Você está na página 1de 25

Exercícios de Cartas terapêuticas

Esse tipo de exercício é curador, além de ajudar a organizar os pensamentos e


resolver sentimentos conflituosos.
Seguem alguns modelos para você aplicar em suas aconselhadas ou
mentoradas:
Instruir cliente a fazer Cartas. Tipos de cartas:
• Acusação
• Perdão
• Despedida
• Carta ao pai ausente
• Carta de Compreensão
• de Autocompreensão
• de Autoaceitação das características e possíveis ‘defeitos’
• de Agradecimento
• de Apresentação e aceitação de si mesma
• Fazendo as pazes consigo mesma e com alguma parte do corpo
• de Amor-próprio
• Devolvendo-se a si mesma
• de Aceitação do outro
• de Aceitação das perdas e história de vida
• de Aceitação das escolhas que fez
• Carta da liberação do prazer
• da Autorização para ser feliz
• Carta de Merecimento
• Carta para o Passado
• Carta para o Presente
• Carta para o Futuro
• Cartas de amor: mãe, pai, irmãs, esposo, filhos, amigas
• De Deus Pai para uma Filha

Como fazer as cartas?


Acusação: Peça para sua aconselhada ou mentorada fazer uma carta
escrevendo tudo o que tem vontade de falar para quem a feriu. Oriente a
escrever sem receios ou autojulgamento de parecer feio ou pecado. Sugira que
ela coloque toda dor, raiva, decepção, frustração, mágoa e chateação para fora
com as palavras que vier à mente dela.
Aconselhe a não entregar a carta para ‘quem ela escreveu’, a não ser que ela
não tenha ‘pegado tão pesado’ na carta e queira entregar, entendendo que
deve estar disposta a lidar com as consequências do que ela escreveu nessa
carta.
O objetivo desse exercício terapêutico é entrar em contato com os sentimentos
reprimidos e trazê-los para fora, o que gera cura e libertação. Após a escrita,
ela pode rasgar, amassar, pisar com raiva ou queimar em um recipiente
seguro, tomando cuidado para não causar um acidente.

Perdão: Essa carta pode ser dividida em 2 maneiras.


A primeira, é a carta de liberação de perdão para as pessoas que a feriram e
que faltaram com ela, trazendo em detalhes os motivos pelos quais ela está
liberando perdão para essa pessoa.
Ela também não precisa entregar a carta para a pessoa se não quiser, mas,
pode orar e dizer a Deus que deposita toda dor, raiva, sentimentos negativos, e
todo mal que essa pessoa lhe causou na Cruz de Cristo.
No modelo de liberar perdão, sugiro 3 modelos: para pessoas, para Deus
e para si mesma.
Para as pessoas, já instrui no início desse tópico. Para Deus, sei que parece
estranho e tenho uma enorme explicação para isso que prefiro colocar no final
desse arquivo para não sair do foco aqui. Nesse caso, a pessoa deve
expressar todo ressentimento por Deus ‘ter permitido’ que ela fosse rejeitada,
abusada ou perdesse alguém ou algo importante. Veja no final desse arquivo a
explicação que te fará entender para explicar para sua aconselhada.
Para si mesma: Escreva um pedido de perdão, descrevendo os erros pelos
quais você tem sido atormentada por sua mente e que se autocondena
constantemente.
Admita que o que fez foi insensato, errado e prejudicial para você e para as
pessoas envolvidas nesse erro. Descreva seus sentimentos e expresse o quão
mal você se sente diante dessa ação. Vá à frente de um espelho, olhe bem
dentro dos seus olhos e crie um diálogo com você mesma. Fale em voz alta.
Sei que vai ser bem estranho no início, as vezes ridículo e bem difícil, mas
persevere nessa ação.
Depois pergunte a ela o que ela quer fazer com as cartas que escreveu. O que
fizer sentido para cada pessoa é o melhor caminho. O ideal seria que ela
jogasse fora, pisasse, amassasse, rasgasse ou queimasse. Esse ‘ato profético’
ou psicológico envia uma mensagem ao inconsciente de que ela pisa em cima
dessa dor e que essa dor ou ferida não tem mais poder sobre ela.
O outro modelo de carta de perdão, é a mentorada ou aconselhada escrever
cartas para todas as pessoas que sentir no coração pedindo perdão,
expressando em detalhes pelo que ela se arrepende de ter feito ou causado ao
outro. Também não precisa entregar a carta se não quiser ou puder (há
pessoas que já morreram ou relacionamentos com ex que não é aconselhável
retomar o contato).

Carta de Despedida: Seguem 5 modelos dessa carta.


A 1ª é a de despedida para pessoas que morreram – usar quando a
mentorada ou aconselhada sente que faltaram coisas a serem ditas e
resolvidas a pessoas que já partiram.
De maneira simbólica, a mentorada deve escrever tudo o que sente no
coração: se quiser brigar, colocar raiva para fora; se quiser falar sobre suas
dores, as faltas ou erros e injustiças que essa pessoa cometeu com ela,
colocar o que esperava da relação delas, como gostaria que tivesse sido, com
um pai ou uma mãe por exemplo, se quiser fazer perguntas sobre coisas que
não entende, mas depois, a ideia é que ela vá caminhando para dizer o quanto
essa pessoa faz falta na vida dela hoje.
Instrua a pedir perdão e liberar perdão e a fazer as pazes, caso não tenha tido
essa oportunidade em vida.
Instrua a expressar a saudade que sente, descrever alguns bons momentos
que viveram juntos, além de trazer e resgatar memórias, agradecendo por todo
tempo que a pessoa esteve com ela, e por tudo o que a ensinou e por todo
bem que fez a ela enquanto tiveram a oportunidade de estarem juntas.
Quanto mais detalhes a pessoa conseguir colocar na carta, maior será o
impacto emocional e cura. Exemplo:
“Fulana, naquele dia tal, diante daquela situação tal (descreve a situação), você
me fez sentir-me assim____ (descreva como se sentiu). Não tivemos tempo de
conversar, mas quero te dizer que me afastei de você porque interpretei a
situação de tal maneira (descreve o que interpretou) e me senti dessa forma
(descreve como se sentiu)... achei injusto quando você fez ou me acusou de tal
coisa (descrever o que a pessoa fez ou falou contra você). Tenho algumas
perguntas para você: (fazer as perguntas de coisas que não compreende
porquê a pessoa agiu de tal forma). Carreguei tristeza, raiva e mágoa até o dia
de hoje, mas decido liberar perdão para você (descrever em detalhes os
motivos pelos quais está perdoando essa pessoa). Queria tanto que as coisas
tivessem sido de outra maneira, como: (descrever como você gostaria que
tivesse sido essa relação ou situação). Também quero te pedir perdão por ter
me afastado de você. Hoje vejo que bobeira e infantilidade da minha parte,
porque perdi a oportunidade de vivermos mais momentos juntos. Hoje, você
não está mais presente nessa terra, e como sinto sua falta. Quero te pedir
perdão por ter te magoado (se souber motivos que possa ter magoado a
pessoa, descreva em detalhes esses motivos pelos quais pede perdão à
pessoa). Quero te pedir perdão por ter falado mal de você para todo mundo,
por ter tido raiva de você, por ter te desonrado e desrespeitado, por não dizer
que te amava o suficiente, por não demonstrar carinho, por ter te
desobedecido, enganado ou mentido para você (no caso para pais que se
foram). Quero pedir perdão por ter te traído ou não ter sido uma boa esposa ou
amiga (no caso de ex-marido ou amigas). Não posso deixar de mencionar os
bons momentos que vivemos juntos (descrever em detalhes as boas memórias
que tem com essa pessoa: conversas, passeios, brincadeiras, viagens,
comidas, carinho, companhia, conselhos, presentes...). Também não posso
deixar de agradecer as grandes lições e ensinamentos que você me deixou
(descrever quais são – exemplo: você me ensinou a amar e servir a Deus, você
me apresentou Jesus, você me ensinou a ser honesta, a estudar, a ser
disciplinada, a respeitar os mais velhos, a ajudar as pessoas, a ser doadora e
compartilhadora através dos seus exemplos). Obrigada pelas oportunidades
que me deu (descreva quais foram. Exemplo de coisas que alguns pais
oferecem aos filhos: boa escola, estudo, faculdade, cursos, apresentar alguém,
emprego, viagens, carro, casa, coisas... Se não for os pais, pode ser que essa
pessoa da carta tenha aberto uma porta de emprego, ou dado oportunidade de
exercer um ministério ou apresentado alguém que mudou a vida dela...). Se for
ex-marido (no caso de divórcio) pode agradecer por ter dado um filho (se
tiveram), por ter feito você se sentir amada em determinados momentos e por
ter estado presente em momentos difíceis que você precisou. Por coisas que
ele te apoiou e te encorajou enquanto estavam bem, como estudar ou abrir um
negócio ou trabalhar no ministério. Encerre se despedindo: Me despeço de
você, decidindo jogar fora tudo o que foi ruim em nossa relação e levar para a
vida todas as boas lições e bons momentos que vivemos juntos. Devolvo para
Deus todo luto, toda tristeza, toda saudade, toda energia e dores acumuladas,
bem como todos os sentimentos ruins que abriguei em minha alma da nossa
relação e das situações que vivemos. Te libero da minha vida e me desligo
emocionalmente, espiritualmente e fisicamente de você em nome de Jesus!”
Essa carta é importante para trabalhar perdão, culpa e questões mal
resolvidas, em situações de mortes e até mesmo acionar a gratidão sobre um
olhar diferente sobre o que viveu com a pessoa. Esse exercício vai gerar
Ressignificação nessa relação e situação vivida.
Eu fiz em relação a minha mãe e ao meu pai biológico e foi libertador. No meu
caso, em relação ao meu pai biológico que nunca cheguei a conhecer
pessoalmente, muito menos ter qualquer memória com ele, apenas escrevi as
faltas, descrevi as cenas e memórias que gostaria de ter tido com ele, liberei
perdão, e tentei compreender os motivos dele ter me rejeitado. Também
aproveitei para “lhe dar notícias” sobre o que ele perdeu ao meu respeito com
humildade no coração. Encerrei me despedindo da dor que eu carregava há
anos por causa dessas faltas.
Esse modelo pode também ser aplicado em situações de divórcio, afinal,
mesmo que a pessoa tenha feito muito mal a sua aconselhada, deve ter
deixado algo de bom, nem que seja um filho ou o aprendizado de como nunca
agir com as pessoas. Pessoas totalmente ruins nos ensinam a nunca ser como
elas. Isso já é um ganho, pois todo aprendizado é um presente de Deus em
nossa jornada de transformação.
O 2º modelo de carta de despedida é para quem casou e ainda não
consegue se desvencilhar da família de origem, ou porque a filha é
dependente emocionalmente, ou porque os pais são narcisistas e
controladores a ponto de interferir em todas as decisões da filha, agora casada.
A ideia é que ela se despeça do seu lar de origem agradecendo tudo o que
recebeu de bom dos pais e irmãos (se tiverem) e relatando que escolhe apenas
levar para seu lar atual as bagagens boas, aquilo que vai agregar na vida dela,
mas que também escolhe deixar as bagagens, crenças e costumes que não
serão saudáveis no lar que ela está construindo com o esposo hoje.
É importante ela agradecer coisas importantes que os pais deixaram como
legado na vida dela e que ela irá passar para as próximas gerações. Também
não é necessário entregar a carta para os pais, apenas um exercício
terapêutico com posicionamento e clareza de que os pais não têm mais poder
de interferir porque ela se despediu do lar de origem dela. Os pais continuarão
tendo um lugar de amor, afeto, honra e respeito na vida dela, mas não mais de
dominadores e controladores ou de dependência emocional.
A 3ª carta de despedida é para o desamparo e abandono causado pelos
pais.
Essa carta serve para mulheres que carregam dores, feridas, sentimento de
solidão e tristeza por causa do desamparo sofrido, e para mulheres que
morrem de medo de serem abandonadas novamente, e que por causa disso,
dependem emocionalmente de algumas pessoas, tendo até crises de pânico e
ansiedade quando há algum desentendimento com pessoas que ela ama.
Quando a mentorada ou aconselhada quer ficar longe da mãe ou do pai ou
nega essa mãe ou pai, pode ser porque busca se defender da dor da
separação ou do desamparo que pode ter sofrido na infância. A dor do
encontro hoje, está associada a dor do abandono no passado, então ela evita o
contato atual. Muitas se sentem culpadas por não terem vontade de se
relacionar com a mãe, e esse exercício ajuda a curar essa relação, buscando
uma aproximação com equilíbrio e saudável.
No exercício da carta, sugira que ela escreva livremente sobre o mal que o
desamparo causou a ela, e que descreva em detalhes todas as vezes em que
a criança interior dela se sentiu desamparada.
A ideia é levá-la a entrar em contato com esses sentimentos reprimidos para
curar as memórias de dor.
Depois, conduza-a a dizer ao desamparo e abandono que ela encontrou um
Pai que nunca a desampara. Um Pai que está sempre presente. E que ela
decide segurar na mão desse Pai para seguir a vida sempre amparada de hoje
em diante.
A ideia é que a aconselhada visualize ela segurando nas mãos do Pai Celestial
em todos os momentos de desamparo e saindo desses lugares junto com
Jesus. Como que, ela se resgatando desses lugares de desamparo,
juntamente com Cristo.
No final encerrar a carta com algo do tipo: “Eu me despeço de você abandono
e desamparo e digo com convicção que não tenho mais medo de você, porque
fui resgatada e agora, e por toda a vida, estou amparada.”

A 4ª carta de despedida é para si mesma – para quem a pessoa foi até hoje:
A ideia desse exercício é trabalhar uma nova mentalidade na pessoa. Muitas
de nós carregamos conceitos, crenças e valores de nossos pais que nos
mantém presas à lealdades invisíveis (uma maneira de honrar os conceitos dos
pais por mais que não funcione para nós atualmente).
A proposta é conduzi-la a fazer uma carta para si mesma agradecendo por ter
se ajudado até aqui, mas que se despede dessa ‘velha pessoa’ e se abre para
a nova pessoa que Deus está apresentando a ela.
Exemplo: “Olá ___(nome da pessoa), estou te escrevendo essa carta para
agradecer e me despedir. Agradecer por ter me trazido até aqui, mas de hoje
em diante preciso fechar o ciclo da mentalidade religiosa, da mentalidade da
escassez e miséria emocional, da mentalidade do medo de ser quem Deus te
fez a ser. Me despeço da ___(nome da pessoa) que acreditou que precisava
de ____ (descrever em detalhes as crenças e conceitos) para ser feliz ou
aceita. Me abro para a nova ___(nome) e para as mudanças necessárias.
Quero viver o novo ciclo que Deus tem me apresentado. Seja bem-vinda nova
___(nome)!

A 5ª carta é a despedida para as idealizações, fantasias e ilusões infantis


Esse exercício tem o objetivo de curar as frustrações do presente em relação
ao que a pessoa queria que tivesse acontecido em sua vida (como imaginou o
casamento, os filhos, a profissão, o chamado, a vida atual em todos os
aspectos que ela se sente frustrada).
Aplique esse exercício quando sentir que a pessoa ainda está rodando em
volta dessas perdas, dessas frustrações e desses sonhos não realizados.
Carta de despedida para a ilusão
“Oi imaginação, idealização e ilusão. Vocês estão insistindo há algum tempo
criando e alimentando visões de um futuro que não é o que vivo hoje.
Condesso que isso me deixa chateada. Eu agradeço porque de alguma forma,
vocês fizeram isso para me dar mais esperança diante dos cenários difíceis
que eu vivia. Mas, a coisa não aconteceu como vocês imaginaram, e eu já me
tornei adulta, e preciso amadurecer, então, eu me despeço de todas as
imaginações, ilusões e idealizações criadas no passado sobre o futuro que eu
já estou vivendo. Eu aceito o luto pela morte dessas ilusões (detalhar quais são
– ver exemplos abaixo), me despeço de todas as idealizações que criei em
minha mente sobre esse assunto, e coloco todas as expectativas geradas na
Cruz de Cristo. Aceito a vontade, o caminho e a maneira que Deus já
determinou para que os planos dele se cumpra em minha vida, em nome de
Jesus, amém.”
Exemplo dos detalhes que a pessoa pode especificar: da casa que eu gostaria
de estar morando em tal bairro e com isso e aquilo, com a decoração tal... do
casamento que eu queria que fosse com tal pessoa, ou da festa de casamento
que queria ter tido, ou dos momentos legais, da paz, parceria, amizade, risadas
e companheirismo que eu imaginei ter com meu marido... ou das viagens que
imaginei ter feito até aqui (especificar os lugares), da faculdade ou profissão
que imaginei estar fazendo ou atuando, os projetos que imaginei já ter
executado, as conquistas que imaginei já ter alcançado, o sucesso que pensei
que teria nessa altura da minha vida nas áreas tal (especificar: casamento,
profissão...)
A ideia aqui é levar a pessoa a colocar o máximo de detalhes, trazendo tudo o
que ficou registrado na imaginação dela.

Carta para o pai ausente:


Esse exercício pode ser passado para mulheres que sentem que queriam dizer
coisas a um pai ou uma mãe que faltou e foi ausente. Talvez ela nunca tenha
conhecido o pai ou a mãe e tenha coisas “entaladas” para falar.
Algumas pessoas que tem problemas na tireoide nem imaginam que possuem
essa disfunção por coisas que gostariam de ter dito e não conseguiram.
A ideia é que ela fale sobre os momentos importantes da vida dela em que o
pai ou a mãe não esteve presente.
Vou deixar uma carta que adaptei e acrescentei de uma publicação nas redes
sociais da Pra Talitha Pereira que achei perfeita e se encaixa bem nesse
exercício:
“Essa carta é para o pai que nunca apareceu. Não, você não esteve presente nos
momentos mais importantes da minha vida. Você não assistiu a apresentação da
escola que eu tinha ensaiado meses na esperança que fosse boa o suficiente
para fazer você aparecer.
Você não esteve presente quando caí e levantei diversas vezes até aprender a
andar de bicicleta. Você não esteve presente entre os rostos que eu observava
cantar “Parabéns e Feliz Aniversário” em torno da mesa. Você não esteve
presente quando minhas notas em matemática não melhoravam. Você também
não estava presente quando superei tudo isso e me formei.
Você não esteve presente nos almoços barulhentos de domingo. Você não
esteve presente nos natais, nem em viagens de final de ano. Você não esteve
presente nas minhas memórias mais marcantes e nem mesmo esteve presente
nas minhas memórias mais comuns do dia-a-dia.
Você não esteve presente quando meu 1º namorado quis assumir um
compromisso sério. Você não esteve presente para ter ciúmes, para mostrar o
quanto eu era importante para você, o quanto eu era a princesinha do papai que
cresceu, ou para impor regras; ou para até mesmo corrigir e brigar.
Você não esteve presente quando decidi aceitar o pedido de casamento. Não
havia ninguém para meu noivo pedir a minha mão. Tampouco esteve presente
na cerimônia ou no altar entregando-me para meu esposo. Espiei com ansiedade
e palpitações no coração, na ilusão boba de que talvez você estivesse
escondido por entre as cortinas ou pilastras, mas não, você não estava!
Posso dizer a verdade? Como você fez falta! Como eu gostaria que as coisas e
nossa relação tivesse sido diferente! Mas, apesar de toda dor e ausência, um dia
a PRESENÇA me encontrou. A presença que curou a ausência! Diante de uma
ausência tão grande, conheci uma presença que superou sua ausência e
preencheu todo o vazio no meu coração.
Conheci um Pai que esteve presente todas as vezes que me senti sozinha. Um
Pai que estava torcendo por mim na plateia quando venci e também me
consolando quando perdi ou falhei.
Conheci um Pai que me entende, mesmo quando eu não me entendo. Um Pai
que não só viu as minhas quedas, como estendeu a mão para que eu levantasse
e caminhasse novamente.
Um Pai que celebrou o mais comum dos momentos como se tivesse sido um
grande acontecimento. Um Pai que ama minha presença e minha voz o
chamando. Um Pai que não me ignora ou despreza. Um Pai que as vezes não
diminui a minha dor, mas me ajuda a vencê-la, porque no final, Ele sabe que
essa situação me deixará mais forte.
Descobri um Pai que me ama como sou e pelo que sou. Um Pai que me mostrou
quem eu sou e a força que tenho. Esse Pai me completa, me encoraja e me lança
ao meu propósito.
Um Pai que não me desampara jamais. Que me ajuda a resolver os maiores
problemas e conflitos da vida. Que me faz sentir amada e importante para Ele.
No final do dia, é para os braços desse Pai que corro. É o olhar dele que busco.
É o coração dele que guia o meu. Entendi que a ausência sofrida por você, pai
ausente, não diminuiu meu valor. Entendi que não tive culpa por você não ser
capaz de me amar como deveria. Entendi que eu não estava quebrada ou com
defeito, tampouco que não era merecedora do seu amor ou da sua presença.
Mas hoje, não o culpo mais pelas dores sofridas. Talvez você também tenha tido
um pai ausente. Hoje, decido perdoar todas as ausências e continuar me
preenchendo no amor do Pai perfeito. Minha oração é para que um dia, você
encontre esse Pai que eu encontrei.”

-----
Vou deixar essa carta em um arquivo separado, caso queira imprimir e entregar
para sua aconselhada fazer o exercício em casa, num momento com Deus.
No caso de ter sido uma mãe ausente, só adaptar e sempre sugerir que a
aconselhada adapte esse modelo para a realidade e memórias vividas por ela.
Aqui são apenas ideias, ok?

-----
Carta de Compreensão: Exercício para ressignificar a dor de traumas vividos
com pessoas
A ideia é conduzir a mentorada e aconselhada a escrever uma carta de
empatia e compaixão para os pais ou para quem a feriu ou até para ela
mesma.
A ideia é que ela tente se colocar no lugar deles, dizendo que nem pode
imaginar como deve ter sido difícil para eles ter um filho sem apoio de ninguém
por exemplo, no caso da mãe ter abandonado ou não ter tido uma rede de
apoios para ajudá-la... ou como deve ter sido difícil não ter amor dos pais deles
e por isso, não souberam dar amor a ela.
A ideia é que a mentorada se coloque no lugar dos pais e tente ao máximo
compreender os motivos que os levaram a falhar com ela. Uma sugestão é que
todas as vezes que a raiva ou tristeza quiser dominar o coração dela, ela leia
essa carta e lembre a si mesma que os pais não tiveram conhecimento,
oportunidades ou recursos emocionais, cognitivos ou espirituais para fazer
diferente.
Pode ser usada em relação a filhos que decepcionaram, ou qualquer outro
relacionamento.

Carta de autocompreensão – para mulheres que se culpam e não se


perdoam por decisões erradas que tomaram
Pode ser importante usar essa técnica nas situações em que a cliente fez um
aborto em algum momento de sua vida e ainda se culpa muito. A ideia é levá-la
a se colocar no lugar dela mesma na situação, onde ela não tinha apoio,
estrutura, maturidade ou que não estava em condições de fazer diferente.
Conduza-a a se lembrar dos sentimentos, medos, dúvidas e desespero da
situação e se perdoar, entendendo que não teve recursos emocionais e
espirituais para fazer diferente, mas que hoje se arrepende.
Pode ser aplicada em mulheres que traíram seu ex-marido e perderam o
casamento ou até filhos por causa disso.

Carta de Autoaceitação: Oriente a fazer uma carta de autoaceitação,


descrevendo cada detalhe pessoal, personalidade, coisas que considera
‘defeitos’, características pessoais, e outros aspectos sobre a aconselhada e na
qual ela não aceitava em si mesma até esse momento.
Fale para ela primeiro fazer uma lista de coisas que não aceita nela (corpo,
personalidade, identidade...) e de acordo com essa lista, ela escrever que
aceita cada parte que antes não aceitava em si mesma.
!!!(Atenção mentora e conselheira) – Não estamos falando de aceitar
pecados, mas sim aceitar características pessoais).

Agradecimento: 4 modelos
1ª - Escolha alguém – sugira que sua cliente faça uma carta de
agradecimento comum para qualquer pessoa próxima a ela: esposo, filhos,
pais, sogra, amiga, irmã, prima, líder...
A ideia é que a cliente nutra um coração grato às pessoas que facilitam a vida
dela de alguma forma. Sugira que ela agradeça o quanto essa pessoa tem um
lugar importante na vida dela, e por todas as vezes que essa pessoa a ajudou,
por cuidar dos filhos (se for para os pais, por exemplo); por ser parceiros (no
caso do esposo), pelo amor, pelos filhos, por toda ajuda que o esposo oferece,
pelo tanto que ele abençoa e facilita a vida dessa mulher e agradecer até
mesmo pelas vezes que o esposo a impediu de fazer algo que ela queria muito
e que depois ela viu que foi a melhor coisa não ter feito; pelos conselhos e
ouvidos (no caso da amiga, prima, irmã...).
Seria legal construir um memorial usando algumas sessões de atendimento
para isso, onde em cada sessão, ela pode relatar sobre 1 ou mais pessoas e
detalhar tudo o que ela se lembra que essa ou essas pessoas fizeram de bem
a ela até aquele presente momento.
Depois de falado, você pode conduzir que ela faça cartas como tarefa de casa
para essas pessoas em sinal de retribuição, honra e gratidão e nesse caso,
oriente que ela entregue essas cartas em mãos ou via Correios para alegrar o
coração dessas pessoas.
Se alguma pessoa citada já tiver morrido, então, ela pode guardar a carta como
sinal de honra e gratidão.
2 ª - Carta a Deus - Oriente ela a pensar em toda a vida dela e com muita
humildade e sinceridade perceber e relatar todas as vezes que ela sente que
Deus estava ao lado dela.
Agradecer a vida, os pais (apesar das faltas e erros), agradecer aos familiares,
esposo e filhos (se tiver), trabalho, recursos, livramentos, proteção, provisão,
curas, milagres, intervenções, respostas de orações, cuidado, amor e bondade
dele para com ela.
Sugira agradecer a Deus por ter enviado Jesus, o salvador, para curá-la, para
resgatá-la, para salvá-la, morrendo no lugar dela.
Sugira agradecer pelo perdão dos pecados, pela reconciliação através da obra
da cruz. Pelo amor, presença, correção, orientação, livramentos, curas e tantas
coisas que Jesus já tenha feito por ela.
Isso abre os olhos da pessoa para ela ver o quanto Deus é bom, o quanto já foi
presente na vida dela mesmo em momentos que não percebeu.
Pede para ela guardar essa carta e sempre que estiver se sentindo deixada de
lado por Deus, o que Ele nunca faz, mas, por ela se afastar ou dar vez aos
sentimentos, pode se sentir assim, que ela leia a carta e se lembre do quanto
Deus já fez na vida dela. A gratidão abrirá portas para mais milagres!

3ª - Pais - Peça para sua cliente pensar em tudo o que ela herdou de bom dos
pais em todos os aspectos que ela se lembrar: fisionomia, características
físicas, temperamento, personalidade, qualidades, traços de caráter, jeito de
ser, dons, habilidades, cognitivamente...enfim, coisas que ela se sente feliz por
ter ‘puxado’ deles. com essa lista, conduzi-la a fazer uma carta de
agradecimento por eles terem transmitido esses aspectos a ela.
Depois, pedir para ela pensar: “Que prática positiva ou dom você herdou
dos seus pais que facilita sua vida hoje no trabalho, no trato com a casa,
nas relações e no cumprimento do seu propósito?”
Exemplos: cozinhar doce ou salgado, cuidar da casa, ser boa com as pessoas
ou com números, fazer algo em específico, ser organizada, ser pontual nos
compromissos, respeitar os mais velhos, recolher o lixo mesmo que você não
tenha sujado, ter um relacionamento com Deus, ir à igreja, fazer amigos,
receber bem as pessoas, empreender, cuidar e gostar de crianças, ouvir e
aconselhar pessoas, ajudar pessoas necessitadas, fazer caridades, ser
intercessora, visitar doentes em hospitais, crianças em orfanatos, idosos em
asilos, orar pelos enfermos...
Pode perguntar se ela tem algum objeto específico que lembre o pai ou a mãe,
como um caderno de receitas por exemplo. Incluir na carta de agradecimento,
a gratidão por esse objeto tão afetivo ou significativo para ela.
Vou te dar meu exemplo: aprendi a cortar frango com minha mãe, a varrer a
casa, passar pano...tenho um caderninho de receitas dela que facilita minha
vida. Minha mãe aconselhava adolescentes, gostava de ajudar pessoas; e
herdei isso dela.

4ª – Você mesma – Peça para ela fazer uma carta de agradecimento a ela
mesma por no mínimo não ter desistido da vida nos dias maus. Por ela ter
enfrentado os medos e desafios pessoais. Por ter perdoado pessoas que a
feriram. Por ter obedecido a Deus nas horas mais difíceis. Por ter um coração
quebrantado e ensinável. Por ter sido honesta e verdadeira consigo mesma em
muitos momentos. Por ter renunciado muitos desejos. Por ter se permitido viver
os processos dolorosos para se curar. Por pagar o preço das transformações.
Por se calar nas horas mais difíceis. Por ser generosa com as pessoas. Por
defender a si mesma quando não tinha ninguém para defendê-la. Por trabalhar
e não fazer ‘corpo mole’. Por ser guerreira. Por lutar por ela mesma e pelos
direitos pessoais. Por ser fiel a Deus mesmo diante das tentações. Por não
abandonar os princípios. Por ser melhor amiga de si mesma. Por se ouvir e se
corrigir as vezes. Por cuidar de si mesma. Por realizar seus sonhos pessoais...
e tudo mais pelo qual ela queira agradecer a si mesma.
Nessa dinâmica de cartas para si mesma, você pode instruir a pessoa a fazer
cartas para o “Eu do Passado” contando como a pessoa venceu e superou
toda dor ou para o “Eu do Futuro” falando sobre os sonhos, projetos ou desejos
que tem no presente que dependa da força ou empenho dela para realizar.

Apresentação e Aceitação de si mesma: Esse exercício é recomendado para


mulheres que tem problemas com sua autoimagem, corpo, rosto ou
características pessoais. Mulheres que tem dificuldade em se olhar no espelho.
Mulheres que não conseguem olhar dentro dos seus próprios olhos.
Sugerir que ela pegue uma foto dela mesma, a que ela mais gostar e imprimir
para colocar junto da carta em um envelope. Segue o modelo que você pode
sugerir como ideia para ela para esse exercício e ferramenta:
“Olá, muito prazer, eu sou _____(nome cliente). Como você está? Tenho percebido
que você anda triste nos últimos tempos. Você também tem andado tão distante.
Mas...chega de fugir, precisamos conversar!
Eu sou uma parte de você que você tem desejado esquecer, mas quero te dizer que
isso não será possível, pelo menos, não da maneira que você deseja. Posso te
garantir que a dor que você ainda carrega um dia vai sumir, e a cicatriz será apenas
para contar as marcas das feridas que sofreu.
Agora juntas, o eu do presente com o eu do passado, declaramos: Eu me aceito como
eu sou, me aceito como mulher, aceito meu corpo e cada parte do meu corpo. Aceito
meu sorriso, minha beleza e inteligência. Eu devolvo a feminilidade que te foi roubada
(em casos de abuso ou traição) e tudo o que foi roubado do seu universo feminino.
Aceito meu corpo, meu rosto, meus olhos, minhas características pessoais, minhas
mãos, pernas, joelhos, dedos, pés, tornozelo, cabelos, meus seios, minhas partes
íntimas (em casos de abuso e traição). Eu ____(nome cliente), me aceito por
completo.
Pai, eu me aceito como o Senhor me fez e formou. Me aceito como mulher, como filha,
como esposa e como mãe (se for avó e tiver conflito com isso, pode incluir: “me aceito
como avó”). Eu aceito cada parte do meu ser, por dentro e por fora em nome de
Jesus!
Me perdoe por ter me distanciado de você, dos seus sonhos e por te deixar de lado
para buscar aceitação, afeto ou reconhecimento de outras pessoas.
De hoje em diante, quero ser sua melhor amiga (nome), afinal, somos apenas eu e
você, uma pela outra, até o final dessa vida. Me ajude a perceber quando você não
está bem e me importar com o que é necessário para você viver bem e em paz.”

Junto com a carta, finalizar com a oração do Salmo 139:14-18 e Efésios 1:4-6
para cura da identidade e autoaceitação. A ideia é que ela leia essa carta e fale
os versículos e olhe para a foto escolhida o máximo que puder durante a
semana. Se puder 1x por dia, seria ótimo, mas que faça no mínimo 1x por
semana até que não tenha mais problemas com sua autoimagem.

Fazendo as pazes consigo mesma e com alguma parte do corpo: Esse


exercício é recomendado para mulheres que tem estão brigadas consigo
mesmas, que se ‘odeiam’ ou que detestam uma parte do corpo ou
característica interna.
Modelo de carta:
Responda:
Por que não gosto dessa parte em mim mesma?
Há alguém ou alguma situação ligada à essa sensação negativa a respeito
dessa área do meu corpo?

“Eu libero perdão para ___ por ter me marcado negativamente a ponto de
eu ter raiva ____ (descreve o que não gosta em si mesma).
Devolvo toda vergonha, culpa, humilhação, medo e constrangimento que
essa situação me trouxe.
Coloco na Cruz de Cristo todas as palavras contra essa área da minha
vida que fizeram com que eu me odiasse nesse aspecto. Devolvo para
Deus também todas as falas contrárias a essa área e peço perdão por ter
sido ingrata ao que Deus me deu.
Faço as pazes comigo mesma no amor de Cristo. E me alegro com quem
Deus me fez a ser. Peço perdão Senhor por ir contra sua criação, que sou
eu. Peço que Deus Espírito Santo cure meus sentimentos contra mim
mesma e me ajude a me ver como o meu Pai Celestial me vê.
Faço as pazes com meu (minha) ____ (área que não gostava em si) e
agradeço a Deus porque essa área me ajuda a ____ (descreva o quanto
essa área ou região do seu corpo é importante para te manter viva e
saudável).
Exemplo: Eu aceito a minha voz em nome de Jesus e agradeço a Deus, porque
ela é um veículo que me ajuda a me comunicar, a me relacionar e obter
recursos financeiros para o meu lar ou faço as pazes com essa parte
específica do meu corpo que eu não gostava por tal motivo.
Senhor, consagro a ti essa área ou temperamento, jeito de ser e peço que
o Senhor me ajude a ver o porquê isso existe em mim, as funções
positivas dessa parte do meu corpo ou característica interna. Me ajuda a
amar ____ (parte do corpo ou característica interna) isso em mim de
maneira saudável e equilibrada. Eu me aceito como Deus me fez, com
essa parte ou característica, ainda que isso incomode algumas pessoas.
Peço perdão à você ____ (seu nome ou parte do corpo que xingava e
brigava) por todas as vezes que te maltratei, te ignorei, te desprezei, te
abandonei, te machuquei e falei mal de você. Eu te aceito como você é,
com todos os “defeitos” que possui.”

Carta - Devolvendo-se a si mesma:


Pode ser aplicado em casos de vítimas de abuso sexual onde a pessoa sente
que foi roubada a inocência, a força, a alegria, a beleza (muitas passam a se
‘enfeiar’ na fase adulta para não chamar atenção), a ousadia, coragem...
Pode ser passado em vítimas de outros abusos também: emocionais e físicos.
Muitas mulheres vivem relacionamentos abusivos e deixam de ser elas
mesmas. Se escondem com medo do parceiro. Perdem a força, alegria,
espontaneidade, entre outras características importantes. Abusos emocionais,
xingos, palavras negativas e violência roubam: a alegria, a saúde mental, a
autoestima, o amor-próprio, a autoconfiança, a ousadia, a fé, os sonhos...
Esse exercício pode ser aplicado em pessoas que já não sabem mais quem
são, que sentem que se perderam de si mesma, que não conseguem ver nada
de bom em si mesma, que tem um nível bem alto de baixa autoestima
(conceito que tem sobre si mesma), que não acreditam em si mesma, que
precisam se reencontrar e se reconectar com sua essência, força e
originalidade. Para romper os medos, e avançar no processo de curar e
fortalecer o amor-próprio e autoestima, é necessário resgatar o que foi roubado
de cada pessoa.
Esse exercício está disponível na aula sobre o resgate da menina interior e
resgatando características que ficaram presas nos traumas. Aqui, compartilho
apenas o modelo da carta, caso opte por essa ferramenta.
Instrua ela a fazer uma lista de tudo o que sente ter sido roubado dela:
características pessoais, momentos importantes, forças, virtudes...
Modelo de carta:
“Eu, ____(nome) declaro que estou pegando de volta minha alegria,
confiança, segurança, determinação, coragem, inocência, ingenuidade,
pureza, fé, ousadia, espontaneidade, força, sonhos, desejo de viver... (de
acordo com a lista da aconselhada/mentorada) que me foi roubado em tal
situação (descrever o evento traumático). Hoje, reencontrei comigo
mesma e estou me devolvendo a mim mesma. Firmo um compromisso
comigo mesma que não deixarei que nada e ninguém leve mais nada do
que Deus depositou em minha essência.”
Durante o processo, a aconselhada/mentorada pode ler essa carta
algumas vezes por semana para lembrar a si mesma as forças, virtudes e
competências que possui, fortalecendo a autoestima.

Carta de amor-próprio:
Peça para ela escrever uma carta de amor a ela mesma declarando amor e
reconhecendo ela mesma como se estivesse escrevendo para uma melhor
amiga ou filha.
Oriente a ler essa carta sempre que se sentir não amada ou desprezada por
alguém.

Aceitação do outro: Esse exercício é ideal para pessoas que trazem conflitos
de relacionamentos com o jeito de ser do outro. Coisas que a pessoa descreve
nas sessões que a incomoda no outro e por esse motivo, há brigas, raiva e
conflitos.
Esse exercício leva a pessoa a desfazer os ideias que a cliente construiu sobre
algumas pessoas e trazê-la para a realidade, apresentando verdades que ela
precisa aceitar para melhorar a relação delas com as pessoas em questão.
Sugira que sua cliente faça uma carta de aceitação para a pessoa envolvida no
conflito; seja: mãe, pai, esposo, filhos, sogra... Peça para ela incluir nessa
carta tudo o que ela vê como defeito em cada um, descrevendo detalhes de
acordo com a lista abaixo:
- Atitudes/ Ações
- Características pessoais ou de comportamento/personalidade
- Reações
- Falas específicas que incomodam
E outros que vier à mente de tudo o que ela "não" aceita na pessoa que ela
traz o conflito de relacionamento em atendimento.
Exemplo:
- Atitudes/ Ações: (conflitos com a mãe por exemplo) - me criticar, não deixar
eu terminar de falar e já me julgar, ser grosseiro sem razão, ser fria e seca, ser
muito mandona, desorganizada, relaxada, pessimista, desanimada, falar
demais, ser sempre a ‘coitadinha’ e vítima ou vive para ajudar todo mundo,
mas nunca se importa comigo, não se cuida (saúde, emocional e espiritual) ...
- Características pessoais ou de comportamento: ser irritada demais, impulsiva,
nervosa, dramática demais, faz ‘tempestade em copo d’água’, exagerada,
escandalosa, ser desconfiada, indecisa, insegura, ser manipuladora demais,
comer demais, falar muito alto, ser muito preguiçosa, medrosa, confusa,
indisciplinada...
- Reações: (exemplo no caso de ser o esposo) perder o controle emocional
facilmente, ficar estressado por qualquer coisa, me tratar mal quando está com
problemas pessoais ou ficar frio, seco e distante...
----
A ideia aqui é trazer a realidade de quem a pessoa do conflito é, e de como ela
se comporta. Tendo a maturidade de entender que quando ela aceita o jeito de
ser da pessoa, (contanto que não a ofenda diretamente), ela também se aceita,
principalmente se o conflito de relacionamento for com a mãe, mais
especificamente.
Enquanto a cliente rejeitar a origem e jeito de ser dos pais, estará reforçando a
rejeição contra si mesma, afinal somos parte de quem viemos. É necessário
aceitar a mãe antes para aceitar a si mesma.
Há muitas mulheres que expressam sua insatisfação e frustração na relação
com a mãe por exemplo, por ela ser distante, fria, insensível, crítica demais e
desejam que a mãe mude o comportamento ou jeito de ser, para a relação
entre elas melhorar. E se a mãe não melhorar? Muitas dessas mães não estão
em busca de ajuda, muito menos dispostas a percorrer um caminho de
transformação. Quem precisa aprender a lidar e aceitar algumas coisas, desde
que não seja ofensa ou excesso de poder e abusos, é a pessoa que você está
atendendo e buscando ajuda.
Enquanto ela negar a mãe, está negando a si mesma, afinal, parte dela veio da
mãe. Negar a mãe afeta a autoestima, a percepção de si mesma, a
confiança, o amor-próprio, a autoaceitação, gera inferioridade e traz
sérios problemas de relacionamentos.
O mesmo serve para o pai. Negar o pai, é negar parte da vida profissional,
do destino e da identidade, além de trazer prejuízos para a vida financeira.
Instrua a encerrar a carta dizendo que DECIDE a partir de hoje, ACEITAR a
pessoa (mãe, pai, esposo...) como ela(e) é. Diga que ama essa pessoa na
carta, apesar de não gostar de algumas atitudes dela.
Não é necessário a cliente entregar a carta para a pessoa em questão,
somente o exercício terapêutico para ela aceitar as verdades sobre o outro que
não estão no poder e controle dela para serem mudadas.
Quando ela se incomodar com algo dessa pessoa em outro momento, oriente a
lembrar de ler a carta para ela mesma, afinal, há pessoas que não irão mudar e
a relação se torna mais leve quando aceitamos as pessoas como elas são.
Somos parte de quem viemos! Quando a pessoa nega a mãe ou o pai, ou
partes dessas pessoas, nega a si mesma ou partes de si mesma que se
conectam com os pais, afinal, parte da cliente (personalidade, jeito de ser e
fazer algumas coisas...) vieram da mãe ou do pai.
Um outro exercício ainda ligado a aceitação do outro é sugerir que a cliente
faça uma lista com 2 colunas: 1 coluna descrevendo as virtudes da pessoa que
ela tem conflitos, e a outra coluna com os ‘defeitos’ que ela já relatou na carta.
Isso ajuda sua cliente a se lembrar que essa pessoa também possui virtudes
além das falhas, e que todo ser humano é assim com coisas boas e ruins
dentro de si.

Aceitar as perdas e a história como foi até aqui: Esse exercício é ideal para
clientes que vivem presas nas perdas do passado e que sentem até uma revolta
pela forma como teve que viver a vida. Pessoas que não aceitam o que
aconteceu ou as injustiças que sofreu.
Não podemos mudar o passado, e aceitar as coisas como aconteceram liberta o
coração da mágoa e amadurece o emocional, já que as idealizações de como a
vida poderia ter sido serão desfeitas.
É importante aceitar a verdade na história que não pode ser mudada. Além disso,
lembrar que a história de cada pessoa, desse mesmo jeitinho que foi, parecendo
errada e imperfeita algumas vezes, pode ser um instrumento de Deus para
ajudar outras pessoas, afinal, se a pessoa não tivesse passado pelo que passou,
não teria sensibilidade à dor de outras pessoas.
Exemplo: Modelo de carta para inspiração:
“Nunca tive coragem de dizer que passei por isso. Sempre neguei o que sofri, talvez
para não ter que lidar com essa dor que tanto tentei fazer morrer. Mas, você continua
viva e se fazendo ser lembrada. Por isso, decido enfrentar você e aceitar as verdades
sobre minha história que não podem ser mudadas.
Sim, eu não tive o amor e nem a presença de um pai. Isso me fez e ainda faz muita
falta. Me faltaram conselhos, momentos juntos, correções, afeto, companhia e tantas
outras coisas. Mas essa é a verdade sobre minha história que não posso negar.
Sim, minha mãe não conseguiu ser uma mãe presente. Me abandonou em busca de
tentar melhorar sua vida para depois me levar para junto dela. Essa ausência doeu.
Sim, eu fui tocada indevidamente e tive minha inocência roubada. Ainda não consigo
mensurar os estragos desse trauma, mas sei que eles existem.
Sim, fui abusada pelo meu (pai, irmão, avô, tio, primo, amigo, namorado, professor,
pastor...). A pessoa que nunca esperei fazer isso comigo.
Sim, eu tomei decisões erradas. Fiz besteiras. (Aqui conduzir a falar o que a pessoa
fez de ruim: traição, aborto, abandonar um filho, divórcio, mentir, roubar, enganar,
perder a virgindade para alguém que se arrepende...)
Sim, tive perdas em minha vida. (Aqui conduzir a especificar as perdas: casa própria,
carro, negócios, amizades, pessoas, oportunidades, dinheiro, casamento, ideais - o
que sonhou para a vida e foi diferente -, a inocência – no caso de abusos ou perda da
virgindade...) Não posso negar essas perdas, elas existiram e deixaram marcas, mas
DECIDO deixar essas perdas na Cruz de Cristo, bem como aceitar as verdades que
envolvem minha história de vida.
Entendo que isso não foram coisas que meu Pai Celestial desejou para mim, mas
coisas relacionadas ao livre arbítrio de cada pessoa, incluindo o meu. Apesar de
aceitar minha história de vida, creio que ela pode ser mudada a partir de hoje, por isso,
devolvo tudo o que vivi para o Senhor e peço que use tudo isso para a tua glória de
uma forma ou de outra.
Não posso negar que essas histórias construíram parte de quem sou hoje, e não
posso desprezar que elas me trouxeram muitas lições e crescimento pessoal.
Te agradeço Senhor por me sustentar e me ajudar a sobreviver, apesar das histórias
sofridas. Deixo toda dor e sofrimento na tua cruz e sigo acreditando que uma nova
história o Senhor tem para mim.
Escreve novas páginas no livro da minha vida e me ajuda a escrever uma bela história
juntamente contigo.
Ass: (nome da aconselhada)”

Aceitar as escolhas que fez:


Carta de despedida da família de origem e aceitação da função de esposa
e de mãe.
Muitas mulheres ainda se mantém filhas mimadas e não assumiram as
responsabilidades e nem a posição das escolhas que fizeram. Outras, a mãe
ou o pai se mete tanto na vida da filha, que ela não consegue exercer o papel
de esposa, porque ainda está no papel de filha que obedece o que a mãe acha
que ela deve fazer na casa dela. Uma coisa é a mãe dar conselhos e
instruções, outra coisa, é exigir que a filha faça como ela quer na casa dela.
Exemplo:
Oi Mãe, pai e (nome dos irmãos (as) se tiver. Quero te agradecer por terem me
oferecido um lar feliz, seguro e cheio de bons momentos. Quero te agradecer mãe por
ter me ensinado (descrever pelo que é grata em relação à mãe).
Quero também te agradecer pai (descrever). Quero também agradecer (citar nome de
irmãos ou irmãs e pelo que ela é grata).
Obrigada por me amarem, por me proteger e querer o melhor para mim; mas, através
dessa carta me despeço do lugar que eu ocupava em nossa casa, para ocupar meu
lugar de esposa e futura mãe no meu novo lar.
Grande parte das coisas boas que tenho feito e acertado aqui em casa, foram
ensinamentos e exemplos que vieram de vocês, e sou grata por isso, mas daqui para
frente, embora eu queira continuar recebendo os conselhos de vocês, peço que
respeite o que eu quiser fazer diferente.
Carregarei as bagagens certas para meu lar atual e outras bagagens que não
considero úteis, com todo respeito, deixo no meu lar de origem.
Sei que sempre que eu precisar de ajuda posso contar com vocês, e sei que precisarei
dela, mas me deixe sinalizar e pedir. Não precisam intervir se eu não sinalizar.
Sempre os honrarei e nunca deixarei de ser filha de vocês, apenas preciso entender
que não ocupo mais esse papel como principal em minha vida, já que devo assumir
minha posição e todas as responsabilidades como esposa e futura mãe.
Com amor, sua filha e irmã (nome da aconselhada)

• Essa carta não precisa ser entregue, a não ser que a cliente queira e dê conta
das possíveis consequências dela.

• Essa carta é apenas uma ideia, devendo ser adaptada e estendida da maneira
que a cliente preferir e sentir necessidade, de acordo com as vivências dela.

• Se a história de vida dela com o lar de origem não for de gratidão e sim de
bagagens ruins, ela deve se despedir do lar de origem dizendo que deixa as
marcas na Cruz de Cristo e que segue para o lar atual se desvencilhando das
marcas negativas, rompendo com todo padrão comportamental familiar tóxico.

• Junto com o exercício da carta de aceitação do papel de esposa, eu pedia para


a cliente olhar 1x por dia durante algumas semanas para alguma foto do
casamento dela com o esposo. Se estivesse vestida de noiva, melhor ainda,
para internalizar no cérebro que agora ela tem uma nova família e que deve
assumir um novo papel. Fica essa dica para você, caso queira acrescentar ao
exercício com sua cliente.

Carta de aceitação de estar solteira no momento:


Outras mulheres precisam aceitar que escolheram não casar com qualquer
pessoa, e por isso, ainda estão solteiras.
Exemplo:
Oi (nome da aconselhada), estou aqui para te agradecer por cuidar do seu coração e
não entregá-lo a qualquer um. Embora já tenhamos (idade) anos, sei que você tem
feito a escolha certa.
Aceito nossa escolha de permanecer solteira até que Deus nos apresente a pessoa
certa e tenhamos certeza disso também.
Vamos tentar vencer as tentações de nos ressentir com Deus quando virmos amigas
se casando, tendo filhos e realizando os sonhos que também desejamos viver um dia.
Vamos lutar bravamente contra a inveja e maus sentimentos, alimentando a gratidão e
sendo preenchidas no amor de Deus.
E continuaremos orando, pedindo que o Pai nos conecte com a pessoa escolhida e
nos permita viver nossos sonhos de acordo com a vontade Dele.”

Nesse exercício e ferramenta de fazer cartas de aceitação, pode-se usar em


várias histórias de vida, além dos exemplos que dei aqui. Pode-se usar para
quem decidiu se divorciar, para quem decidiu ir morar fora do país e ficar
distante da família de origem, para jovens que decidiram por uma profissão
diferente da que os pais queriam, para quem escolheu não ser mãe ou até não
querer casar. Até mesmo para quem decidiu trair, abortar ou abandonar um
filho.
Lembrando que o objetivo desse exercício em questão, é trazer a realidade e
maturidade diante da verdade que ela precisa aceitar e encarar para resolver
os incômodos que essas histórias ainda possam trazer a ela. Claro que, você
apenas fará a sugestão, mas quem precisa aceitar usar as ferramentais é ela.
E mais uma vez digo: não adianta fazer por fazer, ela precisa sentir o que está
fazendo e internalizar o que está sendo trabalhado.

Carta da liberação do prazer e Autorização para ser feliz:


Pode ‘parecer besteira’ alguns exercícios aqui apresentados, mas posso dizer
com toda certeza, que alguns deles foram divisores de águas na vida de muitas
mulheres que atendi.
Muitas pessoas têm áreas da sua vida destravadas após alguns exercícios por
se tratar de liberações, posicionamentos e desbloqueios em muitos deles.
“Digo a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e
tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu.”- Mateus
18:18
Esse exercício pode ser aplicado:
- Em mulheres que sentem culpa em sentir prazer sexual com esposo por
causa de abusos sofridos na infância;
- Em mulheres que veem o sexo com o esposo como obrigação e não sentem
prazer, porque inconscientemente se culpam ou sentem nojo e raiva por causa
de abusos que tenha sofrido;
- Em mulheres que não se sentem merecedoras de ser feliz ou desfrutar das
coisas boas da vida
Exemplo:
Eu, (nome da aconselhada) tomo de volta minha feminilidade e tudo o que foi
roubado do meu universo feminino por causa dos abusos. Me aceito como
mulher e me autorizo a desfrutar dos prazeres que Deus, meu criador me
proporcionou.
Eu faço as pazes com meu corpo, e declaro que aceito cada parte dele: meus
rosto, meus olhos, meus lábios, cabelos, mãos, pés, pernas, barriga, ombros,
bumbum, coxa, seios, minhas partes íntimas e declaro que estou autorizada
pelo meu criador a sentir e desfrutar do prazer sexual com meu esposo sem
culpa, nojo, raiva ou peso.
Eu me autorizo a sentir prazer, alegria, gozo e a ser feliz.

Carta de Merecimento: Exercício indicado para mulheres que não se sentem


merecedoras de nada. Que nunca compram ou fazem nada para si e que
quando Deus dá algo a elas, sentem-se culpadas ou parece que precisam dar
explicações para as pessoas sobre as bençãos que recebeu.
Sugira que ela responda a pergunta: “O que você se autoriza receber e
viver? – oriente a pensar em vontades e desejos que possui
E escrever: “Eu, (nome) me autorizo a receber tal coisa, a morar em tal lugar, a
ganhar tanto de salário, a viajar para tal lugar, a estudar em tal lugar, ou ter tal
negócio em determinado lugar, a comprar tal roupa, sapato, carro, a comer em
tal restaurante, a comprar tal coisa para comer... me autorizo a ter bençãos,
sucesso e prosperidade vindas das mãos do meu Pai Celestial em nome de
Jesus!”

Carta para o Passado:


A ideia é conduzi-la a se despedir do passado, das dores e agradecer por
todas as experiências vividas que a tornaram uma mulher melhor e mais forte.
Instrua a se despedir das bagagens pesadas e dizer que a partir de hoje, ela
não carrega mais nenhuma bagagem desnecessária.
Carta para o Presente:
Aqui a ideia é que a pessoa dê conselhos a si mesma e traga à mente tudo o
que ela tem vivido e sentido no momento. Instrua ela a também escrever no
presente tudo o que já superou do passado. Isso vai encher o coração dela de
esperança.

Carta para o Futuro: Esse exercício serve para pessoas que não sonham com
nada, que são pessimistas e tem a tendência a desanimar diante da vida.
Conduza a pessoa a escrever como ela quer se sentir no futuro. Que ela
imagine estar vivendo o que deseja daqui 5 anos por exemplo, e escrever
como se fosse nesse presente do futuro atual.
Sugira ela escrever em detalhes como está a vida dela, onde ela está morando,
como se sente diante do que está vivendo.

Cartas de amor: mãe, pai, irmãs, esposo, filhos, amigas


Durante o acompanhamento, sugerir a aconselhada que peça para a mãe, para
o pai, para irmãs (se tiver), filhos (se tiver), esposo (se tiver) e amigas próximas
que cada pessoa importante na vida dela escreva uma carta de amor para ela.
Instrua a guardar as cartas e sempre ler quando se sentir não amada ou não
importante. Ler todas as vezes que se sentir tentada a buscar aceitação,
elogios, aprovação e reconhecimento das pessoas.

Cartas de amor do Pai Celestial para uma filha:


Sugerir que a aconselhada pegue trechos bíblicos que falem do amor de Deus
para ela e escreva livremente uma carta de amor como se fosse de Deus Pai
criador da vida dela para ela, declarando o amor Dele por ela.
Sugerir que sempre que ela se sentir triste ou não amada, deve ler essa carta.
Vou deixar algumas cartas modelos separado no arquivo: “Cartas de amor de
Deus Pai para uma filha” para você entregar para ela.

Por que algumas pessoas precisam liberar perdão para Deus?


As vezes, as orações podem estar frias, religiosas e distantes, porque na
verdade, a pessoa está ressentida com Deus. Oriente a liberar perdão para
Deus, e conversar com ele sobre tudo o que sente.
Nosso cérebro precisa de justificativas plausíveis para entender algumas
coisas. Ele se sente mais confortável quando não se sente ameaçado, e
algumas perguntas sem respostas geram angústias, ansiedade generalizada,
depressão e outros distúrbios psíquicos. Toda dor não colocada em palavras
se manifesta em algum desequilíbrio ou sintoma.
Como Deus, sendo Pai e que vê todas as coisas permite que crianças sejam
abusadas? Passamos alguns anos da nossa vida fazendo essa pergunta,
porque diante de um abuso infantil, parece ser inconcebível um Deus que não
se move em defesa dessa injustiça.
Sim, inconscientemente, nutrimos muita raiva de Deus por ter nos permitido
viver essa violação. Afinal, toda a bíblia descreve Deus como um Pai que
cuida, ama, protege e que quer nosso bem. Mas como aprendemos na igreja a
temer a Deus, então não temos coragem de expressar nossa raiva e
ressentimento contra ele. Então, guardamos em nosso inconsciente, mas não
significa que a dor não esteja lá, e pior, controlando nossos comportamentos,
que são movidos por sentimentos inconscientes.
Pense que as pessoas que foram inspiradas por Deus para escrever a bíblia
naquele tempo não tinham conhecimento emocional. Deus vem se revelando
ao longo dos tempos. Jesus só foi revelado milhares de anos após a criação da
humanidade para fazer os religiosos entenderem quem era Deus como Pai,
porque eles estavam vendo Deus sob ótica de leis e religião opressora.
Esse exercício em específico não está baseado em nenhuma passagem
bíblica, aliás, já procurei em estudos aprofundados, e nem o ato de pedir
perdão às pessoas que ferimos, encontrei base bíblica.
Há inúmeras passagens e ordenanças sobre liberarmos perdão, mas sobre
pedir perdão não consegui encontrar. E quantas vezes, o Espírito Santo nos
orienta e nos conduz a pedirmos perdão para as pessoas, não é mesmo?
Mateus 18:15 fala sobre se consertar com alguém que te feriu, ou seja, mais
uma vez sobre liberar perdão para o outro e não sobre pedir perdão ao outro.
Quando Deus quer quebrar nosso orgulho e ego, sempre nos conduz a nos
humilhar e pedir perdão às pessoas que ferimos, mesmo que sem intenção.
Se souber alguma passagem que fale sobre pedir perdão ao outro, me sinalize
por favor, porque não achei.
Em relação ao assunto pontuado por você que é “liberar perdão a Deus”, esse
exercício psicológico está baseado em experiências pessoais minhas e de
outras pessoas, e dos meus atendimentos. Como esse curso é uma
MENTORIA, ensino o caminho que trilhei, porque é exatamente isso o que uma
MENTORIA deve oferecer.
Então, esse exercício está embasado na questão emocional e psicológica.
Deus busca sinceridade do nosso coração, e muitas vezes ficamos frustradas,
tristes e decepcionadas com Deus internamente.
Obviamente que Deus não precisa do nosso perdão. Ele é Deus e não nos
deve nada, pelo contrário, nós é que devemos a Ele. Ele quem nos perdoa, e
faz isso, pela graça e misericórdia de seu Filho Jesus Cristo, e não porque
merecemos.
Sei que parece confuso e incoerente pensar assim por causa de alguns
aspectos religiosos que incutiram em nossa mente no sentido: "Que heresia é
essa? Quem você pensa que é para "liberar perdão" para Deus?"
Sei que pensamentos assim passam em nossa mente e pensamos até que
estamos blasfemando contra Deus ao fazer esse exercício. Por isso, é
importante que entenda a colocação e aplicação dele. Deve ser aplicado
apenas em mulheres que estão distantes de Deus e desconectadas dele,
porque de alguma forma, culpam a Deus pela dor que viveram.
Ou para outras mulheres que vivem uma vida de falsa religiosidade, indo à
igreja, 'adorando' a Deus da boca para fora, mas lá no fundo estão ressentida
com Deus porque perderam algo importante, ou porque não aceitaram a
vontade Dele para sua vida, ou porque "Deus permitiu que algumas fossem
abusadas, maltratadas, rejeitada e desamparada pelos que mais deveriam nos
proteger, que são os pais ou cuidadores.
Não tem jeito, sentimentos de injustiça acionados por ações dos nossos pais,
"respingam" na nossa relação com Deus e nos mantém somente na posição de
"servas" e não de filhas do nosso Pai Celestial.
Desde sempre, a intenção de Deus ao criar o homem e colocá-lo no jardim foi
para que nos RELACIONÁSSEMOS com Ele, de maneira sincera e verdadeira,
sem ESCONDER nossos sentimentos, como o próprio Adão e Eva fizeram. A
bíblia está aí para nos ensinar princípios importantes.
Quando Deus pergunta para Caim, antes mesmo dele matar o irmão Abel: “O
Senhor disse a Caim: "Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu
rosto?” - Gênesis 4:6. Deus estava dando uma oportunidade para Caim
expressar sua inveja do irmão e insatisfação e chateação com Deus. Mas, ele
não usou essa oportunidade e se vingou do seu irmão.
Sentimentos não falamos e não curados geram mortes emocionais.
Percebo que dentro desse chamado que Deus me deu (emoções e
comportamento e traumas emocionais), não tem sido fácil aplicar os conceitos
bíblicos para o contexto emocional, já que não se falava muito claramente
sobre essas áreas na bíblia, mas, por experiência própria, além de outras
tantas pessoas que ouvi falarem sobre os mesmos processos de cura, 'liberar
perdão' a Deus é apenas uma ação emocional, uma atitude para que seu
cérebro entenda que você abre mão de 'ficar ressentida' com Deus por 'Ele não
ter feito' como você queria ou imaginou ou por ‘ter permitido’ que coisas ruins te
acontecessem.
O importante é nunca ser HIPÓCRITA diante dele. Se achar que não tem
nenhum ressentimento e nada que interrompa a relação PAI x FILHA com
Deus, se não achar que tem NENHUMA BARREIRA entre a pessoa e Deus
não precisa orientá-la a 'liberar perdão' a Deus, mas, se a pessoa não tem
intimidade e a conexão está quebrada por alguma chateação dela com Deus,
talvez esse exercício psicológico ajude.
E claro que, ninguém estará 'ofendendo' a Deus, até porque de fato, quem
somos nós para 'perdoar' a Deus? É só pensar que ela como filha estará
conversando com seu pai terreno falando sobre todos os sentimentos
negativos e decepções que carrega dele próprio. Isso é conserto e cura,
gerando uma reconexão com o Pai Celestial tão necessária para todo o
processo de cura, afinal como ela vai sentir que Deus a ama se vê ele como
alguém que a desejou mal, que não a defendeu?
Esse exercício de ‘liberar perdão’ a Deus pode entrar como “aceitar a sua
vontade” em alguns aspectos, como uma morte ou algo que de fato, faça parte
dos propósitos de Deus para nossa vida.
Mas, e o que dizer dos abusos? Como aceitar que Deus desejou que crianças
fossem violentadas, tocadas indevidamente e outras rejeitadas e
abandonadas? Então, nesse caso, não penso que seria aceitar isso como a
vontade de Deus para nossa vida, até porque a própria bíblia diz que os planos
de Deus sobre nós são de bem e não de mal, e a maldade humana existe
porque as pessoas utilizam de maneira displicente o livre arbítrio.
Agora se nada disso fizer sentido para você, e não estiver disposta a abrir a
mente, é só rejeitar essa informação, e está tudo bem. Nem sempre o que faz
sentido para um, faz para outro, porque só faz sentido de fato, quando vivemos
na pele as experiências direcionadas pelo próprio Espírito e quando vemos os
frutos desse direcionamento e da nossa obediência, apesar de não entender
como Deus se manifesta ou nos direciona muitas vezes.
A religião nos confunde, por isso, os religiosos não aceitavam os feitos de
Jesus, porque ele era fora da caixa e quebrava todas as regras religiosas que
pareciam estar “ofendendo a Deus”.

Você também pode gostar