Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Orientadora
Profa. Dra. Suzete Maria Silva Afonso
510 Bonelli, Rebeca Cristina
B712d Desigualdades matemáticas e aplicações / Rebeca
Cristina Bonelli. - Rio Claro, 2017
114 f. : il., figs.
2
TERMO DE APROVAÇÃO
1 Introdução 17
3 Desigualdades Matemáticas 29
3.1 Desigualdades entre as médias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2 Desigualdades Geométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3 Desigualdades de Bernoulli, Cauchy-Schwarz, Triangular, Chebyshev
e Surányi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.4 Caso geral das Desigualdades entre as médias . . . . . . . . . . . . 65
3.5 Convexidade e Desigualdades de Jensen, Young e Hölder . . . . . . 70
3.6 Generalização de desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Referências 107
17
18 Introdução
Além disso, ao final do trabalho, exibiremos um apêndice em que apresentaremos
os conceitos de relação de ordem, corpo e corpo ordenado, a fim de concluirmos
que o conjunto C dos números complexos é um corpo não-ordenado, embora haja
relações de ordem definidas nele.
Este trabalho está dividido em quatro capítulos. O Capítulo 2 traz uma breve
exposição sobre desigualdades elementares que serão úteis para os próximos capítu-
los. No Capítulo 3, são apresentadas e demonstradas desigualdades matemáticas
importantes, como as Desigualdades entre as médias, as Desigualdades Geométri-
cas, Desigualdades de Bernoulli, Cauchy-Schwarz, Triangular, Chebyshev, Surányi,
Jensen, Young e Hölder. O Capítulo 4 está destinado a aplicações, em problemas
de matemática do Ensino Médio, das desigualdades matemáticas abordadas nos
capítulos precedentes.
As principais referências utilizadas para a confecção deste trabalho foram [1],
[3], [4], [5], [7], [9] e [10].
2 Desigualdades elementares e
suas aplicações
1
x+ ≥2
x
(x − 1)2 ≥ 0 ⇔ x2 − 2x + 1 ≥ 0 ⇔ x2 + 1 ≥ 2x.
1
x2 + 1 ≥ 2x ⇔ x + ≥ 2.
x
Além disso, para x = 1, a igualdade é satisfeita.
a b
+ ≥2
b a
é verdadeira para a, b ∈ R+
∗ . A igualdade ocorre se a = b.
Demonstração. Para a, b ∈ R+ 2
∗ , temos que (a − b) ≥ 0. Então,
Como a, b ∈ R+
∗ , então ab > 0. Assim,
a b
a2 + b2 ≥ 2ab ⇔ + ≥ 2.
b a
a b
Agora, se a − b = 0, isto é, a = b, então = = 1 e, consequentemente, a
b a
igualdade é satisfeita.
21
Teorema 2.1 (Desigualdade de Nesbitt). Para a, b, c ∈ R+
∗ , a desigualdade
a b c 3
+ + ≥
b+c c+a a+b 2
Então:
a+b b+c a+c c+b b+a a+c
+ + + + + ≥2+2+2
b+c a+b c+b a+c a+c b+a
! ! !
a+b a+c b+c a+c c+b b+a
+ + + + + ≥6
b+c c+b a+b b+a a+c a+c
2a + (b + c) (a + b) + 2c (a + c) + 2b
+ + ≥6
b+c a+b a+c
2a b+c a+b 2c a+c 2b
+ + + + + ≥6
b+c b+c a+b a+b a+c a+c
2a 2c 2b
+1+1+ +1+ ≥6
b+c a+b a+c
2a 2c 2b
+ + ≥3
b+c a+b a+c
!
a c b
2 + + ≥3
b+c a+b a+c
a c b 3
+ + ≥ .
b+c a+b a+c 2
a+b b+c a+c c+b b+a a+c
Agora, se a = b = c, então = , = e = e,
b+c a+b c+b a+c a+c b+a
portanto, a igualdade é satisfeita.
a2 + b2 + c2 ≥ ab + bc + ca.
1 1 1 1
abc + + + >a+b+c+
a b c abc
é verdadeira.
23
1
Demonstração. Como b > 1, segue que < 1. Agora, como a > 1, temos que
b
1 1 1 1
a > 1 > e, assim, a > . Do mesmo modo, temos que b > e c > .
b b c a
Então:
1 1
a> ⇒a− >0
b b
1 1
b> ⇒b− >0
c c
1 1
c > ⇒ c − > 0.
a a
Portanto, ! ! !
1 1 1
a− b− c− > 0.
b c a
Consequentemente, usando a propriedade distributiva entre os números reais,
obtemos
! ! !
1 1 1
a− b− c− >0
b c a
ab ac a 1 c 1
abc − − + −c+ + − >0
a c ac a bc abc
1 1 1 1
abc − b − a + − c + + − >0
c a b abc
1 1 1 1
abc + + + > a + b + c + .
a b c abc
x12 − x9 + x4 − x + 1 > 0.
é verdadeira.
1. x < 1;
2. x ≥ 1.
Como x ≥ 1, temos:
x3 − 1 ≥ 0;
x8 + 1 ≥ 2.
Então, x(x3 − 1)(x8 + 1) ≥ 0 e, assim,
x4 + y 4 + z 2 + 1 ≥ 2x(xy 2 − x + z + 1)
1
xy + yz + 2zx ≤
2
1
é verdadeira. A igualdade ocorre se, e somente se, x = z =e y = 0.
2
Demonstração. Como por hipótese, x + y + z = 1, demonstraremos a desigualdade
acima provando que
2xy + 2yz + 4zx ≤ (x + y + z)2 .
Portanto,
Além disso,
(x + y + z)2 − 2xy − 2yz − 4zx = (x2 + y 2 + z 2 + 2xy + 2xz + 2yz) − 2xy − 2yz − 4zx
= x2 + y 2 + z 2 − 2zx.
Mas,
Assim,
de onde obtemos:
2xy + 2yz + 4zx ≤ (x + y + z)2 .
26 Desigualdades elementares e suas aplicações
Logo, como x + y + z = 1, segue que (x + y + z)2 = 1 e
1
2xy + 2yz + 4zx ≤ 1 ⇔ 2(xy + yz + 2zx) ≤ 1 ⇔ xy + yz + 2zx ≤ .
2
é verdadeira para x, y, z ∈ R+
∗ tais que x + y + z = 3. A igualdade ocorre se, e
somente se, x = y = z = 1.
3(x + y + z) = 3 · 3 = 9 = (x + y + z)2
= (x + y)2 + 2(x + y)z + z 2
= x2 + 2xy + y 2 + 2xz + 2yz + z 2
= x2 + y 2 + z 2 + 2xy + 2yz + 2zx
= x2 + y 2 + z 2 + 2(xy + yz + zx).
Mas,
3x + 3y + 3z = x2 + y 2 + z 2 + 2(xy + yz + zx)
⇔ 2(xy + yz + zx) = 3x + 3y + 3z − x2 − y 2 − z 2
1
⇔ xy + yz + zx = (3x − x2 + 3y − y 2 + 3z − z 2 ).
2
27
Então,
√ √ √ √ √ √ 1
x+ z − (xy + yz + zx) = x + y + z − (3x − x2 )−
y+
2
1 √ √ √ 1
− (3y − y 2 + 3z − z 2 ) = x + y + z + (x2 − 3x + y 2 − 3y + z 2 − 3z) =
2 2
2√ 2√ 2√ 1 2
= x+ y+ z + (x − 3x + y 2 − 3y + z 2 − 3z),
2 2 2 2
de onde segue que
√ √ √ √ √
!
1 √
x+ y+ z−(xy+yz+zx) = (x2 −3x+2 x)+(y 2 −3y+2 y)+(z 2 −3z+2 z) =
2
1 √ √ √ √ √ √
!
√ √ √
= x( x · x − 3 x + 2) + y( y · y − 3 y + 2) + z( z · z − 3 z + 2) =
2
1 √ √ √ √ √ √
!
√ √ √
= x( x − 1)2 ( x + 2) + y( y − 1)2 ( y + 2) + z( z − 1)2 ( z + 2) .
2
Agora, como x, y, z ∈ R+ temos:
√ √ √ ∗
x > 0, y > 0, z > 0 ;
√ √ √
( x − 1)2 ≥ 0, ( y − 1)2 ≥ 0, ( z − 1)2 ≥ 0;
√ √ √
x + 2 > 0, y + 2 > 0, z + 2 > 0,
Daí,
1 √ √ √ √ √ √
!
√ √ √
x( x − 1)2 ( x + 2) + y( y − 1)2 ( y + 2) + z( z − 1)2 ( z + 2) ≥ 0
2
√ √ √ √ √ √
e, portanto, x + y + z − (xy + yz + zx) ≥ 0, ou seja, x + y + z ≥
≥ (xy + yz + zx).
√ √ √
A igualdade ocorre se, e somente se, ( x−1)2 = 0, ( y−1)2 = 0 e ( z−1)2 = 0,
isto é, se, e somente se, x = y = z = 1.
s
a2 + b 2 a+b √ 2
QM = , AM = , GM = ab e HM = 1 1 .
2 2 +
a b
Então,
QM ≥ AM ≥ GM ≥ HM.
29
30 Desigualdades Matemáticas
Demonstração. Primeiramente, demonstraremos que QM ≥ AM . Para a, b ∈ R+
∗
temos:
(a − b)2 ≥ 0 ⇔ a2 + b2 − 2ab ≥ 0
⇔ a2 + b2 ≥ 2ab
⇔ 2(a2 + b2 ) ≥ a2 + b2 + 2ab
⇔ 2(a2 + b2 ) ≥ (a + b)2
a2 + b 2 (a + b)2
⇔ ≥
2 4
!2
2 2
a +b a+b
⇔ ≥
2 2
s v
!2
2 2
u
a +b u a+b
⇔ ≥ t
2 2
s
a2 + b2 a+b
⇔ ≥ .
2 2
√ √ √
( a − b)2 ≥ 0 ⇔ a + b − 2 ab ≥ 0
√
⇔ a + b ≥ 2 ab
a+b √
⇔ ≥ ab.
2
√ √
Note que a igualdade se verifica se, e somente se, ( a − b)2 = 0, isto é, a = b.
Por fim, provaremos que GM ≥ HM . De fato, para a, b ∈ R+ ∗ , temos:
√ √ √
( a − b)2 ≥ 0 ⇔ a + b − 2 ab ≥ 0
√
⇔ a + b ≥ 2 ab
√
a+b 2 ab
⇔ ≥
a+b√ a+b
2 ab
⇔ 1≥
a+b
Desigualdades entre as médias 31
1 2
⇔√ ≥
ab a+b
√
ab 2
⇔ ≥
ab a+b
√ 2ab
⇔ ab ≥
a+b
2
√
⇔ ab ≥ 1
a+b
ab
√ 2
⇔ ab ≥
a+b
ab
√ 2
⇔ ab ≥ 1 1 .
+
a b
√ √
A igualdade se verifica se, e somente se, ( a − b)2 = 0, ou melhor, a = b.
3(a2 + b2 + c2 ) = a2 + b2 + c2 + 2(a2 + b2 + c2 )
xy yz zx
+ + ≥1
z x y
1
é verdadeira. A igualdade ocorre se, e somente se, x = y = z = .
3
Demonstração. Temos:
xy yz zx 1 xy 1 xy 1 yz 1 yz 1 zx 1 zx
+ + = + + + + +
z x y 2 z 2 z 2 x 2 x 2 y 2 y
! ! !
1 xy yz 1 yz zx 1 zx xy
= + + + + +
2 z x 2 x y 2 y z
yz zx √ 2 zx xy √ 2
! s ! s
1 yz zx 1 zx xy
+ ≥ · = z =z e + ≥ · = x = x.
2 x y x y 2 y z y z
Desigualdades entre as médias 33
Portanto,
! ! !
xy yz zx 1 xy yz 1 yz zx 1 zx xy
+ + = + + + + +
z x y 2 z x 2 x y 2 y z
≥y+z+x
=x+y+z
= 1.
Agora, de acordo com o Teorema 3.1, segue que a igualdade ocorre se, e somente
xy yz zx
se, = = , o que implica em x = y = z. Mas, por hipótese, x + y + z = 1.
z x y
1
Assim, a igualdade ocorre se, e somente se, x = y = z = .
3
Proposição 3.2. Para a, b, c ∈ R+
∗ , a desigualdade
! ! !
1 1 1
a+ b+ c+ ≥8
b c a
s s
1 1 b
b+ ≥2 b· =2
c c c
s
1 1 c
r
c+ ≥2 c· =2 .
a a a
Então,
! ! ! s s
1 1 1 a b c abc
r r
a+ b+ c+ ≥2 ·2 ·2 =8 = 8.
b c a b c a abc
34 Desigualdades Matemáticas
Agora, pela demonstração do Teorema 3.1, temos que a igualdade ocorre se, e
1 1 1
somente se, a = , b = e c = , o que implica em a · b = 1, b · c = 1 e c · a = 1,
b c a
de onde concluímos que a = b = c.
ab bc ca a+b+c
+ + ≤
a + b + 2c b + c + 2a c + a + 2b 4
é verdadeira.
ab ab
=
a + b + 2c (a + c) + (b + c)
ab 1
=
1 (a + c) + (b + c)
1 (a + c) + (b + c)
≤ ab ·
4 (a + c)(b + c)
" #
ab 1 1
= · + .
4 a+c b+c
Analogamente, " #
bc bc 1 1
≤ · +
b + c + 2a 4 a+b a+c
e " #
ca ca 1 1
≤ · + .
c + a + 2b 4 b+c a+b
Desigualdades entre as médias 35
Portanto,
" # " #
ab bc ca ab 1 1 bc 1 1
+ + ≤ · + + · +
a + b + 2c b + c + 2a c + a + 2b 4 a+c b+c 4 a+b a+c
" #
ca 1 1
+ · +
4 b+c a+b
" #
1 ab ab bc bc ca ca
= + + + + +
4 a+c b+c a+b a+c b+c a+b
" #
1 ab + bc ab + ca bc + ca
= + +
4 a+c b+c a+b
" #
1 b(a + c) a(b + c) c(b + a)
= + +
4 a+c b+c a+b
1
= [b + a + c]
4
a+b+c
= .
4
Agora, a igualdade ocorre se, e somente se, a + c = b + c, a + b = a + c e
b + c = a + b, isto é, a = b = c.
a+b+c √
3
√
3
≥ abc ⇔ a + b + c ≥ 3 abc
3
e que, neste caso, a + b + c = 1, temos que:
ab + bc + ca = (ab + bc + ca).1
= (ab + bc + ca)(a + b + c)
q √
3
≥ 3 3 (ab)(bc)(ca) · 3 abc
√3
√3
= 9 a2 b2 c2 · abc
√3
= 9 a3 b3 c3 = 9abc.
1 1 1 3
+ + ≥ ,
1 + ab 1 + bc 1 + ca 2
é verdadeira para a, b, c ∈ R+ 2 2 2
∗ tais que a + b + c = 3. A igualdade ocorre se, e
somente se, a = b = c = 1.
x+y+z 3
≥ 1 1 1, para x, y, z ∈ R+
∗.
3 + +
x y z
1 1 1
Portanto, para x = ,y= ez= , temos:
1 + ab 1 + bc 1 + ca
1 1 1 9
+ + ≥ 1 1 1
1 + ab 1 + bc 1 + ca + +
1 1 1
1 + ab 1 + bc 1 + ca
9
=
1 + ab + 1 + bc + 1 + ca
9
= .
3 + ab + bc + ca
9 9 9 3
≥ 2 2 2
= = .
3 + ab + bc + ca 3 + (a + b + c ) 3+3 2
Logo,
1 1 1 3
+ + ≥ .
1 + ab 1 + bc 1 + ca 2
A igualdade ocorre se, e somente se, ab = bc = ca, isto é, a = b = c. Mas, como
a + b2 + c2 = 3, então a igualdade ocorre se, e somente se, a = b = c = 1.
2
s s s
a+b b+c c+a √
+ + ≥3 2
c a b
Desigualdades entre as médias 37
é válida. A igualdade ocorre se, e somente se, a = b = c.
o que prova o desejado. Além disso, pelas demonstrações dos Teoremas 3.1 e 3.2, a
igualdade ocorre se, e somente se, a = b = c.
a2 + b 2 b 2 + c 2 c 2 + a2
+ + ≥2
c a b
é verdadeira para a, b, c ∈ R+
∗ tais que a + b + c = 1. A igualdade ocorre se, e
1
somente se, a = b = c = .
3
Demonstração. Para a, b, c ∈ R+
∗ segue que
(a − b)2 ≥ 0 ⇒ a2 + b2 ≥ 2ab
38 Desigualdades Matemáticas
(b − c)2 ≥ 0 ⇒ b2 + c2 ≥ 2bc
(c − a)2 ≥ 0 ⇒ c2 + a2 ≥ 2ca.
ab bc ca
Ademais, a igualdade ocorre se, e somente se, = = , isto é, a = b = c.
c a b
Agora, através da hipótese de que a + b + c = 1, vemos que a igualdade ocorre se, e
1
somente se, a = b = c = .
3
Proposição 3.8. Para a, b, c ∈ R+
∗ tais que abc = 1, é verdadeira a seguinte
desigualdade:
a2 + b2 + c2 + ab + bc + ca
√ √ √ ≥ 2.
a+ b+ c
A igualdade ocorre se, e somente se, a = b = c = 1.
Além disso, a igualdade ocorre se, e somente se, a2 = bc, b2 = ca e c2 = ab, isto
é, a3 = abc = 1, b3 = cab = 1 e c3 = abc = 1. Por conseguinte, a igualdade ocorre
se, e somente se, a3 = b3 = c3 = 1, o que implica em a = b = c = 1.
é verdadeira para a, b, c ∈ R+
∗ . A igualdade ocorre se, e somente se, a = b = c.
1 1 1 3
Ainda, como ≤ √
3
e, portanto, √
3
≥ , concluímos
a+b+c 3 abc abc a+b+c
que
3abc 3 9abc
q ≥ 3abc · = .
3
(a + b)(b + c)(c + a) (a + b) + (b + c) + (c + a) 2(a + b + c)
a2 b 2 c 2
+ + ≥a+b+c
b c a
é verdadeira. A igualdade ocorre se, e somente se, a = b = c.
a2
+b
s
a2 · b a2 √
b ≥ ⇔ + b ≥ 2 a2 = 2a.
2 b b
b2 c2
+ c ≥ 2b e + a ≥ 2c.
c a
Desigualdades entre as médias 41
Portanto,
a2 b2 c2
+ b + + c + + a ≥ 2a + 2b + 2c,
b c a
de onde segue que
a2 b 2 c 2
+ + ≥ a + b + c.
b c a
Agora, a igualdade ocorre se, e somente se, a = b, b = c e c = a, isto é, se, e
somente se a = b = c.
a3 b3 c3
+ + ≥ a + b + c,
bc ca ab
é verdadeira para a, b, c ∈ R+
∗ . A igualdade ocorre se, e somente se, a = b = c.
a3
+b+c
s
3 a
3
a3 √
bc ≥ ·b·c⇔
3
+ b + c ≥ 3 a3 = 3a,
3 bc bc
visto que a, b, c ∈ R+
∗.
De modo análogo temos:
b3 c3
+ c + a ≥ 3b e + a + b ≥ 3c.
ca ab
Portanto,
a3 b3 c3
+b+c+ +c+a+ + a + b ≥ 3a + 3b + 3c
bc ca ab
a3 b3 c3
⇔ + + + 2a + 2b + 2c ≥ 3a + 3b + 3c
bc ca ab
a3 b3 c3
⇔ + + ≥ a + b + c.
bc ca ab
Além disso, a igualdade se verifica se, e somente se, a = b = c.
42 Desigualdades Matemáticas
3.2 Desigualdades Geométricas
Nesta seção, serão apresentadas as desigualdades geométricas, que têm como
variáveis as medidas dos lados de um triângulo dado. Porém, outras variáveis tam-
bém podem aparecer, como a medida dos ângulos, por exemplo. Para demonstrar
tais desigualdades, usamos as desigualdades entre as médias, como veremos.
Sejam a, b e c as medidas dos lados de um triângulo e sejam
3 a b c
≤ + + < 2.
2 b+c c+a a+b
3 a b c
A igualdade = + + ocorre se, e somente se, a = b = c.
2 b+c c+a a+b
Demonstração. Como a, b e c são as medidas dos lados de um triângulo, segue que
a + b > c, b + c > a e a + c > b. Portanto,
a+b+c
2(a + b) = (a + b) + (a + b) > a + b + c ⇔ (a + b) > = s.
2
Do mesmo modo, temos:
(b + c) > s e (a + c) > s.
Desigualdades Geométricas 43
Logo,
a b c a b c a+b+c 2s
+ + < + + = = = 2.
b+c a+c a+b s s s s s
Provemos agora, a primeira desigualdade. Para tanto, tomemos b+c = x, a+c =
= y e a + b = z.
Assim,
y + z − (c + b) y+z−x
2a + c + b = y + z ⇒ 2a = y + z − (c + b) ⇒ a = = .
2 2
De forma análoga, obtemos:
z+x−y x+y−z
b= e c= .
2 2
Agora, usando a Proposição 2.2 do Capítulo 1, temos:
1 1 1 9
+ + ≥ ,
s−a s−b s−c s
1 1 1
+ + 3
s−a s−b s−c ≥ ,
3 s−a+s−b+s−c
1 1 1 9
+ + ≥
s−a s−b s−c 3s − (a + b + c)
9
=
a+b+c
3( ) − (a + b + c)
2
9
=
a+b+c
2
9
= .
s
A igualdade ocorre se, e somente se, s − a = s − b, s − b = s − c e s − c = s − a,
isto é, a = b = c, ou seja, a igualdade ocorre somente no triângulo equilátero.
Demonstração. Para a, b, c ∈ R+ 2 2 2
∗ , temos (a − b) ≥ 0, (b − c) ≥ 0 e (c − a) ≥ 0.
Assim,
Analogamente,
e
c2 ≥ c2 − (a − b)2 = c2 − a2 − b2 + 2ab = (c + a − b)(c + b − a).
Desigualdades Geométricas 45
Portanto,
a = x + y, b = y + z e c = z + x, x, y, z > 0.
Então,
1 1 1 1 1 1
+ + ≤ + +
a b c a+b−c b+c−a c+a−b
1 1
+ 2 2 1
a+b−c b+c−a ≥ = = .
2 a+b−c+b+c−a 2b b
Analogamente,
1 1
+
a+b−c c+a−b ≥ 1
2 a
e
1 1
+
b + c − a c + a − b ≥ 1.
2 c
Portanto,
!
1 1 1 1 2 2 2
+ + = + + =
a+b−c b+c−a c+a−b 2 a+b−c b+c−a c+a−b
! !
1 1 1 1 1
= + + + +
2 a+b−c b+c−a a+b−c c+a−b
!!
1 1 1 1 1
+ + ≥ + + .
b+c−a c+a−b a b c
π aα + bβ + cγ π
≤ < .
3 a+b+c 2
Desigualdades Geométricas 47
π aα + bβ + cγ
A igualdade = ocorre se, e somente se, a = b = c.
3 a+b+c
π aα + bβ + cγ
Demonstração. Primeiramente, demonstraremos que ≤ . Para
3 a+b+c
isso, assumiremos, sem perda de generalidade, a ≥ b ≥ c. Assim, α ≥ β ≥ γ, e
α + β + γ = π.
Portanto, temos:
a−b≥0 e α−β ≥0
b−c≥0 e β−γ ≥0
c − a ≤ 0 e γ − α ≤ 0,
(b − c)(β − γ) ≥ 0
(c − a)(γ − α) ≥ 0.
Sendo assim,
b + c > a ⇒ a + b + c > 2a
a + b > c ⇒ a + b + c > 2c
Assim,
α(a + b + c) > 2aα
e, portanto,
de onde se obtém:
2(aα + bβ + cγ) aα + bβ + cγ α+β+γ π
α+β+γ > ⇔ < = .
a+b+c a+b+c 2 2
(1 + x1 )(1 + x2 ) . . . (1 + xn ) ≥ 1 + x1 + x2 + · · · + xn . (3.2)
(x1 + x2 + · · · + xk )xk+1 ≥ 0.
Portanto,
Logo, pelo Princípio de Indução Finita, para xi ∈ R, i ∈ {1, ..., n}, tais que
xi > −1 e têm o mesmo sinal, a desigualdade (3.2) é verdadeira.
(1 + x)n ≥ 1 + nx.
50 Desigualdades Matemáticas
Demonstração. Pelo Teorema 3.3, fazendo xi = x, para todo i ∈ {1, . . . , n}, temos:
(1 + x)(1 + x) . . . (1 + x) ≥ 1 + x
|
+ x +{z· · · + x}
n−vezes
ou seja,
(1 + x)n ≥ 1 + nx.
n
! n
! n
!2
a2i b2i
X X X
≥ ai b i ,
i=1 i=1 i=1
isto é,
Como n
(ai − bi x)2 ≥ 0,
X
(3.3)
i=1
então o delta da equação do segundo grau (3.3) deve ser não-positivo, ou seja,
n n n
ai bi )2 − 4( b2i )( a2i ) ≤ 0
X X X
(−2
i=1 i=1 i=1
n n n
ai bi )2 ≤ 4( b2i )( a2i )
X X X
4(
i=1 i=1 i=1
Desigualdades de Bernoulli, Cauchy-Schwarz, Triangular, Chebyshev e Surányi 51
n n n
ai b i ) 2 ≤ ( b2i )( a2i ).
X X X
(
i=1 i=1 i=1
|a + b| ≤ |a| + |b|.
54 Desigualdades Matemáticas
A igualdade ocorre se, e somente se, a e b tiverem o mesmo sinal.
isto é,
(ai − aj )(bi − bj ) ≥ 0,
isto é,
ai b i − ai b j − aj b i + aj b j ≥ 0 ⇔ ai b i + aj b j ≥ ai b j + aj b i .
56 Desigualdades Matemáticas
Agora,
n n
! !
X X
ai bi = a1 (b1 + b2 + · · · + bn ) + a2 (b1 + b2 + · · · + bn ) + · · · +
i=1 i=1
an (b1 + b2 + · · · + bn )
= (a1 b1 + a1 b2 + · · · + a1 bn ) + (a2 b1 + a2 b2 + · · · + a2 bn ) + · · · +
(an b1 + an b2 + · · · + an bn )
≤ a1 b1 + a2 b2 + a2 b2 + a1 b1 + a3 b3 + a2 b2 + a3 b3 + a3 b3 + · · · +
a1 b 1 + an b n + a2 b 2 + an b n + · · · + an b n
n
X
=n· ai b i .
i=1
(1 + x)α ≥ 1 + αx.
Observe que
f 0 (0) = 0
Desigualdades de Bernoulli, Cauchy-Schwarz, Triangular, Chebyshev e Surányi 57
f 0 (x) < 0 se − 1 < x < 0
ou seja,
(1 + x)α − 1 − αx ≥ 0, para todo x ∈ (−1, +∞),
(1 + x)α ≥ 1 + αx.
isto é,
(1 − 1)a11 + 1 · a1 = a1 ≥ a1 · 1 = a1 · a01 .
(2 − 1)(a21 + a22 ) + 2 · (a1 · a2 ) = a21 + a22 + 2a1 a2 = (a1 + a2 )2 = (a1 + a2 ) · (a12−1 + a22−1 ).
k k k k k
! ! !
aki ak−1 ak−1
X Y X X X
(k − 1) +k ai ≥ ai i = i , (3.7)
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1
k k k k
!
ak+1 + kak+1 aki + akk+1
X Y Y X
k i k+1 + kak+1 ai + ak+1 ai − (1 + ak+1 ) ≥ 0. (3.9)
i=1 i=1 i=1 i=1
k k k
!
ak−1 aki
Y X X
kak+1 ai ≥ ak+1 · 1 · i − (k − 1)ak+1 (3.10)
i=1 i=1 i=1
k k k k k
! ! !
ak+1 aki aki − ak−1 (k−1)akk+1 + ai −ak−1
X X X X Y
k i − −ak+1 k i +ak+1 k+1 ≥ 0.
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1
(3.11)
Para mostrar que a desigualdade acima é válida, mostraremos que
k k k k
! !
ak+1 aki aki ak−1
X X X X
k i − − ak+1 k − i ≥0
i=1 i=1 i=1 i=1
e
k
!
ak+1 (k − 1)akk+1 + ai − ak−1
Y
k+1 ≥ 0.
i=1
k
!
1)akk+1 ak−1
Y
De fato, ak+1 (k − + ai − k+1 ≥ 0, pois:
i=1
k k
! !
1)akk+1 ak−1 1)akk+1 ak−1
Y Y
ak+1 (k − + ai − k+1 = ak+1 (ai − ak+1 + ak+1 ) + (k − − k+1
i=1 i=1
k
!
akk+1 ak−1 1)akk+1 ak−1
X
≥ ak+1 + k+1 · (ai − ak+1 ) + (k − − k+1 = 0.
i=1
60 Desigualdades Matemáticas
Agora, pela Desigualdade de Chebyshev, segue que
k k k k
aki ≥ ak−1 ak−1
X X X X
k ai · i = i ,
i=1 i=1 i=1 i=1
isto é,
k k
aki − ak−1
X X
k i ≥ 0.
i=1 i=1
1
Como a1 + a2 + ... + ak + ak+1 = 1 e a1 ≥ a2 ≥ ... ≥ ak+1 temos que ak+1 ≤ .
k
Portanto, para mostrar a desigualdade
k k k k
! !
ak+1 aki aki ak−1
X X X X
k i − − ak+1 k − i ≥ 0,
i=1 i=1 i=1 i=1
k k k k
! !
1 X
ak+1 aki aki − ak−1
X X X
k i − ≥ k i ,
i=1 i=1 k i=1 i=1
que é equivalente a
k k k
1X
ak+1 ak−1 aki .
X X
k i + ≥ 2 (3.12)
i=1 k i=1 i i=1
a b c 3
+ + ≥
b+c c+a a+b 2
Porém,
! !
1 1 1 1 1 1 1
(a+b+c) + + = ((b+c)+(c+a)+(a+b)) + + .
b+c c+a a+b 2 b+c c+a a+b
Além disso, pelo Teorema 3.7, concluímos que a igualdade ocorre se, e somente
se, b + c = c + a = a + b, isto é, a = b = c.
Então,
!
a2 b2 c2
+ + (2(a + b + c)) ≥ (a + b + c)2 ,
b+c c+a a+b
é verdadeira.
Portanto,
! !
1 1 1 a+b c+a b+c
4s · + + ≤3 + + ,
α β γ γ β α
ou seja, !
b+c c+a a+b 4s 1 1 1
+ + ≥ + + .
α β γ 3 α β γ
64 Desigualdades Matemáticas
Agora, como AM ≥ HM , segue que
1 1 1 9
+ + ≥ .
α β γ α+β+γ
Assim,
!
b+c c+a a+b 4s 1 1 1 4s 9 12s
+ + ≥ + + ≥ · = .
α β γ 3 α β γ 3 α+β+γ π
! !
a1 a2 an 1 1 1 1
+ + ··· + ≥ + + ··· +
2 − a1 2 − a2 2 − an n 2 − a1 2 − a2 2 − an
1 n·n
≥ ·
n 2 − a1 + 2 − a2 + · · · + 2 − an
1 n2
= ·
n 2n − (a1 + a2 + · · · + an )
1 n2
= ·
n 2n − 1
n
= .
2n − 1
Caso geral das Desigualdades entre as médias 65
A igualdade ocorre se, e somente se, a1 = a2 = · · · = an . Mas, como temos a
hipótese de que a1 + a2 + · · · + an = 1, concluímos que a igualdade ocorre se, e
1
somente se, a1 = a2 = · · · = an = .
n
QM ≥ AM ≥ GM ≥ HM.
a1 a2 an
x1 · x2 · · · · · xn = √n a a ...a
· √ n a a ...a
· ··· · √
n a a ...a
1 2 n 1 2 n 1 2 n
a1 a2 . . . an
= √
( n a1 a2 . . . an )n
a1 a2 . . . an
= = 1.
a1 a2 . . . an
66 Desigualdades Matemáticas
Agora, observe que:
a1 + a2 + · · · + an √ a1 + a2 + · · · + an
≥ n a1 a2 . . . an ⇔ √ ≥n
n n a a ...a
1 2 n
a1 a2
⇔ √n a a ...a
+ √
n a a ...a
+ ···+
1 2 n 1 2 n
an
+ √
n a a ...a
≥n
1 2 n
⇔ x1 + x2 + · · · + xn ≥ n,
x1 + x2 + · · · + xn ≥ n (3.13)
x1 + x2 + · · · + xk + xk+1 = |1 + 1 + ·{z
· · + 1 + 1} = k + 1
k+1 vezes
x1 x2 + x3 + · · · + xk+1 ≥ k
x1 + x2 + · · · + xk+1 = x1 x2 + x3 + · · · + xk+1 + 1 + x1 + x2 − x1 x2 − 1
= x1 x2 + x3 + · · · + xk+1 + 1 + (x2 − 1)(1 − x1 )
≥ k + 1 + (x2 − 1)(1 − x1 ) ≥ k + 1.
√
1 n a1 a2 . . . an n √
1 ≤ ⇔ 1 ≤ a1 a2 . . . an
n
1 1 n 1 1
+ + ... + + ...
a1 a2 an a1 a2 an
√ n
⇔ n a1 a2 . . . an ≥ 1 1 1 .
+ + ...
a1 a2 an
s v
!2
(a21 + a22 + · · · + a2n ) u
u
a1 + a2 + · · · + an
≥t
n n
a1 + a2 + · · · + an
= .
n
Caso geral das Desigualdades entre as médias 69
Assim, pela Desigualdade de Cauchy-Schwarz, a igualdade ocorre se, e somente
se, as sequências (a1 , a2 , . . . , an ) e (1, 1, . . . , 1) forem proporcionais, isto é,
a1 a2 an
= = · · · = , de onde segue que a1 = a2 = · · · = an .
1 1 1
a−k −k −k
1 + a2 + · · · + an ≥ n
k+1
.
√ a1 + a2 + · · · + an 1
n
a1 a2 . . . an ≤ = .
n n
s
1 n
1 1 1
Então, n ≤ √ , o que é equivalente a n ≤ ... .
n a1 a2 . . . an a1 a2 an
Desse modo,
v
s !k u !k
k n
1 1 1 k
u
n 1 1 1
n ≤ ... ⇔n ≤ t
...
a1 a2 an a1 a2 an
v
u !k !k !k
k
u
n 1 1 1
⇔n ≤ t
...
a1 a2 an
q
⇔ nk ≤ a−k −k
n −k
1 a2 . . . an .
⇔ a−k −k −k
1 + a2 + · · · + an ≥ n
k+1
.
1
A igualdade ocorre se, e somente se, a1 = a2 = · · · = an = .
n
70 Desigualdades Matemáticas
3.5 Convexidade e Desigualdades de Jensen, Young
e Hölder
Nesta seção, apresentaremos a Desigualdade de Jensen, a qual é amplamente
usada na demonstração de outras desigualdades. Trata-se de uma desigualdade em
relação às chamadas funções convexas. O conceito de função convexa será exposto
a seguir.
Definição 3.3. Uma função f : [a, b] → R é convexa no intervalo [a, b] se, para
quaisquer x, y ∈ [a, b] e α ∈ [0, 1], vale a desigualdade:
Exemplo 3.7. A função f (x) = sen x, para x ∈ (π, 2π), é convexa. Porém, para
x ∈ (0, π), a função sen x é côncava, pois −f em (0, π) é convexa, conforme aponta
o gráfico abaixo.
O teorema seguinte nos fornece um critério para determinar quando uma função
é convexa. Para analisar a demonstração deste resultado, o leitor pode consultar a
referência [6].
f100 (x) ≥ 0
f200 (x) ≥ 0
..
.
fn00 (x) ≥ 0,
para todo x ∈ (a, b). Assim, tomando f (x) = c1 f1 (x) + c2 f2 (x) + · · · + cn fn (x),
temos:
f 00 (x) = c1 f100 (x) + c2 f200 (x) + · · · + cn fn00 (x)
Convexidade e Desigualdades de Jensen, Young e Hölder 73
e, portanto, f 00 (x) ≥ 0 para todo x ∈ (a, b), uma vez que ci ∈ (0, +∞) e fi é
convexa para todo i = 1, 2, . . . , n. Logo, f é convexa em (a, b).
isto é,
Logo,
f (α1 x1 + α2 x2 ) ≤ α1 f (x1 ) + α2 f (x2 ).
α1 α2 αk
Chamemos yk+1 = x1 + x2 + · · · + xk .
1 − αk+1 1 − αk+1 1 − αk+1
Agora, como a < xi < b, para todo i = 1, 2, . . . , k, temos
α1 α2 αk
yk+1 = x1 + x2 + · · · + xk
1 − αk+1 1 − αk+1 1 − αk+1
α1 α2 αk
< b+ b + ··· + b
1 − αk+1 1 − αk+1 1 − αk+1
b
= (α1 + α2 + · · · + αk )
1 − αk+1
b
= (1 − αk+1 ) = b.
1 − αk+1
De modo análogo, podemos concluir que yk+1 > a. Portanto, yk+1 ∈ (a, b).
Agora, como f é convexa em (a, b), temos:
α1 + α2 + · · · + αk
= 1,
1 − αk+1
Convexidade e Desigualdades de Jensen, Young e Hölder 75
ou seja,
α1 α2 αk
+ + ··· + = 1.
1 − αk+1 1 − αk+1 1 − αk+1
Usando a hipótese de indução, obtemos:
!
α1 α2 αk
f (yk+1 ) = f x1 + x2 + · · · + xk (3.18)
1 − αk+1 1 − αk+1 1 − αk+1
α1 α2 αk
≤ f (x1 ) + f (x2 ) + · · · + f (xk ). (3.19)
1 − αk+1 1 − αk+1 1 − αk+1
!
1 1 1
− ln(α1 x1 + α2 x2 + · · · + αn xn ) = − ln x1 + x2 + · · · + xn
n n n
!
x1 + x2 + · · · + xn
= − ln
n
−(ln x1 + ln x2 + · · · + ln xn )
≤ .
n
Assim,
!
x1 + x2 + · · · + xn ln x1 + ln x2 + · · · + ln xn
ln ≥
n n
!
ln x1 + ln x2 + · · · + ln xn x1 + x2 + · · · + x n
≤ ln
n n
!
1 x1 + x2 + · · · + xn
· (ln x1 + ln x2 + · · · + ln xn ) ≤ ln
n n
!
1 x1 + x2 + · · · + xn
· (ln x1 x2 . . . xn ) ≤ ln
n n
!
1 x 1 + x2 + · · · + xn
ln(x1 x2 . . . xn ) ≤ ln
n
n
x1 + x 2 + · · · + xn
1
(x1 x2 . . . xn ) n ≤
n
√ x1 + x2 + · · · + xn
n
x1 x2 . . . xn ≤ .
n
Dessa forma, provamos a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica,
usando a convexidade da função ln e a Desigualdade de Jensen (Teorema 3.12).
ou seja,
de onde se obtém
ou seja, ! √
sen α + sen β + sen γ α+β+γ π 3
≤ sen = sen = .
3 3 3 2
Logo,
! √
q
3
sen α + sen β + sen γ α+β+γ 3
sen α. sen β. sen γ ≤ ≤ sen = ,
3 3 2
π
A igualdade ocorre quando α = β = γ = , isto é, quando o triângulo é
3
equilátero.
√ q √ q
Exemplo 3.13. A desigualdade x + 1 + y + 1 + z + 1 ≥ 6(x + y + z) é
2 2 2
Logo,
√ q √ q
x2 + 1 + y2 + 1 + z 2 + 1 ≥ 6(x + y + z).
ap b q
ab ≤ + .
p q
Demonstração. Sejam x1 , x2 , y1 , y2 ∈ R+
∗ , com y1 +y2 = 1. Como a função logaritmo
natural é côncava em (0, +∞) (veja o Exemplo 3.10), segue que
ln(y1 x1 + y2 x2 ) ≥ y1 ln x1 + y2 ln x2 ,
80 Desigualdades Matemáticas
1
pela Desigualdade de Jensen (Equação 3.20). Fazendo x1 = ap , x2 = bq , y1 = e
p
1
y2 = , temos que:
q
!
1 p 1 q 1 1
ln a + b ≥ ln ap + ln bq = ln(a.b).
p q p q
ap b q
ab ≤ + .
p q
Corolário 3.8 (Desigualdade de Young com ε). Sejam a e b números reais não-
1 1
negativos, p, q > 1 tal que + = 1. Então,
p q
ab ≤ εap + C(ε)bq ,
ξp 1
Seja então ε = , isto é, ξ = (εp) p . Sendo assim,
p
1
ab ≤ εap + q · bq = εap + C(ε)bq .
q(εp) p
n n
!1 n
!1
p q
p q
X X X
ai b i ≤ ai bi .
i=1 i=1 i=1
n
!1
p
p
X
Demonstração. Sejam A e B números reais positivos dados por A = ai e
i=1
n
!1
q
q
X
B= bi . Note que
i=1
n n
X X ai bi
ai bi ≤ AB ⇔ · ≤ 1.
i=1 i=1 A B
n
X ai bi ai bi
Vamos, então, provar que · ≤ 1. Com efeito, fazendo xi = e yi = ,
i=1 A B A B
para i ∈ {1, ..., n}, temos
n n
p 1 X p 1
· Ap = 1
X
xi = a i =
i=1 Ap i=1 Ap
e n n
q 1 X q 1
· B q = 1.
X
yi = b i =
i=1 B q i=1 Bq
Assim, pela Desigualdade de Young, segue que
n n
xpi yiq
!
X X
xi yi ≤ +
i=1 i=1 p q
n n
1X 1X
= xpi + yq
p i=1 q i=1 i
1 1
= + = 1.
p q
n
!2 n
! n
!
a2i mi b2i mi
X X X
ai bi mi ≤ .
i=1 i=1 i=1
a1 a2 an
A igualdade ocorre quando = = ··· = .
b1 b2 bn
Demonstração. Como mi > 0, para todo i ∈ {1, 2, . . . , n}, podemos considerar o
trinômio do quadrado perfeito:
n n
√ √
(ai mi − xbi mi )2 = (a2i mi − 2xai bi mi + x2 b2i mi )
X X
i=1 i=1
n n n
! !
a2i mi 2
b2i mi
X X X
= − 2x ai bi mi + x
i=1 i=1 i=1
n
√ √
(ai mi − xbi mi )2 ≥ 0. Portanto, o delta da equação do segundo
X
Sabemos que
i=1
n n n
a2i mi − 2x( ai bi mi ) + x2 ( b2i mi ), deve ser menor do que ou igual
X X X
grau em x,
i=1 i=1 i=1
a zero, ou seja, devemos ter
" n
!#2 n
! n
!
b2i mi a2i mi
X X X
−2 ai bi mi −4· · ≤0
i=1 i=1 i=1
n
!2 n
! n
!
b2i mi a2i mi
X X X
4 ai bi mi ≤4· · ,
i=1 i=1 i=1
n
!2 n
! n
!
a2i mi b2i mi
X X X
ai bi mi ≤ · .
i=1 i=1 i=1
√ √
A igualdade
√ ocorre quando ai mi − xbi mi = 0, i = 1, 2, . . . , n, o que implica
ai mi ai
x= √ = , i = 1, 2, . . . , n.
bi mi bi
Observação 3.2. Se tivermos, no Teorema 3.13, a hipótese adicional de que
m1 = m2 = · · · = mn = m então obteremos a primeira Desigualdade de Cauchy-
Schwarz estudada (veja Teorema 3.4), pois:
n
!2 n
! n
!
a2i mi b2i mi
X X X
ai bi mi ≤ ·
i=1 i=1 i=1
n
!2 n
! n
!
a2i m b2i m
X X X
ai b i m ≤ ·
i=1 i=1 i=1
" n
!#2 n
! n
!
a2i b2i
X X X
m ai bi ≤m ·m
i=1 i=1 i=1
n
!2 n
! n
!
2 2
a2i b2i
X X X
m · ai b i ≤m · ·
i=1 i=1 i=1
n
!2 n
! n
!
a2i b2i
X X X
ai b i ≤ ·
i=1 i=1 i=1
A prova do próximo resultado é extensa, mas pode ser feita, sem dificuldades,
usando o Princípio de Indução Finita. Por esta razão, não a apresentaremos aqui.
O leitor pode encontrá-la em [5], Teorema 10.2, página 107.
a1 b 1 a2 b 2 an b n (a1 + a2 + · · · + an )(b1 + b2 + · · · + bn )
+ + ··· + ≥ .
c1 c2 cn c1 + c2 + · · · + cn
a1 · 1 a2 · 1 an · 1 (a1 + a2 + · · · + an )(1 + 1 + · · · + 1)
+ + ··· + ≥
s − 2a1 s − 2a2 s − 2an s − 2a1 + s − 2a2 + · · · + s − 2an
(a1 + a2 + · · · + an ) · n
=
n · s − 2(a1 + a2 + · · · + an )
s·n
=
n · s − 2s
n
= .
n−2
a1 a2 an
Observação 3.3. Se na hipótese do Teorema 3.14 tivermos ≥ ≥ ··· ≥ e
c1 c2 cn
b1 b2 bn
≤ ≤ · · · ≤ , então a seguinte desigualdade será válida:
c1 c2 cn
n
X n
X
n
ai · bi
X ai b i i=1 i=1
≤ n .
i=1 ci X
c1
i=1
Generalização de desigualdades 85
a1 a2 b1
Este fato pode ser percebido especialmente quando n = 2, pois se ≥ e ≤
c1 c2 c1
b2
, então a1 c2 − a2 c1 ≥ 0 e b1 c2 − b2 c1 ≤ 0 e, portanto, (a1 c2 − a2 c1 )(b1 c2 − b2 c1 ) ≤ 0.
c2
Observação 3.4. Para a1 ≥ a2 ≥ · · · ≥ an ≥ 0, b1 ≥ b2 ≥ · · · ≥ bn ≥ 0 e
0 < c1 ≤ c2 ≤ · · · ≤ cn , temos:
a1 a2 a2 an b 1 b2 b2 bn
≥ ≥ ≥ ··· ≥ e ≥ ≥ ≥ ··· ≥ .
c1 c1 c2 cn c1 c1 c2 cn
Portanto, pelo Teorema 3.14, concluímos que:
n
X n
X
n
ai · bi
X ai b i i=1 i=1
≥ n .
i=1 ci X
c1
i=1
Para r = 1, temos:
a1 + a2 + · · · + an
M1 (a) = ,
n
que equivale a média aritmética.
Para r = 2, temos:
!1 s
a21 + a22 + · · · + a2n 2
a21 + a22 + · · · + a2n
M2 (a) = = ,
n n
temos que
ar1 +···+arn
ln n
lim
lim Mr (a) = er→0+ r .
r→0
Mas,
r
+ · · · + arn
r
a + · · · + arn
a
1 1
ln ln − ln 1
lim n = lim+ n
r→0+ r r→0 r
r
d a1 + · · · + arn
= ln
dr n r=0
1
= ln(a1 a2 . . . an ).
n
Portanto,
1 1 √
lim Mr (a) = eln(a1 a2 ...an ) n = (a1 a2 . . . an ) n = n
a1 a2 . . . an .
r→0
Mr (a) ≤ Ms (a), se r ≤ s.
(a2 + b2 + c2 )3 ≤ 3(a3 + b3 + c3 )2
é verdadeira.
De fato, pelo Teorema 3.15, temos:
isto é,
!1 !1
a2 + b2 + c2 2
a3 + b 3 + c 3 3
≤ ,
3 3
de onde segue que
(a2 + b2 + c2 )3 ≤ 3(a3 + b3 + c3 )2 .
1
Note que se m1 = m2 = · · · = mn = , então Mrm (a) = Mr (a). E se n = 3,
n
88 Desigualdades Matemáticas
1 1 1
r = 4, m1 = , m2 = e m3 = , então
2 3 6
!1
1 4 1 4 1 4 4
M4m (x, y, z) = x + y + z .
2 3 6
isto é,
1 1
(ar1 m1 + ar2 m2 + · · · + arn mn ) r ≤ (as1 m1 + as2 m2 + · · · + asn mn ) s .
com m1 + m2 + · · · + mn = 1 e x1 , x2 , . . . , xn ∈ R, ou seja,
s s s s
(m1 x1 + m2 x2 + · · · + mn xn ) r ≤ m1 x1r + m2 x2r + · · · + mn xnr .
para x1 , x2 , . . . , xn ∈ R.
Fazendo xi = ari para i = 1, 2, . . . , n, segue que:
s
(m1 ar1 + m2 ar2 + · · · + mn arn ) r ≥ m1 as1 + m2 as2 + · · · + mn asn .
(a + 2b + 3c)2
≤ 6.
a2 + 2b2 + 3c2
90 Desigualdades Matemáticas
1 2 3
Com efeito, tomando m1 = , m2 = e m3 = , temos m1 + m2 + m3 = 1.
6 6 6
Pelo Teorema 3.16, temos que, para r = 1 e s = 2, vale:
Portanto,
!1 !1 !2 ! 1 !2
1 1 2 1 3 1 1
1 2 2 2 3 2 2
a + 2b + 3c a2 + 2b2 + 3c2 2
a+ b+ c ≤ a+ b+ c ⇔ ≤ ,
6 6 6 6 6 6 6 6
1
De fato, tomando m1 = m2 = m3 = , temos m1 + m2 + m3 = 1. Pelo Teorema
3
3.16, segue que:
M1m (a, b, c) ≤ Mnm (a, b, c),
Logo,
Aplicação 4.1. Esta aplicação, sugerida por [5], é destinada aos alunos que
desejam participar de Olimpíadas de Matemática.
Problema: Sejam a, b e c números reais positivos tais que a + b + c = 1. Prove
a seguinte desigualdade:
!2 !2 !2
1 1 1 100
a+ + b+ + c+ ≥ .
a b c 3
93
94 Aplicações de desigualdades matemáticas no Ensino Médio
! ! !! ! ! !
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
f a+ + b+ + c+ ≤ f a+ + f b+ + f c+
3 a 3 b 3 c 3 a 3 b 3 c
" ! ! !#!2 " !2 !2 !2 #
1 1 1 1 1 1 1 1
a+ + b+ + c+ ≤ a+ + b+ + c+
3 a b c 3 a b c
!2 " !2 !2 !2 #
1 1 1 1 1 1 1 1
a+ +b+ +c+ ≤ a+ + b+ + c+
9 a b c 3 a b c
!2 !2 !2 !2
1 1 1 1 1 1 1
a+b+c+ + + ≤ a+ + b+ + c+ ,
3 a b c a b c
1 1 1
+ + 3 1 1 1 9 9
a b c ≥ ⇒ + + ≥ = = 9.
3 1 1 1 a b c a + b + c 1
1 + 1 + 1
a b c
Portanto,
!2 !2 !2 !2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 100
a+ + b+ + c+ ≥ 1+ + + ≥ (1+9)2 = (10)2 = .
a b c 3 a b c 3 3 3
!4
x y
+2+ ≥ C8,4 ,
y x
8!
Solução: Sabendo que C8,4 = = 70, devemos mostrar a seguinte desigual-
4!4!
95
dade: !4
x y
+2+ ≥ 70.
y x
Usando a desigualdade entre as médias quadrática e geométrica (QM ≥ GM ),
temos:
x2 + y 2 x y
x2 + y 2 ≥ 2xy ⇔ ≥ 2 ⇔ + ≥ 2,
xy y x
de onde se obtém
x y
+ 2 + ≥ 2 + 2 = 4.
y x
!4
x y
Por conseguinte, +2+ ≥ (4)4 = 256 ≥ 70.
y x
Aplicação 4.3. O problema exposto abaixo pode ser resolvido com o auxílio do
Princípio de Indução Finita. Porém, usaremos a desigualdade entre as médias
aritmética e geométrica (AM ≥ GM ) para resolvê-lo, tornando sua solução mais
acessível aos alunos do Ensino Médio.
Problema: Prove que, para qualquer inteiro n > 1, a desigualdade
!n
n+1
n! <
2
é verdadeira.
!n !n
√
n n n(n + 1) n+1
n! = ( n!) < = .
2n 2
Aplicação 4.4. Esta aplicação, proposta por Korovkin em [9], relaciona desigual-
dades e o conceito de volume de um prisma.
Problema: De todos os paralelepípedos, conhecida a soma das três arestas
perpendiculares entre si, qual é o de maior volume?
temos:
2xh + 2xh + x2 √3
≥ 2xh · 2xh · x2
3 √
3
= 4x4 h2
q
3
= 4(x2 h)2
√
3
= 4V 2 .
Portanto,
1200 2xh + 2xh + x2 √
3
400 = = ≥ 4V 2 .
3 3
Mas,
√
3
400 ≥ 4V 2 ⇔ V ≤ 4000.
Sendo assim, o volume máximo da caixa é 4000 cm3 e ocorre quando as variáveis
envolvidas são iguais, ou seja, quando 2xh = x2 . Então, x2 + x2 + x2 = 1200, o
que implica x2 = 400 e, consequentemente, x = 20 cm. Daí, 2 · 20 · h = 400, de
onde segue que h = 10 cm.
Logo, as dimensões da caixa devem ser x = 20 cm e h = 10 cm.
Como V = 16π, temos que πr2 h = 16π, de onde segue que r2 h = 16.
Além disso, como S = 2πr2 + 2πrh, usando a desigualdade entre as médias
aritmética e geométrica (AM ≥ GM ), obtemos:
S
Sendo assim, ≥ 8π e, portanto, S ≥ 24π. Mas, a área mínima ocorre quando
3
a igualdade ocorre, isto é, quando S = 24π. Então, devemos ter πrh = 2πr2 , já
que a igualdade ocorre quando as variáveis envolvidas na desigualdade AM ≥ GM
são iguais. Assim, como r2 h = 16, segue que
h · πrh = 2πr2 · h
99
πrh2 = 2π · 16
rh2 = 32.
Aplicação 4.7. Esta aplicação tem por objetivo determinar o valor máximo de uma
função usando a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica, AM ≥ GM .
Problema: Determine o valor máximo da função f : (0, 1) → R dada por
f (x) = x(1 − x).
x+y √
≥ x·y
2
p √
≥ A,
4
de onde segue que
p2
A≤ .
16
p2
Sendo assim, a área máxima é e ocorre quando x = y, isto é, quando o
16
retângulo é, na verdade, um quadrado.
p2
Então, a maior área possível é √ , a qual se obtém quando
12 3
p p p
− a = − b = − c,
2 2 2
101
ou seja, quando a = b = c. O triangulo é, então, equilátero e neste caso
√
p2 a2 3
S= √ = .
12 3 4
Aplicação 4.10. Esta aplicação envolve círculos e polígonos e faz uso da Desigual-
dade de Jensen.
Problema: Sejam dados no plano um semicírculo Γ de raio R e um diâmetro
A0 A1 de Γ. Para cada inteiro n > 2, existe um único n-ágono A0 A1 ...An−1 que
satisfaz as seguintes condições:
1. A2 , . . . , An−1 ∈ Γ;
em que A(A0 A1 ...An−1 ) denota a área de A0 A1 ...An−1 e A(Ai OAi+1 ) denota a área
de Ai OAi+1 . Agora, como a função f (x) = sen x é côncava em [0, π] (veja Exemplo
3.7), pela Desigualdade de Jensen, segue que:
102 Aplicações de desigualdades matemáticas no Ensino Médio
1 n−1
!
X
= (n − 1) sen αi
n − 1 i=1
!
π
= (n − 1) sen .
n−1
Logo, !
1 π
A(A0 A1 ...An−1 ) ≤ R2 (n − 1) sen .
2 n−1
π
E a igualdade ocorre se, e somente se, α1 = α2 = ... = αn−1 = . Desta
n−1
maneira, há um único polígono satisfazendo as condições do problema.
Aplicação 4.11. Esta aplicação faz uso da desigualdade entre as médias aritmética
e geométrica.
Problema: Dada uma folha de cartolina de dimensões 2m por 3m, deve-se
construir, com a mesma, uma caixa aberta com o maior volume possível. Quais
devem ser as dimensões da caixa?
Solução: Tomemos a figura abaixo como uma representação para este problema.
Assim,
√ √
s= 2c2 = 2c.
4BP D ∼
= 4B 0 P D e 4 BP 0 D ∼
= 4B 0 P 0 D,
105
temos que
BP = B 0 P e BP 0 = B 0 P 0 .
AP 0 + P 0 B = AP 0 + P 0 B 0 > AB 0 = AP + P B 0 = AP + P B.
BD h2 h1
tg(BP
\ D) = = = ,
PD PD d − PD
de onde segue que
dh2
PD = .
h1 + h2
Aplicação 4.14. Veremos agora uma aplicação da Desigualdade de Hölder. Esta
pode ser encontrada em [5].
Problema: Sejam x, y, z números reais positivos. Prove a seguinte desigual-
dade:
x y z
q + q + q ≤ 1.
x+ (x + y)(x + z) y+ (y + z)(y + x) z+ (z + y)(z + x)
q √ √ q √ √ q √ √
(x + y) · (x + z) = x+y· x + z = ( x)2 + ( y)2 · ( x)2 + ( z)2
√ √ 1 √ √ 1
= (( x)2 + ( y)2 ) 2 · (( z)2 + ( x)2 ) 2
√ √ √ √
≥ x· y+ z· x
√ √
= xy + zx.
106 Aplicações de desigualdades matemáticas no Ensino Médio
Assim,
1 1 1
q ≤√ √ =√ √ √
(x + y) · (x + z) xy + zx x( y + z)
√ √
x x x x
q ≤ √ √ √ =√ √ √ √ √
x + (x + y) · (x + z) x + x( y + z) x x + x( y + z)
√
x
=√ √ √ .
x+ y+ z
Analogamente,
√
y y
q ≤√ √ √
y + (y + z) · (y + x) x+ y+ z
e
√
z z
q ≤√ √ √ .
z + (z + y) · (z + x) x+ y+ z
Portanto,
x y z
q + q + q
x+ (x + y) · (x + z) y + (y + z) · (y + x) z+ (z + y) · (z + x)
√ √ √
x+ y+ z
≤√ √ √ = 1.
x+ y+ z
[2] BIRKHOFF, G., MACLANE, S., A Survey of Modern Algebra, New York:
Macmillan, 3rd Edition, 1965.
[6] LIMA, E. L. Curso de Análise. Rio de Janeiro: IMPA, vol. 1, 14a Edição,
2016.
[8] HRBACEK, K., JECH, T., Introduction to Set Theory, 2nd Edition Revised
and Expanded, Monographs and Textbooks in Pure and Applied Mathematics
# 85, Marcel Dekker, Inc., 1984.
107
A Sobre desigualdades no
conjunto dos números complexos
1. Dados x, y ∈ X, então ou x ∗ y ou y ∗ x ou x = y;
√ √
! !
b d
a2 + b2 = c2 + d2 e arctg < arctg
a c
é uma relação de ordem em C.
Temos que:
? 1 + 2i 4 2 + 3i, pois 1 + 2i = (1, 2) e 2 + 3i = (2, 3) e assim
√ √ √ √
12 + 22 = 5< 13 = 22 + 32 .
√ √ √ √ √ √ √ √ √
? 3 + i 4 2 + 2i, pois 3 + i = ( 3, 1) e 2 + 2i = ( 2, 2) e então
Corpo e corpo ordenado 111
q √ √ √ q √ √
( 3)2 + 12 = 4 = 2 = 4 = ( 2)2 + ( 2)2 e
! √ !
1 π π 2
arctg √ = < = arctg √ .
3 6 4 2
1. (x + y) + z = x + (y + z);
2. x + y = y + x;
5. (x · y) · z = x · (y · z);
6. x · y = y · x;
9. x · (y + z) = x · y + x · z;
10. (x + y) · z = x · z + y · z.
Como dito no início deste trabalho, o conjunto R dos números reais, munido
das operações de adição e multiplicação conhecidas, é um corpo. E é por este
motivo que o conjunto C dos números complexos também é um corpo. Com efeito:
se z, w ∈ C, então podemos escrever z = a + bi e w = c + di, com a, b, c, d ∈ R.
Portanto, podemos definir:
Estudaremos agora o fato de que C não é corpo ordenado. Para tanto, apresen-
taremos o conceito de corpo ordenado.
i. ou x = 0,
ii. ou x ∈ P ,
iii. ou −x ∈ P .
Desigualdade
de Bernoulli, 48
de Cauchy-Schwarz, 50, 82
de Chebyshev, 55
de Hölder, 80
de Jensen, 73
de Nesbitt, 21, 42
de Surányi, 58
de Young, 79
de Young com ε, 80
homogênea, 57
simétrica, 57
Triangular, 53
Desigualdades
entre as médias, 87
entre as médias com duas e três va-
riáveis, 29
entre as médias para n variáveis, 65
Função
côncava, 70
convexa, 70
estritamente convexa, 70