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Estudo comparativo do Crioulo da Guiné-Bissau e do português

Estudo comparativo do Crioulo da Guiné-Bissau e do português

Clara HE ZENGXIN

RESUMO

Como nós sabemos, o surgimento dos crioulos resulta de contacto


linguístico, na época dos Descobrimentos (início do século XVI e o século XVII). Neste
trabalho tenta-se comparar as diferenças entre o crioulo e o português, exemplificando
o crioulo da Guiné-Bissau e o português de Lisboa. Utiliza o método comparativo a
indicar as diferenças de crioulo da Guiné-Bissau e o português, nos aspetos de origem e
base linguística, de estrutura gramatical, de pronúncias, etc. Utiliza também o método
bibliográfico a procurar os dados que ofertam informações científicas. Utiliza o método
questionário a investigar as opiniões de nativos. Os dados mostram que a relação entre
o crioulo da Guiné-Bissau é significativa e mais, o crioulo é uma língua distinta.
Palavras-chave: Crioulo, Guiné-Bissau, português, comparação

1. INTRODUÇÃO

As relações entre o crioulo da Guiné-Bissau e o português são, de facto, complexas e


significativas. O crioulo da Guiné-Bissau é uma língua crioula de base portuguesa, o que significa
que se originou a partir do contato entre o português e as línguas africanas locais durante o período
colonial. Essa relação é evidente em várias áreas linguísticas, nomeadamente, vocabulários,
estrutura gramatical, influência fonética, etc. É importante destacar que, embora haja uma relação
histórica entre o crioulo da Guiné-Bissau e o português, o crioulo é uma língua distinta, com sua
própria gramática, vocabulário e identidade linguística.

2. DESENVOLVIMENTO

O crioulo da Guiné-Bissau é uma língua crioula de base portuguesa, o que significa que se
desenvolveu a partir do contacto entre o português e línguas africanas locais. Durante o período
colonial, os colonizadores portugueses trouxeram uma grande quantidade de escravos da África
para trabalhar nas plantações e no comércio colonial. Esses escravos e os seus descendentes, que
foram submetidos a uma realidade de contato linguístico com os portugueses, desenvolveram o
crioulo como uma forma de comunicação entre si e com os colonizadores. Durante o período
colonial, o português era a língua oficial e a língua de instrução nas escolas. Isso levou a uma
influência linguística significativa do português no crioulo, tanto no vocabulário quanto na
gramática. Muitas das palavras utilizadas no crioulo são de origem portuguesa, embora possam ter
sofrido adaptações fonéticas ou gramaticais para se adequarem à estrutura da língua.
As principais diferenças estão relacionadas com origem e base linguística, estrutura
gramatical, vocabulário (fonologia e morfologia), funções sociais e culturais, etc.
ORIGEM E BASE LINGUÍSTICA
O crioulo da Guiné-Bissau é uma língua criada a partir da mistura de várias línguas
africanas com o português, o período colonial. Possui uma base lexical principalmente do

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português, mas com influências significativas de línguas africanas, como o mandinga, o fula e o
balanta. Em comparação, O português é uma língua românica, originada do latim, assim como
outras línguas como o espanhol, o francês e o italiano. É a língua oficial de Portugal e também é
falada em outros países, incluindo a Guiné-Bissau.
ESTRUTURA GRAMATICAL
O crioulo possui uma estrutura gramatical mais simples em comparação com o português.
Geralmente, não possui conjugações verbais complexas nem declinações de gênero e número. As
frases tendem a ser mais diretas e menos elaboradas. De acordo com o texto oferecido, as frases
em português, «Eu tentei. Não tentei com muita força, mas tentei.», escrita em crioulo de Guiné-
Bissau, «Ntenta. Nka tenta ku muitu força, mas ntenta.», nestas frases, o verbo “tentar” não há
conjugação verbal no crioulo da Guiné-Bissau. Não há declinações, só “tenta” para todas as
pessoas, por exemplo, “n’tenta’ na primeira pessoa, ‘bu tenta’ na seunda pessoa.
VOCABULÁRIO (FONOLOGIA E MORFOLOGIA)
O vocabulário do crioulo é uma mistura de palavras portuguesas e africanas, e muitas
vezes adapta palavras portuguesas para a fonética e gramática do crioulo. Além disso, o crioulo
também possui palavras únicas que não existem no português. Por exemplo, "Tchon" - essa palavra
no crioulo da Guiné-Bissau é usada para se referir a um lugar remoto ou distante, geralmente em
áreas rurais. Não há um termo exato em português para transmitir o mesmo significado e nuances
dessa palavra específica.
Quanto à fonologia, no crioulo da Guiné-Bissau, simplificam as pronúncias das vogais.
Podemos observar vários exemplos neste excerto: a palavra portuguesa “todos” /toduʃ/ em crioulo
é “tudu” /tudu/, diminuindo as fonéticas de vogal O.
Quanto à simplificação de morfologia, também existem diversos exemplos neste excerto:
modificações das palavras portuguesas segundo a fonética, “caso” para “kasu”, “tempo” para
“tempu”, substituindo vogais “o” nas palavras com pronúncia de /u/ por vogais “u”.
E além disso, podemos ouvir o áudio, o crioulo geralmente tem um ritmo mais marcado e
uma entonação distintiva. A ênfase nas palavras pode ser diferente do português que em geral,
apresenta uma sonoridade mais urniforme.
FUNÇÕES SOCIAIS E CULTURAIS
O crioulo da Guiné-Bissau ou criol é a língua franca de 60% da população da Guiné-Bissau,
sendo falado também no Senegal (conhecido como crioulo de Casamansa). Em 2019, 232 mil
pessoas usavam o crioulo como primeira língua na Guiné-Bissau e mais 600 mil como segunda
língua, enquanto que cerca de 15% da população do país falava nativamente o português. O
português é a língua oficial e de ensino na Guiné-Bissau, sendo utilizado em instituições
governamentais, educação formal, mídia e outros contextos formais. É amplamente compreendido
e falado, especialmente nas áreas urbanas e entre os falantes mais educados.
Embora crioulo não seja uma língua oficial, é reconhecido como uma língua nacional e
possui um papel importante na identidade cultural do país.

3. Conclusão

Hoje, existem várias diferenças entre o crioulo da Guiné-Bissau e o português, a partir de


comparações de origem e base linguística, de estrutura gramatical, funções sociais e culturais, etc. É
fundamental indicar que o crioulo da Guiné-Bissau é uma língua crioula de base portuguesa.
Também é significativo destacar o crioulo é uma língua distinta, que assim como outras línguas,

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tem as suas próprias características relacionadas com aspectos específicos da cultura, da geografia
e das experiências do povo guineense, e representa a identidade de povo guineense.

Bibliografia
1, Silva, Ciro Lopes, e Sampa, Pascoal Jorge, Língua portuguesa na Guiné-Bissau e a
influência do crioulo na identidade cultural e no português, Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
2, Timbane, Alexandre António, O CRIOULO DA GUINÉ-BISSAU É UMA LÍNGUA DE BASE
PORTUGUESA? EMBATE SOBRE OS CONCEITOS, Revista de Letras JUÇARA, Caxias – Maranhão, v. 02,
n. 02, p. 107 – 126, dez. 2018
3, wikipédia, https://pt.wikipedia.org/wiki/Crioulo_da_Guin%C3%A9-Bissau
4, excerto transcrito no crioulo da Guiné-Bissau e pela guineense Lizete Teixeira e áudio da
Lizete Teixeira.
«"Tudu anu nta faci nha resuluson. Na anu nobu na sedu mindjor pekadur. Des biás ikana
falha. Na kumé mindjor, na faci exercício, bebi um bokadu. Dipus di quinzi dias na sta di volta pa
bedju ami na faci sforsu pa sedu mindjor dus semana na máximo. Faci um kontratu ku mi nes ki ta
da. Muitu bem pa aprendi ka faci acordu ku guintis ku ka ta da confiança. Nkai na és armadilha tudu
anu. Portantu, des biás nha resuluson dia anu nobu i pa ka faci resuluson dia di anu nobu. [...]

Ntenta. Nka tenta ku muitu força, mas ntenta. I sedu demasiadu difícil. [...] I nton i tem um
tempu k ntenta stratégia akontrario: Suma nfalha tudu nha promessa, ntenta sedu mau. Si falha ba
di tenta sedu mau, talvez nta fika ba um pekadur mindjor. És anu npromiti visita menos museu,
kumé pior, dedika menus tempu pa família. Surprendentimenti és era ba promessa k nta rebelaba
grandi kapacidadi pa manti duranti manga di tempu. [...]
Na nha kasu, nha talentu pa pirguisa i deslexo i partukularmenti ixuberanti. Pa és, dixam de
resulusons ki ta arrankan des mediania mansa k tem sidu na nha vida. És anu na bai sedu igual a mi
mesmu. Ou tambi i pudi sedu, nka na faci nada di ki mi pudi gaban. "»

CLARA HE ZENGXIN | UPM - FLT

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