência.
1.9.2. Trata-se de discussão já superada, mas é importante saber que o STF na ADPF 496 declarou
que o crime de desacato foi recepcionado pela CF/88, e há compatibilidade com o Pacto de San José da
Costa Rica.
1.10. Estude o crime de tráfico de influência (CP, art. 332), correlacionando-o com o crime de
exploração de prestígio do art. 357 do CP (forma especial daquele), sabendo diferenciá-los. Atente-se
que a exploração de prestígio se direciona a influência de juiz, jurado, ministério público, funcionário
da justiça, perito, tradutor e intérprete. Atenção! Ambos os crimes são conhecidos como “venda de
fumaça” ou venditio fumi (caiu este termo em latim na prova de Delegado de Polícia de São Paulo em
2018).
1.11. Contrabando e descaminho. Embora sejam delitos de competência federal, costumam ser
explorados em alguns concursos da área estadual. Faça a leitura da lei seca tarjada em conjunto com os
informativos sobre o tema. Atenção para entendimento dos Tribunais Superiores de que estes crimes são
de natureza formal, portanto não há incidência da súmula vinculante 24 (estude essa súmula, muito
cobrada, atentando-se para as hipóteses em que há mitigação). Fique atento com a competência desses
crimes, conforme enunciado da Súmula 151 do STJ (será do local da apreensão dos bens - Justiça
Federal).
1.11.1. Atenção para o entendimento dado pelos Tribunais Superiores ao § 3º do art. 334 do CP,
majorante do crime de descaminho para transporte aéreo, marítimo ou fluvial, pois houve alteração da
jurisprudência. Recentemente o plenário do STF no HC 162.553/CE (informativo nº 1030) entendeu que
é necessária a condição de clandestinidade para aplicação da majorante do art. 334, § 3º do CP, no
sentido de dificultar a fiscalização estatal (só incide a majorante em transporte irregular).
1.11.2. Neste tema não deixe de estudar a aplicação do princípio da insignificância. No crime de
descaminho é pacífica a aplicação da bagatela própria no âmbito federal quando o valor do débito
tributário (não é valor do produto) não ultrapassar o valor de R$ 20 mil reais, conforme portarias 75 e
130 do Ministério da Fazenda (STJ, 3ª Seção, REsp 1.709.029/MG, recurso repetitivo), mas atenção,
esse valor é para os tributos federais, nos Estados e Municípios pode ser outro valor (STJ, AgRg no HC
549.428/PA, HC 331.387/SC e informativo nº 540), não caia nessa pegadinha. No crime de contrabando
a princípio não se aplica a insignificância, pois se trata de crime pluriofensivo, mas atenção para o
distinguishing que o STJ fez em um caso isolado, do qual uma pessoa trazia pequena quantidade de
remédio para uso próprio, REsp 1.341.470/RS). Leia também o informativo nº 577 do STJ: “Importação
de colete à prova de balas configura contrabando.”
1.12. Por fim, neste título, ler atentamente os crimes em licitações e contratos administrativos (arts.
337-E a 337-P). Como ainda não há julgados sobre o tema, deve ser explorada pela banca a literalidade
da lei. Daí a importância de empregar o método de estudo da lei seca que você já aprendeu.
1.12.1. Dica: O STJ entendeu no informativo 723 que para a configuração do crime previsto no
art. 337-E do CP (contratação direta ilegal), é indispensável a comprovação do dolo específico de causar
danos ao erário e o efetivo prejuízo aos cofres públicos. Ademais, o STJ (REsp nº 1.626.693/SP) e STF
(Inq nº 3.074/SC) entenderam que o fato de a entidade pública contar com quadro próprio de
procuradores não obsta legalmente a contratação de advogado particular para a prestação de serviço
específico.
1.2. Nos crimes contra a administração da justiça (capítulo III), a leitura de todos os artigos é
importante, mas dê especial atenção aos crimes do art. 339 (denunciação caluniosa), art. 340
(comunicação falsa de crime ou contravenção), art. 341 (autoacusação falsa), art. 342 (falso testemunho
ou falsa perícia), art. 344 (coação no curso do processo), art. 345 (exercício arbitrário das próprias
razões), art. 347 (fraude processual), art. 348 (favorecimento pessoal), art. 349 (favorecimento real), art.
352 (evasão mediante violência contra a pessoa) e art. 357 (exploração de prestígio).
1.2.1. Saiba com clareza a diferença entre denunciação caluniosa (pessoa determinada),
comunicação falsa de crime ou contravenção (pessoa indeterminada) e autoacusação falsa, uma tabela
pode ajudar muito nesta tarefa. Atenção ao crime do art. 339 (denunciação caluniosa), pois foi
recentemente alterado pela Lei nº 14.110, de 2020. Neste delito dê atenção para discussão doutrinária
envolvendo o art. 19 da Lei nº 8.429, de 1992 (Foi tacitamente revogado? Prevalece que não, pois pode
haver denúncias que não ensejem a instauração da ação de improbidade).
1.2.2. O art. 344 (coação no curso do processo) teve a inclusão do parágrafo único pela Lei nº
14.245, de 2021 (Lei Mariana Ferrer). Trata-se de majorante no caso em que o processo envolver crime
contra dignidade sexual.
1.2.3. No crime do art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões) o STJ entendeu no informativo
685 que é crime formal e no HC 211.888/TO entendeu que profissional do sexo que arranca cordão de
ouro de cliente para saldar dívida de programa não responde por roubo, mas sim crime de exercício
arbitrário das próprias razões.
2. Título XII: Dos Crimes contra o Estado Democrático de Direito: Último tema do Código
Penal. Estude com atenção os crimes contra o Estado Democrático de Direito, incluídos pela Lei nº
14.197, de 2021, que revogou a Lei nº 7.170, de 1983 (Lei de Segurança Nacional). Não há julgados
sobre o tema, logo, os dispositivos devem ser cobrados na sua literalidade. No entanto, entenda a questão
envolvendo a competência desses delitos (federal, estadual, eleitoral) e a natureza (crimes políticos?).
2.1. Dica: Entendo que os crimes do título XII não são políticos e os arts. 359-I, 359-J, 359-K,
359-L, 359-M e 359-R são de competência da Justiça Federal, pois ofendem interesse da União (CF/88,
art. 109, IV), ao passo que os arts. 359-N e 359-P, são de competência da Justiça Eleitoral (essa também
é a posição do Cleber Masson).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Historicamente, a expressão venditio fumi é
identificada com o crime de: a) tráfico de influência (CP, art. 332). (correta)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Prescreve o art. 327 do CP: “considera-se
funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
cargo, emprego ou função pública.” Tal norma traduz exemplo de interpretação: b) autêntica. (correta)
VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz Substituto - Qual o tratamento penal a ser dispensado ao
funcionário público que, ocupando cargo em comissão, solicita, para si, em razão da função, vantagem
ilícita? c) Responderá pelo crime de corrupção passiva, devendo a pena ser aumentada da terça parte.
(correta – CP, art. 317 e 327, § 2º)
Jurisprudência ☐
Conceito e características do Direito Processual Penal. Princípios
DIAS Estudado ☐
do Direito Processual Penal. Fontes do Direito Processual Penal.
01 e 02 Revisado ☐
Sistemas Processuais Penais.
Questões ☐
do CPP, que trata da defesa para autoridades de segurança pública em fatos relacionados ao uso da força
letal.
2.4. Atenção! O princípio da vedação à autoincriminação “nemo tenetur se detegere” é um
consectário lógico da ampla defesa, presente tanto na fase inquisitorial como na fase processual. Quero
que você estude com calma e o devido aprofundamento o princípio da vedação à autoincriminação.
Entenda que ele decorre do inciso LXIII do art. 5º da CF/88, pois a expressão “permanecer calado” tem
grande destaque nas fases extra e endoprocessuais. Foi com base neste princípio que o STF declarou a
inconstitucionalidade da condução coercitiva para fins de interrogatórios de investigados, acusados e
réus constante no art. 260 do CPP (ADPF 395 e 444).
2.4.1. Ainda neste tema, leia sobre “discurso lacunar” – silêncio total e parcial (horizontal e
vertical), veja também a ementa do HC 628.224 do STJ (a Corte cidadã entende que seria possível o réu
silenciar para algumas perguntas e responder outras) e o RHC 131.030/SP, julgado em 03/11/2020.
Estude também participação ativa e passiva e vedação à autoincriminação, pois há vozes doutrinárias,
na qual me incluo, defendendo que o indiciado é obrigado a comparecer para o reconhecimento pessoal
e identificação criminal. De outro lado, podemos lembrar das seguintes diligências que acarretam
autoincriminação: (a) interrogatório, (b) reconstituição simulada do crime, (c) perícia vocal ou
grafotécnica, (d) exame de etilômetro (bafômetro), (e) exame de sangue.
2.5. Estude o princípio da oficialidade (CF/88, art. 129, I), e entenda sua aplicação na instauração,
na condução, nas diligências e na relatoria de inquérito policial.
2.5.1. Sobre o tema, confira o assunto importantíssimo relacionado aos crimes de menor potencial
ofensivo e termo circunstanciado de ocorrência, sobretudo a decisão do STF na ADI 5.637/MG no
sentido de que o termo circunstanciado não configura atividade investigativa. Sugiro que leia
atentamente o informativo 986 do STF: “O autor da conduta do art. 28 da LD deve ser encaminhado
diretamente ao juiz, que irá lavrar o termo circunstanciado e fará a requisição dos exames e perícias;
somente se não houver juiz é que tais providências serão tomadas pela autoridade policial; essa previsão
é constitucional”; bem como se atente às críticas da comunidade jurídica neste ponto de o juiz e outras
força de segurança lavrarem TCO (importante para eventual questão dissertativa da prova de Delegado
de Polícia).
2.6. Leia sobre o princípio da oficiosidade, pois quando chega a notícia de um crime de ação penal
pública incondicionada o Delegado de Polícia deve agir de ofício (está obrigado a instaurar o Inquérito
Policial – princípio da obrigatoriedade). Outros princípios importantes correlacionados que merecem
destaque: impulso oficial (neste tema leia sobre atuação de ofício do juiz, síndrome de casmurro e
quadros mentais paranoicos), obrigatoriedade e indisponibilidade (ação penal pública incondicionada),
obrigatoriedade mitigada (justiça penal do consenso e ANPP), oportunidade ou conveniência (ação penal
privada – renúncia e decadência) e disponibilidade (ação penal privada – perdão e perempção).
2.7. Outro princípio importante que merece a leitura é o da verdade real. Leia a crítica que se faz
do conceito e estude sobre “busca da verdade real” ou “busca da verdade aproximada”, conceito
moderno. Ferrajoli sugere a nomenclatura “busca pela verdade aproximada.” Nesse ponto, você também
deve estudar a verdade processual ou verdade humanamente possível, e se der tempo ler o tema sob ótica
de Michele Taruffo (grande expoente sobre o tema “provas”).
2.8. Quero que você se atente ao princípio da presunção de inocência, ele tem sido muito cobrado
nestes últimos anos por conta dos entendimentos jurisprudenciais. Estude regra probatória (parte
acusatória tem o ônus) e regra de tratamento (ninguém será considerado culpado enquanto não houver o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória). Sobre a regra de tratamento jaz grande controvérsia,
hoje aparentemente pacificada pela jurisprudência, sobre este tema verificar a leitura constitucional que
o plenário do STF fez ao art. 283 do CPP nas ADC 43, 44 e 54: “O art. 283 do CPP, que exige o trânsito
em julgado da condenação para que se inicie o cumprimento da pena, é constitucional, sendo compatível
com o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88. Assim é proibida a
chamada “execução provisória da pena.” Por fim, leia sobre a execução provisória (Nestor Távora
denomina de “provisoríssima”) inserida pelo Pacote Anticrime no Tribunal do Júri (CPP, art. 492, I, e),
alguns dizem que contraria o entendimento da jurisprudência, memorize o prazo (igual ou superior a 15
anos).
2.8.1. Atente-se que o STJ assim decidiu (edição 185 da Jurisprudência em Teses): “10) Apesar
da alteração legislativa promovida pela Lei n. 13.964/2019 no art. 492, I, e, do Código de Processo Penal
- CPP, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal entende que é
ilegal a execução provisória da pena como decorrência automática da condenação proferida pelo
Tribunal do Júri, salvo quando demonstrados os fundamentos da prisão preventiva.”
2.9. Princípio da publicidade é um tema importante. Lembre-se que a publicidade, assim como
todos os outros direitos, não possui um caráter absoluto, sendo limitada em situações que o interesse
público prepondere diante de um confronto com o interesse privado (princípio da proporcionalidade).
Por isso, a sigilosidade do inquérito policial é uma característica essencial para o sucesso da investigação
(art. 20, CPP). No procedimento investigatório criminal (PIC) conduzido pelo Ministério Público
(Resolução CNMP 181/2017), a regra é a publicidade, que poderá ser mitigada por disposição legal em
contrário ou por razões de interesse público ou conveniência da investigação (art. 15). Sobre o tema veja
o fundamento constitucional, CF/88, art. 93, IX e os aspectos relacionados a finalidade extraprocessual
ou política e endoprocessual ou técnica.
2.9.2. Veja também sobre acesso a peças de terceiros no informativo 964 do STF: “Não viola a SV
14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças que digam respeito a dados sigilosos de
terceiros e que não estejam relacionados com o seu direito de defesa.”
2.10. Por fim, não deixe de estudar os princípios: do juiz e promotor natural, favor rei (diferenciado
do in dubio pro reu e in dubio pro societate), duração razoável do processo (atente-se aqui para a relação
com os inquéritos policiais – leia o informativo 912 do STF), proporcionalidade (presente em todos os
ramos do direito) e duplo grau de jurisdição (não tem previsão expressa no ordenamento jurídico, só na
Convenção Americana de Direitos Humanos, art. 7º, item 6 – tema potencial de prova dissertativa).
2.10.1. Não deixe de dar uma lida sobre o moderno entendimento do princípio do delegado natural,
pois há corrente minoritária dizendo que ele decorre da Lei nº 12.830/13, no que tange ao despacho
fundamentado para avocação e redistribuição dos inquéritos policiais ou outro procedimento e a
necessidade de ato fundamentado para a remoção do delegado. Contudo, saliento que doutrina
majoritária e o STF não dão guarida a este entendimento, inclusive é o que o STF entendeu no
informativo 964: " Esse dispositivo contempla o chamado “princípio do juiz natural”, princípio esse que
não se estende para autoridades policiais, considerando que estas não possuem competência para julgar.”
3. Fontes do direito processual penal: Neste tema estude a fonte material ou de produção (CF/88,
art. 22, I), dando ênfase ao parágrafo único do art. 22 (Lei Complementar poderá autorizar Estados a
legislar sobre questões específicas das matérias do referido artigo) e as fontes formais ou de cognição
(imediata/direta e mediata/indireta).
3.1. Dicas:
3.1.1. A jurisprudência não é fonte do direito processual penal, mas é apenas conhecida como
método de (vetor) interpretação das normas processuais penais (majoritariamente).
3.1.2. Direito penitenciário e procedimentos (engloba o inquérito policial) são de competência
concorrente dos Entes (artigo 24, I e IX da CF/88).
4. Sistemas Processuais Penais: Leia sobre o sistema inquisitivo, misto ou acusatório formal e o
acusatório (adotado pelo CPP). A leitura deste último sistema deve abranger as separações de funções a
sujeitos distintos, contraditório, ampla defesa, publicidade, imparcialidade do julgador, sistema
probatório do livre convencimento motivado. Leia sobre o sistema acusatório não ortodoxo (Nestor
Távora trata deste tema) e sobre a aproximação do sistema acusatório “puro” com as inovações trazidas
pelo Pacote Anticrime, aliás, dê ESPECIAL atenção a todas as inovações trazidas pelo Pacote
Anticrime, a tendência é que a cobrança recaia sobre elas.
4.1. Sobre essas inovações, fique atento ao seguinte dispositivo (ainda suspenso). Art. 3º-A do
CPP: “O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e
a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.” Há correntes defendendo que, por conta
deste dispositivo, o juiz estaria impedido de qualquer atuação de iniciativa própria no processo, o que
refletiria no art. 156 do CPP (juiz inquisidor).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto - São princípios constitucionais processuais penais
explícitos e implícitos, respectivamente: d) não culpabilidade (ou presunção de inocência) e duração
razoável do processo; e não autoacusação (ou nemo tenetur se detegere) e paridade de armas. (correta
– CF/88, art. 5º, LVII e LXXVIII, os outros são implícitos)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - De acordo com a jurisprudência sumulada do
Supremo Tribunal Federal: d) é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa (Súmula Vinculante
14). (correta)
Jurisprudência ☐
História do Direito Processual Penal. Interpretação e Aplicação
DIA Estudado ☐
da Lei Processual Penal. Devido Processo Penal. Reformas
03 Revisado ☐
Processuais Penais.
Questões ☐
2.1. Não deixe de estudar as fontes formais mediatas, que são os costumes (LINDB, art. 4º), a
interpretação extensiva e a aplicação analógica (CPP, art. 3º). Entenda que há diferença com o direito
penal, sendo plenamente admissível a interpretação extensiva, aplicação analógica e o suplemento pelos
princípios gerais de direito, ainda que in malam partem.
3. Aplicação da Lei Processual Penal:
3.1. Lei processual penal no tempo. Leia o art. 2º do CPP, que é marcado pelo princípio da
aplicação imediata (tempus regit actum). Atenção! MUITO COBRADO pelas bancas. Quero que você
leia sobre o sistema de isolamento dos atos processuais (há outros sistemas como o da unidade
processual e o das fases processuais) e memorize que a lei processual penal nova será aplicada aos
processos novos e aos em andamento, sendo inaplicável aos processos findos. Estude também sobre as
exceções ao art. 2º do CPP, pois excepcionalmente a lei processual penal será retroativa e ultrativa,
como ocorre com as leis mistas ou híbridas (não confundir com heterotopia) e leis novas sobre prisões
cautelares (cabe extratividade benévola e a não extratividade severa). Leia também a questão envolvendo
o início da produção da prova testemunhal e o advento de lei processual nova (Lei de Introdução ao CPP,
art. 6º).
3.1.1. Olha a interessante da jurisprudência em teses do STJ, edição 185: “9) Antes da entrada em
vigor do Pacote Anticrime, não é ilegal a decretação de prisão preventiva de ofício, ainda que decorrente
de conversão da prisão em flagrante, pois as normas de natureza processual sujeitam-se ao princípio
tempus regit actum e não retroagem para atingir atos praticados antes da sua vigência.”
3.2. Lei processual penal no espaço. O estudo se concentrará nos artigos inaugurais do CPP.
Quero que você não se esqueça de que o art. 1º trata do princípio da territorialidade absoluta ou estrita
– locus regit actum (não confunda com a territorialidade mitigada do art. 5º do CP).
3.2.1. Os incisos do art. 1º do CPP trazem um rol de ressalvas. Entenda que são processos especiais
que excepcionam a regra processual a todos imposta. O inciso II, por exemplo, traz as prerrogativas de
foro de função, onde a sistemática processual será regulada pelos dispositivos constitucionais pertinentes
e pela Lei nº 8.038, de 1990. Já o inciso III traz outra ressalva, que é a justiça militar, de modo que os
processos que envolvam estes crimes serão regulados pelo Código de Processo Penal Militar (CPPM).
Os incisos IV e V não foram recepcionados pela CF/88 (leia a ementa da ADPF 130).
3.2.2. Dica: Tourinho Filho traz hipóteses em que se aplica o direito processual penal em outros
locais: território nullius, território ocupado em tempo de guerra ou quando o país autorizar a aplicação
da lei processual penal brasileira em seu território.
4. O Devido Processo Penal: Este tema está relacionado a conexão entre o direito processual
penal e as normas constitucionais, em especial as que têm ligação com o processo penal. Lembre-se que
o devido processo penal decorre dos direitos fundamentais que estão plasmadas na CF/88, tais como: a)
de acesso à Justiça Penal; b) do juiz natural em matéria penal; c) de tratamento paritário dos sujeitos
parciais do processo penal; d) da plenitude de defesa do indiciado, acusado ou condenado, com todos os
meios e recursos a ela inerentes; e) da publicidade dos atos processuais penais; f) da motivação dos atos
decisórios penais; e g) da fixação de prazo razoável de duração do processo penal. Portanto, faça uma
leitura do direito processual penal dando ênfase aos direitos fundamentais do art. 5º da CF/88 e também
aos diplomas internacionais que tratam de matéria de direito processual penal, como é o caso do Pacto
de San José da Costa Rica.
5. Reforma Processual Penal: O estudo aqui deve se pautar sobre as reformas que o Processo
Penal sofreu pelas Leis nº e 11.689/08 (alterou o tribunal do júri), 11.690/08 (temas relacionados à prova)
e 11.719/08 (suspensão do processo, emendatio libelli, mutatio libelli). Não deixe de dar uma lida no
Projeto de Lei nº 8045/10, que trata do novo CPP. É importante para eventual citação nas respostas
dissertativas e em prova oral.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos
termos dos arts. 1º , 2º e 3º do CPP: d) desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior. (correta – CPP, art. 2º, tempus regit actum)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Tício está sendo processado pela prática de
crime de roubo. Durante o trâmite do inquérito policial, entra em vigor determinada lei, reduzindo o
número de testemunhas possíveis de serem arroladas pelas partes no procedimento ordinário. A respeito
do caso descrito, é correto que: e) não se aplica a lei revogada porque a instrução ainda não se iniciara
quando da entrada em vigor da nova lei. (correta – CPP, art. 2º)
Jurisprudência ☐
1.1. Veja o art. 1º: “O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação
de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei. § 1º Aplica-se o disposto
nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais,
em qualquer grau de jurisdição.” O § 2º traz algumas definições, exemplo: “II - transmissão eletrônica
toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação, preferencialmente a
rede mundial de computadores.”
1.2. O art. 2º trata da assinatura eletrônica: “Art. 2º O envio de petições, de recursos e a prática de
atos processuais em geral por meio eletrônico serão admitidos mediante uso de assinatura eletrônica,
na forma do art. 1º desta Lei, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário, conforme
disciplinado pelos órgãos respectivos.”
1.3. Atenção ao art. 3º: “Consideram-se realizados os atos processuais por meio eletrônico no dia
e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido protocolo eletrônico.
Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão
consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia.”
1.4. Em relação ao Diário de Justiça Eletrônico (DJe) leia o art. 4º e atenção aos § 3º: “Considera-
se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no
Diário da Justiça eletrônico” e § 4º: “Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir
ao considerado como data da publicação.”
1.5. Já no que se refere as intimações atenção: “Art. 5º, § 1º Considerar-se-á realizada a intimação
no dia em que o intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos
autos a sua realização”, mas atenção ao § 2º “Na hipótese do § 1º deste artigo, nos casos em que a
consulta se dê em dia não útil, a intimação será considerada como realizada no primeiro dia útil
seguinte” e “§ 3º A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias
corridos contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação
automaticamente realizada na data do término desse prazo.” Quanto a Fazenda Pública: “§ 6º As
intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para
todos os efeitos legais.”
1.6. Por fim, leia sobre o processo eletrônico (arts. 8º a 13). Atenção ao art. 10: “A distribuição da
petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital,
nos autos de processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem
necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar
de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.”
1.7. Por fim, atenção aos arts. 14: “Os sistemas a serem desenvolvidos pelos órgãos do Poder
Judiciário deverão usar, preferencialmente, programas com código aberto, acessíveis
2. Audiências virtuais. Neste contexto de pandemia as audiências virtuais foram o tema da moda.
O edital foi muito amplo, portanto, sugiro a leitura de algum artigo jurídico sobre o assunto e das
normatizações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Por exemplo, a Resolução nº 329, de 2020
(alterada pela resolução 357, de 26 de novembro de 2020) dispõe sobre a realização de audiências de
custódia por videoconferência quando não for possível a realização, em 24 horas, de forma presencial.
2.1. Dica: O interrogatório por videoconferência é medida de caráter excepcional no CPP (art.
185), mas no regime disciplinar diferenciado da Lei de Execuções Penais é a regra (LEP, art. 52, VII).
Veja o art.185, § 2º do CPP (muito importante): “§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por
sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo
real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I - prevenir risco
à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou
de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II - viabilizar a participação do réu no
referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por
enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de
testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência,
nos termos do art. 217 deste Código; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.”
2.1.1 Neste tema se atente para divergência da possibilidade ou não de videoconferência nas
audiências de custódia, lembrando que o Pacote Anticrime vedou (CPP, art. 3º-B, § 1º). O STJ entendeu
não ser possível (informativo 663), e o STF analisando o artigo que veda tal possibilidade (ADI 6.841),
validou a videoconferência nas audiências de custódia. Tema polêmico com várias divergências, por isso
é preciso ficar atento com o enunciado da questão (STF, STJ ou lei);
2.2. Eu sugiro a leitura da Resolução 329 do CNJ, veja sua finalidade: “Regulamenta e estabelece
critérios para a realização de audiências e outros atos processuais por videoconferência, em processos
penais e de execução penal, durante o estado de calamidade pública, reconhecido pelo Decreto Federal
no 06/2020, em razão da pandemia mundial por Covid-19.”
2.2.1. Veja os primeiros artigos. Art. 1º: “Durante o estado de calamidade pública, reconhecido
pelo Decreto Federal no 06/2020, em razão da pandemia mundial (Covid-19), que determinou, dentre
outras medidas, o isolamento social indicado pela Organização Mundial de Saúde e a suspensão do
expediente presencial no Poder Judiciário (Resolução CNJ no 314/2020), vigorarão as medidas
transitórias e excepcionais previstas nesta Resolução” e art. 2º: “Será permitida a realização de
audiências e outros atos processuais por videoconferência pela plataforma digital disponibilizada
pelo Conselho Nacional de Justiça ou ferramenta similar, conforme previsão expressa contida no art.
6º, § 2º, da Resolução CNJ no 314/2020.”
2.2.2. Leia o art. 4º da Resolução que traz os princípios constitucionais inerentes ao devido
processo legal: “I – paridade de armas, presunção de inocência, contraditório e ampla defesa; II –
participação do réu na integralidade da audiência ou ato processual nos termos do § 5º do artigo 185
CPP; III – oralidade e imediação; IV – publicidade; V – segurança da informação e da conexão, com
adoção de medidas preventivas a falhas técnicas; VI – informação sobre o direito à assistência consular,
no caso de réu migrante ou visitante; e VII – o direito da defesa em formular perguntas diretas às partes
e a testemunhas.”
2.2.3. O art. 8º disciplina o procedimento: “I – designada audiência pela plataforma virtual, o ato
deverá ser organizado pelo magistrado ou servidor designado, que agendará a reunião; II – a intimação
das partes, ofendido, testemunhas e réu ocorrerá na forma da legislação processual vigente, observada a
parte final do art.6º, § 3º, da Resolução CNJ no 314/2020; e III – o Ministério Público e a defesa técnica
serão intimados da decisão que determinar a realização de audiência por videoconferência, com
antecedência mínima de 10 dias.”
2.2.4. Leia o restante da Resolução e, se houver tempo, algum artigo jurídico a esse respeito.
3. Persecução Penal e novas tecnologias. O edital mais uma vez foi extremamente amplo, por
isso sugiro a leitura de algum artigo jurídico para entender sua essência, a exemplo do escrito pela Marta
Saad, que tangencia o tema e trata da “Investigação criminal e novas tecnologias para obtenção de
provas”. São poucas páginas.
Link: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/856
4. Provas digitais. Outro tema genérico trazido pelo edital de 2022 (2018 não havia).
Particularmente, entendo que a banca está querendo trazer conceitos mais doutrinários sobre estes temas
(algo incomum para VUNESP que é muito focada em lei seca). Contudo, é interessante você estudar
sobre o Direito Probatório de 3ª Geração: “Trata-se de provas invasivas, altamente tecnológicas, que
permitem alcançar conhecimentos e resultados inatingíveis pelos sentidos e pelas técnicas tradicionais
até então adotadas.”
4.1. Neste tema, recomento outro artigo jurídico com poucas folhas também, porém muito
interessante: Link: https://revistaacademica.mpce.mp.br/revista/article/view/147
5. Jurisdição e internet. Este tema também deve ser estudado por artigos jurídicos, contudo, fique
muito atento com eventuais decisões que surjam sobre esse tema. Recomento este artigo jurídico: Link:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-penal/determinacao-da-competencia-penal-
dos-crimes-ciberneticos-e-a-criacao-de-vara-especializada/
5.1. Neste tema veja o que decidiu o STJ no informativo 724: “O crime de injúria praticado pela
internet por mensagens privadas, as quais somente o autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo,
consuma-se no local em que a vítima tomou conhecimento do conteúdo ofensivo.” Todavia, quero
que fique atento, se forem publicações passíveis de visualização por terceiros, o local para processar
e julgar será o de onde tiver sido inserido o conteúdo na rede mundial de computadores, veja essa
decisão do STJ no CC 173.458/SC, julgado em 25/11/2020: “Crimes contra a honra praticados pela
internet são formais, consumando-se no momento da disponibilização do conteúdo ofensivo no espaço
virtual, por força da imediata potencialidade de visualização por terceiros.”
5.2. Quero que fique atento também ao informativo 805 do STF: “Compete à Justiça Federal
processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo
criança ou adolescente [artigos 241, 241-A e 241-B da Lei 8.069/1990] quando praticados por meio da
rede mundial de computadores” e em relação à competência territorial, a jurisprudência assume o
entendimento de que ação penal deve ser julgada pela Seção Judiciária do local da publicação das fotos
pelo réu, pouco importando o Estado onde se localize o servidor do site (STJ, CC 29.886/SP, Min. Maria
Thereza De Assis Moura, Terceira Seção, julgado em 12/12/2007).
5.2.1. Mas tome muito cuidado. Não obstante seja imprescindível o uso da internet para a troca de
mensagens via Whatsapp ou chat em qualquer rede social, como o facebook, por exemplo, o Superior
Tribunal de Justiça (STJ, 3ª Seção, CC 150.564/MG – Info 603), ao interpretar a tese fixada pelo STF,
assentou que a competência para o processo e julgamento do crime previsto no art. 241-A do ECA será
da Justiça Estadual quando a comunicação ocorrer entre pessoas específicas, escolhidas pelo
emissor da mensagem, caracterizando uma troca de informações privadas que não estão acessíveis a
qualquer pessoa. Nesses casos, portanto, ausente a internacionalidade do delito, a atribuição
investigativa fica a cargo das Polícias Civis dos Estados e a competência é da Justiça Estadual. De
acordo com o STJ, a constatação da internacionalidade do delito demandaria apenas que a
publicação do material pornográfico tivesse sido feita em ambiência virtual de sítios de amplo e fácil
acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet,
independentemente da ocorrência efetiva de acesso no estrangeiro.
5.3. Não deixe de estudar também a competência no crime de estelionato (tangencia o tema),
alteração realizada pela Lei nº 14.155, de 2021. Trabalhei este tema de forma bem didática na parte de
competência.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto - Tício, preso preventivamente por roubo
qualificado, foi interrogado por videoconferência. O estabelecimento em que foi recolhido não dispunha
de sala própria que garantisse a segurança do juiz e dos demais serventuários. O Juiz, sem motivar a
decisão, determinou a realização de interrogatório de Tício, por videoconferência, intimando as partes
da decisão, com antecedência de 10 (dez) dias. No dia designado, o defensor do réu acompanhou o ato
da sala de audiência do Fórum. Não houve qualquer defensor acompanhando Tício na sala do
estabelecimento prisional. Tício e seu advogado também não tiveram entrevista prévia ao interrogatório.
Iniciado o ato, o juiz indagou a Tício se ele teve assegurado o direito de entrevista prévia com o defensor
e, em caso negativo, se desejava realizar contato telefônico, em linha telefônica própria, com o advogado,
no que ele afirmou ter sido suficientemente orientado por seu defensor, em diversas outras
oportunidades, seguindo-se o interrogatório. Diante da situação hipotética, assinale a alternativa correta.
d) O interrogatório por videoconferência, por ser medida excepcional, exige fundamentação idônea.
(correta – CPP, art. 185, § 2º)
Jurisprudência ☐
Código de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689/1941 com suas
DIAS Estudado ☐
alterações). Disposições preliminares. Do inquérito policial. Da
05 e 06 Revisado ☐
ação penal.
Questões ☐
de Polícia fará o primeiro juízo acerca da tipicidade (formal e material), da ilicitude e da culpabilidade
do agente, por isso é considerado o primeiro garantidor da legalidade e da justiça (doutrina minoritária
e mais tradicional, sustenta que o Delegado de Polícia deve limitar-se a análise da tipicidade formal. Por
óbvio, você não deve defender essa corrente).
2.1. Após essa parte introdutória quero que você estude os arts. 4º a 23 do CPP, dispositivos
direcionados ao Delegado de Polícia e ao desenvolvimento do inquérito policial. A maioria esmagadora
das questões será elaborada com base no texto literal destes artigos. Utilize o método de camuflar
as palavras-chave.
2.2. Comece lendo o conceito clássico de inquérito policial (procedimento administrativo pré-
processual, de caráter informativo e natureza inquisitorial). Depois estude os conceitos modernos da
doutrina vanguardista da qual me filio (processo administrativo apuratório conduzido pelo Delegado de
Polícia natural, na busca de elementos informativos e probatórios, servindo como filtro processual na
busca da verdade). Leia sobre as finalidades do inquérito policial (unidirecional – corrente clássica e
bidirecional – corrente majoritária). Cuidado! Analise com calma o enunciado. Este conceito moderno
não é o adotado pela doutrina majoritária, porém, por se tratar de prova de Delegado de Polícia, há
probabilidade de sua cobrança, principalmente numa prova dissertativa. Na prova objetiva, é provável
uma cobrança da visão clássica do conceito.
2.3. O Delegado como garantidor de direitos fundamentais e humanos tem relação com a finalidade
bidirecional do inquérito policial (preservadora e preparadora). Leia com atenção sobre o aspecto
preservador do inquérito policial e o correlacione com o garantismo de Luigi Ferrajoli, no duplo aspecto
(garantismo positivo e negativo).
2.4. Sugiro a leitura do controle de convencionalidade pelo Delegado de Polícia. Para esse tema
específico recomendo a leitura de nossa obra “Temas Avançados de Polícia Judiciária”, ou pesquise no
site do CONJUR, na coluna “academia de polícia”, onde há artigos jurídicos que eu e outros autores
escrevemos e com certeza será de grande valia para esses pontos do seu edital.
2.5. Memorize as características do inquérito policial com o mnemônico: “E IDOSO” – escrito,
inquisitivo, dispensável, oficial, sigiloso e oficioso. Mas atenção! Há algumas características que a
doutrina moderna tem divergido de forma ferrenha, principalmente na característica da
“dispensabilidade”, leia sobre o tema.
2.6. Alguns temas relevantes que eu quero que você não deixe de estudar:
2.6.1. Investigação criminal defensiva e detetive particular (Lei 13.432/2017 – aceite do delegado),
2.6.2. Indisponibilidade do inquérito policial (CPP, art. 17);
2.6.3. Ampla defesa e contraditório no inquérito policial nas hipóteses de expulsão e deportação
(Lei 13.445/17, art. 48, 54 e 58, e Decreto 9.199/2017, art. 195);
2.6.4. Cláusula de reserva de jurisdição temporária (CPP, art. 13-B, § 4º) e sistema de reserva
absoluta e relativa de jurisdição;
2.6.5. Desnecessidade de intimação prévia da defesa técnica quanto ao calendário de inquirições
do Delegado (STF, informativo 933);
2.6.6. Temporariedade no inquérito policial ou duração razoável da investigação criminal (STF,
informativo 912);
2.6.7. Discricionariedade do delegado de polícia e rol exemplificativo do art. 6º e 7º do CPP;
2.6.8. Competência concorrente para legislar sobre inquérito policial (matéria relacionada a
procedimentos, art. 24, XI da CF/88);
2.6.9. Instauração do inquérito policial nos crimes de lesão corporal culposa em que o agente está
nas situações do art. 291, § 1º do CTB;
2.6.10. Tramitação direta do inquérito policial e o Ministério Público Federal (neste tema, perceba
que o destinatário imediato é o juiz e o M.P. é destinatário mediato. Porém, se for investigação realizada
pela polícia federal – crimes federais – o destinatário imediato é o MPF, conforme Resolução 063/2009-
CJF, a qual, inclusive, foi objeto da ADI 4305);
2.6.11. Sentido amplo e estrito do termo autoridade policial do art. 69 da Lei 9.099/95 para
elaboração do termo circunstanciado de ocorrência (conferir a ementa da ADI 5.637/MG e o informativo
986 do STF);
2.6.12. Memorize os prazos do inquérito policial na Polícia Civil, Polícia Federal, nos crimes
contra a economia popular, na Lei de Drogas e nos Inquéritos Policiais Militares, atentando-se para a
mudança do Pacote Anticrime que permite uma prorrogação de 15 dias para investigado preso (CPP, art.
3º-B, § 2º);
2.6.13. Investigação supletiva da Polícia Civil do Estado nos crimes eleitorais onde não houver
órgão da Polícia Federal (Resolução nº 23.640/2021, art. 2º, parágrafo único);
2.6.14. Valor probatório relativo do inquérito policial;
2.6.15. Sobre o tema arquivamento do inquérito policial estude: (i) coisa julgada material (regra
CPP, art. 18 e Súmula 524 do STF) e exceção (divergência dos Tribunais Superiores quanto à coisa
julgada material no caso de excludente de ilicitude – para o STJ não é possível desarquivar – REsp
791.471/RJ, para o STF é possível o desarquivamento – HC 125.101/SP), (ii) reexame necessário na
Lei nº 1.521/51, art. 7º (crimes contra economia popular e contra a saúde pública), (iii) hipóteses de
recurso em sentido estrito da Lei nº 1.508/51, art. 6º (contravenções penais relacionadas a jogo do
bicho e corrida de cavalos fora do hipódromo) e (iiii) arquivamento implícito e indireto (objetivo e
subjetivo). Não deixe de estudar a nova sistemática (suspensa) do art. 28 introduzida pelo Pacote
Anticrime;
2.6.16. Estude o indiciamento (ato privativo do Delegado de Polícia, art. 2º, § 6º da Lei 12.830/13)
e juízo de possibilidade (suspeito) e probabilidade (indiciado). Dica: O STF declarou inconstitucional o
afastamento automático de servidor público no caso de indiciamento pela prática do crime de lavagem
de capitais (STF, informativo 1000);
2.6.17. Não recepção pela CF/88 do art. 21 do CPP que trata da incomunicabilidade do indiciado,
atentando-se para o fundamento (se é vedada a incomunicabilidade no Estado de Defesa, com menos
razão seria possível no estado de normalidade - CF/88, art. 136, § 3º, IV);
2.6.18. Leia sobre o Inquérito do STF nº 4.781 (fake news) e entenda as perspectivas críticas da
comunidade jurídica decorrentes da interpretação que o STF fez do art. 43 do seu Regimento Interno na
ADPF 572;
2.6.19. Leia sobre a defesa dos agentes de segurança pública no inquérito policial após o Pacote
Anticrime, relacionado ao art. 14-A do CPP introduzido pela Lei nº 13.964/2019. A leitura do dispositivo
é imprescindível. Memorize os prazos e leia sobre a crítica do termo “citado” utilizado erroneamente
pelo legislador. Note que a defesa está relacionada ao “uso da força letal” e se refere aos servidores do
art. 144 da CF/88. Em se tratando de servidores militares (art. 142 da CF/88) os fatos investigados devem
dizer respeito às missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO);
2.6.20. Atenção ao informativo 1040 do STF: “É indispensável a existência de prévia autorização
judicial para a instauração de inquérito ou outro procedimento investigatório em face de autoridade com
foro por prerrogativa de função em Tribunal de Justiça.” Cuidado porque o STJ diverge e dispensa
autorização para instauração de inquérito policial. A razão de decidir do STJ está no fato de que o foro
por prerrogativa de função constitui regra de competência originária e não regra de suposta reserva de
jurisdição para instauração de inquérito (STJ, RHC 104.471).
2.7. Estude notícia do crime e suas classificações (de cognição imediata, mediata e coercitiva).
Leia também sobre notitia criminis inqualificada (“denúncia” anônima ou apócrifa). Sobre o tema leia
o informativo 652 do STJ: “É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria
jornalística.” Não deixe de ler também sobre a verificação da procedência das informações (VPI),
previsto no CPP, art. 5º, § 3º, parte final.
2.8. Estude o poder requisitório do Delegado, fazendo uma boa leitura dos arts. 13-A e 13-B do
CPP, pois são de extrema importância. Memorize as hipóteses e prazos ali contidos.
2.9. Não deixe de estudar o acordo de não persecução penal, art. 28–A do CPP, lendo com calma
todas as disposições pertinentes e memorizando os prazos ali contidos (pena mínima inferior a 4 anos).
Sobre o assunto, leia “imputação patrimonial.”
2.9.1. Neste tema (ANPP) fique atento a Jurisprudência em Teses do STJ, edição 185 (Pacote
Anticrime), veja: “1) O acordo de não persecução penal - ANPP, previsto no art. 28-A do Código de
Processo Penal, aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei n. 13.964/2019, desde que não recebida a
denúncia”; “2) O acordo de não persecução penal - ANPP não constitui direito subjetivo do
investigado, assim pode ser proposto pelo Ministério Público conforme as peculiaridades do caso
concreto, quando considerado necessário e suficiente para reprovar e prevenir infrações penais”; “3) O
controle do Poder Judiciário quanto ao pedido de revisão do não oferecimento do acordo de não
persecução penal - ANPP deve se limitar a questões relacionadas aos requisitos objetivos, não é,
portanto, legítimo o exame do mérito a fim de impedir a remessa dos autos ao órgão superior do
Ministério Público” e “4) O Ministério Público não é obrigado a notificar o investigado no caso de recusa
de oferecimento de acordo de não persecução penal - ANPP.”
3. Da Ação Penal: Sobre este tema faça um estudo do título III do CPP, arts. 24 a 62. A maioria
das questões cobradas envolve a literalidade da lei. Porém, sugiro que comece o estudo de ação penal
pelas condições gerais: legitimidade das partes (ad causam), possibilidade jurídica do pedido, interesse
de agir e justa causa.
3.1. Na legitimidade ativa ad causam verifique quem pode propor a ação penal. O titular da ação
penal pública é o Ministério Público (CF, art. 129, I – legitimidade ordinária). Sobre este assunto estude
processo judicialiforme e se é aceito no ordenamento jurídico (CPP art. 26). Na ação penal privada,
quanto a capacidade postulatória do querelante, saiba que este age em nome próprio defendendo direito
alheio (legitimidade extraordinária). Na legitimidade passiva estude quem pode ser réu (pessoas físicas
maiores de 18 anos ao tempo da conduta). Atenção aqui para os inimputáveis por idade, estes não
poderão figurar como réu de uma demanda penal regulada pelo CPP (CF/88, art. 228). Reveja a
legitimidade passiva em demandas de natureza penal de pessoas jurídicas em crimes ambientais (CF/88,
art. 225, § 3º e Lei nº 9.605/98, art. 3º), tema batido e sempre cobrado em concursos públicos - teoria da
responsabilidade penal por ricochete (não mais adotada). Leia o informativo 675 do STJ que fala da falta
de legitimidade da OAB para atuar como assistente de defesa de advogado réu (não existe no CPP a
figura do assistente de defesa).
3.2. Leia sobre possibilidade jurídica do pedido, rejeição (CPP, art. 395, II) ou absolvição
sumária por impossibilidade jurídica do pedido (CPP, art. 397) e criptoimputação.
3.3. O interesse de agir é absolutamente presumido, porque não há pena sem o devido processo
legal. Nesse sentido, a denúncia será rejeitada se não atender o interesse-necessidade (CPP, art. 395, I),
interesse-adequação (CPP, art. 395, II) ou interesse-utilidade (CPP, art. 395, III).
3.4. Estude a justa causa em sentido amplo: que engloba a justa causa em sentido estrito (prova
de materialidade da infração penal e indícios suficientes de autoria - mnemônico: PEC-ISA), tipicidade
penal (formal e material) e punibilidade concreta (inexistência de causa excludente ou extintiva de
punibilidade).
3.5. Leia sobre as condições específicas da ação penal, que são conhecidas como condições de
procedibilidade (antes da ação penal). Não confunda com condições de prosseguibilidade (após início
da ação penal). Exemplos: representação do ofendido (CPP, arts. 24, caput, 38 e 39), requisição do
Ministro da Justiça, anulação de casamento no crime do art. 236 do CP (ação penal privada exclusiva
personalíssima), lançamento definitivo do tributo em crimes tributários materiais (Lei nº 8.137/90, art.
1º, I a IV e Súmula Vinculante 24) etc.
Atenção! Na temática sobre condição de procedibilidade dê especial atenção ao debate suscitado
no STJ e no STF no que tange a mudança da natureza da ação penal no crime de estelionato pelo Pacote
Anticrime. Já adiantamos a controvérsia, porém sempre é bom revisar. A 3ª Seção do STJ, no
informativo 674 e a 2ª Turma do STF, no informativo 995, entenderam que o § 5º do art. 171 do CP não
tem aplicação nas ações em andamento. No entanto, recentemente (22/06/2021), a 1ª Turma do STF,
no informativo 1023, entendeu que a exigência de representação no estelionato alcança processos com
denúncia já oferecida.
3.6. Já as condições especiais da ação são algumas condições de procedibilidade previstas na
CF/88 e em diplomas extravagantes. Exemplo: autorização de 2/3 dos membros da Câmara dos
Deputados para instauração de processo criminal contra o Presidente e o Vice-Presidente da República
e Ministros de Estado (CF/88, art. 51, I), laudo pericial de constatação (preliminar ou provisório) em
caso de apreensão de drogas nos delitos da Lei nº 11.343/06, art. 50, § 1º etc.
3.7. Relembre os pressupostos processuais e não os confunda com as condições da ação. Estude
pressuposto de existência processual que se divide em investidura jurisdicional (magistrado não
impedido) e demanda (denúncia ou queixa), e pressuposto de validade processual que se divide em
subjetivo (juízo e partes) e objetivo (requisitos da denúncia – art. 41 do CPP, inexistência de coisa
julgada, litispendência e citação válida). No tema denúncia, leia sobre narração genérica e crimes
societários (veja a ementa do AgRg no REsp 1.432.770/MA, 5ª Turma do STJ).
3.8. Após esta abordagem teórica que deve ser estudada sem maiores aprofundamentos, estude a
classificação legalista das ações penais já conhecidas:
3.8.1. Ação penal pública (incondicionada e condicionada à representação). Conforme já
mencionamos na parte inicial de Processo Penal, faça uma leitura dos princípios correlacionando com
os tipos de ações. Lembre-se que a ação penal pública é regida pelo princípio da divisibilidade (STF e
STJ) e a ação penal privada é regida pelo princípio da indivisibilidade (CPP, art. 48);
3.8.2. Ação penal privada subsidiária da pública – CF/88, art. 5º, LIX e CPP, art. 29: “Será
admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.” Dica: o Ministério Público neste caso
age como assistente litisconsorcial;
3.8.3. Ação penal privada (exclusiva e personalíssima). Procure lembrar das hipóteses de ações
penais privadas, pois geralmente o examinador cobra a natureza de determinada ação penal. Trarei
alguns exemplos de ação penal privada para que você memorize e não erre na hora da prova:
3.8.3.1. Crimes contra honra, CP arts. 138 (calúnia), 139 (difamação) e 140 (injúria), regra geral;
3.8.3.2. Esbulho Possessório de propriedade particular sem emprego de violência (CP, art. 161,
II, § 3º);
3.8.3.3. Crime de dano simples (CP, art. 163, caput) e por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima (CP, art. 163, IV);
3.8.3.4. Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de
direito, desde que o fato resulte prejuízo, (CP, art. 164). Dica: esta hipótese pode vir com o nome de
“pastoreio ilegítimo ou abusivo”;
3.8.3.5. Fraude à execução (CP, art. 179);
3.8.3.6. Violação de Direito autoral sem obtenção de lucro e oferecimento ao público (CP, art.
184, caput);
3.8.3.7. Crime de exercício arbitrário das próprias razões sem violência à pessoa (CP, art. 345,
parágrafo único).
3.9. Leia sobre ação penal condenatória, não condenatória, adesiva, preventiva (CPP, art. 386,
parágrafo único, III) e secundária (exemplo: CPP, art. 24, § 2º). E estude os prazos para denúncia nos
diplomas legislativos constantes no edital.
3.10. Não deixe de estudar na ação penal privada: renúncia, decadência, perdão e perempção. Na
ação pública retratação e decadência.
Dica: A representação, nas ações penais públicas condicionadas são retratáveis enquanto não
OFERECIDA à denúncia (CPP, art. 25), diferente da Lei Maria da Penha em que só é admitida a
renúncia (aqui o legislador usou a palavra renúncia se referindo a retratação) enquanto não RECEBIDA
a denúncia, em audiência especialmente designada com tal finalidade (Cuidado: não é possível
retratação no cartório da Vara - STJ, HC 138.143/MG).
3.10.1. Dica: Em regra, o prazo decadencial é o de 6 meses, contado do dia em que vier a saber
quem é o autor do crime (CPP, art. 38), nenhuma novidade até aí. Entretanto, quero que você se atente
ao prazo decadencial nos crimes contra propriedade imaterial que deixe vestígios, pois a ciência da
autoria do fato delituoso dá ensejo ao início do prazo decadencial de 6 meses, que será reduzido para
30 dias se homologado laudo pericial nesse interim (art. 529 do CPP). Isto foi o que entendeu o STJ no
informativo 692.
3.11. Por fim, leia sobre direito sucessório no Direito Processual Penal (CPP, art. 31 e 36), famoso
“CADI”: cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (nesta ordem), recordando-se que na ação penal
privada personalíssima não há possibilidade sucessão processual, e o único exemplo no CP é o art. 236
(induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz Substituto - No curso de inquérito policial regularmente
instaurado para apurar crime de ação penal pública condicionada, e antes de seu encerramento, o
advogado regulamente constituído pelo ofendido nos autos efetua requerimento ao Delegado de Polícia
que o preside, pleiteando a realização de várias diligências. Considerando findas as investigações, e sem
a realização das diligências requeridas, a autoridade policial lança o relatório final e encaminha os autos
ao Ministério Público. Diante desse cenário, é correto afirmar: b) agiu a d. autoridade policial em
desconformidade com a lei, pois é permitido ao ofendido, ou seu representante legal, requerer diligências
para apuração ou esclarecimento dos fatos, somente podendo ser indeferidas tais providências,
motivadamente, se impertinentes ou protelatórias. (correta – CPP, art. 14. Obs: A discricionariedade do
Delegado não possui caráter absoluto, leia o art. 184 do CPP)
VUNESP - 2019 - TJ-RJ - Juiz Substituto - Oferecendo o ofendido ação penal privada
subsidiária da pública, o Ministério Público, nos exatos termos do art. 29 do CPP: d) pode aditar a queixa.
(correta - CPP, art. 29)
VUNESP - 2019 - TJ-RJ - Juiz Substituto - Nos literais e expressos termos do art. 13 do CPP,
incumbe à autoridade policial, entre outras funções: c) fornecer às autoridades judiciárias as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos. (correta – CPP, art. 13, I)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - A respeito do inquérito policial, assinale a
alternativa correta. a) Para saber qual é a autoridade policial competente para um certo inquérito policial,
utiliza-se o critério ratione loci ou ratione materiae. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - A retratação da representação, de acordo com
o art. 25 do CPP e do art. 16 da Lei no 11.340/06 (Lei Maria da Penha), respectivamente: e) é inadmitida
depois de oferecida a denúncia; só será admitida perante o juiz, antes do recebimento da denúncia.
(correta)
Jurisprudência ☐
DIA
Da ação civil. Da competência. Estudado ☐
07
Revisado ☐
Questões ☐
informativo 999). Também dê especial atenção ao art. 71 do CPP, pois em se tratando de crime
permanente ou continuado a competência firmar-se-á pela prevenção.
2.1.1. Atenção! Nos crimes contra a vida, quero que estude a teoria do esboço do resultado. Para
compreender bem esse tema, leia a ementa do HC 95.853/RJ e RHC 116.200/RJ do STJ. Em suma, trata-
se de uma exceção à teoria do resultado, podendo a competência firmar-se no local onde os atos foram
inicialmente praticados. Tal teoria já foi cobrada no MPE/GO no ano de 2014.
2.2. Atente-se à inclusão dada pela Lei nº 14.155, de 2021, tratando da competência dos crimes de
estelionato em que será do local do domicílio da vítima. É um tema que tem alta probabilidade de ser
cobrado, dada a confusão que se pode fazer com os conceitos, sem contar que é algo inédito na legislação.
Vou facilitar pra vocês:
2.2.1. Cheque falso: a competência será do local da obtenção da vantagem ilícita, CPP, art. 70 e
Súmula 48 do STJ. Quero que dê atenção para esta hipótese, pois não houve mudança;
2.2.2. Cheque sem fundo: competência será do local do domicílio da vítima. As Súmulas 244 do
STJ e 521 do STF estão superadas;
2.2.3. Cheque com pagamento frustrado: a competência será a do local do domicílio da vítima;
2.2.4. Estelionato mediante depósito ou transferência de valores: competência será o local de
domicílio da vítima. Se houver pluralidade de vítimas, se resolverá pela prevenção.
2.3. Na competência pelo domicílio ou residência do réu (regra subsidiária), não sendo conhecido
o lugar a competência será regulada pelo domicílio do réu, ou se tiver mais de uma residência, pela
prevenção. Atenção! Nas ações penais privadas o querelante pode escolher o foro de domicílio do réu,
ainda que conhecido o lugar da infração (muito cobrado este dispositivo).
2.4. Outro tema de fundamental importância é a competência nos casos de importação de droga
do exterior, via postal. Embora seja tema mais voltado para concurso federal, saiba o entendimento
atual do STJ (Informativo 698) no sentido de que a importação da droga via correio, cumulado com o
conhecimento do destinatário por meio do endereço aposto na correspondência, deverá ser processada
e julgada pelo Juízo do local de destino da droga e não da apreensão. A súmula 528 do STJ foi cancelada
pela 3ª Seção, em 23/02/2022.
2.5. Conexão e continência são modos de modificação da competência, assunto tranquilo que
demanda apenas a memorização dos nomes doutrinários e hipóteses. As provas de Delegado de Polícia
não costumam se aprofundar neste tema.
2.5.1. A conexão pode ser: intersubjetiva (pluralidade de infrações penais e sujeitos ativos) por
simultaneidade (várias pessoas reunidas cometendo duas ou mais infrações), concurso (várias pessoas
em concurso e crimes, em diferentes lugares e tempo) ou reciprocidade (umas contra as outras), objetiva
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto - Assinale a alternativa correta quanto à
competência e o seu regramento previsto no Código de Processo Penal: a) Se, iniciada a execução no
território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que
tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. (CPP, art. 70, § 1º)
VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto - A competência criminal: e) não sendo conhecido o
lugar da infração, será regulada pelo único domicílio do réu conhecido. (CPP, art. 72)
Jurisprudência ☐
DIAS Estudado ☐
Das questões e processos incidentes. Da prova.
08 e 09 Revisado ☐
Questões ☐
tema que já foi objeto de cobrança de diversas provas. Caso o delegado não se declare suspeito, não há
nulidade do inquérito policial (STF, HC 121.008/DF), porém, pode haver repercussão na esfera
administrativo-disciplinar (Discursiva de Delegado de Polícia de Sergipe). Quero que você dê especial
atenção ao informativo 704 do STJ: “A ausência de afirmação da autoridade policial de sua própria
suspeição não eiva de nulidade o processo judicial por si só, sendo necessária a demonstração do prejuízo
suportado pelo réu” (nem preciso dizer que esse é o julgado mais importante deste tema né?).
1.4. Leia sobre restituição das coisas apreendidas (arts. 118 a 124-A do CPP), em especial o art.
120 do CPP (elevada cobrança), pois o legislador está falando com você! Veja: “a restituição, quando
cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que
não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.” Perceba que há uma condicionante para que o
Delegado restitua o bem do reclamante – não pode ter dúvidas quanto ao seu direito – e é exatamente
isso que os certames cobram. Leia também o art. 123 do CPP que trata dos objetos apreendidos não
reclamados no prazo de 90 dias após o trânsito em julgado da sentença final. Nessa hipótese, a
consequência será a venda desses objetos em leilão. Por fim, observe o art. 124-A, introduzido pelo
Pacote Anticrime, que destina bens a museus públicos quando ocorrer o perdimento de obras de arte ou
outros bens de relevante valor cultural ou artístico, quando crime não possui vítima determinada.
1.5. O tema “medidas assecuratórias” é fundamental. Faça a leitura de forma muito atenta dos arts.
125 ao 144-A do CPP.
1.5.1. Para o Delegado de Polícia o tema mais importante deste capítulo é o sequestro de bens
(bens lícitos – proveito do crime), pois tem legitimidade para representar por esta medida. Obs.: se os
bens forem ilícitos a medida adequada é a busca e apreensão. Estude o pressuposto do sequestro no art.
126 do CPP e o memorize (indícios veementes da proveniência ilícita dos bens) e saiba onde está prevista
a legitimidade do delegado (art. 127, CPP - cláusula de reserva de jurisdição). Se o sequestro recair sobre
bens imóveis o fundamento é o art. 125 do CPP; se for bens móveis o fundamento é o art. 132 do CPP
(você deve memorizar estes artigos). Memorize o art. 131, I do CPP, pois se a ação penal não for
intentada no prazo de 60 dias o sequestro será levantado, contado da data da conclusão da diligência
(memorize esse prazo, sempre cobrado).
1.5.1.1. Fique atento com a recentíssima decisão do STF sobre o sequestro (AgRg 9.477/DF,
publicado no DJ em 07/02/2022): “Para a decretação da medida acautelatória, basta existirem indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens, exigindo-se a demonstração do nexo causal, a fumaça, a
probabilidade de que os bens tenham sido adquiridos com os proventos do crime (CPP, art. 126).”
1.5.1.2. Caso o Delegado queira utilizar o bem sequestrado na prestação do serviço público o
dispositivo que fundamenta o pedido é o art. 133-A do CPP.
1.5.2. Atenção, eventualmente bens lícitos (que não são proveito de crime) podem ser confiscados
(confisco por equiparação), nas hipóteses em que não forem encontrados aqueles que sejam identificados
como proveito da infração penal (que no caso caberia sequestro) ou se o bem se encontrar no estrangeiro
(art. 91, §§ 1º e 2º do CP).
1.5.3. Dica: Leia sobre sequestro de bem imóvel de família (possibilidade no caso de ter sido
adquirido como produto de crime), Lei nº 8.009/90, art. 3º, VI. Imprescindível que haja sentença penal
condenatória transitada em julgado (STJ, informativo 681).
1.6. Incidente de falsidade documental: faça a leitura dos arts. 145 a 148 do CPP (cuidado com
os prazos). Quero que tome cuidado, não há suspensão do processo e a falsidade poderá ser verificada
de ofício pelo juiz (art. 147) ou a requerimento da parte por meio de procurador com poderes especiais
(art. 146).
1.6.1. O dispositivo mais importante é o 148 do CPP, segundo o qual, qualquer que seja a
decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo penal ou civil. Doutrina diz que o
incidente só faz coisa julgada no próprio incidente, denominando de coisa julgada endoprocessual. O
recurso cabível no caso de arguição de incidente de falsidade documental é o recurso em sentido estrito
(RESE). Da decisão que reconhece a falsidade não cabe recurso (art. 145, IV do CPP).
1.6.2. Reconhecida a falsidade do documento, deve o juiz determinar seu desentranhamento,
rubricando, juntamente com o escrivão, todas as folhas do documento (art. 15 da Lei de Introdução ao
Código de Processo Penal).
1.6.3. Atente-se que caberá recurso em sentido estrito da decisão que julgar o incidente de falsidade
(CPP, art. 581, XVIII). Dica: O incidente de insanidade mental abaixo é irrecorrível.
1.7. Incidente de insanidade mental (arts. 149 a 154 do CPP). Quero que você se atente que o
Delegado de Polícia não pode instaurar de ofício tal incidente. O prazo é de 45 dias para se apresentar o
laudo (prazo impróprio).
1.7.1. Perceba que o CPP não prevê recurso contra a decisão que instaura o incidente de insanidade
(parcela da doutrina entende viável o habeas corpus).
1.7.2. Neste tema quero que fique atento às inovações jurisprudenciais:
1.7.2.1. O STJ, no informativo 675, entendeu que o reconhecimento da inimputabilidade ou semi-
imputabilidade do réu depende da prévia instauração de incidente de insanidade mental e do respectivo
exame médico-legal nele previsto, todavia entenda que o juiz não ficará adstrito (vinculado) ao laudo,
podendo aceitar as conclusões ou rejeitá-las no todo ou em parte (art. 182 do CPP);
1.7.2.2. Este incidente não é direito subjetivo do acusado, deve-se ter elementos concretos para
tanto, pois a realização do exame não é obrigatório ou automático, devendo existir dúvida razoável
acerca da higidez mental do acusado para o seu deferimento (STJ, AgRg no HC 626.142/SC);
1.7.3. Quero que fique atento para algumas situações dos arts., 151, 152 e 154:
1.7.3.1. Agente irresponsável ao tempo da infração: processo segue normalmente com a presença
de curador (ação penal preventiva e sentença penal absolutória imprópria);
1.7.3.2. Agente irresponsável após a infração: processo será suspenso até que o acusado se
reestabeleça;
1.7.3.3. Insanidade mental que sobrevier no curso da execução da pena (CPP, art. 682):
1.7.3.3.1. Doença duradoura: converte a pena privativa de liberdade em medida de segurança;
1.7.3.3.2. Doença temporária: internação em hospital penitenciário.
2. Da Prova: tema extremamente importante para o seu concurso. A leitura dos arts. 155 a 250
do CPP é imprescindível. Inicie os estudos pelos princípios da teoria geral da prova: proporcionalidade,
comunhão da prova, autorresponsabilidade das partes, oralidade, liberdade probatória, nemo tenetur se
detegere, verdade material ou substancial e vedação da prova ilícita (entenda a diferença entre prova
ilícita e ilegítima). Leia sobre a teoria racionalista da prova (STF, informativo 935).
2.1. Atente-se para os sistemas de avaliação da prova: sistema do convencimento motivado (regra
esculpida no art. 155 do CPP), sistema da íntima convicção (Tribunal do Júri) e sistema da prova tarifada.
2.2. Memorize e entenda as classificações sobre a prova: nominada, inominada, típica, atípica,
anômala, irritual, direta e indireta. Leia sobre contraditório para a prova (parte produz e apresenta a
prova) e contraditório sobre a prova (partes se manifestam sobre uma prova produzida). Saiba
diferenciar provas de elementos de informação (doutrina defende que elementos de informação são
produzidos na fase investigativa, porque o legislador usou essa terminologia no art. 155 do CPP).
2.2.1. Sobre elementos de informação especial atenção ao art. 155 do CPP, o qual prevê que o juiz
não pode fundamentar sua decisão exclusivamente em elementos de informação colhidos na
investigação, com exceção das provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Porém, entenda que a
condenação do réu deve sempre ser fundamentada em provas colhidas com respeito ao direito do
contraditório judicial, ainda que o magistrado utilize elementos informativos na formação de seu
convencimento. Relacionado a este tema o STF no HC 589.270 e o STJ no REsp 1.932.774 (decisão de
24/09/2021) entenderam que: “elementos de informação produzidos na fase investigatória, sem a
participação das partes, não podem, isoladamente, subsidiar a sentença de pronúncia (que manda o réu
ao júri popular), muito menos uma condenação.”
2.3. Estude provas cautelares, não repetíveis e antecipadas (CPP, art. 156, I). Tema muito
importante e você precisa entender bem a diferença entre elas. Leia o informativo 640 do STJ: “É cabível
RESE contra decisão que indefere a produção antecipada de prova prevista no art. 366 do CPP” e o
informativo 806 do STF: “A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente
para os fins do art. 366 do CPP.” Sobre este tema é interessante estudar a produção antecipada decorrente
do depoimento especial em caso de criança ou adolescente que tiver menos de 7 anos e em caso de
violência sexual (Lei nº 13.431/17, art. 11).
2.4. Quero que fique atento para a diferença entre meios de obtenção de prova (meios para se
conseguir a prova - extraprocessuais), meios de prova (prova em si, apresentada em juízo -
endoprocessuais), fontes de prova (refere-se às pessoas ou coisas das quais se extrai a prova) e indício
como prova indireta (todo rastro, vestígio, sinal e, em geral, todo fato conhecido, devidamente provado,
suscetível de conduzir ao conhecimento de um fato desconhecido, a ele relacionado, por meio de um
raciocínio indutivo-dedutivo - ler art. 239 do CPP) ou semiplena (elemento de prova mais tênue, menos
persuasivo. Ex: CPP, arts. 126, 312 e 413). Não confundir indício com suspeita ou desconfiança (estado
anímico, um fenômeno subjetivo, que pode até servir para desencadear as investigações, mas que de
modo algum se apresenta idôneo para fundamentar a convicção). O conceito de vestígio foi positivado
pelo Pacote Anticrime (art. 158-A, § 3º, CPP), memorize-o: “todo objeto ou material bruto, visível ou
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal.”
2.5. Estude sobre ônus probatório (art. 156 do CPP), que em regra é da acusação, porém não se
esqueça que cabe ao réu a prova da ocorrência da causa excludente da ilicitude (recorde-se da ratio
cognoscendi ou teoria da indiciariedade) ou da culpabilidade ou, até mesmo, a prova do álibi (em latim
quer dizer “em outro lugar”, é alegação utilizada pelo réu, em sua defesa, que indicaria que ele estava
em local diferente daquele em que o crime ocorreu no momento do seu cometimento. Não podendo,
dessa forma, ser o autor do delito).
2.6. Dê especial atenção ao tema da iniciativa probatória do juiz na investigação criminal
depois do advento do Pacote Anticrime (art. 156, I e II, CPP). Correlacione este tema com o que a
doutrina chama de quadros mentais paranoicos (síndrome de Dom Casmurro) e dissonância cognitiva
do juiz (tema moderno).
2.7. O art. 157 do CPP trata das provas ilícitas. Estude as teorias relacionadas ao tema: provas
ilícitas e provas ilícitas por derivação (fruits of the poisonous tree doctrine), teoria da fonte independente,
teoria da descoberta inevitável, teoria da limitação da mancha purgada, teoria da exceção da boa fé,
teoria do risco, teoria da destruição da mentira do imputado, teoria da visão aberta, teoria absolutamente
independente e teoria do encontro fortuito de provas (serendipidade). Leia também sobre a teoria do
sacrifício, calcada na proporcionalidade em vista do excepcional uso de provas ilícitas em defesa do réu.
2.7.1. Leia sobre o desentranhamento da prova ilícita (CPP, art. 157, § 3º), e a recente inclusão do
§ 5º (suspenso) que trata da descontaminação do julgado.
2.7.2. Na jurisprudência, leia o informativo 933 do STF que trata da ilicitude da prova de abertura
de carta, telegrama, pacote ou meio análogo sem autorização legal (sugiro que faça uma correlação com
violação de correspondência pelo Diretor de Presídio, art. 41 da LEP e STF, HC 70.814).
2.7.3. Leia sobre busca exploratória (caso paradigmático foi a Operação Hurricane, STF, Inquérito
2.424, informativo 584) e entenda o que vem a ser o fishing expedition, cujos exemplos são a
interceptação telefônica por prospecção e o mandado de busca e apreensão genérica. Esse tema foi
questionado na prova discursiva para DPC/MS 2022.
2.8. Leia e revise muito o tema de cadeia de custódia dos arts. 158-A a 158-F, sendo fundamental
compreender as etapas da cadeia de custódia, pois os certames públicos costumam confundir os nomes
com seus significados. Outro tema relevante que deve ser estudado é a quebra da cadeia de custódia
(break in the chain of custody) e sua consequência (tal tema, inclusive, foi objeto de cobrança da segunda
fase da prova de Delegado de Minas Gerais em 2022).
A princípio há duas correntes sobre o tema:
2.8.1. 1ª corrente: a consequência é a ilicitude da prova, com a sua exclusão, assim como das
demais provas dela derivadas;
2.8.2. 2ª corrente: a quebra da cadeia de custódia não leva, obrigatoriamente, à ilicitude ou à
ilegitimidade da prova, devendo ser analisado o caso concreto (princípio da mesmidade).
2.8.3. Atenção! Recentemente, o STJ no informativo 720, adotou a 2ª corrente e entendeu que as
irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo magistrado com todos os
elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova é confiável.
2.9. Sobre meios de provas estude com atenção:
2.9.1. Exame de corpo de delito e outras perícias (CPP, art. 158 a 184), dando especial atenção
para os seguintes temas:
2.9.1.1. Peritos oficiais ou não (STF, Súmula 361), exame de corpo de delito indireto (leia a ementa
do STJ, no AgRg no REsp 1.581.048/RS e AgRg no REsp 1.750.717/RS), materialidade no crime de
incêndio, lembrando que o crime do art. 250 do CP é de perigo concreto (STF, informativo 967).
2.9.1.2. Quero que não se esqueça! O juiz não está adstrito ao laudo produzido no processo,
podendo rejeitá-lo em todo ou em parte (art. 182 do CPP). Entretanto, deve fundamentar suas decisões
(CF/88, art. 93, IX).
2.9.2. Interrogatório, CPP arts. 185 a 196, correlacione com os princípios da ampla defesa e
contraditório, vedação à autoincriminação e paridade de armas. Lembre-se que o interrogatório é
dividido em duas partes pessoa do acusado (interrogatório de qualificação) e fatos (interrogatório de
mérito), conforme o art. 187 do CPP.
2.9.2.1. Sobre o interrogatório de qualificação: o réu não pode silenciar nesta parte. Se irrogar falsa
identidade responde pelo crime do art. 307 do CP ou se omitir dados sobre sua qualificação pode
responder pela contravenção penal do art. 68;
2.9.2.2. Importante para a atividade policial: leia o informativo 944 do STF: “É nulo o
interrogatório travestido de entrevista realizado pela autoridade policial com o investigado, durante a
busca e apreensão em sua residência, sem assistência de advogado e sem a comunicação de seus
direitos”;
Curiosidade!
Esse julgado foi resultado de uma operação da Polícia Federal de São Paulo, a qual foi instada a
se manifestar no caso junto ao STF. Na época, auxiliei a redigir a peça encaminhada ao Min. Gilmar
Mendes e apesar de todos os argumentos expendidos, a Corte entendeu que essa “entrevista” não é
válida. Confesso que durante nossa manifestação já imaginávamos que esse seria o resultado do
julgamento.
2.9.2.7. Atenção ao art. 616 do CPP: “No julgamento das apelações poderá o tribunal, câmara ou
turma proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras
diligências.”
2.10. Meio de prova relacionado à confissão (CPP, art. 197 a 200). Quero que leia confissão
simples (total e parcial) e qualificada. Saiba que a confissão é divisível/cindível e retratável (memorize
isso – art. 200, CPP). Faça correlação com a atenuante genérica (CP, art. 65, III, d).
2.10.1. Relacionado à confissão eu quero que você leia e entenda a súmula 545 do STJ: “Quando
a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante
prevista no art. 65, III, d, do Código Penal”; veja sobre confissão retratada (STJ, HC 176.405/RO e AgRg
no REsp 1.712.556/SP e divergência do STF no HC 118.375); leia a súmula 630 do STJ: “A incidência
da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento
da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”;
possibilidade de compensação da reincidência com a confissão espontânea (STJ, AgRg no HC
365.525/SP) e sobre confissão judicial imprópria.
2.11. Para os temas abaixo, sugiro a leitura dos artigos tarjando os pontos mais importantes. Farei
alguns comentários sobre os temas:
2.11.1. Ofendido (CPP, art. 201). Lembrar que este não presta compromisso de dizer a verdade e
não é contabilizado no número máximo permitido para testemunhas no processo ordinário (oito),
sumário (cinco) e sumaríssimo (três). Pode ser conduzido coercitivamente (CPP, art. 201, § 1º);
2.11.2. Testemunha (CPP, art. 202 a 225). Saiba quais prestam ou não compromisso (aquelas
ligadas à vítima prestam compromisso; as testemunhas relacionadas com o acusado não prestam -
ascendente, descendente, irmão e cônjuge). Memorize as testemunhas que podem se recusar a depor (art.
206 do CPP), testemunhas proibidas de depor (sigilatárias – art. 207 do CPP e EAOAB, art. 7º, XIX). O
art. 207 do CPP é muito cobrado, memorize-o: “São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho.” Atenção! A doutrina (Tourinho Filho) entende que as
testemunhas que não prestam compromisso não respondem pelo crime de falso testemunho (CP, art.
342).
2.11.2.1. Sobre o tema advogado e testemunha leia o informativo 967 do STF: “Advogado que
teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os documentos do caso, não pode depor
como testemunha no processo porque a conduta da parte demonstra que ela não liberou o causídico do
sigilo profissional que ele deve respeitar.”
2.11.2.2. Atente-se que forçar alguém a depor pode configurar abuso de autoridade (art. 15 da Lei
nº 13.869/19), caso haja a finalidade especial do art. 1º, § 1º. Essa interdisciplinaridade é fundamental.
2.11.2.3. Leia as diversas classificações de testemunha, costuma-se cobrar isso. Estude sobre
testemunha: direta ou de viso, indireta ou auditu, instrumental ou fedatária (muito cobrado), numerária,
extranumerária, referida, de caráter ou beatificação ou abonatória, informantes de juízo (não será
computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa), recalcitrante
ou faltosa etc.
2.11.2.3.1. As turmas criminais do STJ (5ª e 6ª), entenderam que não é cabível a pronúncia fundada
exclusivamente em testemunhos indiretos de “ouviu dizer” ou “hearsay rule.” Sobre o tema confira os
informativos 603 e 709 do STJ. Ademais, o STJ no informativo 719 entendeu que as qualificadoras do
homicídio que foram fundadas exclusivamente em depoimento indireto (hearsay testimony), na fase
inquisitorial, violam o art. 155 do CPP, sendo assim a Corte Cidadã cassou a sentença e submeteu o réu
a novo júri.
2.11.2.3.2. A 5ª Turma do STJ entendeu recentemente (01/02/2022) que a testemunha indireta
(ouvir dizer) não é apta a comprovar ocorrência de nenhum elemento do crime, portanto, não serve para
fundamentar a condenação do réu. Sendo assim, no caso concreto, o menor teria cometido ato infracional
análogo a tentativa de homicídio, entretanto nem a Polícia, nem o Ministério Público, colheram
elementos suficientes para condenação, remanescendo apenas as testemunhas indiretas, neste sentido
entendeu-se que houve a “perda de uma chance probatória” e o menor foi absolvido da acusação de
tentativa de homicídio.
2.11.2.4. Questão importante: O juiz pode condenar alguém com base em depoimento de
policiais? A resposta perpassa por três correntes, porém a majoritária entende que o depoimento do
policial é uma prova como outra qualquer, e desde que o juiz fundamente a sua decisão, ela pode ser
condenatória (a título de curiosidade, este é o enunciado da Súmula 70 do TJ/RJ).
2.11.2.5. Estude o sistema presidencialista (presente no Tribunal do Júri) e o sistema de inquirição
direta que se divide em direct examination (parte que arrolou faz pergunta diretamente para a
testemunha) e cross examination (parte contrária é que formula as perguntas diretamente para a
testemunha). O art. 212 do CPP adotou o sistema de inquirição direta (não passa pelo juiz) de exame
cruzado (cross examination), mas permite que o juiz também faça perguntas (art. 212, parágrafo único).
2.11.2.5.1. Por isso, alguns dizem que este sistema adotado é mitigado. Sobre a questão do juiz
tomar o protagonismo da audiência leia os informativos 980 e 1012 do STF (Suprema Corte entendeu
que não cabe ao juiz esse protagonismo, devendo apenas complementar a inquirição sobre os pontos não
esclarecidos, sob pena de nulidade relativa, embora haja divergência na doutrina). Leia também os
informativos 625 e 712 do STJ (caso o juiz seja “duro” ou tenha “firmeza” na condução da audiência
não há quebra de imparcialidade).
informativo 711 do STJ: “É possível a juntada de documentos novos, quando destinados a fazer prova
de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.”
2.11.5. Memorize o art. 239 que traz o conceito de indício, sabendo diferenciá-lo de convicção.
Saiba que prova é o indício ou o conjunto de indícios capazes de autorizar a convicção de que um
fato existe, existiu ou existirá.
2.12. Um dos temas mais importantes é a busca e apreensão, prevista nos arts. 240 a 250. O
conhecimento desses dispositivos é fundamental não só para a sua prova, mas também para a sua futura
carreira como Delegado de Polícia. Comece estudando as modalidades de busca, que podem ser pessoal
ou domiciliar (CPP, art. 240).
2.12.1. Sobre busca e apreensão leia o informativo 711 do STJ: “A busca e apreensão de bens em
interior de veículo é legal e inerente ao dever de fiscalização regular da PRF, em se tratando do flagrante
de transporte de vultosa quantia em dinheiro e não tendo o investigado logrado justificar o motivo de tal
conduta.”
2.12.2. Entenda o significado “fundadas razões” do § 1º do art. 240 do CPP e qual sua diferença
de “fundada suspeita” do art. 240, § 2º, e 244, ambos do CPP. Estude-os com calma.
2.12.2.1. Atenção! O STJ, na edição 185 da Jurisprudência em Teses, assim decidiu sobre busca e
apreensão: “11) A busca e apreensão é medida cautelar real, assim, diferentemente das cautelares
pessoais, independe, para sua concessão, da comprovação do requisito da contemporaneidade dos
fatos introduzido pelo Pacote Anticrime no § 1º do art. 315 do CPP.”
2.12.3. Muito importante! Leia o paradigmático julgado do STF no RE 603.616/RO
(Informativo 806): “A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em
período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados.”
2.12.4. Sobre o tema de busca e apreensão e invasão de domicílio quero que você dê especial
atenção aos informativos abaixo relacionados:
2.12.4.1. STJ - julgados em que não foi autorizada a busca em domicílio: HC 611.918/SP, RHC
126.092/SP, HC 566.818/RJ, HC 561.360/SP, HC 89.853/SP, HC 586.474/SC, HC 435.465/SP, HC
415.332/SP, AgRg no REsp 1.865.363/SP, HC 611.918/SP e HC 660.841/SP;
2.12.4.2. STJ - julgados em que foi autorizada a busca em domicílio: HC 588.445/SC (informativo
678), HC 423.838/SP, HC 659.527/SP e HC 598.051/SP (atenção que este julgado do STJ foi anulado
pelo STF no RE 1.342.077/SP, julgado em 02/12/2021 – essencial a leitura – é o caso em que o STJ
entendeu que as operações deveriam ser registradas em áudio-vídeo quando do ingresso domiciliar e o
STF anulou esse entendimento).
Atenção!!!
Achou complicado eu colocar somente os julgados? Não se preocupe! Fiz uma compilação
detalhada de cada um dos temas acima relacionados no blog. Acesse: https://eduardofontes.com/analise-
das-decisoes-do-stj-acerca-da-inviolabilidade-domiciliar/
2.12.4.3. Nos temas acima tratados leia a sátira feita pela comunidade jurídica acerca dos julgados
do STJ, dando o nome de “paradoxo dos sentidos” ou “teoria da prevalência dos cincos sentidos
humanos”, pois há algumas decisões que parecem conflitar ontologicamente, já que em uma decisão o
STJ validou ingresso na residência quando o policial sente forte odor da droga, aliado ao nervosismo
do agente e em outro invalidou a entrada em domicílio no caso em que o agente visualizou a droga
sendo manipulada no interior da residência.
2.12.4.4. Recentemente (03/02/2022), o STF na ADPF 635, determinou uma série de exigências à
segurança pública no Rio de Janeiro, em especial a instalação de câmeras e gravadores nas fardas e
viaturas policiais; a elaboração de um plano para a redução da letalidade policial e regras que devem ser
observadas pelos agentes de segurança pública em buscas domiciliares.
2.12.4.5. O STJ (HC 674.139/SP, julgado em 15/02/2022 - Informativo 725) entendeu que: “A
indução do morador a erro na autorização do ingresso em domicílio macula a validade da manifestação
de vontade e, por consequência, contamina toda a busca e apreensão.” Veja este outro trecho do julgado:
“Partindo dessa premissa, isto é, de que a autorização foi obtida mediante indução do acusado a erro
pelos policiais militares, não pode ser considerada válida a apreensão das drogas, porquanto viciada a
manifestação volitiva do paciente. (...) A descoberta a posteriori de uma situação de flagrante decorreu
de ingresso ilícito na moradia do acusado, em violação a norma constitucional que consagra direito
fundamental à inviolabilidade do domicílio, o que torna imprestável, no caso concreto, a prova
ilicitamente obtida e, por conseguinte, todos os atos dela decorrentes - relativa ao delito descrito no art.
33 da Lei n. 11.343/2006 -, porque apoiada exclusivamente nessa diligência policial.”
2.12.5. Estude standarts probatórios e modelos de constatação (prova além de qualquer dúvida
razoável e preponderância de prova). Tema atual e que foi objeto de cobrança de provas dissertativas.
2.12.6. Leia sobre a possibilidade de busca e apreensão nas dependências da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal, que poderá ser decretada por juízo de 1ª instância se o investigado não
for congressista e sobre o tema correlacionado – duplo juízo de validade de uma mesma prova –
citado no informativo 945 do STF (recomendo a leitura da versão completa no site do Dizer o Direito).
2.12.7. Correlacione estes temas com o art. 22 da Lei nº 13.869/2019 (abuso de autoridade) e com
os assuntos já adiantados, busca exploratória e fishing expedition (na Alemanha – Efeito Hidra).
2.12.8. Estude sobre a desnecessidade de mandado para busca pessoal (STJ, HC 216.437/DF) e
para busca em veículo (STF, informativo 843), e ilicitude da revista pessoal por agente de segurança
privada (STJ, informativo 651). E sobre o tema entenda que é válida a autorização expressa para busca e
apreensão em sede de empresa investigada dada por pessoa que age como sua representante, diante disso,
o STJ afirmou que deveria ser aplicada, no caso concreto, a teoria da aparência (STJ, informativo 690).
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto - Assinale a alternativa correta, nos termos
do quanto previsto no Código de Processo Penal. a) A arguição de suspeição manifestamente
improcedente deverá ser rejeitada liminarmente pelo juiz ou relator, independentemente de prévio
contraditório. (correta – CPP, art. 100, § 2º)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - A respeito da prova, é correto afirmar: e)
elemento de prova é o dado bruto que se extrai da fonte da prova, ainda não valorado pelo juiz. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - No que se refere à prova testemunhal, assinale
a alternativa correta. b) É característica do testemunho a sua objetividade, isto é, a testemunha, como
regra geral, depõe sobre fatos percebidos pelos seus sentidos, sem emissão de juízos de valor ou opinião
pessoal. (correta – CPP, art. 213)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Caio está sendo processado criminalmente pela
prática de crime de furto e em sua resposta alega ser improcedente a acusação, uma vez que discute na
seara cível, em ação por ele proposta, a ilegitimidade da posse da res pela suposta vítima. Considerando
a situação retratada, assinale a alternativa correta. c) O juiz criminal pode resolver, incidenter tantum, a
questão da posse sem que seja necessária a suspensão da ação penal. (correta - CPP, art. 93)
Jurisprudência ☐
Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos
DIAS Estudado ☐
Assistentes e Auxiliares da Justiça. Da prisão, das medidas
10 e 11 Revisado ☐
cautelares e da liberdade provisória.
Questões ☐
1.1. Capítulo I, “Do Juiz”, os temas mais importantes neste tópico são impedimento e suspeição.
Estude com atenção o art. 252 que trata das hipóteses de impedimento e art. 254 que trata das hipóteses
de suspeição. Também leia com atenção o art. 255 e 256 do CPP. Atenção para algumas dicas:
1.1.1. As hipóteses de impedimento geram a inexistência do ato, são elementos endógenos
(ocorrem dentro do processo), o rol é taxativo e objetivo. O impedimento é causa de incapacidade
objetiva do juiz.
1.1.2. A suspeição gera nulidade absoluta, o rol é exemplificativo, os elementos são exógenos
(fora do processo) e é causa de incapacidade subjetiva do juiz.
1.1.3. Atente-se para a incompatibilidade que se refere a situações de foro íntimo. Não estão
elencadas nos arts. 252 e 254 do CPP, porém é possível que o juiz se afaste do processo sem a
necessidade de justificativa, bastando alegar motivo de foro íntimo.
1.1.4. Neste tema, leia ainda poderes de polícia (administrativo), poderes jurisdicionais,
prerrogativas, garantias da magistratura e vedação (CF/88, 95, parágrafo único).
1.1.5. Sobre quebra de imparcialidade do juiz veja o informativo 712 do STJ: “A firmeza do
magistrado presidente na condução do julgamento não acarreta, necessariamente, a quebra da
imparcialidade dos jurados.”
1.2. Sobre o Ministério Público, leia os arts. 257 e 258 do CPP. Entenda sua estrutura e
funcionamento e correlacione com o estudo já mencionado no Direito Constitucional. Os impedimentos
e suspeições são os mesmos que os dos magistrados. Leia a Súmula 234 do STJ: “A participação de
membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou
suspeição para o oferecimento da denúncia.”
1.3. Em relação ao acusado leia os arts. 259 a 267 do CPP. Sem dúvidas o artigo mais importante
é o 260 do CPP, pois o STF declarou que a expressão “para o interrogatório” prevista neste dispositivo
não foi recepcionada pela Constituição Federal. Assim, não se pode fazer a condução coercitiva do
investigado ou réu com o objetivo de submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos. (STF, ADPF 395/DF
e ADPF 444/DF). Dica: É possível a condução coercitiva da vítima ou testemunha.
1.3.1. Atenção neste tema (condução coercitiva), ao art. 10 da Lei 13.869/2019 (Abuso de
Autoridade): “Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida
ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.” Repare que o tipo legal não menciona réu (processo) nem vítima (fique atento).
1.4. Sobre o defensor dê atenção aos arts. 261: “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido,
será processado ou julgado sem defensor”, 265 e 266 do CPP. Memorize a pena de multa de 10 a 100
salário mínimos ao defensor que abandona o processo e, neste tema, veja o informativo 933 do STF:
“É constitucional a multa imposta ao defensor por abandono do processo, prevista no art. 265 do CPP”,
leia também o informativo 648 do STJ: “Juiz pode designar Defensor Público para réu hipossuficiente
mesmo sem sua prévia solicitação.”
1.5. Assistente de acusação. Faça a leitura dos arts. 268 a 273 do CPP. Trata-se de atuação do
ofendido ou seu representante legal. Atenção! Após o advento do Pacote Anticrime seria possível a
admissão de assistente técnico para acompanhar a produção de perícia, pois consta no rol de atribuições
do juiz das garantias (CPP, art. § 3º-B, XVI), antes não se cogitava a participação do assistente de defesa
no inquérito policial. Lembre-se, não existe assistente de defesa no processo penal (STJ, informativo
675).
1.5.1. Atenção a dois artigos que reputo importante, art. 270: “O co-réu no mesmo processo não
poderá intervir como assistente do Ministério Público” e art. 273: “Do despacho que admitir, ou não, o
assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão.”
1.6. Lei sobre os peritos e intérpretes nos arts. 275 a 281. Atente-se que é o juiz que nomeia o
perito, não as partes (CPP, art. 276), o perito pode ser conduzido coercitivamente (CPP, art. 278) e as
hipóteses em que não se pode ser perito do art. 279.
2. Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória: Tema de fundamental
importância. Você como Delegado de Polícia deve saber minuciosamente tudo que envolve o assunto
prisão, tanto para os certames públicos como para carreira policial. Leia com muita atenção os arts. 282
a 350 do CPP.
2.1. Sobre prisão em flagrante entenda que a doutrina a divide em quatro momentos distintos:
captura, condução, lavratura do auto de prisão em flagrante e recolhimento ao cárcere. Estude com calma
e faça a correlação com o art. 18 da Lei nº 13.869/19 (Abuso de Autoridade).
2.1.1. Estude os tipos de flagrante: facultativo ou compulsório (CPP, art. 301). Leia a problemática
Súmula 397 do STF. Estude o momento e lugar da prisão (CPP, art. 283, § 2º), entendendo que o
flagrante delito é uma das hipóteses que autorizam a entrada forçada em domicílio (CF/88, art. 5º, XI).
Atenção para as autoridades que não podem se presas em flagrante: diplomatas (Decreto nº 56.435/65,
art. 29), Presidente da República no exercício do mandato (CF/88, art. 86, § 3º) e atenção aos que só
podem ser presos por crime inafiançável: congressistas (CF/88, art. 53, § 1º), magistrados (LC mº 35/79,
art. 33, II), membros do Ministério Público (LC nº 75/93, art. 18, II, d e Lei nº 8.625/93, art. 40, III) e
advogados por crimes ligados à advocacia (Lei nº 8.906/94, art. 7º, IV, e § 3º).
2.1.2. Estude as espécies de flagrante (CPP, art. 302): próprio ou real (está cometendo ou acaba de
cometê-la), impróprio ou irreal (sujeito é perseguido, logo após) e ficta ou presumida (sujeito é
encontrado logo depois), preparado ou provocado, forjado ou fabricado, esperado, diferido ou retardado
(não confundir com ação controlada), fracionado ou flagrante obtuso (crimes continuados),
criptoflagrante e prisão autofágica.
2.1.2.1. Leia os informativos do STJ, 583: “Nulidade da extração, sem prévia autorização judicial,
de dados e de conversas registradas no Whatsapp”, 593: “É necessária prévia autorização judicial para
que a autoridade policial possa ter acesso ao Whatsapp da pessoa que foi presa em flagrante delito” e
617: “Mesmo sem autorização judicial, polícia pode acessar conversas do Whatsapp da vítima morta,
cujo celular foi entregue pela sua esposa.”
2.1.3. Leia sobre auto de prisão em flagrante (APF) e seus prazos, nota de culpa, nota de ciência
de garantias constitucionais e as comunicações da prisão em flagrante. Aqui você deve ter muita atenção
ao art. 306 do CPP (não caia em pegadinhas), a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
serão comunicadas imediatamente ao juiz competente, ao M.P. e a à família do preso ou à pessoa pode
ele indicada. O APF será encaminhado em 24h após a realização da prisão (§ 1º) e em 24h será entregue
ao preso, mediante recibo, a nota de culpa. Correlacione este tema com o art. 12 da Lei nº 13.869/19
(Abuso de Autoridade), interdisciplinariedade de suma importância para seu estudo.
2.1.4. Ainda sobre prisão em flagrante, entenda a severa crítica da comunidade jurídica sobre a
interpretação do STF no inquérito 4.781/DF para prender em flagrante o Deputado Federal Daniel
Silveira, entendendo-se que o parlamentar estava cometendo crime enquanto o vídeo publicado por ele
na rede mundial de computadores estivesse disponível e sendo visualizado (espécie de crime permanente
ao arrepio da doutrina). O Ministro Alexandre de Moraes expediu mandado de prisão para que se
prendesse em flagrante o Deputado, algo bastante incomum.
2.2. Dê especial atenção às inovações trazidas pelo Pacote Anticrime, pois certamente serão
cobradas, juntamente com a jurisprudência recente sobre o tema. Leia com muita atenção os arts. 282 e
311 do CPP, pois foi retirado o trecho “de ofício” destes dispositivos legais, de forma que não é mais
possível que o juiz decrete de ofício prisão preventiva. Entretanto, é importante frisar que o fato de o
magistrado não poder “decretar” a prisão preventiva não significa que ele não o poderá fazer de ofício
nos casos de “revogação”, “substituição” ou “redecretação”, é o que dispõe o art. 282, § 5º do CPP.
2.2.1. O STJ (RHC 145.225/RO, julgado em 15/02/2022 - Informativo 725), entendeu que: “A
determinação do magistrado pela cautelar máxima (prisão preventiva), em sentido diverso do requerido
pelo Ministério Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como
atuação ex officio.” Foi salientado no julgado que: “a decisão que decreta a prisão preventiva, desde que
precedida da necessária e prévia provocação do Ministério Público, formalmente dirigida ao Poder
Judiciário, mesmo que o magistrado decida pela cautelar pessoal máxima, por entender que apenas
medidas alternativas seriam insuficientes para garantia da ordem pública, não deve ser considerada como
de ofício.”
2.2.2. Veja este outro julgado do STF (HC 203.208 AgR, julgado em 30/08/2021): “Prisão
preventiva decretada a pedido do Ministério Público, que, posteriormente requer a sua revogação.
Alegação de que o magistrado está obrigado a revogar a prisão a pedido do Ministério Público. 4. Muito
embora o juiz não possa decretar a prisão de ofício, o julgador não está vinculado a pedido formulado
pelo Ministério Público. 5. Após decretar a prisão a pedido do Ministério Público, o magistrado não é
obrigado a revogá-la, quando novamente requerido pelo Parquet.”
2.2.2. Sobre a prisão preventiva quero que se atente aos arts. 311 a 316 do CPP e leia muitas
vezes para sedimentar o tema. Memorize os pressupostos: fumus commissi delicti – prova de existência
do crime e indícios suficientes de autoria (CPP, art. 312) - e o periculum libertatis que se traduz nos
fatos contemporâneos (CPP, art. 312, § 2º) e no perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado
que estão relacionados às hipóteses de cabimento (CPP, art. 312, primeira parte): garantia da ordem
pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e assegurar a aplicação da lei
penal. Quanto aos requisitos, memorize as condições de admissibilidade dos incisos do art. 313 do CPP.
2.2.2.1. Observe-se que os pressupostos (fumus commissi delicti e periculum libertatis) dos são
cumulativos, devendo ser fundamentada a prisão preventiva em uma ou mais das hipóteses de cabimento,
enquanto as condições de admissibilidade são requisitos alternativos podendo o intérprete fundamentar
em um ou mais incisos a depender do caso concreto.
2.2.3. Leia o informativo 686 do STJ e observe que a Corte pacificou (depois de alguma
divergência) que não é mais possível a conversão ex officio da prisão em flagrante em prisão preventiva
e, recentemente, entendeu que não há em que se falar em prisão de ofício quando o juiz, ao apreciar
representação de prisão temporária, adapta a cautelar para prisão preventiva (STJ, AgRg no HC
620.474/PR), e ainda se atente que a 5ª Turma do STJ no AgRg no RHC 136.708/MS, decidiu que o
vício decorrente da conversão de ofício da prisão em flagrante em preventiva é suprido pela posterior
representação da autoridade policial ou pela concordância do Ministério Público (espécie de
convalidação).
2.2.4. Por fim, leia sobre a revisão periódica ou nonagesimal do parágrafo único do art. 316 do
CPP. Aqui é muito importante entender a decisão do Ministro Marco Aurélio no HC 191.836/SP e a
suspensão de liminar 1.395 do presidente do STF, Ministro Luiz Fux. Leia a tese de repercussão geral
no informativo 995 do STF, do qual se extrai que a inobservância do prazo de 90 dias do art. 316,
parágrafo único do CPP não implica revogação automática da prisão preventiva. Atente-se para o tema
correlato em que decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão (apenas àquele que
decreto a cautelar) revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal (STJ, HC 589.544 e HC 569.701).
2.2.5. Leia a jurisprudência em teses do STJ sobre prisão preventiva, mas cuidado com as
inovações e entendimentos jurisprudenciais recentes. Exemplo de tese: “a citação por edital do acusado
não constitui fundamento idôneo para a decretação da prisão preventiva, uma vez que a sua não
localização não gera presunção de fuga.” Foi objeto de cobrança da prova de Delegado de Polícia do
Paraná em 2021.
2.3. Sobre prisão temporária falarei em tópico próprio (Lei nº 7.960, de 1989).
2.4. No tema liberdade você precisa estudar liberdade provisória (ausência de motivos para
decretação da prisão preventiva – art. 321 do CPP), relaxamento da prisão (ilegalidade) e revogação
da prisão (ausência de motivos). Saiba da discussão doutrinária a respeito da inclusão do § 2º do art.
310 do CPP – prisão ex lege (por força da lei), memorizando as hipóteses em que o juiz deverá denegar
a liberdade provisória para: agente reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia,
ou que porta arma de fogo de uso restrito (atenção, pois o legislador não trata do calibre proibido). Leia
também sobre a inconstitucionalidade de previsão legal que obriga a manutenção da prisão cautelar de
flagranteados com base na gravidade abstrata do delito (STF, HC 104.339/SP e ADI 3.137).
2.4.1. Atenção para os casos em que a liberdade provisória é obrigatória: infrações de menor
potencial ofensivo (art. 69 da Lei 9.099/95), porte de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei
11.343/06) e para o caso em que o indivíduo cometer um crime de trânsito e socorrer a vítima (não se
imporá prisão em flagrante nem se exigirá fiança, sendo caso de liberdade provisória obrigatória - Lei
nº 9503/1997, art. 301).
2.5. Leia sobre audiência de custódia, no art. 310, caput e §§ 3º e 4º (dispositivo do CPP está
suspenso por liminar do Ministro Luiz Fux). Entenda a historicidade do instituto (Resolução 213/2015
do CNJ). Leia o informativo 994 do STF: “A audiência de custódia constitui direito público subjetivo,
de caráter fundamental” e a Resolução 221/2020 do CNMP. Conforme já explanado, recorde-se da
divergência acerca da possibilidade ou não de videoconferência nas audiências de custódia, lembrando
que o Pacote Anticrime vedou (CPP, art. 3º-B, § 1º). O STJ entendeu não ser possível (Informativo 663)
e o STF analisando o artigo que veda tal possibilidade (CPP, art. 3º-B, § 1º), por meio de liminar, validou
a videoconferência nas audiências de custódia (ADI 6.841). Tema polêmico com várias divergências,
por isso é preciso se atentar para o comando da questão (STF ou lei).
2.5.1. Sobre audiência de custódia memorize que o juiz não adentra ao mérito da causa (só analisa
aspectos formais) e é vedada a presença dos agentes policiais responsáveis pela prisão ou pela
investigação durante esse ato. Leia sobre o Protocolo de Istambul e o informativo 714 do STJ: “Não se
mostra razoável, para a realização da audiência de custódia, determinar o retorno de investigado à
localidade em que ocorreu a prisão quando este já tenha sido transferido para a comarca em que se
realizou a busca e apreensão.”
2.5.2. Por fim, quero que se atente aos seguintes temas:
2.5.2.1. Discussão doutrinária do prazo para a realização da audiência de custódia 24 ou 48 horas;
2.5.2.2. Entendimento do qual a não realização de audiência de custódia no prazo legal fica
superada com a conversão do flagrante em prisão preventiva (STJ, HC 444.252/MG);
2.5.2.3. Decisão proferida em audiência de custódia reconhecendo a atipicidade do fato não faz
coisa julgada (STF, informativo 917);
2.5.2.4. Audiência de custódia deve ser realizada em todos os tipos de prisão (STF, AgRg na Rcl
29.303/RJ)/
2.5.2.5. Se o magistrado deixar de realizar a audiência de custódia e não apresentar uma motivação
idônea para essa conduta, ele estará sujeito à tríplice responsabilidade, nos termos do art. 310, § 3º do
CPP (STF, informativo 994);
2.5.2.6. A superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento não torna superada
a alegação de ausência de audiência de custódia (STF, informativo 1036). Obs.: Dois Ministros votaram
no sentido de que a alegação de ausência da audiência de custódia estaria superada (Nunes Marques e
Edson Fachin) e outros dois Ministros votaram no sentido de que a alegação não estaria superada mesmo
já tendo sido realizada a audiência de instrução (Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski). Diante do
empate, a 2ª Turma concedeu parcialmente a ordem de habeas corpus e determinou ao juiz que realizasse
a audiência de custódia, no prazo de 24 horas, a contar da comunicação do julgamento.
2.6. Sobre prisão domiciliar, estude as hipóteses do art. 318 do CPP com bastante atenção,
costuma-se cobrar confundindo-se com as hipóteses da prisão domiciliar da Lei de Execuções Penais
(art. 117), portanto uma tabela neste tema é fundamental. Por exemplo, preciso que você memorize que
o maior de 80 anos é que poderá ter sua prisão preventiva substituída por domiciliar (geralmente é isto
que cai). Também se atente que as previsões do art. 318 do CPP sobre prisão domiciliar de gestante
(inciso IV) só se aplicam no caso de prisão preventiva (STF, HC 177.164).
2.6.1. Atenção para as inclusões da Lei nº 13.257/2016 e da Lei nº 13.769/2018, são estas
inovações legislativas que costumam ser cobradas. Sugiro a leitura do informativo 891 do STF
completo, no Dizer o Direito, o tema foi muito bem trabalhado. Quero que se atente que os incisos do
art. 318-A traz duas ressalvas em que não se aplica a substituição da preventiva em domiciliar (crime
sem violência ou grave ameaça e não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente), entretanto
há mais uma hipótese que foi aventada apenas no julgado que deu ensejo a inovação legislativa, que é:
“em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes
que denegarem o benefício”, de modo que o juiz pode se valer desse precedente também (leia o
informativo 953 e o HC 470.549/TO do STF).
2.6.2. Correlacione este tema da prisão domiciliar da mulher gestante ou mãe do art. 318-A do
CPP com o tema de Direito Constitucional sobre o excepcional uso de habeas corpus coletivo (STF, HC
143.641/SP) e Regras de Bangkok (cereja do bolo para provas dissertativas).
2.7. Medidas Cautelares em Espécie estão previstas no art. 319 do CPP. Leia e entenda a
finalidade de cada uma. Dica: é cabível RESE para decisões que revoguem medida cautelar diversa da
prisão, o STJ no informativo 596 realizou interpretação extensiva do art. 581, V do CPP. Quero que se
ao informativo 984 do STF: “O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares
de natureza criminal diversas da prisão. Isso porque, se descumprida a ‘medida alternativa’, é possível
o estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir e vir.” Este tema deve ser estudado em
conjunto com a Lei de Execuções Penais.
2.7.1. Estude sobre o poder geral de cautela do magistrado (STJ, HC 469.453/SP): “Além do mais,
por força do poder geral de cautela, de forma excepcional e motivada, não há óbice ao magistrado impor
ao investigado ou acusado medida cautelar atípica, a fim de evitar a prisão preventiva.” Leia também o
informativo 677 do STJ que trata da fixação de astreintes em desfavor de terceiros, não participantes do
processo, pela demora ou não cumprimento de ordem emanada do Juízo Criminal. Colaciono um trecho
muito importante deste informativo para melhor entendimento: “O poder geral de cautela do processo
civil também pode ser aplicado, em regra, ao processo penal. O emprego de cautelares inominadas só é
proibido no processo penal se atingir a liberdade de ir e vir do indivíduo.” Atenção! Há quem defenda
que não existe poder geral de cautela no processo penal (doutrina clássica).
2.7.2. Atenção ao informativo 981 do STF: “o STF pode impor a Deputado Federal ou Senador
qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir,
direta ou indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara
ou o Senado poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário.
Aplica-se, por analogia, a regra do § 2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas
da prisão.”
2.7.3 Quero que memorize o inciso VI do art. 319 do CPP (afastamento cautelar de servidor
público): “suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais”. Muito
importante para eventuais questões envolvendo casos práticos.
2.8. Fiança é um dos temas mais importantes deste dia, será algo utilizado por você Delegado de
Polícia no seu cotidiano. Comece lendo sobre a finalidade da fiança (assegurar a liberdade provisória do
indiciado ou réu, durante o transcurso da persecutio criminis) e a discussão doutrinária do uso do termo
de medida cautelar ou contracautela. Quero que leia também sobre direito subjetivo do suposto infrator
e poder-dever da autoridade policial. Atente-se que a fiança pode ser imposta cumulativamente com
outras medidas diversas da prisão (CPP, art. 319, § 4º).
2.8.1. Leia as hipóteses, requisitos e prazos para aplicação da fiança (você deve memorizar) pelo
Delegado de Polícia (pena privativa de liberdade máxima não superior a 4 anos, 1 a 100 salários-
mínimos, reduzir de até 2/3 ou aumentar em até 1000 vezes) e pelo Juiz (pena privativa de liberdade
acima de 4 anos, 10 a 200 salários-mínimos, dispensar a fiança, reduzir de até 2/3 ou aumentar de 1000
vezes). Estude um tema pouco debatido na doutrina, porém muito importante, sobre o Delegado de
Polícia levar em consideração a existência de concurso de crimes e causas de aumentos e diminuição de
pena se valendo do princípio da proporcionalidade para arbitrar a fiança. Lembre-se, na Lei nº 11.340/06
somente o juiz pode conceder fiança (art. 24-A, § 2º). E no Código de Defesa do Consumidor a
sistemática é diferente (CDC, art. 79).
2.8.2. Quero que você estude as hipóteses de inafiançabilidade absoluta (CPP, art. 323), que são
os crimes inafiançáveis (mnemônico: 3TH e RACAO) e inafiançabilidade relativa (CPP, art. 324 do
CPP), dê especial atenção para a hipótese de inafiançabilidade relativa quando presentes os requisitos
da prisão preventiva (CPP, art. 324, IV), pois houve grande celeuma sobre a aplicação deste dispositivo
pelo STF, o qual o nominou de “inafiançabilidade no caso concreto”, tese construída para prender em
flagrante congressistas (pois só podem ser presos por crimes inafiançáveis – CF/88, art. 53, § 2º). Sobre
este tema leia os julgados envolvendo o Senador Delcídio do Amaral (Ação Cautelar 4036) e o Deputado
Federal Daniel Silveira (Informativo 1006 – inquérito 4.781/DF, ambos do STF).
2.8.2. Não deixe de estudar o reforço de fiança previsto no art. 340 do CPP (fiança insuficiente,
depreciação material, perecimento dos bens hipotecados, depreciação dos metais ou pedras preciosas e
inovação da classificação do delito), quebramento (obrigações processuais do art. 327 e 328 do CPP –
perda da metade do valor), cassação do art. 338 e 339 do CPP e perda (valor total) da fiança no art. 344
do CPP (condenando não se apresenta para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta).
Procure entender e memorizar cada uma das hipóteses.
2.8.3. Por fim, leia sobre as modalidades de fiança (depósito ou hipoteca) e a sua execução
promovida no juízo cível pelo órgão do Ministério Público (CPP, art. 348).
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2019 - TJ-RJ - Juiz Substituto - A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou
que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão
domiciliar, desde que: d) não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa e não tenha
cometido o crime contra seu filho ou dependente. (correta – CPP, art. 318-A e incisos)
VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto - Em relação à fiança, assinale a alternativa
correta. d) Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado descumprir medida cautelar imposta
cumulativamente com a fiança. (correta - CPP, art. 341, III)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - A prisão temporária é cabível: a) quando
imprescindível para as investigações do inquérito policial nos crimes, entre outros, de latrocínio e
epidemia com resultado morte, pelo prazo de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade. (correta – Lei nº 7.960/89, art. 1º, I e III, alíneas “c” e “i”; e Lei nº
8.072/90, art. 2º, § 4º)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Em relação à prisão em flagrante, assinale a
alternativa correta. d) A atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade policial
do local em que ocorrer a prisão-captura, mesmo que esta se dê em local diverso do da prática do crime.
(correta – CPP, art. 290)
VUNESP - 2018 - TJ-RS - Juiz de Direito Substituto - Sobre prisão e medidas cautelares, é
correto afirmar: b) a falta de exibição do mandado não obsta a prisão se a infração for inafiançável.
(correta - CPP, art. 287: “Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a
prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado,
para a realização de audiência de custódia. Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Jurisprudência ☐
Das citações e intimações. Da sentença. Dos processos em
DIAS Estudado ☐
espécie. Das nulidades e dos recursos em geral. Disposições
12, 13 e 14 Revisado ☐
gerais.
Questões ☐
ou até que seja extinta a punibilidade pela prescrição” e o informativo 1001 do STF: “No caso do art.
366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de prescrição da pena máxima em abstrato
cominada ao crime (não é eterno).” Leia também sobre a antecipação de provas no caso de policial
militar (STJ, informativo 595 e STF, HC 135.386); que o simples fato de o acusado não ter sido
encontrado não é motivo para prisão preventiva, pois não se presume a fuga (STF, RHC 127.007) e o
informativo 640 do STJ: “É cabível RESE contra decisão que indefere a produção antecipada de prova
prevista no art. 366 do CPP.”
1.1.2. Sobre o tema, não deixe de ler as súmulas do STJ, enunciados 415: “O período de suspensão
do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada” e 455: “A decisão que determina a
produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não
a justificando unicamente o mero decurso do tempo.”
1.1.3. O art. 368 do CPP, citação por rogatória, foi objeto do informativo 691 do STJ, sugiro a
leitura: “Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo prescricional ficará
suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional voltará a correr antes mesmo que a
carta seja juntada aos autos.”, sobre este tema leia a Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-
se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de
ordem.”
1.2. Sobre intimação faça a leitura dos arts. 370 a 372 do CPP e entenda as formas de intimação
de cada ator da persecução penal, exemplo: Ministério Público – ciência pessoal (CPP, art. 370, LC nº
75/93, art. 18 e Lei nº 8.625/93, art. 41, IV), Defensoria Pública – ciência pessoal.
1.2.1. Neste tema, leia o informativo 611 do STJ: “O termo inicial da contagem do prazo para
impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição
administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em
cartório ou por mandado” e 715 do STF (é no mesmo sentido o informativo 611 do STJ): “A intimação
da Defensoria somente se aperfeiçoa com a remessa dos autos mesmo que o Defensor esteja presente na
audiência na qual foi proferida a decisão.”
2. Da Sentença: Leia os arts. 381 a 392 do CPP. Atente-se para a estrutura e classificações das
sentenças: simples, subjetivamente plúrima (órgãos colegiados), subjetivamente complexa (vários
órgãos – Tribunal do Júri), autofágica (reconhece a imputação, mas extingue a punibilidade), vazia (sem
fundamentação), suicida ou incoerente (dissonância entre dispositivo e fundamentação) e sentença
absolutória imprópria. Leia sobre princípio da correlação ou congruência - a sentença não poderá
condenar o acusado por fatos não narrados na denúncia ou queixa, sob pena de incorrer em decisão ultra
ou extra petita, sendo isso causa de nulidade absoluta e, também leia, sobre o princípio da identidade
física do juiz (CPP, art. 399, § 2º).
2.1. Os temas mais importantes deste tópico são emendatio libelli (art. 383 do CPP – tipificação
diferente dos fatos narrados) e mutatio libelli (art. 384 do CPP - fato narrado na inicial não corresponde
aos fatos provados na instrução processual), leia com calma esta parte correlacionando com as Súmulas
do STF (453, 696, 723) e do STJ (243 e 337).
2.1.1. Veja o informativo 895 do STF: “É possível a realização de emendatio libelli em segunda
instância no julgamento de recurso exclusivo da defesa, desde que não gere reformatio in pejus, nos
termos do art. 617 do CPP.”
2.1.2. Veja como decidiu recentemente o STF (AgRg no HC 201.015/RS, publicado em
03/02/2022): “Não viola o princípio da correlação, ou da congruência, a condenação por fato narrado na
peça acusatória, uma vez que o acusado não se defende da classificação jurídica, mas dos fatos descritos
na denúncia, nos termos do art. 383 do Código de Processo Penal”.
2.1.3. Dica: o entendimento dominante é o de que, em regra, o momento adequado para a
emendatio libelli é na prolação da sentença e não no recebimento da denúncia. Isso se justifica, ainda,
pela posição topográfica do art. 383 no CPP (que está no título que trata sobre sentença) e pelo fato de
que o acusado se defende dos fatos imputados, e não da classificação que lhes atribuem. De forma
excepcional, jurisprudência e doutrina afirmam que é possível antecipar o momento da emendatio libelli
nas hipóteses em que a inadequada subsunção típica (tipificação): macular a competência absoluta; o
adequado procedimento ou restringir benefícios penais por excesso de acusação.
2.2. Dê atenção também ao que dispõe o § 4º do art. 384 do CPP: “Havendo aditamento, cada parte
poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito
aos termos do aditamento” e ao inciso IV do art. 387: “O juiz, ao proferir sentença condenatória fixará
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido.”
3. Dos Processos em Espécie: O procedimento criminal pode ser comum (regra) ou especial (Júri
e leis extravagantes). Faça a leitura dos procedimentos comuns em espécie previstos nos arts. 394 a 405
do CPP, atentando-se para a dinâmica e sequência de atos de cada um, memorizando os prazos.
3.1. Entenda quando se aplica um ou outro e o prazo impróprio para a audiência de instrução e
julgamento, vejamos:
3.1.1. O procedimento ordinário se aplica para crimes com sanção máxima IGUAL ou superior a
4 anos de pena privativa de liberdade e o prazo da audiência é de 60 dias;
3.1.2. O procedimento sumário se aplica para crimes com sanção máxima inferior a 4 anos e
superior a 2 anos de pena privativa de liberdade e o prazo para audiência é de 30 dias;
3.3.3.2. Fase de julgamento (iudicium causae / juízo da causa): Se o acusado foi pronunciado pelo
juiz e esta decisão não foi modificada pelas instâncias superiores (houve a preclusão da decisão de
pronúncia), significa que agora o réu será julgado pelos jurados em sessão plenária do júri. Antes do
julgamento propriamente dito, será necessário que o juiz presidente do Tribunal do Júri tome algumas
medidas para preparar a sessão. Assim, nesta 2ª fase do procedimento do júri, haverá a preparação para
o julgamento, a organização do júri e a realização da sessão de julgamento. Cuidado com o
procedimento especial da Lei nº 8.038/90.
3.3.2. Quero que dê especial atenção aos seguintes informativos:
3.3.2.1. Informativo 709 do STJ: “Não é cabível a pronúncia fundada exclusivamente em
testemunhos indiretos de “ouvir dizer”;
3.3.2.2. Informativo 993 do STF: “A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de
absolvição previsto no art. 483, § 2º, do CPP, não depende de elementos probatórios ou de teses
veiculadas pela defesa. Isso porque vigora a livre convicção dos jurados”;
3.3.2.3. Informativo 969 do STF: “A anulação de decisão do tribunal do júri, por ser
manifestamente contrária à prova dos autos, não viola a regra constitucional que assegura a soberania
dos veredictos do júri (art. 5º, XXXVIII, c, da CF/88)”;
3.3.2.4. Informativo 707 do STJ: “Quando a apelação contra a sentença condenatória é interposta
com fundamento no art. 593, III, "d", do CPP, o Tribunal tem o dever de analisar se existem provas de
cada um dos elementos essenciais do crime, ainda que não concorde com o peso que lhes deu o júri”;
3.3.2.5. Informativo 1009 do STF: “A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por
contrariar os princípios da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero”;
3.3.2.6. Especial atenção a divergência no STJ no que tange a pronúncia do acusado baseado
exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial. STJ no HC 560.552 e HC
589.270 diz: “É ilegal a sentença de pronúncia fundamentada exclusivamente em elementos colhidos no
inquérito policial”, já nos AgRg no AgRg no AREsp 1.702.743/GO e no AGRg no AREsp 1.609.833/RS,
disse: “É possível admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do inquérito policial,
sem que isso represente afronta ao art. 155.” Tema polêmico que não deve ser cobrado na prova
objetiva.
3.3.3. Na parte de debates no Tribunal do Júri, fique atento que na instrução em plenário derivam
dois sistemas (CPP, art. 473): Sistema Presidencialista, as perguntas formuladas pelos jurados às
testemunhas e ao acusado passam pelo juiz (§ 2º) e Sistema de Inquirição Direta - cross examination: as
perguntas formuladas pelas partes (acusação e defesa) às testemunhas e ao acusado são feitas
diretamente, sem a necessidade de passar para o juiz. Naqueles casos em que há mais de um acusado, o
prazo é aumentado em uma hora, totalizando duas horas e trinta minutos. Neste tema, se atente para o
informativo 546 do STJ: “O assistente da acusação tem direito à réplica, ainda que o MP tenha anuído à
tese de legítima defesa do réu e declinado do direito de replicar.”
3.3.3.1. Quero que memorize os tempos dos debates orais no Júri: se for apenas um réu, para a
acusação e defesa - 1h30min - e mais 1h para réplica e 1h para a tréplica. Agora se forem dois ou mais
réus, para a acusação e defesa – 2h30min e mais 2h para a réplica e 2h para a tréplica (aumenta 1h para
tudo). Atenção ao informativo 719 do STJ: “Juiz não pode unilateralmente alterar os prazos dos debates
orais no Júri previstos no CPP; no entanto, isso pode ser feito mediante acordo entre as partes.”
3.3.4. Leia também sobre desaforamento (arts. 427 e 428), memorizando as hipóteses do caput do
art. 427: “Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri
ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do
querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o
desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles
motivos, preferindo-se as mais próximas” e art. 428: “O desaforamento também poderá ser determinado,
em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o
julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da
decisão de pronúncia.”
3.3.5. Eu quero que você memorize os números que se referem aos jurados, do qual nos termos do
que dispõe o art. 447 do CPP, é composto por 25 jurados, que serão sorteados dentre os alistados, 7
(sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento. Mas comparecendo
pelo menos 15 jurados já se pode dar início ao julgamento, segundo o art. 463 (quorum mínimo). Atenção
ao art. 451 do CPP: “Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade serão
considerados para a constituição do número legal exigível para a realização da sessão.”
3.3.6. Atenção ao informativo 610 do STJ: “Documento ou objeto somente pode ser lido ou
exibido no júri se a parte adversa tiver sido cientificada de sua juntada com até 3 dias úteis de
antecedência.” Neste tema leia o art. 479 do CPP.
3.3.7. Leia a súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é
adstrito aos fundamentos de sua interposição.” Atente-se, também, ao informativo 927 do STF: “A
soberania do veredicto dos jurados (art. 5º, XXXVIII, “c”, da CF/88) não autoriza a reformatio in pejus
indireta.”
3.3.8. Por fim, especial atenção a inovação trazida pelo Pacote Anticrime no art. 492 do CPP, em
especial no inciso I, alínea “e”: “No caso de condenação mandará o acusado recolher-se ou recomendá-
lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de
condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução
provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do
conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos”, § 3º: “O presidente poderá, excepcionalmente,
deixar de autorizar a execução provisória das penas de que trata a alínea e do inciso I do caput deste
artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa
plausivelmente levar à revisão da condenação”, § 4º: “A apelação interposta contra decisão condenatória
do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito
suspensivo” e § 5º e incisos: “Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação
de que trata o § 4º deste artigo, quando verificado cumulativamente que o recurso: I - não tem propósito
meramente protelatório e levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da
sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.”
Fique atento, reproduzi os dispositivos legais, pois entendo que a probabilidade de cobrança é
altíssima.
3.4. Um ponto que merece sua atenção é o processo e julgamento dos crimes de responsabilidade
dos funcionários públicos, neste tema quero que faça a leitura dos arts. 513 a 518 do CPP. Note que esta
sistemática somente será aplicada aos crimes funcionais do art. 312 a 316 do CP, não alcançando o
particular, o funcionário público aposentado, aqueles que possuem foro por prerrogativa de função (Lei
nº 8.038/90) e crimes do juizado especial que possuem sistemática própria da Lei nº 9.099/95.
3.4.1. Neste tópico você deve ler atentamente o art. 514 do CPP, porque é ele que será cobrado
(este procedimento especial só será aplicado aos crimes afiançáveis - todos crimes funcionais são - e o
prazo da notificação que é de 15 dias).
3.4.1.1. Quanto à resposta preliminar há uma divergência nas Cortes Superiores. O STJ diz ser
desnecessária defesa prévia quando a ação penal é instruída com inquérito policial (Súmula 330 e RHC
66.817/SP), já o STF entendeu que é obrigatória a defesa preliminar, mesmo se houver inquérito policial
(HC 85.779, HC 89.686, HC 110.361 e HC 110.361).
4. Das Nulidades e dos Recursos em Geral: Os temas deste tópico não são os prioritários para
Delegado de Polícia, por isso a leitura da lei seca tarjando os principais pontos costuma ser suficiente.
Darei alguns direcionamentos a seguir.
4.1. No tema nulidades estude os arts. 563 a 573 do CPP. Leia sobre a classificação feita pela
doutrina: inexistência, atos de nulidade absoluta, atos de nulidade relativa e irregularidades; estude sobre
os sistemas de nulidade: formalista, legalista e instrumental e leia as nulidades em espécie: por
incompetência de juízo, impedimento ou suspeição, suborno do juiz, por ilegitimidade da parte, por falta
de denúncia, queixa-crime ou representação, pela falta de exame de corpo de delito, ausência de
defensor, falta de notificação do MP para intervir, falta de citação do réu para se ver processar, falta do
interrogatório do réu presente etc.
4.1.1. Correlacione com os temas pertinentes para a carreira policial, como por exemplo o
entendimento já pacificado de que “eventuais vícios existentes no inquérito policial não
maculam/contaminam a ação penal” (STJ, AgRg no RHC 130.654/SP e STF, HC 169.348/RS). Lembre-
se que a nulidade processual somente existirá depois de reconhecida judicialmente.
4.1.2. Leia o art. 563 do CPP que trata, segundo a doutrina, do postulado do pas de nullité sans
grief, que alcança tanto os casos de nulidade absoluta como os casos de nulidade relativa. Essa posição
é do STJ e STF. Ou seja, mesmo a nulidade absoluta não será declarada se não houver prejuízo
(entendimento majoritário). Leia a Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”
4.1.3. Atenção especial ao art. 567 do CPP, o qual prevê que a incompetência do juízo anula
somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz
competente. Perceba que o artigo não fala de qual tipo de incompetência, portanto, segundo a doutrina
majoritária na incompetência relativa anula-se apenas os atos decisórios, e os atos probatórios poderiam
ser ratificados, já na incompetência absoluta os atos decisórios e probatórios seriam anulados (sem
convalidação). Porém, o STF tem entendimento diferente no caso da incompetência absoluta, leia sobre
este tema e a teoria do juízo aparente no emblemático caso do ex-Presidente Lula, Sérgio Moro e Triplex
do Guarujá, Informativo 1014 do STF. Neste informativo entendeu-se que mesmo em caso de
incompetência absoluta de juízo haveria nulidade apenas dos atos decisórios e que os atos instrutórios
poderiam ser ratificados pelo juízo competente.
4.1.4. Quero que leia o informativo 579 do STJ: “É nula a ação penal que tenha condenado o réu
sem a sua presença, o qual não foi citado nem compareceu pessoalmente a qualquer ato do processo,
inexistindo prova inequívoca de que tomou conhecimento da denúncia” e o informativo 772 do STF:
“Se o juiz deferiu mandado de busca e apreensão tendo como alvo o escritório de um banco, localizado
no 28º andar de um prédio comercial, haverá ilegalidade da apreensão por ausência de mandado
judicial específico, caso os policiais cumpram a diligência em andar diverso (3º andar).”
4.1.5. Sobre nulidade relativa leia sobre princípio do prejuízo, princípio do interesse e princípio da
convalidação e as súmulas do STF: 155, 156, 160, 162, 206, 351, 366, 431, 523, 465, 706, 707, 708 e
712.
4.1.6. Para arrematar o tema, se houver tempo, leia a jurisprudência em teses do STJ sobre
nulidades. Exemplo: “São nulas as provas obtidas por meio da extração de dados e de conversas privadas
registradas em correio eletrônico e redes sociais (v.g. WhatsApp e Facebook) sem a prévia autorização
judicial.”
4.2. Sobre recursos recomendo a leitura dos arts. 574 a 667, não demandando maiores
aprofundamentos. Estude o princípio do duplo grau de jurisdição previsto em tratados e convenções de
direito internacional (Convenção Americana de Direitos Humanos, art. 7º, item 6). Atenção, algumas
decisões não comportam recursos. Nesses casos é possível falar em ação autônoma de impugnação, se
cumpridos os requisitos, a exemplo do mandado de segurança, se previsto direito líquido e certo. Cito
algumas hipóteses que não cabem recurso: admissão ou inadmissão do assistente de acusação (art. 273
do CPP), do despacho que denegar a suspensão do processo em razão de questão prejudicial (art. 93, §
2º, do CPP), a improcedência das exceções de incompetência, litispendência, coisa julgada e
ilegitimidade de parte (contrario sensu ao art. 581, III, do CPP) etc.
4.2.1. Estude as classificações dos recursos: voluntário, de ofício (reexame necessário),
constitucionais (RE, REsp), legais, ordinários, extraordinários, genéricos e específicos. Leia sobre o
juízo de admissibilidade dos recursos (prelibação) – pressupostos recursais objetivos e subjetivos;
tempestividade, exemplo: recurso sem sentido estrito em 5 dias e razões e contrarrazões em 2 dias.
Lembre-se que não é a regra existir preparo (pagamento antecipado de custas processuais) na sistemática
processual penal, porém há exceção na ação penal privada. Veja o informativo 713 do STJ: “É inexigível
o pagamento de custas processuais em embargos de divergência oriundos de ação penal pública.” Leia
sobre a legitimidade para recorrer (MP, querelante, réu pessoalmente, procurador, defensor).
Dica: Há divergência na doutrina, mas prevalece que o Delegado de polícia NÃO tem legitimidade
para interpor recursos, uma vez que não é sujeito do processo.
4.2.2. Não deixe de ler sobre os efeitos dos recursos: devolutivo, suspensivo, regressivo,
translativo e iterativo ou diferido. Embora incomum, foi cobrado na prova de Delegado de Polícia de
São Paulo em 2018 sobre o efeito iterativo ou diferido dos recursos que é a possibilidade de retratação
do juízo a quo. Este efeito está presente no RESE, nos embargos de declaração, no agravo em execução
e na carta testemunhável. Lembre-se não há retratação na apelação (princípio da unirrecorribilidade das
decisões / singularidade recursal) e não se esqueça que quando cabível a apelação, não poderá ser usado
o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra (CPP, art. 593, § 4º).
4.2.3. Lembre-se do princípio da indisponibilidade na ação penal pública, segundo o qual uma vez
interposto recurso o M.P. não pode desistir dele (CPP, art. 576), todavia o Promotor de Justiça não é
obrigado a recorrer. Nada impede também que o MP, ao final da instrução, pleiteie a absolvição do réu.
4.2.4. Dê especial atenção às hipóteses de recurso em sentido estrito (art. 581 do CPP) e apelação
(art. 593 do CPP). Quero que se atente a um tema muito cobrado nas carreiras policiais:
4.2.4.1. Contra decisão interlocutória mista terminativa de rejeição da denúncia ou queixa cabe
RESE;
4.2.4.2. Já se a rejeição for no Juizado Especial Criminal o recurso cabível é o de Apelação
com base na Lei 9.099/95, art. 82 e §§;
4.2.4.3. Leia os informativos do STJ, 576: “É proibido que o Tribunal, em recurso exclusivo da
defesa, corrija equívoco aritmético cometido pelo juiz na sentença e aumente a pena” e 640 (já
mencionado): “É cabível RESE contra decisão que indefere a produção antecipada de prova prevista no
art. 366 do CPP.”
4.2.5. Atenção para o artigo 580 do CPP: “No caso de concurso de agentes, a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros.”
4.2.5. Quero que você memorize o seguinte: O Ministério Público NÃO goza da prerrogativa da
contagem dos prazos recursais em dobro, porém para a Defensoria Pública, mesmo em matéria penal,
são contados em dobro todos os prazos (STF, informativo 902);
4.2.6. As súmulas sobre o tema são importantes também, exemplo é o enunciado 604 do STJ: “O
mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo
Ministério Público.”
4.2.7. Atenção ao informativo 605 do STJ: “Em matéria criminal, não deve ser conhecido recurso
especial adesivo interposto pelo Ministério Público veiculando pedido em desfavor do réu.”
4.3. Habeas Corpus é um tema importante que já deve ter sido objeto de estudo no Direito
Constitucional, porém complemente com a leitura dos arts. 647 a 667 do CPP. Estude com muita atenção
também o art. 648 do CPP, que menciona as hipóteses em que será considerada a coação como ilegal.
Conforme já mencionado, não deixe de estudar o habeas corpus repressivo, preventivo e profilático.
Leia com bastante atenção, faça uma tabela se for necessário, da competência para o julgamento de
habeas corpus para cada tipo de paciente.
4.3.1. Tema da moda é cabimento de habeas corpus contra decisão monocrática de Ministro STF
(leia o HC 130.620/RR do STF). Não confunda com o entendimento da Súmula 606 do STF: “ Não cabe
"habeas corpus" originário para o tribunal pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em
"habeas corpus" ou no respectivo recurso”, pois a posição mais atual é no sentido de que a Súmula 606
do STF abrange apenas ato de colegiado (Turma ou Plenário), não sendo aplicável, portanto, para ato
individual de Ministro do STF. Se atente que o STF mudou de entendimento, ele vinha decidindo de
maneira contrária (informativos 964 e 985).
4.3.2. Sobre o tema indico a leitura das súmulas 692, 693, 694 e 695 do STF.
4.3.3. Conforme já adiantado o STF admitiu habeas corpus coletivo e os legitimados seriam os
mesmos do mandado de injunção coletivo (memorize): Ministério Público, partido político com
representação no Congresso Nacional, organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano e a Defensoria Pública (Informativo 891).
Não confunda com os legitimados ativos do mandado de segurança coletivo (negritei acima o que é
diferente pra te ajudar) previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso LXX do art. 5º da CF/88 e no art. 21 da
Lei nº 12.016/2009: “O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com
representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes
ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.”
4.3.4. Leia também o informativo 644 do STJ: “Compete à Terceira Seção do STJ processar e
julgar habeas corpus impetrado com fundamento em problemas estruturais das delegacias e do sistema
prisional do Estado” e o AgRg no HC 203.737 do STF, do qual se entendeu que é inadmissível a
intervenção do assistente de acusação na ação de habeas corpus.
4.4. Sobre revisão criminal leia os arts. 621 a 631 do CPP. Trata-se de ação autônoma de
impugnação que tem a finalidade desconstituir uma decisão judicial condenatória transitada em julgada.
Dica: o rol do art. 621 é taxativo, a revisão criminal não comporta contraditório e não tem prazo (pode
ser ajuizada até depois da morte do réu).
4.4.1. Leia sobre a competência para julgamento (art. 624 do CPP) e as consequências jurídicas da
procedência (art. 626 do CPP). Quanto à legitimidade para o requerimento leia o art. 623 do CPP (réu,
procurador, ou no caso de morte – cônjuge, ascendente, descendente ou irmão), aqui leia a Súmula 393
do STF: “Para requerer a revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão.”
4.4.2. Atente-se que não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista. Não se admite
revisão criminal pro societate. Sempre será in dubio pro reo (art. 626, parágrafo único do CPP). Leia as
Súmulas 160, 453 e 525 do STF. Dica: a revisão disciplinar da Lei nº 8.112/90, no seu artigo 182,
parágrafo único dispõe: “Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade”, que
é diferente do recurso administrativo e do pedido de reconsideração, do qual é possível a reformatio in
pejus (tema bastante explorado pelas bancas).
4.4.3. Excepcionalmente uma decisão em revisão criminal poderá comportar RE ou REsp, não
podendo discutir fatos, mas apenas direito. Veja as súmulas 279 do STF: “Para simples reexame de prova
não cabe recurso extraordinário” e a famosa súmula 7 do STJ: “a pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial.”
4.4.4. Leia a edição 63 da jurisprudência em teses do STJ sobre revisão criminal, várias questões
de diversos certames serão retiradas de lá.
5. O edital não trouxe o Livro IV – Da Execução e o Livro V – Das Relações Jurisdicionais com
Autoridades Estrangeiras, portanto, nesta reta final não é necessário o estudo.
6. Disposições Gerais: Sugiro a leitura dos arts. 791 a 809, dando especial atenção ao art. 792 e
§§ que tratam da publicidade; art. 794 que trata da polícia das audiências e das sessões pelos juízes ou
ao presidente do tribunal, câmara ou turma; art. 797 que diz que as sessões de julgamentos não poderão
ser marcadas para domingo ou feriado (sábado sim), diferente dos outros atos do processo que poderão
ser nas férias, domingos e feriados e o art. 798 que reputo mais importante, pois trata dos prazos,
geralmente é cobrado com base em um problema hipotético para o aluno calcular o prazo, veja o caput:
“todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por
férias, domingo ou dia feriado”, o § 1º: “Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se,
porém, o do vencimento”, o § 3º: “O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á
prorrogado até o dia útil imediato” e § 4º: “Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força
maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária.”
6.1. Não confunda este prazo de direito processual com o prazo do direito material previsto no art.
10 do CP: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.”
6.2. Atenção à súmula 310 do STF: “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação
com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo
se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.”
6.3. Leia o informativo 939 do STF: “A contagem de prazos no contexto de reclamações cujo ato
impugnado tiver sido produzido em processo ou procedimento de natureza penal submete-se ao art. 798
do CPP, ou seja, os prazos são contados de forma contínua (e não em dias úteis).”
6.4.Por fim, dê atenção aos prazos do art. 799 do CPP: “O escrivão, sob pena de multa de
cinqüenta a quinhentos mil-réis e, na reincidência, suspensão até 30 (trinta) dias, executará dentro do
prazo de dois dias os atos determinados em lei ou ordenados pelo juiz.”
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto (adaptado) – Diga se está correta o
incorreta a seguinte assertiva: O procedimento será sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
máxima cominada seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade. (INCORRETA
– conforme o CPP, art. 394, se a sanção máxima cominada for igual a 4 anos, o procedimento será o
ordinário, se for inferior, será o sumário.)
VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto - Quanto aos recursos, assinale a alternativa correta.
b) No caso de concurso de pessoas, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em
motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros, em extensão subjetiva
do efeito devolutivo do recurso. (correta – CPP, art. 580)
a contravenção penal de retenção de documento (Lei 5.553/68); (ii) nas contravenções penais o período
de prova da suspensão condicional da pena é de 1 a 3 anos (no CP é de 2 a 4 anos).
1.3. Atenção para a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave
ameaça no ambiente doméstico, que impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos (Súmula 588 do STJ) e lembre-se que é inaplicável o princípio da insignificância
nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas
(Súmula 589 do STJ). Temas tranquilos né? Anote: VAI CAIR!
1.4. Atenção aos seguintes informativos: 722 do STJ: “A revogação da contravenção de
perturbação da tranquilidade (art. 65 da LCP) pela Lei 14.132/2021, não significa que tenha ocorrido
abolitio criminis em relação a todos os fatos que estavam enquadrados na referida infração penal”; 668
do STJ: “O cometimento do crime do art. 28 da Lei de Drogas deve receber o mesmo tratamento que a
contravenção penal, para fins de revogação facultativa da suspensão condicional do processo” e também
668 do STJ: “A jurisprudência do STJ é firme no sentido da possibilidade de tipificação da conduta de
porte de arma branca como contravenção prevista no art. 19 do DL 3.688/41, não havendo que se falar
em violação ao princípio da intervenção mínima ou da legalidade.”
1.5. Importante! Fique atento ao informativo 632 do STJ: “Não se pode decretar a preventiva do
autor de contravenção penal, mesmo que ele tenha praticado o fato no âmbito de violência doméstica e
mesmo que tenha descumprido medida protetiva a ele imposta”; note que o art. 313 e incisos do CPP só
menciona a expressão “crime.”
2. Lei nº 1.521/1951 (Crimes Contra Economia Popular) – Faça a leitura da lei conforme já
mencionamos e dê especial atenção ao crime de usura (agiotagem) do art. 4º, sua competência e
agravantes do § 2º, pois é ele que costuma ser cobrado. Atenção para a alínea “b” do caput e sua
correlação com a pandemia. Leia também o inciso IX do art. 2º que trata dos crimes de pirâmide
financeira, diferenciado bola de neve e pichardismo.
2.1. Veja quais são os bens de primeira necessidade do art. 2º, parágrafo único: “... considerar-se-
ão como de primeira necessidade ou necessários ao consumo do povo, os gêneros, artigos, mercadorias
e qualquer outra espécie de coisas ou bens indispensáveis à subsistência do indivíduo em condições
higiênicas e ao exercício normal de suas atividades. Estão compreendidos nesta definição os artigos
destinados à alimentação, ao vestuário e à iluminação, os terapêuticos ou sanitários, o combustível, a
habitação e os materiais de construção.”
2.2. Memorize que o inquérito policial deverá terminar em 10 dias (indiciado preso ou solto) e o
prazo para o oferecimento da denúncia será de 2 dias, esteja ou não o réu preso;
2.3. Atenção aos informativos do STJ, 673: “Os crimes relacionados com pirâmide financeira
envolvendo criptomoedas são, em princípio, de competência da Justiça Estadual” e 711: “Nas hipóteses
de crime contra a economia popular por pirâmide financeira, a identificação de algumas das vítimas não
enseja a responsabilização penal do agente pela prática de estelionato.”
3. Lei nº 2.889/1956 (Genocídio) – Lei antiga com poucos artigos, faça a leitura. Crime que tem
suas raízes na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, ratificada em 1952 pelo
Brasil.
3.1. Atenção à definição de genocídio do art. 1º: “Quem, com a intenção de destruir, no todo ou
em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:” e as hipóteses das alíneas. Repare que
as penas cominadas são remetidas ao Código Penal, hipótese clara de norma penal em branco ao revés
ou invertida. O legislador descreve o preceito primário, mas o secundário é remetido para outra lei
(atenção que o complemento normativo, neste caso, deve emanar necessariamente do legislador, pois só
ele pode cominar penas – art. 1º, CP). Não confunda com o crime remetido.
3.2. Atenção! O crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º é hediondo (Lei nº 8.072/90, art.
1º, parágrafo único, inc. I) e cabe prisão temporária (Lei nº 7.960/89, art. 1º, III, “m”).
3.3. O art. 2º traz a associação criminosa para o genocídio (mínimo de 4 pessoas). Note que é a
única associação criminosa que recebeu o rótulo de crime hediondo. O art. 3º traz a incitação, direta
e publicamente, para prática dos crimes de genocídio. Dê atenção também ao artigo 6º: “Os crimes de
que trata esta lei não serão considerados crimes políticos para efeitos de extradição.” Recordando-se que
o crime de genocídio é hipótese de extraterritorialidade incondicionada (CP, art. 7º, I, “d”).
3.4. Fique atento também em relação à competência do Tribunal Penal Internacional para julgar
os crimes de (Estatuto de Roma, art. 5º): genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e
crimes de agressão (mnemônico: GHUGA).
3.5. O STF já decidiu (RE 351.487/RR) que a prática de mais de uma das condutas previstas no
art. 1º, implica crime único de genocídio, visto que o bem jurídico é a existência do grupo. Quem comete
genocídio será punido por ele, mas também pelos crimes individuais que tenha cometido;
3.6. Competência: A competência para julgamento do crime de genocídio é do juízo singular. No
entanto, se o indivíduo matar, a competência será do Tribunal do Júri, que vai atrair a competência para
julgar o genocídio.
4. Lei nº 4.737/1965 (Crimes Eleitorais) – O título IV trata das disposições penais, arts. 283 a 354-
A, faça a leitura atenta dos dispositivos dando atenção aos crimes que são especiais em relação ao Código
Penal, exemplos: art. 350 (falsidade ideológica eleitoral), art. 326 (injúria eleitoral) etc.
4.1. Aconselho também dar enfoque às alterações legislativas no tema, como por exemplo no art.
323 pela Lei nº 14.192, de 2021; art. 326-A, art. 326-B e art. 327, incluídos e alterados pela Lei nº
13.834, de 2019.
4.2. Atenção! Todos os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada, mesmo quando
o bem jurídico tutelado é a honra (art. 355 do Código Eleitoral). Prazo para oferecimento da denúncia:
O MP tem o prazo de 10 dias (art. 357, caput do Código Eleitoral). Em caso de inércia do MP, será
cabível queixa-crime em ação penal privada subsidiária.
4.3. Dicas: Não há previsão de crime eleitoral culposo. Em alguns crimes previstos no Código
Eleitoral o legislador não cominou a pena mínima. A solução é trazida pelo art. 284 do mesmo diploma
legal, que anuncia: “Sempre que este código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de
quinze dias para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão” e se atente também, que o
legislador não cominou o quantum para agravação ou atenuação da pena. Neste caso o artigo 285 do
Código Eleitoral disciplina que o juiz deve fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da
pena cominada ao crime.
4.4. Fique atento ao informativo 713 do STJ: “A Justiça Eleitoral é competente para processar e
julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos.”
5. Lei nº 5.970/1973 (Remoção de pessoas e de veículos em acidentes de trânsito). A lei possui
apenas um artigo, porém muito importante, pois se trata de uma exceção ao art. 6º, I do CPP. Observe
a redação legal: “Art. 1º Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro
tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata
remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem
no leito da via pública e prejudicarem o tráfego. Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a
autoridade ou agente policial lavrará boletim da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas
que o presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade.”
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil - A Imposição de medidas destinadas a
impedir nascimentos no seio do grupo, praticada com intenção de destruir, no todo ou em parte, um
grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal, é considerada pelo Estatuto de Roma como: a)
genocídio.
UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia - Configura hipótese legal de recurso de ofício
(reexame necessário), a absolvição do acusado em processo por crime: c) contra a economia popular.
(correta, Lei nº 1.521/51, art. 7º)
2.3. Leia sobre os deveres (arts. 38 e 39) e direitos (arts. 40 a 43) do preso; disciplina (arts. 44 a
48) e das faltas disciplinares (arts. 49 a 52). Sobre falta grave fique atento com a jurisprudência recente,
a exemplo do informativo 693: “Introduzir chip de aparelho celular em presídio não caracteriza crime”
(mas, configura falta grave) e leia a jurisprudência em teses do STJ sobre falta grave na execução penal.
Dica: o STF fixou tese de repercussão geral no RE 972.598: “A oitiva do condenado pelo Juízo da
Execução Penal, em audiência de justificação realizada na presença do defensor e do Ministério Público,
afasta a necessidade de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre
eventual ausência ou insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta
grave durante o cumprimento da pena” (esse assunto foi objeto de questão dissertativa na prova para
DPF/2021). Sobre falta grave não se esqueça da Súmula 535 do STJ: “A prática de falta grave não
interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.”
2.4. Leia com atenção o regime disciplinar diferenciado (RDD) e as alterações promovidas pelo
Pacote Anticrime nos arts. 50 a 52 (alta probabilidade de cobrança). Exemplo: “LEP, art. 50 Comete
falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: VIII - recusar submeter-se ao procedimento
de identificação do perfil genético (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).”
2.4.1. Já o art. 52 foi todo alterado, sugiro uma leitura muito atenta. Atenção à duração do RDD,
inciso I: “duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie.”
2.5. Ponto mais importante da lei é o art. 112, recentemente alterado pelo Pacote Anticrime. Você
deve MEMORIZAR todas as hipóteses (não tem outra solução), uma tabela pode ser útil. Não se
esqueça de ver os informativos recentes sobre reincidência genérica e específica nos crimes hediondos
(sugiro que leia o informativo 1032 do STF, de preferência o informativo completo do Dizer o Direito).
Não deixe de ler (e memorizar) a progressão especial do § 3º do art. 112 (atente-se que a progressão é
de 1/8 para crimes comuns ou hediondos).
2.6. Conforme já mencionado, leia o art. 117 que trata do regime aberto em residência particular
para condenados, o que você não deve confundir com o regime domiciliar da prisão preventiva (CPP,
art. 318).
2.7. Estude e entenda as autorizações de saída (permissão de saída e saída temporária) dos arts.
120 a 125. Farei algumas considerações:
2.7.1. Permissão de Saída: concedida pelo diretor do estabelecimento prisional; regime fechado,
semiaberto e provisório; mediante escolta; casos de falecimento ou doença grave do cônjuge,
companheira, ascendente, descendente ou irmão, assim como de necessidade de tratamento médico.
2.7.2. Saída Temporária: ato motivado do juiz (ouvido o MP e a Administração Penitenciária, além
de preencher os requisitos legais); regime semiaberto; sem vigilância direta; casos de visita à família,
frequência a curso supletivo profissionalizante etc.; o prazo de duração não excederá 7 dias, podendo
ser renovado por mais 4 vezes durante o ano.
2.7.3. O Pacote Anticrime proibiu a saída temporária para crimes hediondos com resultado morte,
mas não veda a permissão de saída (então não se pode falar que a LEP proibiu a autorização de saída
que é gênero de saída temporária e permissão de saída - não caia nessa pegadinha).
2.8. Por fim, não deixe de estudar as últimas súmulas do STJ: 535, 562, 617, 631 e 639.
3. Lei nº 7.492/1986 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional) – Não é comum a cobrança
desta lei para Delegado de Polícia Estadual, uma vez que a competência para processo e julgamento é
da Justiça Federal (CF/88, art. 109, VI e Lei nº 7.492/86, art. 26). Portanto, não acredito que apareça na
sua prova. Entretanto, trarei alguns pontos que acho mais importantes.
3.1. Todos os crimes desta lei são dolosos (não existe crime culposo); cabe prisão temporária
(Lei 7.960/89, art. 1º, “o”); os crimes são de ação penal pública incondicionada; o art. 21 é o único
crime punido com detenção; delação premiada não tem isenção de pena, apenas redução (1/3 a 2/3),
art. 25, § 2º; nem todos os crimes contra sistema financeiro nacional são próprios; o art. 22, tipifica o
crime de evasão de divisas, que não é crime contra a ordem tributária, mas sim contra o Sistema
Financeiro Nacional (as bancas adoram trocar); os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional não
admitem o princípio da insignificância, dada a necessidade de maior proteção à estabilidade e higidez
do Sistema Financeiro Nacional, independentemente do prejuízo que possa ter causado; no crime de
evasão de divisas cometido por organização criminosa complexa – é valorado de forma negativa na
dosimetria da pena; o chamado “agiota”, em regra, não pratica crime contra o Sistema Financeiro
Nacional (usa recursos próprios) e sim crime de usura, tipificado na Lei da economia popular art. 4º da
Lei 1.521/51 (conforme vimos); gestão fraudulenta (fraude) é diferente de gestão temerária
(irresponsabilidade – pena mais branda, art. 4º caput e p. único), os quais são denominados pela doutrina
de crimes habituais impróprios; art. 30 da lei trata da prisão preventiva que pode ser decretada em razão
da “magnitude da lesão causada”, todavia o entendimento pacífico dos Tribunais Superiores é que esse
fundamento, por si só, não seria suficiente para justificar o decreto de prisão preventiva. É preciso uma
interpretação em conjunto com os arts. 312 e 313 do CPP.
3.2. Leia os informativos do STJ, 578: “Não se aplica o princípio da insignificância para remessa
de divisas por meio de dólar-cabo ainda que em valores inferiores a 10 mil reais”; 637: “Venda premiada
configura o crime do art. 16 da Lei 7.492/86, de competência da Justiça Federal”; informativo 604: “A
utilização de terceiros (‘laranjas’) para aquisição de moeda estrangeira para outrem, ainda que tenham
anuído com as operações, se subsome à conduta tipificada no art. 21 da Lei nº 7.492/86.”
4. Lei nº 7.716/1989 (Preconceito Racial) – Lei importante para as carreiras policiais. Sua leitura
é essencial. Conforme já disse, dê atenção especial para a diferença entre racismo e injúria racial.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - A respeito da Lei no 7.716/89, com as
alterações da Lei no 9.459/97 (tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor),
assinale a alternativa correta. a) Os crimes nela previstos, sem exceção, são praticados mediante dolo.
(correta)
1.3. Fique esperto: Constitui crime de abuso de autoridade manter o preso temporário detido por
mais tempo que o determinado na ordem judicial (art. 12, inciso IV, da Lei 13.869/19) e os presos
temporários devem ser mantidos separados dos demais detentos (art. 3º da Lei 7.960/89).
2. Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) – Comece o estudo correlacionando
o tema com o Direito Constitucional (CF/88, arts. 226 a 230) e saiba que o ECA adotou a Teoria da
Proteção Integral. Ressalte-se que além das garantias constitucionais e do Estatuto da Criança e do
Adolescente, o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança, a qual foi aprovada pelo
Decreto Legislativo n.º 28/90. O art. 2º explica quem é criança (até 12 anos incompletos) e adolescente
(entre 12 e 18 anos), e que a lei é aplicada excepcionalmente às pessoas entre 18 e 21 anos (por isso pode
ter maior de idade cumprindo alguma medida socioeducativa até 21 anos – art. 121, § 5º).
Atenção! Relacione este tema à imputabilidade e o critério biológico no campo da culpabilidade.
Leia a Súmula 605, do STJ: “A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,
enquanto não atingida a idade de 21 anos” e Súmula 74, do S TJ: “Para efeitos penais o reconhecimento
da menoridade do réu requer prova por documento hábil.”
2.1. Leia sobre a prática de ato infracional, arts.103 a 130. Você como Delegado de Polícia vai se
deparar diuturnamente com atos infracionais em sua delegacia. Portanto, é fundamental o conhecimento
desta lei. Atente-se que o art. 104, parágrafo único adota a teoria da atividade (exceção à teoria do
resultado adotada pelo CPP). Lembre-se que para crianças podem ser aplicadas as medidas de proteção
do art. 101 e para os adolescentes podem ser aplicadas as medidas de proteção e/ou medidas
socioeducativas (taxativas do art. 112). Leia a Súmula 342 do STJ: “No procedimento para aplicação
de medida sócio-educativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente”
e memorize o prazo da medida mais rígida do adolescente em liberdade - liberdade assistida (prazo
mínimo de 6 meses). A internação é a medida mais gravosa, sujeita aos princípios da brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento (art. 121), atenção que
a medida não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a cada 6 meses e nunca exceder 3
anos.
2.1.1. Atenção para a Súmula 108, do STJ: “A aplicação de medidas sócio-educativas ao
adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do Juiz” e Súmula 492: “O ato
infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida
socioeducativa de internação do adolescente.”
2.2. Especial atenção aos arts. 171 a 190, que tratam da apuração do ato infracional atribuído ao
adolescente. Perceba! Aqui o legislador está falando com você, futuro Delegado de Polícia, por isso
mesmo este tema é fundamental no seu estudo. Atenção especial aos arts. 173, 174, 175 e 178.
Colacionarei dois que reputo fundamental sua memorização: art. 174: “Comparecendo qualquer dos pais
ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de
compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua
segurança pessoal ou manutenção da ordem pública e art. 178: “O adolescente a quem se atribua autoria
de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo
policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou
mental, sob pena de responsabilidade.”
2.3. Outro tema de especial relevância é a Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de
Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente, leia atentamente os arts. 190-A a 190-
E. Memorize os crimes em que é possível a infiltração (art. 190-A). Lembre-se que é necessária
autorização judicial e o prazo é de 90 a 720 dias.
2.4. Sobre prescrição e ECA, quero que dê especial atenção aos entendimentos das Cortes
Superiores, pois é alta a incidência de cobrança desse tema. Comece lendo a súmula 338 e o informativo
672, ambos do STJ: “Se a internação for aplicada sem termo, o cálculo do prazo prescricional deverá
levar em consideração a duração máxima da internação (3 anos).” Dica: É possível a aplicação do
princípio da insignificância no ECA.
2.5. Quero que leia os crimes em espécie do ECA (art. 225 a 244-B), recordando que todos são de
ação penal pública incondicionada. Na parte inaugural dê atenção ao art. 227-A inserido pelo Pacote
Anticrime: “Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do CP, para os crimes
previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
ocorrência de reincidência” e o parágrafo único: “A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse
caso, independerá da pena aplicada na reincidência.”
2.6. Dos crimes em espécie dê especial atenção aos arts. 228 e 229 (memorize o prazo de 18 anos)
e os que se referem a pornografia infantil (art. 240 a 241-E). Leia o informativo 613 do STJ: “Se a
infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado por dois crimes de corrupção de
menores (art. 244-B do ECA) e a súmula 500 do STJ: “A configuração do crime do art. 244-B do ECA
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”
2.7. Por fim, atente-se ao posicionamento recente do STJ em relação ao histórico infracional
(Informativo 712: “O histórico de ato infracional pode ser considerado para afastar a minorante do art.
33, § 4.º, da Lei nº 11.343/2006, por meio de fundamentação idônea que aponte a existência de
circunstâncias excepcionais, nas quais se verifique a gravidade de atos pretéritos, devidamente
documentados nos autos, bem como a razoável proximidade temporal com o crime em apuração.”), pois
o STF é divergente neste tema. A 1ª Turma (RHC 190.434) diz que o histórico infracional pode servir
para afastar o benefício do § 4º do art. 33 da LD; já a 2ª Turma (HC 202.574) diz que não.
3. Lei nº 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos) - Muita atenção nesta lei, pois ela certamente é
uma das mais importantes do seu certame. Lembre-se que é a concretização do mandado constitucional
de criminalização do inciso XLIII do art. 5º da CF/88. Leia e entenda os sistemas possíveis destes crimes:
legal, judicial e misto (sobre este tema entenda o que é a cláusula salvatória, a qual não é admitida). Dê
especial atenção ao rol dos crimes hediondos e suas alterações pelo Pacote Anticrime.
3.1. Dicas: atenção ao art. 1º, inciso I-A, só é crime hediondo a lesão corporal dolosa de natureza
“gravíssima” (não a grave) e a seguida de morte, quando praticada, em ambos os casos, contra as
autoridades ali descritas; conforme já mencionado, a extorsão qualificada pela morte deixou de ser crime
hediondo com o advento do Pacote Anticrime; atenção para a pegadinha clássica dos crimes que são
equiparados a hediondo: tráfico, tortura e terrorismo; outra pegadinha que sempre cai é a que envolve
a hediondez do homicídio simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, mesmo
que por uma só pessoa (homicídio condicionado); conforme já mencionamos o homicídio cometido por
milícia privada não é hediondo (mas tem causa de aumento de pena de 1/3 no homicídio); atenção com
os crimes do art. 155, § 4º-A (furto com emprego de explosivo é hediondo, embora o roubo nessas
circunstâncias não o seja) e do art. 157 (§ 2º, V, § 2º-A, I, § 2º-B e § 3º) que são hediondos (elevada
cobrança).
3.1.1. Atenção ao art. 16 da Lei nº 10.826/03. Apenas a posse ou porte ilegal de arma de fogo de
uso proibido é crime hediondo (§ 2º). Veja a jurisprudência em teses do STJ, edição 185: “7) Após
alterações promovidas pelo Pacote Anticrime na Lei n. 8.072/1990, o crime de porte ou posse de arma
de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado deixou de ser equiparado a hediondo.”
3.1.2. Não caia nessas pegadinhas! (i) O crime de organização criminosa somente será hediondo
quando a organização se der para a prática de crime hediondo ou equiparado; (ii) só existe uma
associação criminosa que recebeu o rótulo de crime hediondo, que é a associação que visa cometer
genocídio (art. 2º, da Lei 2889/56) e (iii) nenhum crime militar é hediondo (mesmo estupro, latrocínio
etc.).
3.2. Fique atento às consequências da hediondez, vejamos algumas: não admite fiança (mas admite
liberdade provisória); não admite a concessão de anistia, graça e indulto, mas admite substituição em
pena restritiva de direitos, suspensão condicional da pena e trabalho externo (LEP); o prazo da prisão
temporária será de 30 dias, prorrogável por igual período; o regime inicial de pena pode ser fechado,
semiaberto ou aberto; cumprimento de mais de 2/3 da pena e não ser reincidente específico para obter o
livramento condicional; associação criminosa não é crime hediondo (salvo se visar o genocídio), mas
tem uma qualificadora quando for com o fim de praticar crimes hediondos ou assemelhados; estes crimes
têm prioridade de tramitação de processo, conforme o art. 394-A do CPP: “Os processos que apurem a
prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias”, correlacione este tema
com o Direito Penal de 3ª Velocidade do Silva Sanchez.
3.3. Conforme já falado nos comentários da Lei de Execuções Penais, dê especial atenção à
progressão de regime do art. 112. Leia o informativo 681 do STJ sobre crime hediondo e progressão de
regime: “A progressão de regime do reincidente não específico em crime hediondo ou equiparado com
resultado morte deve observar o que previsto no inciso VI, “a”, do art. 112 da LEP”. Atente-se também
ao § 2º do art. 122 da LEP: “Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o
condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.” Já mencionei, mas
reitero, o Pacote Anticrime proibiu a saída temporária para crimes hediondos com resultado morte,
mas não veda a permissão de saída (então não se pode falar que a LEP proibiu a autorização de saída
que é gênero de saída temporária e permissão de saída - não caia nessa pegadinha).
3.4. Dica: embora não expresso, há entendimento de que os crimes da Lei de Crimes Hediondos
são incompatíveis com o acordo de não persecução penal (ANPP), conforme se extrai da Resolução
CNMP 181, de 2017 (alterado pela Resolução 183, de 2018), art. 18, § 1º, V: “Não se admitirá a proposta
nos casos em que: o delito for hediondo ou equiparado e nos casos de incidência da Lei nº 11.340, de 7
de agosto de 2006.”
4. Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor) - A leitura da lei seca pelo método que
ensinei e o estudo de um material mais sintético sobre os temas relacionados será o suficiente.
4.1. Dê mais atenção aos crimes dos arts. 61 a 80 e faça muitas questões, revisando seu caderno
de erros antes da prova. Dica: O bem jurídico tutelado são as relações de consumo.
Porém, trago algumas orientações para o restante da lei:
4.2. As normas de proteção e defesa do consumidor são de ordem pública e interesse social (CF/88,
art. 5º, XXXII e art. 170, V); leia sobre a questão da inversão do ônus da prova (CDC, art. 6º, VIII);
estude os princípios do CDC (hipossuficiência, vulnerabilidade, transparência, informação, segurança,
equilíbrio nas prestações, reparação integral, solidariedade, boa-fé objetiva, reparação objetiva etc.); leia
sobre a relação jurídica de consumo e dê atenção para quem não se aplica o CDC, exemplo: relação
entre condomínios e condôminos, relações jurídicas tributárias, advogados, extravio de bagagem de voo
internacional etc.) e para quem se aplica o CDC, exemplos: cliente e casa noturna, condomínio e
companhia de água, entidades abertas de previdência privada, erro médico, atividade notarial etc.); a
responsabilidade civil nas relações de consumo é objetiva e solidária;
4.3. Outro tema importante é o vício (descompasso entre o produto e o serviço oferecido e as
legítimas expectativas que o consumidor tinha) no produto ou serviço e fato (dano que o consumidor
experimentou, seja à integridade física ou à integridade moral) do produto ou serviço;
4.4. Leia sobre prescrição e decadência no CDC. O termo inicial do prazo prescricional no CDC
se dá a partir do conhecimento do dano e da sua autoria (os requisitos são cumulativos) e a prescrição
no âmbito das relações de consumo ocorre em 5 anos, ao contrário do que se dá nas relações civis, em
que a prescrição ocorre em três anos; já a decadência, no âmbito das relações de consumo, ocorre em 30
e 90 dias em caso de vício do produto – 90 dias para produtos duráveis e 30 dias para produtos não
duráveis (memorize);
4.5. Estude também a desconsideração da personalidade jurídica (CDC, art. 28 – Teoria Menor);
sobre práticas abusivas (CDC, art. 39 e seguintes) e cláusulas abusivas (CDC, art. 51).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa em que todos os crimes
descritos da Lei no 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor) possuem modalidade culposa. e)
Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens,
nos invólucros, recipientes ou publicidade / Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação
relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade,
preço ou garantia de produtos ou serviços. (correta – arts. 63 e 66 do CDC. Dica: os crimes culposos no
CDC são os únicos que apresentam o verbo “omitir”)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Com relação à conduta de “Simular a
participação de adolescente em cena de sexo explícito por meio de adulteração, montagem ou
modificação de fotografia”, nos termos da Lei no 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), é
correto afirmar que: a) a mera montagem de fotografia que simule a participação de adolescente em cena
de sexo explícito em si já é suficiente para configurar a infração penal por parte de quem a produziu.
(correta – art. 241-C)
3.2. “Art. 44. Constitui crime de ação pública, punível com detenção de três meses a um ano,
que poderá ser substituída pela prestação de serviços à comunidade: I - recusar-se o locador ou
sublocador, nas habitações coletivas multifamiliares, a fornecer recibo discriminado do aluguel e
encargos; II - deixar o retomante, dentro de cento e oitenta dias após a entrega do imóvel, no caso do
inciso III do art. 47, de usá-lo para o fim declarado ou, usando - o , não o fizer pelo prazo mínimo de
um ano; III - não iniciar o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, nos casos
do inciso IV do art. 9º, inciso IV do art. 47, inciso I do art. 52 e inciso II do art. 53, a demolição ou a
reparação do imóvel, dentro de sessenta dias contados de sua entrega; IV - executar o despejo com
inobservância do disposto no § 2º do art. 65. Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas
neste artigo, poderá o prejudicado reclamar, em processo próprio, multa equivalente a um mínimo de
doze e um máximo de vinte e quatro meses do valor do último aluguel atualizado ou do que esteja sendo
cobrado do novo locatário, se realugado o imóvel.”
4. Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações) - Conforme já adiantamos na parte de Direito
Administrativo você deve estudar pelas duas leis vigentes, Lei nº 8.666/93 e a Lei nº 14.133/2021. Dê
especial atenção para as disposições no Código Penal (arts. 337-E a 337-P) e fique atento às mudanças
legislativas, pois é o que costuma ser questionado. Conforme já adiantamos sobre os crimes no Código
Penal, recorde-se que o STJ entendeu no informativo 723 que para a configuração do crime previsto no
art. 337-E do CP (contratação direta ilegal), é indispensável a comprovação do dolo específico de causar
danos ao erário e o efetivo prejuízo aos cofres públicos. Ademais, o STJ (REsp nº 1.626.693/SP) e STF
(Inq nº 3.074/SC) entenderam que o fato de a entidade pública contar com quadro próprio de
procuradores não obsta legalmente a contratação de advogado particular para a prestação de serviço
específico.
4.1. Sugiro o estudo de análises comparativas disponíveis na internet. Recomendo a leitura da Lei
nº 14.133/2021, focando nas novas modalidades de licitação e a jurisprudência sedimentada criminal da
Lei nº 8.666/93, a exemplo da súmula 645 do STJ: “O crime de fraude à licitação é formal e sua
consumação prescinde da comprovação do prejuízo ou da obtenção de vantagem.”
4.2. Algumas dicas finais: leia a disposição constitucional que trata do tema (CF/88, art. 37, XXI);
entenda a abrangência da lei (administração direta e indireta); estude com calma as modalidades de
licitação (concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão, pregão, regime diferenciado de
contratação pública e consulta); memorize os prazos mínimos de publicidade quanto a convocação dos
instrumentos convocatórios; estude todos os tipos de licitação (menor preço, melhor técnica, técnica e
preço e maior lance ou oferta), as fases de licitação de cada modalidade, tanto a interna como a externa
(em regra: aviso, habilitação, julgamento, homologação e adjudicação - se for pregão o julgamento
precede a habilitação). Não confunda: modalidades, tipos e fases de licitação.
Questão exemplificativa:
1.3. Infrações penais que não admitem a aplicação da Lei 9.099/95: crimes com violência
doméstica ou familiar contra a mulher (Lei nº 11.340/06, art. 41 e Súmula 536 do STJ) e crimes de
competência da justiça militar estadual/distrital (art. 90-A).
1.4. Decore os princípios que regem o juizado especial: celeridade, economicidade, simplicidade
(inserido em 2018), informalidade e oralidade (mnemônico: CESIO).
1.5. Já mencionei na parte de Processo Penal, porém reitero, estude termo circunstanciado de
ocorrência e o entendimento dos Tribunais sobre o termo “autoridade de polícia.” Na ADI 3807 o STF
(informativo 986) entendeu que: “o termo circunstanciado não é procedimento investigativo, mas sim
uma mera peça informativa com descrição detalhada do fato e as declarações do condutor do flagrante
e do autor do fato, deve-se reconhecer que a possibilidade de sua lavratura pela autoridade judicial
(magistrado) não ofende os §§ 1º e 4º do art. 144 da Constituição, nem interfere na imparcialidade do
julgador” e na ADI 5637 está prevalecendo o entendimento que Lei nº 22.257/16, de Minas Gerais, é
constitucional possibilitando a lavratura de TCO pela Polícia Militar mineira. Sobre o tema leia a crítica
de parcela da doutrina sobre tal entendimento, a qual me filio (sugiro que mencione essa posição
minoritária em eventual questão dissertativa do seu concurso).
1.6. Leia atentamente as medidas despenalizadoras, concentrando-se nas características e hipóteses
de incidência, sugiro uma tabela:
1.6.1. Composição civil dos danos: Gera renúncia nas ações penais privadas, extingue a
punibilidade. Neste tema se atente que, em regra, a transação penal e a composição civil dos danos são
institutos autônomos, porém no art. 27 da Lei 9.605/98 (Crime Ambiental) o legislador só admite a
transação se antes ocorreu a prévia composição civil dos danos ambientais.
1.6.2. Transação penal: Leia sobre os modelos norte americanos de inspiração (adotado é o nolo
contedere plea - agente não assume, mas não nega). Para ações penais públicas incondicionadas, não
sendo caso de arquivamento, o MP poderá propor a aplicação imediata de PRD. Se for multa o juiz pode
reduzir da metade. Leia os requisitos do art. 76, § 2º. Dicas: (i) da sentença que homologa a transação
penal cabe apelação, e (ii) não há suspensão do prazo prescricional (STJ, AgRg no REsp
1.371.909/SC). Atenção: memorize que não cabe RESE no Jecrim, isso já vai te ajudar a gabaritar
questões deste tipo. Não se esqueça da já batida Súmula Vinculante 35 de que a homologação de
transação penal não faz coisa julgada material. Leia o informativo 657 do STJ sobre a possibilidade
de HC após aceitação da proposta de transação penal e divergência do STF no HC 176.785.
1.6.3. Suspensão Condicional do Processo: Esta medida despenalizadora é muito cobrada. Dicas:
trata-se de instituto despenalizador, oferecido pelo MP ou querelante ao acusado, que tenha sido
denunciado por crime (de qualquer diploma legislativo, com exceção da Lei Maria da Penha) cuja pena
mínima seja igual ou inferior a 1 ano (não importa a pena máxima), que não esteja sendo processado
ou não tenha sido condenado por outro crime, desde que presentes os demais requisitos que possibilitam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP). Não se trata de direito subjetivo do réu (STJ, AgRg no
RHC 74.464/PR).
1.6.3.1. Por fim, não se esqueça das súmulas, 243 do STJ: “O benefício da suspensão do processo
não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou
continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano”, 337: “É cabível a suspensão condicional do processo
na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva” e 536: “A suspensão
condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei
Maria da Penha.”
1.6.4. Atenção às exceções trazidas pelo § 1º do art. 291 do CTB. Caso incidir em alguma das
hipóteses do § 1º do art. 291, não caberá composição civil dos danos, transação penal e ação penal nas
lesões corporais leves e culposas será incondicionada, contudo, será possível a suspensão condicional
do processo (art. 89), pois o CTB não o menciona nas suas exceções.
2. Lei nº 9.279/1996 (Lei da Propriedade Industrial) – Lei um pouco extensa. Daria enfoque nas
disposições preliminares (arts. 1º a 5º), titularidade (arts. 6º e 7º), concessão de patente (arts. 38 e 39),
vigência da patente (art. 40), inclusive memorize o prazo: “A patente de invenção vigorará pelo prazo
de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito.”
2.1. Veja a diferença entre trade dress (conjunto-imagem: não disciplinado na legislação nacional
atual, tem por finalidade proteger o conjunto visual global de um produto ou a forma de prestação de um
serviço), marca (sinal que designa a origem do produto, mercadoria ou serviço) e desenho industrial
(Protege a configuração externa de um objeto tridimensional ou um padrão ornamental (bidimensional)
que possa ser aplicado a uma superfície ou a um objeto). Sobre o tema, o informativo 612 do STJ: “A
caracterização de concorrência desleal por confusão, apta a ensejar a proteção ao conjunto-imagem
(trade dress) de bens e produtos é questão fática a ser examinada por meio de perícia técnica.”
2.2. Leia também as inovações e alterações promovidas pela Lei nº 14.200, de 2021, no art. 71 e
§§ e art. 71-A: “Poderá ser concedida, por razões humanitárias e nos termos de tratado internacional do
qual a República Federativa do Brasil seja parte, licença compulsória de patentes de produtos destinados
à exportação a países com insuficiente ou nenhuma capacidade de fabricação no setor farmacêutico para
atendimento de sua população.”
2.3. Dê especial atenção aos crimes contra a propriedade industrial (arts. 183 a 195) e as
disposições gerais (arts. 196 a 210). Fique atento, as penas são todas de detenção. Atenção as causas de
aumento de 1/3 a 1/2 do art. 196 e incisos; sobre a multa do art. 197; apreensão de ofício ou a
requerimento do interessado do art. 198 e o artigo que reputo mais importante, que é o art. 199: “Nos
crimes previstos neste Título somente se procede mediante queixa, salvo quanto ao crime do art. 191,
em que a ação penal será pública.” Para efeito de memorização colaciono o art. 191 para memorização:
“Reproduzir ou imitar, de modo que possa induzir em erro ou confusão, armas, brasões ou distintivos
oficiais nacionais, estrangeiros ou internacionais, sem a necessária autorização, no todo ou em parte, em
marca, título de estabelecimento, nome comercial, insígnia ou sinal de propaganda, ou usar essas
reproduções ou imitações com fins econômicos. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou expõe ou oferece à venda produtos assinalados
com essas marcas.”
2.4. Por fim, não deixe de ler o art. 201 que trata da diligência de busca e apreensão e o art. 202
que trata dos requerimentos que o interessado pode fazer.
3. Lei nº 9.296/1996 (Lei de Interceptação Telefônica) – Esta lei é de fundamental importância
para seu estudo! Saiba que se trata de medida de natureza de cautelar probatória. Como de praxe comece
com a fundamentação constitucional (CF/88, art. 5º, XII - observância da lei, finalidade criminal, ordem
judicial) e memorize os requisitos legais cumulativos do art. 2º (indícios razoáveis de autoria e
participação em infração penal, subsidiariedade da medida e infração penal apenada com reclusão). Leia
a súmula 591 do STJ: “É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde
que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa” e
teoria do juízo aparente (jurisprudência em teses do STJ, edição 117, a propósito, não deixe de ler essa
edição). Outra tese importante: “É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para
apuração de delito punido com detenção, se conexo com outro crime apenado com reclusão.”
3.1. Estude a diferença entre interceptação telefônica, escuta telefônica, gravação telefônica,
interceptação telemática, quebra de dados telefônicos e quebra de dados cadastrais (a Lei 12.850/13, art.
10-A, § 1º, II traz o conceito deste termo) e qual delas demanda autorização judicial. Sobre este tema
leia o informativo 696 do STJ: “É ilegal a quebra do sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da
autoridade policial em substituição ao do investigado titular da linha.”
3.1.1. A título de curiosidade, o STJ (HC nº 118.283/MG, julgado em 24/11/2020), fez uma
distinção, para fins de fundamentação, entre quebra de sigilo das comunicações e quebra de sigilo
financeiro (bancário e fiscal), “(...) enquanto na quebra de sigilo das comunicações atinge um direito
fundamental de livre expressão do pensamento pela comunicação, o sigilo financeiro são informações
pessoais estáticas, em regra unipessoais, referentes a movimentações financeiras e de conhecimento
das instituições financeiras e de inúmeras pessoas (...) A LC nº 105/2001 não trata, ao menos
expressamente, da exigência de comprovação de que outros meios não seriam suficientes para
obtenção daquela prova, diferentemente do que ocorre com as interceptações.” Portanto, na quebra
de sigilo financeiro não é requisito a subsidiariedade, ou seja, não é necessário que se demonstre que a
prova poderia ter sido obtida por outros meios, como o faz a Lei nº 9.296/96 em seu art. 2º, inc. II.
3.2. Não deixe de estudar o art. 7º da Lei nº 12.965/14 (Marco Civil da Internet); Direito Probatório
de 3ª Geração e interceptação por prospecção. Leia também encontro fortuito de prova ou crime achado
(serendipidade) relacionado a este tema o informativo 546: “A sentença de pronúncia pode ser
fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação de outros crimes
no decorrer interceptação telefônica determinada por juiz diverso daquele competente para o julgamento
da ação principal.”
3.2.1. Nestes assuntos é importante a leitura dos informativos 869 do STF: “A prova obtida a
respeito da prática do homicídio é LÍCITA, mesmo a interceptação telefônica tendo sido decretada para
investigar outro delito que não tinha relação com o crime contra a vida” e 539 do STJ: “A serendipidade
no encontro de provas de novos crimes inicialmente não investigados é admitida pela jurisprudência.”
3.3. Quero que fique atento aos julgados e informativos que tratam do tema: flagrante,
interceptação telefônica e acesso a mensagens de aplicativos no momento da abordagem. Leia os
informativos 583, 593, 617, 640, 682 e RHC 77.232 do STJ. Não deixe de ler esses informativos que
mencionei, por exemplo, no informativo 617 a Corte diz que “não há ilegalidade na perícia de aparelho
de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário –
a vítima – foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa.”
3.4. Estude com calma os procedimentos da lei, começando pelo art. 3º. Atenção para o
entendimento doutrinário de que a interceptação pelo juiz de ofício foi revogada tacitamente pelo Pacote
Anticrime, embora não haja inconstitucionalidade declarada expressamente, pois a ADI 3450 ainda não
foi julgada. Dica: no art. 4º, § 1º diz-se que excepcionalmente o juiz poderá admitir o pedido verbal
desde que presentes os pressupostos e condicionado à sua redução a termo e o § 2º afirma que o juiz
decidirá no prazo máximo de 24 horas (alta incidência em provas - memorize). Trata-se de prazo
impróprio, pois a sua inobservância não traz qualquer consequência para o caso.
3.4.1. Atenção para os seguintes temas da edição 117 da jurisprudência em teses do STJ: a
interceptação telefônica não é atribuição exclusiva da Polícia Civil ou Federal, podendo ser realizada
pelo MP e até pela Polícia Militar; não há necessidade de degravação dos diálogos objeto de
interceptação telefônica, em sua integralidade; é desnecessária a realização de perícia para identificação
de voz e não é necessário que as degravações das escutas sejam feitas por peritos oficiais (temas
recorrentes em provas).
3.4.2. Atente-se para o prazo de 15 dias do art. 5º, que pode ser prorrogado indefinidamente; a
gravação que não interessar será inutilizada por decisão judicial (art. 9º) e a interceptação será juntada
imediatamente antes do relatório da autoridade (art. 8º). Leia a possibilidade de motivação aliunde ou
per relationem (STJ, HC 431.079/SP e HC 416.199/SP).
3.4.2.1. Sobre a fundamentação per relationem veja o que decidiu o STJ no informativo 723: “As
decisões que deferem a interceptação telefônica e respectiva prorrogação devem prever, expressamente,
os fundamentos da representação que deram suporte à decisão - o que constituiria meio apto a promover
a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação reportada como razão de decidir - sob pena de
ausência de fundamento idôneo para deferir a medida cautelar.”
3.5. Leia com atenção o crime do art. 10 (alterado pela Lei de Abuso de Autoridade), que trata da
interceptação telefônica ilegal.
3.6. Eu quero que você entenda muito bem a diferença entre interceptação ambiental em sentido
estrito, escuta ambiental e gravação ambiental. Temas de extrema relevância após o advento do Pacote
Anticrime. Memorize as hipóteses em que é possível a captação ambiental do art. 8º-A: subsidiariedade
da prova, elementos probatórios razoáveis de autoria e participação cujas penas máximas sejam
superiores a 4 anos ou em infrações penais conexas. Atenção que a renovação do prazo de 15 dias no
caso da captação ambiental demanda a comprovação da indispensabilidade da prova e a presença de
atividade criminal permanente, habitual ou continuada. Observe que a captação ambiental é mais
difícil de ser obtida e prorrogada do que a interceptação telefônica.
3.6.1. Quero que fique muito atento ao § 2º e § 4º do art. 8º-A, que foram os vetos derrubados pelo
Congresso Nacional e sobre este tema, leia as críticas da comunidade jurídica.
3.6.2. Atenção! A gravação ambiental (gravação realizada por um dos interlocutores sem o
conhecimento do outro) não necessita de autorização judicial, conforme art. 10-A, § 1º e informativo
677 do STJ: “É lícita a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do
outro.”
3.6.3. Estude com atenção os crimes do art. 10-A da lei e sua correlação com o art. 28 da Lei nº
13.869/19 (Abuso de Autoridade).
4. Lei nº 9.434/1997 (Lei do Transplante de Órgãos) – Já comentamos um pouco sobre esta lei na
parte especial do direito penal, entretanto o estudo e leitura é imprescindível.
4.1. Recorde-se que é do art. 3º que se extrai quando é considerada a morte (morte encefálica),
atenção ao art. 5º: “A remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa
juridicamente incapaz poderá ser feita desde que permitida expressamente por ambos os pais, ou por
seus responsáveis legais” e o art. 6º: “É vedada a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do
corpo de pessoas não identificadas.” Dê muita atenção ao art. 9º: “É permitida à pessoa juridicamente
capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou
para transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do
§ 4º deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em
relação à medula óssea”, § 3º: “Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos
duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador
de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas
aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda a uma
necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora” e § 4º: “O doador deverá
autorizar, preferencialmente por escrito e diante de testemunhas, especificamente o tecido, órgão ou
parte do corpo objeto da retirada.”
4.2. O que reputo mais importante são as sanções penais (arts. 14 a 20), memorize o art. 14 que
trata da remoção de tecidos, órgãos ou partes do corpo da pessoa ou cadáver, que tem pena de reclusão
de 3 a 8 anos e nos parágrafos as qualificadoras. Fique atento que os únicos crimes apenados com
detenção de 6 meses a 2 anos, são os arts. 18 e 19 e o para o art. 20 só é cominada pena de multa de, 100
a 200 dias-multa.
4.2.1. Por fim, leia o informativo 1030 do STF: “O crime de remoção de órgãos qualificado pelo
resultado morte, previsto no art. 14, § 4º, da Lei nº 9.434/97, não é de competência do Júri.”
5. Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) - Lei com pouquíssimos artigos que demandam leitura e
revisão para memorizar todas as hipóteses.
5.1. Saiba dos fundamentos convencionais (tratado contra a tortura e outros tratamentos cruéis,
desumanos e degradantes e a convenção interamericana para prevenir e punir a tortura), constitucionais
(CF/88, art. 1º, III, art. 3º, II e art. 5º, incisos III, XLIII - ‘mandado constitucional de criminalização’,
XLVII e XLIX) e legais (Lei nº 8.069/90, Lei nº 8.072/90, Lei nº 9.455/97 e Lei nº 12.847/13).
5.2. Acho relevante trazer esta questão de Delegado de Polícia do Espírito Santo (anulada) para
fins didáticos:
5.3. Curiosidade: A tortura no Brasil pode ser praticada tanto por agente do Estado, quanto por
agente particular, razão pela qual se trata de crime comum (caráter bifronte da Lei de Tortura -
praticado tanto por atinge público como por particular), mas nos outros países é crime próprio, por isso
aqui a tortura é conhecida como “crime jabuticaba” (só tem no Brasil). Por essa diferenciação do plano
estrangeiro que alguns entendem a lei ser inconvencional (não prevalece).
5.4. Observação: com o advento da Lei nº 13.491/17 os crimes de tortura cometidos por militares
serão julgados pela Justiça Militar. A Súmula 172 do STJ está superada.
5.5 Vale a pena memorizar os nomes doutrinários, conforme segue:
Art. 1º, inciso I:
a) Tortura Prova ou Confissão - Crime formal e não necessita de intenso sofrimento físico ou
mental (STJ, REsp 1.580.470); observe a diferença do art. 13 da Lei nº 13.869/13 (abuso de autoridade);
b) Tortura para a Prática de Crime - Crime formal;
c) Tortura Racismo ou Discriminação (memorize RR - racial ou religiosa) – Fique atento que
atualmente alguns entendem (corrente que me filio) que a discriminação por orientação sexual estaria
abrangida, em virtude da decisão do STF na ADO 26 e no MI 4.733.
Art. 1º, inciso II: Tortura Castigo - Aqui se exige sofrimento intenso e trata-se de crime próprio.
Não confundir com o crime de maus tratos - crime de perigo concreto e com finalidade educativa (CP,
art. 136).
Art. 1º, § 1º: Tortura pela Tortura - Atenção! Aqui não é necessário emprego de violência e nem
de grave ameaça, é uma tortura psicológica e não tem finalidade especial do agente. Trata-se de crime
subjetividade passiva própria (pessoa presa ou sujeita a medida de segurança). Quanto ao sujeito ativo
defendo que não se trata de crime próprio, podendo ser praticado por qualquer pessoa, exemplo: um
preso torturando o outro (neste sentido: Rogério Sanches, Nestor Távora e Fábio Roque), em sentido
contrário, entendendo que é crime próprio - Renato Brasileiro.
Art. 1º, § 2º: Tortura Omissão – Decorre de mandado constitucional de criminalização por omissão
(art. 5º, XLIII, parte final). Atenção! Aquele que tem o dever de evitar a tortura ou o dever de apurar
responderá pelo crime omissivo próprio (tortura por omissão). Não se aplica o art. 13, § 2º, CP (norma
de extensão causal). Outro ponto importante: a tortura por omissão é o único crime apenado com
detenção e, por isso, não é considerado pela maioria da doutrina um crime equiparado a hediondo (há
críticas neste sentido, pois a CF/88 não fez distinção).
Art. 1º, § 3º: Tortura Qualificada - Resultados que devem ser causados por culpa, trata-se de uma
qualificadora preterdolosa. Lesões leves são absorvidas pela tortura (princípio da consunção). Atenção!
Se a tortura foi utilizada como meio de execução para a morte haverá homicídio qualificado (CP, art.
121, § 2º, III), julgado pelo Tribunal do Júri e considerado hediondo.
Art. 1º, § 4º: Causas de aumento de pena (1/6 a 1/3): agente público, criança, gestante, portador
de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos e mediante sequestro.
5.6. Dicas: trata-se de crime equiparado a hediondo; os crimes não possuem pena de multa; não
existe tortura culposa; é necessário o dolo (constranger com emprego de violência ou grave ameaça
causando sofrimento físico ou mental) + fins especiais - qualquer uma das alíneas do art. 1º; não se aplica
a defesa preliminar prevista no art. 514 do CPP.
5.6.1. Embora seja dominante a orientação no sentido de que o crime de tortura está sujeito à
prescrição, o STF e o STJ possuem precedentes reconhecendo que a reparação de dano decorrente da
tortura é imprescritível. Sobre o tema a recente Súmula 647 do STJ: “São imprescritíveis as ações
indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de
direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.”
5.7. IMPORTANTE: o § 5º traz o efeito AUTOMÁTICO da condenação que é a perda o cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada
(memorize que na Organização Criminosa a perda é automática também e são 8 anos de interdição).
5.8. O condenado poderá iniciar o cumprimento em qualquer regime (aberto, semiaberto ou
fechado), pois o trecho final do § 7º foi considerado inconstitucional pelo STF (HC 11.840/ES), mas
CUIDADO com o coração maldoso do examinador. Se ele colocar “segundo a lei” você deverá marcar
que está correta a assertiva em que se disser que o condenado pelos crimes de tortura (salvo tortura por
omissão) deverá iniciar o cumprimento no regime fechado.
5.9. Não deixe de estudar o tema relacionado à Criminologia sobre a Teoria do Cenário da Bomba
Relógio e Direito Penal Subterrâneo de Zaffaroni.
5.10. Por fim, saiba que os crimes de tortura são hipóteses de extraterritorialidade incondicionada
(art. 2º), tratando-se do princípio da nacionalidade passiva e da justiça universal ou cosmopolita.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Nos termos do art. 69, parágrafo único, da Lei
no 9.099/95, ao autor do fato típico definido como crime de menor potencial ofensivo, após a lavratura
do termo circunstanciado, caso se comprometa a comparecer junto ao Juizado Especial Criminal, não se
imporá prisão em flagrante, e) nem se exigirá fiança. (correta)
1.3.3. Crimes em espécie, arts. 302 a 312, a cobrança costuma ser a literalidade do artigo,
entretanto trarei algumas breves considerações que costumam ser cobradas:
Art. 302 - O fato de o condutor estar com a CNH vencida não se enquadra na causa de aumento
do inciso I do § 1º do art. 302 do CTB (STJ, informativo 581);
Art. 303 - Lesão corporal culposa na direção de veículo automotor - o STJ no informativo 606
admitiu a concessão de perdão judicial;
Art. 305 - fugir do local do crime NÃO viola o princípio da vedação à autoincriminação (STF,
informativo 923);
Art. 306 - embriaguez ao volante é crime de perigo ABSTRATO - memorize as formas de
constatação do § 1º (concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou
igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar) e § 2º (A verificação do disposto
neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia,
vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à
contraprova). Fique atento com o § 4º inserido recentemente pela Lei nº 13.840/19;
Art. 307 - Violar a suspensão ou proibição de dirigir veículo - o STJ no informativo 641, entendeu
que esta suspensão ou proibição deve emanar de autoridade judicial para configurar crime, pois a
violação de suspensão administrativa gera apenas infração administrativa (art. 162, II);
Art. 308 - “Racha” é crime de perigo concreto e este delito só ocorre em “vias públicas”; em
havendo morte fora de via pública será crime do art. 302 e não o art. 308, § 2º; se o agente quiser o
resultado ou agir com dolo eventual o crime será o do at. 302 ou do art. 121 do CP, a depender do caso
concreto;
Art. 309 - Dirigir sem a habilitação ou com a habilitação cassada é crime de perigo concreto
(Súmula 720 do STF). Atenção! Habilitação vencida não configura este crime por falta de previsão
legal;
Art. 310 - Entregar a direção a pessoa não habilitada ou com habilitação cassada é crime de perigo
ABSTRATO (Súmula 575 do STJ);
Art. 311 – Crime de perigo concreto;
Art. 312 – Fraude processual nos crimes de trânsito;
Atenção! A Lei 14.071, de 13 de outubro de 2020 acrescentou o art. 312-B ao (CTB), dispondo
que, quando os crimes de homicídio culposo (art. 302) ou lesão corporal culposa (art. 303) na direção
de veículo automotor forem cometidos após o uso de álcool pelo motorista ou outra substância
psicoativa que determine a dependência, não se admite a substituição da PPL por PRD (não se aplica
o art. 44, inciso I, do Código Penal). Só tome cuidado com a questão temporal, uma vez que antes do
advento da lei era possível a substituição, inclusive foi o que decidiu o STJ no HC 673.337/SP.
1.4. Observação: é possível o concurso material entre o art. 306 e 309 (STJ, REsp 1.863.111/MS);
1.5. Note que os únicos crimes que atribuem pena de reclusão são: art. 302, § 3º (homicídio
culposo na direção de veículo automotor resultante de embriaguez), art. 303, § 1º (lesão corporal culposa
na direção de veículo automotor decorrente de embriaguez ou se resulta lesão corporal grave ou
gravíssima) e art. 308, § 1º (racha que resulta lesão corporal grave) e § 2º (racha que resulta morte).
2. Lei nº 9.605/1998 (Lei do Meio Ambiente) - Fundamento constitucional é o art. 225 da CF/88
e o § 3º constitui um mandado constitucional de criminalização. O bem jurídico tutelado é o meio
ambiente ecologicamente equilibrado (direito de 3ª geração). Apesar de certa divergência, nas Cortes
Superiores têm se aplicado o princípio da insignificância (STF, informativo 816 e STJ no REsp
1.743.980/MG), salvo se praticados contra a administração ambiental (art. 66 a 69 - STJ, AgRg no
AREsp 962.776/RS); neste tema leia sobre delitos de acumulação.
2.1. Dicas: Sujeito passivo é a coletividade (crime vago, multivitimário ou de vítimas difusas);
Leia sobre denúncia geral e genérica (em regra não se admite, mas há exceções); leia sobre
responsabilidade penal da pessoa jurídica (art. 3º) - Teoria da Realidade (Otto Gierke), leia neste tema
sobre a teoria da dupla imputação; não é possível impetrar habeas corpus para trancar inquérito policial
em favor de pessoa jurídica; estude responsabilização por crimes ambientais pela pessoa jurídica de
direito público; desconsideração da personalidade jurídica (art. 4º), adoção da teoria menor (basta
insuficiência patrimonial); para aplicação da pena o juiz leva em consideração as consequências do crime
para a saúde pública e para o meio ambiente, os maus antecedentes ambientais e situação econômica do
infrator (art. 6º).
2.2. Dê especial atenção às atenuantes e agravantes (arts. 14 e 15), geralmente é cobrada
literalidade das disposições ali contidas. Atenção ao arrependimento do infrator (art. 14, II), colaboração
premiada ambiental apenas para agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental (art. 14, IV).
Nas agravantes fique atento à reincidência que deve ser específica (art. 15, I) e o inciso II é o mais
cobrado, redobre a atenção, pois as alíneas de elevada cobrança são: afetando ou expondo a perigo, de
maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente (art. 15, II, “c”), em domingo ou feriados e à noite
(art. 15, II, “h” e “i”) - perceba, não tem sábado!!
2.3. Leia sobre as penas restritivas de direitos (art. 7º) aplicadas às pessoas físicas no caso de
crimes culposos (não importando a pena) e nos crimes dolosos sem violência ou grave ameaça com pena
privativa de liberdade INFERIOR a 4 anos (não tem igual, diferente do CP), e circunstâncias judiciais
favoráveis (art. 7º, II). Leia as espécies de PRD dos arts. 8º a 13, sabendo que suspensão parcial ou total
das atividades e recolhimento domiciliar são PRD que não existem no CP. Neste tópico fique atento aos
prazos, exemplo: interdição temporária de direitos de 5 anos para crimes dolosos e 3 anos para crimes
culposos (cai bastante este prazo) e a prestação pecuniária que será não inferior a 1 salário-mínimo,
nem superior a 360 (memorize).
2.3.1. No art. 21 tem-se a aplicação das penas às pessoas jurídicas (multa, restritiva de direitos e
prestação de serviços à comunidade). A multa é igual à do CP, art. 49: mínimo 10 dias-multa e máximo
360 dias-multa. Dia-multa: não inferior a 1/30 do maior salário mínimo vigente ao tempo do fato, nem
superior 5 vezes a esse mesmo salário. No art. 22 são as PRD aplicadas às pessoas jurídicas, atenção a
proibição de contratar com o poder público com prazo de 10 anos. Atenção ao art. 24, pois haverá
liquidação forçada (extinção) e confisco do seu patrimônio caso seja constituída ou utilizada,
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime ambiental.
2.3.2. Outro artigo muito cobrado é a suspensão condicional da pena (sursis) do art. 16, que prevê
a aplicação nos casos de condenação de pena privativa de liberdade não superior a 3 ANOS (no CP é 2
anos) e deve reparar o dano (laudo de reparação do dano ambiental), outras condições e requisitos deve
ser observado o art. 77 do CP. Já a transação penal está prevista no art. 27 e há um requisito específico:
prévia reparação integral do dano ambiental, salvo comprovada impossibilidade. Já o art. 28 traz a
suspensão condicional do processo, mas atenção à divergência, pois a lei fala em “crime de menor
potencial ofensivo”, então seria possível a aplicação do sursis processual para crimes com pena máxima
até 2 anos, porém a doutrina diz que foi indevida essa disposição e que deve ser considerada a disposição
do art. 89 da Lei nº 9.099/95, ou seja, pena mínima menor ou igual a 1 ano (fique atento ao comando da
questão - lei ou doutrina).
2.4. As ações penais são públicas incondicionadas (art. 26) e a competência em regra é da Justiça
Estadual, podendo ser da Justiça Federal caso haja interesse da União (exemplo: pesca em mar territorial
- CF/88, art. 20, VI). Atenção, o STF entendeu que é de competência da Justiça Federal os crimes
ambientais de caráter transnacional que envolva animais silvestres ameaçados de extinção e espécimes
exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil (questão da prova oral
de Delegado Federal de 2018). O foro competente é o local de consumação do crime (teoria do
resultado).
2.5. Leia sobre infração administrativa ambiental dos arts. 70 a 76. Dê atenção aos informativos
1030 do STF: “Não é permitido o abate de animais apreendidos em situação de maus-tratos”, 685 do
STJ: “Para que haja a apreensão de veículo utilizado na prática de infração ambiental não é necessário
que se comprove que o bem era utilizado de forma específica, exclusiva ou habitual na prática de ilícitos
ambientais” e o julgado do STF no RE 496.601: “O sacrifício de animais é permitido em situações
excepcionais.”
2.6. Crimes em espécie reputo um dos temas mais importantes. Apesar de recomendar a leitura de
todos os artigos (29 a 69), trarei os que reputo mais importante com algumas dicas:
Art. 29. Tipo misto alternativo; conduta exportar é de competência da Justiça Federal (§ 1º, III);
perdão judicial no § 2º, requisitos: guarda doméstica de espécie silvestres não ameaçada de extinção
(doutrina diz que o juiz é obrigado a deixar de aplicar a pena); leia as causas de aumento do § 4º e o
aumento do triplo se for caça profissional que visa lucro, prevista na Lei nº 5.197/67, art. 2º (§ 5º) e o §
6º que anuncia hipótese de atipicidade formal da conduta para atos de pesca;
Art. 30. Exportação não autorizada de pele e couro de anfíbios ou répteis (não fala de mamíferos),
transporte de sapatos ou casacos não configura o crime, competência da Justiça Federal;
Art. 31. Introdução ilegal de espécime animal no país, em regra da Justiça Estadual, mas se for
animais silvestres, ameaçados de extinção ou espécimes exóticas será de competência da Justiça Federal;
Art. 32. Maus tratos e crueldade contra animais. Crime mais importante deste diploma. Trarei
algumas dicas: este crime revogou o art. 64 da LCP; os verbos nucleares são: abusar, praticar maus-
tratos, ferir e mutilar (caso seja morte de animal silvestre, nativo ou em rota migratória será o art. 29).
Muita atenção na atualização promovida pela Lei nº 14.064/2020 (Lei Sansão), que acrescentou o § 1º-
A: “Quando se tratar de CÃO ou GATO, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será
de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda”, preciso que você memorize a
pena desta qualificadora, pois será cobrada, uma vez que gerou embates na comunidade jurídica
(violação ao princípio da proporcionalidade). Atente-se para a majorante do § 2º de 1/6 a 1/3 caso haja
morte do animal. Leia a interessante discussão se cabe ou não o ANPP neste caso, porque o caput do art.
28-A do CP veda o instituto se houver “violência ou grave ameaça”, daí a comunidade jurídica questiona
se a violência animal seria ou não capaz de obstaculizar a ANPP (quanto ao tema leia sobre “seres
sencientes”). Dica: se o agente descumpre a proibição de guarda do art. 32, § 1º-A, responde pelo crime
do art. 359 do CP (desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito);
2.7. Recomendo o estudo dos arts.: 35, 36, 37, 40, 41, 48, 54, 55, 65 (ler sobre pichação e grafite)
e 66.
2.7.1. Quero também que se atente para o seguinte:
2.7.1.1. CONFIGURA crime de maus tratos e crueldade contra animais: rinhas ou brigas de galo
(STF, ADI 1856/RJ), farra do boi (STF, RE 153.351), tourada (doutrina de Luís Paulo Sirvinskas);
2.7.1.2. NÃO configura crime: rodeio (Lei nº10.519/02), vaquejada (STF, ADI 4893) e sacrifício
de animais em rituais religiosos (STF, RE 494.061).
3. Lei nº 9.609/1998 (Lei do Software) - Lei que possui poucos artigos. Faça a leitura provocativa
para compreensão dos temas ali disciplinados. Atenção para a definição de “programa de computador”
do art. 1º e a que se refere o regime de proteção no art. 2º (obras literárias). No § 2º do art. 2º diz que a
tutela dos direitos relativos a programa de computador é de 50 anos contados a partir de 1º de janeiro do
ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação (memorize) e o § 3º (a
proteção independe de registro). Faça uma leitura atenta de um resumo sobre a temática.
4. Lei nº 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais) – Faça uma leitura da lei dando atenção a um
resumo sobre os temas mais importantes. Entenda o que é direito autoral e saiba que neste tema o Brasil
é signatário da Convenção de Berna, que afirma que a proteção ao direito autoral deve se dar de forma
automática, não devendo ser subordinada a qualquer formalidade, por essa razão que o art. 18 da lei diz
que os direitos independem de registro — mas ele pode ser feito para comprovar a autoria de uma obra
perante tribunais, órgãos públicos e outras pessoas.
4.1. Dica: Leia na lei o que não é objeto de proteção (art. 8º) e lembre-se da súmula 574 do STJ:
“Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é
suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externo do material,
e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os
representem.”
5. Lei nº 9.613/1998 (Lavagem de Capitais) – Tema com altíssima incidência em provas. Fique
atento com a classificação: crime derivado, acessório e parasitário. Leia sobre a diferença de dinheiro
sujo (agrega ao patrimônio de forma direta) e dinheiro negro (agrega de forma indireta - ex. deixa de
pagar um tributo) e a discussão sobre o crime de sonegação fiscal como antecedente da lavagem.
5.1. Comece o estudo pelas disposições convencionais. Os mandados internacionais de
criminalização que tratam do tema são: Convenção de Viena e Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional. Na lei dê muita atenção para o art. 1º, memorize-o e se atente que o
dispositivo fala em infração penal, portanto é possível lavagem de capitais de contravenções penais
(ex.: jogo do bicho).
5.2. Estude as gerações das leis de lavagem de capitais: 1ª geração (só tráfico de drogas como
crime antecedente), 2ª geração (rol taxativo de crimes antecedentes) e 3ª geração (qualquer infração
penal como antecedente). Fique atento à pegadinha temporal, pois até 2012 o Brasil era de 2ª geração e
somente com as alterações promovidas pela Lei nº 12.683, de 9 de julho de 2012 que se tornou de 3ª
geração.
5.3. Muita atenção aqui. Em regra, a competência é da Justiça Estadual, no entanto será da Justiça
Federal quando praticado contra o sistema financeiro, a ordem econômica financeira, em detrimento de
bens, serviços ou interesses da União, suas autarquias e empresas públicas ou quando a infração penal
antecedente for de competência da Justiça Federal.
5.4. Há certa divergência quanto ao bem jurídico tutelado pela lei, mas defendo que visa proteger
o sistema/ordem econômico ou socioeconômica financeira (neste sentido Renato Brasileiro e doutrina
majoritária). Dica: A doutrina defende a possibilidade da aplicação do princípio da insignificância. Há
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Com relação aos crimes de trânsito, é correto
afirmar que: c) o crime de embriaguez ao volante não admite transação penal, mas nada impede a
incidência de suspensão condicional do processo. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia – No que concerne à aplicação da Lei no
9.099/95 quanto às infrações penais ambientais previstas na Lei no 9.605/98, é correto afirmar que: e)
nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a transação penal somente poderá ser formulada
desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada
impossibilidade. (correta – art. 27)
2. Lei nº 10.671/2003 (Estatuto de Defesa do Torcedor) - Lei que teve origem em contextos de
violência nos eventos esportivos. A lei dispõe sobre organização, regulamentos, segurança, ingressos,
transporte, alimentação, higiene, arbitragem, justiça desportiva, além de impor penalidades. Recomendo
a leitura das disposições gerais (art. 1º a 3º) e alterações das leis recentes (exemplo: art. 9º, inciso III,
art. 39-A e 39-C).
1.1. Quero que dê especial atenção ao capítulo XI, das penalidades, arts. 37 a 41-A e o capítulo
XI-A, dos crimes. Leia com calma cada crime do estatuto, procurando memorizar alguns aspectos, como
o fato de todos os crimes da lei serem apenados com reclusão (os mais graves têm pena de 2 a 6 anos e
os menos graves, penas de 1 a 2 anos). Leia com atenção os parágrafos do art. 41-B, se a lei for cobrada
certamente será uma dessas disposições.
1.1.1. Dica: Se a pessoa portar arma branca no interior do estádio, em suas imediações ou no seu
trajeto, em dia de realização de evento esportivo, a conduta será punida como crime, na forma do art.
41-B.
3. Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) - A parte que reputo mais importante é o título VI - dos
crimes, arts. 93 a 109. Entretanto, antes darei algumas dicas que acho relevante:
3.1. Idoso: igual ou superior a 60 anos; gratuidade de transportes: maiores de 65 anos (art. 39 e
CF/88, art. 230, § 2º); prioridade especial atendimento de saúde: maiores de 80 anos (EXCETO
emergência - art. 15, § 7º); prioridade na tramitação dos processos: idade igual ou superior a 60 anos,
em qualquer instância (art. 71, § 5º); programa habitacional: pelo menos 3% das unidades (art. 38, I);
reserva de vagas em estacionamentos: 5% (art. 41); assentos em transportes coletivos: 10% (art. 39, §
2º); benefício de prestação continuada (BPC): maiores de 65 anos que não possam prover sua
subsistência, nem tê-la provida por sua família (1 salário mínimo) - LOAS; os idosos possuem gratuidade
em: medicamentos; próteses; órteses; outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação
(art. 15, § 2º).
3.2. Outros reflexos de pessoa de idade avançada para você arrebentar na prova: maior de
70 anos na data da sentença terá reduzida pela metade a prescrição (CP, art. 115); o crime de estelionato
será de ação penal pública incondicionada se a pessoa for maior de 70 anos (CP, art. 171, § 5º, IV);
maior de 80 anos terá direito a substituição da prisão preventiva por domiciliar (CPP, art. 318, I); se
admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular ao maior de 70 anos
(LEP, art. 117, I); não há escusa absolutória para pessoa com idade igual ou superior a 60 anos (CP, art.
183, III).
3.3. Quanto ao procedimento há uma pegadinha sempre cobrada em provas. O art. 94 prevê que
será aplicado o procedimento sumaríssimo para crimes com pena privativa de liberdade igual ou
inferior a 4 anos. Eu quero que você entenda o seguinte: os institutos despenalizadores da Lei nº
9.099/95 só serão aplicados aos crimes com pena privativa de liberdade de até 2 anos (nada mudou).
Porém, se o crime praticado tiver pena máxima abstratamente cominada superior a 2 e inferior a 4 anos,
será aplicado o procedimento sumaríssimo, mas NÃO os institutos despenalizadores (o estatuto
ampliou a competência, em razão da matéria, dos Juizados Especiais Criminais). Penas superiores a 4
anos serão regidas pelo procedimento ordinário.
3.4. Quero que saiba que nem todo e qualquer crime praticado contra idoso estará necessariamente
tipificado nesse diploma legal, a exemplo dos crimes sexuais, contra a vida e integridade física, tortura.
E atenção, o estatuto só traz crimes e não contravenções penais e todos os delitos são de ação penal
pública incondicionada (alta incidência em provas).
3.4.1. Recomendo que faça a leitura atenta de todos os crimes, porém trarei algumas dicas sobre
alguns:
Art. 96 - Crime de menor potencial ofensivo apenado com reclusão; atenção para o § 1º e sua
diferença com a injúria discriminação. Fique atento para inclusão do § 3º pela Lei nº 14.181/21: “Não
constitui crime a negativa de crédito motivada por superendividamento do idoso”;
Art. 97 - Crime omissivo puro. Atenção é crime especial em relação ao art. 135 do CP;
Art. 98 - Atenção aqui para os locais mencionados, caso não se enquadre em nenhum, será o crime
do art. 133 do CP (majorado). Dica: abandonar pessoa deficiente é crime do art. 90 da Lei nº
13.146/2015, cuja pena é de reclusão de 6 meses a 3 anos (no abandono de idoso o quantum é igual, mas
o regime é de detenção - já caiu isso em prova, acredite!);
Art. 99 - Crime especial em relação ao crime do art. 136 do CP;
Art. 102 – Repare que o tipo penal diz: “apropriar-se de ou desviar bens, proventos etc.”, isso
quer dizer que poderá o autor se apropriar de bens imóveis diferente do art. 168 do CP, pois lá diz “coisa
alheia móvel”.
Art. 104 - Crime formal;
Art. 106 - Se a pessoa tiver discernimento será o crime do art. 173 do CP;
Art. 107 - Se for mediante violência ou grave ameaça será o crime de extorsão (CP, art. 158);
Art. 108 - Crime bipróprio - sujeito ativo (notário), sujeito passivo (pessoa idosa sem
discernimento de seus atos, sem a devida representação legal);
4. Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) - Lei de extrema importância para seu estudo.
Leia com muita atenção e revise sempre. Todos os tipos penais desta lei constituem norma penal em
branco. A lei faz menção a "arma de fogo, acessório ou munição", em “desacordo com determinação
legal ou regulamentar.” A integração dessas lacunas está em decretos, como o de nº 9.847/2019, que
traz conceitos importantes.
4.1. Tenha uma noção (faça uma tabela se necessário) das diferenças entre: arma de fogo de uso
permitido (portáteis e não portáteis); arma de fogo de uso restrito (não portáteis, de porte e portáteis de
alma raiada); arma de fogo de uso proibido (disciplinada em tratados internacionais e as dissimuladas
com aparência de objetos inofensivos). A relação de calibres se encontra na Portaria nº 1.222/2019 do
Comando do Exército. O enunciado da questão já traz a informação acerca dessa característica da arma
de fogo, ou seja, o examinador irá informar se ela é de uso permitido, restrito ou proibido. Leia também
sobre munição de uso restrito, proibido e acessórios de arma de fogo. O estudo destes temas é importante
porque o objeto material da lei são: as armas de fogo, acessórios e munição.
4.2. Trata-se de crime pluriofensivo (segurança pública e paz pública), o sujeito passivo é a
coletividade e os crimes são de perigo abstrato. A competência em regra é da Justiça Estadual, será da
Justiça Federal caso presentes uma das hipóteses previstas no art. 109, CF. Exemplos: tráfico
internacional de arma de fogo (art. 18); crime previsto no Estatuto do Desarmamento praticado a bordo
de navios ou aeronaves (art. 109, IX, CF).
4.3. Estude os sistemas gerenciadores de armas de fogo (SINARM e SIGMA). O SIGMA tem
atribuição para as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares (PM), ABIN e GSI.
4.3.1. Quero que memorize o seguinte:
4.3.1.1. As armas de fogo de uso restrito são cadastradas pelo SIGMA, registradas pelo Comando
do Exército e o documento é CRAF;
4.3.1.2. As de uso permitido são cadastradas pelo SINARM, registradas pela PF e o documento é
CRA.
4.4. Atenção para a Lei nº 13.870/19 que considera residência ou domicílio toda a extensão do
imóvel rural (art. 5º, § 5º).
4.5. Não deixe de memorizar os requisitos para aquisição de arma de fogo de uso permitido do art.
4º (mnemônico: NORACI tem 25). Os fundamentos sobre indeferimento estão no Decreto nº 9.847/19,
art. 12, § 1º. Estude com calma a diferença entre posse (intramuros) e porte (extramuros).
4.5.1. Leia as exceções do art. 9º - porte de arma da segurança de cidadãos estrangeiros em visita
ou sediados no Brasil (geralmente altas autoridades), que será concedido pelo Ministério da Justiça e
porte de trânsito de arma de fogo (guia de tráfego) para colecionadores, atiradores e caçadores e de
representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional
que será concedida pelo Comando do Exército.
4.5.2. Sobre porte funcional ou legal, além da leitura da lei quero que fique atento ao julgado pelo
STF na ADI 5538, em que se entendeu: “Todos os integrantes das guardas municipais possuem direito
a porte de arma de fogo, em serviço ou mesmo fora de serviço, independentemente do número de
habitantes do Município.” Atenção com o art. 30 do Decreto nº 9.847/2019, o qual prevê que os
integrantes das polícias, os guardas municipais, ABIN etc., continuam a ter o porte de arma mesmo
depois de aposentados. Atenção ao informativo 987 do STF: “Lei distrital não pode conferir porte de
arma nem determinar o exercício de atividades de segurança pública a agentes e inspetores de trânsito.”
4.6. Sobre crimes em espécie farei as considerações que eu reputo pertinentes (claro, leia e revise
várias vezes, aqui só farei os indispensáveis apontamentos):
Art. 12. Posse de arma de fogo. O STJ entendeu que a posse de munição apreendida no contexto
de tráfico de drogas afasta o princípio da insignificância (AgRg no REsp 1.695.811). Não confunda
com a posse de munição desacompanhada de arma de fogo para o qual foi aplicada a insignificância de
forma excepcional pelo STJ (jurisprudência em teses, edição 108 e AgRg no HC nº 692.217/ES, julgado
em 04/10/2021). Motorista com arma de fogo na boleia do caminhão comete crime de porte de arma de
fogo (exceção: trailers e motorhomes utilizados como casa). Não tem modalidade culposa e é crime
permanente.
Art. 13. Omissão de Cautela. O objeto material é apenas a arma de fogo, não abrangendo
acessório ou munição e não se pune o apoderamento de arma branca. Se um menor de 18 anos ou
deficiente mental se apodera de munição, o agente poderá responder por contravenção penal (LCP, art.
19, § 2º, “c”). Trata-se de crime próprio (proprietário ou possuidor da arma de fogo). Se o agente entrega
a arma de fogo dolosamente responde pelo art. 16, § 1º, V. Memorize o prazo do parágrafo único (24
horas).
Art. 14. Porte de arma de fogo de calibre permitido. Portar arma de brinquedo, simulacro ou réplica
pode configurar contravenção penal (LCP, art. 19). Leia sobre porte compartilhada. Atenção: caso
periciada a arma (não é obrigatória a perícia) e constatada sua absoluta ineficácia o fato será atípico
(STJ, informativo 570). Fique atento também ao informativo 721 do STJ: “O crime de porte de arma de
fogo, na modalidade transportar, admite participação.”
Art. 15. Disparo de arma de fogo. Crime expressamente subsidiário. Lembre-se que se trata de
crime de perigo abstrato. Fique atento aos elementos espaciais: lugar habitado e adjacências, via pública
ou em direção a via pública. Disparar munição em local ERMO, completamente deserto, não configura
o crime e o disparo acidental não é típico (ex.: policial que dispara acidentalmente em caixa de areia). A
diferença deste crime com o do art. 132 do CP é que no crime do Código Penal exige-se exposição de
perigo a pessoa certa e determinada (perigo concreto).
Art. 16. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. O mais importante aqui é você saber
que APENAS o § 2º (arma de fogo de calibre proibido) é crime hediondo (alta incidência de
cobranças). O caput e as figuras equiparadas não receberam esse rótulo. Quero que dê atenção ao inciso
II do § 1º do art. 16 (modificação das características da arma de fogo). Cuidado! Não abrange munição
ou acessório. O art. 242 do ECA foi revogado parcialmente e é aplicado somente no que tange às armas
brancas. Faça uma leitura atenta das figuras equiparadas.
Art. 17. Comércio ilegal de arma de fogo. Aqui quero que se atente que é crime hediondo somente
o comércio de ARMA DE FOGO (Lei nº 8.072/90, parágrafo único, III). Atenção! Os arts. 17 e 18 têm
causa de aumento da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 18. Tráfico internacional de arma de fogo. Trata-se de crime hediondo, lembrando que o
Brasil é signatário da Convenção Interamericana contra a fabricação e o tráfico ilícitos de armas de fogo,
munições, explosivos e outros materiais correlatos. Atenção! Não basta que o objeto tenha origem
estrangeira, sendo necessário que se COMPROVE a internacionalidade para configurar o crime (Tese
do STJ – Edição 108). A competência é da Justiça Federal.
4.7. Atenção! Agente Policial Disfarçado - Trata-se de inovação do Pacote Anticrime, quero que
dê muita atenção, dada a sua pertinência temática com a atuação da atividade policial. Primeiramente
não confunda agente provocador e agente infiltrado com agente policial disfarçado. Esta figura está
prevista para os crimes de comércio ilegal de arma de fogo (art. 17, § 2º) e para o tráfico internacional
de arma de fogo (art. 18, parágrafo único). Quero que repare que não há necessidade de prévia
autorização judicial. Memorize o elemento normativo condicionador que funciona como um requisito
para a configuração típica, do qual o flagrante (doutrina chama de flagrante parasitário) só será válido
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente, ou seja, deve
haver provas que o crime já existia antes.
4.8. Dica: O STJ entendeu que o porte de arma branca é conduta que permanece típica no art. 19
da LCP, não havendo que se falar em violação ao princípio da intervenção mínima ou da legalidade
(informativo 668).
4.9. Temas relevantes: Não é necessária a realização de perícia na arma, munição e acessórios
para a configuração dos crimes (jurisprudência em teses do STJ, edição 108); a POSSE de arma fogo
com registro vencido é fato atípico, configurando apenas infração administrativa (STJ, informativo 572);
constatada violência doméstica e posse de arma de fogo de uso permitido o juiz poderá suspender o
registro (inciso I, art. 22 da Lei 11.340/06) e determinar a apreensão da arma de fogo (inciso IV, art. 18
da Lei 11.340/06); a detenção do agente com pluralidades de armas de uso permitido e restrito ensejará
concurso formal, pois atingem bens jurídicos diversos (STJ, AgRg nos EDcl no AREsp 1.122.758/MG).
4.10. Por fim, quero que saiba que o art. 21 foi declarado inconstitucional (ADI 3112), portanto
cabe liberdade provisória. Não deixe de ler o art. 25 sobre destruição ou doação das armas de fogo
apreendidas e sobre a abolitio criminis temporária do art. 30 (não se esqueça essa abolitio só abrangeu
a posse de arma de fogo) e, finalmente, leia com atenção sobre o banco nacional de perfis balísticos,
art. 34-A inserido pelo Pacote Anticrime.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - É correto afirmar a respeito do crime de disparo
de arma de fogo, previsto na Lei no 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), que: b) se trata de crime
comum, de perigo abstrato e que não admite a suspensão condicional do processo. (correta – a pena é
de reclusão de 2 a 4 anos, e multa, portanto não cabe suspensão condicional do processo)
NÃO são automáticos e perdurarão até 5 anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar
antes pela reabilitação penal (art. 181, § 1º). A prescrição segundo o art. 182 começa a correr da falência,
da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial e o
parágrafo único deste artigo traz uma causa interruptiva da prescrição. Já o art. 184 traz que os crimes
são de ação penal pública incondicionada. Eu apostaria, se esta lei for cobrada, em questões com
algumas destas disposições gerais.
1.5. Não deixe de ler as tipificações penais dos arts. 168 a 178, verificando quais crimes a lei
atribui detenção ou reclusão (o único crime da lei que tem pena de detenção é o art. 178), dê uma atenção
especial as majorantes e às inovações legislativas, exemplo: a Lei nº 14.112/20 acrescentou o § 2º no art.
168, que trata de ato fraudulento que resulte prejuízo a credores: “§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um
terço) até metade se o devedor manteve ou movimentou recursos ou valores paralelamente à
contabilidade exigida pela legislação, inclusive na hipótese de violação do disposto no art. 6º-A desta
Lei.” Sobre o art. 6º-A: “É vedado ao devedor, até a aprovação do plano de recuperação judicial,
distribuir lucros ou dividendos a sócios e acionistas, sujeitando-se o infrator ao disposto no art. 168 desta
Lei.”
2. Lei nº 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) – Nesta lei quero que você faça uma leitura das
disposições preliminares e gerais (arts. 1º a 7º), da responsabilidade civil e administrativa (arts. 20 a 23)
e o tema que reputo mais importante é dos crimes e das penas (arts. 24 a 29).
2.1. São poucos crimes, portanto a leitura é indispensável, fique atento aos tipos de pena, detenção
ou reclusão, e as agravantes do art. 27, § 2º que fala da liberação de organismos geneticamente
modificados no meio ambiente. Se este tema cair, apostaria ou no art. 24: “Utilizar embrião humano em
desacordo com o que dispõe o art. 5º desta Lei: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa” , art.
26: “Realizar clonagem humana: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa” (lembra da
novela “O Clone” que Gabriel Habib participou, então!) ou art. 27 já mencionado e suas agravantes (veja
que cada agravante tem um quantum diferente).
3. Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) – Lei de extrema importância para atuação do
Delegado de Polícia, por isso seu conhecimento é fundamental para a carreira. Como de praxe, comece
pelo fundamento constitucional (não se esqueça disso na prova dissertativa), que é o art. 226 da CF/88.
Este artigo visa, por meio de ações positivas, extirpar a desigualdade histórica que existe entre homens
e mulheres. Sobre o tema leia o informativo 654 do STF: “Não há violação do princípio constitucional
da igualdade no fato de a Lei n. 11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres.” Já o fundamento
convencional está na Convenção da Mulher, adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1979, a
Convenção de Belém do Pará de 1994.
3.1. Quero que você se atente ao seguinte: não é qualquer agressão contra mulher que atrairá a lei
em comento. Para a incidência da LMP são necessários 3 requisitos cumulativos: (i) vítima mulher
(sentido jurídico); (ii) prática de violência física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral (art. 7º); (iii)
violência motivada por questões de gênero praticadas nas hipóteses elencadas no art. 5º, incisos I
(violência doméstica), II (âmbito familiar) ou III (relação íntima de afeto). Só de saber esses requisitos
já dá para acertar a maioria das questões da prova que tente te confundir com os crimes do Código Penal
(ex.: CP, art. 129, § 13). Portanto, é indispensável a leitura dos arts. 5º e 7º que trazem as formas possíveis
de violência doméstica e familiar contra a mulher. Leia a Súmula 600 do STJ: “Para a configuração da
violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se
exige a coabitação entre autor e vítima.”
3.2. Estude temas correlatos que geralmente são cobrados em provas dissertativas:
3.2.1. Sobre a incidência da lei a transexuais, prevalece a corrente de que é possível conferir a
proteção da Lei Maria da Penha, mesmo sem realizar a cirurgia de transgenitalização. Ademais, em
relação a mulher trans não há uma vedação legal ou uma distinção entre mulheres “trans” e mulheres
“cis” para fins de aplicação da Lei 11.340/2006. Leia a ementa da ADI 4.275/DF, na qual o STF entendeu
pela possibilidade da mudança de nome da pessoa trans diretamente em cartório e sem a necessidade da
realização de cirurgia de redesignação sexual(excluindo-se, portanto, o critério biológico) e veja a ADPF
527/DF, que possibilitou que pessoas trans cumprissem pena em estabelecimento prisional destinado ao
gênero com o qual se identificam (tema regulamentado pela Resolução do CNJ 348/2020).
3.2.2. Não há necessidade de habitualidade, bastando que a violência seja de gênero (motivação
relacionada ao preconceito, à discriminação ou ao menosprezo do sexo feminino), ou que a
vulnerabilidade da ofendida seja decorrente da sua condição de mulher. “O objetivo da Lei Maria da
Penha não foi o de conferir uma proteção indiscriminada a toda e qualquer mulher, mas apenas àquelas
que efetivamente se encontrarem em uma situação de vulnerabilidade em razão de gênero.” Para o STJ
há presunção legal da hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica. Ex: agressão feita por
um homem contra a sua namorada, uma Procuradora da AGU, que possuía autonomia financeira e
ganhava mais que ele.
3.2.3. No art. 7º estude os tipos de violência: inciso I (violência física), II (psicológica), III (sexual),
IV (patrimonial) e V (moral), os certames buscam confundir os conceitos.
3.2.4. Atenção! Homem pode ser vítima de violência doméstica, mas neste caso a ele será aplicado
o § 9º do art. 129 do CP e não a Lei Maria da Penha (informativo 501 do STJ). Cuidado! A mulher do
qual não haja incidência da Lei Maria da Penha por não estar relacionado aos motivos que mencionei
acima, no caso de lesão corporal, será possível aplicação do § 13 do art. 129 do CP, inserido pela Lei nº
14.188/21, ou mesmo da violência psicológica do art. 147-B do CP, sem prejuízo de eventual violência
política do art. 359-P do CP ou as disposições do Código Eleitoral (art. 326-B). Não deixe de ler estes
dispositivos.
3.2.5. Outro artigo importante é o 9º, que merece uma leitura atenta de seus incisos e parágrafos.
Dê especial atenção ao § 2º, inciso II (manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o
afastamento do local de trabalho por até seis meses). Recentemente o STJ entendeu no informativo 655
que “a medida de afastamento do local de trabalho, prevista no art. 9º, § 2º, da Lei é de competência do
Juiz da Vara de Violência Doméstica, sendo caso de interrupção do contrato de trabalho, devendo a
empresa arcar com os 15 primeiros dias e o INSS com o restante.” Outros dispositivos importantes
são os incluídos pela Leis nº 13.871/2019.
3.3. Os dispositivos mais importantes do seu estudo com certeza são os do capítulo III que trata do
atendimento pela autoridade policial. Estude este tema com bastante atenção! Como sempre foque nas
alterações legislativas. Dê atenção ao art. 10-A, § 1º, III, que trata da “revitimização ou vitimização
secundária” e ao § 2º, que é muito cobrado. Atenção para a palavra “preferencialmente”, pois os certames
substituem por “exclusivamente.”
3.3.1. Leia com muita atenção o art. 12 e o roteiro que a lei fornece, juntamente com os prazos
(memorize: 48 horas para a remessa da medida protetiva de urgência). Grande probabilidade de serem
cobrados. Atenção ao inciso VI-A: “verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de
fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à
instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826,
de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento).”
3.3.2. Observe que a realização do exame de corpo de delito terá prioridade quando se tratar de
crime que envolva violência doméstica e familiar contra mulher (art. 158, parágrafo único, inciso I,
CPP). Mas, atenção! O § 3º do art. 12 diz que serão admitidos como meios de prova os laudos ou
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde, revelando-se uma mitigação a
obrigatoriedade do exame de corpo de delito.
3.3.3. Quero que memorize as hipóteses do art. 12-C, em que verificada a existência de risco atual
ou iminente à vida ou à integridade física ou PSICOLÓGICA da mulher em situação de violência
doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente AFASTADO DO LAR,
domicílio ou local de convivência com a ofendida pela autoridade judicial, pelo delegado de polícia,
quando o Município não for sede de comarca ou pelo policial, quando o Município não for sede de
comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. Nestes últimos casos o juiz será
comunicado no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo (dica: memorize que é o duplo
24 horas), sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério
Público concomitantemente. Fiz questão de reproduzir o dispositivo, vocês devem MEMORIZAR.
Atenção que o prazo para que o juiz conceda a medida protetiva em outras hipóteses é de 48 horas (art.
18, caput), por isso a doutrina crítica essa disposição.
3.3.3.1. Dica: No caso de descumprimento de decisão da autoridade policial, não há crime, sequer
de desobediência. Todavia, poderá ser preso preventivamente, por força do art. 313, III, CPP.
3.3.3.2. O art. 20 da LMP diz o seguinte: “Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do
Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial” e o parágrafo único: “O juiz poderá
revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem
como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.” Perceba que a parte negritada se
refere a decretação de ofício pelo juiz, contudo o STJ entendeu que: “não obstante o art. 20 da Lei n.
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) ainda autorize a decretação da prisão preventiva de ofício pelo Juiz
de direito, tal disposição destoa do atual regime jurídico (informativo 725). A atuação do juiz de
ofício é vedada independentemente do delito praticado ou de sua gravidade, ainda que seja de natureza
hedionda, e deve repercutir no âmbito da violência doméstica e familiar.”
3.3.3.2. Fique atento! Toda mulher vítima de violência doméstica sofre abalo moral indenizável.
O dano é presumido (in re ipsa), conforme entendeu o STJ no REsp 1.643.051/MS (recurso repetitivo).
3.4. Estude sobre as medidas protetivas que obrigam o agressor (art. 22): de urgência à ofendida
(art. 23) e de cunho patrimonial (art. 24).
3.4.1. Eu quero que você dê muita atenção ao art. 19, o qual prevê que as medidas protetivas de
urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do M.P. ou a pedido da ofendida. Da
leitura dá para perceber que não será possível o Delegado de Polícia requerer tal medida! O que costuma
cair em provas nesta parte é o seguinte: para concessão das medidas protetivas de urgência (§ 1º) é
DIPENSÁVEL a prévia oitiva do M.P. e não precisa de advogado (art. 27), já quanto a concessão de
NOVAS medidas protetivas ou revisão, EXIGE-SE a prévia oitiva do MP. Memorize isso, pois tem
alta incidências em provas. Ademais, as medidas podem ser substituídas ou revistas a qualquer tempo
(cláusula rebus sic stantibus – art. 19, § 2º).
3.4.2. Atenção! A Lei 13.984/20 acrescentou duas novas medidas protetivas de urgência a serem
cumpridas pelo agressor (frequentar centro de educação e de reabilitação e ter acompanhamento
psicossocial) – art. 22, incisos VI e VII. Entenda que o rol de medidas protetivas é exemplificativo, a
doutrina denomina de princípio da atipicidade das medidas protetivas de urgência e que podem ser
concedidas medidas protetivas mesmo que o fato que as ensejou não seja criminoso. No art. 23, atente-
se ao inciso V, incluído pela Lei nº 13.882/19: “determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa
instituição, independentemente da existência de vaga.”
3.4.3. Quanto aos recursos cabíveis quanto às medidas protetivas, a doutrina diverge sobre o tema
já que o legislador foi silente. Alguns defendem que a decisão desafia recurso previsto no CPC (agravo
de instrumento) e outros sustentam que o recurso adequado é o do CPP (RESE). Concordo com Rogério
Sanches, segundo o qual o recurso adequado dependerá da feição da medida protetiva. Se for cível,
desafiará agravo de instrumento; se for penal, deve-se interpor recurso em sentido estrito (RESE).
3.5. Outro tema importante que gostaria de tratar é o sobre descumprimento decisão judicial da
medida protetiva. O art. 24-A foi inserido pela Lei nº 13.641/18 e prevê sanção criminal de detenção, de
3 meses a 2 anos. O § 1º anuncia que a configuração do crime independe da competência civil ou criminal
do juiz que deferiu as medidas e o § 2º dispõe que na hipótese de prisão em flagrante, apenas a
autoridade judicial poderá conceder fiança (elevada cobrança).
3.5.1. Sobre este crime prevalece o entendimento de que não se trata de infração de menor
potencial ofensivo, pois o delito, embora seja praticado contra a Administração Pública, também atinge
a mulher. Logo, será julgado pelo Juízo Comum, aplicando-se o procedimento sumário.
3.6. Por fim, atente-se que, conforme o art. 41, aos crimes (contravenções também) praticados com
violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei
nº 9.099/95. E, também, leia a Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação
penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”; Súmula 542, STJ:
“A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é
pública incondicionada”; a Súmula 588, STJ: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher
com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos” e a Súmula 589, STJ: “É inaplicável o princípio da
insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas.” Fiz questão de reproduzir os enunciados de súmula porque a incidência de cobrança é
elevada.
3.6.1. Fique atento as seguintes pegadinhas de prova: a Súmula 536 não trata da suspensão
condicional da pena do CP, portanto é possível esse instituto, uma vez que o art. 41 da LMP faz
referência apenas aos institutos da Lei nº 9.099/95 e não do Código Penal. E o crime de ameaça é ação
penal pública condicionada à representação (lembre-se que conforme o art. 16 a ofendida pode renunciar
até o RECEBIMENTO da denúncia), diferente da lesão corporal culposa e leve, que no contexto da Lei
Maria da Penha é de ação penal pública incondicionada.
3.6.2. Dica: não cabe ANPP nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar
(art. 28, § 2º, CPP).
3.6.3. Atenção também para a competência anunciada pelo art. 14: “Os Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal,
poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo,
o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher” e seu parágrafo único: “Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme
dispuserem as normas de organização judiciária.” Atenção ao informativo 682 do STJ: “A idade da
vítima é irrelevante para afastar a competência da vara especializada em violência doméstica e familiar
contra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha" e ao HC 542.828 julgado pela 5ª Turma
do STJ: “É irrelevante o lapso temporal da dissolução do vínculo conjugal para se firmar a competência
do Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher nos casos em que a conduta
imputada como criminosa está vinculada à relação íntima de afeto que tiveram as partes.”
3.6.3.1 Neste tema da competência quero que fique atento ao art. 14-A, incluído pela Lei nº 13.894,
de 2019, ultimamente tem sido muito cobrado, veja: “A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio
ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher”; §
1º: “Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
pretensão relacionada à partilha de bens” e § 2º: “Iniciada a situação de violência doméstica e familiar
após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no
juízo onde estiver.”
3.6.4. Fique atento também ao art. 16, que somente admite a renúncia (aqui o legislador usou a
palavra renúncia se referindo a retratação) enquanto não RECEBIDA a denúncia, em audiência
especialmente designada com tal finalidade. Cuidado: não é possível retratação no cartório da Vara,
neste sentido o informativo 656 do STJ: “Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada
comparece ao cartório da vara e manifesta interesse em se retratar da representação, ainda assim o juiz
deverá designar audiência para que ela confirme essa intenção e seja ouvido o MP, nos termos do art.
16.”
3.6.5. Finalmente, lembre-se que é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição
de pena que implique o pagamento isolado de multa (art. 17).
4. Lei nº 11.343/2006 (Lei Antidrogas) – Lei mais importante do seu concurso. Não tenha
dúvidas que ela será cobrada. Como de costume inicie os estudos pelo fundamento constitucional, neste
caso o mandado constitucional de criminalização explícito da CF/88, art. 5º, XLIII. A lei em comento
tem natureza bifronte (prevenção ao uso indevido de drogas e repressão ao tráfico de drogas).
4.1. Leia sobre o Sisnad (arts. 3º a 17), as medidas para prevenção do uso indevido de drogas (arts.
18 e 19), atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas (arts. 20 a 26). Os concursos
públicos começaram a cobrar essa parte inicial da lei depois da alteração promovida pela Lei nº
13.840/19.
4.1.1. Nesta parte quero que dê especial atenção aos tipos de internação (voluntária e
involuntária). Atenção especial ao § 3º, inciso II: “internação involuntária: aquela que se dá, sem o
consentimento do dependente, a pedido de familiar ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste,
de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad,
com exceção de servidores da área de segurança pública, que constate a existência de motivos que
justifiquem a medida.”
4.2. Sobre os crimes em espécie a leitura dos tipos penais é essencial. Farei alguns comentários
dos quais reputo importantes:
4.2.1. Antes de adentrar ao tema propriamente dito é preciso entender que há certa divergência de
quais crimes são equiparados a hediondo nesta lei. Prevalece que são os seguintes: art. 33, caput e § 1º
e incisos, art. 34 (o art. 33, § 4º já não era considerado equiparado a hediondo e o pacote anticrime
positivou este entendimento no § 5º do art. 112 da LEP), 36 e 37. O fundamento dessa corrente reside
no art. 44 da Lei de Drogas: “os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 são inafiançáveis
e insuscetíveis de graça, indulto a anistia (o resto do artigo foi declarado inconstitucional), e no parágrafo
único prevê que o livramento condicional só será possível após o cumprimento de 2/3 da pena, vedado
a reincidente específico. Se a estas infrações foram estabelecidas diversas restrições – algumas típicas
da hediondez (CF/1988, art. 5º, XLIII), somos levados a compreender que as figuras penais mencionadas
no art. 44 são tidas como “tráfico de drogas. Observação: Renato Brasileiro (minoritário) diz que o art.
35 é equiparado a hediondo (associação para o tráfico), mas o STJ tem tese em sentido contrário (Edição
131).
Art. 28. Porte de Drogas para consumo pessoal. Dica: a lei trabalhou com a despenalização
moderada do porte de drogas para consumo pessoal (alguns preferem “descarceirização”), mas, de
acordo com a maioria, ainda rotula o comportamento como crime, passível de pena não privativa de
liberdade (STF, RE 430.105 QO/RJ). Leia sobre despenalização e a discussão sobre a descriminalização;
atente-se que não se trata de “uso”, pois usar não configura o crime do art. 28, sendo importante você
memorizar os verbos nucleares (adquirir, guardar, ter em depósito e trazer consigo); cuidado com o
confisco do art. 243 da CF/88 e o cultivo de matéria prima no porte de drogas (art. 28, § 1º); o uso de
drogas no interior de estabelecimento prisional configura falta grave; cabe a acusação provar que a droga
encontrada com o agente não era para consumo próprio (STF, informativo 711); dê especial atenção as
penas do art. 28 e o prazo de 5 meses para aplicação da prestação de serviços à comunidade e medidas
educativas de comparecimento a programa ou curso educativo, que será prorrogado até 10 meses se
houver reincidência específica (STJ, informativo 662); atenção para as medidas sancionatórias do § 6º
do art. 28 do descumprimento das penas dos incisos I, II e III, do qual será aplicada sucessivamente
(uma depois a outra): admoestação verbal e multa (memorize o quantum de multa do art. 29) e não se
esqueça que o prazo de prescrição do art. 28 é de 2 anos (elevada cobrança). Leia com atenção o § 2º
que traz o sistema de quantificação judicial, do qual o juiz vai dizer se é tráfico ou porte baseado nos
vetores ali indicados: natureza e a quantidade da substância apreendida, local a condições da ação,
circunstâncias sociais e pessoais, conduta e antecedentes do agente (elevada cobrança). Note que no art.
52, inciso I, o legislador apresenta os mesmos requisitos que precisam ser analisados pelo Delegado de
Polícia por ocasião do relatório. Neste tema, por fim, quero que se atente para as decisões recentes do
STF sobre a importação de drogas e cultivo para usos medicinais (STJ, informativos 673 e 690).
Art. 33. Tráfico de Drogas. Leia com atenção este crime, você vai se deparar diariamente com esse
tipo penal em na sua carreira. Dicas: leia todos os verbos nucleares (veja quais são permanentes) e
lembre-se que se trata de tipo misto alternativo (Teses do STJ, edição 131);
Art. 33, § 1º, I. Tráfico de Matéria Prima. Leia sobre o debate sobre o transporte de folhas de coca
(o STJ no informativo 673, entendeu que a folha de coca não é considerada droga, porém pode ser
classificada como matéria-prima ou insumo para sua fabricação); leia também sobre a importação de
sementes de maconha, há várias correntes sobre o tema, mas tem prevalecido que não é crime (STJ,
informativo 683 e STF, informativo 915). Atenção para estes informativos, são muito cobrados na área
federal, mas não custa ter esse conhecimento, inclusive a importação de sementes de maconha foi objeto
de cobrança da prova de Delegado Federal de 2021;
Art. 33, § 1º, II. Não confunda com a figura equiparada do art. 28, § 1º, pois o crime de semeio,
cultivo ou colheita tem como finalidade o tráfico de drogas (verifique no comando da questão a
finalidade para qual a droga está sendo cultivada);
Art. 33, § 1º, III. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser praticado por proprietário, possuidor,
administrador, sob guarda ou vigilância; o traficante responde pelo caput (exceção pluralista à teoria
monista do concurso de agentes);
Art. 33, § 1º, IV. Agente Policial Disfarçado (essa figura está presente também no comércio ilegal
de armas de fogo e do tráfico internacional de armas de fogo). Trata-se de inovação do Pacote Anticrime,
fique atento, pois é grande a sua pertinência temática com a atuação da atividade policial. Não confunda
agente provocador e agente infiltrado com agente policial disfarçado. Da leitura do dispositivo é possível
notar que não há necessidade de prévia autorização judicial. Eu quero que memorize o elemento
normativo condicionador que funciona como um requisito para a configuração típica, do qual o
flagrante (doutrina chama de flagrante parasitário) só será válido quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente, ou seja, deve haver provas que já existia o
tráfico de drogas antes da venda ao policial disfarçado;
Art. 33, § 2º. Atenção que este crime não é equiparado a hediondo e a pena é a de detenção.
Geralmente o que costuma ser cobrado é a hipótese de empréstimo de bem móvel ou imóvel para que
alguém faça o uso de drogas (deve ter conhecimento disso). Aquele que induz, instiga ou auxilia será
AUTOR deste crime; a conduta deve ser dirigida à pessoa determinada, pois se forem pessoas
indeterminadas poderá configurar outro crime (incitação ao crime – art. 286 do CP); prevalece que o
crime é material. Dica: leia o tema correlato “marcha da maconha”, do qual se entendeu não se tratar de
crime, mas de prática legítima do direito à livre expressão do pensamento (STF, informativo 649);
Art. 33, § 3º. Uso compartilhado de drogas. Memorize os requisitos cumulativos: oferecimento
eventual, consumo em conjunto, sem objetivo de lucro a pessoa do relacionamento;
Art. 33, § 4º. Tráfico com causa de diminuição de pena (memorize o quantum de 1/6 a 2/3). Esta
benesse será aplicada aos delitos do art. 33, caput e § 1º apenas. Preciso que você memorize os requisitos
cumulativos (STJ, AgRg no HC 477.020/SP): agente primário, bons antecedentes, não se dedicar a
atividades criminosas e não integrar organização criminosa. Há alguns temas que preciso que você dê
especial atenção, pois são divergentes:
a) Histórico de ato infracional: o entendimento recente do STF (HC 198.367) e do STJ (HC
664.284) é de que inquéritos e processos em andamento não obstam a aplicação da minorante do tráfico
de drogas, apenas condenações transitadas em julgado serão consideradas em desfavor do condenado
(entendimento que tem fundamento na súmula 444 do STJ).
b) Outro tema de extrema relevância foi o que entendeu a 3ª Seção do STJ no informativo 712, de
que o histórico de ato infracional do agente só pode afastar a minorante do tráfico de drogas se: (i) os
atos infracionais forem graves, (i) esses atos infracionais devem estar documentados nos autos e (iii) não
pode haver distância temporal entre os atos infracionais e o crime que deu origem ao processo em
julgamento (memorize estas condicionantes, alta probabilidade de cobrança). Atenção! O STF diverge
se a existência de atos infracionais pode servir para afastar o benefício do § 4º do art. 33: 1ª Turma diz
que sim (STF, RHC 190.434) e a 2ª Turma diz que não (STF, HC 202.574), fique muito atento ao
comando da questão, certamente poderá ser cobrado na prova dissertativa e você vai ter que demonstrar
conhecimento falando da divergência;
c) Quantidade elevada de drogas: prevalece que a quantidade de drogas encontrada NÃO constitui,
isoladamente, fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º
(STF, RHC 148.579 e STJ, AgRg no REsp 1.763.113);
Art. 34. Tráfico de Maquinários. Pune-se neste dispositivo os atos preparatórios (crime obstáculo).
Esses maquinários não precisam ter destinação exclusiva para a fabricação, preparação, produção ou
transformação da droga; basta que sejam destinados ao tráfico de drogas (se for para o uso será conduta
atípica – STJ, informativo 709); em regra o art. 34 é subsidiário em relação ao art. 33, entretanto se
houver existência de contextos autônomos e coexistentes a vulnerar o bem jurídico de forma distinta
poderá haver concurso (teses do STJ, edição 126), ademais o STJ no informativo 531 entendeu que
haverá concurso material do art. 34 com o art. 33 se na hipótese existir verdadeira fábrica para produção
de drogas em grande escala;
Art. 35. Associação para o tráfico. Atente-se para a diferença com associação criminosa e
organização criminosa. Trata-se de crime que pune atos preparatórios, demanda no mínimo 2 pessoas,
que se reúnem para cometer tráfico de drogas, equiparados e de maquinários, com o especial fim de agir
de praticar crimes de forma reiterada OU NÃO, entretanto as Cortes Superiores entendem que deve
haver o vínculo associativo duradouro marcado pela estabilidade e permanência (STJ, HC 284.844).
Dica: se os agentes se associarem para a prática dos crimes dos arts. 33, §§ 2º e 3º, 37, 38 e 39 não
haverá associação para o tráfico. Se os associados praticarem efetivamente o tráfico de drogas haverá
concurso material de crimes. Apesar de não ser equiparado a hediondo o prazo para o livramento
condicional será de 2/3 por força do art. 44, parágrafo único (STJ, informativo 568);
Art. 35, parágrafo único. Associação para o financiamento. Mínimo de 2 pessoas com estabilidade
permanência para financiar o tráfico de drogas por meio de condutas reiteradas; trata-se de figura
autônoma, sendo possível o concurso material do art. 35, p. único com o art. 36 (Renato Brasileiro).
Dica: não é possível a associação “mista” (associação para o tráfico do art. 35 e outra para o
financiamento 35, p. ú.). Já a associação “heterogênea” é possível, exemplo: um agente transporta
maquinário (art. 34), outro importa matéria prima da droga (art. 33, § 1º, I) e outro vende a droga (art.
33, caput), neste caso haverá associação criminosa (o tipo do art. 35 faz menção a todos estes crimes);
Art. 36. Financiamento ou custeio ao tráfico. Atente-se para a pena elevada de reclusão de 8 a 20
anos. O financiamento aqui é direcionado a prática dos crimes do art. 33, caput e § 1º, e 34 (atenção). O
autofinanciamento para o tráfico de drogas só configura o art. 33 com majorante, pois o financiamento
ou custeio ao tráfico ilícito de drogas é delito autônomo aplicável ao agente que não tem participação
direta na execução do tráfico (STJ, REsp 1.290.296/PR), sobre este tema, atenção a esta tese do STJ
(edição 123): “O agente que atua diretamente na traficância – executando, pessoalmente, as condutas
tipificadas no art. 33 – e que também financia ou custeia a aquisição das drogas, deve responder pelo
crime previsto no art. 33 com a incidência causa de aumento prevista no art. 40, VII, da Lei
11.343/2006 (por financiar ou custear a prática do crime), afastando-se, por conseguinte, a conduta
autônoma prevista no art. 36 da referida legislação.” Prevalece na doutrina o entendimento que este
crime é instantâneo e formal;
Art. 37. Colaborador como informante. Dica: trata-se de exceção dualista à teoria monista do
concurso de agentes, pois o traficante praticará o art. 33 e o informante o art. 37 (um crime para o autor
e outro crime para o partícipe). A conduta do informante é periférica à do traficante e deve ser eventual,
pois se o informante estiver associado ao grupo de forma estável e permanente responderá pela
associação criminosa (art. 35), neste caso o STJ entendeu no informativo 527 que o informante só
responde pelo art. 35 (sem concurso material com art. 37);
Art. 38. Prescrição ou Ministração Culposa de Droga. Atenção para a pegadinha de prova de que
não há crimes culposos na Lei de Drogas, pois há sim! Trata-se de crime próprio (prescrever – médicos
e dentistas; ministrar – médicos, dentistas, farmacêuticos e enfermeiros) de menor potencial ofensivo. O
tipo penal é fechado (geralmente os tipos culposo são abertos), pois o legislador indicou de forma
taxativa como a culpa ocorrerá: prescrever ou ministrar: (i) sem que o paciente necessite, (ii) doses
excessivas ou (iii) em descordo com determinação legal ou regulamentar;
Art. 39. Condução de embarcação ou aeronave sob a influência de drogas. Crime de perigo
concreto. Se for condução, após uso de drogas, de veículo automotor será o crime do art. 306 do CTB,
o tipo penal só traz as hipóteses de “embarcação” ou “aeronave.” O bem jurídico tutelado aqui, diferente
dos outros crimes, será a segurança dos meios de transporte. Dica: se o agente estiver conduzindo a
embarcação ou aeronave após a ingestão de bebidas alcoólicas poderá praticar a contravenção penal
dos arts. 34 ou 36. Se a embarcação ou a aeronave for de transporte coletivo incidirá a figura qualificada
do parágrafo único do art. 39 da Lei de Drogas. Atenção! A competência é da Justiça Federal no caso
de aeronaves, no caso da embarcação só será da Justiça Federal se a embarcação for de grande porte apta
à navegação em alto-mar.
4.3. O art. 40 trata das causas de aumento de pena para os crimes do art. 33 a 37 (não abrange o
28, 38 e 39), memorize o quantum de aumento (1/6 a 2/3 – para facilitar sua vida esse quantum é igual
o da minorante do art. 33, § 4º, então não se esqueça). Leia com muita atenção cada uma das majorantes
e se atente para os informativos que tratam do tema, geralmente são eles que são cobrados.
4.3.1. Atente-se a súmula 607 do STJ, do qual se entende a dispensabilidade de transposição das
fronteiras para incidência da majorante, bastando a prova da destinação internacional das drogas;
4.3.2. O inciso II trata da majorante no que se refere aos crimes em que se prevalece a função
pública ou no desempenho de educação, poder familiar, guarda ou vigilância. Na prova pode vir um caso
hipotético em que um policial atua como informante do tráfico, eventualmente, prevalecendo-se da
facilidade da função para informar aos traficantes quando iria haver operações na comunidade, neste
caso ele incidirá no art. 37 com a majorante do art. 40, II;
4.3.3. No inciso III há um rol de locais em que incide a majorante, existe certa divergência se o rol
é taxativo ou não, sendo que o STJ entendeu no informativo 671 que igreja NÃO está no rol, portanto
não pode incidir a majorante se o tráfico for praticado nas suas dependências ou imediações; outra
decisão interessante é a do informativo 622 do STJ em que se entendeu que não incide a majorante se
prática de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não facilite a prática criminosa e a
disseminação de drogas em área de maior aglomeração de pessoas (exemplo: madrugada, domingo e
feriados); outra neste sentido é não ser necessário que a droga passe por dentro do presídio para que
incida a majorante prevista no art. 40, III (STJ, informativo 659). Por fim, atente-se que a causa de
aumento do transporte público só incidirá se o agente a utilizar para comercializar a droga dentro do
veículo, caso seja usado apenas como transporte, não incidirá a majorante (STF, HC 119.811);
4.3.4. O inciso V anuncia a majorante do tráfico interestadual. Atente-se que a competência é da
Justiça Estadual e essa majorante não abrange a intermunicipalidade (temas de elevada cobrança). É
cabível a aplicação cumulativa das causas de aumento relativas à transnacionalidade e à
interestadualidade do delito, previstas nos incisos I e V do art. 40 da Lei de Drogas, quando evidenciado
que a droga proveniente do exterior se destina a mais de um estado da federação, sendo o intuito dos
agentes distribuir o entorpecente estrangeiro por mais de uma localidade do país (Tese STJ – Edição
126). E, por fim, igual a majorante da internacionalidade, não é necessária a efetiva transposição dos
estados para incidir a majorante, desde que fique demonstrado que o agente iria pulverizar drogas em
vários estados da federação (súmula 587 do STJ). Correlação aleatória: no crime de roubo de veículo
majorado pelo transporte para outro estado ou exterior é necessária a efetiva transposição das fronteiras
(CP, art. 157, § 2º, IV), não vá confundir;
4.3.5. No inciso VI, a causa de amento incide quando o traficante vende a droga a uma criança
(visa a atingir) ou quando se vale de uma criança para vender a droga a um terceiro (envolve). De acordo
com o STJ no informativo 595, a majorante contida no art. 40, inciso VI, por constituir norma especial,
afasta o crime de corrupção de menores do art. 244-B do ECA, sob pena de caracterização de bis in
idem; o STJ entendeu também no informativo 576 que a participação do menor pode ser considerada
para configurar o crime de associação para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena
como causa de aumento do art. 40, VI.
4.4. Regras de destruição da droga: Atenção! Tema muito cobrado nos concursos públicos. Farei
uma pequena síntese:
4.4.1. Com prisão em flagrante (art. 50, § 4º): prazo de 15 dias e para destruição necessita de
autorização judicial; a destruição ser fará na presença do MP e da autoridade sanitária;
4.4.2. Sem prisão em flagrante (art. 50-A): prazo de 30 dias e a destruição não necessita de
autorização judicial;
4.4.3. Plantações ilícitas (art. 32): será destruída imediatamente por incineração pelo Delegado de
Polícia (sem autorização judicial, portanto), recolhendo-se quantidade suficiente para exame pericial.
4.5. Quero que memorize o art. 42 que traz os critérios de fixação da pena, que terão
preponderância sobre os do art. 59 do CP: natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
personalidade e a conduta social do agente (atenção para não confundir com os critérios do art. 28, §
2º). Leia o informativo 818 do STJ, do qual se entende que o grau de pureza da droga é irrelevante para
fins de dosimetria da pena e a súmula 630 do STJ: “A incidência da atenuante da confissão espontânea
no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não
bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.”
4.6. Alguns pontos finais que eu quero que você se atente:
4.6.1. Prazo do inquérito policial: preso - 30 dias e solto - 90 dias, podendo ser duplicados;
4.6.2. Interrogatório do réu como último ato da instrução (STF, informativo 816);
4.6.3. Leia sobre o procedimento penal, arts. 48 a 49 e da investigação 50 a 53. Dê especial atenção
ao art. 53 que trata da infiltração de agentes e ação controlada, mediante autorização judicial. No caso
da ação controlada deve ser conhecido o itinerário provável e a e a identificação dos agentes do delito
ou de colaboradores. Faça uma leitura da instrução criminal, dando atenção e omitindo com tarjas, os
prazos e palavras essenciais dos arts. 54 a 59;
4.6.4. Leia com atenção as alterações promovidas por leis recentes, no capítulo IV, do qual se trata
da apreensão, arrecadação e destinação de bens do acusado, arts. 60 a 64. Atenção especial ao art. 62
que anuncia a utilização dos bens apreendidos pelos órgãos de polícia judiciária, militar e rodoviária,
mediante autorização judicial, ouvido o Ministério Público e garantida a prévia avaliação dos
respectivos bens e a prioridade do uso trazida pelo § 1º-B dos órgãos de segurança pública que
participaram das ações de investigação ou repressão ao crime que deu causa à medida;
4.6.5. Por fim, leia com atenção o art. 70: “O processo e o julgamento dos crimes previstos nos
arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.”
Portanto, não caia em pegadinhas, o tráfico interestadual e os crimes do arts. 28, 38 e 39 são de
competência da Justiça Estadual.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa que contempla um crime
previsto na Lei no 11.101/2005 (Lei de Recuperação de Empresas e Falência) e apenado com detenção.
a) Omissão dos documentos contábeis obrigatórios. (correta – art. 178, pena de detenção, de 1 a 2 anos,
e multa. Este é o único crime da Lei de Falências que tem a pena de detenção)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Nos termos da Lei no 11.340/2006 (Lei Maria
da Penha): c) é direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e
pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores, preferencialmente do sexo feminino e
previamente capacitados. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Nos termos da Lei no 11.101/2005, é correto
afirmar que o empresário que deixa de escriturar, antes da sentença que decretar a falência, os
documentos de escrituração contábil obrigatórios: b) cometerá um crime falimentar que exige para sua
punição a ocorrência de uma condição objetiva da punibilidade. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Quanto às normas de segurança e mecanismos
de fiscalização de atividades que envolvem organismos geneticamente modificados – OGM, é correta a
seguinte assertiva: c) É proibida a implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de
registro de seu acompanhamento individual. (correta – art. 6º, I – por isso é importante a leitura dos
artigos inaugurais destas leis)
1.1.1. Atenção! Parcela da doutrina defende que os incisos I, II, III e VI precisam ser combinados
com uma das regras de necessidade constantes dos incisos IV ou V (grifei acima para ajudar). Portanto,
são quatro hipóteses e duas condições alternativas.
1.2. Atenção ao art. 5º: “A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico,
que serão juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra
forma de investigação” e ao parágrafo único: “Na hipótese do inciso IV do art. 3º, a identificação
criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético.”
1.3. Atenção ao art. 7º-A, sobre a exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados no caso de
absolvição do acusado ou no caso de condenação, mediante requerimento, depois de decorridos 20
(vinte) anos do cumprimento da pena.
2. Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) – Faça uma leitura atente das disposições
preliminares dos arts. 1º a 5º. Costuma se cobrar a diferença dos conceitos trazidos no parágrafo único
do art. 1º, entre discriminação racial ou étnico-racial (anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício, em igualdade de condições), desigualdade racial (situação injustificada de diferenciação de
acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades), desigualdade de gênero e raça (assimetria existente
no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos
sociais), população negra (conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas), políticas públicas
(ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado) e ações afirmativas (programas e medidas
especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para
a promoção da igualdade de oportunidades). Memorize o que coloquei entre parênteses, já vai te ajudar
a acertar as questões em prova.
2.1. Dica: Memorize na discriminação racial ou étnico-racial o mnemônico: PERDI baseada no
CREDO (preferência, exclusão, restrição, distinção baseada na cor, raça, etnia, descendência e origem
nacional).
2.2. Dê uma lida também nos arts. 60 e 64 que alteraram a Lei nº 7.716/89 (Racismo), é interessante
correlacionar estes temas.
3. Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação). Lei já comentada na parte de Direito
Administrativo.
4. Lei nº 12.830/2013 (Investigação Criminal pelo Delegado) – Apesar de pequena, essa lei é
muito importante para você, futuro Delegado de Polícia! Quero que leia e revise essa lei.
4.1. Memorize que as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo
Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
4.2. Leia com atenção os parágrafos do art. 2º, em especial o § 4º (avocação e redistribuição) por
superior hierárquico por despacho fundamentado (não confunda com o ato do § 5º) e motivo de
interesse público ou inobservância dos procedimentos que prejudique a eficácia das investigações (o
prejuízo aqui é uma condicionante). No § 5º trata da remoção do delegado que se dará somente por ato
fundamentado (aqui alguns defendem que seria o princípio do Delegado Natural, espécie de
inamovibilidade relativa – STJ no HC 145.040 diz não existir princípio do Delegado Natural).
4.3. Sugiro que grave o art. 2º, § 6º que diz que o indiciamento é ato privativo do Delegado de
Polícia, inclusive porque baseado neste dispositivo que se entende não ser possível o indiciamento por
nenhuma outra autoridade a não ser o Delegado (STJ, informativo 552 e STF, informativo 717).
4.4. Por fim, o art. 3º traz regra de tratamento ao dispor que cargo de delegado de polícia é
privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que
recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados.
5. Lei nº 12.850/2013 (Lei de Combate às Organizações Criminosas) – Comece memorizando os
requisitos do art. 1º, § 1º: a) Mínimo 4 pessoas, b) estrutura ordenada, c) divisão de tarefas, ainda que
informal, d) obtenção de qualquer vantagem, e) cometimento de infrações penais com pena máxima
superior (não tem igual) a 4 anos ou transnacionais(aqui independe a pena).
5.1. Saber o conceito de OrCrim é importante porque:
5.1.1. Impede o reconhecimento da causa de diminuição de pena ao traficante (§ 4º do art. 33 da
Lei de Drogas - lá diz “não integrar Organização Criminosa”);
5.1.2. Admite a formação do órgão colegiado para julgamento - ainda vigente (art. 1º, da Lei
12.694/12);
5.1.3. Impossibilita a liberdade provisória ao integrante de OrCrim armada (CPP, art. 310, § 2º);
5.1.4. Início do cumprimento de pena em estabelecimento penal de segurança máxima para os
líderes que tenham armas à disposição (art. 2º, § 8º);
5.1.5. Possibilidade de imposição do RDD (LEP, art. 52, § 1º, II);
5.1.6. Impossibilidade de progressão, obtenção de livramento condicional ou outros benefícios
prisionais se o condenado mantiver o vínculo associativo com a organização criminosa (art. 2º, § 9º);
5.1.7. O condenado por ter sido líder de uma organização criminosa estruturada para a prática de
crime hediondo ou equiparado deverá cumprir 50% da pena para obter a progressão de regime (LEP,
art. 112, VI, “b”);
5.1.8. O crime de organização criminosa, quando direcionado para a prática de crime
hediondo ou equiparado, foi rotulado como hediondo (Lei nº 8072/90, art. 1º, parágrafo único, V);
5.1.9. Mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência,
não terá direito ao regime especial de cumprimento de pena de 1/8 (LEP, art. 112, § 3º), nesse sentido
informativo 678 do STJ.
5.2. Estude a diferença entre Órgão Colegiado (Lei nº 12.694/2012) e Vara Criminal Colegiada
(Lei nº 12.964/2012, art. 1º-A – inserido pelo Pacote Anticrime). Neste tema leia sobre “juiz sem rosto”,
mas já adianto que essa figura não foi adotada no Brasil, pois neste método o processado não terá o
direito à identificação do responsável pelo processamento e posterior julgamento do seu caso, o que, por
conseguinte ocorrerá com a sentença apócrifa (ausência de assinatura do juiz que prolatou a sentença).
5.3. Atenção para o art. 2º, reputo um dos mais importantes. Trata-se de delito autônomo (crime
obstáculo), punindo-se independentemente de eventuais crimes praticados pela organização. Se esses
crimes ocorrerem, teremos concurso material de delitos. Crime este que pressupõe estabilidade e
permanência. Estrutura ordenada e divisão de tarefas. Prevalece que não se admite tentativa.
5.3.1. O art. 2º, § 1º traz o crime de obstrução da persecução penal, quero que se atente para o
entendimento recente do STJ no informativo 650 de que onde está escrito investigação, leia-se também
processo, pois a investigação se prolonga por toda a persecução penal e no informativo 703 do STJ
entendeu que se trata de crime material, inclusive na modalidade embaraçar.
5.3.2. Fique muito atento a agravante (art. 2º, § 3º) e majorantes (art. 2º, § 2º e § 4º), o examinador
costuma inverter os conceitos, você deve memorizar:
5.3.2.1. O § 2º trata da causa de aumento de pena até a metade a ser considerada na 3ª fase do
sistema trifásico de aplicação da pena se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma
de fogo (sugiro que memorize essa, pois só há uma hipótese e vai te ajudar a diferenciar das outras
majorantes);
5.3.2.2. No § 3º a pena é agravada (2ª fase de aplicação da pena) para quem exerce o comando,
individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução;
5.3.2.3. Já o § 4º traz a majorante de 1/6 a 2/3 (dica: é o mesmo quantum da majorante do art. 40
da Lei de Drogas) nos casos de participação de criança ou adolescente (I), se há concurso de
funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração
penal (II), se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior
(III), se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes
(IV) e se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização (V);
5.3.3. O § 5º traz o afastamento cautelar do funcionário público, sem prejuízo da remuneração
(recorde-se que a suspensão de 1 a 6 meses do servidor na Lei de Abuso de Autoridade, há prejuízo da
remuneração).
5.3.3.1. Em que pese o parágrafo em comento (§ 5º) não mencionar mandato eletivo, o STF, na
ADI 5526, conferindo interpretação conforme, decidiu ser possível a aplicação de medidas cautelares
(arts. 312 a 319 do CPP) em face dos parlamentares federais, devendo, contudo, tal medida ser submetida
à deliberação da respectiva Casa Legislativa, em vinte e quatro horas, seguindo a regra relativa à
apreciação da prisão em flagrante (art. 53, § 2º, da CF);
5.3.4. No § 6º eu quero que memorize o efeito extrapenal da condenação que é AUTOMÁTICO,
culminando na perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e após a interdição pelo prazo de 8
anos subsequentes (começa a contar após o cumprimento da pena). Dica: lembre-se que na Lei de
Tortura o efeito é automático também e a interdição é pelo dobro do prazo;
5.3.5. § 7º, pela importância reproduzirei o texto legal: “Se houver indícios de participação de
policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e
comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão”,
M.P. realizará controle externo.
5.4. O art. 3º-A trata da colaboração premiada (sistema de juridicidade negociada) recomendo a
leitura de forma atenta. Este instituto possui natureza dúplice (STF HC 127.483/PR): negócio jurídico-
processual (personalíssimo) e meio de obtenção de prova.
Vamos para algumas dicas:
5.4.1. O STF entendeu no informativo 942 que não existe direito líquido e certo a compelir o
Ministério Público à celebração do acordo de delação premiada, pois se trata de ato voluntário,
insuscetível de imposição judicial, há uma discricionariedade regrada do Ministério Público.
5.4.2. O art. 3º-B trata da proposta de colaboração premiada, do qual o seu demarca o início das
negociações, gerando o dever de confidencialidade e o vínculo de confiança e boa-fé. O § 1º do art. 3º-
B confirma a natureza unilateral da PROPOSTA de acordo, sem qualquer caráter vinculante. O prazo
para o MP se manifestar é de 30 dias, podendo ser prorrogado por até 90 dias (Resolução 181/17 do
CNMP).
5.4.3. A proposta de acordo pode, conforme o caso, ser suficiente para a caracterização do crime
do art. 19 da Lei 12.850/2013, desde que nela haja elementos suficientes para imputação falsa de prática
de infração penal a pessoa que sabe ser inocente (colaboração caluniosa), ou revelação de informações
sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas (colaboração falsa ou fraudulenta);
5.4.4. o § 2º do art. 3º-B trata do termo de confidencialidade, caso não haja indeferimento sumário.
Trata-se de providência com relativa carga contratual, formalizado mediante instrumento próprio que,
segundo anuncia o § 5º do art. 3º-B, deve ser elaborado pela autoridade celebrante e assinado por ela,
pelo colaborador e pelo advogado ou defensor público com poderes específicos;
5.4.5. Atenção ao § 3º do art. 3º-B, do qual prevê que o recebimento da proposta ou o termo de
confidencialidade NÃO implica, por si só, a suspensão da investigação, podendo se acordar sobre à
propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias (Atenção! O dispositivo não
abrange medidas cautelares probatórias, ex: busca e apreensão e interceptação telefônica);
5.4.6. Quero que você entenda e saiba diferenciar: (i) desistência do art. 3º-B, § 6º (do qual nada
poderá ser aproveitado), (ii) retratação das partes do art. 4º, § 10 (as provas autoincriminatórias
produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor) e (iii) rescisão
no caso de omissão dolosa do art. 4º, § 17 (o entendimento majoritário, inclusive no STF, é no sentido
da manutenção da higidez do material probatório contra terceiros, restando impossibilitada a utilização
em desfavor do ex-colaborador);
5.4.7. Memorize com muita atenção os SEIS benefícios premiais negociáveis previstos na lei e
seus requisitos: a) perdão judicial, b) redução da pena privativa de liberdade em até 2/3, c) redução da
pena até a metade, se a colaboração for posterior à sentença, d) progressão de regime, ainda que ausentes
os requisitos objetivos, se a colaboração for posterior à sentença, e) substituição da prisão privativa por
restritiva de direitos, e f) não oferecimento de denúncia, se o colaborador não for o líder da organização
criminosa, for o primeiro a prestar efetiva colaboração e se a proposta de acordo de colaboração referir-
se a infração de cuja existência não se tenha prévio conhecimento (chamado de acordo de imunidade);
5.4.7.1. Neste tema leia o informativo 907 do STF em que se entendeu que o Delegado de Polícia
PODE formalizar acordos de colaboração premiada. Recentemente o STF na Petição 8.482, julgada em
21/09/2021, entendeu que considerada a estrutura acusatória dada ao processo penal conformado à CF,
a anuência da M.P. deve ser posta como condição de eficácia do acordo de colaboração premiada
celebrada pela autoridade policial (você deve acompanhar o deslinde deste entendimento);
5.4.7.2. Leia também o informativo 965 do STF, do qual se entendeu que o delatado possui o
direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores que o incriminem, desde que já
documentadas e que não se refiram à diligência em andamento que possa ser prejudicada. E no Inquérito
3.983 do STF, se entendeu que o delatado só poderá ter acesso aos elementos de colaboração premiada
que lhe digam respeito (não abrange terceiros), não há acesso irrestrito e universal.
5.4.8. Atenção especial ao art. 4º, § 16 do qual a doutrina chamou de regra de corroboração, pois
as medidas cautelares reais ou pessoais, recebimento de denúncia ou queixa-crime ou sentença
condenatória não poderão ser fundamentadas apenas nas declarações do colaborador (alta incidência
em concursos públicos).
5.5. Leia com muita atenção os meios especiais de obtenção de provas:
5.5.1. O art. 8º traz a ação controlada, o caput define o instrumento: “Consiste a ação controlada
em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa
ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se
concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.”
5.5.1.1. Atenção não é necessária autorização judicial, mas apenas comunicação prévia ao juiz
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público (§ 1º);
5.5.2. O art. 9º fala da infiltração de agentes, tema muito importante para a prova objetiva e
subjetiva. Leia com bastante atenção, principalmente as inovações do Pacote Anticrime. Atenção
especial ao art. 13 e seu parágrafo único que trata da hipótese de inexigibilidade de conduta diversa.
5.5.3. Nestes temas dê especial atenção ao informativo 677 do STJ, onde se entendeu que: “A ação
controlada prevista no § 1º do art. 8º da Lei nº 12.850/2013 independe de autorização, bastando sua
comunicação prévia à autoridade judicial”, e no mesmo informativo: “É legal o auxílio da agência de
inteligência ao Ministério Público Estadual durante procedimento criminal instaurado para apurar graves
crimes em contexto de organização criminosa” e “Não há infiltração policial quando agente lotado em
agência de inteligência, sob identidade falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão,
sem se introduzir ou se infiltrar na organização criminosa com o propósito de identificar e angariar a
confiança de seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando.”
5.5.4. Leia sobre o acesso a registros, dados cadastrais, documentos e informações nos arts. 15 a
17, pois o Delegado de Polícia e o M.P. terão acesso, independentemente de autorização judicial,
memorize os prazos dos arts. 16 e 17 (5 anos). A recusa ou omissão dos dados cadastrais configuram o
crime do art. 21.
5.6. Dê atenção especial aos crimes trazidos pela lei, dos arts. 18 a 21 (todos com pena de reclusão):
5.6.1. Cuidado com o crime do art. 20, que trata do descumprimento de sigilo das investigações
que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes, perceba que o legislador não tipificou a
quebra de sigilo da colaboração premiada, neste caso específico o agente responderá pelo crime do
art. 325 do CP (violação de sigilo funcional).
5.7. Nas disposições finais se atente para o prazo de 120 dias do art. 22, parágrafo único quando
o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão fundamentada0, devidamente
motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu (memorize essas
duas hipóteses, já foi objeto de cobrança); e o art. 23 traz a regra sobre o sigilo das investigações que
poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das
diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos
elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de
autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento (perceba, se declarado o
sigilo o defensor só terá acesso se pedir autorização judicial) e o parágrafo único: “Determinado o
depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados
como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a
critério da autoridade responsável pela investigação.” Dica: Na peça prática de Delegado Federal de
2021, o examinador pontuou quem pediu sigilo das investigações com base no art. 23.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Nos termos da Lei no 12.288/2010 (Estatuto
da Igualdade Racial), considera-se discriminação racial ou étnico-racial toda: e) distinção, exclusão,
restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por
objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer
outro campo da vida pública ou privada. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Nos termos da Lei no 12.830/2013
(Investigação Criminal Conduzida pelo Delegado), assinale a alternativa correta. c) As funções de
polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são consideradas
de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. (correta)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - No que concerne às disposições da Lei no
12.850/2013 (Lei de Combate às Organizações Criminosas), é correto afirmar que: c) o Delegado de
Polícia terá acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do
investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela
Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras
de cartão de crédito. (correta – art. 15)
1.1. Leia com calma os conceitos trazidos pelo art. 5º, exemplo: “IV - administrador de sistema
autônomo: a pessoa física ou jurídica que administra blocos de endereço IP específicos e o respectivo
sistema autônomo de roteamento, devidamente cadastrada no ente nacional responsável pelo registro e
distribuição de endereços IP geograficamente referentes ao País.”
1.2. O art. 7º traz os direitos (faça uma correlação com a Lei nº 9.296/96), veja alguns: “I -
inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet,
salvo por ordem judicial, na forma da lei; III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas
armazenadas, salvo por ordem judicial; (...) VII - não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais,
inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de internet, salvo mediante consentimento livre,
expresso e informado ou nas hipóteses previstas em lei; X - exclusão definitiva dos dados pessoais que
tiver fornecido a determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao término da relação entre as
partes, ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de registros previstas nesta Lei e na que dispõe
sobre a proteção de dados pessoais (Redação dada pela Lei nº 13.709, de 2018) etc.”.
1.3. A seção II (arts. 10 a 17) que trata da Proteção aos Registros, aos Dados Pessoais e às
Comunicações Privadas são bastante relevantes e vale a leitura. Veja o art. 10, § 2º: “O conteúdo das
comunicações privadas somente poderá ser disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos II e III do art. 7º” e § 3º: “O disposto no
caput não impede o acesso aos dados cadastrais que informem qualificação pessoal, filiação e endereço,
na forma da lei, pelas autoridades administrativas que detenham competência legal para a sua
requisição.”
1.3.1. Atenção ao que decidiu o STJ (HC 626.983/PR, em 08/02/2022): “O requerimento de
simples guarda dos registros de acesso a aplicações de internet ou registros de conexão por prazo superior
ao legal, feito por autoridade policial, administrativa ou Ministério Público, dispensa prévia
autorização judicial.” Trata-se de simples preservação de dados (e não acesso que só haverá após a
autorização judicial), conforme já dispõe o § 2º do art. 13 da Lei nº 12.965/14 (Marco Civil da Internet),
veja: “Art. 13. Na provisão de conexão à internet, cabe ao administrador de sistema autônomo respectivo
o dever de manter os registros de conexão, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo
de 1 (um) ano, nos termos do regulamento. § 2º A autoridade policial ou administrativa ou o Ministério
Público poderá requerer cautelarmente que os registros de conexão sejam guardados por prazo superior
ao previsto no caput.” Curiosidade: Nos EUA, esse poder requisitório é chamado de legal hold. Veja o
que diz o § 3º: “Na hipótese do § 2º , a autoridade requerente terá o prazo de 60 (sessenta) dias, contados
a partir do requerimento, para ingressar com o pedido de autorização judicial de acesso aos registros
previstos no caput.”
1.3.2. O art. 19 exige ordem judicial para remoção de conteúdo, todavia se se tratar de menor a
situação é outra, veja o que o STJ decidiu no informativo 723: “Não pode haver aplicação isolada do art.
19 do Marco Civil da Internet, que condiciona a responsabilização civil do provedor ao prévio
descumprimento de ordem judicial, ou seja, responde civilmente por danos morais o provedor de
aplicação de internet que, após formalmente comunicado de publicação ofensiva a imagem de menor, se
omite na sua exclusão, independentemente de ordem judicial”.
2. Lei nº 12.852/2013 (Estatuto da Juventude) – Sugiro a leitura dos artigos inaugurais da lei, para
compreender o tema. Dica: foi cobrado na prova oral de Delegado de São Paulo, quem seria “jovem”
para efeitos da lei, 99% dos candidatos erraram, pois responderam que jovem seria aquele
compreendido entre 12 e 18 anos do ECA, entretanto, a Lei nº 12.852/2013 traz a seguinte disposição:
“Art. 1º, § 1º Para os efeitos desta Lei, são consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze)
e 29 (vinte e nove) anos de idade.” Veja, era só ler o primeiro artigo da lei e já acertava a pergunta da
examinadora.
2.1. Acho importante você saber também o art. 1º, § 2º: “Aos adolescentes com idade entre 15
(quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente, e, excepcionalmente, este Estatuto, quando não conflitar com as normas de proteção
integral do adolescente.” Leia, ainda, os princípios do art. 2º e as diretrizes gerais do art. 3º.
3. Lei nº 12.984/2014 (Lei discriminação de portadores de HIV) – A lei possui dois artigos. Leia
o art. 1º que traz um crime punido com reclusão, de 1 a 4 anos, nas condições ali previstas. Sugiro que
faça a leitura e memorize, pois alguns incisos podem configurar crime especial em relação aos do Código
Penal.
4. Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – Atenção ao documento internacional
que deu vazão a lei, que foi a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, diploma este que foi incorporado pelo rito do § 3º do art. 5º da CF/88, com status de emenda
constitucional. (art. 1º, parágrafo único). Faça a leitura do art. 2º para entender quem é considerado
pessoa com deficiência. O art. 3º traz alguns conceitos importantes que merecem ser lidos:
acessibilidade, desenho universal, tecnologia assistiva ou ajuda técnica etc.
4.1. Quero que dê muita atenção para o tópico da igualdade e da não discriminação (arts. 4º a 8º),
em especial as hipóteses do art. 6º, o qual traz um rol de situações em que a deficiência não afeta a plena
capacidade civil da pessoa.
Muita atenção! Pessoas com deficiência mental ou intelectual deixaram de ser consideradas
absolutamente ou relativamente incapazes. A doutrina diz que o Estatuto do Deficiente se utiliza da
capacidade geral específica.
4.2. A leitura da lei é imprescindível, porém nesta reta final quero que você dê especial atenção
aos temas que possuem relação temática com a carreira policial. Portanto, direcione seus estudos aos
crimes dos arts. 88 a 91. A dica é ler com calma cada crime para identificar qual é especial em confronto
com o Código Penal ou outra lei extravagante, quais crimes possuem pena de reclusão ou detenção,
atentando-se para as majorantes e peculiaridades de cada delito. Cuidado com provas dissertativas, onde
geralmente são cobrados casos concretos para que o candidato apresente a correta tipificação, e não raras
vezes o examinador narra que o ofendido é um idoso ou um deficiente, havendo crime com disposição
semelhante no Código Penal ou outra lei especial para confundir o candidato.
5. Lei nº 13.257/2016 (Políticas Públicas para a Primeira Infância) – Esta lei fez várias alterações
no ECA e outros diplomas legais. Faça a correlação do estudo com estas leis, observando atentamente
os arts. 1º a 17, especialmente o art. 2º (memorize – 6 anos completos ou 72 meses de vida): “Para os
efeitos desta Lei, considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros 6 (seis) anos
completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da criança.”
5.1. Fique atento aos artigos que alteraram o CPP:
5.1.1. O art. 41 desta lei alterou os seguintes artigos do CPP: art. 6º, inciso X (muito importante
diligências da autoridade policial): “colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades
e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa”; art. 185, § 10 (interrogatório): “Do interrogatório deverá constar a
informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e
o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.”; art. 304, § 4º
(auto de prisão em flagrante): “Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação
sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.” e art. 318, incisos IV, V e
VI (substituição da preventiva por prisão domiciliar): “gestante; mulher com filho de até 12 (doze)
anos de idade incompletos; homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12
(doze) anos de idade incompletos.”
6. Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo) – Este diploma legal dá vazão ao mandado
constitucional expresso de criminalização do inciso XLIII do art. 5º da CF/88, tratando-se de crime
equiparado a hediondo (Lei nº 8.072/90, art. 2º e art. 17 da Lei nº 13.260/2016). Dica: antes desta lei,
corrente majoritária diz que não havia tipificação legal para terrorismo.
6.1. A Lei de Terrorismo prevê os seguintes crimes (leia com atenção cada um): praticar atos de
terrorismo (art. 2º); promover, constituir, integrar ou prestar auxílio à organização terrorista (art. 3º);
realizar atos preparatórios de terrorismo (art. 5º) e receber, oferecer, obter, investir etc., recursos de
qualquer natureza para a prática de crimes previstos na Lei nº 13.260/2016 (art. 6º). A ação penal é
pública incondicionada.
6.1.1. O crime de terrorismo é de concurso eventual ou unissubjetivo, podendo ser praticado por
uma pessoa, conforme disposição expressa do artigo 2º da Lei. Nessa hipótese, o agente é denominado
por alguns doutrinadores de “Lobo Solitário” ou “Rato Solitário”.
6.1.2. Atenção! O crime de terrorismo (art. 2º - norma explicativa dos requisitos do crime) exige
DUPLO elemento subjetivo específico (cumulativos) e é crime de perigo concreto:
6.1.2.1. Especial motivo de agir: por xenofobia ou discriminação de raça, cor, etnia ou religião;
6.1.2.2. Especial fim de agir: provocar terror social ou generalizado.
6.1.2.3. Crime de perigo concreto: Exposição de perigo à pessoa, ao patrimônio, à paz pública ou
à incolumidade pública.
6.1.3. Os incisos I, IV e V do § 1º do artigo 2º, são complementados (norma penal em branco
homogênea homovitelina) pelo caput do artigo 2º (requisitos).
6.1.4. Observação: O Terrorismo é crime de intenção (tendência interna transcendente) de
resultado cortado. Consuma-se com a prática de atos terroristas, independentemente da provocação de
terror social ou generalizado (não depende dele), desde que a prática de tais atos tenha orientado a
conduta do agente (Renato Brasileiro).
6.1.4.1. Cabe prisão temporária dos crimes previstos na lei de terrorismo, art. 18 da Lei nº
13.260/2016, que alterou a Lei nº 7.960/89 (art. 1º, III, “p”).
6.1.5. O art. 3º trata da Organização Terrorista, conceito extraído da Lei nº 12.850/13, art. 1º, § 2º,
II), que tem pena de reclusão de 5 a 8 anos: associação de 4 ou mais pessoas, pressupõe estrutura
ordenada e divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter vantagem de qualquer
natureza, com a finalidade específica de praticar atos terroristas.
6.1.6. Muita atenção ao art. 5º, pois pune atos preparatórios de atos preparatórios de terrorismo.
Exemplo: Fabricar explosivo (ato preparatório) + transportar explosivo (ato preparatório) + praticar ato
terrorista mediante explosivo (ato executório).
6.1.6.1. O art. 5º é considerado um crime subsidiário considerando que ele só irá incidir se o agente
não praticar nenhum ato executório. Praticado o ato, incidirá o próprio crime de terrorismo (art. 2º) e
não mais o delito do art. 5º.
6.1.6.2. Atenção ao informativo 663 do STJ: “A tipificação da conduta descrita no art. 5º da Lei
Antiterrorismo (atos preparatórios de terrorismo) exige a motivação por razões de xenofobia,
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, expostas no art. 2º do mesmo diploma legal.”
e ao informativo 946 do STF: “Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de
financiar grupo terrorista que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime político, tendo em vista
a vedação prevista no art. 5º, LII, da CF/88.”
6.1.7. Fique muito atento ao art. 10, doutrinariamente denominado Ponte de Ouro Antecipada:
“Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do art. 5º desta Lei, aplicam-
se as disposições do art. 15 do Código Penal.” Perceba que os institutos da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz, segundo a lei de terrorismo, podem ser aplicados, na hipótese do art. 5º, durante
a fase dos atos preparatórios (diferente do Código Penal que para incidir estes institutos deve ter início
os atos executórios).
6.1.8. Atribuição investigativa e competência - art. 11 (alta incidência): “ Para todos os efeitos
legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei são praticados contra o interesse da União,
cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal
o seu processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal.”
6.1.8.1. O art. 11 da Lei 13.260/16 recebe muitas críticas pelos doutrinadores, que o consideram
inconstitucional na medida em que amplia a competência da Justiça Federal, o que só poderia ocorrer
por EC. Portanto, em regra, entende-se que a competência será da Justiça Estadual e a investigação ficará
a cargo da Polícia Civil, salvo quando presente interesse direto da União. Mas, fique atento ao comando
da questão, se falar “de acordo com a lei”, marque Justiça Federal.
6.1.9. Leia sobre as medidas assecuratórias (sequestro, hipoteca legal e arresto) do art. 12: “O juiz,
de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia,
ouvido o Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios suficientes de crime previsto
nesta Lei, poderá decretar, no curso da investigação ou da ação penal, medidas assecuratórias de bens,
direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam
instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei.”
6.1.10. Dica: Se tiver tempo veja a Lei nº 13.810, de 2019 que trata das sanções (indisponibilidade
de ativos) impostas por resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para atos relacionados
ao terrorismo, que dispensam procedimento judicial.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Nos termos da Lei no 13.260/2016 (Lei
Antiterrorismo), assinale a alternativa correta. a) Os crimes previstos na referida Lei são praticados
contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito
policial. (correta)
para à autoridade policial. O art. 9º também é importante: “A criança ou o adolescente será resguardado
de qualquer contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que
represente ameaça, coação ou constrangimento.”
1.4. O art. 11 sugere que o depoimento seja realizado como uma produção antecipada de provas,
veja: “O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será realizado uma única
vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado” e o
parágrafo § 1º traz os requisitos dessa produção antecipada (importante): § 1º O depoimento especial
seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7
(sete) anos; II - em caso de violência sexual.”
1.5. O art. 12 traz o rito para a colheita do depoimento especial, veja um inciso: “VI - o depoimento
especial será gravado em áudio e vídeo.” Veja também o § 6º: “O depoimento especial tramitará em
segredo de justiça.”
1.6. O art. 13 traz uma regra para hipótese de noticia criminis para a autoridade policial: “Qualquer
pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou omissão, praticada em local público ou privado,
que constitua violência contra criança ou adolescente tem o dever de comunicar o fato imediatamente
ao serviço de recebimento e monitoramento de denúncias, ao conselho tutelar ou à autoridade policial,
os quais, por sua vez, cientificarão imediatamente o Ministério Público.” Veja que a lei diz que
autoridade policial cientificará imediatamente o Ministério Público, se eu fosse examinador colocaria
em 24 horas.
1.7. O art. 15, parágrafo único trata das denúncias recebidas: “Art. 15 .Parágrafo único. As
denúncias recebidas serão encaminhadas: I - à autoridade policial do local dos fatos, para apuração.”
1.8. Os arts. 20 a 22 tratam da “segurança pública”, reputo um dos temas mais importantes. O art.
20 trata da criação de delegacias especializadas e até a sua criação a vítima será encaminhada
prioritariamente (se eu fosse examinador trocaria por exclusivamente) a delegacia especializada em
temas de direitos humanos.
1.8.1. O art. 21 trata das medidas de proteção que a autoridade policial poderá requisitar à
autoridade judicial, veja algumas medidas: “I - evitar o contato direto da criança ou do adolescente vítima
ou testemunha de violência com o suposto autor da violência; II - solicitar o afastamento cautelar do
investigado da residência ou local de convivência, em se tratando de pessoa que tenha contato com a
criança ou o adolescente; III - requerer a prisão preventiva do investigado, quando houver suficientes
indícios de ameaça à criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência (...) VI - representar ao
Ministério Público para que proponha ação cautelar de antecipação de prova, resguardados os
pressupostos legais e as garantias previstas no art. 5º desta Lei, sempre que a demora possa causar
prejuízo ao desenvolvimento da criança ou do adolescente.” O art. 22 se preocupa com os standarts
probatórios para condenação, temendo que o depoimento especial seja o único elemento de informação
produzido: “Os órgãos policiais envolvidos envidarão esforços investigativos para que o depoimento
especial não seja o único meio de prova para o julgamento do réu.”
1.9. Por fim e não menos importante, a lei prevê um crime, veja: “Art. 24. Violar sigilo processual,
permitindo que depoimento de criança ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo,
sem autorização judicial e sem o consentimento do depoente ou de seu representante legal. Pena -
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.”
2. Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração) – Lei um pouco extensa e pouco trabalhada nos cursinhos
e obras jurídicas, entretanto, bastante importante. A lei em suma trata dos direitos e os deveres do
migrante e do visitante, regula a entrada e estada no País dos migrantes e visitantes e estabelece
princípios e diretrizes para as políticas públicas voltadas ao emigrante (art. 1º). Trarei os pontos que
reputo fundamental o conhecimento.
2.1. Comece entendendo os conceitos dos incisos do § 1º do art. 1º: migrante (conceito genérico
que abrange imigrante, emigrante e apátrida), imigrante, emigrante, residente fronteiriço, visitante e
apátrida. Leia os princípios e das garantias (arts. 3º e 4º). No art. 3º, especial atenção aos incisos III, V,
VI, VIII, IX e XI; no art. 4º, atenção aos incisos VI, VII e XII. Leia sobre os documentos de viagem (art.
5º), e atenção aos documentos que são de propriedade da União (§ 1º). Dica apenas dois não o são:
documento de identidade civil ou documento estrangeiro equivalente, quando admitidos em tratado e
certificado de membro de tripulação de transporte aéreo.
2.2. Faça uma leitura sobre o visto (arts. 6º a 18); impedimento de ingresso (art. 45), conjugar este
tema com o crime de reingresso de estrangeiro expulso do art. 338 do CP: “Reingressar no território
nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova
expulsão após o cumprimento da pena.”.
2.3. Não deixe de estudar as medidas de retirada compulsória: repatriação (art. 49); deportação
(arts. 50 a 53) e expulsão (arts. 54 a 60). Fique atento às vedações dos arts. 61 e 62, veja o art. 61 e
parágrafo único: “Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão coletivas. Entende-se por
repatriação, deportação ou expulsão coletiva aquela que não individualiza a situação migratória irregular
de cada pessoa.”
2.3.1. Acho importante você memorizar as hipóteses de expulsão (art. 54) decorrentes de
condenação transitada em julgado: crime de genocídio; crime contra a humanidade; crime de guerra;
crime de agressão e crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a
gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional.
2.4. Estude sobre opção de nacionalidade e da naturalização (arts. 63 a 76), conjugando com o art.
12 da CF/88.
2.5. Estude extradição (arts. 81 a 99). Muita atenção ao art. 82, que estabelece hipóteses em que
não se concederá extradição (importante); o art. 96 também é muito importante, em que se estabelece
compromissos para o Estado requerente.
2.6. Um dos temas que reputo de maior relevância ultimamente são a transferência de execução da
pena (TEP - arts. 100 a 102) e a transferência de pessoa condenada (TPC - arts. 103 a 105) – não deixe
de ler estes artigos. Em relação a TEP, muito tem se falado sobre a possibilidade da transferência de
execução da pena para brasileiros natos. Veja por exemplo o caso do jogador de futebol Robinho
(amplamente noticiado na mídia), que foi condenado por crime de estupro coletivo no estrangeiro (Itália)
e veio para o Brasil. Discute-se na doutrina a possibilidade de transferir a execução da pena.
2.6.1. O art. 100 da Lei de Migração (Lei 13.445/2017) prevê a possibilidade de se transferir a
execução da pena (TEP) do país estrangeiro para o Brasil, ou seja, o indivíduo condenado, em vez de
cumprir a pena no exterior, cumpre a reprimenda aqui. Valério Mazzuoli diz que a TEP só é admitida
nos casos em que existe a possiblidade de extradição, ou seja, nas hipóteses em que couber solicitação
de extradição executória, a autoridade competente terá duas opções: a) solicitar a extradição; ou b)
autorizar a transferência de execução da pena. Desse modo, a pena de Robinho só poderia ser transferida
para o Brasil se fosse possível, em tese, que ele fosse extraditado para a Itália. Como essa extradição não
é permitida, também não é possível a transferência da execução. Apenas tratados internacionais
específicos podem disciplinar a questão de modo contrário.
2.6.2. Vladimir Aras, por sua vez, sustenta que estrangeiros condenados no exterior e que estão no
Brasil podem ser extraditados. Logo, neste cenário, o Estado estrangeiro não precisará da transferência
de sentença penal. Sua opção preferencial será a extradição. A transferência de execução penal (TEP) é
uma alternativa para os casos em que a extradição não é possível ou se torna inviável. O que o caput do
art. 100 da Lei 13.445/2017 diz é que a TEP só tem lugar nos casos em que se cogita de extradição
executória (pena imposta no exterior a residente no Brasil). A transferência de execução penal (TEP),
funciona como espécie do reconhecimento de decisões estrangeiras, uma alternativa à extradição,
notadamente quando esta não é factível. Segundo ele, no caso Robinho a Itália poderia solicitar a
extradição executória, mas o Brasil não a pode conceder juridicamente. No entanto, um pedido dessa
ordem, contra um nato, apesar de indeferido, serviria como gatilho para o procedimento de transferência
da execução penal. Em resumo, o brasileiro nato que cometa crime no exterior terá em seu favor o escudo
da inextraditabilidade, mas não há nenhuma regra constitucional que o proteja da transferência de uma
sentença penal condenatória imposta no exterior com a observância do devido processo legal.
2.7. Atenção aos informativos:
2.7.1. Do STJ, 719: “É proibida a expulsão caso o estrangeiro tenha filho brasileiro e ele esteja sob
a sua guarda ou dependência socioafetiva, o que pode ser comprovado por uma declaração da mãe da
criança” e 667: “Estrangeiro que tenha filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência não
pode ser expulso mesmo que o nascimento tenha ocorrido após os fatos que ensejaram a expulsão.”
2.8. Do STF, 1035: “Os fatos incriminados que sejam investigados, anteriores a 24/12/2019,
impõem, para fins de extradição, o compromisso do Estado estrangeiro em estabelecer o cumprimento
de pena máxima de 30 anos para o extraditando”; 1007: “É proibida a expulsão caso o estrangeiro tenha
filho brasileiro e ele esteja sob a sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva, mesmo que isso
tenha ocorrido após o fato ensejador do ato expulsório”; 946: “Não se deve conceder a extradição se o
país requerente vem enfrentando um quadro de instabilidade política”, “Não se deve conceder a
extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao extraditando não era punida como crime no
Brasil” e “Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo terrorista
que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime político”; 941: “Se o extraditando concordar com
o pedido, a extradição poderá ser autorizada monocraticamente pelo Ministro do STF em um
procedimento simplificado”; 939: “Brasil deve negar a extradição se houver possibilidade concreta de o
Estado requerente condenar o extraditando a prisão perpétua ou a pena de morte”; 885: “Em caso de
reingresso de extraditando foragido, não é necessária nova decisão jurisdicional acerca da entrega, basta
a emissão de ordem judicial”; 873: “É possível extraditar estrangeiro mesmo que ele possua filho e
mulher brasileiros”. Não confunda expulsão com extradição, atenção à súmula 421 do STF: “Não impede
a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro.”
3. Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) - Tema que passou ter extrema
relevância após a inclusão da “proteção dos dados pessoais” como direito fundamental (CF/88, art. 5º,
LXXIX) pela EC nº 115, de 2022. Veja a definição no art. 1º: “Esta Lei dispõe sobre o tratamento de
dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito
público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade
e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.”
3.1. O art. 2º traz os fundamentos: “I - o respeito à privacidade; II - a autodeterminação
informativa; III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; IV - a
inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem (...)”. O art. 3º discrimina a quem se aplica a
leia e em quais condições: “Esta Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento realizada por pessoa
natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, independentemente do meio, do país
de sua sede ou do país onde estejam localizados os dados, desde que: I - a operação de tratamento seja
realizada no território nacional (...)”, leia com calma todas as hipóteses.
3.2. Atenção! Acho importante você memorizar a quem NÃO se aplica a lei, especialmente o art.
4º, inc. III: “Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais: III - realizado para fins
exclusivos de: a) segurança pública; b) defesa nacional; c) segurança do Estado; ou d) atividades de
consentimento seja fornecido por escrito, esse deverá constar de cláusula destacada das demais cláusulas
contratuais.”
3.6. Os arts. 11 a 13 tratam dos dados pessoais sensíveis. Destaco o art. 13, § 4º: “Para os efeitos
deste artigo, a pseudonimização é o tratamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de
associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação adicional mantida
separadamente pelo controlador em ambiente controlado e seguro.”
3.7. Atenção aos arts. 21: “Os dados pessoais referentes ao exercício regular de direitos pelo titular
não podem ser utilizados em seu prejuízo” e 24: “As empresas públicas e as sociedades de economia
mista que atuam em regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição Federal ,
terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas de direito privado particulares, nos termos
desta Lei. Parágrafo único. As empresas públicas e as sociedades de economia mista, quando estiverem
operacionalizando políticas públicas e no âmbito da execução delas, terão o mesmo tratamento
dispensado aos órgãos e às entidades do Poder Público, nos termos deste Capítulo.”
3.8. Dê especial atenção a responsabilidade e do ressarcimento de danos (arts. 42 a 45); sanções
administrativas (arts. 52 a 54) e as alterações promovidas pela Lei nº13.853, de 2019 na Autoridade
Nacional de Proteção de Dados (ANPD), arts. 55-A a 55-L. Por fim, fique atento que as sanções
administrativas (arts. 52 a 54) só entraram em vigor em 1º de agosto de 2021 (art. 65, I-A, incluído pela
Lei nº14.010, de 2020).
4. Lei nº 13.869/2019 (Lei de Abuso de Autoridade) – Extrema importância e certamente terá uma
ou mais questões na sua prova. Esta lei revogou a Lei nº 4.898, de 1965, a majorante da violação de
domicílio (CP, art. 150, § 2º) e o delito de exercício arbitrário ou abuso de poder (CP, art. 350).
Quero que saiba que saiba alguns aspectos da estrutura da lei e memorize alguns detalhes:
4.1. Todos os crimes são dolosos e apenados com detenção (não há crimes culposos), as penas
são de 1 a 4 anos e multa (13 crimes – médio potencial ofensivo – aplica-se o procedimento especial dos
arts. 513 a 518 do CPP – reposta preliminar no prazo de 15 dias) e 6 meses a 2 anos e multa (11 crimes
– menor potencial ofensivo, segue o rito da Lei nº 9.099/95), e os crimes desta lei são classificados como
delitos de intenção ou de resultado cortado (formais). A ação penal é pública incondicionada (art. 3º).
4.2. Apesar da divergência, a doutrina majoritária, da qual me filio, entende que o dolo eventual é
incompatível com os crimes de abuso de autoridade, por conta da finalidade específica do art. 1º, § 1º.
Explico: a maneira como o legislador descreveu o elemento subjetivo específico no crime de abuso de
autoridade dificulta a sua compatibilidade com o dolo eventual. No entanto, perceba que é possível falar
em dolo eventual em outros crimes onde se exige o elemento subjetivo específico do tipo, a exemplo da
lavagem de capitais (teoria da cegueira deliberada).
4.2. O bem jurídico tutelado imediato são os direitos e garantias fundamentais das pessoas físicas
ou jurídicas e o mediato é a normalidade e regularidade dos serviços públicos.
4.3. Atenção ao microssistema plasmado no art. 1º, § 1º da lei, quero que memorize que somente
haverá crime de abuso de autoridade se as condutas praticadas pelo agente tiverem o elemento subjetivo
especial (animus abutendi): “praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem
ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.” Já o §
2º veda o que se denomina crime de hermenêutica (esta vedação não abrange interpretações absurdas).
4.4. Sujeitos do crime previstos no art. 2º são exemplificativos e o parágrafo único explica:
“Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput
deste artigo.” Dica: não abrange o agente aposentado.
4.5. Atenção aos efeitos da condenação do art. 4º, memorize o prazo da inabilitação para o
exercício de cargo, mandato ou função pública de 1 a 5 anos (não confunda com a suspensão do art. 5º,
II) e que esta inabilitação e a perda do cargo, mandato ou função estão condicionados a reincidência
específica em crime de abuso de autoridade e o efeito não é automático (art. 4º, parágrafo único).
4.6. O art. 5º traz as penas restritivas de direito, memorize o prazo da suspensão do exercício do
cargo, função ou mandato, 1 a 6 meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
4.7. Os arts. 6º a 8º trazem algumas regras interessantes, o art. 6º e 7º tratam da independência
relativa entre as instâncias (fato inexistente e negativa de autoria repercutem nas outras esferas) e o art.
8º traz hipótese de coisa julgada material na esfera cível ou administrativo-disciplinar nos casos das
excludentes de ilicitude (art. 23 do CP) – ler sobre a crítica da doutrina no que tange ao estado de
necessidade agressivo;
4.8. Todos os crimes da lei são importantes e demandam a leitura atenta, utilizem um estudo ativo,
por meio do método que eu já mencionei, porém trarei algumas considerações que reputo importantes:
Art. 9º. Há divergência se é crime próprio ou de mão própria, me filio a segunda posição e entendo
que o Delegado de Polícia não pode ser sujeito ativo desse delito;
Art. 10. O crime cita expressamente condução coercitiva manifestamente descabida (termo vago
e impreciso) de “testemunha” ou “investigado”, não fala de réu (processo), vítima, perito ou intérprete,
portanto fique muito atento, não é possível analogia in malam partem para alcançar estas outras figuras.
Não deixe de ler a ementa das ADPF’s 395 e 444 que tratam da inconstitucionalidade da condução
coercitiva para interrogatório (informativo 906 do STF).
Art. 12. A doutrina entende que o prazo legal citado no caput do artigo é o da remessa do auto de
prisão em flagrante no lapso temporal de 24h a contar da captura. Essa comunicação à autoridade
judiciária pode ser realizada por qualquer meio hábil (e-mail, telefone, ou entrega pessoal de ofício).
Dica: a ausência de comunicação ao M.P. e à Defensoria (CPP, art. 306, § 1º) não configura este crime.
Atenção! Não confunda o prazo o caput com a comunicação imediata dos incisos I e II;
Art. 13. Se atente aos elementos objetivos descritivos (violência, grave ameaça ou redução da
capacidade de resistência). Doutrina nominou este crime de perp walk (caminhada do perpetrador);
Art. 15. Trata do sigilo profissional. Dê especial atenção ao parágrafo único que trata do
prosseguimento do interrogatório, disposição que tem relação direta com as atividades do Delegado de
Polícia (Atenção! O interrogatório tem duas partes e a 1ª etapa – qualificação – é obrigatório, Súmula
522 do STJ);
Art. 16. Há duas formas de se cometer esse crime: deixar de se identificar (atuação negativa) e
identificar-se falsamente (atuação positiva). Dica: o agente infiltrado não precisa se identificar (Lei
12.850/13, art. 14, incisos II, III e IV);
Art. 18. O tipo penal só alcança o interrogatório policial do preso (se estiver solto não incide). A
oitiva do indiciado deve ser feita, ordinariamente, durante o dia, pouco importando o dia da semana. Não
há proibição de interrogatório durante final de semana ou feriado. Apenas durante o repouso noturno.
Cuidado com o que se entende por repouso noturno, o CPC no art. 212 diz que o dia é das 06 às 20h, já
a própria lei de abuso de autoridade traz um critério em que será crime o cumprimento de mandado de
busca e apreensão domiciliar após 21h ou antes das 5h (defendo que deve ser realizada uma interpretação
sistemática, portanto, repouso noturno seria das 21 às 5h);
Art. 20. Trata do direito de entrevista do preso com seu defensor, direito este previsto em alguns
diplomas internacionais, tal como a Convenção Americana de Direitos Humanos e diplomas nacionais
(CPP, LEP e Estatuto da OAB). Dica: este direito não é absoluto, podendo-se negar se houver justa
causa;
Art. 21. Manutenção indevida de presos na mesma cela ou ambiente inadequado. Confira o que
estabelece o art. 82 da LEP sobre o tema. Atente-se que cela é o local destinado ao recolhimento dos
presos, cautelares ou definitivos e espaço de confinamento alcança qualquer área ou ambiente não
projetado para ocupação contínua do preso, como sítios de triagem, ambiente de custódia nos fóruns,
veículos de transporte de presos (caminhão-baú), guarda-preso da viatura etc. Tema interessante é quanto
ao travesti ou transexual, pois memorize, a Resolução Conjunta 1, de 2014, editada pelo Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP e pelo Conselho Nacional de Combate à
Discriminação – CNCD/LGBT, estabeleceu os parâmetros de acolhimento de LGBT em privação de
liberdade: travesti – deverá ser recolhido em cela feminina, transexual - deverá ser recolhido na cela
que diga respeito ao seu gênero, a menos que opte em permanecer na cela correspondente ao seu sexo
anatômico. O STF na ADPF 527/DF decidiu que pessoas trans e travestis, que se identificam com o
gênero feminino vão poder escolher cumprir pena em presídios femininos ou masculinos, porém em área
reservada, que garanta a sua segurança;
Art. 22. Violação de domicílio com abuso de autoridade. Muita atenção para este artigo, a
probabilidade de o examinador trazer um caso com essa sistemática é alta, sugiro que memorize as
hipóteses e o inciso III em que fixa um critério cronológico legal em que haverá crime de abuso de
autoridade se houver cumprimento de mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes
das 5h.
Art. 23. Fraude processual com abuso de autoridade. O legislador visa coibir neste crime as provas
plantadas. Nas modalidades equiparadas, existe a intenção de o agente se livrar de responsabilidade civil
ou administrativa (ou ainda desviar o curso da persecução), o que leva à conclusão de que na figura
simples a responsabilidade que o autor deseja se eximir é criminal. Estude a diferença entre fraude
processual com abuso de autoridade, fraude processual (art. 347), denunciação caluniosa (art. 339 do
CP) e fraude processual nos crimes de trânsito (art. 312 do CTB);
Art. 24. Constrangimento a funcionário de hospital. Esse crime vai vir associado a cena de um
falso confronto policial, pois é difícil saber onde o fato realmente ocorreu se o corpo for levado ao
hospital, já que o trabalho pericial ficará muito prejudicado ao indicar que o local do crime não foi
preservado (arts. 6º, I e 169 do CPP);
Art. 25. Obtenção ou utilização de prova ilícita. No caput, o legislador pune a conduta daquele que
produz a prova ilícita, ao passo que no parágrafo único (mesma pena) incrimina aquele que se utiliza de
tal prova, com prévio conhecimento de sua ilicitude;
Art. 27. Identificada eventual requisição infundada recebida do MP, deverá o Delegado devolver
fundamentadamente o expediente para reapreciação do requisitante, que, se insistir, poderá incorrer no
crime de Abuso de Autoridade. Para a configuração do delito é necessária à absoluta inexistência de
qualquer indício. Inexistindo indícios razoáveis para a investigação formal, é sempre recomendável
lançar mão de investigações preliminares, como é o caso da verificação preliminar das informações (VPI
– CPP, art. 5º, § 3º, in fine). Não haverá crime se a investigação instaurada teve como origem uma
matéria jornalística (STJ, informativo 652);
Art. 28. Divulgação ilegal de gravação. O crime pressupõe interceptação legal (legítima e lícita),
havendo abuso no manuseio do conteúdo obtido com a medida. Quero que fique atento para o seguinte:
interceptação telefônica ilícita será crime do art. 10, Lei 9.296/96, a captação ambiental ilícita, crime do
art. 10-A, Lei 9.296/96, divulgar trecho de interceptação telefônica LÍCITA será crime do art. 28 da
Lei 13.869/19 (abuso de autoridade) e divulgar trecho de interceptação ambiental lícita será crime do
art. 10-A, § 2º, da Lei 9.296/96 (não confunda estas duas últimas situações);
Art. 29. Falsa informação sobre procedimento. Trata-se de modalidade especial de falsidade
ideológica. Atenção para a finalidade única (além daquelas já mencionadas no art. 1º, § 1º) de prejudicar
interesse de investigado;
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente. Não confunda com o crime do art. 27, lá se trata de
requisição para instauração, aqui é o próprio agente que dá início à persecução penal, que é mais grave
e a pena é de detenção de 1 a 4 anos – atenção porque tem relação com atividade do Delegado de Polícia,
pode vir um problema dizendo que a autoridade policial procedeu a persecução penal sem justa causa;
Art. 31. Procrastinação injustificada de investigação. Estender aqui tem o sentido de extrapolar,
ultrapassar o prazo legalmente estabelecido, a exemplo daquele estipulado para a conclusão do inquérito
policial. Parágrafo único: pune-se a mesma conduta (figura equiparada), porém, envolve procedimentos
que não possuem prazo legal para sua conclusão, como ocorre, por exemplo, com as verificações de
procedência de informações (VPI – CPP, art. 5º, § 3º);
Art. 32. Negativa de acesso à investigação. Duas são as modalidades de condutas: (i) negar ao
interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos e (ii) impedir a obtenção de cópias. Não há crime
se o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras,
cujo sigilo seja imprescindível;
Art. 33. Crime de exigência ilegal de informação ou cumprimento de obrigação. Atenção ao
parágrafo único que criminaliza o comportamento do agente estatal que, fora de serviço, exibe sua cédula
de identidade funcional para, sem efetuar o devido pagamento, ingressar em algum espetáculo, show,
cinema (obtenção de vantagem ou privilégio indevido), ou até mesmo para isentar-se de uma autuação
de trânsito (eximir-se de obrigação legal). Trata-se da conduta popularmente conhecida como
“carteirada.” Atenção! Prevalece que o aceite de uma cortesia não configura abuso de autoridade;
Art. 38. Antecipação de atribuição de culpa por meio de comunicação. O tipo não impede a
publicidade da condição de suspeito da pessoa objeto da investigação. Aliás, essa divulgação, não raras
vezes, aparece como necessária para a apuração de determinadas infrações, podendo contar com a
colaboração dos membros da comunidade em que ocorreu a infração.
4.9. Por fim, quero que fique muito atento às alterações promovidas nos outros diplomas
legislativos, citarei os que ainda não foram comentados neste cronograma:
4.9.1. Lei nº 7.960/1989 (Prisão temporária): § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente
o período de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o
preso deverá ser libertado; § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade
responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr
imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - No que concerne aos vistos (documento que
dá a seu titular a expectativa de ingresso em território nacional) regulado pela Lei no 13.445/2017, é
correto afirmar que: c) não se concederá visto a menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou sem
autorização de viagem, por escrito, dos responsáveis legais ou de autoridade competente. (correta – art.
10, III)
VUNESP - 2021 - Prefeitura de Bertioga - SP - Procurador Municipal - A respeito da Lei de
Abuso de Autoridade, assinale a alternativa correta. d) Prevê como efeito da condenação, dentre outros,
inabilitação para o exercício do cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos,
condicionado à ocorrência de reincidência específica e não é automático, devendo ser declarado, em
sentença. (correta – art. 4º, II e parágrafo único)
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2022 - Prefeitura de Jundiaí - SP - Assistente Administrativo - Edital nº 334 -
Licitação é o processo por meio do qual a Administração Pública contrata obras, serviços, compras e
alienações. Um dos principais objetivos da Licitação é: a) selecionar a proposta mais vantajosa para a
administração pública. (correta – Lei nº 8.666/93, art. 3º e Lei nº 14.133/21, art. 11, I)
Homem e do Cidadão). Dica: segundo a doutrina os três marcos históricos fundamentais foram: o
iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra Mundial.
1.4. Organização nas Nações Unidas: papel, surgimento e objetivos. Em 26 de junho de
1945, por meio da aprovação da Carta das Nações Unidas, conhecida também como Carta de São
Francisco, a Organização das Nações Unidas foi criada e com ela nasce o sistema global de tutela dos
direitos humanos. Entretanto, passou a existir oficialmente após a ratificação da Carta das Nações Unidas
pela China, França, Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética, o que se deu em 24 de outubro de
1945. A criação da mencionada Organização se deu com o fim de construir mecanismos internacionais
de proteção dos direitos humanos, através da implementação de um sistema que garantisse maior
segurança e paz no seio internacional.
1.4.1. Não deixe de estudar sobre o sistema onusiano que é dividido em geral e em especial e os
documentos mais importantes para cada sistema, e ainda dê uma lida na estrutura da ONU.
1.4.2. É importante que você leia sobre a Corte Internacional de Justiça (e não confunda com a
Corte Interamericana de Direitos Humanos do sistema regional), pois é o principal órgão judicial da
ONU, sua sede é no Palácio da Paz, em Haia/Holanda. É um tribunal de natureza civil, composto por 15
juízes, que são eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança, para atuar durante nove
anos julgando processos sobre litígios que lhe são submetidos pelos Estados membros da ONU. Dica:
Somente os Estados, através de notificação ou petição escrita, é que podem ser partes em processos
julgados perante a CIJ.
2. Dignidade da pessoa humana. Vigência e eficácia dos direitos civis e políticos, dos direitos
econômicos, sociais e culturais e dos demais direitos. A dignidade da pessoa humana é fundamento
da república, dada sua relevância (CF/88, art. 1º, III), segundo o qual alguns autores o definem como um
princípio matriz ou viga mestre de todo ordenamento jurídico.
2.1. Sobre a delimitação da dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais leia as três teorias
que tratam do tema: absoluta (o núcleo essencial dos direitos fundamentais seria uma unidade substancial
autônoma que fixa seu conteúdo, por si só, independentemente de qualquer situação concreta), relativa
(o núcleo essencial é moldável, devendo ser verificado em cada caso concreto) e mista (a proteção em
face de medidas arbitrárias e desproporcionais deve ter como parâmetro a ponderação de bens).
2.2. Leia sobre mínimo existencial, pois a partir dele, exige-se que o Estado ofereça condições
(atuação positiva) para que haja eficácia plena na aplicabilidade de tais direitos. No entanto, fique atento
no que tange aos direitos sociais, pois o crescimento dos direitos fundamentais, ocasionou falta de
recursos do Estado, dessa forma nasceu o instituto da reserva do possível.
2.2.1. Sobre este tema leia os informativos do STJ, 666: “A omissão injustificada da Administração
em providenciar a disponibilização de banho quente nos estabelecimentos prisionais fere a dignidade de
presos sob sua custódia” e 723: “O direito ao esquecimento é considerado incompatível com o
ordenamento jurídico brasileiro. Logo, não é capaz de justificar a atribuição da obrigação de excluir a
publicação relativa a fatos verídicos” (quanto ao direito de esquecimento o STF decidiu no mesmo
sentido em tese de repercussão geral, tema 786, informativo 1005).
2.3. Confira o § 1º do art. 5º da CF/88: “As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.” O texto se refere aos direitos fundamentais em geral, não se
restringindo apenas aos direitos individuais. Atenção: As normas que dispõem sobre direitos
fundamentais de índole social, usualmente, têm a sua plena eficácia condicionada a uma
complementação pelo legislador.
2.3.1 A doutrina moderna tem que o art. 5º, § 1º da CF é uma “norma-princípio” estabelecendo
uma ordem de otimização, uma determinação para que se confira a maior eficácia possível aos direitos
fundamentais. O princípio em tela valeria como indicador de aplicabilidade imediata (veja que tem
diferença com a aplicação imediata) da norma constitucional, devendo-se presumir a sua perfeição,
quando possível. Já a doutrina tradicional defende a aplicação imediata dos direitos fundamentais,
independentemente da intermediação legislativa.
3. Incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos ao Direito brasileiro.
Conflitos. Muita atenção com a incorporação e hierarquia dos tratados internacionais de Direitos
Humanos. Sobre hierarquia leia com bastante atenção o § 3º do art. 5º da CF/88 (memorize). Dica: os
tratados de direitos humanos, que não sejam os incorporados no rito do § 3º, art. 5º da CF/88, tem status
supralegal (STF, RE 349.703), neste tema estude a teoria do duplo estatuto.
3.1. Sobre incorporação dos tratados de Direitos Humanos estude as fases: negociação e assinatura,
referendo parlamentar, ratificação ou adesão, e promulgação e publicação. Dica: somente quando o
presidente ratifica (competência exclusiva) é que o tratado começa valer no plano interno (teoria dualista
moderada), porém o tratado vale no plano externo desde a ratificação pelo Congresso Nacional.
3.2. Estude a Convenção de Viena sobre o direito dos tratados (Decreto 7.030, de 2009), conhecida
como “tratados dos tratados”, que explica vários conceitos sobre os tratados e seus modos de
incorporações e interpretações (sobre interpretação leia o princípio pro homine). Entenda quem é
considerado parte ou sujeito de Direito Internacional Público (Estados soberanos, Santa Sé e organismos
internacionais).
Questões exemplificativas:
VUNESP – 2018 – PC/BA – Escrivão de Polícia - A Constituição de 1988 inovou ao elevar a
dignidade da pessoa humana a fundamento da República Federativa Brasileira. Considerando a
importância dada pelo constituinte originário ao metaprincípio da dignidade da pessoa humana, assinale
3.1.3. No sistema islamo-árabe os principais documentos são: sua criação pela Declaração do Cairo
de Direitos Humanos no Islã pela Organização da Conferência Islâmica e a Carta Árabe de Direitos
Humanos, pela Liga dos Estados Árabes (Carta da Liga Árabe, 1993);
3.1.4. No sistema asiático (está em formação ainda) os principais documentos são: Declaração de
Bangkok e Declaração não governamental, que ficou conhecida como a Declaração de ONGs de
Bangkok sobre Direitos Humanos.
3.2. Sistema Interamericano. É o mais importante para o seu estudo. Memorize que o sistema
regional interamericano nasceu em 30 de abril 1948, por meio da aprovação da Carta da Organização
dos Estados Americanos, do qual foi criada a Organização dos Estados Americanos (OEA). O sistema
passou a existir oficialmente em 1951 com a ratificação de dois terços dos Estados signatários. Leia
sobre a OEA e atenção aos seus propósitos essenciais (art. 2º) e aos princípios (art. 3º). Dica: os
propósitos essenciais são todos verbos.
3.2.1. Estude sobre o sistema de dupla proteção: sistema geral ou não convencional (direcionado
a todos os Estados membros da OEA) e sistema específico ou convencional (direcionados apenas aos
Estados signatários, sua base é Convenção Americana de Direitos Humanos - CADH).
3.2.1.1. Leia com bastante atenção à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de
São José da Costa Rica). Tema relevante para a matéria de Direitos Humanos, tendo sido incorporado
pelo Brasil pelo Decreto 678, de 6 de novembro de 1992. Este diploma internacional é comumente
cobrado em qualquer tipo de certame público, portanto sua leitura é fundamental. Aqui não tem segredo,
o que geralmente é cobrado é a literalidade das disposições ali expostas, portanto a leitura e revisão são
fundamentais.
3.2.1.2. A CADH (conhecida como Pacto de San José da Costa Rica) pertence ao sistema
interamericano de Direitos Humanos e é o instrumento base da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH – memorize: 7 membros, mandato de 4 anos) e da Corte Interamericana de Direitos
Humanos (Corte IDH), trata em suma dos direitos de primeira geração (civis e políticos). Segue algumas
dicas:
3.2.1.3. No que se refere ao direito à vida, o item 2 do art. 3º o protege desde sua concepção
(certames costumam colocar nascimento para confundir o candidato); conforme o art. 4º não se pode
restabelecer pena de morte nos Estados que a tenham abolido em virtude do princípio do não retrocesso
(os que já tem permanece, porém não se pode criar novas hipóteses); não se pode aplicar pena de morte
a direitos políticos e crimes comuns conexos; não se deve impor pena de morte a pessoa que no momento
da conduta (não é condenação, não caia nessa pegadinha) for menor de 18 anos, maior de 70 ou mulher
em estado de gravidez; ninguém pode ser submetido a escravidão ou servidão, nem ser constrangido a
executar trabalho forçado ou obrigatório (atenção às exceções do item 3 do art. 6º) etc.
Dica: André de Carvalho Ramos diz que a pena de morte possui 3 fases:
a) Convivência Tutelada: pena de morte tolerada com estreito regramento (EUA);
b) Banimento com exceções: nesta fase há o banimento de tal pena, porém com exceções
relacionadas a crimes militares em tempo de guerra (Brasil);
c) Banimento em qualquer circunstância: aqui não há qualquer exceção, abarcando os crimes
militares. Essa fase foi obtida no plano europeu após a entrada em vigor do Protocolo n. 13 à Convenção
Europeia de Direitos Humanos.
3.2.1.4. Atenção especial à disposição do art. 7º, item 7, o qual dispõe que ninguém será detido
por dívida. Essa disposição deu ensejo à Súmula Vinculante 25. Dica: o inciso LXVII do art. 5º da CF/88
deixou de ter aplicabilidade no trecho em que diz ser possível a prisão civil por dívida na parte do
depositário infiel.
3.2.1.5. Conforme já mencionamos, o STF na ADPF 496, declarou que o crime de desacato foi
recepcionado pela CF/88 e há compatibilidade com o Pacto de San José da Costa Rica. O Conselho
Federal da OAB na ADPF alegou que o crime de desacato ia na contramão do humanismo, inclusive
houve decisão isolada e superada da 5ª Turma do STJ, acolhendo essa tese e entendendo que o crime
de desacato violava o artigo 13 da CADH, que trata da liberdade de expressão.
3.2.1.6. Leia com bastante atenção o artigo 8º que trata das garantias judiciais que contemplou: a)
juízo natural e imparcial; b) presunção de inocência (muito discutido nos últimos tempos); c) assistência
de um tradutor; d) ampla defesa; e) não autoincriminação (importante); e f) possibilidade de recorrer das
decisões (atenção para este último, pois não tem previsão no ordenamento jurídico, mas aqui está
expressamente positivado - duplo grau de jurisdição).
3.2.1.7. Leia o restante do diploma internacional com bastante atenção, dando ênfase também aos
meios de proteção e os papéis da Comissão IDH, art. 33 e seguintes e as disposições relacionadas a Corte
IDH, art. 52 e seguintes.
3.2.1.8. Estude com bastante calma também sobre a Corte Interamericana de Direitos
Humanos, que é o principal órgão judicial da Convenção Americana de Direitos Humanos, é composta
por 7 juízes com mandato de 6 anos (lembra que na Comissão são 7 membros e mandato de 4 anos),
podendo ser reeleitos uma vez, nacionais dos Estados Membros da Organização. Sobre os juízes faça
uma leitura dos arts. 4º e 5º do Estatuto da Corte Interamericana de Direitos Humanos, bom também dar
uma lida no Estatuto da Comissão. Curiosidade: Atualmente, como juiz da Corte IDH, há um brasileiro,
o advogado Rodrigo Mudrovitzch.
Atenção!!
Quero que fique atento julgado recente (07/09/2021) da Corte IDH que é o caso Barbosa de Souza
e Família vs. Brasil. O caso refere-se à responsabilidade do Estado pelos eventos relacionados à morte
de Márcia Barbosa de Souza, em junho de 1998, pelas mãos de um ex-deputado estadual, o Sr. Aércio
Pereira de Lima, bem como pela situação de impunidade em que o evento se encontra. Fiz um resumo
sobre o caso no meu blog, confira: https://eduardofontes.com/corte-interamericana-de-direitos-
humanos-caso-barbosa-de-souza-e-familia-vs-brasil/. Este caso concreto será a cereja do bolo para
você em eventual cobrança na prova dissertativa, discursiva e oral.
Questão exemplificativa:
PCSP – Delegado de Polícia – VUNESP – 2018 - Os juízes da Corte Interamericana serão eleitos
para um mandato de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. Na hipótese de um dos juízes concluir
o seu mandato, mas ainda ter casos sob seu exame que se encontrem em fase de sentença, o Estatuto da
Corte estabelece que: d) O juiz continuará conhecendo desses casos a que se tiver dedicado, para cujo
efeito não será substituído pelo novo juiz eleito. (correta – Estatuto da CIDH, art. 5º, 3)
1.3. Atenção! A partir do “Código de Conduta das Nações Unidas”, os “Princípios Básicos sobre
o uso da força e armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei” (soft law)
foram adotados no VIII Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento de
Delinquentes em 1990 e, em 18 de dezembro de 1990, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou
a Resolução n. 45/166, acolhendo os “Princípios Básicos” e convidando os Estados a “respeitá-los e
tomá-los em consideração no âmbito da legislação e das práticas nacionais. Os princípios básicos foram
utilizados como fundamento na “ADPF das Favelas” do Rio de Janeiro (STF, informativo 1042), o qual
já mencionei na matéria de Direito Constitucional. Veja um trecho: “Nos termos dos Princípios Básicos
sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da
Lei, só se justifica o uso da força letal por agentes de Estado quando, ressalvada a ineficácia da elevação
gradativa do nível da força empregada para neutralizar a situação de risco ou de violência, exauridos os
demais meios, inclusive os de armas não-letais, e necessário para proteger a vida ou prevenir um dano
sério, decorrente de uma ameaça concreta e iminente.”
1.3.1. Estes princípios foram mencionados pelo Min. Edson Fachin na ADI 5.243, julgada em
11/04/2019, ficando estabelecido que a Lei n. 13.060/2014 (disciplina o uso dos instrumentos de menor
potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, em todo o território nacional) respalda os
“Princípios Básicos”, adotando critérios mínimos de razoabilidade e objetividade, e, como tal, “nada
mais faz do que concretizar o direito à vida.”
2. Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos Presos. As regras mínimas para
o tratamento do preso, conhecida como Regras de Nelson Mandela, estabelecem os princípios e regras
de uma boa organização penitenciária, bem como sobre práticas relativas ao tratamento dos custodiados.
O documento possui 122 regras, procure fazer questões sobre o tema verificando quais as regras são
mais importantes e mais cobradas. Dica: Tais regras não tem o condão de descrever minuciosamente o
tratamento dos presos e os Estados podem se afastar das regras, desde que haja justificativa, os
doutrinadores dizem que os documentos que tratam do tema são soft law, estabelecendo um padrão
mínimo de tratamento para os presos.
2.1. Quero que se atente também aos últimos julgados sobre o tema, um eu já mencionei que é o
informativo 666 do STJ: “A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização
de banho quente nos estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia”.
3. Regras das Nações Unidas para o Tratamento de Mulheres Presas e Medidas Não
Privativas de Liberdade Para Mulheres Infratoras (Regras de Bangkok). O documento possui 70
regras, se houver tempo sugiro a leitura, ou veja em um material resumido sobre os principais pontos,
ou mesmo por questões anteriores.
3.1. Eu quero que fique atento que este documento (Regras de Bangkok) foi utilizado para
fundamentar o julgado do STF no informativo 891 em que se estabeleceu critérios para substituição de
prisão preventiva por prisão domiciliar para todas as mulheres presas que estivessem: gestantes,
puérperas e mães de crianças ou pessoas com deficiência, inclusive este julgado deu ensejo a Lei nº
13.769, de 2018, que acrescentou o art. 318-A no CPP.
3.1.1. Veja as regras, 58: “Considerando as provisões da regra 2.3 das Regras de Tóquio, mulheres
infratoras não deverão ser separadas de suas famílias e comunidades sem a devida atenção ao seu
contexto e laços familiares. Formas alternativas deverão ser usadas, quando possível, com as mulheres
que cometam crimes, tais como medidas e alternativas à prisão preventiva e à pena” e 64: “Penas não
privativas de liberdade serão preferíveis às mulheres grávidas e com filhos dependentes, quando for
possível e apropriado, sendo a pena de prisão apenas considerada quando o crime for grave ou violento
ou a mulher representar ameaça contínua, sempre velando pelo melhor interesse do filho ou filhos e
assegurando as diligências adequadas para seu cuidado.”
4. Declaração sobre o Direito e a Responsabilidade dos Indivíduos, Grupos ou Órgãos da
Sociedade de Promover e Proteger os Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais
Universalmente Reconhecidos (Defensores de Direitos Humanos) - Resolução 53/144 da
Assembleia Geral das Nações Unidas, de 9 de dezembro de 1998. Documento com poucos artigos,
apenas 20, que trata sobre os defensores dos Direitos Humanos, sugiro que faça a leitura.
4.1. Dê especial atenção ao art. 9º, veja o que diz o item 5: “O Estado deverá proceder a uma
investigação imediata e imparcial ou garantir a instauração de um inquérito caso existam motivos
razoáveis para crer que ocorreu uma violação de direitos humanos em qualquer território sob a sua
jurisdição.”
4.2. Seguem outros artigos como exemplo: art. 7º: “Todos têm o direito, individualmente e em
associação com outros, de desenvolver e debater novas ideias e princípios no domínio dos direitos
humanos e de defender a sua aceitação” e art. 10: “Ninguém deverá participar, por ação ou por omissão
caso tenha o dever de atuar, na violação de direitos humanos e liberdades fundamentais e ninguém será
sujeito a um castigo ou ação hostil de qualquer gênero por se recusar a fazê-lo.”
Questões exemplificativas:
FCC - 2021 - DPE-SC - Defensor Público - De acordo com as Regras de Bangkok, as sanções
disciplinares de mulheres presas: e) não devem incluir proibição de contato com a família, especialmente
com crianças. (correta – Regra 23)
CESPE / CEBRASPE - 2021 - DEPEN - CARGO 1 – Enfermagem - As Regras Mínimas para
o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em homenagem ao ex-presidente da
África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo que prisioneiros são seres humanos,
nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção dos seus direitos humanos. Os avanços
trazidos pela edição das regras são muito importantes para garantir que os presos tenham, por exemplo,
as mesmas condições de atendimento à saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas
para o Tratamento de Reclusos, julgue o item que se segue.
Considere que determinado preso ainda não julgado estivesse realizando tratamento dentário e, em
razão de uma complicação em um procedimento de restauração dentária, necessitasse continuar o
tratamento com seu próprio dentista. Nesse caso, o Estado deveria arcar com as despesas decorrentes
desse tratamento, uma vez que o preso encontra-se sob sua custódia. (Errado – Regra 118)
procedimentos susceptíveis de favorecer os abusos, tais como o uso de locais secretos de detenção e a
detenção em situação incomunicável etc.”.
1.1. Leia com calma também o anexo que traz alguns conceitos e orientações. Veja dois conceitos
trazidos pelo documento internacional: “1. Entendem-se por "vítimas" as pessoas que, individual ou
colectivamente, tenham sofrido um prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integridade física ou
mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus direitos
fundamentais, como consequência de actos ou de omissões violadores das leis penais em vigor num
Estado membro, incluindo as que proíbem o abuso de poder. 2. Uma pessoa pode ser considerada como
"vítima", no quadro da presente Declaração, quer o autor seja ou não identificado, preso, processado ou
declarado culpado, e quaisquer que sejam os laços de parentesco deste com a vítima. O termo "vítima"
inclui também, conforme o caso, a família próxima ou as pessoas a cargo da vítima directa e as pessoas
que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistência às vítimas em situação de carência
ou para impedir a vitimização.”
1.2. Outros itens interessantes são do documento são: 4, “As vítimas devem ser tratadas com
compaixão e respeito pela sua dignidade. Têm direito ao acesso às instâncias judiciárias e a uma rápida
reparação do prejuízo por si sofrido, de acordo com o disposto na legislação nacional”; 11 “Quando
funcionários ou outras pessoas, agindo a título oficial ou quase oficial, tenham cometido uma infracção
penal, as vítimas devem receber a restituição por parte do Estado cujos funcionários ou agentes sejam
responsáveis pelos prejuízos sofridos. No caso em que o Governo sob cuja autoridade se verificou o acto
ou a omissão na origem da vitimização já não exista, o Estado ou o Governo sucessor deve assegurar a
restituição às vítimas”; 16 “O pessoal dos serviços de polícia, de justiça e de saúde, tal como o dos
serviços sociais e o de outros serviços interessados deve receber uma formação que o sensibilize para as
necessidades das vítimas, bem como instruções que garantam uma ajuda pronta e adequada às vítimas.”
1.3. Por fim, atente-se ao item 18 que trata das vítimas de abuso de poder: “Entendem-se por
‘vítimas’ as pessoas que, individual ou colectivamente, tenham sofrido prejuízos, nomeadamente um
atentado à sua integridade física ou mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou
um grave atentado aos seus direitos fundamentais, como consequência de actos ou de omissões que,
não constituindo ainda uma violação da legislação penal nacional, representam violações das
normas internacionalmente reconhecidas em matéria de direitos do homem.”
2. Grupos vulneráveis e minorias. Diversidades: história, preconceito, discriminação,
racismo, homofobia, transfobia, igualdade, ações afirmativas. Sobre grupos vulneráveis e minorias
estude, de forma resumida, os diplomas internacionais relacionados aos grupos vulneráveis. São grupos
que sofrem tanto materialmente como social e psicologicamente os efeitos da exclusão, seja por motivos
religiosos, de saúde, opção sexual, etnia, cor de pele, por incapacidade física ou mental, gênero, dentre
outras. Dica: não confunda minorias: grupos de pessoas que não tem a mesma representação política
que os demais cidadãos de um Estado ou, ainda, que sofrem histórica e crônica discriminação por
guardarem entre si características essenciais à sua personalidade que demarcam a sua singularidade no
meio social (exemplos: índios, remanescentes de quilombos, negros, ciganos etc.) com grupos
vulneráveis: são coletividades mais amplas de pessoas que, apesar de não pertencerem propriamente às
‘minorias’, eis que não possuidoras de uma identidade coletiva específica, necessitam, não obstante, de
proteção especial em razão de sua fragilidade ou indefensabilidade (exemplos: em razão da idade,
gênero, orientação sexual, deficiência e condição social), conceitos de Valério Mazzuoli.
2.1. Sobre este tema quero que leia sobre igualdade (material e formal) na CF/88; discriminações
ou afirmações positivas e interseccionalidade.
2.2. Dê uma lida nas 100 regras de Brasília para acesso à justiça das pessoas em situação de
vulnerabilidade. É um documento do qual já mencionei em Processo Penal. Dica: dê especial atenção a
seção 1 (finalidades) e seção 2 (beneficiários das regras). Atenção ao conceito de pessoas em situação
de vulnerabilidade: “Consideram-se em condição de vulnerabilidade aquelas pessoas que, por razão da
sua idade, gênero, estado físico ou mental, ou por circunstâncias sociais, econômicas, étnicas e/ou
culturais, encontram especiais dificuldades em exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os
direitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico.”
2.2. Alguns temas que você não pode deixar de ler são: Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra a Mulher, adotada pela Assembleia das Nações Unidas, no ano de
1979 e Convenção contra a Tortura, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial.
2.3. Fique atento, se houver tempo, ao estudo de alguns mecanismos protetivos da igualdade: Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 2.º); a Convenção Americana de Direitos Humanos (art.
17) e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 23). Registre-se, também, a existência
dos denominados Princípios de Yogyakarta (Indonésia – 2007).
2.4. Por fim, fique muito atento para a Convenção Interamericana contra o Racismo, a
Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância (Decreto n. 10.932/2022), pois foi o
último tratado incorporado na forma do art. 5º, § 3º da CF/88, com status de emenda constitucional.
3. Princípios de Yogyakarta (Indonésia, 2006). Documento relativamente extenso, sugiro a
leitura de um resumo que possua os pontos mais importantes. Em suma, o documento trata dos princípios
sobre a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e
identidade de gênero. Caso não possua muito tempo, recomendo a leitura da introdução aos princípios
de Yogyakarta, pois traz o espírito das normas ali contidas. Ter esta noção já vai lhe ajudar a acertar
eventual questão não tão específica na prova.
3.1. Veja um trecho: “Os Princípios de Yogyakarta tratam de um amplo espectro de normas de
direitos humanos e de sua aplicação a questões de orientação sexual e identidade de gênero. Os
Princípios afirmam a obrigação primária dos Estados de implementarem os direitos humanos. Cada
princípio é acompanhado de detalhadas recomendações aos Estados. No entanto, os especialistas
também enfatizam que muitos outros atores têm responsabilidades na promoção e proteção dos direitos
humanos. São feitas recomendações adicionais a esses outros atores, que incluem o sistema de direitos
humanos das Nações Unidas, instituições nacionais de direitos humanos, mídia, organizações não-
governamentais e financiadores (...) Os Princípios de Yogyakarta afirmam normas jurídicas
internacionais vinculantes, que devem ser cumpridas por todos os Estados.”
3.2. Fique atento, pois os Princípios de Yogyakarta não foram incorporados como legislação
oficial do direito internacional, visto que os seus redatores não eram representantes governamentais
oficiais dos seus respectivos países.
4. Declaração e Plataforma de Ação de Pequim (IV Conferência Mundial sobre as Mulheres,
China, 1995). Outro documento bastante extenso. Tal qual comentei acima, faça a leitura da parte inicial
para compreender o espírito e significado das normas ali inseridas. Retirei da internet8 algumas
considerações que podem te ajudar:
4.1. Participaram mais de 17 mil pessoas, de 189 países, tendo sido adotada por unanimidade uma
Declaração que enuncia princípios fundamentais de ação política neste domínio e uma Plataforma de
Ação que aponta estratégias e caminhos de mudança;
4.2. Trouxe uma nova forma de pensar as políticas de igualdade entre mulheres e homens,
introduzindo na agenda internacional o conceito de igualdade de gênero como uma questão de interesse
universal e reafirmando que os direitos das mulheres são direitos humanos;
4.3. Introduziu o conceito de mainstreaming de gênero (ou transversalização da perspectiva de
gênero), que exige uma reorganização dos processos políticos para integrar a igualdade entre mulheres
e homens em todas as políticas, em todas as fases e níveis;
4.4. Introduziu também o conceito de trabalho não remunerado, que inclui o trabalho doméstico e
o trabalho de cuidado nas famílias e na comunidade, apelando à respectiva medição e avaliação, bem
como ao seu reconhecimento e valorização;
4.5. Reconheceu a diversidade das mulheres e das circunstâncias em que estas se encontram;
4.6. A Plataforma de Ação de Pequim estabeleceu compromissos de ação em 12 áreas críticas,
incluindo: pobreza, educação e formação, economia, poder e tomada de decisão, saúde, meios de
8
REPÚIBLICA PORTUGUESA. Plataforma de Ação de Pequim / Portugal, 25 anos depois. Disponível em:
https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/comunicacao/documento?i=plataforma-de-acao-de-pequim-portugal-25-anos-depois.
Acesso em: 02 mar. 2022.
comunicação social, ambiente, conflitos armados, instituições oficiais e violência contra as mulheres
(aposto na cobrança destes itens se forem cobrar este documento);
4.7. É hoje um dos principais quadros de referência para a promoção da igualdade de gênero e as
suas disposições são dialogantes com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030
das Nações Unidas, especialmente com o ODS 5: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2014 - PC-SP - Delegado de Polícia - Considerando a distinção conceitual entre
grupos vulneráveis e minorias, assinale a alternativa que identifica, correta e respectivamente, no Estado
Brasileiro, um componente de grupo vulnerável e outro de uma minoria. a) População de rua e índios.
(correta)
de 9 anos). Não deixe de ler também os critérios de fixação de competência: material, pessoal, temporal
e territorial.
1.2.1. Quanto à competência material atenção aos crimes que serão objeto de julgamento (art. 1º
do Dec. 4.388/2002): genocídio, contra a humanidade, de guerra e agressão. Dica: os crimes de
competência do Tribunal não prescrevem.
1.3. Fique atento aos temas veiculados no informativo 659 do STJ: “É necessária a edição de lei
em sentido formal para a tipificação do crime contra a humanidade trazida pelo Estatuto de Roma,
mesmo se cuidando de Tratado internalizado” e “O disposto na Convenção sobre a Imprescritibilidade
dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade não torna inaplicável o art. 107, inciso IV, do
Código Penal.”
2. Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas
Correlatas de Intolerância (Guatemala, 2013). Diploma internacional recentemente incorporado com
status de emenda constitucional, Decreto nº 10.932, de 10 de janeiro de 2022 (importante). Veja:
“Considerando que o Congresso Nacional aprovou a Convenção, por meio do Decreto Legislativo nº 1,
de 18 de fevereiro de 2021, conforme o procedimento de que trata o § 3º do art. 5º da Constituição.”
2.1. Leia com atenção a parte introdutória do documento, pois tem havido cobrança. Veja este
trecho: “CONSIDERANDO que a dignidade inerente e a igualdade de todos os membros da família
humana são princípios básicos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Declaração
Americana dos Direitos e Deveres do Homem, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos
e da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.”
2.2. O documento não possui muitos artigos, não deixe de ler atentamente as suas disposições.
Acho muito importante a leitura do art. 1º para diferenciar “discriminação racial” (memorize: distinção,
exclusão, restrição ou preferência); “discriminação racial indireta”; “discriminação múltipla ou
agravada”; “racismo” (memorize: teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias e superioridade
racial); “medidas especiais ou de ação afirmativa” e “intolerância”.
2.3. Atenção aos arts. 2º (igualdade perante a lei – destinador aplicador do direito) e 3º (igualdade
na lei – destinatário é o legislador) que tratam dos direitos protegidos.
2.4. O art. 4º traz os deveres do Estado de prevenir, eliminar, proibir e punir os atos e manifestações
de racismo, discriminação racial e intolerância, e traz um rol, exemplos: iii. violência motivada por
qualquer um dos critérios estabelecidos no Artigo 1.1; ix. qualquer restrição ou limitação do uso de
idioma, tradições, costumes e cultura das pessoas em atividades públicas ou privadas etc.
2.5. O art. 5º trata das ações afirmativas; o art. 6º das políticas e art. 7º trata da legislação que
proíba expressamente o racismo, a discriminação racial e formas correlatas de intolerância.
2.6. Atenção ao art. 8º: “Os Estados Partes comprometem-se a garantir que a adoção de medidas
de qualquer natureza, inclusive aquelas em matéria de segurança, não discrimine direta ou
indiretamente pessoas ou grupos com base em qualquer critério mencionado no Artigo 1.1 desta
Convenção.”
2.7. Atenção ao art. 15, iii: “qualquer Estado Parte poderá, ao depositar seu instrumento de
ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que
reconhece como obrigatória, de pleno direito, e sem acordo especial, a competência da Corte
Interamericana de Direitos Humanos em todas as matérias referentes à interpretação ou aplicação
desta Convenção. Nesse caso, serão aplicáveis todas as normas de procedimento pertinentes constantes
da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, bem como o Estatuto e o Regulamento da Corte.”
3. Programa Estadual de Direitos Humanos (Decreto nº 42.209, de 15 de setembro de 1997).
Trata-se de documento um pouco extenso, portanto sugiro a leitura de um material resumido ou resolver
o tema por questões. Se houver tempo leia os itens que tratam do acesso a justiça e luta contra a
impunidade, segurança do cidadão e medidas contra a violência e sistema prisional e
ressocialização.
Questões exemplificativas:
VUNESP – 2013 – PC - SP – Delegado de Polícia – Segundo o Estatuto de Roma, a competência
do Tribunal Penal Internacional restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade
internacional no seu conjunto. Nos termos do referido Estatuto, portanto, o Tribunal terá competência
para julgar, entre outros, os seguintes crimes: e) genocídio e crimes de guerra. (correta)
1996; a segunda de 2002 e a mais recente de 2009. Em cada plano é dado um foco específico a
determinados direitos, mas sempre com um objetivo em comum: aprimorar a proteção daqueles.
1.1. O PNDH 3 é estruturado em 6 eixos: I - Interação democrática entre Estado e Sociedade Civil;
II - Desenvolvimento e Direitos Humanos; III - Universalizar direitos em um contexto de desigualdade;
IV - Segurança pública, acesso à justiça e combate à violência; V - Educação e cultura em direitos
humanos; VI - Direito à memória e à verdade. Atenção! O PNDH não possui força obrigatória como se
fosse uma lei, pois lei não é. Trata-se, na verdade, de Decreto oriundo da Presidência da República.
1.2. Veja um trecho do anexo, eixo orientador I: “Uma das finalidades do PNDH-3 é dar
continuidade à integração e ao aprimoramento dos mecanismos de participação existentes, bem como
criar novos meios de construção e monitoramento das políticas públicas sobre Direitos Humanos no
Brasil. No âmbito institucional o PNDH-3, amplia as conquistas na área dos direitos e garantias
fundamentais, pois internaliza a diretriz segundo a qual a primazia dos Direitos Humanos constitui
princípio transversal a ser considerado em todas as políticas públicas. As diretrizes deste capítulo
discorrem sobre a importância de fortalecer a garantia e os instrumentos de participação social, o caráter
transversal dos Direitos Humanos e a construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua
efetivação. Isso inclui a construção de sistema de indicadores de Direitos Humanos e a articulação das
políticas e instrumentos de monitoramento existentes.” Veja que o próprio documento já faz um
resumo do capítulo, portanto, leia!
1.3. Agora, um trecho do eixo orientador II: “Assim, este capítulo do PNDH-3 propõe instrumentos
de avanço e reforça propostas para políticas públicas de redução das desigualdades sociais concretizadas
por meio de ações de transferência de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à
expansão da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e do extrativismo e da promoção do
turismo sustentável.”
1.4. Eixo orientador III: “Definem-se, neste capítulo, medidas e políticas que devem ser efetivadas
para reconhecer e proteger os indivíduos como iguais na diferença, ou seja, para valorizar a diversidade
presente na população brasileira para estabelecer acesso igualitário aos direitos fundamentais. Trata-se
de reforçar os programas de governo e as resoluções pactuadas nas diversas conferências nacionais
temáticas, sempre sob o foco dos Direitos Humanos, com a preocupação de assegurar o respeito às
diferenças e o combate às desigualdades, para o efetivo acesso aos direitos.”
1.5. Quero que dê atenção especial ao eixo orientador IV que trata da Segurança Pública, Acesso
à Justiça e Combate à Violência. Leia com bastante atenção o resumo trazido no começo do eixo. Veja
um trecho: “A proposição do Sistema Único de Segurança Pública, a modernização de parte das nossas
estruturas policiais e a aprovação de novos regimentos e leis orgânicas das polícias, a consciência
crescente de que políticas de segurança pública são realidades mais amplas e complexas do que as
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2021 - TJ-GO - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento - É
direito de toda pessoa, natural ou jurídica, essencial para o desenvolvimento e o crescimento econômicos
do País: b) definir livremente, em mercados não regulados, o preço de produtos e de serviços como
consequência de alterações da oferta e da demanda, não se aplicando à legislação de defesa da
concorrência, aos direitos do consumidor e às demais disposições protegidas por lei federal. (correta –
art. 3º, III e § 3º, II)
1.5. O art. 6º traz as penalidades: I - advertência; II - multa de 1000 (um mil) UFESPs - Unidades
Fiscais do Estado de São Paulo; III - multa de 3000 (três mil) UFESPs - Unidades Fiscais do Estado de
São Paulo, em caso de reincidência; IV - suspensão da licença estadual para funcionamento por 30
(trinta) dias; V - cassação da licença estadual para funcionamento.” Mas, atenção, veja o § 1º: “As penas
mencionadas nos incisos II a V deste artigo NÃO se aplicam aos órgãos e empresas públicas, cujos
responsáveis serão punidos na forma do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado - Lei n.
10.261, de 28 de outubro de 1968” e § 2º “Os valores das multas poderão ser elevados em até 10 (dez)
vezes quando for verificado que, em razão do porte do estabelecimento, resultarão inócuas.”
1.6. Por fim, fique muito atento ao art. 7º: “Aos servidores públicos que, no exercício de suas
funções e/ou em repartição pública, por ação ou omissão, deixarem de cumprir os dispositivos da
presente lei, serão aplicadas as penalidades cabíveis nos termos do Estatuto dos Funcionários
Públicos.”
1.7. No próximo tópico falarei brevemente do Decreto nº 55.589, de 2010 que regulamenta esta
lei.
2. Lei Estadual nº 14.187/2010 (Dispõe sobre penalidades administrativas a serem aplicadas pela
prática de atos de discriminação racial). Veja o art. 1º: “Será punido, nos termos desta lei, todo ato
discriminatório por motivo de raça ou cor praticado no Estado por qualquer pessoa, jurídica ou física,
inclusive a que exerça função pública.”
2.1. O art. 2º traz um rol de atos discriminatórios, veja alguns exemplos: I - praticar qualquer tipo
de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória; II - proibir ou impor constrangimento ao
ingresso ou permanência em ambiente ou estabelecimento aberto ao público (...) X - recusar, retardar,
impedir ou onerar a prestação de serviço de saúde, público ou privado.”
2.2. O art. 2º-A (inovação trazida pela Lei Estadual nº 16.762, de 2018) traz uma regra de
publicidade, veja: “É obrigatória a afixação de avisos nos ambientes de uso coletivo, públicos ou
privados, em pontos de ampla visibilidade, a fim de se assegurar o conhecimento da presente lei para
garantir o disposto no artigo 1º.” Veja o § 1º: “Os avisos de que trata o ‘caput’ deste artigo devem ser
exibidos na forma de cartaz, placa ou plaqueta com os seguintes dizeres: ‘Lei Estadual nº 14.187/2010
pune administrativamente os atos de discriminação racial no Estado de São Paulo. DENUNCIE”.
2.2.1. O § 2º explica o que são “ambientes coletivos” para efeito da lei: “Para os fins desta lei, a
expressão ‘ambientes de uso coletivo’ compreende, dentre outros, os ambientes de trabalho, estudo,
cultura, culto religioso, lazer, esporte ou entretenimento, áreas comuns de condomínios, casas de
espetáculos, teatros, cinemas, bares, lanchonetes, boates, restaurantes, praças de alimentação, hotéis,
pousadas, estádios de futebol, centros comerciais, bancos e similares, supermercados, açougues,
padarias, farmácias, drogarias, repartições públicas, instituições de saúde, escolas, museus, bibliotecas,
espaços de exposições, veículos públicos ou privados de transporte coletivo, inclusive veículos sobre
trilhos, embarcações e aeronaves, quando em território paulista, viaturas oficiais de qualquer espécie e
táxis.”
2.2.1. Já o § 3º traz uma sanção para quem não cumprir o art. 2º-A: “O descumprimento deste
artigo acarretará, ao proprietário ou responsável pelo estabelecimento ou meio de transporte coletivo,
multa de 100 (cem) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESP).”
2.3. Os atos discriminatórios serão apurados por processo administrativo (art. 3º) e a vítima pode
fazer denúncia para à Secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania (art. 4º), o § 1º traz os requisitos do
“relato” e recebida a denúncia a Secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania realizará duas ações (§
3º): I - promover a instauração do processo administrativo devido para apuração e imposição das sanções
cabíveis; II - transmitir notícia à autoridade policial competente, para a elucidação cabível, quando
o fato descrito caracterizar infração penal (ponto mais importante da lei, pois certamente uma ou
mais condutas descritas no art. 2º configuram o crime de racismo da Lei nº 7.716/89 ou do Código
Penal).
2.4. O art. 6º trata das sanções administrativas: I - advertência; II - multa de até 1.000 UFESPs
(mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo); III - multa de até 3.000 UFESPs (três mil Unidades
Fiscais do Estado de São Paulo), em caso de reincidência; IV - suspensão da licença estadual para
funcionamento por 30 (trinta) dias; V - cassação da licença estadual para funcionamento.” Atenção ao
§ 1º: “Quando a infração for cometida por agente público, servidor público ou militar, no exercício de
suas funções, sem prejuízo das sanções previstas nos incisos I a III deste artigo, serão aplicadas as
penalidades disciplinares cominadas na legislação pertinente.”
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2019 - Prefeitura de Campinas - SP - Guarda Municipal - A Secretaria da Justiça
e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo recebeu denúncia por meio do seu “site” na Internet,
por parte de Danúbio, que presenciou um ato de discriminação racial cometido contra Apolo. Segundo
o disposto na Lei Estadual n° 14.187/2010 (Lei contra a Discriminação Racial), nessa hipótese, é correto
afirmar que a denúncia de Danúbio: a) será recebida, e a Secretaria deve transmitir a notícia à autoridade
policial competente, para elucidação, quando o fato descrito caracterizar infração penal. (correta – art.
4º, II)
2.2. O art. 2º complementa algo que não está na Lei, porém é a mesma ratio do Decreto que
trabalhei acima: “Além da identificação civil, fica assegurado às pessoas travestis e transexuais a
qualificação, nos procedimentos previstos na Lei nº 10.948, de 5 de novembro de 2001, pelos prenomes
pelos quais são reconhecidas e denominadas por sua comunidade e em sua inserção social.”
homofóbica seja informada para a DECRADI a fim de atualizar o banco de dados sobre crimes
decorrentes de homofobia.
Ação 4.4. Criar a Central de Inteligência da DECRADI destinada ao mapeamento das ocorrências
de intolerância em todo o Estado.
Ação 4.5. Informatizar os bancos de dados da DECRADI.
2. Lei Estadual nº 17.431/2021. Sobre a lei veja o arts. 1º: “Esta lei consolida a legislação paulista
relativa à proteção e defesa da mulher, criando a ‘Consolidação das Leis de Proteção e Defesa da
Mulher’” e 2º: “Esta consolidação não afasta a incidência de outros princípios, diretrizes e normas de
proteção e defesa da mulher.”
2.1. Alguns artigos tratam de datas comemorativas referente a mulheres. Exemplos: “Artigo 17 -
Fica instituído o ‘Dia Estadual de Combate à Violência contra a Mulher’, a ser celebrado anualmente
em 25 de novembro; Artigo 25 - Fica instituído o dia 25 de novembro como Dia de Prevenção ao
Feminicídio no Estado.
2.2. Atenção aos arts. 30 “Ficam criadas, na estrutura da Polícia Civil, da Secretaria da Segurança
Pública, Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher”; 31: “Essas Delegacias serão instaladas no âmbito
de todas as Delegacias Seccionais de Polícia da Grande São Paulo, de todas as Delegacias Regionais de
Polícia do Interior e em outros locais onde seja conveniente”; 32: “A organização, estrutura, atribuições
e competência dos órgãos criados por esta lei serão estabelecidas por decreto”; 56: “Fica obrigatória a
divulgação da Central de Atendimento à Mulher (Disque 180) e do Serviço de Denúncia de Violações
aos Direitos Humanos (Disque 100) em estabelecimentos de acesso ao público que especifica”; 88: “Os
servidores das Delegacias de Polícia e de Defesa da Mulher, no ato do registro policial, ficam obrigados
a informar às mulheres vítimas de estupro que, caso venham a engravidar, poderão interromper
legalmente a gravidez, conforme determina o artigo 128 do Código Penal; Parágrafo único - As
delegacias fornecerão, no ato do registro policial, a relação das unidades hospitalares públicas,
com os respectivos endereços, aptas a realizarem a referida interrupção de gravidez”; 89: “O aborto
será realizado por médico e precedido do consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal.”
2.3. Por fim, leia os arts. 154 a 156 que tratam da vedação de qualquer forma de discriminação, o
art. 155 traz um rol de condutas e o art. 156 traz a pena de multa: “Artigo 156 - O descumprimento desta
lei acarretará ao infrator a pena de multa. Parágrafo único - A multa, a ser aplicada na primeira infração,
corresponderá ao valor monetário equivalente a 500 (quinhentas) Unidades Fiscais do Estado de São
Paulo - UFESPs.”
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que
declararão no auto” e o parágrafo único: “Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo
do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem
precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma
circunstância relevante.” Dica: Na Lei nº 9.099/95, art. 77, § 1º, dispõe que o exame de corpo de delito
será dispensável quando a materialidade puder ser comprovada por outros meios, como boletins de
atendimento médico ou prova equivalente.
2.2. Estude os peritos: oficiais, inoficiais e assistente técnico. Faça a leitura dos arts. 275 a 281 do
CPP. Neste tópico dê muita atenção à cadeia de custódia (embora já estudado na parte de Processo
Penal). Dica: Os peritos também estarão suscetíveis a responsabilização penal em virtude dos seus atos
praticado, podendo praticar os crimes de violação de segredo profissional (CP, art. 154); violação de
sigilo funcional (CP, art. 325) e falso testemunho ou falsa perícia (CP, art. 342).
3. Documentos médico-legais. Estude as classificações: notificações, atestados, prontuários,
relatórios, pareceres, depoimento oral e declaração de óbito. É recorrente a cobrança sobre as
características dos atestados (administrativo, judiciário, oficioso, idôneo, gracioso, imprudente e falso),
diferença entre auto (ditado pelo perito ao escrivão na presença de testemunhas) e laudo (redigido por
perito) e a diferença entre parecer e relatório.
3.1. Dica: segundo a doutrina o Delegado de Polícia não pode fazer requisição de prontuário de
paciente;
3.2. Estude com calma o relatório (espécie de documento médico-legal) e seus componentes (7
partes): preâmbulo, quesitos, histórico, descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos.
Atenção! A descrição é o componente mais importante do relatório porque é nele que o perito coloca
em prática o “visum et repertum”, (ver e reportar). Dica: no parecer NÃO tem a descrição (muito
cobrado);
3.3. Saiba diferenciar declaração ou atestado de óbito de certidão de óbito, dando atenção para os
tipos de guia (cores) e seus significados. Exemplo é a guia amarela que é dada para os familiares levarem
ao cartório, onde será elaborada a certidão de óbito.
3.1.1. Memorize que o cadáver é enviado ao Instituto Médico Legal (IML) nos casos de: morte
violenta (por acidente de trânsito ou de trabalho, homicídio, suicídio etc.) ou morte suspeita. No caso de
morte natural quando o médico não tiver dado assistência ao paciente, ou quando não houver diagnóstico
da causa da morte o atestado deve ser emitido pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
3.1.2. Leia a diferença entre atestado médico: oficioso (atende interesses particulares, não caia em
pegadinha), administrativo e judiciário.
Questão exemplificativa:
VUNESP – 2018 – PC-SP - Auxiliar de Papiloscopista - Toda perícia médico-legal se
materializa por meio da emissão de um documento denominado laudo pericial. A parte do laudo,
minudente, pormenorizada, detalhada e que dá embasamento à prova pericial é denominada:
a) preâmbulo.
b) discussão.
c) conclusão.
d) descrição. (correta)
e) histórico.
Jurisprudência ☐
DIA Estudado ☐
Traumatologia médico-legal. Toxicologia médico-legal.
03 Revisado ☐
Questões ☐
Questões exemplificativas:
VUNESP – 2015 – PC-CE - Delegado de Polícia - A traumatologia forense constitui um campo
da medicina legal que se ocupa das implicações jurídicas dos traumatismos ou lesões em geral. Nesse
aspecto, é correto afirmar: b) os instrumentos contundentes podem produzir uma grande diversidade de
lesões: escoriação, equimose, hematoma, ferida contusa, fratura, rotura de vísceras ocas, entre outras.
(correta)
VUNESP – 2018 – PC-SP - Delegado de Polícia - Com relação à traumatologia médico-legal, a
diferença conceitual entre degola (decapitação) e esgorjamento reside: d) na localização da lesão, sendo
a degola posterior ao pescoço e o esgorjamento anterior ou lateral. (correta)
Jurisprudência ☐
4. Lei sobre Transplante e Doação de Órgãos (Lei nº 9.434/97). Esta lei já foi objeto de estudo
na parte de Legislação Especial, faça uma revisão e lembre-se do informativo 1030 do STF: “O crime
de remoção de órgãos qualificado pelo resultado morte, previsto no art. 14, § 4º, da Lei nº 9.434/97, não
é de competência do Júri.” Grande probabilidade de cobrança.
Questão exemplificativa:
VUNESP – 2015 – PC-CE - Delegado de Polícia - Adolescente de 15 anos é avaliado em uma
perícia. Ele apresentava: (a) dificuldade na fala, rouquidão e relatava dor na região cervical e na face;
(b) edema e equimose de coloração vermelho-violácea na região periorbitária direita e esquerda; (c)
hemorragia conjuntival e petéquias na pálpebra inferior de ambos os olhos; (d) escoriação linear,
horizontal, uniforme, de coloração avermelhada, medindo 0,4 cm de largura, localizada abaixo da
tireoide, estendendo-se pela circunferência do pescoço e interrompendo-se em sua região lateral
esquerda. A perícia descrita mais provavelmente sugere: a) estrangulamento por tentativa de homicídio.
(correta)
Jurisprudência ☐
Sexologia médico-legal: dos crimes contra a dignidade sexual;
DIA Estudado ☐
do abortamento e do infanticídio. Psicologia e Psicopatologia
06 Revisado ☐
médico-legais.
Questões ☐
Questões exemplificativas:
CESPE – 2017 – PC-GO – Delegado de Polícia - Em relação aos aspectos médico-legais dos
crimes contra a liberdade sexual, assinale a opção correta. b) Equimoses da margem do ânus,
hemorragias por esgarçamento das paredes anorretais e edemas das regiões circunvizinhas são
características de coito anal violento. (correta)
CESPE –2018 – PC-SE - Delegado de Polícia - A respeito de identificação médico-legal, de
aspectos médico-legais das toxicomanias e lesões por ação elétrica, de modificadores da capacidade civil
e de imputabilidade penal, julgue o item que se segue. A epilepsia é uma doença que, geralmente, não
influencia na capacidade civil e na imputabilidade penal das pessoas. (correta)
Jurisprudência ☐
Identidade e identificação: identificação policial ou judicial e
DIA Estudado ☐
identificação antropológica, incluindo-se a genética.
07 Revisado ☐
Infortunística.
Questões ☐
1.5.1. Método que utiliza como identificador a impressão do desenho digital da polpa dos dedos
(dactilos). Este são formados pelo conjunto de papilas (saliências da pele) e depressões (cristas). Este
método atende aos fundamentos da: unicidade, imutabilidade, perenidade e classificabilidade.
1.5.2. Memorize a fórmula datiloscópica com o mnemônico: V = 4 (verticilo), E = 3 (presilha
externa), I = 2 (presilha interna); A = 1 (arco), 0 = Amputações e X = Defeituosos. Em relação à presença
ou ausência de arco, podemos memorizar da seguinte forma: presilha Interna = Delta à dIreita; presilha
Externa = Delta à Esquerda e Arco = Ausência de Delta. Leia ainda sobre a regra dos 12 pontos
característicos de Edmondi Locardi.
2. Infortunística. Trata-se de perícias realizadas em caso de acidente de trabalho e doenças
profissionais, para concessão de adicionais de insalubridade e periculosidade ou mesmo aposentadoria.
A perícia médico-legal no âmbito trabalhista é chamada de Infortunística Forense. Tal tema tem relação
com a teoria do risco profissional e os acidentes de trabalho, por isso, recomento um resumo sobre o
tema.
2.1. Sobre acidente de trabalho é interessante a leitura, se houver tempo, dos arts. 19 a 23 da Lei
nº 8.213/91, veja: “Art. 19: “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de
empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.”
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 – PC-SP - Papiloscopista da Polícia Federal - No exame antropológico forense
de uma ossada humana completa, correspondente a um indivíduo adulto, com finalidade de definir altura
e sexo, os ossos mais indicados para essa análise são, respectivamente:
a) crânio e úmero.
b) fêmur e clavícula.
c) fêmur e pelve. (correta)
d) clavícula e rádio.
e) crânio e fíbula.
Jurisprudência ☐
1.6. Art. 6º: Compreenda a diferença entre ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada.
1.7. Atenção ao art. 10 (alta incidência em provas): “Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência
obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a
situação dos bens”; “§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus” e “§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário
regula a capacidade para suceder.”
1.8. Os artigos 20 a 30 foram incluídos recentemente pela Lei nº 13.655, de 2018. Portanto,
recomendo especial atenção.
1.8.1. O Art. 20 reforça a importância da motivação nas decisões administrativas, controladoras e
judiciais.
1.8.2. O art. 28 prevê que o “agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.” Erro grosseiro é conhecido por “culpa grave”.
2. Das pessoas. Recomendo a leitura dos artigos 1° a 39 do Código Civil.
2.1. Pessoas naturais. Farei alguns apontamentos:
2.1.1. Art. 1° prevê que “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Este artigo
traz a capacidade de direito ou de gozo, que é inerente a todos os seres humanos, independentemente de
qualquer condição. Existe também a capacidade de fato ou de exercício, que é a aptidão para exercer
pessoalmente atos da vida civil. Veremos adiante que nem todos possuem a capacidade de exercício.
Dica: A capacidade civil plena é alcançada somente se o ser humano possui capacidade de direito e
capacidade de exercício. Dica: A capacidade plena não se confunde com a legitimação. Legitimação é a
capacidade especial para um determinado ato ou negócio jurídico.
2.1.2. No art. 2º é previsto que a “personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” No que tange ao início da
personalidade civil ou jurídica (capacidade de direito), vale ressaltar que no Brasil há três correntes:
a) Teoria Natalista: A personalidade só se inicia com o nascimento com vida (CC, art. 2º), nesta
teoria o concebido, mas não nascido, não teria personalidade;
b) Teoria Concepcionista: A personalidade se inicia com a concepção, de maneira que o nascituro
já seria titular deste atributo;
c) Teoria da Personalidade Condicional: Sufraga o entendimento de que o nascituro, ao ser
concebido, já pode titularizar alguns direitos, em regra, de caráter extrapatrimonial. Seriam os nascituros
dotados, desde a concepção, de personalidade formal conforme Maria Helena Diniz. Apenas o
nascimento com vida (condição suspensiva) é que o atributo da personalidade se completaria
(personalidade material). Até o nascimento, os direitos de conteúdo patrimonial ficam sob condição
suspensiva.
2.1.2.1. A teoria adotada de forma genérica pelo Código Civil é a natalista, pois vem expressa no
art. 2º do CC, portanto marque ela na prova caso o enunciado da questão venha “segundo a lei”. Contudo,
eu quero que saiba, que tal entendimento não é pacífico no que tange ao nascituro e há uma tendência
moderna, na doutrina e jurisprudência, da adoção da Teoria Concepcionista, inclusive foi o que entendeu
o STJ no informativo 547, veja um trecho: “Assim, o ordenamento jurídico como um todo (e não apenas
o CC) alinhou-se mais à teoria concepcionista - para a qual a personalidade jurídica se inicia com a
concepção, muito embora alguns direitos só possam ser plenamente exercitáveis com o nascimento, haja
vista que o nascituro é pessoa e, portanto, sujeito de direitos - para a construção da situação jurídica do
nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea.”
2.1.2.2. Não confunda os termos acima trabalhados com: natimorto (não adquire personalidade
jurídica, pois nasceu morto, mas pode ter direitos da personalidade) e concepturo (é o ente que nem foi
concebido. Trata-se da prole eventual que, nos termos do direito sucessório - CC, art. 1.799, I - pode ser
herdeiro testamentário).
2.1.2.3. Após a entrada em vigor no Estatuto da pessoa com deficiência, são considerados
absolutamente incapazes apenas os menores de 16 anos (art. 3º do CC). Os demais, previstos no art. 4ª
do CC, são considerados relativamente incapazes (maiores de 16 e menores de 18, ébrios habituais e os
viciados em tóxico, pródigos e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade). Atente-se ao fato que a deficiência não está mais atrelada à incapacidade, pois o art. 6° do
estatuto da pessoa com deficiência prevê que “A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa”
– princípio da autonomia. Logo, somente será relativamente incapaz aquele que se enquadre nas
hipóteses do art. 4° do CC.
2.1.2.4. Atenção! Incapacidade Civil Absoluta: é a total ausência de exercício de direito. Somente
pode praticar o ato o representante do incapaz, sob pena de nulidade do ato. Já a Incapacidade Civil
Relativa: é aquela em que o sujeito detém certo discernimento para praticar um ato, no entanto, precisa
ser assistido para que o ato tenha validade. Nessa assistência não há supressão da vontade, mas sim,
convergência de vontades, na qual o assistido pratica o ato junto com o relativamente incapaz. Nessa
senda, o ato praticado pelo relativamente incapaz é um ato anulável (CC, art. 171, I). Os relativamente
incapazes estão no rol do art. 4º do Código Civil.
2.1.3. O art. 5º aborda a questão da cessação da menoridade e emancipação.
2.1.3.1. Quanto a cessação veja o que diz o art. 5º, caput: “A menoridade cessa aos dezoito anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.”
2.1.3.2. Emancipação pode ser:
a) Voluntária: pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial (nesta hipótese o menor tem responsabilidade
solidária com os pais - I jornada de Direito Civil, enunciado 41);
b) Judicial: por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
c) Legal: no caso dos incisos II, III, IV e V do artigo 5°, § único do CC.
2.1.4. A existência da pessoa natural termina com a morte (morte cerebral), mas é possível
presumir a morte com a decretação de ausência do indivíduo, conforme será abordado nos arts. 22 a 39.
Entretanto, é possível ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência se for extremamente
provável a morte de quem estava em perigo de vida; ou se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra, conforme prevê art. 7° do CC.
2.4.1.1. Atenção para a súmula 331 do STF: “É legítima a incidência do Imposto de Transmissão
causa mortis no inventário por morte presumida.”
2.4.1.2. Atenção ao informativo 645 do STJ: “Não há exigência de formalidade específica acerca
da manifestação de última vontade do indivíduo sobre a destinação de seu corpo após a morte, sendo
possível a submissão do cadáver ao procedimento de criogenia em atenção à vontade manifestada em
vida.”
2.1.5. Comoriência: Fenômeno que ocorre se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião
sem ser possível averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros. (Art. 8° do CC).
2.1.6. Arts. 9° e 10 abordam os documentos que podem ser registrados (nascimento, casamento,
óbito, emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz, interdição e por sentença declaratória
de ausência e de morte presumida) e os que podem ser averbados (sentenças que decretarem nulidade
ou anulação do casamento, divórcio, separação judicial, restabelecimento da sociedade conjugal e atos
judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação) em registros públicos.
Compreenda diferença entre registro e averbação.
Atenção!
2.1.6.1. Você registra o ciclo da vida: a pessoa nasce (nascimento), cresce (emancipação), casa
(casamento), fica maluca (interdição), foge (ausência) e morre (morte);
2.1.6.2. Você averba as modificações: vida de casado (nulidade ou anulação do casamento,
divórcio, separação judicial e restabelecimento da sociedade conjugal) e quando seu pai volta do bar
onde ele comprou cigarros e finalmente você o conhece (atos judiciais ou extrajudiciais que declararem
ou reconhecerem a filiação).
2.1.7. Arts. 11 a 21 preveem os direitos da personalidade. Atenção! Os direitos da personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis. É importante que seja feita atenta leitura destes artigos,
entretanto, segue abaixo algumas dicas:
2.1.7.1. É reconhecido o direito de personalidade do morto, por isso o art. 12 § único prevê que o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau terá legitimidade
para requerer que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade;
2.1.7.2. Pessoas jurídicas gozam de direitos da personalidade no que for cabível. Dica: súmula 227
do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” Aqui a súmula fala da pessoa jurídica de direito
privado, todavia, no que se refere a pessoa jurídica de direito público, veja o que diz o STJ no informativo
534: “A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais relacionados
à violação da honra ou da imagem”, contudo fique muito atento para este distinguishing realizado pelo
STJ no informativo 684: “Pessoa Jurídica de Direito Público tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente
agredida e o dano reflexo sobre os demais jurisdicionados em geral for evidente.” Este
distinguishing foi um caso emblemático (Caso Jorgina de Freitas) em que uma procuradora fez desvios
bilionários em autarquia federal (INSS), abalando assim a credibilidade institucional.
2.1.7.3. Atenção para as súmulas do STJ, 221: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento
de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo
de divulgação” e 403: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.”
Atenção! Não confundir os legitimados do art. 12, parágrafo único: “Em se tratando de morto,
terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer
parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau” com os previstos no art. 20, parágrafo único: “Em
se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os
ascendentes ou os descendentes.”
2.1.7.4. Sobre direitos da personalidade quero que fique atento ao que vou destacar: Enunciado 1
– CJF: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos
da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”; Enunciado 4 CJF/STJ: O exercício dos direitos
da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”; STJ -
Jurisprudência em Tese – Edição 137: “2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da
personalidade é imprescritível” e “9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano
moral in re ipsa”; STJ - Jurisprudência em Tese – Edição 138: “6) O transgênero tem direito fundamental
subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, exigindo-se, para
tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da
dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade”; STJ, REsp 1.772.593/RS: “O uso da imagem
de torcedor inserido no contexto de uma torcida não induz à reparação por danos morais quando não
configurada a projeção, a identificação e a individualização da pessoa nela representada.”
2.2.6. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento,
ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua (art. 51). Fique atento para a súmula 435
do STJ: “Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio
fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal
para o sócio-gerente.”
2.2.7. Associações se constituem pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos
(as sociedades que visam lucro). Atenção: O Código Civil dispõe que dentro da associação deverão os
associados ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Leia
os arts. 53, 56, 57, 59, 60 e 61. Veja o que diz a VI Jornada de Direito Civil, Enunciado 534: “as
associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa.”
2.2.8. Fundações são pessoas jurídica de direito privado criadas por escritura pública (inter vivos)
ou por testamento (causa mortis), formada pela destinação de um patrimônio privado. Previsto no
Código Civil e fiscalizadas pelo Ministério Público. As finalidades são: assistência social, cultura, saúde,
educação, meio ambiente, ciência e religião (geralmente cobram as finalidades). Leia os arts. 62, 63,65,
67 e 69. Dica: O ato de instituição da fundação, caso realizado por mecanismo inter vivos, é irretratável,
já a fundação constituída por testamento é revogável.
2.2.8.1. Especial atenção ao art. 63: “Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a
ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que
se proponha a fim igual ou semelhante.”
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2020 - Câmara de Boituva - SP - Agente Legislativo - Assinale a alternativa que
está de acordo com a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro: b) A decisão que, nas esferas
administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou
norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas.
(correta – LINDB, art. 21).
VUNESP - 2020 - Câmara de Boituva - SP - Analista Jurídico - Da personalidade e da
capacidade civil, assinale a alternativa correta. d) Os ébrios habituais são relativamente incapazes. (CC,
art. 4º, II)
Jurisprudência ☐
DIA Do domicílio. Dos bens. Diferentes classes de bens. Dos Fatos Estudado ☐
02 jurídicos. Negócio Jurídico. Atos jurídicos lícitos. Atos ilícitos. Revisado ☐
Questões ☐
1.3.2. Atenção para a súmula 363 do STF: “A pessoa jurídica de direito privado pode ser demanda
no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato.”
2. Dos bens. Diferentes classes de bens. Recomendo a leitura dos arts. 79 a 103 do CC, mas
abaixo destacarei os principais pontos.
2.1. Consideram-se imóveis os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o
direito à sucessão aberta (memorize). Os bens imóveis podem ser classificados por sua natureza (ex.
solo) e por acessão (por acréscimo).
2.1.1. Não perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do solo, mas conservando a
sua unidade, forem removidas para outro local e os materiais provisoriamente separados de um prédio,
para nele se reempregarem.
2.2. Consideram-se móveis as energias que tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos
móveis e as ações correspondentes e os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
2.3. Bens fungíveis e infungíveis: Fungíveis são bens móveis que podem substituir-se por outros
da mesma espécie, qualidade e quantidade e infungíveis não podem ser substituídos (bens móveis ou
imóveis). Dicas: Imóveis são sempre infungíveis e o carro é um bem infungível porque não é possível
substitui-lo por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (CC, art. 85). Os automóveis são
individualizados pelos números do chassi.
2.4. Bens consumíveis e inconsumíveis.
2.4.1. Consumíveis de fato são os bens cujo uso importa na destruição imediata da própria
substância ou na sua extinção (consuntibilidade natural). Ex: frutas verduras. Já os consumíveis de
direito são os bens destinados à alienação (consuntibilidade jurídica). Ex: livros e automóveis à venda
em uma loja.
2.4.2. Inconsumíveis de fato são aqueles que podem ser utilizados várias vezes sem ocasionar a
destruição imediata e inconsumíveis de direito que podem ser usados várias vezes, contudo não podem
ser vendidos (ex. um carro com cláusula de inalienabilidade).
Dica: Usufruto impróprio ou quase usufruto é aquele que recai sobre um bem substituível
(fungível, consumível). Por esta razão, o usufrutuário poderá consumir a coisa, obrigando-se apenas a
restituir outra da mesma quantidade, espécie e qualidade.
2.5. Bens divisíveis e indivisíveis: Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração,
diminuição de valor, ou prejuízo, enquanto os indivisíveis não podem ser partilhados. Lembrar que bens
naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
2.6. Bens singulares e coletivos: São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de
per si, independentemente dos demais, enquanto os coletivos são os que se agregam em um todo, em
uma universalidade. Essa universalidade pode ser de fato (art. 90) ou de direito (art. 91).
2.7. Os bens podem ser qualificados como principal, se existem de maneira autônoma e
independente, e podem ser acessórios aqueles cuja existência supõe a do principal. São exemplos de
bens acessórios: os frutos, os produtos, as pertenças, as partes integrantes e benfeitorias.
2.7.1. Frutos: Tem sua origem no principal e sua retirada não diminui a substância ou
quantidade do principal. Podem ser frutos, civis, naturais ou industriais.
2.7.2. Produtos: Tem sua origem no principal e sua retirada diminui a substância ou quantidade
do principal.
Atenção ao art. 95: “Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem
ser objeto de negócio jurídico.”
2.7.3. Pertenças: São os bens que não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Ler artigo 94 do CC: “Os negócios
jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar
da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.”
2.7.4. Benfeitorias: São bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel visando sua
conservação ou melhoramento. Benfeitorias podem ser voluptuárias (mero deleite ou recreio, que não
aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor), úteis
(aumentam ou facilitam o uso do bem) ou necessárias (têm por fim conservar o bem ou evitar que se
deteriore). Veja o art. 97: “Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos
ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.”
2.7.5. Bens públicos: leitura dos artigos 98 a 103 do CC. Saber diferenciar os bens de uso comum
do povo, os de uso especial e os dominicais. Bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial
são inalienáveis, já os dominicais são alienáveis. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
2.7.5.1. Desafetação: é a mudança de destinação de um bem. Um bem de uso especial que perde
sua finalidade pública, se torna dominical e pode ser alienado.
2.8. Bens públicos já trabalhamos na parte de direito administrativo.
3. Dos Fatos jurídicos. Recomento a leitura dos arts. 104 a 188 do CC, contudo vou selecionar os
temas e artigos que reputo mais importante.
3.1. Importante saber diferenciar fatos jurídicos, atos jurídicos e negócios jurídico. Conforme
Tartuce:
3.1.1. Fato jurídico é uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tenha relevância
jurídica. (Fórmula: Fato jurídico = Fato + direito).
3.1.2. O ato jurídico trata-se de um fato jurídico com elemento volitivo e conteúdo lícito.
(Fórmula: Ato Jurídico = Fato + Direito + Vontade + Licitude).
3.1.3. E negócio jurídico é o ato jurídico em que há uma composição de interesses das partes com
uma finalidade específica. (Fórmula: Negócio Jurídico = Fato + Direito + Vontade + Licitude +
composição de interesse das partes com finalidade específica).
3.2. A validade do negócio jurídico requer: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou
determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.
3.3. Atenção aos arts. 105: “A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela
outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for
indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum”; 106: “A impossibilidade inicial do objeto não
invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver
subordinado” e 107: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir.”
3.6. A escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes
o maior salário mínimo vigente no País (art. 108).
3.7. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não
querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento (art. 110).
3.8. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
necessária a declaração de vontade expressa (art. 111).
3.9. Faça a leitura atenta dos parágrafos 1° e 2° do artigo 113, tendo em vista a recente alteração
pela Lei nº 13.874, de 2019. Especial atenção ao § 1º, inc. IV “A interpretação do negócio jurídico deve
lhe atribuir o sentido que: for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável” e
§ 2º: “As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de
integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei.”
3.10. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente (art. 114).
3.11. Condição, termo e encargo: Institutos previstos nos arts. 121 a 137 do CC e que possuem
significativa incidência em provas.
3.11.1. Condição: é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto. Pode ser suspensiva se a clausula prever que enquanto não verificar a condição, não se terá
adquirido o direito, e pode ser resolutiva se prever que sobrevindo a condição extingue-se o direito que
a ela se opõe, ou seja, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico.
Observação: Uma condição suspensiva impossível invalida o negócio jurídico, tendo em vista que
a impossibilidade tornaria inviável a aquisição do direito. Enquanto uma condição resolutiva impossível
apenas é considerada inexistente (como se não existisse a condição), pois o negócio jurídico não deixa
de ser possível por causa da condição impossível.
3.11.2. Termo: A eficácia do negócio jurídico se subordina a evento futuro e certo. Há o termo
inicial quando tem início os efeitos e o termo final que põe fim às consequências do negócio jurídico.
3.11.3. Encargo: é uma determinação imposta pelo autor do ato de liberalidade que adere a quem
receber. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo
determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
3.12. Vícios ou defeitos dos negócios jurídicos: Erro, dolo, lesão, estado de necessidade, coação,
simulação e fraude contra credores (tema muito importante, sempre cobrado).
3.12.1. Erro ou ignorância: é um engano em relação à pessoa ou objeto do negócio jurídico, que
acomete a vontade de uma das partes (ninguém induz o sujeito a erro, ele que tem uma falsa noção da
realidade). Leia os arts. 138 a 144 do CC. Dica: O negócio jurídico é anulável no caso de erro essencial
ou substancial (se for acidental - erro sobre qualidade secundária da pessoa ou objeto - não vicia o ato
jurídico). Atenção ao art. 143: “O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de
vontade.”
3.12.2. Dolo: É o meio empregado para enganar alguém. Ocorre dolo quando o sujeito é induzido
por outra pessoa a erro, de modo a conduzir esta a praticar atos que não praticaria, e tendo como intuito
obter vantagem. Leia os arts. 145 a 150 do CC. O negócio jurídico é anulável.
3.12.2.1. Dicas: Dolo negativo consiste em uma omissão dolosa de informação ou silêncio
intencional que prejudica a outra parte do negócio. Traduz quebra do dever de informação e violação à
boa-fé objetiva (art. 147, CC). Gera a invalidade do negócio jurídico. Dolo Bilateral: Já no dolo bilateral,
previsto no art. 150, nenhuma parte pode alegar dolo da outra para anular o negócio.
3.12.3. Coação: A coação traduz violência. Consiste em uma ameaça ou violência psicológica.
Não se confunde com a coação física (vis absoluta), causadora da inexistência do próprio negócio. Não
se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial (art.
153). Leia os arts. 151 a 155 do CC. O negócio jurídico é anulável.
3.12.4. Estado de Perigo: Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano CONHECIDO pela outra parte (dolo de
aproveitamento), assume obrigação excessivamente onerosa (art. 156). O negócio jurídico é anulável.
3.12.5. Lesão: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência,
se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (art. 157). Na Lesão,
o código é silente, não exigindo, sequer, que a outra parte saiba do estado de necessidade ou da
inexperiência do agente. O negócio jurídico é anulável. Memorize os requisitos da lesão: premente
necessidade ou inexperiência (elemento subjetivo) + onerosidade excessiva (elemento objetivo).
Para te ajudar a diferenciar lesão de estado de perigo segue uma tabela:
Lesão Estado de Perigo
Somente acontece em contratos comutativos. Pode acontecer em negócio unilateral.
Iminência de dano patrimonial. Ocorrência de risco pessoal.
Elemento subjetivo: premente necessidade / Elemento subjetivo: situação de perigo conhecida
inexperiência. da outra parte.
Não exige dolo de aproveitamento. Exige dolo de aproveitamento.
3.12.6. Fraude contra credores: A atuação maliciosa do devedor de dispor de seus bens para afastar
a possibilidade de adimplir suas dívidas. Leia os arts. 158 a 165 do CC. O negócio jurídico é anulável e
ação é chamada de pauliana ou revocatória. Dica: Súmula 195 do STJ: “Em embargos de terceiro não
se anula ato jurídico, por fraude contra credores.
3.12.6.1. Atenção! Não confunda com fraude à execução que é instituto de direito processual civil;
o devedor tem ações executivas ou condenatórias contra si e aliena o patrimônio e não há necessidade
para o seu reconhecimento de uma ação específica. Veja a súmula 375 do STJ: “O reconhecimento da
fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má fé de terceiro
adquirente.”
3.12.7. Simulação: Ocorre se as partes manifestam uma vontade contrária àquela verdadeira, com
intuito de aparentar um negócio jurídico que não corresponde com aquele que efetivamente desejam.
(art. 167). O ato jurídico é NULO (memorize, somente na simulação o negócio jurídico é nulo). Dica:
Enunciado 152, III, Jornada de Direito Civil: “toda simulação, inclusive, a inocente (que não causa
prejuízo), é invalidante”.
3.13. Recomendo a leitura do art. 166, que prevê os casos em que os negócios jurídicos podem ser
NULOS: celebrado por pessoa absolutamente incapaz; ilícito, impossível ou indeterminável o seu
objeto; motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei
etc.
Saiba diferenciar negócio jurídico nulo e anulável. Segue uma tabela para te ajudar:
Nulidade Absoluta Nulidade Relativa (anulabilidade)
Atinge interesse público Atinge interesse particular
Pode ser suscitada por qualquer interessado, e Só pode ser suscitada pelos interessados (art.
deve ser reconhecia de ofício pelo juiz (art. 168). 177).
É irratificável (art. 169, 1ª parte), ou seja, é É ratificável (art. 172). Pode ser suprida,
insuscetível de confirmação. sanada, inclusive pelas partes.
3.13.1. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do
tempo (art. 169), se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando
o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade
(art. 170).
3.14. Recomenda-se leitura atenta ao artigo 171 que prevê os casos em que os negócios jurídicos
podem ser ANULÁVEIS, memorize: incapacidade relativa do agente e por vício resultante de erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores (já fui colocando ali em cima pra facilitar).
3.14.1. Atenção! O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro (art. 172).
3.14.2. É de QUATRO ANOS o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, no caso da coação quando ela cessar; no erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; nos atos de incapazes, do dia em que cessar a
incapacidade (art. 178).
3.14.3. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato (art. 179).
3.14.4. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação,
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-
se, declarou-se maior (art. 180) e ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga (art. 181). E quanto aos efeitos,
veja o que diz o art. 182: “Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes
dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.”
4. Atos ilícitos. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito (art. 186 – Ato Ilícito).
Já o art. 187 (abuso de direito) traz o seguinte: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes.” O ato ilícito (art. 186) e o abuso de direito (art. 187) são espécies de
responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana.
4.1. O mais importante aqui é você saber o que não constitui ato ilícito (art. 188):
4.1.1. Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido (inciso I);
4.1.2. Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa,
a fim de remover perigo iminente – estado de necessidade (inciso II) e o ato será legítimo somente
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo (parágrafo único).
4.1.3. Conjugue este tema com o art. 927: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” e atenção ao parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
4.1.3.1. Veja o que o STJ decidiu no informativo 674: “Aplica-se igualmente ao estado o que
previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por
atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva.”
4.1.4. Atenção também ao art. 929 que trata do estado de necessidade: “Se a pessoa lesada, ou o
dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à
indenização do prejuízo que sofreram.” Fique atento, a doutrina chama esta hipótese de estado de
necessidade agressivo. Por fim, veja o art. 930: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer
por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado” e parágrafo único: “A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se
causou o dano (art. 188, inciso I).”
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Sobre as diferentes classes de bens, assinale a
alternativa correta. e) Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser
objeto de negócio jurídico. (correta – CC, art. 95)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia: Domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta. b) O
domicílio do servidor público é o lugar em que ele exerce permanentemente suas funções. (correta – CC,
art. 76, parágrafo único).
Jurisprudência ☐
Do Direito das Obrigações. Modalidade das obrigações.
DIA Estudado ☐
Transmissão das obrigações. Adimplemento e extinção das
03 Revisado ☐
obrigações. Inadimplemento das obrigações.
Questões ☐
• A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados;
• Se a coisa se perder, sem culpa do devedor fica resolvida a obrigação, mas se resultar de
culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos;
• Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação,
ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu, mas sendo culpado o devedor,
poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
direito a reclamar, indenização das perdas e danos;
• Até a tradição pertence ao devedor a coisa.
1.1.2. Obrigações de Dar Coisa Incerta: arts. 243 a 246 do CC.
• A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade;
• Em regra, a escolha pertence ao devedor, mas não poderá dar a coisa pior, nem será
obrigado a prestar a melhor.
1.1.3. Obrigações de Fazer: arts. 247 a 249 do CC.
• Trata da obrigação personalíssima ou infungível (art. 247);
• Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
1.1.4. Obrigações de Não Fazer: arts. 250 e 251 do CC.
• Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar (art. 250).
1.1.5. Obrigações Alternativas: arts. 252 a 256 do CC.
• Em regra, a escolha cabe ao devedor;
• Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra;
• No caso de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada
período;
• Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação.
1.1.6. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis: arts. 257 a 263 do CC.
• Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-
se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores;
• A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetível de divisão;
• Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
1.1.7. Obrigações Solidárias: arts. 264 a 285 do CC.
1.3.1. O Código Civil prevê também regras especiais de pagamentos. Formas de pagamento
indiretas: pagamento em consignação, pagamento com sub-rogação, imputação do pagamento, dação
em pagamento, novação, compensação, confusão e remissão das dívidas. (arts. 334 a 388 do CC).
Importante saber diferenciar os institutos.
1.4. Inadimplemento das obrigações e suas consequências.
• Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado;
• Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
1.4.1. Mora (arts. 394 a 401 do CC): Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento
e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
• Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a
satisfação das perdas e danos;
• Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que
o praticou;
• O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o
atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação
fosse oportunamente desempenhada;
• A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da
coisa.
1.4.2. Perdas e Danos (arts. 402 a 405): Em regra, as perdas e danos devidas ao credor abrangem,
além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
• Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional,
pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
1.4.3. Juros legais, faça a leitura dos arts. 406 e 407.
1.4.4. Cláusula Penal (arts. 408 a 416): Também conhecida como multa, é a penalidade de natureza
civil imposta pela inexecução parcial ou total de um dever patrimonial assumido.
• Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de
cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
• O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
• A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver
sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo.
• Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
1.4.5. Arras ou Sinal (arts. 417 a 420): é o sinal (valor em dinheiro ou bem móvel) entregue por
uma parte à outra quando do contrato preliminar, visando trazer presunção da celebração do contrato
definitivo. As arras podem ser confirmatórias se não constar a possibilidade de arrependimento quanto
à celebração do contrato (art. 419 CC) e pode ser penitenciais se constar cláusula de arrependimento (art.
420 CC).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2021 - Prefeitura de Bertioga - SP - Procurador Municipal - Quando o devedor
contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior ocorre: a) a novação. (correta,
CC, art. 360).
VUNESP - 2021 - TJ-SP - Juiz Substituto: Assinale a alternativa correta sobre cláusula penal.
b) A cláusula penal deve ser reduzida de ofício pelo juiz de modo equitativo, caso verifique o parcial
cumprimento da prestação ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo em vista
a natureza e a finalidade do negócio. (correta – CC, art. 413)
Jurisprudência ☐
Títulos de Crédito. Da responsabilidade civil. Obrigação de
DIAS Estudado ☐
indenizar. Indenização. Do Direito das Coisas. Posse. Direitos
04, 05 e 06 Revisado ☐
reais. Propriedade. Superfície. Uso. Habitação.
Questões ☐
1.1. No edital, os estudos dos títulos de créditos estão inseridos na matéria de Direito Civil, logo,
os títulos que estudaremos a seguir serão os inominados, ou seja, aqueles que devem seguir as regras
do Direito Civil. No CC, dos arts. 887 a 926, são previstos os títulos de créditos atípicos. A seguir
abordaremos alguns dos principais pontos nesse tópico.
• O título de crédito somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei, mas a
omissão de qualquer requisito não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu
origem (arts.887 e 888);
• Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que
confere, e a assinatura do emitente (art. 889);
• É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento;
• Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a
excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a
observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei,
exclua ou restrinja direitos e obrigações (art. 890);
• A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes (art.
893).
1.2. Aval: Pode ser definido como um ato por meio do qual uma pessoa (avalista) garante o
pagamento de um título em favor do devedor principal ou de um coobrigado, apondo sua assinatura no
título.
• O aval parcial (ou seja, de apenas uma parte da quantia prevista no título) é vedado;
• Lembrar que o aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título (art. 898), mas
quando dado no anverso não é necessário explicar que se trata de um aval, pois é suficiente
a simples assinatura do avalista;
• Considera-se não escrito o aval cancelado;
• Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação daquele a quem se
equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de forma (art. 899);
• O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado (art. 900);
• Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, mas no
vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. (Art. 902).
1.3. Endosso: é o ato no qual o credor (endossante), possuidor do título de crédito, transfere seus
direitos a outra pessoa (endossatário).
• O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título (art.
910), mas quando dado no verso não é necessário explicar que se trata de um endosso, pois
é suficiente a simples assinatura;
Dica: A regra da responsabilidade é que o agente responda com seu patrimônio, por sua conduta
ou ato próprio, nos termos do art. 942, caput, todavia a pessoa pode responder por ato de terceiro, como
nos casos previstos no art. 932. Pode ainda responder por fato de animal (art. 936), por fato de uma coisa
inanimada (arts. 937 e 938 do CC) ou mesmo por um produto colocado no mercado de consumo (arts.
12, 13, 14, 18 e 19 da Lei 8.078/1990).
2.1. Leia a responsabilidade objetiva indireta ou por atos de outrem (arts. 932 e 933), segundo a
qual os responsáveis só respondem objetivamente se provada a culpa daquele que causou o dano –
responsabilidade objetiva impura. Fique muito atento as hipóteses de responsabilidade solidária do
art. 932 e memorize o que diz o art. 933, que prevê que as pessoas indicadas nos incisos I (os pais, pelos
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia) e V (os que gratuitamente
houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia), ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Atenção também ao art. 942,
parágrafo único: “São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas
no art. 932.”
2.2. Fique atento que a responsabilidade do incapaz é subsidiária, excepcional e equitativa,
conforme o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A
indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependem.” E o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por
outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for
descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.”
2.3. Responsabilidade por ato ou fato de animal está prevista no art. 936: “O dono, ou detentor, do
animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.”
2.4. Responsabilidade objetiva pelo fato da coisa.
2.4.1. Art. 937 (teoria do risco criado): “O dono de edifício ou construção responde pelos danos
que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.” Veja
o enunciado 556 do CJF: “A responsabilidade civil do dono do prédio ou construção por sua ruína,
tratada pelo art. 937 do CC, é objetiva.”
2.4.2. O art. 938 traz o defenestramento ou effusis et dejectis: “Aquele que habitar prédio, ou parte
dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.”
Dica: Enunciado 557 CJF: “Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio
edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o direito
de regresso.”
2.5. Quanto a indenização veja o que diz o art. 944: “A indenização mede-se pela extensão do
dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o
juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.”
2.6. Por fim, quero que dê especial atenção aos arts.: 945 (culpa concorrente): “Se a vítima tiver
concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”; 948 que trata da indenização no caso do
homicídio: “No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no
pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de
alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima”; 953: “A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que
delas resulte ao ofendido. Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao
juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso” e 954:
“A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que
sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo
único do artigo antecedente. Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: I - o cárcere
privado; II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; III - a prisão ilegal.”
3. Do Direito das Coisas.
3.1. Posse. Conforme o edital, o ideal seria a leitura do arts. 1196 a 1224 do CC. Entretanto, abaixo
destacarei os pontos de maior relevância:
3.1.1. Primeiramente, é necessário compreender a diferença entre possuidor e detentor: Considera-
se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade (art. 1196) e considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para
com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas (art. 1198).
3.1.2. Posse Justa: Aquela que não for violenta, clandestina ou precária. É violenta a posse
adquirida pela força física ou moral. É clandestina a posse conquistada às escuras. E é precária a posse
advinda do abuso de confiança por quem recebe a coisa a título provisório.
3.1.3. Posse de boa-fé: é aquela que o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a
aquisição da coisa. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé.
3.1.3. É possível adquirir a posse pela própria pessoa ou por terceiro sem mandato, dependendo
de ratificação. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
3.1.4. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam
a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade
(art. 1208).
3.1.5. Efeitos da posse: O possuidor pode propor ações possessórias visando ser mantido na posse
em caso de turbação (restrição à utilização da posse), restituído no caso de esbulho (privação do
exercício da posse), e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. Inclusive
pode utilizar-se da legitima defesa da posse em caso de turbação e do desforço imediato em caso de
esbulho (memorize).
3.1.6. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos (art. 1214) e
os frutos pendentes (ligados a coisa principal) ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos
(parágrafo púnico).
3.1.7. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados;
os civis reputam-se percebidos dia por dia (art. 1215).
3.1.8. Efeitos da posse para o possuidor de boa fé e de má-fé: arts. 1216 a 1220. Atenção ao art.
1220: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o
direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.”
3.1.9. As benfeitorias compensam-se com os danos (art. 1221).
3.10. Perda da posse: arts. 1223 e 1224. Atenção ao art. 1224: “Só se considera perdida a posse
para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou,
tentando recuperá-la, é violentamente repelido.”
3.2. Direitos reais. São direitos reais: a propriedade; a superfície; as servidões; o usufruto; o uso;
a habitação; o direito do promitente comprador do imóvel; o penhor; a hipoteca; a anticrese; a concessão
de uso especial para fins de moradia; a concessão de direito real de uso; e a laje.
3.2.1. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com a tradição e direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por
atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
3.3. Propriedade. O título do Código Civil que se refere à propriedade é extenso e abarca vários
institutos. Conforme o edital, recomendo a leitura dos arts. 1228 a 1368-F, mas abordarei os principais
tópicos a seguir:
3.3.1. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha (mnemónico: GRUD).
3.3.2. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em
impedi-las, mas a propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais,
os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis
especiais (arts. 1229 e 1230).
3.3.3. Descoberta: Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor. Aquele que restituir a coisa achada, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por
cento do seu valor, e à indenização pelas despesas (arts. 1233 e 1234), recorde-se do crime de
apropriação de coisa achada (CP, art. 169, parágrafo único, II).
3.3.4. A aquisição da propriedade imóvel pode ocorrer por meio da usucapião, registro ou
acessão.
3.3.4.1. Existem várias espécies de Usucapião (forma originária de aquisição da propriedade).
Entre elas podemos citar: usucapião extraordinária (art. 1.238); usucapião ordinária (art. 1.242);
usucapião especial rural (art. 1.239 do CC e art. 191 da CF/88); usucapião especial urbana (art. 1.240 do
CC; art. 9º do Estatuto da Cidade e art. 183 da CF/88); usucapião especial rural coletiva (art. 1.228, §§
e 4º e 5º); usucapião especial urbana residencial familiar (art. 1.240-A); usucapião indígena (art. 33 do
Estatuto do Índio) e usucapião tabular (art. 214, § 5º da Lei 6.015/73).
Segue uma tabela do site Dizer o Direito para te ajudar na compreensão e memorização do
tema:
Modalidades de usucapião
USUCAPIÃO PRAZO E CARACTERÍSTICAS
Prazos:
• 15 anos de posse (regra)
• 10 anos
Não se exige que a pessoa prove que tinha um justo título ou que estava de
boa-fé.
Não importa o tamanho do imóvel.
Prazos:
• 10 anos (caput)
• 5 anos (parágrafo único)
Ex: o indivíduo compra um imóvel sem saber que havia um vício na escritura.
Nele constrói uma casa ou uma loja.
Essa hipótese do art. 1.242, parágrafo único (prazo de 5 anos) é chamada por
alguns autores de usucapião tabular (veja item 8 abaixo).
Não se exige que a pessoa prove que tinha um justo título ou que estava
de boa-fé.
Requisitos:
a) 250m2: a pessoa deve estar na posse de uma área urbana de, no máximo,
250m2;
b) 5 anos: a pessoa deve ter a posse mansa e pacífica dessa área por, no
mínimo, 5 anos ininterruptos, sem oposição de ninguém;
c) Moradia: o imóvel deve estar sendo utilizado para a moradia da pessoa ou
4) Especial Urbana
de sua família;
(Pro Misero)
d) Não ter outro imóvel: a pessoa não pode ser proprietária de outro bem
(Pro Habitatione)
imóvel (urbano ou rural).
(art. 1.240 do CC)
Observações:
(art. 9º do Estatuto da
• Não se exige que a pessoa prove que tinha um justo título ou que estava
Cidade)
de boa-fé;
(art. 183 da CF/88)
• Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez;
• É possível usucapião especial urbana de apartamentos (nesse caso, quando
for calcular se o tamanho do imóvel é menor que 250m2, não se incluirá a área
comum, como salão de festas etc, mas tão somente a parte privativa);
• O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
Requisitos:
a) existência de um núcleo urbano informal;
b) esse núcleo deve viver em um imóvel cuja área total dividida pelo número
5) Especial Urbana
de possuidores seja inferior a 250m2;
Coletiva
c) esse núcleo deve estar na posse do imóvel há mais de 5 anos, sem oposição;
d) os possuidores não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
(Usucapião Favelada)
Neste caso, poderá haver uma usucapião coletiva da área.
(art. 10 do
Estatuto da Cidade)
Observações:
• O possuidor pode, para o fim de contar o prazo de 5 anos, acrescentar sua
posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
O que são remanescentes das comunidades dos quilombos? Existe uma grande
9) De Quilombolas discussão antropológica sobre isso, mas, de maneira bem simples, os grupos
(art. 68 do ADCT) que hoje são considerados remanescentes de comunidades de quilombos são
agrupamentos humanos de afrodescendentes que se formaram durante o
sistema escravocrata ou logo após a sua extinção.
incorpora, de forma natural ou artificial. Entre as acessões naturais (arts. 1249 a 1252), encontram-se as
ilhas (formação de ilhas surgidas em rios particulares, ou seja, aqueles rios não navegáveis), aluvião
(acréscimo sucessivo de terras às margens de um curso de água, de forma lenta e imperceptível), avulsão
(por força natural violenta, uma porção de terra se destaca de um prédio e se junta a outro) e álveo
abandonado (diz respeito à porção de terra que surge quando um rio seca ou tem seu curso desviado por
conta de um fenômeno natural). Importante saber a diferença entre eles e em provas é comum o
examinador tentar confundir aluvião e avulsão. Já as construções e plantações são acessões artificiais
(arts. 1253 a 1259).
3.3.7. A Aquisição da Propriedade Móvel pode ocorrer por meio da usucapião, ocupação, achado
do tesouro, tradição, especificação, confusão, comissão e adjunção. Faça uma leitura dos arts. 1260 a
1274). Lembrar que na Usucapião de bens móveis o prazo para adquirir a propriedade é de três anos
com justo título e boa-fé e cinco anos, independentemente de título ou boa-fé. Curiosidade: A 3ª Turma
do STJ entendeu ser possível usucapião extraordinária de bem móvel furtado (REsp 1.637.370/RJ,
publicado em 13/09/2019), veja um trecho da ementa: “As peculiaridades do caso concreto, em que
houve exercício da posse ostensiva de bem adquirido por meio de financiamento bancário com emissão
de registro perante o órgão público competente, ao longo de mais de 20 (vinte) anos, são suficientes para
assegurar a aquisição do direito originário de propriedade, sendo irrelevante se perquirir se houve a
inércia do anterior proprietário ou se o usucapiente conhecia a ação criminosa anterior à sua posse.”
3.3.8. A perda da propriedade pode ocorrer por alienação, pela renúncia, por abandono, por
perecimento da coisa e por desapropriação (este tema trabalhamos brevemente na matéria de Direito
Administrativo).
3.3.8.1. No caso da alienação e renúncia os efeitos da perda da propriedade imóvel serão
subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
3.3.8.2. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago,
e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas
respectivas circunscrições (art. 1276).
3.3.9. Direito de vizinhança. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer
cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas
pela utilização de propriedade vizinha (Lembrar dos 3 S – Segurança, Sossego e Saúde), art. 1277.
3.3.9.1. Não prevalece o direito de fazer cessar interferências quando forem justificadas por
interesse público – neste caso será pago indenização cabal, mas ainda que por decisão judicial devam
ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se
tornarem possíveis (art.1278 e 1279);
3.3.9.2. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição,
ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente (art.
1280).
3.3.9.3. Importante a leitura dos direitos de vizinhança previstos do Código Civil (arts. 1282 a
1313). São eles: árvores limítrofes, passagem forçada, passagem de cabos e tubulações, águas, limites
entre Prédios e do direito de tapagem e direito de construir.
3.3.9.3.1. Alguns artigos sempre são cobrados: art. 1283: “As raízes e os ramos de árvore, que
ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário
do terreno invadido”; art. 1284: “Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do
solo onde caíram, se este for de propriedade particular”; art. 1301: “É defeso abrir janelas, ou fazer
eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho”, § 1º As janelas cuja visão não
incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta
e cinco centímetros” e “§ 2º As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou
ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a
mais de dois metros de altura de cada piso.”
3.3.10. Condomínio. Importante compreender a diferença entre condomínio geral e condomínio
edilício: Enquanto o condomínio geral aplica-se a bens móveis ou imóveis que possuam mais de um
dono, o condomínio edilício aplica-se somente à imóveis nos quais seja possível identificar partes de
propriedade exclusiva e partes de propriedade comum.
3.3.10.1. Importante compreender também a diferença entre condomínio voluntário e necessário:
enquanto o primeiro decorre do acordo de vontade dos condôminos, o segundo advém de determinação
legal, sendo uma consequência do estado de indivisão da coisa.
Destaca-se abaixo alguns artigos sobre condomínio geral:
• Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso
ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros (art. 1314, parágrafo único);
• Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte
ideal (art. 1316);
• Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que
lhe causou (art. 1319);
• Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de
cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior e não poderá exceder de cinco anos a
indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador.
Destaca-se abaixo alguns artigos sobre condomínio edilício:
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia Civil de 1ª Classe: Assinale a alternativa correta
sobre os títulos de crédito, de acordo com as disposições do Código Civil de 2002. b) No vencimento, o
credor não pode recusar-se ao recebimento do pagamento, ainda que parcial. (correta – CC, art. 902, §
1º)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia: Cesare Vivante definiu Título de Crédito como
sendo o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado. Sobre o
tema, assinale a alternativa correta. e) A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua
validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.
(correta – CC, art. 888)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia: Com relação à posse, assinale a alternativa
correta. a) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o possuidor indireto. (correta – CC, art. 1197).
Jurisprudência ☐
Do Direito de Família. Direito Pessoal. Direito Patrimonial.
DIAS Estudado ☐
União Estável. Das Sucessões. Sucessão em geral. Sucessão
07 e 08 Revisado ☐
legítima. Lei 12.318/2010 – (alienação parental).
Questões ☐
1.1.3.3. Casamento putativo: art. 1561: “Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé
por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o
dia da sentença anulatória.”
1.1.3.4. A sociedade conjugal termina nas hipóteses do art. 1571 (morte dos cônjuges, nulidade ou
anulação do casamento, separação judicial e divórcio) e §1º O casamento válido só se dissolve pela
morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto
ao ausente.
1.1.3.5. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos e o novo
casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos e deveres
previstos neste artigo (art. 1579) e o divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens
(art. 1581).
1.1.3.6. Proteção da Pessoa dos Filhos: Leia os arts. 1583, 1586, 1588, 1589 e 1590.
1.1.3.7. Relações de Parentesco: Leia os arts. 1591 a 1595.
1.1.3.8. Da Filiação: Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação
(art. 1596). Neste tema, leia os arts. 1603 a 1606.
1.1.3.9. Reconhecimento dos Filhos: Leia os arts. 1607, 1609, 1610, 1613, 1614 e 1615.
1.1.3.10. Do poder familiar: Leia os arts. 1630 a 1633.
1.1.3.11. Extinção do poder familiar: Hipóteses do art. 1635 (mortes dos pais ou do filho,
emancipação, maioridade, adoção e decisão judicial).
1.1.3.12. Suspensão do poder familiar: Hipóteses do art. 1637: “Se o pai, ou a mãe, abusar de sua
autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz,
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela
segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha” e parágrafo
único: “Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.”
1.1.3.13. Perda do poder familiar: Hipóteses do art. 1638: “castigar imoderadamente o filho; deixar
o filho em abandono; praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; incidir, reiteradamente, nas
faltas previstas no art. 1637; entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.”
Atenção! Quero que fique muito atento às inovações trazidas pela Lei nº 13.715, de 2018, que
incluiu o parágrafo único no art. 1638 (se realmente você não tiver tempo, leia e memorize esta
disposição). “CC, Art. 1638, Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele
que: I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: a) homicídio,
feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
1.2.7. Lembrar que o art. 1.639 prevê que é lícito aos nubentes antes de celebrado o casamento
estipular quanto aos bens o regime que lhes aprouver, logo é possível mesclar características de vários
regimes na elaboração do Pacto Antenupcial.
1.2.8. Usufruto e da Administração dos Bens de Filhos Menores:
1.2.8.1 O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar são usufrutuários dos bens
dos filhos e têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade (art. 1689).
1.2.8.2. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em
nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou
evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz (art. 1691).
1.2.8.3. Excluem-se do usufruto e da administração dos pais nas hipóteses do art. 1693 (bens
adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento; os valores auferidos pelo filho
maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos
etc.).
1.2.9. Dos alimentos: Recomendo a leitura dos arts. 1694 a 1710.
1.2.10. Bem de família: Leitura atenta do art. 1711: “Podem os cônjuges, ou a entidade familiar,
mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família,
desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas
as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial”. Lembrando
que, o terceiro poderá instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato
da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
1.2.10.1. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente, não poderão
exceder o valor do prédio instituído em bem de família (art. 1713).
1.2.10.2. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro
de seu título no Registro de Imóveis (art. 1714).
1.2.10.3. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo
as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio e a isenção durará
enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade (art. 1715
e 1716). Dica: A Lei nº 8.009, de 1990, que trata do bem de família, traz no art. 3º as exceções quanto a
impenhorabilidade, como é o caso do inciso VI: “por ter sido adquirido com produto de crime ou para
execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.”
1.2.10.4. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família (art. 1721).
1.2.10.5. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a
maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela (art. 1722).
1.3 União Estável. Recomendo a leitura dos arts. 1723 a 1727. Atenção! É reconhecida como
entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
1.3.1. As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
1.3.2. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens (art. 1725).
1.3.3. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato (art. 1727).
2. Das Sucessões.
2.1. Sucessão em Geral. O direito de sucessões trata da transferência, por morte, da herança ou
legado ao herdeiro ou legatário, em razão de lei ou testamento. Conforme o edital, será cobrada a
sucessão em geral e sucessão legítima, portanto, o ideal seria a leitura dos arts. 1784 a 1856. Abaixo
destaquei os pontos que julgo ser de maior incidência.
Antes, quero que se atente para alguns conceitos importantes:
• Sucessão legítima é aquela destinada aos herdeiros indicados pela lei, já a sucessão
testamentária é aquela na qual a herança ou legado são destinados aos herdeiros ou
legatários indicados no estamento.
• A herança abrange a totalidade ou parte ideal dos bens deixados pelo de cujus, já o legado
refere-se a um bem determinado individualizado em testamento e destinado a pessoa
ou pessoas específicas.
• O herdeiro recebe a título universal a herança, no todo ou uma parte desta. Já o legatário
recebe, a título singular, um determinado bem, especificado no testamento.
2.1.1. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários (art. 1784). É o que se denomina de Princípio da Saisine (droit de saisine), tratando-se
de uma ficção jurídica em que ocorrendo a morte de uma determinada pessoa os seus bens serão
imediatamente transferidos aos sucessores (legítimos e testamentários). Este princípio age como uma
ferramenta que visa evitar que os bens fiquem seu titular, ou seja, trata-se de uma forma de proteção ao
direito de propriedade. Dica: A herança é direito fundamental (CF/88, art. 5º, XXX).
2.1.2. Importante! A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido (art. 1785) e
regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela (art. 1787).
Não se esqueça desta disposição constitucional: “CF/88, art. 5º, XXXI - a sucessão de bens de
estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do ‘de cujus’.”
2.1.3. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança (art.
1789). Esse artigo trata da legítima, que pode ser definida como a parte da herança reservada por lei
aos herdeiros necessários.
2.1.4. A herança e sua administração.
2.1.4.1. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros e até a
partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-
se-á pelas normas relativas ao condomínio (art. 1791).
2.1.4.2. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança.
2.1.4.3. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser
objeto de cessão por escritura pública (art. 1793), mas é ineficaz a cessão de um bem singular. Ou seja,
pode ceder parcela da herança, mas não pode ceder um bem específico.
2.1.5. Vocação hereditária.
2.1.5.1. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da
sucessão (art. 1798).
2.1.5.2. Podem ser chamados a suceder: os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo
testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; as pessoas jurídicas e as pessoas jurídicas, cuja
organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
2.1.5.3. Quem não pode ser herdeiro e nem legatário está previsto no art. 1801: a pessoa que, a
rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; as
testemunhas do testamento; o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou
escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
2.1.5.4. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder,
ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa (art.
1802).
2.1.6. Aceitação e renúncia da herança.
2.1.6.1. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da
sucessão (art. 1804) e tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.
2.1.6.2. A aceitação da herança faz-se por declaração escrita ou pode ser tácita e não exprimem
aceitação de herança os atos oficiosos, mas a renúncia deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial.
2.1.6.3. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo (art. 1808),
mas o herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a,
repudiá-los e o herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos
sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
2.1.6.4. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma
classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente (art. 1810).
2.1.6.5. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
2.1.7. Excluídos da herança e deserdação.
2.1.7.1. O primeiro ponto a ser abordado é saber diferenciar indignidade (casos de exclusão) de
deserdação, pois apesar de serem institutos semelhantes, possuem elementares distinções.
2.1.7.2. São excluídos da herança os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-
autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar,
seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em
juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou
companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Essas hipóteses previstas no artigo 1814 se
referem aos casos de indignidade.
2.1.7.3. A exclusão, em caso de indignidade será declarada por sentença (o direito de demandar a
exclusão extingue-se em quatro anos).
2.1.7.4. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como
se ele morto fosse antes da abertura da sucessão (art. 1816). Observe que a exclusão difere dos efeitos
da renúncia, tendo em vista que nesta ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante.
2.1.7.5. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus
sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
2.1.7.6. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a
suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico
(art. 1818).
2.1.7.7. No que se refere à deserdação, são deserdados aqueles que praticarem os atos previstos
no artigo 1814 e aqueles que se enquadrarem nos casos dos arts. 1962 e 1963 (ofensa física; injúria
grave; relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto e desamparo do ascendente em alienação
mental ou grave enfermidade).
2.1.7.8. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, incumbe provar a
veracidade da causa alegada pelo testador e o direito de provar a causa da deserdação extingue-se no
prazo de quatro anos (art. 1965).
Dica! Mas afinal, qual a diferença entre os institutos? Primeiramente, a indignidade é ato
reconhecido mediante uma ação de indignidade, enquanto a deserdação ocorre por ato de vontade do
autor da herança por meio do testamento. Outra diferença é que qualquer sucessor pode ser indigno,
mas somente herdeiro necessário pode ser deserdado. E por fim, a indignidade é reconhecida por ato
praticado antes ou depois da abertura da sucessão, já a deserdação se dá por ato praticado antes da
abertura da sucessão.
2.2. Sucessão Legítima. É aquela que decorre da lei (e não da vontade da parte) e defere-se na
seguinte ordem: aos descendentes, aos ascendentes, ao cônjuge sobrevivente (e companheiro) e aos
colaterais.
2.2.1. Importante destacar que os descendentes concorrem com o cônjuge sobrevivente, salvo
se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de
bens; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares e
caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser
inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
2.2.2. Os ascendentes concorrem com o cônjuge.
2.2.3. Outro ponto importante é que recentemente o STF (RE nº 646.721 e RE nº 878.694)
equiparou o companheiro ao cônjuge, logo, apesar do CC ainda fazer referência somente ao cônjuge,
deve ser compreendido que neste conceito está incluso também o companheiro.
2.2.4. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte
do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos (art.
1830).
2.2.5. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo
da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único (art. 1831).
2.2.6. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito
de representação (art. 1833). Observação: Direito de representação pode ser definido como o instituto
que determina que um herdeiro será chamado a receber a herança no lugar de outro herdeiro, caso este
tenha falecido, esteja ausente ou tenha sido excluído. Ou seja, a lei chama certos parentes do falecido a
suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse (art. 1851). O direito de representação
dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente e na linha transversal somente em favor
dos filhos de irmãos do falecido (art. 1852 e 1853).
2.2.7. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça
ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau (art. 1835). Observação: Na Sucessão por
cabeça todos os herdeiros são do mesmo grau, já na sucessão por estirpe concorrem, descendentes que
tenham com o de cujus graus de parentesco diferentes.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia: Maria propôs ação de divórcio em face de João
e ambos, já divorciados, estão aguardando a homologação da partilha dos bens do casal. Nesse período,
Maria conhece José e decidem se casar. Sobre o caso hipotético, assinale a alternativa correta. b) Maria
e José podem celebrar o casamento, desde que com o regime de separação obrigatória de bens. (correta
– CC, arts. 1523, III; 1581 e 1641, I)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia: Pedro, cantor de sucesso de apenas dezessete
anos, preocupado com seus bens, decide fazer um testamento. Sobre a situação hipotética, assinale a
alternativa correta. c) Serão nulas as disposições de Pedro se ele favorecer as testemunhas do testamento.
(correta – CC, art. 1801, II e art. 1802)
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia: Sobre a exclusão da sucessão, assinale a
alternativa correta. d) Os descendentes do herdeiro excluído sucedem como se ele morto fosse antes da
abertura da sucessão, uma vez que são pessoais os efeitos da exclusão. (correta – CC, art. 1816)
4. Criminologia, política criminal e direito penal. Estude a diferença entre criminologia, direito
penal e política criminal. Segue uma tabela para te ajudar:
Retirada da obra: CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. Salvador:
Juspodivm, 2015, p. 34.
Questões exemplificativas:
VUNESP – 2015 – PC-CE - Delegado de Polícia - Os objetos de estudo da moderna criminologia
estão divididos em: e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social. (correta)
VUNESP – 2018 – PC-BA - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa que indica a correta
relação da Criminologia com a Política Criminal, Direito Penal ou com o Sistema de Justiça Criminal.
c) A Política Criminal é uma disciplina que estuda estratégias estatais para atuação preventiva sobre a
criminalidade, e que tem como uma das principais finalidades o estabelecimento de uma ponte eficaz
entre a criminologia, enquanto ciência empírica, e o direito penal, enquanto ciência axiológica. (correta)
Jurisprudência ☐
Modelos teóricos da criminologia. Escolas criminológicas.
DIA Estudado ☐
Teorias sociológicas da criminalidade. Vitimologia, vitimologia
02 Revisado ☐
e violência doméstica.
Questões ☐
3.2.1. Teorias do consenso: a finalidade da sociedade é atingida quando suas instituições obtêm
perfeito funcionamento, os cidadãos aceitam as regras vigentes e compartilham as regras sociais
dominante. As teorias do consenso se dividem em: Escola de Chicago, associação diferencial, anomia e
subcultura delinquente.
3.2.1.1. Escola de Chicago (financiada por John Rockefeller) pertencente ao grupo das teorias do
consenso berço da sociologia americana nos anos 30, tendo como objeto de estudo a cidade como ente
vivo capaz de influenciar as condutas criminosas. Leia sobre os postulados e objetos de estudo desta
escola correlacionando com os estudos urbanos/ecológicos buscando detectar “patologia social”. Leia
também sobre a ecologia humana de Robert Ezra Park.
3.2.1.2. Na associação diferencial segundo Edwin Sutherland a conduta desviada não pode ser
imputada a disfunções ou inadaptação dos indivíduos das classes mais baixas socioeconomicamente,
senão à aprendizagem efetiva dos valores criminais, o que pode suceder em qualquer cultura. O crime
não é hereditário! Não se inventa, se aprende. Sutherland faz críticas ao se afirmar que a classe pobre é
que cometem a maior porção de crimes. Dica: leia sobre as cifras negras de Sutherland.
3.2.1.3. A teoria da anomia possui grande incidência em concursos. Estude pelas duas vertentes,
Durkheim e Merton. Leia sobre a teoria estrutural-funcionalista desenvolvida por Durkheim e Merton.
Dica: anomia não significa ausência de normas, mas o seu enfraquecimento, poder de influenciar as
condutas sociais.
3.2.1.3.1. Durkheim dizia que o crime é um fenômeno natural da sociedade, o delito é útil, acarreta
mudanças e análise da sociedade.
3.2.1.3.1. Já Merton entende que a anomia é o sintoma do vazio produzido quando os meios
socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com que a falta de
oportunidade leve à prática de atos irregulares para atingir a meta cobiçada.
3.2.1.4. A subcultura delinquente de Albert Cohen defende a existência de uma subcultura da
violência, ou seja, alguns grupos adotam a violência como forma de resolução de conflitos, inclusive
existem grupos que até valorizam a violência. Neste tema leia “contracultura”.
3.2.1.5. Estude também a teoria da escolha racional é ligada à escola clássica. Sobre o tema confira
um trecho da minha obra: “Segundo Ronald Clarke e Derek Cornish, a teoria da escolha racional
(rational choice) é baseada na maximização dos ganhos e na minimização dos custos. A ideia central é
que as decisões dos delinquentes são decisões racionais, isto é, não envolvem tendências psicológicas
ou sociais.” Correlacione este tema com a análise econômica do crime (Gary Becker).
3.2.2. Teorias do conflito: a ordem na sociedade é fundada na força e na coerção, ou seja, na
dominação por alguns e obediência de outros. O sistema de dominação acarreta, segundo Marx, a
com as instâncias formais de controle social (Polícia, Ministério Público, Judiciário). A revitimização
pode ser dividida em autovitimização e heterovitimização. Como ilustração leia o inciso III, § 1º do art.
10-A da Lei nº 11.340/06 (Maria da Penha) que trata da não revitimização da depoente.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Em relação ao conceito de crime, de criminoso
e de pena nas diversas correntes do pensamento criminológico e ao desenvolvimento científico de seus
modelos teóricos, é correto afirmar: d) No pensamento criminológico das escolas clássicas, identifica-
se uma grande preocupação com os conceitos de crime e pena como entidades jurídicas e abstratas de
modo a estabelecer a razão e limitar o poder de punir do Estado. (correta)
bissexuais e transexuais, ou ainda a qualquer pessoa que não segue ou contesta o padrão normativo
vigente.”
1.3. Estude a criminologia feminista por sua perspectiva histórica e suas duas vertentes:
epistemológica e analítica, e também sua análise no campo institucional.
2. Criminologia Clínica. Trata-se de mais uma classificação da criminologia, segue um trecho da
minha obra sobre o tema: “aquela que aplica os conhecimentos teóricos diretamente no tratamento dos
delinquentes. Também é chamada de microcriminologia, por estudar a pessoa do criminoso, em busca
de sua ressocialização (opondo-se à macrossociologia, que analisa o fenômeno criminal como um todo
na sociedade).” Dica: não confunda com a criminologia geral ou sociológica que analisa o fenômeno
criminológico não sob a perspectiva de um único indivíduo, mas sim de toda a sociedade.
3. Prevenção da infração penal no Estado Democrático de Direito. Sobre prevenção e Estado
Democrático de Direito leia um trecho da minha obra: “o saber criminológico prima pela prevenção,
partindo-se da premissa que é melhor prevenir o crime do que reprimi-lo. A prevenção do delito é um
dos objetivos do Estado de Direito, pois, em caso de sucesso, a paz social e a ordem pública são mantidas.
Certamente, o Estado deve sempre manter o controle nas relações entre os indivíduos, para que a
sociedade viva na paz social. Prevenção delitiva, portanto, nada mais é do que o conjunto de ações que
visam evitar, direta ou indiretamente, a ocorrência do delito.” Não deixe de ler as medidas para prevenir
(direta e indireta), os princípios prevencionistas, os modelos teóricos de prevenção do delito (clássico e
neoclássico) e prevenção situacional.
3.1. Sobre as espécies de prevenção fique atento à prevenção primária (conscientização da
sociedade como um todo antes que o delito ocorra), prevenção secundária (ações policiais e políticas
públicas dirigidas aos grupos da sociedade) e prevenção terciária (políticas de execução penal).
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa que contém um exemplo
de prevenção de infrações penais preponderantemente primária. e) Melhoria de atendimento pré e pós-
natal a todas as gestantes de uma determinada cidade com a finalidade de reduzir os índices criminais
no município. (correta – Dica: o delito ainda não ocorreu)
VUNESP - 2018 - PC- SP - Delegado de Polícia - A instalação, na cidade de São Paulo, de
câmeras de videomonitoramento que possuem a funcionalidade de leitura de placas de veículos e
cruzamento com banco de dados criminais, com o objetivo de identificar veículos utilizados ou que
foram objeto da prática de crimes pode ser definida, no âmbito do conceito de Estado Democrático de
Direito e dos modernos conceitos de prevenção criminal do crime, como uma medida prioritariamente
de prevenção: a) secundária. (correta).
Jurisprudência ☐
Modelos de reação ao crime. Criminologia e o papel da Polícia
DIA Estudado ☐
Judiciária. Mídia e criminalidade. Novas mídias e novas
04 Revisado ☐
tecnologias, criminalidade de massa e criminalidade organizada.
Questões ☐
1.1. Leia também sobre processos de criminalização primária (atividade publicar e sancionar uma
lei penal) e secundária (aplicar a lei penal ao caso específico). Dica: a criminalização secundária possui
2 características: seletividade e vulnerabilidade.
1.2. Dica: Chama-se de privatização do Direito Penal ou terceira via do Direito Penal a
mudança de foco da Justiça Retributiva para a Justiça Restaurativa.
2. Criminologia e o papel da Polícia Judiciária. a Polícia Judiciária faz parte do chamado
controle social formal, mais especificamente na primeira seleção (segunda seleção é o M.P. e terceira
seleção é o Judiciário), responsável pela investigação criminal do crime que não foi evitado pelo controle
social informal. Assim, possibilita a acusação e o julgamento pelo Ministério Público e Judiciário,
respectivamente, somando esforços para submeter os indivíduos as normas de convivência em
sociedade. Dica: dentro da perspectiva da criminologia crítica a Polícia Judiciária está dentro do conceito
de agência de criminalização secundária (aplicação da lei penal na apuração do crime e identificação de
autoria).
3. Mídia e criminalidade. Novas mídias e novas tecnologias, criminalidade de massa e
criminalidade organizada. Tema importante e bastante atual. Quero que você faça uma leitura sobre
seletividade penal do senso comum, populismo penal midiático ou punitivismo popular que tem relação
com o direito penal de emergência. Não deixe de ler sobre a criminologia midiática de Zaffaroni. Leia
também as principais teorias que buscam explicar a responsabilidade da mídia sobre a erosão dos padrões
morais: (a) teoria da sociedade de massa e (b) behaviorismo.
Questão exemplificativa:
VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia - Assinale a alternativa correta em relação aos
modelos teóricos de reação social ao delito. a) São três os modelos: o dissuasório, o ressocializador e o
integrador; o primeiro, também conhecido como modelo clássico, tem o foco na punição do criminoso,
procurando mostrar que o crime não compensa; o segundo tem o foco no criminoso e sua ressocialização,
procurando reeducá-lo para reintegrá-lo à sociedade; e o terceiro, conhecido como justiça restaurativa,
que defende uma intervenção mínima estatal em que o sistema carcerário só atuará em último caso.
(correta)
1. Sistema Operacional. O edital não está informando de qual sistema operacional será cobrado
às questões, então para que não fique nada para trás aconselho estudar os dois principais que vêm sendo
cobrados em outros certames, que são o Microsoft Windows e o Linux.
1.1. Windows. O computador não funciona apenas de partes físicas, ele também precisa das partes
lógicas, ou seja, os programas, e são estes os incumbidos por fazer a parte física funcionar. Para
simplificar imaginamos o seguinte, o computador é o seu corpo humano (Hardware) e suas ideias são a
parte lógica (software). Para que um computador possa funcionar é necessário que ele tenha um Sistema
Operacional (SO).
1.1.1. Dica: o Windows é um software proprietário, ou seja, para que o usuário possa utilizá-lo
é necessário adquirir uma licença, sendo necessário o pagamento para o seu uso. Já o sistema Linux é
um software livre, ou seja, não é necessário pagar para usá-lo. Vale lembrar que o Windows tem sua
base em imagens, diferentemente de outros sistemas que utilizam o texto como base para se efetuar os
comandos. Baseado então em gráfico, o Windows é utilizado por meio cursor (mouse) através de atalhos
e ícones. No entanto o Windows também pode ser utilizado na forma de texto, através do interpretador
de comandos.
1.1.2. Dica: para se iniciar o comando através de texto no Windows basta digitar CMD no MENU
INICIAR. Vale a pena o candidato fazer uma leitura a respeito do Sistema Operacional Linux e as
principais diferenças entre ele e o Windows, pelo fato de serem os dois principais sistemas utilizados.
2. Pastas, diretórios, arquivos e atalhos. Todos os dados armazenados nos computadores são
organizados em arquivos e pastas, lembrando que o termo diretório é um sinônimo de pasta. Estes
arquivos e pastas são salvos em uma unidade de disco, também conhecido como HD.
Dica: um nome de arquivo não pode contar nenhum desses caracteres \ / | : “ * ? < >
Dica: cuidado para não confundir pasta com arquivo!!!
2.1. Atalhos. Se atentar para os modos de criação de um atalho (muito cobrado em provas). Os
modos mais comuns são aqueles que o usuário clica e arrasta o arquivo ou a pasta e pressionando as
teclas CTRL+SHIFT ou ALT, o atalho é criado ao liberar o teclado e o mouse.
2.2 Área de Trabalho. Conhecida também como DESKTOP é a tela inicial de quando ligamos o
computador. No caso do Windows 10, o comando para mostrar a área de trabalho são as teclas WIN+D.
Importante saber quais as opções e as informações que a área de trabalho trás para o usuário, como por
exemplo, as informações de conexão de internet, bateria, hora etc. Já as opções é bom o candidato saber
um pouco mais a fundo o que cada opção vai trazer para os usuários e quais os resultados que serão
apresentados. Após clicar com o botão direito do mouse na área de trabalho, o sistema apresentará as
seguintes opções (lembrando que é bom saber diferenciar o que cada uma irá apresentar): Exibir;
Classificar por; Atualizar; Colar; Colar atalho; Propriedades gráficas; Opções gráficas; Novo;
Configurações de exibição e Personalizar.
2.2.1. Na área de trabalho está disponível o botão chamado TASK VIEW que permite ao usuário
criar, visualizar as áreas de trabalhos virtuais e também alterná-las.
2.2.2. Importante o candidato se atentar para a barra de ferramentas que fica dentro da área de
trabalho e quando acessada fornece opções ao usuário.
2.2.3. Observar também na hora dos estudos da referida matéria o passo a passo de como se faz
para alterar a tela de fundo da área de trabalho.
2.3. Área de Transferência. Local onde ficam armazenadas temporariamente as informações
que foram copiadas ou movidas para serem coladas em outro local.
Dica: Quando usuário se utilizar do comando ALT+PRINT SCREEN é efetuada uma cópia da
janela ativa exibida na tela para a área de transferência, ou seja, não é copiado tudo que aparece na tela.
cuidado para não confundir!!!!!
2.3.1. No Windows 10 na versão português é possível acessar os itens da área de transferência
através do comando das teclas WINDOWS + V.
2.4. Manipulação de Arquivos e Pastas. Aqui neste tópico o candidato deverá atentar para o
estudo mais teórico da matéria, usando se possível como material de apoio conteúdos que tenham
imagens para a melhor compreensão do assunto e assim o estudo não ficar somente com textos
cansativos, contudo darei algumas dicas:
2.4.1. Para criar uma pasta o usuário deve apertar as teclas CTRL + SHIFT + N resultando assim
na criação de uma pasta nova;
2.4.2. Clicando em DELETE o arquivo ou pasta vai direto para a LIXEIRA. Já se clicar em
SHIFT + DELETE, o arquivo ou pasta será excluído sem passar pela LIXEIRA;
2.4.3. Caso o usuário queira mover um arquivo entre partições diferentes no Windows 10 ele irá
clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse e com ele pressionado mover para a partição de
destino e escolher a ação de mover;
2.4.4. CTRL + X : recorta; CTRL + V : colar.
2.5. Uso dos Menus, Programas e Aplicativos.
2.5.1. Menus. Ficam abaixo da barra de títulos e quando o usuário clica nele irá abrir submenus
com funções específicas.
Dicas:
2.5.1.1. Quando for aberto o menu e ele estiver na cor CINZA é por que a função não está
habilitada;
2.5.1.2. Para abrir o MENU INICIAR basta clicar no logo do WINDOWS ou então clicar CTRL
+ ESC;
2.5.1.3. Clicando no logo do WINDOWS + I abrirá o menu de configurações do Windows e nele
o usuário terá acesso as configurações do sistema, redes, aplicativos, etc.
2.5.2. Programas e Aplicativos. Ambos os nomes têm o mesmo significado, não havendo
diferença entre eles. Recomenda-se que o candidato leia ou então assista um vídeo aula explicando o
passo a passo de como desinstalar um aplicativo ou programa do computador.
2.6. Interação com o conjunto de aplicativos para escritório. Considerado a primeira versão do
programa desde o lançamento do Windows 10. Foi otimizado para uma experiência mais aperfeiçoada
e com isso oferece uma maior produtividade ao usuário. Pode ser inicializado utilizando um PIN,
impressão digital ou também leitura facial, tudo isso através do WINDOWS HELLO. Os aplicativos do
Office oferecem excelente análise para telas de toque (tabletes, por exemplo).
2.7. Sistemas operacionais de dispositivos móveis ou portáteis. Aqui o candidato deve atentar-
se para os dois principais sistemas operacionais que atualmente se encontram disponíveis no mercado,
ANDROIDE e IOS. Devem-se observar os principais pontos destes sistemas, suas diferenças, as versões
mais recentes, suas características.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Um usuário de um computador com Windows
7 está utilizando o navegador Google Chrome, versão 65, para realizar a busca por informações sobre
cursos de informática. Ao localizar uma página com informações interessantes, o usuário decide por
salvar a página. Nessa situação, um dos tipos de salvamento da página é: Página da web, a) somente
HTML. (correta – página da Web o padrão é HTML, se for página de impressão é PDF)
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - No navegador Mozilla Firefox, há o recurso
de abrir uma janela para a navegação privativa. As teclas de atalho para abrir uma nova janela privativa
são: d) Ctrl + Shift + P. (correta – não confunda com o Google Chrome que é Ctrl + Shift + N).
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - O sistema operacional Windows possui um
recurso denominado Área de Transferência, que: c) é destinado a armazenar temporariamente elementos
que foram copiados ou recortados. (correta)
1.2.4. A guia design apareceu a partir da versão de 2013, onde antes os elementos faziam parte de
outra guia.
1.2.5. A guia layout da página / layout merece uma atenção especial com o grupo configurar
página, cobrada em questões de concursos.
1.2.6. A guia exibir teve seu nome alterado em 2016, sendo antes chamada de exibição.
Muito importante o candidato saber o símbolo dos botões mais importantes, pois é de praxe a
VUNESP cobrar questões desse tipo, tanto no Microsoft Word quanto no LibreOffice Writer.
2. Writer. Faz parte do conjunto de aplicativos do BrOffice que são gratuitos. A extensão utilizada
neste aplicativo é a .odt e o modelo .ott.
2.1. A diferença deste aplicativo com o Microsoft Word é que no Writer existe uma barra de
menus e barras de ferramentas. A barra de menus, normalmente, é apresentada na parte superior da
janela entre a barra de ferramentas e a barra de título.
2.2. Dica: Um novo arquivo do Writer possuiu o nome padrão de “Sem título 1”.
2.3. A mesma dica feita a respeito do Word segue para o Writer, estudem com materiais que
tenham figuras mostrando o passo a passo de como cada ícone funciona e como chegar até eles. Vídeo
aula também ajudam muito nos estudos.
Questões exemplificativas:
1) No Microsoft Word, em sua configuração padrão, um usuário redigiu um documento
Para criar a quarta linha do documento, que contém o marcador a. Subitem, o usuário utilizou o
botão de Aumentar recuo, que é representado pelo botão:
a)
b)
c)
d)
e)
Gabarito
1–E
2–C
1.1.3. São encontrados no ambiente do Microsoft Excel, assim como no Microsoft Word, a faixa
de opções, barra de status, barra de títulos e também alguns novos elementos, como a barra de fórmulas
e a caixa de nome.
Dicas:
1.1.3.1. A tecla ALT possibilita o acesso as guias e aos comandos do Excel utilizando o teclado;
1.1.3.2. O nome de um arquivo do Excel é pasta de trabalho, ou seja, o conjunto de planilhas
forma uma pasta de trabalho.
1.2. Cálculos no Excel. Para realizar cálculos é fundamental o candidato ter o conhecimento e
saber identificar os intervalos e representar nas células. Aqui se deve prestar muito atenção e tentar
compreender ao máximo, pois são detalhes que fazem a diferença e são muito cobrados em concursos,
dificilmente não se cobra uma questão envolvendo o Excel.
Exemplo:
: (dois pontos) à INTERVALO (até).
; (ponto de vírgula) à ALEATÓRIO (e).
Situação Representação
Todas as células da coluna A A:A
Todas as células da linha 2 2:2
Todas as células da coluna B até a E B:E
Todas as células da linha 3 até a 8 3:8
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2022 - PM-SP - Sargento da Polícia Militar - Tem-se a seguinte planilha criada no
Microsoft Excel 2016, em sua configuração padrão:
Suponha que as seguintes fórmulas tenham sido inseridas nas células A5, B5, C5 e D5.
A5: =SOMA(A1:A4) B5: =SOMA(A1:B4) C5: =SOMA(A1:C4) D5: =MÉDIA(A5:C5)
O resultado produzido em D5 será:
a) 12
b) 36
c) 18
d) 0
e) 6
Resposta: Letra “A”.
1.2. Correio eletrônico. Lembre-se da explicação acima, de que o correio é uma forma de
comunicação assíncrona. Foi um dos primeiros serviços que surgiram na Internet e até os dias de hoje
é muito utilizado tanto por usuários comuns quanto em empresas.
1.2.1. Estude os programas que existem disponíveis no mercado e quais são os mais usados pelos
usuários, como por exemplo, o Microsoft Outlook Express, o Microsoft Outlook, Mozilla Thunderbird
entre outros. Não se esqueça de saber a diferença entre o acesso dos Correios Eletrônicos e os Webmails.
1.2.2. Dica: caso o usuário queira usar as opções “DE” e “CCO” ele deve ir à guia opção, grupo
mostrar campos e habilitar tais funções. Isso serve para os campos “CC” e “CCO”, caso o usuário
queira usar deve ir ao lado esquerdo, e na seta selecionar o campo que deseja usar.
1.2.3. Observe quais as restrições para anexar um arquivo em um e-mail que o usuário deseja
enviar. Os webmails restringem tanto tamanho quanto formatos.
1.2.4. Leia os conceitos das “ações” que estão relacionadas ao correio eletrônico, como por
exemplo, alta prioridade, marcar como lida, entre outras que existem.
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia - Considere que você recebeu uma mensagem
de e-mail com um anexo de arquivo de imagem em formato JPEG. Dentre as possíveis ações do serviço
de e-mail, ao realizar a ação de Encaminhar desse e-mail, o: c) arquivo de imagem será anexado
automaticamente. (correta)
2) João recebeu uma mensagem de correio eletrônico por meio do aplicativo Microsoft
Outlook 2010, em sua configuração padrão. No entanto, João era o único que estava relacionado
no campo Cco. Isso significa que todos os demais destinatários não sabem que João recebeu a
mensagem. Assinale a alternativa que indica a pasta em que, por padrão, a mensagem foi gravada
no aplicativo de João.
a) Rascunhos.
b) Caixa de Entrada.
c) Itens lidos.
d) Caixa de Itens Ocultos.
e) Caixa Confidencial.
Gabarito
1–B
2–B
1.3. Leia sobre a diferença entre links e sites. Lembre-se de que a URL pode ser usado tanto para
Internet quanto para Intranet e que para serem usados deverão ter caracteres aceitos pelo Sistema
Operacional (SO). Fique atento sobre qual a estrutura reduzida de uma URL. Saiba diferenciar os
conceitos de URL, URI e URN.
1.4. Estude como fazer pesquisas em sites específicos, como Google, Bing, AOL, Yahoo,
DuckDuck GO entre outros. Não deixe de estudar também os métodos de como fazer as pesquisas nos
sites de buscas, em mídias sociais utilizando caracteres e símbolos.
1.5. Quando for estudar redes sociais leia sobre seus tipos existentes, suas classes e as principais
redes que os usuários utilizam.
1.6. Sobre o armazenamento de dados na nuvem importante o candidato saber quais são os
principais benefícios que este tipo de serviço trás ao usuário, quais os principais serviços que são
oferecidos aos usuários para armazenamento em nuvem (Dropbox, One Drive, Google Drive etc.). Fique
atento também aos tipos de armazenamento na nuvem, sendo importante saber quais as diferenças entre
eles. Temos os tipos: IaaS, PaaS, SaaS, DaaS, CaaS, DBaas.
1.7. Estude as principais diferenças entre a Deep Web e a Dark Web e, também, sobre o Surface
Web (World Wide Web). Neste tema, entenda quais sites estão ou não indexados nestas redes. Exemplo
a Deep Web e Dark São compostas de sites e redes não indexados pelos mecanismos de busca.
2. Voz sobre IP (VOIP). É um serviço de transmissão de voz e dados sobre o protocolo e a
arquitetura da Internet. O VOIP usualmente é utilizado pela Internet, porém pode ser utilizado numa
rede interna através de um ramal. Cuidado com esse tipo de “pegadinha”. Dica: O VOIP diminui custos
com telefonia.
2.1. Se atentar para as diferenças entre um ATA (adaptador telefônico analógico) e telefone IP.
2.2. Não é possível realizar uma conversação entre um equipamento VOIP e um de telefonia
tradicional (PSTN).
2.3. Se atentar para os novos tipos de comunicações que estão em alta hoje em dia, como os
aplicativos do WhatsApp, Telegram, entre outros, que são importantes e fazem parte do cotidiano da
maioria das pessoas.
2.4. Estude as diferenças entre a videoconferência e a vídeochamada. Aquela consiste em uma
conexão visual ao vivo entre duas ou mais pessoas que estão em locais diferentes para fins de
comunicação. Exemplos de aplicativos usados para videoconferência são: Google Meet, Cisco Webex,
Zoom, Skype, Whatsapp.
Questões exemplificativas:
2) Umas das vantagens da telefonia IP (VoIP), se comparada com a telefonia tradicional (fixa
e analógica), é a:
a) ausência de atrasos na conversação, ou seja, a comunicação é instantânea.
b) possibilidade de compartilhar o canal de comunicação de dados com outros serviços.
c) maior confiabilidade devido ao uso de uma conexão permanente entre os interlocutores.
d) maior disponibilidade do canal de comunicação, pois o canal é dedicado.
e) melhor qualidade da ligação sem interrupção ou cortes.
Gabarito
1–C
2–B
3 – ERRADO
4–B
Questões exemplificativas:
1) Os discos que utilizam a tecnologia SSD (solid state drive):
a) são mais rápidos do que os outros tipos de discos, pois utilizam mais cabeças de leitura e de
gravação.
b) possuem custo inferior ao dos discos HDs de capacidade equivalente.
c) possuem o tempo de acesso superior ao dos discos HDs.
d) são baseados na tecnologia de memória flash.
e) são versões aprimoradas dos discos HDs, com motores e partes mecânicas de menores
dimensões.
3) O tipo de impressora que utiliza toner como material de impressão é conhecido como
impressora:
a) de impacto.
b) jato de tinta.
c) matricial.
d) térmica.
e) laser.
Gabarito
1–D
2–A
3–E
1.5. Segurança da Informação. Estude o Sistema de Detecção de Intrusão (IDS), este tipo de
segurança funciona de forma passiva, ou seja, ele detecta e alerta atividades suspeitas, impróprias ou
anômalas.
1.5.1. Outro sistema é o Sistema de Prevenção a Intrusão (IPS), é ativo, pois detecta os ataques
e realiza contramedidas, também faz o bloqueio de acesso ao sistema.
1.5.2. Vejam quais são as análises esperadas e as não esperadas desses sistemas.
1.5.3. Importante o candidato fazer uma leitura a respeito dos sistemas disponíveis para
dispositivos móveis e portáteis, muito utilizados nos dias de hoje.
1.5.4. Leia também sobre autenticação em duas etapas nos principais aplicativos usados na
atualidade, como são feitas essas autenticações, como funcionam, qual o nível de segurança que ela
oferece, se já existem meios de burlar este tipo de segurança. Um exemplo seria quando a pessoa acessa
o e-mail de outro dispositivo e o aplicativo manda um e-mail informando que houve um acesso.
1.5.5. Estude como são feitas as proteções de dados pessoais, quais sistemas são utilizados para
proteger os usuários de ataques de hackers e o uso indevido dos dados dos usuários. Fique muito atento
para este tema, pois é o tema da moda, uma vez que a proteção de dados foi inserido no catálogo
de direitos fundamentais (CF/88, art. 5º, LXXIX).
Questões exemplificativas:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia - Uma das formas de atuação do ransomware,
um dos códigos maliciosos mais difundidos atualmente, é: b) criptografar os dados do disco rígido e
solicitar o pagamento de resgate. (correta)
1) Uma das formas de atuação do ransonware, um dos códigos maliciosos mais difundidos
atualmente, é:
a) capturar as senhas digitadas no computador e enviar para o hacker.
b) criptografar os dados do disco rígido e solicitar o pagamento de resgate.
c) enviar várias cópias de uma mensagem de e-mail utilizando os seus contatos.
d) instalar diversos arquivos de imagens para lotar o disco rígido.
e) mostrar uma mensagem com propaganda no navegador Internet.
c) antivírus.
d) cavalo de troia.
e) janelas de pop-up.
3) Uma barreira de proteção de rede de computadores que tem por função regular o tráfego
entre redes distintas, impedindo, por meio de regras predefinidas, a transmissão de dados nocivos
ou não autorizados de uma rede a outra é definida como:
a) Keylogger.
b) Antivírus.
c) Anti adware
d) Firewall.
e) Anti spyware.
Gabarito
1–B
2–D
3–D
Estou na torcida!
Abraços,
Eduardo Fontes