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TIRAGENS DE TAROT

Tiragem por três


Nesse modelo de leitura, retiramos três cartas do maço e as colocamos em linha ou na
forma de um triângulo com o vértice para cima, como está indicado no esquema abaixo.

A leitura poderá ser como numa frase com: 1) sujeito, 2) verbo e 3) complemento.
É muito importante aplicar variações com a finalidade de adaptar a função de cada carta ao
assunto que será tratado pela a tiragem. Por exemplo:
• 1. o positivo; 2. negativo; 3. a síntese.
• 1. a causa; 2. o desenvolvimento; 3. os efeitos ou as conseqüências.
• 1. uma alternativa; 2. a outra; 3. a avaliação final.
• 1. a meta, a intenção; 2. os meios para alcançá-la; 3. as conseqüências.
• 1. eu, 2. o outro, 3. as perspectivas.
• o que o consulente poderá esperar se: 1. for em frente, 2. recuar. A terceira carta poderá
indicar um conselho ou um terceiro caminho.
Lembre-se que, do ponto de vista da técnica, o mais importante para quem dirige a jogada
é definir ele próprio qual ângulo, qual aspecto do assunto, que espera ser elucidado pela
carta. Desse modo, com a questão claramente definida, ficará muito mais compreensível o
recado de cada carta.

Lendo com três cartas


Um dos mais simples e versáteis métodos de leitura de tarot é o de três cartas, suas
muitas versões e possibilidades é o que pretendo explorar aqui. Originalmente usado para
perguntas rápidas veremos que este método pode ir mais além! O procedimento é simples,
embaralhe e retire do maço 3 cartas que poderão seguir uma das duas ordens abaixo
conforme a natureza da questão formulada:

A primeira disposição é a mais conhecida e se refere aos três


tempos, Passado, Presente e Futuro numa sequência da esquerda para a direita. E,
geralmente, é uma tiragem feita para se avaliar o desenvolvimento de uma situação para o
futuro, serve a questões do tipo: “Como ficará meu relacionamento, empreendimento,
sociedade”? A segunda disposição se refere a uma avaliação da interação entre duas forças,
tendências ou personalidades! E isso quer dizer que foca mais no presente, e em como as
coisas estão, e aponta uma direção sobre como agir. A posição 1 fica à esquerda e se
refere à Tese, ou o que favorece a situação. A posição 2 fica à direita e se refere
à Antítese, ou ao que desfavorece a situação, e a posição 3, que se localiza no centro do
jogo, é o resultado desse confronto, a Síntese. Muitos nomeiam como Situação, Discussão
e Sentença.
Pode haver muitas variantes, mas a ideia é a mesma. Esse sistema se aplica a perguntas
do tipo: “Como está meu relacionamento, empreendimento, sociedade”? Outra forma bem
conhecida do uso das três cartas é aquele em que o leitor pede ao cliente para que corte o

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maço em três montes antes da leitura, como uma forma de trazer a energia do consulente
para o agora.
Muitos tarólogos e cartomantes complementam essa abertura virando os maços que se
formam para cima, e lendo as primeiras cartas ou arcanos que passam a representar o
Corpo, a Mente e o Espírito do cliente naquele momento! Como uma síntese do que ele está
vivendo e trazendo para a consulta. Técnica usada por minha querida tia Lourdes
Crippa que foi uma grande cartomante, e que certa vez aos meus catorze anos abriu suas
cartas para mim dizendo que eu ia trabalhar com cartas, mas que ela dizia não serem
cartas como as que ela usava (um baralho Lenormand). Ela nunca tinha visto até então um
jogo de tarot, e dizia intrigada que eu ia palestrar sobre essas cartas, escrever e ensinar a
outros, e que ia viver disso... Trinta e dois anos depois eis eu aqui...! Faço desse texto
minha homenagem saudosa à minha querida e altamente intuitiva, tia e amiga, Lourdes.

O baralho Lenormand
Ilustração de www.lifeofhimm.wordpress.com

O sistema de se usar as três cartas para avaliar os campos básicos da vida e da


personalidade humana, corpo, mente e espírito, também pode ser usado como uma leitura
geral em momentos em que há pouco tempo para uma leitura mais abrangente e profunda.
Como acontece em eventos como feiras esotéricas, ou em seminários e congressos
holísticos pelo mundo afora. Um bom modo de se fazer isso é se utilizando apenas dos
arcanos maiores na leitura. Esse método nos permite ver a interação simbólica entre duas
ou mais cartas por meio da interpretação dos seus números.
Para o sistema de 3 cartas entenderemos então o Corpo como a vida material e financeira,
caso queria especificar sobre saúde retire mais uma carta do maço. A Mente seria relativo
aos planos, pensamentos, ideias e preocupações, mas que dependendo dos arcanos que
saírem pode se referir à vida afetiva do cliente. E, por fim, a posição do Espírito se
referiria às aspirações mais íntimas, aos sonhos e ideais, e à busca espiritual do indivíduo
em relação ao momento.
Vejamos esse exemplo de um amigo que me pediu para dar uma olhadinha no seu
momento de vida.

Exemplo de tiragem e o arcano oculto


Muitas atividades pareciam estar solicitando a atenção do meu amigo, e também exigindo
dele flexibilidade ao lidar com tais situações (Os Amantes). Ele parecia compenetrado em
realizar suas atividades, sem muito tempo para as questões sociais e românticas (O
Eremita). O clima de sua vida no momento parecia ser a de uma cruzada contra si mesmo
para vencer os seus limites e crescer financeira e pessoalmente (A Força)!

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11. A Força, 6. Os Namorados e 9. O Eremita

Ao somarmos as cartas aos pares a interpretação pode ficar mais clara ou confirmar o que
já foi dito. Ao somar o 6 de Os Amantes com o 9 de O Eremita, obtemos o 15 de O
Diabo. O que confirma que a compenetração do meu amigo tinha a ver com sua
necessidade de reunir recursos e não com as outras “paixões” deste arcano.
Ao somarmos 6 de Os Amantes com o 11 de A Força obtemos o 17 de A Estrela. O que
me fez pensar que seu empenho em se desdobrar teria muito a ver com sua preocupação
com os seus anseios sobre o futuro! Ao somarmos, por fim, o 9 de O Eremita com
o 11 de A Força obtemos o número 20 de O Julgamento, o que demonstra que seu foco
aliado à sua vontade aguerrida de vencer traria vitória certa em seu objetivo!
Somando agora todas as três cartas do jogo, 6 + 9 + 11 = 26 = 2 + 6 = 8. O 8 é o arcano
de A Justiça. O que fecha muito bem o esquema simbólico, representando um momento
de retidão, decisões racionais, e de esforço consciente para manter o equilíbrio pessoal
diante das demandas que se apresentam. Entendi também que A Justiça alertava para
que o equilíbrio fosse mantido no sentido de não se prolongar essa retirada da vida afetiva
e interior para além do necessário.
Nesse ponto da nossa leitura meu amigo balançou a cabeça dizendo que estava se
perguntando justamente isso, se já não era hora de “tirar o pé do acelerador” e voltar a
viver um pouco!
Vejam só como a leitura de três cartas pode ser mais profunda do que se imagina, e é claro
que isso não se dá por acaso. O complexo simbolismo dos arcanos do tarot, e sua imensa
flexibilidade arquetípica, proporcionam essas viagens fascinantes pela vida e a alma
humana.

Tiragem em Cruz
Na Tiragem em Cruz contamos com um maior número de ângulos para
examinar uma questão. Retiramos do maço cinco lâminas, que são colocadas
de face para baixo, na seqüência de posições indicadas no quadro ao lado.
Há também quem costuma, para conhecer a quinta carta, adicionar os
números das quatro já sorteadas. Neste caso:
(a) se o resultado for menor que 22, tiramos do maço a lâmina que tem esse
número e a colocamos no centro da cruz;
(b) se o resultado for igual a 22, colocamos o Louco. (Ele, porém, quando se
encontra entre as quatro primeiras cartas já sorteadas, é contado com valor
zero na adição para se achar a quinta lâmina; é o "Arcano Sem Número");

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(c) se o resultado for maior que 22, somamos os dois algarismos e esse novo resultado,
denominado redução, será o número da quinta lâmina (por exemplo, se o valor total das
quatro cartas sorteadas for 37, somamos 3 + 7 = 10, isto é, a quinta carta será a Roda da
Fortuna);
(d) se a quinta lâmina já tiver saído na tiragem, imaginamos que ela se encontra duplicada
no centro.
Variações, entre muitas outras, que podemos atribuir para a função de cada carta:
• 1. a pessoa, 2. o momento, 3. os prognósticos, 4. os desafios a superar, 5. o conselho
para lidar com a situação;
• 1. o fato, 2. o que ele causa, 3. onde e quando ocorre, 4. como ocorre, 5. porque ocorre;
• 1. o consulente, 2. o outro, 3. o que os aproxima, 4. o que os separa, 5. a tendência para
o futuro ou a estratégia a seguir;
• 1. o aspecto interno da questão, 2. o aspecto externo, 3. o que é superior ou favorável,
4. o que é inferior ou desfavorável, 5. a síntese ou resposta.

Tiragem Péladan
Joséphin Péladan (1858-1918), escritor e ocultista francês, divulgou uma
técnica de tiragem bastante utilizada. Trata-se de um esquema simples e útil,
idêntico à tiragem em cruz.
A quinta carta é obtida pela soma do valor das quatro primeiras retiradas do
maço. Se o resultado ultrapassar 22, será feita a redução numerológica
(teosófica). Veja os detalhes dessa operação na "Tiragem em cruz", logo
acima.

São atribuídas as seguintes funções às cartas:


1. O que é favorável, vantajoso. O aspeto afirmativo. Os prós
2. O que é desfavorável, contrário. Obstáculos e dificuldades. O aspeto negativo.
Os contras.
3. Ação, influência. Próximos acontecimentos. O caminho
4. Resultado. Consequências. Solução
5. Síntese.
O sentido de conjunto das cartas.
Oswald Wirth, em seu Tarot des imagiers du Moyen Age, assim descreve o método
indicado por Joséphin Péladan, que ele recebeu por intermédio de Stanilas de
Guaita:
1. O primeiro arcano tirado é visto como afirmativo, que fala a favor de uma causa e
indica de uma maneira geral o que está a favor.

2. Em oposição, o segundo arcano é negativo e representa o que está contra


3. O terceiro arcano retirado representa o juiz que discute a causa e determina a
sentença
4. A sentença é enunciada no arcano retirado em último lugar.
5. O quinto arcano esclarece o oráculo que ele sintetisa, pois depende dos quatro
arcanos retirados. Cada um destes traz o número que marca sua posição na série do Tarot.
(O Louco, não numerado, é contado como 22). Basta adicionar esses números inscritos
para obter, seja diretamente, seja por redução teosófica, o número do quinto arcano (22
designa o Louco, 4 o Imperador, 12 o Pendurado, etc.)

Tiragem Kairallah
É o modelo que costumo utilizar em minhas consultas, na complementação da análise do
mapa natal e dos trânsitos astrológicos.

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Na primeira tiragem de uma seção, para dar uma visão de conjunto do
momento vivido pelo consulente, as cartas podem ter as seguintes
funções:
1. o consulente; como ele se encontra;
2. o seu momento de vida; suas condições atuais;
3. prognósticos, o rumo que sua vida tende a tomar ou o que esperar nos
próximos meses;
4. qual a melhor conduta diante da situação definida pelas cartas
anteriores. Conforme a tiragem, a carta pode ser definida como
o conselho estratégico para lidar com o assunto em exame.
5. o cenário geral que envolve a questão e dá o tom às demais cartas.
Usualmente, neste modelo, é a carta de corte e que pode ser a primeira
desvirada após o sorteio, junto com o maço de cartas que restou.

O mesmo modelo pode ser aplicado às sucessivas questões que o cliente colocar. As
funções atribuídas as cartas 1, 2 e 3 são então adaptadas a cada assunto. As duas outras
cartas mantêm o padrão: 4 – indica o conselho, o caminho oportuno para ser seguido pelo
consulente; 5 - (a carta de corte ou uma carta que for retirada especificamente com esse
propósito), delineia o cenário geral, o pano de fundo, as forças que circunscrevem o
assunto.
É o praticante, aquele que conduz a tiragem, quem deve definir previamente a função que
a carta terá na jogada. Veja alguns exemplos de variações para as cartas de 1 a 3,
conforme o assunto e o interesse do consulente:
• 1. o consulente; 2. o outro (parceiro ou sócio); 3. o desenrolar da relação.
• 1. os pontos fortes ou positivos do tema (trabalho, saúde, projetos, estudos, etc.); 2.
seus pontos fracos ou negativos; 3. tendências ou caminho a percorrer.
• 1. pessoa; 2. a situação específica (relacionamento, trabalho, projeto, etc.); 3. o que
esperar.
• 1. o que favorece o projeto (ou a intenção); 2. o que ainda precisa ser trabalhado,
melhorado; 3. quais são as perspetivas.
É sempre importante refletir sobre a harmonização entre os prognósticos ou tendências
(carta 3) e os conselhos (carta 4). Por vezes a perspetiva é otimista e o conselho é o de
cuidados e reservas. Em outras situações, o prognóstico pode ser modesto e o conselho
indicar a aplicação de energia e empenho. Como acontece com as demais correlações
importa aqui, mais do que conhecer os significados das cartas, a experiência de vida e a
maturidade do consultor, o quanto ele trabalhou a delicada questão de dar
aconselhamento.

O templo de Afrodite

Uma tiragem bem interessante para fotografar a relação de um casal, nos seus planos
racional, emocional e físico (ou melhor, “químico”). Sete cartas são escolhidas e colocadas
em duas colunas, como mostrado abaixo, sendo a última carta – síntese ou prognóstico da
relação – colocada na posição central.
Ele Ela

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Plano mental ou os pensamentos

Plano afetivo ou as emoções

Plano sexual ou a atração física

O resultado ou o futuro

A leitura segue a seguinte lógica:


(1) e (4) – o que ele e ela pensam da relação, qual sua intenção racional
(2) e (5) – o sentimento de um pelo outro, como vai o coração
(3) e (6) – a atração física de um pelo outro, como vai o tesão
(7) – o resultado ou produto dessas interações: o prognóstico para esse casal
Também é significativo avaliar o conjunto das três cartas que representam a figura
masculina (1, 2 e 3) e as outras três que falam do feminino (4, 5 e 6)

Lição da Torre - por Teca Mendonça


Trata-se uma tiragem para examinar e trabalhar situações de rupturas
e quebras de expectativas. As funções que a taróloga Teca Mendonça
atribui às cartas, deixa claro o propósito desse modelo. São assinalados
diferentes passos para entender compreender o fato em si, seus sentido
espiritual e superior, o motivo da crise e, finalmente, o trabalho a ser
feito.
Funções
1. a porta de acesso;
2. a luz da consciência;
3. a luz da razão; as cartas 2 e 3 constituem a Morada do Espírito;
4. o plano superior;
5. o que foi destruído, o que era excessivo;
6. o que precisa ser reconstruído na ação;
7. o que precisa ser reconstruído na personalidade.

A Ferradura
Designada "horse" na língua inglesa, a tecnica da Ferradura ajuda a avaliar a sequência, o
desenvolvimento de uma situação ou relacionamento. As cartas são dispostas numa curva
que lembra uma ferradura de cavalo.

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1. O Passado. Os eventos passados que afetam a questão ou
situação do consulente.
2. O presente. Sentimentos, pensamentos ou acontecimentos
reais que influem decididamente sobre o assunto em questão.
3. O futuro imediato. Eventos próximos que irão afetar essa
situação e que até mesmo poderão surpreender o consulente.
4. Obstáculos. O que preocupa o consulente. Dificuldades a
superar, que podem ser atitudes mentais ou dificuldades de
ordem prática.
5. As atitudes dos outros. O ambiente, atitudes e pensamentos
que as pessoas ao redor do consulente têm sobre a situação.
6. O caminho de superação. O que deve ser feito para o melhor encaminhamento da
situação. Trata-se de uma sugestão prática par o consulente.
7. O resultado final. O resultado mais provável. O que se pode esperar se o consulente
seguir o conselho dado pela sexta carta.

O jogo das escolhas e decisões


Hajo Banzhaf em seu "Manual do Tarô" (Ed. Pensamento)
apresenta um modelo de tiragem com 7 cartas, que foi traduzido ao
português por "O Jogo Decisivo". Nele são retiradas as cartas que
irão indicar os dois lados da questão:
7= o problema;
1, 3 e 5 = influências positivas, "Isso é favorável"
2, 4, 6 = influências negativas, "Isso é desfavorável"
Mais importante que os esquemas prontos, como este registrado
por Hajo Banzhaf, é o cuidado para definir as funções das cartas do
modo mais coerente possível com a situação a ser examinada.

Além do esquema acima, existem muitos outros


que nos ajudam a escolher entre as alternativas
que a vida e os nossos desejos colocam.
Utilizo para isso as referências básicas da
tiragem Kairallah, em que são retiradas cartas para
revelar quatro ângulos de cada alternativa ou
caminho que se apresenta:
1. o que favorece o projeto, a intenção ou o
caminho; 2. o que ainda precisa ser trabalhado,
melhorado ou criado; 3. quais são as perspectivas,
prognósticos ou tendências; 4. e qual é o conselho
estratégico, a conduta ou a atitude oportuna.
Tira-se uma carta com a mesma função para os caminhos ou alternativas colocadas. Isso
permite uma comparação entre as facilidades e dificuldades que seriam percorridas em
cada caso, bem como as previsões e as medidas mais eficazes.
Como sempre acontece quando se trata de opção consciente, e não de determinação cega,
a própria pessoa está convidada a exercer a livre escolha e a assumir as consequências do
caminho que escolheu.

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