Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nos passos
de
Arquimedes
O USO DA HISTÓRIA NO
ENSINO DA MATEMÁTICA
PARA DISCUTIR
GEOMETRIA PLANA
Nos passos
de
Arquimedes
O USO DA HISTÓRIA NO
ENSINO DA MATEMÁTICA
PARA DISCUTIR
GEOMETRIA PLANA
João Pessoa, Pb
2020
04 APRESENTAÇÃO
05 INTRODUÇÃO
06 A QUADRATURA DO CÍRCULO
16 SAIBA MAIS: Aquimedes
20 A GÊNESE DO NÚMERO PI
29 SAIBA MAIS: Pitágoras e os Pitagóricos
OIRÁMU
35 O MÉTODO CLÁSSICO DE
ARQUIMEDES
59 SAIBA MAIS: Trigonometria
61 CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO
69 UM POUCO DE HISTÓRIA
76 GLOSSÁRIO
87 REFERÊNCIAS E CRÉDITOS
93 DIRECIONAMENTOS PARA OS
PROFESSORES
94 APRESENTAÇÃO
98 REFERENCIAL TEÓRICO
ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA
110
Apresentação
Olá! O trabalho que você tem em mãos é o resultado de estudos
Matemática.
(onde conhecemos um pouco mais sobre povos antigos e sua relação com a
PÁGINA 4
MADISON WRIGHTS
Introdução
Quem nunca na vida se perguntou de onde vem a fórmula de Bhaskara?
Ou de onde veio o Teorema de Pitágoras? Ou, afinal, quem foi Pitágoras que
para o cálculo da área do triângulo? Bem, estas são algumas das fórmulas
que, na maioria das vezes, nos são entregues prontas, e como dizem, “de
questionamentos:
profissional.
$8M
$6M
$4M
$2M
$0M
1st Quarter 2nd Quarter 3rd Quarter 4th Quarter
para alguns daqueles questionamentos iniciais, jardim e quero fazer uma alteração nesta
do Círculo. E não é pouca coisa! Este problema Quero que tenha a forma de quadrado.
é um dos mais célebres de toda a história da Porém, quero que a nova piscina ocupe a
matemática e considerado pelos antigos gregos mesma área que a anterior. Você pode me
Digamos que você está trabalhando na nisso. Vai procurar o material de desenho e lá só
construção de uma casa e o proprietário coloca encontra apenas uma régua e um compasso.
PÁGINA 6
Construir um quadrado de área igual à área de um círculo de raio r dado, utilizando
l2 = π . r2
Simples, não é mesmo? Agora atribua um valor natural a r, o raio dado, resolva a equação,
isto é, encontre um valor para l e construa seu quadrado. Vamos, lá! Mãos à obra!
l = √𝝅 . 𝒓𝟐
l = r . √𝝅
PÁGINA 7
A possibilidade de construir um segmento de reta que mede √π foi o que motivou
muitos matemáticos durante séculos a tentar quadrar o círculo usando apenas régua e compasso.
Até que, em 1882, o matemático alemão Lindemann (1852 – 1939) provou a impossibilidade
de se fazer tal construção, ou seja, é impossível quadrar o círculo usando régua e compasso
apenas.
Como muito raramente estas medições são associadas a um número exato, necessita-se
utilizar frações deste número. Por isso, definimos como sendo um Número Racional o
𝑝
quociente 𝑞 , com q ≠ 0, de dois Números Inteiros.
Para os Números Racionais existe uma representação geométrica simples. Porém, a nem
todos os pontos de uma reta corresponde um número racional. Foram os Pitagóricos que
fizeram esta grande descoberta. Novos números foram criados para corresponder a estes pontos
e, como não eram Racionais, foram chamados de Irracionais, significando não Racionais.
PÁGINA 8
Veja como podemos proceder para encontrar o número irracional √2 . Vamos construir,
primeiramente, um quadrado de lado medindo uma unidade. Para isto, vamos seguir os
seguintes passos:
1. Construa a reta r:
PÁGINA 9
3. A partir de cada ponto de intersecção A e B entre o segmento de reta e a
circunferência trace outra circunferência com uma abertura fixa qualquer do
compasso. Teremos três circunferências de centros A, B e C.
Até agora, falamos muito sobre reta, mas na figura anterior podemos destacar além das
retas tanto semirretas quanto segmentos de retas. Com base na figura, diferencie reta, segmento
de reta e semirreta, dando pelo menos um exemplo de cada uma:
A reta é uma daquelas noções primitivas, tal qual o ponto e o plano, que na
Geometria são aceitas sem uma definição, pois, são produto da mente humana e, portanto,
são modelos usados para explicar a realidade. A reta não possui começo ou fim e nem
espessura. Exemplos: r e s.
PÁGINA 10
Segmento de reta é uma parte da reta que possui início e fim, ou seja, é uma parte
𝑨𝑩, ̅̅̅̅
da reta delimitada por dois pontos. Exemplos: ̅̅̅̅ 𝑨𝑪 e ̅̅̅̅
𝑩𝑪
Duas retas são perpendiculares quando são se tocam em um único ponto e formam
ângulos retos.
5. Sobre o primeiro segmento de reta marque um ponto D, sobre este ponto trace uma
nova circunferência e na sua intersecção com a reta marque os pontos A’ e B’. Com
o compasso, com a mesma abertura e sobre esses novos pontos, construa duas novas
circunferências e, nos pontos onde elas se interceptam, trace a reta t. Ou seja,
estamos repetindo todo procedimento anterior para obter outro segmento de reta
perpendicular.
PÁGINA 11
6. Com o compasso em C e com a abertura em D, trace um arco em sentido anti-horário
até encontrar o segmento de reta s, onde será marcado o ponto F. Em seguida, com
o compasso em D e abertura em C, trace um arco de circunferência em sentido
horário até encontrar a reta t, onde deve ser marcado o ponto E. Ligue o ponto F ao
ponto E.
Arco de uma circunferência é uma das partes da circunferência delimitada por dois
pontos tomados sobre ela.
PÁGINA 12
Como você deve saber, o polígono anterior é um quadrado. Com base na sua construção,
como você define um quadrado?
Agora que temos um quadrado, vamos traçar uma de suas diagonais. Basta ligar, por
exemplo, os pontos C e E. Observe que como o traçado da diagonal, obtemos dois triângulos
retângulos. Vamos tomar o triângulo CDEF.
PÁGINA 13
O polígono formado pelos lados ̅̅̅̅ 𝐷𝐸 e ̅̅̅̅
𝐶𝐷, ̅̅̅̅ 𝐸𝐶 , recebe que nome? E de que forma ele é
classificado, já que um de seus ângulos corresponde a um dos ângulos do quadrado?
Você deve estar lembrado que nosso quadrado tem lados que medem 1 unidade de medida.
x 2 = 1 2 + 12
x2 = 2
x = √𝟐 .
Está obtido através de um método geométrico seu primeiro número irracional. Durante
algum tempo, o único número irracional conhecido foi √2 .
Para provar que √2 é um Irracional, ou seja, não é Racional e, portanto, não pode ser
𝑝
escrito na forma 𝑞 , com q ≠ 0, sendo p e q números inteiros e primos entre si, vamos atentar
para o seguinte: se s é um número inteiro positivo, então, s2 é par se, e somente se, s é par.
𝑝
Agora, vamos supor, para efeito de raciocínio, que √2 é Racional, isto é, √2 = . Temos,
𝑞
então:
𝑝
= √2
𝑞
( p )2 = (q√2 )2
PÁGINA 14
p2 = 2q2. (I)
(2t )2 = 2q2
Segundo Platão, mais tarde, Teodoro de Cirene (465 a. C.) mostrou que
√3 , √5 , √6 , √6 , √8 , √10 , √11 , √12 , √13 , √14 , √15 𝑒 √17 são irracionais. Teodoro
provou isto construindo uma espiral que leva seu nome. Você, utilizando o procedimento
anterior pode construí-la.
Agora que conhecemos um pouco mais sobre os Números Racionais, podemos dizer,
na verdade, o que queríamos ao introduzir o problema da Quadratura do Círculo era atentar
para o fato de que quadrar o círculo consiste no estudo da natureza do número π. O que é este
número π? Por que não conseguimos construir um segmento de reta com a sua medida?
Curioso sobre este número que tem motivado o trabalho de matemáticos desde a
antiguidade? Então, vamos, no próximo capítulo, conhecer um pouco mais sobre ele.
PÁGINA 15
SAIBA MAIS
Arquimedes
“Eureka! Eureka!”
Os relatos afirmam sua capacidade de
imensa concentração mental para
resolução de um problema, e, também, sua
distração quando imerso nessa atividade.
Como prova disto, temos a conhecidíssima
história da coroa do rei Hierão. Consta que
este rei mandou um ourives confeccionar
uma coroa com dado peso de ouro. Mas,
Hierão passa a suspeitar que foi enganado
e que na coroa há, oculta, prata. A questão
é passada a Arquimedes, que encontrou a
solução para o problema quando se
encontrava em um banho público,
descobrindo, como consequência, a
primeira lei da Hidrostática. Eufórico por
ter descoberto a solução, Arquimedes
esqueceu-se de vestir-se e saiu a correr nu
pelas ruas, gritando “Eureka! Eureka!”
(Achei! Achei!).
17
o cerco sob siracusa
COM A AJUDA DE ARQUIMEDES, SIRACUSA RESISTIU POR QUASE TRÊS
ANOS ÀS INVESTIDAS DO GENERAL MARCELO
18
O grande matemático
ARQUIMEDES ESTÁ ENTRE OS MAIORES
MATEMÁTICOS DE TODOS OS TEMPOS E,
COM CERTEZA, FOI O MAIOR DE TODA A
ANTIGUIDADE
19
A GÊNESE DO NÚMERO PI
A ideia do número π tal qual a constatação foi construído ao longo da História e por
Vamos ver, inicialmente, como ocorreu a de 2000 a. C. e são dos babilônicos e egípcios os
construção do número π, conhecendo como ele primeiros povos que demonstram conhecimento
PÁGINA 20
1 8
do número π. Para os babilônicos π = 38 = 3,125 e para os egípcios π = 4 . ( 9 )2 =
3,16049... Não sabemos como estes povos antigos chegaram a estes valores. Mas
podemos fazer algumas inferências.
Os egípcios, por sua vez, acostumados a lidar com as constantes alagações do Rio
Nilo, tiveram que desenvolver técnicas para remarcar as áreas destinadas às plantações e
que haviam sido alagadas. O problema era que um agricultor não invadisse ou roubasse
terras de outro e, para isto, na areia molhada era fincada uma estaca, onde era presa uma
corda, que era esticada da estaca (o centro) até um ponto A e, novamente, da estaca até o
ponto B, tendo uma unidade de medida AB, como na figura seguinte:
PÁGINA 21
Com isto, os egípcios observaram que colocando uma das extremidades da corda
em A e seguindo a circunferência desenhada no chão, chegava-se em C e, novamente
realizando o mesmo procedimento partindo de C, chegava-se em D. Com o mesmo
procedimento, chegava-se em E, e verificava-se que o comprimento da circunferência é
igual a três vezes o diâmetro e mais um pouco.
Os egípcios observaram também que com o arco AE poderia ser colocado sobre
o diâmetro AB de sete a oito vezes. Com isto obtiveram a aproximação para o
1 1
comprimento do círculo entre 3 8 e 3 7 . Obtendo:
8 64 64 (2𝑟)2 256 𝑟 2
S = ( 9 𝑑 )2 = d2 = =
81 81 81
256 𝑟 2 256
= πr2. Daí, = π, ou seja, π = 3,1604...
81 81
PÁGINA 22
Na china antiga, muitos matemáticos se dedicaram a determinar o valor de π. É creditado
a Wang Fan, general chinês do século III d. C., a
142
aproximação racional = π, ou seja, π = 3,155.
45
Na Bíblia há duas citações que levam a crer que os judeus antigos atribuíam o
valor 3 ao número π. No livro bíblico do Antigo testamento, 2
Crônicas, capítulo 4, versículo 2, temos a história de que o rei
Salomão constrói um altar segundo as seguintes especificações:
“[...] fez também o mar de metal fundido, redondo, com cinco
metros de diâmetro e dois e meio de altura com quinze de
circunferência”. Podemos encontrar esta mesma história, desta
vez com o personagem Hiran, no Hípias de Elis
Anaxágoras
O primeiro grego a ter o nome ligado ao problema
foi Anaxágoras (427 a. C.). A ele se seguiram: Hípias de
Elis (425 a. C.) e Dinostrato (350 a. C.). Mas nenhum deles conseguiu uma solução tão
elegante quanto Arquimedes (225 a. C.). Por esta realização estar estreitamente ligada ao
problema da quadratura do círculo, iremos começar nossa cronologia de π, por ele.
PÁGINA 23
A título de curiosidade, existem várias frases e poemas, em diversas línguas, que, através de
PÁGINA 27
Outro exemplo em inglês do ano de 1914:
Em espanhol:
Acreditamos que deu para perceber a importância do número π para a história humana.
Diversos povos antigos, separados pelos séculos e pela distância conseguiram, sem utilizar de
complexos instrumentos de cálculo, encontrar valores para π até dezenas de casas decimais
corretas. Isto é um feito notável. Durante a leitura da cronologia de π, você, com certeza, deve ter
reparado que até o ano 1630 d. C. ainda se utilizava o método clássico para se calcular um valor
para π. Dada sua importância para a matemática, veremos agora como Arquimedes fez para
PÁGINA 28
SAIBA MAIS
pitágoras e os
pitagóricos
30
o teorema de pitágoras
O método por decomposição utilizado por Pitágoras teria sido este:
Observe que o primeiro quadrado está decomposto em seis polígonos: dois quadrados que
possuem, por sua vez, lados que medem igual aos catetos do triângulo dado e quatro triângulos
congruentes ao triângulo dado anteriormente. O segundo quadrado está decomposto em cinco
polígonos: um quadrado de lado igual à medida da hipotenusa do triângulo dado e quatro
triângulos congruentes a ele.
Dos quadrados que possuem a mesma área, vamos subtrair as figuras que são congruentes,
restando:
Concluímos que a área do quadrado sobre a hipotenusa é igual à área do quadrado sobre os
catetos.
31
Para Refletir!
Após a leitura, 10 questões para pensar.
questionamentos seguintes.
PÁGINA 33
MADISON WRIGHTS
Perguntas
De Um Trabalhador Que Lê
Bertolt Brecht
pronta?
Quem os ergueu?
A decantada Bizâncio
Os que se afogavam
Sozinho?
Tantas histórias.
Tantas questões.
PÁGINA 34
MADISON WRIGHTS
O MÉTODO CLÁSSICO DE
ARQUIMEDES
método envolve a construção de polígonos uma régua não graduada (os instrumentos
fórmulas que nos serão úteis no capítulo seguiremos várias etapas, que serão descritas
Para realizarmos a construção dos polígonos necessitam de uma atenção maior. O que é
PÁGINA 35
difícil construção, como veremos a seguir.
PÁGINA 36
Com o compasso no ponto A’ e com a mesma abertura, marque na
circunferência dois pontos, B e C:
PÁGINA 37
são os três arcos iguais delimitados pelos pontos A, B e C? Em relação à circunferência,
quanto mede cada arco?
̂ 𝒆 𝑪𝑨
̂ , 𝑩𝑪
Os arcos de circunferência são 𝑨𝑩 ̂ e cada um deles mede 1/3 do
comprimento da circunferência.
PÁGINA 38
A palavra hexágono encontra correspondentes no latim e no grego,
respectivamente, hexagonum e hexágonon, ambos denominam uma figura de seis lados.
O hexágono da figura é um polígono regular, que é aquele que possui lados iguais e
ângulos iguais. Como podemos observar o hexágono regular pode ser dividido em seis
triângulos equiláteros. Então, sabendo disto, calcule a área do hexágono considerando
que a circunferência possui raio unitário:
√𝟑 𝒓
𝒃 . 𝒉
𝒓 . 𝟐 𝟐
dos triângulos é dada por A = = = √𝟑𝟒𝒓 . Então, a área do hexágono
𝟐 𝟐
√𝟑 𝒓𝟐 𝟑√𝟑 𝒓𝟐
que é formada pela junção da área dos seis triângulos é A’ = 6 . = .
𝟒 𝟐
PÁGINA 39
Realize o mesmo procedimento entre os pontos B e D e os pontos B e E.
Marcando sobre a circunferência, como anteriormente, os pontos H e I. Observe que
estas retas interceptaram a circunferências em pontos diferentes. Sobre eles devem ser
marcados os pontos J, K e L.
Observe que cada segmento de reta traçado dividiu cada triângulo equilátero em
dois novos triângulos. Por suas características, como são classificados estes tipos de
triângulos?
São classificados como triângulos isósceles por possuírem dois lados com a
mesma medida.
PÁGINA 40
Agora, basta traçar segmentos de reta ligando cada ponto sobre a
circunferência ao seu ponto vizinho:
Não, pois não possui tanto os lados quanto os ângulos internos iguais.
Aqui, onde Arquimedes fez sua primeira parada, vamos fazer a nossa
observação:
PÁGINA 41
O que podemos afirmar em relação ao comprimento da circunferência e o
perímetro do polígono nela inscrito?
PÁGINA 42
Observe que traçando a bissetriz do ângulo KÔF, dividimos o triângulo
isósceles em dois outros triângulos, desta vez, triângulos retângulos. Basta, como
̅̅̅̅ até o ponto O.
mostra a figura, traçar uma reta perpendicular ao lado 𝐾𝐹
Vamos isolar um deles, por exemplo o triângulo MÔF, que a partir do qual,
você deverá encontrar o lado x’, em seguida o lado x = ̅̅̅̅
𝐾𝐹 e, por fim, o perímetro Pi
do polígono inscrito. Para lhe ajudar, determine o valor do ângulo MÔF e use a razão
trigonométrica seno para este ângulo:
𝑥′
sen y = 𝑟
x’ = r . sen y
360°
x’ = r . sen ( )
2𝑛
360°
x = 2 . r . sen ( )
2𝑛
360°
Pi = n . 2 . r . sen ( )
2𝑛
360°
Pi = 2 . r . n . sen ( )
2𝑛
𝟑𝟔𝟎°
Pi = 2 . r . n . sen ( )
𝟐𝒏
PÁGINA 43
Agora, dando prosseguimento ao método de Arquimedes, faremos um
procedimento semelhante ao anterior, mas, desta vez, construindo um triângulo
circunscrito à circunferência. Vamos lá!
PÁGINA 44
Ligue, através de retas, os pontos A, B e C. Obtemos, desta forma um triângulo
retângulo:
PÁGINA 45
um segmento de reta perpendicular ao lado BC do triângulo. Onde este segmento de
reta intercepta o lado BC do triângulo marque o ponto E.
PÁGINA 46
Na intersecção destes segmentos de reta, marque o ponto O.
O triângulo DEF é equilátero, por isto, seus ângulos internos medem 60º.
Consideremos o triângulo DOE. Então, para calcularmos a altura dele usaremos o
seno deste ângulo. Para calcularmos a base dele utilizaremos o cosseno de 30º.
𝒃 𝒃
𝒉 𝟏 𝒉 𝟏 𝟐 √𝟑 𝟐
Sen 30º = e = , dai, h = . Cos 30º = e = , dai, b = √𝟑. Sua área é
𝒓 𝟐 𝟏 𝟐 𝒓 𝟐 𝟏
𝟏
𝒃 . 𝒉 √𝟑 . 𝟐 √𝟑
dada por A = = = = . Mas a área do triângulo DEF três vezes A,
𝟐 𝟐 𝟒
𝟑√𝟑
então, A’ = 3A = . A base do triângulo é um dos seus lados, portanto seu
𝟒
perímetro é P = 3 . b = 3 √𝟑 .
PÁGINA 48
Dando continuidade ao método, vamos construir, a partir do triângulo, um hexágono
circunscrito à circunferência.
PÁGINA 49
o segmento de reta intercepta o lado AC do triângulo. Em seguida, ligue o ponto H ao
ponto I.
PÁGINA 50
O procedimento que foi feito em torno do vértice A do triângulo, vai ser
repetido em todos os outros vértices. Vamos lá!
PÁGINA 51
Com centro em E e com a mesma abertura do compasso, desenhe uma nova
circunferência. Dos pontos onde se interceptam as circunferências de centro J e E trace
um novo segmento de reta, que ao interceptar o lado CB do triângulo dará origem ao
ponto L. Marque este ponto e, em seguida, ligue-o ao ponto K.
PÁGINA 52
Trace segmentos de reta partido de O até os pontos E e M.
PÁGINA 53
Com o compasso em D e usando da mesma abertura, desenhe uma
circunferência. A intersecção das duas circunferências de centro em D e em M vai gerar
um segmento de reta que intercepta o lado AB do triângulo em P. Ligue o ponto P ao
ponto N através de um segmento de reta.
PÁGINA 54
Destacando o hexágono, teremos a seguinte figura:
E, por fim:
PÁGINA 55
Como você pode observar o polígono circunscrito à circunferência pode ser
dividido de modo a formar vários triângulos equiláteros. Isolaremos um dos triângulos
equiláteros, por exemplo o triângulo HOP, para obter a seguinte figura:
PÁGINA 56
Isolando um deles, a partir do qual você deverá encontrar o lado “x”, em
seguida o lado “X”= ̅̅̅̅
𝐻𝑃 e, por fim, o perímetro Pc do polígono circunscrito. Sugestão:
determine o valor do ângulo DÔP e use uma das razões trigonométricas.
𝒙
tg Ô = 𝒓
x = r . tg Ô
𝟑𝟔𝟎°
x = r . tg ( )
𝟐𝒏
𝟑𝟔𝟎°
X = 2 . r . tg ( )
𝟐𝒏
𝟑𝟔𝟎°
Pc = n . 2 . r . tg ( )
𝟐𝒏
𝟑𝟔𝟎°
Pc = 2 . r . n . tg ( )
𝟐𝒏
Ou seja,
𝟑𝟔𝟎° 𝟑𝟔𝟎°
Pi = 2 . r . n . sen ( ) < C < Pc = 2 . r . n . tg ( )
𝟐𝒏 𝟐𝒏
PÁGINA 57
Pronto para determinar, segundo o método de Arquimedes, o valor de π?
Para facilitar, construímos a seguinte tabela, a qual você deverá completar utilizando a
calculadora. Vamos considerar apenas as oito primeiras casas decimais.
6 3 3,46410161 0,46410162
Muito interessante, não é mesmo?! Então, vamos agora um pouco além. Lembra
daquelas perguntas iniciais? Agora que você está familiarizado com o Método de
Arquimedes, vai nos ajudar a responder dois destes questionamentos
PÁGINA 58
SAIBA MAIS
trigonometria
60
CIRCUNFERÊNCIA E
CÍRCULO
capítulo, apesar de curto, tal como o capítulo régua e compasso, pois não construiremos
PÁGINA 61
COMPRIMENTO DA CIRCUNFERÊNCIA
𝟑𝟔𝟎° 𝟑𝟔𝟎°
Pi = 2 . r . n . sen ( ) e Pc = 2 . r . n . tg ( )
𝟐𝒏 𝟐𝒏
Pi = Pc = C = 2 . r . π
ÁREA DO CÍRCULO
PÁGINA 62
Lembra-se delas? Você deve encontrar uma fórmula para o cálculo da área do
polígono. Sugestão: na figura abaixo calcule determine através de uma das razões
trigonométricas a altura h do triângulo KOF e use a fórmula para o cálculo da área do
𝒃. 𝒉
triângulo At = , onde b é a base do triângulo e h a altura do triângulo.
𝟐
Observe que h uma das alturas do triângulo KOF é um cateto do triângulo LOF.
Portanto:
360° ℎ
sen ( ) =
n 𝑟
Daí,
360°
h = r . sen ( )
𝑛
b. h
Lembrando que a área do triângulo KOF é dada por At = , temos:
2
360°
At = r . r . sen ( )/2
𝑛
PÁGINA 63
360°
An = n . r2 . sen ( )/2
𝑛
e, rearranjando,
𝒏 𝟑𝟔𝟎°
An = . sen ( ) . r2 (I)
𝟐 𝒏
Deixemos esta equação por um tempo e vamos observar outras figuras por nós
conhecidas. Você deve, novamente, encontrar uma fórmula para o cálculo da área do
polígono. Siga a mesma sugestão anteriormente dada, ou seja, na figura abaixo calcule
determine através de uma das razões trigonométricas a altura h do triângulo KOF e use
𝒃. 𝒉
a fórmula para o cálculo da área do triângulo At = , onde b é a base do triângulo e
𝟐
h a altura do triângulo.
360° 𝑥
tg ( ) =
2𝑛 𝑟
Isolando x:
360°
x = r . tg ( )
2𝑛
PÁGINA 64
Daí, a base do triângulo HOP é
360°
̅̅̅̅
𝐻𝑃 = 2 . 𝑥 = 2 . r . tg ( ).
2𝑛
𝑏. ℎ
Lembrando que a área do triângulo é dada por At = , temos:
2
360°
2 .𝑟 . 𝑡𝑔 ( ). 𝑟
2𝑛
At = 2
360°
At = r2 . tg ( )
2𝑛
360°
An = n . r2 . tg ( )
2𝑛
e, rearranjando,
𝟑𝟔𝟎°
An = n . tg ( ). r2 (II)
𝟐𝒏
PÁGINA 65
Nº de lados
𝑛 360° 360° 360° 𝑛 360°
do polígono . sen ( ) n . tg ( ) [n . tg ( )] – [ 2 . sen ( )]
2 𝑛 2𝑛 2𝑛 𝑛
(n)
12 3 3,21539030 0,21539030
Observe que:
𝑛 360° 360°
. sen ( ) . r2 = A = n . tg ( ). r2
2 𝑛 2𝑛
𝑛 360°
Fazendo, através da convergência, π = . sen ( ) e, também, π = n . tg
2 𝑛
360°
( ), então,
2𝑛
PÁGINA 66
π . r2 = A = π . r2.
CONCLUSÃO
𝝅 = 𝟑, 𝟏𝟒𝟏𝟓𝟗𝟐...
PÁGINA 67
Foi através deste método, também, que pudemos provar que o comprimento P
da circunferência é dado por:
P = 2𝝅r.
A = 𝝅r2.
PÁGINA 68
UM POUCO DE HISTÓRIA
POVOS DA ANTIGUIDADE
Uma breve visita a alguns povos da antiguidade e sua
relação com a Matemática
AS COMUNIDADES PRIMITIVAS
OS POVOS QUE
VISITAREMOS:
Os Povos da Mesopotâmia Os povos primitivos viviam da caça e da coleta de alimentos. Devido à
Os Egípcios necessidade constante da busca por comida tornaram-se povos nômades.
Os Gregos Desse longínquo período da humanidade, estão registrados limitados
Os Chineses avanços tecnológicos e intelectuais. Não que faltasse a inteligência para
estes povos, na verdade, faltava-lhes ainda a estrutura social e
econômica. Nesta época, todos estavam ocupados demais trabalhando
para tentar sobreviver. Era uma vida atarefada e curta demais para que
houvesse tempo para ponderações filosóficas e científicas. Contudo, por
volta de 20.000 a. C., uma certa cultura já havia sido desenvolvida,
incluindo a confecção de ferramentas, a religião, a arte, o comércio, a
música e a linguagem. Da coleta de alimentos derivou uma matemática
primitiva baseada em um sistema de contagem primitivo.
Porém, este panorama muda com o fim da Idade da Pedra e com a
Revolução Agrícola. Devido à mudanças climáticas o homem saiu das
savanas em busca de melhores condições de vida e encontra terras férteis.
Em decorrência, o homem deixa de ser exclusivamente caçador e coletor e
passa a ser também agricultor. Logo, o alimento deixa de ser escasso e
alguns povos e, dentre eles, alguns privilegiados, passam a ter tempo para
o sedentarismo e o lazer. O estilo de vida muda e surgem novas
civilizações.
69
MESOPOTÂMIA: A ORIGEM A MATEMÁTICA NA MESOPOTÂMIA
DAS CIVILIZAÇÕES
Matemática Agrária e comércial
70
SUMÉRIOS
A MATEMÁTICA NA MESOPOTÂMIA
Os Sumérios são um povo que existiram durante os anos de
4.000 a. C. e 1.600 a. C. na Mesopotâmia. Estes povos
Geometria
enfrentavam constantemente as cheias dos rios Tigre e
Eufrates. Por esse motivo, para conter a força das águas,
Intimamente ligada com a construíam diques, reservatórios, barragens e canais de
mensuração prática, a geometria irrigação, que aproveitavam a água, conduzindo-a para as
babilônica tinha como marca regiões secas.
principal seu caráter algébrico. Deve- Aos Sumérios é atribuída a criação da escrita cuneiforme. O
trabalho com metal, a lapidação de pedras preciosas e a
se, com certeza a estes povos a
confecção de esculturas eram atividades nas quais os
divisão da circunferência em 360°. Já Sumérios também se destacavam. Sua religião era politeísta e
por volta de 2.000 a. C. e 1.600 a. C. um forte aspecto na vida deste povo. Era, também, uma
estes povos estavam familiarizados sociedade baseada na escravidão, embora o número de
com as regras gerais para se calcular escravo fosse reduzido.
Apenas em 2.300 a. C. as cidades sumérias, que eram
a área do retângulo, do triângulo
autônomas e possuíam governos independentes, foram
retângulo e isósceles, e unificadas. A unificação ocorreu sob o governo do rei Sargão I
consideravam a medida da e, na cidade de Acad, surgia o primeiro império da região.
circunferência como o tripo da
medida do diâmetro. Também
tinham a área do círculo como sendo BABILÔNICOS
um duodécimo da área do quadrado
de lado igual à circunferência
Os Babilônicos foram um povo que viveu ao norte da região
respectiva.
habitada pelos Sumérios, entre os anos de 1900 a. C. e 1600 a.
C.. Os Babilônicos tinham um excelente conhecimento em
astronomia, derivado da característica de serem, também,
excelentes observadores de astros. Com isto, desenvolveram
um relógio de sol muito preciso. Sendo atingidos pelas cheias
do Rio Eufrates, os Sumérios pela necessidade de prever tal
fenômeno e de conseguir melhores condições para o
desenvolvimento da agricultura, criaram um preciso e rico
calendário.
Foram dois os reis que se destacaram entre os que
governaram este povo: Hamurabi e Nabucodonosor.
Hamurabi, por volta de 1750 a. C. já havia conquistado toda a
Mesopotâmia, governando um império tinha como capital a
Babilônia. Uma das características de Hamurabi foi impor a
mesma administração a todos os povos por ele dominados.
Outra característica foi a sua legislação, baseada no princípio
de talião (olho por olho e dente por dente). O conjunto de leis
escritas, o mais antigo da história, ficou conhecido como
Código de Hamurabi. Nabucodonosor é muito conhecido pela
construção dos Jardins Suspensos da Babilônia. Além do que,
no seu governo, os Babilônicos conquistaram o povo hebreu e
a cidade de jerusaém.
71
EGÍPCIOS A MATEMÁTICA NO EGITO ANTIGO
Aritmética e álgebra
Geometria
72
GREGOS
A MATEMÁTICA NA GRÉCIA ANTIGA
A Matemática
Com o declínio de impérios, como a A antiga Grécia compreendia uma região o sul dos Balcãs,
Babilônia e o Egito, e ascensão de as ilhas do Mar Egeu, colônias na costa da Ásia Menor,
outros povos, como os Hebreus, Península do Peloponeso e sul da península Itálica. Essa
Assírios, Fenícios e Gregos, aquele região que abarcava todo esse território chamava-se
mundo passou por mudanças Hélade.
econômicas e políticas. Novas O mundo moderno herdou do povo grego um imenso
rotas comerciais se estabeleceram legado cultural. Temos, notadamente, sua presença nas
e as cidades localizadas neste ciências, na Filosofia, no Direito, na grafia de algumas
percurso viram florescer uma nova palavras, na literatura e nas artes em geral, para citar
civilização. Nela se instalou uma alguns exemplos.
atmosfera de racionalismo, Entre as cidades que se destacavam na Grécia, temos
fazendo surgir a matemática no Esparta e Atenas. Muitos dos “pais” das ciências saíram da
sentido moderno da palavra. Grécia, tais como: Pitágoras (Pai da matemática), Heródoto
Neste período, tido como o berço (Pai da História) e Hipócrates (Pai da Medicina). Ainda
da matemática demonstrativa, se merecem destaque os matemáticos Tales de Mileto,
sobressaem Tales de Mileto, Arquimedes e Euclides, entre outros; e, na Filosofia,
segundo a tradição da geometria Platão, Sócrates e Aristóteles.
demonstrativa, e Pitágoras e os
Pitagóricos, com sua aritmética
pitagórica, o Teorema de Pitágoras
e os Ternos pitagóricos, a
Um imenso legado cultural: Ciências,
descoberta dos números Artes, Filosofia, Direito, Literatura...
irracionais, as identidades
algébricas, a utilização da álgebra
geométrica para a resolução de
equações quadráticas e a
transformação de áreas, por
exemplo.
Ainda merecem destaque o criador
da famosa e duradoura escola de
matemática de Alexandria,
Euclides, com os seus Elementos.
73
CHINESES A
MATEMÁTICA NA CHINA
ANTIGA
Estudos recentes dão como o início da civilização chinesa o A matemática chinesa antiga
período de 4.000 anos a trás. Mas, também, há registros que, tinha como traço a
a cerca de 6.000 anos, em Yangzhou, desenvolveu-se uma aplicabilidade, ou seja,
cultura neolítica, sendo o resultado do relacionamento de cálculos orientados numa
alguns povos que se agruparam nas proximidades de Rio sequência de problemas onde
Amarelo, desenvolvendo uma agricultura e pecuária teoria e prática se ligavam.
rudimentares. Eram problemas que envolviam
Os chineses foram responsáveis por muitas invenções e até o porcentagem e proporção,
século XV se destacavam na produção intelectual e regra de três, determinação de
tecnológica. lados de figuras, o que incluía
Entre suas criações, destacam-se a pólvora, a bússola e o cálculos de raízes quadradas e
compasso, por exemplo. cúbicas, volumes, sistemas de
equação lineares e
procedimentos matriciais.
74
DESAFIO
Durante a leitura desta seção você deve ter
percebido que foram feitas referências a alguns
povos da antiguidade. Entre estes povos, temos
os que viveram na região da Mesopotâmia, no
Egito, na Grécia e na China. Você é capaz de
localizar, no mapa seguinte, os continentes
habitados por estes povos?
REFLITA!
A imagem ao lado é de uma escultura que retrata
Pítagoras, o Pai da Matemática. O termo "pai",
desta forma, é usado para indicar o fundador de
alguma área das Ciências. Mas estes filhos possuem
apenas "pais"? Faça uma pesquisa sobre as "mães"
das áreas das Ciências. Em seguida, reflita sobre a
condição imposta à mulher tanto na no campo
científico quanto na sociedade.
75
G L O S S Á R I O
76
ALTURA DE UM TRIÂNGULO é o
segmento de reta que une um vértice ao
lado oposto ou ao prolongamento do lado
oposto, formando com ele um ângulo de
90°.
PÁGINA 77
Obtuso – quando mede mais do
que 90°.
BISSETRIZ DE UM ÂNGULO é a
semirreta de origem no vértice que, com os
lados do ângulo determina dois ângulos de
medidas iguais, isto é, congruentes.
PÁGINA 78
O diâmetro ( d ) da circunferência
é a distância, passando sobre o centro,
entre dois pontos sobre a circunferência, ou
seja, d = 2 . r, ou seja, é a maior corda da
circunferência.
CIRCUNFERÊNCIA é a figura
geométrica plana formada por todos os
pontos do plano que distam r de um ponto
central, que chamaremos de O, fixo.
DIAGONAL DE UM POLÍGONO
CONVEXO é o segmento de reta com
extremidades em dois vértices não
consecutivos.
PÁGINA 79
geométricas, levando em consideração seu
comprimento, área e volume.
Divide-se em:
MEDIANA DE UM TRIÂNGULO é o
segmento de reta que une o seu vértice ao
ponto médio do lado oposto a ele. O ponto
médio é o ponto que divide um lado em
duas partes iguais.
MEDIATRIZ DE UM TRIÂNGULO é
o segmento de reta que parte do ponto
médio de um lado do triângulo e forma,
com este, um ângulo de 90º.
PÁGINA 80
Todo triângulo possui três Plano – não possui espessura nem
mediatrizes que se encontram em um único fronteiras. É, geralmente, indicado por
ponto denominado circuncentro. letras gregas minúsculas.
Reta – geometricamente é
representada por uma linha reta que não
possui começo ou fim e nem espessura.
Será indicado por uma letra minúscula..
PÁGINA 81
Elementos de um polígono:
Número de lados
Nome do polígono
do polígono
Lados consecutivos - lados que
possuem em comum o mesmo vértice; 3 Triângulo
6 Hexágono
7 Heptágono
8 Octógono
9 Eneágono
12 Dodecágono
15 Pentadecágono
20 Icoságono
PÁGINA 82
SETOR CIRCULAR é a uma parte do
círculo delimitada por dois segmentos de
retas distintos que partem do centro da
POLÍGONO CIRCUNSCRITO EM circunferência.
UMA CIRCUNFERÊNCIA é aquele
em que todos os seus lados tangenciam a
circunferência.
PÁGINA 83
Triângulo equilátero – possui os
três lados com mesmo comprimento.
Tipos de retas:
Quanto aos ângulos internos, os Retas concorrentes: duas retas
triângulos são classificados em: são concorrentes quando possuem um
único ponto em comum;
Triângulo acutângulo – possui
três ângulos agudos.
PÁGINA 84
Retas reversas: duas retas são
reversas quando não possuem ponto em
comum e nem um plano em comum que as
contenha;
PÁGINA 85
ÁREA DAS PRINCIPAIS TRAPÉZIO
FIGURAS PLANAS Sendo B a base maior, b a base menor e h
a altura relativa a estes dois lados do
CÍRCULO trapézio, sua área A é dada por:
QUADRADO
RETÂNGULO
Sendo a e b as medidas dos lados do
retângulo, a sua área A é dada por:
A = a . b.
PÁGINA 86
REFERÊNCIAS
BARROSO, Juliane Matsubara (ed.). Conexões com a matemática. 1. ed. São Paulo:
Moderna,
2010. v. 1.
BARROSO, Juliane Matsubara (ed.). Conexões com a matemática. 1. ed. São Paulo:
Moderna,
2010. v. 2.
FERREIRA, Mariana de Lima. Uma análise dos métodos empregados pelos egípcios para
a quadratura do círculo. 2016. 42 f. Monografia (Licenciatura em Matemática) -
Universidade Federal da Paraíba, João pessoa, 2016. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/4065/1/MLF07052018.pdf. Acesso
em: 17 jan. 2020.
GIOVANNI JÚNIOR, José Ruy. A conquista da matemática, 8º ano. São Paulo: FTD, 2009.
IEZZI, Gelso, et al. Matemática: Ciência e aplicações. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v.
1.
IEZZI, Gelso, et al. Matemática: Ciência e aplicações. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v.
2.
SILVA, Alex Gomes da. Construções geométricas com régua e compasso. 2013. 132 f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional) – Instituto de
Matemática, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2013. Disponível em:
http://www.repositorio.ufal.br/bitstream/riufal/2432/1/Constru%C3%A7%C3%B5es%20ge
om%C3%A9tricas%20com%20r%C3%A9gua%20e%20compasso.pdf
Acesso em: 29 nov. 2018.
SILVA, Luiza Camile Rosa da; CARVALHO, Ana Márcia Tucci. De lá para cá: tentativas
de resolução da quadratura do círculo e suas potencialidades. Encontro Paranaense de
Educação Matemática, 2017. Disponível em:
http://www.sbemparana.com.br/eventos/index.php/EPREM/XIV_EPREM/paper/viewFile/22
0/214 . Acesso em: 15 fev. 2020.
SILVA JÚNIOR, Luís Pereira da. Construções geométricas por régua e compasso e
números construtíveis. 2013. 40 f. Dissertação (Mestrado em Matemática) – Centro de
Ciência e Tecnologia, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2013.
Disponível em: http://www.dme.ufcg.edu.br/PROFmat/TCC/Luis.pdf . Acesso em: 15 fev.
2020.
87
SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez. Matemática: ensino médio. 5. ed.São Paulo:
Saraíva, 2007.
TAHAN, Malba. O homem que calculava. 58. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
SITES VISITADOS
https://www.sohistoria.com.br/
https://antigoegito.org/
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/03/o-pi-aparece-nos-lugares-mais-
inesperados.html
https://theconversation.com/pi-pops-up-where-you-dont-expect-it-
55688
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/para-que-serve-a-
sequencia-do-%CF%80/
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/matematica/ numero-pi
88
Página 20; fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/matematica/o-que-sao-
numeros-reais.htm . Acesso em: 17 jan. 2020.
89
Página 25; John Wallis; fonte: https://www.onthisday.com/people/john-wallis. Acesso
em: 17 jan. 2020.
90
Página 26; T2K Tsukuba System; fonte:https://www.popsci.com/scitech/article/2009-
08/japanese-super-computer-calculates-pi-25-trillionth-decimal-point/. Acesso em: 17
jan. 2020.
Página 30; Detalhe da obra Pitagóricos celebram a aurora; Autor: Fyodor Bronnikov.
fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Fyodor_Bronnikov. Acesso em: 17 jan. 2020.
Página 69; A escola de Atenas (1509 – 1511); Autor: Rafael Sanzio. fonte:
https://blogdoenem.com.br/grecia-antiga-legado-cultural-grego/. Acesso em: 17 jan.
2020.
91
Página 75; Imagem; fonte: https://pixabay.com/pt/images/search/mapa%20mundi/
Acesso em: 30 jul. 2020.
92
Direcionamentos
para os
professores
APRESENTAÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA
93
Apresentação
Caro professor,
Constantemente somos alertados para a necessidade de construirmos com os
alunos um ensino de matemática que seja contextualizado e que tenha significado.
Geralmente, então, procuramos relacionar o universo da matemática, ou pelo
menos aquela que ensinamos em sala de aula, à realidade do aluno. Em outras
palavras, procuramos conhecer um pouco mais sobre os nossos alunos, saber, por
exemplo, onde moram, em que trabalham, enfim, procuramos conhecer um pouco
de sua situação social e econômica. O passo seguinte é adequar os conteúdos da
disciplina à realidade dos alunos, isto é: se os alunos moram na zona rural,
procuramos adequar o conteúdo à realidade do campo; ou, se o alunos, para
ajudarem financeiramente suas famílias, trabalham em feiras livres, podemos
adequar o conteúdo a realidade do trabalho.
Mas, será que, desta forma, estamos mesmo dando contextualização e ignificado
ao ensino de matemática? Ou estamos apenas ajudando a adequar mais os
nossos alunos a sociedade desigual em que vivemos?
94
Afirmamos que a resposta para estes questionamentos é que não
basta ensinar a matemática, seja da forma que for, se não tiver como objetivo a
emancipação humana. Não adianta ensinar Geometria Plana, Trigonometria, o
Teorema de Pitágoras, Álgebra e Aritmética, por exemplo, se não for para ajudar aos
alunos a se situarem no mundo como seres históricos, com capacidade de mudar a
nossa realidade para melhor. Todo conteúdo de matemática pode ser explorado de
forma a suscitar uma reflexão sobre a sociedade em que vivemos.
95
O indivíduo como ser histórico-social concreto, com a capacidade de
transformar a sociedade;
Após ler o nosso referencial teórico, vai ficar evidente que o nosso
trabalho, para atender a proposta curricular para o Ensino Médio Integral, decidiu
usar a História da Matemática, por:
Constituir-se como objeto de observação, reflexão e análise para se pensar a
história como eixo dinamizador da realidade social;
Princípio unificador das faces cotidiana,
escolar e científica da Matemática;
Na matemática escolar, assumir o papel
de fomentador da interdisciplinaridade, do
didatismo metodológico, da psicologia motivacional
e político-crítica;
·
Ser agente de formação cultural e
cognitiva.
Também, após essa leitura
notará que nos utilizamos dos argumentos
reforçadores das potencialidades pedagógicas
da História da Matemática e dos usos da história
no ensino da matemática, nas suas vertentes
ornamental e ponderativa, da qual utilizamos o
uso episódico, recorrendo ao uso manipulativo
para a realização de algumas atividades.
Para o caso do professor decida
por utilizar apenas partes do material, vai ter
uma fonte de textos e atividades, para apoiado no
uso da história no ensino da matemática, dentro
dos respectivos dos quais eles
fazem parte, abordar:
96
O Problema da Quadratura do Círculo;
97
REFERENCIAL TEÓRICO
Autores como Ramos (2005, 2008), Araújo e Frigotto (2015), como veremos em seguida,
expõem a concepção e as possibilidades do ensino médio integrado, apontando-o como a
proposta pedagógica que, além de ofertar o ensino profissional de nível médio com base no
princípio educativo do trabalho, oferece uma formação humanística capaz de superar tanto o
caráter dual da escola quanto desigual da sociedade. Desta forma, o ensino médio integrado vai
além apenas da oferta de uma educação profissionalizante de nível médio. O ensino médio
integrado é uma
[...] proposição pedagógica que se compromete com a utopia de uma formação inteira,
que não se satisfaz com a socialização de fragmentos da cultura sistematizada e que
compreende como direitos de todos ao acesso a um processo formativo, inclusive
escolar, que promova o desenvolvimento de suas amplas faculdades físicas e
intelectuais. (ARAÚJO; FRIGOTTO, 2015, p. 62).
Diante desta definição, agrega-se o fato de que um ensino dito realmente integral
compromete-se com o desenvolvimento e ampliação da capacidade das crianças, jovens e
adultos de compreenderem a sua realidade específica e de como ela se relaciona com a
totalidade social. Isto é obtido fazendo do ensino integrado um projeto que utilize-se de
Colocado desta maneira, o conteúdo é referenciado pela utilidade social que possui, pela
capacidade de formar atitudes e comportamentos que promovam o ser humano e que ofereçam
instrumentos capazes de reconhecer e compreender a essência da sociedade e a partir disto,
transformá-la.
Destacando que, para que ocorra uma integração entre ensino médio e educação
profissional, Ramos (2008, p. 03) afirma que esta deve ser entendida dentro de três sentidos
complementares entre si: “como concepção de formação humana, como forma de relacionar
ensino médio e educação profissional; e como relação entre parte e totalidade.”.
98
específica e formação geral, tomando como objeto a formação humana e não a trabalho como
princípio educativo no ensino médio no seu duplo sentido: ontológico e histórico.
[...] nenhum conhecimento específico é definido como tal se não são consideradas as
finalidades e o contexto produtivo em que se aplicam. [...] se ensinado exclusivamente
como conceito específico, profissionalizante, sem sua vinculação com as teorias gerais
do campo científico em que foi formulado, provavelmente não se conseguirá utilizá-lo em
contexto distintos daqueles em que foi aprendido. Neste caso, a pessoa poderá até
executar corretamente procedimentos técnicos, mas não poderá ser considerado um
profissional bem formado. (RAMOS, 2008, p. 17).
Desta forma, para que o ser humano receba uma educação inteira, completa, existe a
necessidade de que haja o entrelaçamento entre os conhecimentos específico e geral. Não se
pode falar de totalidade sem que o geral conheça o específico que o sustenta. E não se pode
falar, também, do específico sem reconhecer o geral, que o contextualiza e dá finalidade. Ter o
trabalho com princípio educativo é reconhecer que o conhecimento geral se apoia na
compreensão da força produtiva, trazendo para a formação do aluno a perspectiva histórica da
própria construção da ciência.
Sob esta perspectiva, os conteúdos de ensino não têm fins em si mesmos nem se limitam
a insumos para o desenvolvimento de competências. Os conteúdos de ensino são
conceitos e teorias que constituem sínteses da apropriação histórica da realidade
material e social pelo homem. (RAMOS, 2008, p.20).
99
Partindo daí, entende-se que a responsabilidade por permitir a apreensão dos
conhecimentos é das disciplinas escolares, que devem recorrer à interdisciplinaridade, pois,
Com este pensamento e tendo como norte os eixos da cultura, da ciência e do trabalho,
mantendo a relação entre os conhecimentos específicos e gerais, construídos durante o percurso
de toda a formação, surgem como possibilidade de movimento no desenho do currículo
integrado:
Desta forma, quando tratamos das possibilidades e desafios que se colocam diante da
organização de um currículo que pense o ensino médio integrado ao ensino técnico, devemos
buscar conceber o indivíduo com ser histórico-social real, capaz de compreender e transformar
o meio em que vive; sintetizar o ensino básico e a formação pra o trabalho com o intuito de formar
o homem humanamente; ter o trabalho como princípio educativo, dentro da perspectiva de que
este torna possível trazer ao homem a compreensão de que as artes e as ciências possuem um
significado de econômico, social, histórico, político e cultural; ter base em uma epistemologia
tenha em conta que os conhecimentos gerais e específicos são unos e em uma metodologia que
possibilite a distinção do que é específico a cada um destes conhecimentos; ter fundamentos em
uma pedagogia em que a construção do conhecimento se dê pelo entrelaçamento do
conhecimento geral como o conhecimento específico, reconhecendo que o primeiro dá
fundamento ao segundo e esse torna evidente a característica de produção concreta do primeiro;
que os eixos trabalho, ciência e cultura fundamentem as diferentes técnicas que dão a
característica do trabalho moderno, como aponta Ramos (2005).
A escola de ensino integral com base no politecnismo, nos lembra Shulgin (2013), forma
cidadãos com horizontes mais amplos, que, devido a sua educação voltada para o mundo do
trabalho, sabe se posicionar dentro deste e trazer para dentro dele a criatividade e a invenção.
100
Isto é conseguido porque durante a sua formação deve ser familiarizado com os avanços
científicos, conhecendo as ciências, entre elas a matemática, e sabendo como aplicá-las na
prática. Neste ponto, o ensino da matemática, sob a ótica do ensino integral, tem que ser
caracterizado pela formação não apenas do profissional que sabe tudo e conhece tudo apenas
dentro de sua profissão, mas, do cidadão que conhece sua profissão e compreende a sociedade
em que vive e, por isso, percebe a possibilidade de transformá-la.
Como salienta Pistrak (2018) para fundamentar a escola do trabalho, alicerce do ensino
integral, é preciso ter em consideração que nem o trabalho nem os conhecimentos matemáticos
constituem as finalidades da educação. Estes fins se encontram em algo mais geral e exterior,
que define o papel e o lugar do trabalho e da matemática no corpo geral da educação. Como
finalidade do ensino integrado se entende a implantação de uma formação humanística, voltada,
dentro da sociedade capitalista, para a construção de uma possível sociedade emancipada. Daí,
compreende-se que o importante é que os conhecimentos teóricos matemáticos não sejam uma
ferramenta em si, a qual se aprende a utilizar e aplicar no trabalho. Mas, antes, que esta ciência
e o trabalho sejam amalgamados com o objetivo de conduzir para os fins do ensino integrado.
Nesse sentido, Pistrak (2018, p. 159-161) ressalta que o ensino da disciplina matemática
não é apenas moldar esta ciência para que, na escola, seja adequada à idade do aluno. Mas
que, principalmente, na escola, sob olhar dos fins gerais da educação, deve ser ensinada como
sendo um instrumento utilizado para compreender e transformar a sociedade. A matemática
pensada para o seu ensino, com instrumento de compreensão e transformação da sociedade,
implica em ensinar está ciência com significado para o aluno, correspondendo a dizer que os
seus conteúdos devem ser escolhidos e ensinados conforme a necessidade de utilização na vida
prática. Isto não quer, dizer de forma alguma, que se nega o fornecimento de conhecimento
matemáticos aos alunos, mas muito pelo contrário, que estes conhecimentos tenham uma oferta
maior e de forma mais científica.
Em outras palavras, nós devemos, não perseguindo a quantidade, dar com qualidade
aquele conhecimento que ajuda o estudante a dominar solidamente os métodos
científicos fundamentais para lidar com os fenômenos da vida, isto é, o conhecimento
necessário para dominar a atualidade. (PISTRAK, 2018, p. 160).
101
o tempo e o esforço desprendido para seu ensino, é facilmente esquecida pouco tempo depois,
visto que, não encontra significado correspondente no cotidiano e na vida.
Dar aos estudantes alguma educação matemática teórica, polir seu intelecto é
algo muito louvável e, talvez, até certo grau, útil. Mas se a execução deste objetivo está
relacionada ao fato de que depois da escola não resta à disposição do estudante uma
ferramenta real para mudança do ambiente, então os objetivos da matemática na escola
geral obrigatória não foram cumpridos. Esta ferramenta, na forma como ela é dada na
escola, rapidamente enferruja e depois de algum tempo fica em mau estado. (PISTRAK,
2015, p. 129).
Este é o principal obstáculo apontado por Pistrak (2015, p. 134) em sua época, e que
ainda é sentido nos dias de hoje: o muro que separa o curso teórico de matemática e sua
transformação na ferramenta que possibilita o conhecimento e compreensão da vida e da
produção. Contribui para reforçar este muro, o ensino isolado da matemática e a prática de
ensiná-la como ciência popularizada. Em absoluto, dentro da escola politécnica e, até mesmo,
nas escolas que não assumem o politecnismo, não há lugar para o trabalho com disciplinas
isoladas e que tratam seus alunos como futuros cientistas. Como afirmado antes, não é negar
aos alunos o acesso ao conhecimento matemático, mas fazer, antes, este acesso de forma
qualitativa e não apenas quantitativa. O que, na verdade, implica em enxergar os nossos alunos
como futuros “membros da produção, o que significa, antes de tudo, que serão pessoas capazes
de pensar política e tecnicamente, preparadas (e capazes) de aumentar e obter
independentemente os conhecimentos teóricos necessários.”.
Reforçando este pensamento, Krupskaya (2017) afirma que o politecnismo não é uma
matéria específica do ensino, que, como as outras, é vista de forma isolada. Muito pelo contrário,
o politecnismo deve impregnar todas as disciplinas. Como consequência, deve haver a seleção
dos conteúdos a serem estudados e uma articulação mútua entre as disciplinas. Porém, dentro
da proposta do ensino integral, com bases no politecnismo, não basta, ainda, ocorrer a
articulação entre as disciplinas. Deve ocorrer, também, as articulações dos conteúdos dentro da
própria disciplina, conforme afirma Berezanskaya (2009), que indo mais além, mostra que o
campo da matemática foi dividido em uma série de seções, com limites bem estabelecidos.
Contudo, estes limites funcionam bem na teoria, mas, na prática se mostram fora da realidade.
102
Neste contexto, Freitas (2010) levanta a preocupação de como a educação matemática
pode dar sua contribuição, qual sua finalidade dentro de um curso de ensino médio integrado à
educação profissional e o que ela tem a oferecer para a realidade que pretendemos construir.
Ressaltando, que inicialmente poderíamos recorrer no erro de minimizar ou desvalorizar a
matemática, por achar que ela, dentro de um curso técnico, serve apenas para subsidiar as
outras disciplinas de conhecimento geral ou às disciplinas profissionalizantes. Este erro acontece
apenas quando esquecemos que a matemática está presente na nossa cotidianidade e que,
portanto, é um instrumento de compreensão das relações sociais, com potencial de contribuir na
formação de cidadãos. Diante disto, este autor aponta para como fazer a materialização destes
pensamentos no interior de uma organização disciplinar ao
[...] assumir que a educação matemática poderá contribuir para a integração curricular
se considerar, mesmo que disciplinarmente, questões que favoreçam a formação do
cidadão, um cidadão que seja capaz de reconhecer seu papel no mundo em que vive e
que consiga garantir suas necessidades de sobrevivência. Mas que, acima de tudo,
possa captar o mundo além das rotinas escolares, que se aproprie da teoria e da prática
e ganhe autonomia perante o mundo do trabalho, se sentindo capaz de contribuir para o
seu próprio crescimento e o crescimento da sociedade (FREITAS, 2010, p. 121).
Deste modo, adaptando as propostas curriculares trazidas por Ramos (2005; 2008) para
o ensino integrado, Freitas (2010, p. 122) defende que a educação matemática, na concepção
do currículo integrado “pode e deve influenciar a formação integral do aluno”. Desde que não
considere apenas a atenção as necessidades das disciplinas profissionalizantes, mas, antes,
sem fechar os olhos totalmente para isto, contribua “para a formação de um cidadão crítico que,
possa sim, com o conhecimento matemático compreender melhor as outras disciplinas [...], bem
como as disciplinas profissionalizantes.”. Ou seja, é pensar a educação matemático tendo o
trabalho como princípio educativo. Isto quer dizer que os conceitos matemáticos devem,
primeiramente, ser um instrumento utilizados para a compreensão da realidade concreta de
onde eles próprios tiveram origem, “mediados ontológica e historicamente pelo trabalho de tal
forma que o estudante possa, por meio dessas relações, não se restringir ao conhecimento de
coisas, mas das relações construídas no plano do pensamento.”.
103
processo educativo de interpretação da temporalidade, da experiência, da
aprendizagem, do conhecimento e do saber-fazer Matemática em todas as suas
dimensões: sócio-cognitiva, cultural, pedagógica e profissional, etc. (MENDES, 2012, p.
70).
As três faces, como constituintes desta ciência, não podem ser vistas de forma separada
e mantêm entre si uma inter-relação. O que é diferente do pensamento existe no senso comum,
que atribui uma hierarquia entre as faces, dando importância maior à face científica, importância
menor à face escolar e, geralmente, desprezando a face cotidiana.
É daí que Mendes (2009, p. 7) propõe que a história da Matemática “seja encarada como
o princípio unificador das faces cotidiana, escolar e científica da Matemática, cujo ensino deve
ser praticado por meio de atividades investigatórias, focadas em seu desenvolvimento teórico.”
Destacando que a matemática escolar, nas palavras de Miguel e Miorim (2011), assume
importantes papeis, que são os seguintes: da interdisciplinaridade, do didatismo metodológico,
da psicologia motivacional e político-crítico. Brevemente, o papel interdisciplinar “possibilita
retirar a Matemática escolar de seu sempre questionado isolamento, imposto por uma já habitual
abordagem estritamente técnico-conteudista” (MIGUEL; MIORIM, 2011, p. 155). Ao assumir este
papel, o que se pretende da Matemática escolar é coloca-la em colaboração com outras
disciplinas escolares para que, juntas, atinjam os objetivos propostos por um projeto de educação
de maior amplitude no interesse de formação de um cidadão mais crítico. O papel didático-
metodológico assumido pela matemática escolar deve procurar se apropriar e dar novo
significado aos saberes que se relacionam à cultura matemática e à educação matemática
escolares. Quando a Matemática escolar assume seu papel psicológico motivacional “tende a
propiciar um ambiente pedagógico que estimula o envolvimento e a participação ativa do
estudante, permitindo-lhe desinibir seus poderes e recursos cognitivos e afetivos.” (MIGUEL;
MIORIM, 2011, p. 155). O papel político-crítico quando assumido pela Matemática escolar visa
fomentar o debate e a reflexão que devem desempenhar, nas relações de poder relacionadas às
configurações e contextos de dados períodos da história, a cultura e a educação matemática.
Neste sentido, Miguel e Miorim (2011) identificam e apontam duas categorias diferentes
de argumentos que amparam e potencializam o uso da história no processo de ensino-
104
aprendizagem da Matemática em sala de aula: os de natureza epistemológica e os de natureza
ética.
Como bem destacado acima, há os elementos que vão condicionar e/ou determinar a
forma como se quer e o que quer ser trabalhado com os estudantes. Como foi dito, estas ações
giram em torno do que se deseja promover, mas não se levou em conta ainda a forma pela qual
esta promoção ocorre.
Há, segundo Fossa (2012), três modos como a História da Matemática pode ser usada
como recurso pedagógico, a saber: como apoio motivacional, como agente de formação cultural
e como agente de cognição. Como apoio motivacional o uso da História da Matemática,
reconhecida a importância desta forma de uso, até pelos seus defensores, é entendida de modo
equivocado. Pois, conforme Miguel (1997), seus defensores utilizem, nesse caso, um enfoque
mecanicista (behaviorista) da motivação. O uso da História da Matemática como agente de
formação cultural, situa a Matemática como um produto da cultura. Pois, o matemático
desenvolve uma atividade racional, portanto, inerente ao Homem, desenvolvida, nas suas
origens, para suprir suas necessidades de sobrevivência. O uso da história da Matemática
como agente cognitivo considera que a aprendizagem é melhor efetivada quando o ser humano
participa como agente ativo da construção do seu conhecimento.
105
[...]o da contextualização e da interdisciplinaridade, ou seja, é o potencial de um tema
permitir conexões entre diversos conceitos matemáticos e entre diferentes formas de
pensamento matemático, ou, ainda, a relevância cultural do tema, tanto no que diz
respeito às suas aplicações dentro ou fora da Matemática, como à sua importância
histórica no desenvolvimento da própria ciência. (BRASIL, 2000, p. 43).
[...]o aspecto motivador de um problema não reside no fato de ser ele “histórico” nem de
ser um “problema”, mas no maior ou menor grau de desafio que oferece ao estudante,
no modo como esse desafio é por ele percebido, no tipo de relações que se estabelecem
entre o problema histórico e os valores, interesses e vivência do estudante, etc.
(MIGUEL; MIORIM, 2011, p. 51).
106
usar a História como um instrumento que possibilita o resgate da identidade cultural, ou seja,
“trata-se pois de proceder à incorporação no currículo das tradições matemática e, para isso, se
faz necessário, antes de mais nada, reconhecer o caráter matemático dessas tradições através
da ampliação do que normalmente se entende por matemática” (MIGUEL, 1997, p.83).
Para melhor explicar esse desenvolvimento, recorremos a Fossa (2012), que introduz as
formas como se utiliza a história no Ensino de Matemática como recurso pedagógico. Para isto,
o autor nos apresenta, inicialmente, as duas formas de uso da História da Matemática em sala
de aula: o uso ornamental e o uso ponderativo. O uso ornamental é aquele há mais tempo é
usado e conhecido por nós, e, também, é a forma mais encontrada nos livros didáticos. Este uso
é aquele que está mais a gosto do aluno, pois, por ser utilizado, geralmente, de forma divertida,
ocasiona um momento de fuga, de certo relaxamento, no qual se pode escapar um pouco de
certa formalidade exigida pelo pensamento matemático. Conforme Fossa (2012), o uso
ornamental da História da Matemática, no que tange ao ensino de conceitos, não se configura
como instrumento apropriado para tal tarefa. O que também não quer dizer que o seu uso não
tenha utilidade, visto que: pode funcionar como primeiro contato com a História da Matemática
e, quando utilizada por um professor mais preparado para tal, pode receber incrementos ,
potencializando seu uso; pode ser usada como um período de recreação, alívio ao cansaço
causado pela necessária concentração, as vezes causador de fadiga, requerida pelo
desenvolvimento do pensamento matemático; e, certamente, para alguns aluno pode funcionar
como elemento motivador. O que não deve ocorrer, de forma alguma, é a obliteração do uso
ornamental, mas que na verdade reconheçamos que ele possui suas limitações, para desta
forma “delimitar o seu papel para evitar falsas expectativa e, ao mesmo tempo, aproveitar o
máximo de tudo que o Uso Ornamental nos tem a oferecer.” (FOSSA, 2012, p. 63). Já o uso
ponderativo utiliza, para ensinar os conceitos da Matemática, a História da Matemática. “Assim,
o conteúdo da Matemática é apresentado através de uma abordagem histórica que geralmente
não triviais, com frequência remontando-se à Matemática aplicada ou a problemas de forte cunho
prático.” (FOSSA, 2012, p. 63). O uso ponderativo subdivide-se, segundo Fossa (2012), em duas
formas de uso: o uso novelesco e o uso episódico. O uso novelesco pode utilizar a História da
Matemática durante todo o curso de uma disciplina. Esta abordagem para um aluno do curso de
Matemática é bastante interessante, como bem coloca o autor, pois oferta ao aluno uma visão
mais profunda de todo desenvolvimento do pensamento matemático dentro da sua área de
estudo, bem como outra perspectiva sobre dúvidas e problemas levantados entre as subáreas
da Matemática. Porém, para alunos de outros cursos que não a Matemática, o uso novelesco
pode não ser configurado como interessante. Neste caso, utilizar o uso episódico seja o mais
sensato, já que,
[...]a utilização da História da Matemática para abordar alguns tópicos selecionados
dentro da disciplina, seria uma opção viável. Contudo, devemos notar que o uso
episódico tem uma tendência de ser menos intensivo, com frequência limitando o papel
da História a uma parte introdutória motivadora (FOSSA, 2012, p. 63).
Deste modo, como colocado, ao assumir esta tendência, o uso episódico tente a ser
confundido com o uso ornamental. Concluindo seu pensamento, Fossa (2012) explica que o
objetivo, tanto do uso ornamental quanto do uso ponderativo, nas suas duas formas, uso
107
novelesco e uso episódico, é o uso manipulativo. Comprovadamente, o uso manipulativo, é um
dos mais eficazes, nas palavras do autor, modos de se ensinar a Matemática, pois faz uso de
atividades estruturadas que utilizam materiais manipulativos para efetivar o ensino.
Portanto, discordamos das propostas pedagógicas que tratam o material didático apenas
como mero recurso ilustrativo. Ao receber somente a ilustração, sem manipulá-la, o aluno é
colocado na condição de expectador passivo da construção do conhecimento. Sendo que, nesta
proposta, é o professor quem direciona o aluno ao que deve ser concluído. Daí, se contrapondo,
existe a proposta que entende que o material didático não tem mera função ilustrativa, pois, na
“manipulação do material didático a ênfase não está sobre os objetos e sim sobre as operações
que com ele se realizam.” (CARVALHO, 1990, p. 107).
REFERÊNCIAS
BARROS, Rafael José Alves do Rego; Mendes, Iran Abreu. Dissertações e teses em História e
Epistemologia da Matemática: contribuições para a abordagem da Geometria Espacial no
Ensino Médio. Revista Principia – Divulgação Científica e Tecnológica do IFPB. [S.I.], n. 37, p.
139-150, dez. 2017. Disponível em:
http://periodicos.ifpb.edu.br/index.php/principia/article/view/1668 . Acesso em: 16 out. 2018.
CARVALHO, Dione Lucchesi de. Metodologia do Ensino de Matemática. São Paulo: Cortez,
1990.
FOSSA, John Andrew. Ensaios sobre a Educação Matemática. 2. ed. São Paulo: Editora
Livraria da Física, 2012.
108
MIGUEL, Antônio. As potencialidades pedagógicas da História da Matemática em questão:
argumentos reforçadores e questionadores. Zetetiké. Campinas, v. 5, n. 8, p. 73-106, jul/dez,
1997.
PISTRAK, Moisey Mikhaylovick. Ensaio sobre a escola politécnica. São Paulo: Expressão
Popular, 2015.
109
Organização e Estrutura
A Quadratura do Círculo
Conteúdos Argumentos reforçadores das
potencialidades pedagógicas da
Principal Números racionais
história da matemática:
Comentários
110
Saiba Mais: Arquimedes
Principal
Expor de forma breve a
biografia de Arquimedes. Sugestão de quiz
Comentários
111
A gênese do número π
Principal
Apresentar a presença e
importância de π na cultura Sugestão de vídeo
de diferentes povos e em
períodos diferentes da
história.
Comentários
Neste capítulo, mergulhamos no tempo para emergir em, vez por outra, em períodos diferentes da história da
humanidade, mas todos marcados pela presença do número π e da tentativa de aproximações de um valor definitivo
para ele. Há, ainda, uma linha do tempo que, partindo de Arquimedes, destaca, cronologicamente, alguns dos
momentos importantes deste número e do trabalho de matemáticos para alcançar aproximações mais exatas. Com
isto, queremos evidenciar que o matemático é, antes de tudo, um homem, ser histórico-social, que, às vezes sozinho,
efetua um trabalho coletivo, apoiando-se no trabalho de outros que o antecederam e que se torna apoio para o
trabalho de outros que virão. Por fim, o capítulo traz frases e poemas que, em diferentes línguas, através de processos
mnemônicos, servem como ajuda na fixação do valor de π. Mais uma vez, há a possibilidade de se trabalhar em
conjunto com outras disciplinas, tais como, História (diferentes períodos da humanidade), Geografia (as diferentes
regiões do globo terrestre), Sociologia (Religião), Filosofia (Religião) e artes (Representações Artísticas: a pintura, a
gravura, as esculturas e a charge), Informática (História dos Computadores), Línguas Estrangeiras (Inglês, Francês e
Espanhol), Língua Portuguesa (Poema). Além destas disciplinas, há a possibilidade de se trabalhar com as disciplinas
relacionadas à prática profissional a relação construída entre a produção de conhecimento e as necessidades
colocadas para a humanidade, enquanto esta produzia sua vida através do trabalho. Para isto, basta evidenciar, por
exemplo, que parte do conhecimento dos egípcios, na antiguidade, surgiu na lama do Rio Nilo de problemas ligados ao
trabalho.
112
Saiba Mais: Pitágoras e os
Pitagóricos
Conteúdos Argumentos reforçadores das
potencialidades pedagógicas da
Principal História da Matemática.
história da matemática:
Comentários
113
Para refletir!
Objetivos
Comentários
114
Orientações
Antes de passarmos para a seção “Para refletir!”, precisamos fazer algumas
considerações sobre os questionamentos que a compõem. Para tanto,
precisamos fazer referência à dissertação Histórias de circunferência e círculo:
possibilidades didáticas na Educação Profissional e Tecnológica, a alguns livros e
aos próprios capítulos deste nosso livro paradidático.
O Ensino Médio Integrado é alicerçado em dois pressupostos filosóficos. Um
destes pressupostos é a concepção de que o homem é um ser histórico-social.
Neste entendimento, a história da humanidade é a história de como o homem
produziu sua vida até então e a história do conhecimento é a história de como o
homem, mediado pelo trabalho, se apropriou socialmente das potencialidades da
natureza em proveito próprio. Por sua vez, a história da matemática, quando
usada como recurso pedagógico na escola, assume importantes papéis. Entres
estes papéis temos o papel político-crítico, que tem como intuito a fomentação
do debate e da reflexão sobre a cultura e a educação matemática, considerando
as relações de poder referentes aos contextos e configurações de dados períodos
da história.
Assim esta seção nasceu da proposta de, situando o homem como ser
histórico-social, estabelecer, usando a história da matemática, o debate sempre
necessário sobre a sociedade capitalista. Ou seja, ao observarmos, refletirmos e
analisarmos sobre os períodos históricos, com vista a estabelecermos uma crítica
ao modo como produzimos nossas vidas, ou seja, estamos utilizando a história da
matemática como um eixo dinamizador da realidade social.
Na primeira questão, para um melhor entendimento sobre as sociedades de
modo de produção escravista, asiático, feudal e capitalista ver Santos (2020), na
seção “O caracol e sua concha”. Sobre a afirmação de que o pensamento
dominante é o pensamento da classe dominante ver A ideologia alemã (MARX;
ENGELS, 2007, p.47) e A pedagogia da autonomia (FREIRE, 2015). Este
questionamento tem como objetivo suscitar a reflexão sobre a forma como
vemos, subestimada e ilusoriamente, outros povos e culturas. Aqui pode ser
explorado, para melhor entendimento da questão pelo aluno, como o trabalho foi
condição estruturante nas sociedades citadas, ressaltando aspectos culturais e
científicos destas.
O segundo questionamento nos leva a refletir sobre as benesses
proporcionadas pelos avanços científicos, mas que, ao mesmo tempo, sem
desqualificá-los, ainda mantêm mazelas que nos perseguem desde a época do
surgimento do homem. O intuito deste questionamento é discutir, utilizando a
seção “Uma breve história de Pi” do capítulo dois deste material, a apropriação
social do conhecimento através do domínio da natureza, da técnica e da
tecnologia, demonstrando como isto ocorreu, mediada pelo trabalho de
matemáticos e outros cientistas, e, dentro da perspectiva de emancipação
humana, como superar, a partir dos estabelecimento de uma crítica, o quadro de
desigualdade social, verificado nas condições concretas como produzimos nossas
vidas. Para uma reflexão sobre desenvolvimento tecnológico e desigualdade
social, ver Marxismo e alienação (KONDER, 2009, p. 24).
115
Para a terceira questão, trazemos uma reflexão sobre o caráter dual da
escola, ou seja, uma escola que se diferencia no atendimento de classes
diferentes. Em Santos (2020), na seção “O princípio educativo do trabalho”, é
feita uma discussão sobre o caráter dual da educação, do seu surgimento a sua
consolidação sob a égide capitalista. Para uma discussão mais aprofundada sobre
o caráter dual da escola, ver no volume dois de Os cadernos do cárcere
(GRAMSCI, 2011, p. 32-53) a discussão sobre a escola unitária. O objetivo de
colocarmos este questionamento é de, demonstrado o caráter dual da escola, que
é combatido através da proposta da escola unitária, sob a qual se assenta o
Ensino Médio Integrado, criticar , através da verificação dos malefícios causados
por esta dualidade, a permanência de tal estado, com vistas a superá-lo.
O quarto questionamento traz uma reflexão sobre a condição da mulher na
sociedade de classes. O questionamento foca no não reconhecimento da
contribuição da mulher no desenvolvimento da Matemática, o que vale para
todas as outras ciências e demais aspectos da vida. Embora o caráter machista
seja característica de todas as formações societárias que trazemos neste livro,
sob o capitalismo este caráter se acentua, fazendo com que haja o tratamento
desigual não somente entre classes, mas também dentro das próprias classes, isto
é, entre homens e mulheres. Desta forma, dentro do que propõe o Ensino Médio
Integrado, a saber, a formação de cidadãos que saibam se posicionar criticamente
perante a sociedade, reconhecer a condição da mulher sob a sociedade capitalista
é fundamental para sua superação. Para um entendimento melhor sobre estas
questões sugerimos a leitura de A nova mulher e a moral sexual (Kolontai, 2000).
Sobre a relação entre o subdesenvolvimento e a ciência é do que trata o
quinto questionamento desta seção. Como consequência desta relação, podemos
verificar no texto que cada sociedade que é destacada em dado período histórico
se destaca também pelo seu desenvolvimento econômico e científico. Portanto, a
reflexão que queremos fazer com este questionamento tem a ver com a nossa
condição de país dependente tanto econômica quanto cientificamente de outros
países, objetivando despertar a necessidade de alterar este quadro. Uma leitura
adequada sobre este tema é realizada em Marxismo e alienação (KONDER, 2009,
p. 24). Nesta questão pode ser explorada a compreensão do desenvolvimento
histórico da produção da tecnologia e da ciência, no entendimento de que o
desenvolvimento e apropriação destes conhecimentos ocorreu de forma social,
surgidos da necessidade de transformar as condições colocadas pela natureza.
Neste sentido ver Santos (2020) e Ramos (2008, p. 8).
Na sexta questão, temos uma discussão sobre a forma como ocorre o
desenvolvimento da ciência. Nos textos deste livro, evidenciamos, que para
Arquimedes desenvolver seu famoso método, utilizou os instrumentos
euclidianos, ou seja, a régua não graduada e o compasso, e com isto determinou
um valor aproximado de Pi. Hoje, com a utilização de supercomputadores
podemos obter uma aproximação para Pi com trilhões de casas decimais. Isto só
aconteceu devido ao trabalho realizado por matemáticos ao longo de séculos de
história e da necessidade do aperfeiçoamento do domínio sobre a natureza. Então
colocamos trazemos este questionamento para ressaltar este aspecto da
116
concepção de que a história do conhecimento é a história do homem mediada
pelo trabalho com o objetivo de se apropriar socialmente do que a natureza tem a
oferecer (SANTOS, 2020). Para uma leitura aprofundada sobre o tema deste
questionamento sugerimos a leitura de KUHN.
Na sétima reflexão, trazemos um pensamento sobre como na antiguidade
o conhecimento era construído a partir de necessidades colocadas pelo trabalho,
do contato do homem com a natureza. Para seu melhor entendimento devemos
voltar ao capítulo dois deste livro e recorrer a Santos (2020), no capítulo “O
trabalho e a educação”. Neste questionamento também chamamos a atenção
para o caráter dual da educação que determina que para as classes subalternas
cabe o ensino para o desenvolvimento de atividades manuais e, de forma
contrária, para as classes dominantes cabe o ensino para o desenvolvimento de
atividades intelectuais. Mas, mesmo dentro desta concepção desigual de ensino,
há ainda outra desigualdade embutida, pois o ensino destinado às classes
subalternas é ofertado de forma precária.
O oitavo questionamento é feito com o auxílio da leitura do poema
Perguntas de um trabalhador que lê, de Bertolt Bretch. Este questionamento tem
o objetivo de que o aluno atente para o fato de que embora nos livros os nomes
citados sejam, em geral, os de reis, cientistas e sábios, por exemplo, cada homem,
cada trabalhador possui sua importância e pode e deve contribuir para a
construção de uma sociedade emancipada, a partir do momento que se
reconhece como ser histórico e social. Deste modo, a partir do reconhecimento
como ser histórico e social, os homens passam a se organizar como classe, com o
poder de determinar o seu destino, controlada e conscientemente. Para um
melhor entendimento ver “Seres humanos desenvolvidos em suas múltiplas
dimensões” em Santos (2020) e Plekhanov (2011), para uma leitura mais
aprofundada do papel que o indivíduo pode desempenhar na história.
A nona questão, utiliza o exemplo histórico dos Pitagóricos que ao se
deparar com a descoberta dos números irracionais, mesmo tendo sua concepção
de mundo ancorada nos números inteiros, aceitaram e absorveram o novo
conhecimento. O debate pretendido com este questionamento é sobre o
conservadorismo, que impede o desenvolvimento de um pensamento crítico e
que mantém ideologicamente o caráter dual da escola. No capitalismo o
conservadorismo é necessário como forma de imposição e manutenção do seu
modo de organização das relações sociais capitalistas, baseadas na apropriação
privada dos meios de produção, na alienação dos trabalhadores, no consumismo
e na satisfação do mercado. Indicamos a leitura de Santos (2020).
Por fim, a décima questão traz o sempre necessário debate sobre o
racismo. O racismo tal qual o machismo sob a égide do capitalismo se acentua e
causa desigualdades dentro das próprias classes. Além do que, pela compreensão
de que toda forma de opressão sobre o povo é necessária para a manutenção do
sistema capitalista, entendemos que o “branqueamento” de povos antigos tem
reflexo sobre o ideário de um país constituído de maioria negra. Deste modo,
para nos situarmos como seres sociais e históricos com a capacidade de
criticamente alterarmos a realidade na qual estamos inseridos é necessário
117
reconhecer no racismo um instrumento de dominação de classe, e que a sua
exposição é necessária para a construção de uma sociedade emancipada.
Sugerimos para um melhor entendimento da questão a leitura de Significado do
protesto negro (FERNANDES, 2017).
REFERÊNCIAS
118
O Método Clássico de
Arquimedes
Conteúdos Argumentos reforçadores das
potencialidades pedagógicas da
Principal O Método Clássico de história da matemática:
Arquimedes.
Comentários
119
Saiba Mais: Trigonometria
Comentários
120
Circunferência e Círculo
Comentários
121
Um Pouco de História – Povos
da Antiguidade
Conteúdos Argumentos reforçadores das
potencialidades pedagógicas da
Principal História da Matemática.
história da matemática:
Comentários
122
Glossário
Conteúdo
Geometria Plana.
Objetivo
Comentários
Nosso glossário abarca, com ilustrações, os termos relativos à Geometria Plana que
aparecem ao longo de todo o material.
123