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Organizadores:
Berenice Rocha Zabbot Garcia (Programa
Institucional de Literatura Infantil Juvenil -
PROLIJ)
Taiza Mara Rauen Moraes
(Programa Institucional de Incentivo à
Leitura – PROLER)
Realização:
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ISBN: 978-85-8209-106-7
Anais
Organizadores: Berenice
Rocha Zabbot Garcia
Taiza Mara Rauen Moraes
Realização
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE Programa
Nacional de Incentivo à Leitura - PROLER
Reitora
Sandra Aparecida Furlan
Vice-Reitor
Alexandre Cidral
Pró-Reitora de Ensino
Sirlei de Souza
Joinville - 2019
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ISBN: 978-85-8209-106-7
Alcione Pauli
Luciane Piai
Marilene Gerent
Taiza Mara Rauen Moraes
Comissão Científica
Diagramação
Revisão
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ISBN: 978-85-8209-106-7
E56a Encontro do PROLER Joinville (25. : 24-26 set. : 2019 : Joinville, SC)
Anais do 25.º Encontro do PROLER de Joinville; 10.º Seminário de Pesquisa em
Linguagens/ organizadoras Taiza Mara Rauen Moraes, Berenice Rocha Zabbot
Garcia. – Joinville, SC: UNIVILLE, 2019.
Internet
ISBN 978-85-8209-106-7
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ISBN: 978-85-8209-106-7
Eloyse Davet
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade na
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
E-mail: eloysecdavet@gmail.com
This paper is part of the research entitled “'Who cares for caregivers?' The process of
construction of caregivers' subjectivity and the self-care”, that aims to understand the
processes of subjectivity construction of three caregivers and the relations of care
expressed in their narratives. The research uses the "Sociological Portraits"
methodology of Bernard Lahire (2004) to collect the Life Stories of the three caregivers.
From the narratives, we seek to perceive the intersections between the individual and
social scopes evoked by their memories, and also how they perceive the constructions
of their identities. Thus, we intend to know the ways in which caregivers are perceived
by themselves, or not, and the mechanisms that trigger the understanding of this
identity. As it is by the language that these reflections emerge, our purpose is to
understand the complexity of life and the possibilities that each individual story has
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when strengthened in front of the collective, in order to reinforce the defense of life as
a common heritage. By valuing the common, we intend to apprehend the cultural and
social memories full of meanings, that for not being treating as great narratives, or
exceptional stories and characters, are not evidenced or valued. Since the research
has not yet been in the field, we are guided by the expected results and hypotheses
that will lead us to investigate over the interviews, and later to build the sociological
portraits.
INTRODUÇÃO
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Assim, esta pesquisa busca encontrar nesta metodologia uma forma de retratar
individualmente as três cuidadoras a serem entrevistadas ao longo da pesquisa de
dissertação de mestrado, porém ao mesmo tempo, mapeando as problemáticas
sociológicas desses retratos.
Partindo dos conhecimentos prévios que se possui das três mulheres, Bruna
Rocha Silveira é publicitária de graduação, mestre em Comunicação, doutora e pós-
doutora em Educação na linha de Estudos Culturais em Educação da UFRGS.
Gaúcha, mãe, esposa, pesquisadora, possui uma condição de vida com Esclerose
Múltipla, mas também é cuidadora, Bruna tem uma vida imbricada por relações de
cuidado desde muito cedo. Sua mãe, Sônia Nunes Rocha, tem sua trajetória
profissional marcada pelo ofício de cuidadora. A sra. Sônia tem graduação em
Fisioterapia e anos de experiência como cuidadora de sua própria filha, Renata, a irmã
mais velha de Bruna que possui uma deficiência cognitiva grave. Ela sempre cuidou
das filhas, a Renata de forma contínua e de Bruna esporadicamente nos casos das
sequelas e as crises de sua doença. Atualmente é também cuidadora também dos
seus pais. Mãe, avó, cuidadora das filhas, dos pais e ocasionalmente do neto. A sra.
Lêda Lima de Mesquita, sogra de Bruna, também é uma pessoa muito presente no
cotidiano desta família. Enfermeira de profissão ela é cuidadora há uma longa data,
mas há menos de dez anos, é cuidadora do filho Jaime desde que foi diagnosticado
com Esclerose Múltipla. Ela cuida esporadicamente também do neto, Francisco, e
junto com Bruna, dividem afetos, cuidados e a casa. Para que essas vidas e relações
fossem facilitadas, a família mudou-se para o mesmo prédio e são separados por um
par de andares.
Na perspectiva das pesquisas da área da Sociologia, inferimos que é preciso perceber
que existe algo no âmbito individual que é proveniente de uma estrutura social. A partir
do ponto de vista do campo sociológico as identidades a ser analisadas, as
cuidadoras, não podem ser classificadas somente como biografias, mas também
percebendo seu grau de relevância para pensar toda uma estrutura social construída
através dessas relações.
De modo a promover a aplicação da metodologia das entrevistas, Lahire (2004)
propõe que se desenvolvam em seis encontros a serem realizados com os
entrevistados, neste caso as três cuidadoras. Porém, é preciso refletir que ao se tratar
de três cuidadoras que atuam diretamente em uma mesma família, essa pesquisa já
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prevê adaptações metodológicas para que seja possível a sua aplicabilidade. Porém,
doravante essas adaptações metodológicas, percebe-se que o método proposto por
Bernard Lahire (2004) continua sendo possível de aplicabilidade na pesquisa, pois
tem como principal interesse a construção de retratos sociológicos na experiencia de
um dispositivo experimental, bem como a proposta desta pesquisa.
Para que seja possível a construção dos retratos, serão realizados seis7
encontros em que será realizada uma entrevista com cada uma das mulheres,
separadamente. Para fundamentar essas entrevistas – que poderão ser chamadas de
conversas devido ao seu cunho de informalidade a fim de proporcionar maior conforto
para as entrevistadas – utilizando um roteiro de entrevista, para que todas as
perguntas sejam realizadas da mesma forma para todas as três mulheres. Lahire
(2004) propõe a realização de perguntas simples e ligadas ao cotidiano das pessoas,
desta maneira no roteiro irá conter perguntas relacionadas a toda a vida das três
mulheres, partindo da infância até os dias atuais.
Assim, segundo o autor,
só um dispositivo metodológico desse permitiria julgar em que medida
algumas disposições sociais são ou não transferíveis de uma situação para
outra e avaliar o grau de heterogeneidade ou homogeneidade do patrimônio
de disposições incorporadas pelos atores durante suas socializações
anteriores. (LAHIRE, 2004, p. 32).
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Como dito anteriormente, a proposta do autor é de seis encontros, porém a metodologia será adaptada conforme
a disponibilidade de tempo das entrevistadas.
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o torna diferencial e singular. São justamente esses dilemas que buscam ser
discutidos durante a construção da dissertação. De modo a romper com essa
premissa da excepcionalidade, o Museu da Pessoa, que é parceiro do gripo de
pesquisa na salvaguarda, difusão e preservação das coleções de histórias de vida
coletadas ao longo dos projetos anteriormente citados vem trabalhando com as
coleções de histórias de vida de pessoas comuns, disponibilizando-as online modo a
dar acesso a todos que estejam interessados. O Museu da Pessoa (SP) é uma
plataforma online que funciona como um espaço interativo de compartilhamento e
divulgação de histórias de vida que podem ser tanto coletadas pela metodologia
sistematizada pelo museu, intitulada Tecnologia Social da Memória, ou apenas
fragmentos de narrativas de vidas. Dessa forma, qualquer pessoa – que possua
acesso a um dispositivo conectado à internet – pode narrar sua história, adicionar
fotografias e compartilhar com todo o mundo suas singularidades e subjetividades.
Delineando os contornos que compõem a pesquisa que tem como problemática
a consciência de que a vida pode ser um patrimônio comum da humanidade e assim,
portanto, um bem a ser preservado, logo, este projeto de pesquisa de dissertação
reitera a defesa da vida e a partir dos Retratos Sociológicos e do conceito de cuidado
de si em Michel Foucault (2004) amplia as possibilidades de análises. Pensando que
a pesquisa visa trabalhar com as narrativas de três cuidadoras que possuem as suas
existências conectadas em âmbitos familiares e afetivos, mas além do âmbito
individual, suas histórias podem ser reveladoras a pertinência sociológica em vistas
de um conjunto de experiencias sociais vividas por outras tantas mulheres, buscamos
compreender as complexidades da vida frente às construções de identidade e os
atravessamentos socioculturais aos quais essas pessoas foram e são acometidas
diariamente.
Ao trabalhar com histórias de vida como patrimônio, esta pesquisa caracteriza-
se dentro da concepção de Patrimônio Cultural Imaterial. Como destacado por Abreu
e Peixoto (2014) foi a partir de 2003, na Convenção do Patrimônio Imaterial que se
apresenta um momento de ruptura de sentidos no campo do Patrimônio Cultural, a
partir do reconhecimento da categoria de patrimônio imaterial, proporcionando assim
prioridade ao caráter dinâmico das práticas culturais e confere às comunidades um
papel de relevância nos processos de patrimonialização. Ou seja, pensar vidas como
patrimônio ainda é um diálogo a ser largamente ampliado, de modo a refletir sobre as
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste artigo foram suscitadas algumas reflexões tendo como intuito a
promoção de indagações e dúvidas ao invés de certezas e definições. Por se tratar
de uma pesquisa em fase inicial, compreendemos que ainda há um grande caminho
pela frente no que tange o entendimento de histórias de vida como patrimônio. Ao
propor pensar sobre as cuidadoras trazemos à cena personagens que não
caracterizam nenhum grau de excepcionalidade e dispõem de vidas comuns, isso nos
faz ir de encontro com as grandes narrativas propostas pelo campo das biografias e
do patrimônio. Assim, entendemos que o intuito de estabelecer esses diálogos em
torno do patrimônio, nos permite estabelecer uma pesquisa com um cunho não só
(auto)biográfico, mas também direcionada as pesquisas de caráter qualitativo que não
busca a patrimonialização dessas vidas, em particular, mas procura propor uma
reflexão sobre a vida perpassando os valores do patrimônio, ou aquilo que de fato nos
importa.
Quando nos propomos a compreender os processos de construção da
subjetividade de três cuidadoras estamos disponibilizando escutas atentas as vozes
das pessoas comuns, pessoas que, de alguma maneira, estão invisíveis e ou à
margem de uma história da sociedade, estando muito mais incumbidas de exercer as
práticas de cuidado sem disporem de muito tempo para si. Assim, as narrativas de si
e as histórias de vida contadas por elas vêm para somar às discussões propostas
dentro e fora do campo do patrimônio. Desta forma, buscamos por meio da pesquisa
de dissertação que permeia esse artigo, ouvir as histórias dessas mulheres para poder
captar em suas narrativas o modo como se percebem enquanto cuidadoras e de que
forma cuidam de si.
Como dito anteriormente, a proposta de apresentar a metodologia dos Retratos
Sociológicos tem o intuito de ampliar as aproximações das pesquisas no campo do
patrimônio trabalhando a interdisciplinaridade a ser estabelecida através do diálogo
com a Sociologia e Antropologia. Contudo, a pesquisa busca contribuir não somente
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para refletir acerca do patrimônio, mas também pensar toda a complexidade que é a
vida e a potência de se trabalhar com narrativas orais e relatos de si.
REFERÊNCIAS
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