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1
Juliana Martins de Freitas
2
Juliana Martins de Freitas
Comissão Examinadora
3
Dedico este trabalho
Aos meus pais, Adélia e José Pedro, por darem a mim a base de toda
minha educação, força nos meus momentos de fraqueza, luz para iluminar meus
caminhos e a paz que necessito para o meu descanso.
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Clotilzio Moreira dos Santos, pela dedicação
e disponibilidade, sempre dando apoio, sugestões e contribuições sem as quais o
desenvolvimento desse trabalho não seria possível.
5
RESUMO
6
ABSTRACT
Keywords : doubling the cube, trisection of the angle, squaring the circle .
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO……………………………………………………………..…..10
2.2.1 A Quadratriz..........................................................................53
8
2.3.4 A solução atribuída a Hípias: a trissecção do ângulo usando a
quadratriz....................................................................................................64
3.1 Origami................................................................................................67
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS.................................................................75
9
INTRODUÇÃO
Das épocas mais primitivas até os nossos dias, a Matemática tem desafiado
e cativado estudiosos instigados pela busca de conhecimento, pela curiosidade,
pela necessidade de exploração e pela beleza desta ciência.
a duplicação do cubo;
a quadratura do círculo;
e a trisecção do ângulo.
10
pela primeira vez, pois existem vários relatos a respeito. O que se sabe é que já era
conhecido pelos pitagóricos que dado um quadrado era possível construir, por
régua e compasso, um novo quadrado com o dobro de sua área.
11
Embora não tenham conseguido resolver estes problemas com os
instrumentos especificados, os matemáticos gregos não se deixaram intimidar e,
com engenho notável, foram capazes de achar soluções para os problemas usando
vários outros tipos de instrumentos e construções.
12
CAPÍTULO I
• Com a régua é possível traçar uma reta que passa por dois pontos
distintos previamente dados.
13
determinada, entre outras impossibilidades. Desta forma, fica subentendido que no
decorrer deste trabalho ao nos reportarmos à régua e ao compasso, fazemos
referência aos instrumentos cujas características foram expostas anteriormente.
Vejamos:
onde < P0 > é o subconjunto dos pontos do plano construtíveis a partir de P0,
conforme obtido a seguir:
14
A partir dos pontos A1, O e U podemos construir uma reta perpendicular a
reta suporte do segmento OU passando por O, denotando-a por Oy, e por Ox a reta
suporte do segmento OU. Assim, montamos um sistema ortogonal de coordenadas
no plano.
1 3 1 3
A1(-1, 0), A2(2,0), A3 , , A4 ,
2
.
2 2
2
P1 = < P0 >, P2 = < P1 >, ... , Pn+1= < Pn >, para todo n
Seja P =
n 0
Pn. Podemos notar que P é um subconjunto infinito do plano
Definições:
15
1.2 Pontos e Números Construtíveis
16
passando por B e C, tais que essas perpendiculares intersectam r nos pontos B’ e
C’, de tal forma que os segmentos B’C’ e BC tenham o mesmo comprimento)
17
■
Demonstração:
2 2
a b a b
r OM e r MA x ,0 .
2
2
2 2
2 2
1 2 a b
Destas relações tiramos a b 2 x , ou
2
2
2
1 2 1 1
a b2 4 x 2 4ax a 2 b 2 . Cancelando e elevando a expressão ao
2 2 2
quadrado, obteremos: a b 4 x 4ax a b , o que nos fornece
2 2 2 2 2
4 xx a 0 . Logo x = 0 ou x = a.
18
Reciprocamente, suponhamos a e b construtíveis, isto é, A0(a,0) e
B0(b,0) P . É fácil ver que a reta determinada por O(0,0) e por U(0,1) é
construtível. Assim sabemos construir B0’(0,b) a partir de B0(b,0). Como sabemos
traçar paralelas (ou perpendiculares) segue imediatamente a construção de A(a,b)
a partir de A0(a,0) e B0(0,b), e isto prova a proposição.
19
Notação: Se F é um subcorpo de K, também dizemos que K é uma
extensão de F, e denotemos por KF, ou seja, uma extensão de um corpo F é um
corpo K que o contém.
( 2 ) : {a b 2 , a, b }.
a b
1 2 2.
a 2b
2 2
a 2b 2
20
(i) Um elemento L é algébrico sobre F, se existe um polinômio
não nulo f(X) F[X] tal que f ( ) 0 . Caso contrário, é
dito transcendente sobre F. Para F = , diremos simplesmente
algébrico ou transcendente.
Exemplos:
Note que, pelo fato de ser algébrico sobre F, min( , F ) existe e ele é
irredutível, pois é o polinômio de menor grau tal que é raiz. De fato, se
p( X ) h( X ).g ( X ) em F[X], com os graus de h(X) e g(X) maiores que zero,
então seria raiz de h(X) ou de g(X) que tem graus menores que o grau de p(X).
Como h(X) e g(X) podem ser tomados mônicos, teríamos um absurdo.
21
Um método que muitas vezes nos ajuda a ver a irredutibilidade de um
polinômio é o
Exemplos:
(a) 4X3+3X2 – 9X+6 é irredutível em [X], pois basta usar p=3 no critério
de Eisenstein.
f ( )
F ( ) : , f , g F [ X ], g ( ) 0
g ( )
(i) F ( ) F[ ]
(ii)
B : 1, , 2 ,, n1 é uma F-base para F ( ) . Em particular,
[ F ( ) : F ] n .
22
Demonstração: (i) Basta demonstrar que F ( )
F[ ] e para isto
f ( )
consideremos F ( ) . Se demonstrarmos que g ( ) é inversível em F[ ] ,
g ( )
o item (i) está feito. Como g ( ) 0 , p(X) não pode dividir g(X) e como p(X) é
irredutível mdc(p(X), g(X))=1. Pela identidade de Bezout temos:
1=p(X).h(X)+g(X).h 1(X), com h(X) e h1(X) em F(X). Assim
23
cartesianas é possível expressar a construtibilidade de um ponto P(a,b) em termos
das suas coordenadas reais a e b (veja proposição 4).
ax by c 0
, onde a, a1, b, b1, c, c1 são números racionais.
a1 x b1 y c1 0
Ou seja,
x 2 y 2 x #y " 0
, onde a, b, c, , # , " são elementos de um corpo
ax by c 0
F.
24
Neste caso, a solução se restringe a um ponto ou dois, dependendo da
posição da reta em relação à circunferência. Entretanto, independentemente dessa
posição, ambas as coordenadas dos pontos são da forma p q r , onde p, q, r
são elementos do corpo F. Assim se r não é um quadrado em F a solução do
sistema está na extensão F ( r ) F . De fato, se b 0 (isto é: a reta não é paralela
ao eixo Oy) isolando y na segunda equação, obtemos:
a c
y x .
b b
B $ B 2 4 AC
x .
2A
% x 2 y 2 x #y " 0
2
% x y 2 ' x # ' y " ' 0
x 2 y 2 x #y " 0
'x # # ' y " " ' 0
25
Ou seja, novamente temos um sistema composto por uma equação do segundo
grau e uma equação linear, cujas soluções compreendem um ou dois pontos com
ambas as coordenadas da forma p q r , onde p, q, r são elementos de F.
Novamente, se r não é um quadrado em F, as soluções estão numa extensão
quadrática de F. Então, vamos ver que para obter todos os números reais
construtíveis será necessário, a partir de um corpo original (e ele será o corpo dos
números racionais), fazer uma “infinidade” de extensões quadráticas para obtê-
los. Assim sendo, estamos prontos para dar respostas negativas aos problemas
geométricos da duplicação do cubo, quadratura do círculo e da trissecção do
ângulo & , com régua não graduada e compasso. Comecemos com o
(1) , # C # C;
1
(3) e 0 C C.
26
Na figura acima seja U1 r tal que a medida do segmento OU1 é igual a 1
e D OU tal que o segmento DU1 seja paralelo ao segmento UA1 . Da
semelhança dos triângulos ((OU1 D) ) ((OA1U ) segue que a medida do
1 1
segmento OD é igual a e portanto é construtível. E isto demonstra o
Teorema 4.
= K0 K1 K2 Kn Kn+1 C.
27
então ,0Pn para algum n, isto é, An para algum n, e portanto Kn. Daí
segue imediatamente que:
K : K n C.
n 0
De fato, seja C = Kn .
n 0
Assim, existe n tal que
Vamos supor, por indução, que [Ki : ] é potência de 2 para todo 0 i < n,
e vamos provar que [Kn : ] é potência de 2.
Como Kn-1
Kn e pelo Teorema 1 [Kn : ] = [Kn : Kn-1] . [Kn-1 : ], por
hipótese de indução é suficiente provarmos que [Kn : Kn-1] é potência de 2.
28
Se denotarmos, L0
L1 = L0( 1 )
L2 = L1( 2 )
...
Li = Li-1( i )
...
Lk = L então é suficiente provarmos que [Li : Li-1] é potência de 2.
Como Pn = < Pn-1 > temos que Ai i , #i é obtido por uma das 3 operações
elementares em Pn-1. Pode-se provar, sem grandes dificuldades que i terá que
satisfazer uma equação de grau menor ou igual a 2 (será grau 1 na operação
elementar (I) com coeficientes sobre o corpo Kn-1 = (An-1)).
29
1.4 Impossibilidade da resolução dos três problemas clássicos por
régua não graduada e compasso
2
COROLÁRIO 2: u cos não é construtível.
18
2 2
Demonstração: Se & então 3& . Sabemos que,
18 6
1
cos 3& 4 cos 3 & 3 cos & e daí segue, 8 cos3 & 6 cos & 1 0 , isto é,
2
2
u cos é raiz do polinômio p X 8 X 3 6 X 1 . Como p(X) é irredutível
18
sobre (pois não possui raiz em ), pelo Teorema 2 (ii) temos [(u):] = 3.
Portanto, u não é construtível.
30
Proposição 5: Se r ! 0 é um número real construtível, então r também é
construtível. Em particular 2i
m é construtível para todo i, m .
Demonstração: Seja A(r,0) e seja B(1 + r, 0). Assim, como r é
construtível, segue que A e B são construtíveis. Seja s a reta (construtível)
perpendicular ao segmento OU passando por U e seja M o ponto médio do
segmento OB. Sendo C um dos pontos de interseção da reta s com a
circunferência de centro M e raio MB temos que C P (veja figura abaixo).
Pela geometria vem que UC r .
31
Então, pelo critério de Eisenstein min ( ,) = X3 – 2 . Pelo Teorema 2 (ii) temos
[ ( ) : ] = 3 e pelo Teorema 5 segue que não é construtível (absurdo).
2
Demonstração: Se & Cpodemos ver facilmente que u cos &
18
também seria construtível, mas isto contraria o Corolário 2.
32
CAPÍTULO II
33
Partindo de um cubo arbitrário cuja aresta tenha tamanho x, seu volume é
dado por x3. Logo, a duplicação de um cubo de aresta x requer a construção de um
novo cubo de aresta y, cujo volume é y3 = 2x3, assim sendo, o problema se reduz a
construir uma aresta de medida y x3 2 . Como sabido, a solução se submete à
teoria das equações cúbicas, no entanto, este conhecimento emergiu apenas no
século XVI, na Europa. Ou seja, há dois milênios antes que a natureza dos
números algébricos fosse criada e desenvolvida, os gregos já buscaram solucionar
problemas equivalentes à solução de equações cúbicas ou de maior grau. O
empreendimento de novos conceitos e técnicas tornou possível elucidar tarefas e
promover respostas ou aproximações.
Com efeito, se
1 x y
,
x y 2
vemos que
34
x2 y
x3 xy
Mas como
xy 2
temos que
x3 2.
a x y
x y b
x 2 ay
e que
xy ab
x3 axy a 2b
e assim
x3 a 2b b
,
a3 a3 a
b
então o cubo de aresta x, possui o volume ampliado na razão .
a
35
a x y
.
x y 2a
a x x y
e ,
x y y 2a
logo
(1) x 2 ay e
(2) y 2 2 xa
x2
y ,
a
e assim,
x 3 2 a,
1
A razão dos volumes dos cubos de aresta a e x, respectivamente, é de ,
2
uma vez que
a3 a a a a x y 1
. . . . .
x 3
x x x x y 2a 2
Comentários
36
proporcionais. No entanto, é natural aceitar a analogia com o problema da
duplicação do quadrado.
a x 2 2
Observe que da proporção deduzimos que x =2a , o que prova
x 2a
que o quadrado de lado x tem o dobro da área do quadrado de lado a.
37
2- Suponhamos, agora, que pretendemos transformar o paralelepípedo
em outro com o mesmo volume, a mesma altura a, mas com
uma das arestas da base x . Tendo em vista que o volume terá de
se manter o mesmo, a outra aresta da base terá de se alterar,
vamos denotá-la por y.
a y
(1)
x 2a
38
Assim, a face de arestas a e y transformou-se numa face
quadrada de aresta x, mas com a mesma área: ay=x2 , e assim
temos
a x
(2)
x y
a x y
x y 2a
39
aresta do cubo dado e o dobro desta, parece que as tentativas subsequentes de
duplicação do cubo basearam-se em encontrar uma construção para as duas meias
proporcionais entre estes dois segmentos de reta.
O filósofo grego Platão (viveu de 429 a 347 a.C.) tinha grande interesse
pela Matemática e lhe atribuía importância particular. Gravitaram em torno dele
alguns excelentes matemáticos, como, por exemplo, Árquitas, Eudoxo, Menecmo,
Teeteto, entre outros.
Como sabemos que o cubo não pode ser duplicado somente com régua não
graduada e compasso, esta construção não pode ser efetuada usando somente estes
instrumentos. Vejamos então em que consiste a solução mecânica atribuída a
Platão.
40
A “máquina de Platão” é um dispositivo, formado por partes rígidas, em
que ACDF é uma peça rígida, com os segmentos de retas AC e FD paralelos, e o
segmento CD perpendicular a ambos. O segmento BE é paralelo ao segmento CD
e pode deslizar ao longo de AC e de FD, conforme ilustra a figura a seguir.
OP OC
.
OB OM
OP OB
OB OC
e assim, chegamos a
41
OP OB OC a OB OC
,
OB OC OM OB OC b
a x y
. (1)
x y 2a
x 2 ay, (2)
xy 2a 2 , (3)
y 2 2ax. (4)
42
Para tornar-se mais elucidativo, de (2) podemos ainda deduzir
x2
y , (5)
a
e de (4) deduzimos
y2
x . (6)
2a
x2
como abcissa do ponto de intersecção da parábola y com a hipérbole
a
equilátera xy 2a 2 - a primeira solução de Menécmo
x2
como abcissa do ponto de intersecção da parábola y com a parábola
a
y2
x - a segunda solução de Menécmo.
2a
43
Considere três placas retangulares AEPF, VMHJ, e SGTL que podem
deslizar sobre uma reta de maneira que a placa média, (VMHJ) pode passar por
traz da primeira, (AEPF), e que a última, (SGTL), deslize por traz da do meio.
Suponha que desejamos achar duas meias proporcionais entre a = AE e b = DT ,
conforme a figura seguinte.
AE KA KE
. (1)
BP KB KP
44
BP KP KB
. (2)
CH KH KC
CH KH KC
. (3)
DT KT KD
AP KP KA
. (4)
BH KH KB
Além disso, como os triângulos BHK e CTK são semelhantes, vemos que
BH KH KB
. (5)
CT KT KC
CH KH KC BH KB
, (6)
DT KT KD CT KC
KH
pois ambos têm em comum.
KT
KB
Como (2) e (6) têm em comum, segue-se que
KC
BP KP KB BH KH CH KC
. (7)
CH KH KC CT KT DT KD
KA
Como (1) e (4) têm em comum, segue-se que
KB
AE KA KE AP KP
. (8)
BP KB KP BH KH
BP KP CH
. (9)
CH KH DT
45
De (8) mantenhamos somente as razões que nos interessam:
AE KP
. (10)
BP KH
KP
Como (9) e (10) têm em comum, obtemos, enfim, que
KH
AE BP CH
, (11)
BP CH DT
46
Assim, as medidas dos segmentos CG e BF são as meias proporcionais
procuradas, isto é,
CD CG BF
.
CG BF DB
“Se uma linha reta é dividida em duas partes iguais e se uma outra linha
reta lhe é adicionada, prolongando-a, o retângulo determinado pela linha reta e
pela reta adicionada é igual, se lhe for adicionado o quadrado sobre a metade da
reta, ao quadrado sobre a reta formada pela metade e pela reta adicionada.”
Seja K o ponto médio de AB CD , então (utilizando a Proposição II.6
acima) temos
2 2
AF ' FB + BK FK .
2
Adicionando KE a ambos os membros obtemos
2 2 2 2
AF ' FB BK KE FK KE ,
47
2
Adicionamos K ' E a ambos os membros, obtemos
2 2
AG.CG CE GE . (2)
ou seja,
AF CG
. (3)
AG FB
FA CD FB
.
AG CG DB
CD CG FB
,
CG FB DB
48
Deve-se a Diocles a solução do problema da duplicação do cubo por meio
de uma nova curva - a cissóide. Segundo parece não foi Diocles quem lhe atribuiu
este nome, pois nos seus escritos ele utiliza o termo 'linha' para se referir a tal
curva e além disso, o nome cissóide ('forma de hera') é mencionado pela primeira
vez por Gemino no séc. I a.C, isto é, cerca de um século depois da morte do
inventor Diocles.
Mais tarde, o método usado para gerar a curva atribuída a Diocles foi
generalizado e todas as curvas geradas por um processo análogo ao da cissóide de
Diocles são designadas por cissóides.
A equação polar de uma circunferência que passa pela origem, tem raio R
e centro sobre o eixo dos x é
+
cos & ,
2R
x + cos &
onde *
y +sen& .
49
1
Como, neste caso, R , a equação se reduz a + cos & .
2
Como OP' P' P" OP" e OP P' P" , segue-se que OP' OP" OP , de
maneira que a equação polar da cissóide é
1 sen2&
+ cos & .
cos & cos &
Desta equação obtemos + cos & sen & que, junto com as equações de (*)
2
2
y
obtemos x . Como + x y , a equação cartesiana da cissóide é
2 2 2
+
y2
x ,
x2 y2
ou seja,
x( x2 y 2 ) y 2 0.
a(a 2 b 2 ) b 2 0
a3 ab2 b2 0
b3
a b (1 a)
3 2
2a3 b3.
y3 2.
50
3
Temos, então, que as coordenadas de A são 1, 2 . Se temos um cubo cuja
aresta mede 1, para duplicar seu volume, devemos achar a aresta y de um cubo
que tem volume 2. Ou seja, devemos ter y 2. Assim vemos, portanto, que a
3
51
2.2 A quadratura do círculo
Análogo aos outros dois problemas gregos, o problema que tem por
pretensão a construção de um quadrado cuja área seja igual à de um círculo dado,
utilizando apenas a régua e o compasso, foi solucionado somente no século XIX,
ou seja, demonstrou-se que o problema da quadratura do círculo não tem solução.
52
Veremos agora como os matemáticos gregos encontraram maneiras de
resolver este problema usando curvas e construções que não podem ser
construídos somente com régua não graduada e compasso.
2.2.1 A Quadratriz
A quadratriz foi inventada por Hípias de Elis (viveu em torno de 420 a.C.),
originariamente em suas tentativas para trissectar o ângulo. Tudo indica que foi
Dinóstrato (viveu em torno de 350 a.C.) quem pela primeira vez usou esta curva
para fazer a quadratura do círculo.
53
2a
Afirmamos que AZ , com a o comprimento do lado do quadrado.
Com efeito, sejam & o ângulo PAˆ Z , x MP , y AM e AB AD DC a .
y
Então, devido à proporcionalidade dos dois movimentos, temos que k , com k
&
a constante de proporcionalidade. Quando & , temos que
2
a
k,
2
de maneira que
2a
k
2a&
y .
y 2a&
+ .
sen& sen&
2a& 2a & 2a
AZ lim + lim lim .
& 0 & 0 sen& & 0 sen&
&
(pois lim 1)
& 0 sen&
2a
AZ + .
54
2a
Após obter um segmento de comprimento é imediato construir para
fazer a quadratura do círculo. Com efeito, é fácil dividir, usando somente régua e
2a 1
compasso, por 2a e, em seguida, tomar o inverso de .
55
2.3 A Trisecção do Ângulo
56
No entanto, não será de excluir a hipótese deste problema ter nascido
como uma extensão natural da bissecção de um ângulo, tarefa extremamente fácil
e possível de executar com régua não graduada e compasso. A divisão de um
segmento de reta em várias partes iguais, com os instrumentos euclidianos, é
simples e poderá, também, ter levado ao problema da trissecção do ângulo, num
esforço de transpor para ângulos o que era possível efetuar em segmentos de reta.
Deste modo, o problema da trissecção de um ângulo - ou o mais geral, de dividir
um ângulo em um número qualquer de partes iguais - podia surgir naturalmente.
57
&
Para a , temos que:
3
Ou seja,
cos & cos 2 a sen 2 a . cos a 2.sena. cos a.sena
cos & ,cos a 1 cos a -cos a 2.sen a. cos a
2 2 2
&
Equivalentemente, se tomarmos cos & m e cos p o problema
3
passa então a ser encontrar as raízes da equação 4 p3 3 p m , ou ainda,
4 p3 3 p m 0.
58
2.3.2 A Contribuição de Arquimedes: uma solução do problema por
neusis.
59
Provemos, agora, tal fato, provando que a medida do ângulo ABˆ G é o
dobro da medida do ângulo GBˆ C . Pelo paralelismo de BG e FA, podemos tirar
duas conclusões. Por um lado, as medidas dos ângulos GBˆ C e DFˆB são iguais,
por serem ângulos correspondentes no sistema das retas paralelas cortadas pela
transversal FB. Por outro lado, as medidas dos ângulos BAˆ F e ABˆ G são iguais,
por serem ângulos alternos internos no sistema das mesmas paralelas cortadas
pela transversal AB.
60
Embora se possa afirmar que temos uma solução para o problema da
trissecção do ângulo, o segmento de reta em questão não pode ser inserido apenas
com régua não graduada e compasso. Segundo parece, Arquimedes não
apresentou um processo para inserir o segmento FD; no entanto, podemos mover
adequadamente uma régua com duas marcas (cuja distância seja r, o comprimento
requerido para o segmento FD) de modo a inserir tal segmento. Mas, obviamente,
esse não é o único caminho, pois foram inventados instrumentos mecânicos que
permitem resolver esta neusis.
61
Consideremos a circunferência, de centro P, movendo-se ao longo da reta l
, isto é, sempre com o centro sobre a reta. Seja ainda a reta que une o ponto O ao
ponto P. Os pontos A e B, de intersecção desta reta com a circunferência, quando
esta se move, desenham os dois ramos da conchóide.
62
Seja E a intersecção da conchóide, no lado oposto ao ponto B com relação
a GF, com a reta paralela ao lado BC, que passa por G. Assim, utilizando a
conchóide de Nicomedes, inserimos o segmento DE, cuja medida é o dobro da do
segmento BG, entre GF e GE, e passando pelo ponto B.
63
mas não a ambos simultaneamente. Embora a conchóide de Nicomedes permita
obter uma solução para o problema da trissecção do ângulo, o nosso problema
inicial continua sem solução, já que não é possível desenhar a conchóide de
Nicomedes apenas com régua não graduada e compasso.
64
Trissectamos o segmento BP (a trissecção de um segmento é possível com
régua não graduada e compasso), sendo BR a sua terça parte. Por R traçamos uma
outra paralela a BC e designamos por L o ponto de intersecção dessa paralela com
a quadratriz. Assim, a medida do ângulo LBˆ C é a terça parte da medida do
ângulo ABˆ C .
ou seja,
BP med ( ABˆ C )
.
BR med ( LBˆ C )
65
segmentos de reta, a quadratriz permite reduzir a multissecção de um ângulo
agudo à multissecção de um segmento de reta.
Observe que, embora seja possível construir, com régua não graduada e
compasso, alguns pontos da curva quadratriz, não é possível desenhar a curva na
sua totalidade, com o uso apenas dos instrumentos euclidianos. Continuamos,
assim, sem uma solução para o problema de acordo com as regras de resolução
inicialmente impostas.
66
CAPÍTULO III
3.1 Origami
67
maiores envergaduras de asas já obtidas e dispositivos que se “dobram e
desdobram” aumentando a eficiência das aeronaves e economizando espaço.
Um fato curioso foi que a forma mais eficiente para levar objetos grandes
e planos ao espaço, tais como antenas e painéis solares de satélites, de maneira tal
que ocupem pouco espaço durante o transporte, e uma vez no destino final,
possam ser abertos rapidamente e com o mínimo gasto de energia, foi solucionada
com o origami. O mesmo principio pode ser aplicado para dobrar mapas.
68
3.2 Resolvendo o problema da duplicação do cubo com origami
69
(3) Dobrar e abrir.
70
(6) As linhas de dobrado horizontais dividem a folha em três partes iguais.
3
Os passos a seguir determinam 2 . As linhas que não são relevantes
foram eliminadas para maior clareza.
(7) Dobrar de forma que o ponto A fique sobre a borda direita, e o ponto B
sobre a linha horizontal indicada.
71
Demonstração
yC s
tg ( )
xC l s
yD 1
xD 2
s 1 l
2s l s s
ls 2 3
72
Agora, demonstraremos que a dobra do passo (7) determina 3 2 sobre a
borda direita da folha. Para isso, colocamos novamente um par de eixos
cartesianos x e y, com origem no canto inferior esquerdo da folha de papel,
conforme a figura seguinte.
y A' y A 1 0 1
tg ( # ) (1)
x A' x A l 0 l
2l l 2l l l
yB ' yB 3 3
3 3 (2)
xB ' xB a0 a a
73
l a l a
x A" xB" 2 2 l a 2 l a
2 ' (3)
yB" y A" l 1 l 1 2 l 1 l 1
2 2 2
l
1 3 l2
a
l a 3
1 l a
l l 1
l2
l
1 3 3l 2 l 3
l 1
l l 1 3
3l 3 3l 2 l 3 l 3 3l 2 3l 3 0
l 13 2 0
Portanto, substituindo t l 1 , obtemos:
t3 2 0 t 3 2
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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