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Interferência da poda nos componentes de produção da mandioca (Manihot

esculenta) submetida a diferentes estratégias de adubação

Introdução

O cultivo de mandioca (Manihot esculenta), tem sua origem na América


Tropical e compõe a base energética de alimentação de mais de 600 milhões de pessoas
em todo o mundo, principalmente em regiões tropicais em desenvolvimento (IYER et.
al., 2010). A mandioca é uma cultura que gera grande renda no Brasil, com uma área
cultivada de 1,36 milhões de ha-1, no ano de 2020, correspondendo à produção de 19
milhões de toneladas, com produtividade média de 14,75 t/ ha-1 (CONAB, 2020). O
estado do Mato Grosso do Sul, apresenta uma área cultivada de 37 mil ha -1, e
produtividade de 22 t/ha-1 (Acompanhamento..., 2021).
Cultivada em todo território brasileiro, esta tuberosa adapta-se satisfatoriamente a
diferentes ecossistemas, possibilitando sua exploração para diversos fins. Tanto as
folhas como as raízes são utilizadas na alimentação, sendo principal produto,
constituindo importante fonte de matéria-prima para a agroindústria.

O cultivo desta tuberosa na região Nordeste do Brasil apresenta elevada importância


econômica e social, com grande participação na renda familiar de milhares de pequenos
e médios agricultores. No entanto, a maior parte é cultivada com pouco uso de
tecnologias modernas, sendo destinada principalmente para alimentação humana, na
forma in natura ou para a produção de farinha e de polvilho (CARVALHO et. al.,
2009).

Embora seja planta rústica e adaptada ao ambiente de cultivo, em quase todo o país, a
produtividade da mandioca encontra-se muito abaixo do potencial produtivo da espécie.
Essa baixa produtividade pode ser atribuída ao manejo inadequado da cultura, à falta de
variedades adaptadas às diferentes condições de cultivo e ao uso de material de plantio
de baixa qualidade (CARVALHO et al., 2009; VIANA et al. 2002).

A poda da parte aérea e empregada em diversas hortaliças para manejar o


compartilhamento vegetativo das plantas e aumentar a fração da massa seca alocada aos
órgãos de reserva, especialmente em cultivos com excessivo crescimento vegetativo
(SANDRI et. al. 2002). No cultivo da mandioca, esta pratica geralmente executada para
produzir material para plantio, ou para recuperar sua parte aérea danificada por eventos
climáticos como geada ou problemas fitossanitários, fornecendo ramas para alimentação
animal em alguns casos ou simplesmente visando se obter aumento de produtividade de
raízes.

Alguns autores relatam que a poda pode proporcionar aumento na produção de raízes
tuberosas e no seu teor de massa seca, desde que realizada essa pratica no período de
repouso fisiológico da planta (ANDRADE et. al., 2011; AGUIAR et. al., 2011).

A compostagem é uma técnica de produção de adubo muito importante para o


cultivo orgânico (Mantovani et.al, 2005). Na compostagem pode-se utilizar diferentes
fontes orgânicas e estercos (RODRIGUES, 1990). O processo de compostagem, que
transforma os resíduos orgânicos em composto orgânico através da estabilização desse
material, vem sendo apontado como uma medida eficaz na redução do volume total do
lixo e no seu aproveitamento (PEREIRA NETO, 1996).
O composto pode ser utilizado na agricultura, beneficiando solos sem agredir o
meio ambiente, por se tratar de um produto 100% natural (OLIVEIRA, 2006).
Resultados mostraram que o composto beneficia o solo e aumenta significativamente o
tamanho e o peso dos frutos (CIVIDANES, 2002). O composto é benéfico ao solo,
devido ao aumento do seu grau de fertilidade (Rocha et.al, 2004). A utilização do
composto é uma alternativa aos produtores, tanto pelo elevado custo dos fertilizantes
minerais, quanto pela crescente demanda por produtos orgânicos (DAROLT, 2005).
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) caracteriza-se por ser uma planta
tolerante a condições de seca e baixa fertilidade do solo (MAGRO, 2009). Essa
tolerância é motivo pelo qual é cultivada por pequenos produtores rurais, em áreas cujos
solos são pobres e onde as condições climáticas nem sempre são favoráveis à
exploração da cultura (Silva et.al, 2008). A utilização de composto orgânico na cultura
da mandioca é viável uma vez que proporciona aumento na produtividade e maior
rentabilidade para o mandiocultor (Oliveira et.al, 2001). A presença de matéria orgânica
no solo (MOS) é de grande importância para a cultura da mandioca.
Nesse sentido, pode-se destacar os trabalhos realizados por Pereira, et al. (1988)
que observaram os efeitos da adubação com composto orgânico para a cultura do feijão,
no estado de Minas Gerais; por TERNES (2002), que realizou aplicação de fontes
químicas de nitrogênio, em áreas com elevado teor de matéria orgânica do estado de
Santa Catarina; e por Cardoso et.al, (2011) onde analisaram mudanças nas propriedades
do solo adubados com composto orgânico no estado de São Paulo. Todos enfocaram a
importância da utilização de compostagem orgânica para um bom rendimento na
produção agrícola.
Destacam-se o trabalho de STAUT, (2012) que mostra as respostas agronômica
e econômica da cultura da mandioca, dando ênfase no impacto das dosagens do
composto orgânico. Na literatura não foram encontrados resultados para técnicos com o
uso de composto orgânico na cultura da mandioca na região de Naviraí-MS. Assim,
objetivou-se verificar a viabilidade agronômica do uso de composto orgânico elaborado
a partir de estercos bovinos, na cultura da mandioca.

Material e métodos

O experimento foi conduzido no município de Naviraí – MS, localizado na


latitude 23°03’45” S e longitude 54°11’26” W, com altitude de 362 m acima do nível do
mar, no período de maio de 2021 a setembro de 2022. De acordo com Koppen e Geiger
o tipo climático predominante na região é Af e a temperatura média anual é de 23° C, e
pluviosidade média anual de 1514 mm (CLIMATE DATA, 2022).

FIGURA 1. Mapa de localização do município de Naviraí – MS.


O experimento foi instalado em solo constituído, de 0 a 20 cm de profundidade,
de % de areia, % de silte, e % de argila, classificado como ... segundo a EMBRAPA
(1984). A análise química do solo foi realizado e está descrita na Tabela 1.

Foi utilizado a cultivar de mandioca regionalmente conhecida como Baianinha,


destinada ao uso industrial para processamento em fecularia e adaptável ao cultivo em
solos com altos teores de argila (IAPAR, 2020). O delineamento foi executado em
blocos casualisados com quatro repetições e 6 tratamentos, totalizando 24 parcelas com
área total respectiva de 600 m². As parcelas apresentam 4 m de comprimento e 4 m de
largura, sendo 16 m² e cada uma composta por cinco linhas de plantio e cinco plantas
por linha.

FIGURA . Croqui do experimento e dimensionamento da área total.

O espaçamento utilizado foi de 1 m entre linhas e 0,9 m entre plantas,


apresentando uma população de 25 plantas por parcela e 15.625 plantas/ha. As manivas
utilizadas para o plantio foram cortadas com 15 a 20 cm de comprimento e no mínimo
cinco gemas para garantir a uniformidade na germinação.
FIGURA. Adubação e plantio do experimento.

O plantio foi realizado no dia 9 de junho de 2021, feito manualmente, com as


manivas em posição horizontal ao solo, dentro dos sulcos com profundidade de 15 cm.

FIGURA. Representação do número de linhas e da área respectiva das parcelas.

Nos tratamentos 1 e 4 foram utilizados NPK na linha, recomendado pelo manual


de adubação do cerrado para a respectiva cultura na formulação 8-28-16, na dosagem de
285 kg/ha. Os tratamentos 2 e 5 foram adubados com fertilizante organomineral na
linha, com dosagem correspondente a 400 kg/ha. Os tratamentos 3 e 6, foram realizados
com composto orgânico distribuído nas parcelas com dosagem de 16 t/ha e NPK 8-28-
16 na linha com dosagem de 285 kg/ha.

Análise Composto Orgânico


g/kg mg/kg
Nitrogênio 4,28 Cobre 150
Fósforo 3,45 Zinco 190
Potássio 9,57 Ferro 88.390
Calcio 10,5 Manganês 1.310
Magnésio 3,8 Boro 34,24
Enxofre 6,42
Carbono 55,85
Matéria Orgânica 96,07
TABELA. Análise laboratorial do composto orgânico utilizado nos tratamentos 3 e 6.

Em março de 2022, foi realizada a poda aos 20 cm de altura do solo, nas


parcelas T4, T5 e T6 quando apresentavam ciclo de 9 meses após o plantio. As parcelas
T1, T2 e T3 foram conduzidas sem a poda. No momento da poda foram coletados dados
morfológicos da cultura como altura da planta (m), número de ramificações e número de
plantas por parcela.

A colheita aconteceu no dia 9 de setembro após 13 meses do plantio, foi


realizada manualmente e coletados dados dos componentes de produção da cultura
como: número de raízes; comprimento das raízes (cm); diâmetro das raízes (cm),
produção (kg) e rendimento (kg/ha). Após a colheita os dados obtidos foram analisados
pelo teste de Tukey a 5% de significância.

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