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INCLUSIVA
E EDUCAÇÃO
ESPECIAL
PERSPECTIVA NA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: PERSPECTIVA NA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
© 2019 Copyright by Robéria Vieira Barreto Gomes, Ana Paula de Holanda Lima,
Ivna Teixeira Masih, Rosane de Fatima Ferreira Serra, Francisca Janaína Dantas
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ESPECIAL
PERSPECTIVA NA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
Fortaleza | CE
2019
Sumário
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ABORDAGENS DE ENSINO NA
EDUCAÇÃO DE PESSOAS SURDAS NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO
BILÍNGUE • 9
Angerline Costa Barros
Leticya Ewellyn Santos Ribeiro
Nina Rosa Silva de Araújo
Introdução
10 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
dológicos e didáticos que o auxilie no processo de ensino e
aprendizagem indicado para esse aluno surdo, necessita
também refletir acerca das práticas pedagógicas já utili-
zadas que viabilizam a participação dos alunos surdos no
cotidiano da sala de aula, e, assim, construir suas próprias
impressões, visões e maneiras sobre o ensinar e o aprender.
Em outras palavras, a formação do professor torna-se pri-
mordial para a efetivação de sua prática docente e, quando
se pensa nesse aluno em questão, a formação desse profes-
sor deve ir além, pois, trabalhar com a criança surda implica
conhecer a língua de sinais.
Pensando nessa formação docente, a presente pes-
quisa nos conduzirá a responder às seguintes questões: O
que caracteriza uma escola bilíngue? O que dizem as polí-
ticas públicas em relação à formação dos professores para
trabalhar na escola bilíngue? Partindo desses questiona-
mentos, elencamos como objetivos conhecer os princípios
e fundamentos de uma escola bilíngue e analisar as Políti-
cas Públicas de formação de professores para a escola bilín-
gue. Utilizamos como investigação no referido estudo, a
análise documental e bibliográfica que ajudou a construir
nosso embasamento teórico acerca do assunto. Buscamos
referências nos estudos e pesquisas consolidados por Go-
mes (2016), Araújo (2013), Lima (2010), Veltrone (2007), Qua-
dros (1997), Skliar (1997), além do uso da legislação oficial.
Tais estudos foram de fundamental importância para que
possamos desenvolver as perspectivas de inclusão e de-
senvolvimento de uma proposta pedagógica embasada na
formação bilíngue para alunos surdos. Dessa forma, espe-
ramos que os resultados dessa pesquisa possam contribuir
para possíveis reflexões em relação à formação do professor
e as Políticas Públicas que guiam suas práticas pedagógicas
desenvolvidas nas escolas bilíngues, visando o ensino e a
12 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
de uma imersão sinalizadora e, mesmo assim, ele define que
seu conforto linguístico é a língua de sinais, provando que a
experiência com a língua oral não substitui e nem modifica
a sua asseguridade linguística natural e orgânica.
A Libras promove o desenvolvimento linguístico, so-
cial e intelectual daquele que a utiliza enquanto instrumen-
to comunicativo, favorecendo seu acesso ao conhecimento
cultural/científico, bem como a integração no grupo social
ao qual pertence. Nesse sentido, é lícito reafirmar a sua legi-
timidade como sendo a língua natural e de conforto linguís-
tico do surdo brasileiro. É interessante notar, ainda, que os
filhos surdos de pais também surdos, ao adquirirem a Libras
no contexto familiar possuem maiores chances de aprendi-
zagem da língua oral como segunda língua.
Segundo Campello e Rezende (2014), a história em
defesa das escolas específicas2 teve início em 2010 marca-
do pela maior mobilização do Movimento Surdo Brasileiro
durante a realização da Conferência Nacional da Educação
– CONAE 2010, vale ressaltar que esse movimento se funda-
menta em uma filosofia de educação bilíngue. Marcado pela
reivindicação de uma política educacional mais condizente
com as especificidades linguísticas e culturais dos surdos e
que atenda à pluralidade dos surdos brasileiros, esse movi-
mento tem sido divulgado e difundido amplamente pela Fe-
deração Nacional de Integração dos Surdos – FENEIS.
É importante considerar, nessa questão, que, para os
surdos, sua primeira língua é a Libras; e a segunda língua é
aquela adotada no seu país de nascimento. No entanto, es-
tudos como de Quadros (p. 71, 1997) apontam que somente
4% ou 5% das crianças surdas são filhas de pais surdos, e
estas têm acesso a essa primeira língua através das intera-
ções comunicativas com pais surdos, mesmo estando inse-
2 Escolas bilíngues.
3 Termo eleito em nosso trabalho para se referir à pessoa que ouve e oraliza,
tornando-se, portanto, uma oposição à pessoa que não ouve, no sentido da
pessoa surda. Vale ressaltar que será amplamente difundido em nosso texto.
14 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
ser humano para o convívio social. Com relação a essas ques-
tões, assim se manifesta Strobel, que fala do lugar do surdo,
pois é o lugar onde se situa de fato:
Para o povo surdo, a terminologia ‘Deficiente
Auditivo’ é rejeitada porque define o surdo se-
gundo sua capacidade ou ausência de ouvir e
não a presença de uma cultura linguística dife-
rente. [...] Deficiente Auditivo – D.A, este termo
‘deficiente’ geralmente é utilizado na área da
saúde, em que nos classifica em graus de surdez
e da perda sensorial de audição. Já os sujeitos
que convivem com a comunidade surda usam o
termo ‘surdo’, pois entendem que esta denomi-
nação engloba uma diferença cultural. (STRO-
BEL, 2008, p. 35).
16 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
de crianças surdas durante quase um século. O objetivo era
fazer com que o surdo aprendesse a falar (fala oral), consi-
derada para a época como único meio social de interação
do homem na sociedade. A referida concepção tinha como
pressuposto que o pensamento humano era subordinado a
mediação da fala oral.
COMUNICAÇÃO TOTAL: surge como uma proposta
substitutiva a concepção educacional oralista, dessa forma
a comunicação total defende a utilização de qualquer meio
de comunicação e ou recurso linguístico, seja: alfabeto da-
tilológico, leitura labial, leitura e escrita, gestos naturais e
ou códigos manuais, a língua oral, a língua de sinais, de for-
ma simultânea para facilitar a comunicação com as pessoas.
Para além dos meios de comunicação já citados a proposta
educacional orientava que a criança surda deveria está ex-
posta também aos equipamentos de estímulo auditivo, de-
senvolvendo assim a competência comunicativa. É impor-
tante destacar que para a filosofia da Comunicação Total,
a língua de sinais é um recurso metodológico para o apren-
dizado da língua oral, sem valorização linguística do status
dessa língua e sem função cognitiva e social.
BILINGUISMO: O bilinguismo tem como pressuposto
básico a necessidade do surdo ser bilíngue, ou seja, que o
surdo primeiramente seja exposto e tenha acesso a Língua
de sinais, que é considerada a sua língua natural, e que a
aquisição da segunda língua, a língua utilizada em seu país,
seja ofertada na modalidade escrita e não na modalidade
oral, garante (prevê) ainda, que a língua de instrução da
aquisição da segunda língua seja a língua de sinais. Dessa
forma, vale evidenciar que tanto a língua de sinais, quanto a
segunda língua não deve ser utilizada de forma simultânea
para que suas estruturas linguísticas e gramaticais sejam
preservadas. Uma observação, no próximo item vamos falar
18 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
O oralismo, primeiro modelo, pretendia que o surdo
pudesse fazer uso da língua falada igual aos ouvintes, não
somente na modalidade escrita, mas que estes fossem capa-
zes de oralizar e fazer uso da leitura labial para poder comu-
nicar-se com os ouvintes. Tal modelo foi reforçado e impri-
mido após o congresso de Milão (1980), um evento que teve
grande participação de educadores e acadêmicos ouvintes,
esse evento tinha a pretensão de “uma educação orientada
pela fala e para a fala, o que não se constituía uma novidade
no campo da educação de surdos, pois já fazia parte das pri-
meiras iniciativas de ensino dos preceptores do século XVII”
(Peixoto, 2017, p 437). À vista disso, o Oralismo repudia o uso
das línguas de sinais trazendo grandes prejuízos educacio-
nais para as pessoas com surdez que apresentavam baixos
níveis de escolarização. Segundo Skliar (1997), a educação se
converte em terapêutica, possuindo o objetivo de reabilitar
e ou dar ao aluno o que lhe falta: audição, e seus derivados:
a fala.
A Comunicação total, o segundo modelo, surgiu na
década de 1970, na tentativa de criar um novo ensino que
garanta desenvolvimento da linguagem nas pessoas com
surdez, as escolas aceitam a utilização da Língua de sinais,
como também da datilologia, do oralismo e do português si-
nalizado, fazendo uso de todos os mecanismos que possam
estabelecer uma comunicação entre surdos e ouvintes. Con-
siderando que:
Os sinais passam a ser utilizados pelos profissio-
nais em contato com o surdo dentro da estrutu-
ra da língua portuguesa. Esse sistema artificial
passa a ser chamado de português sinalizado. O
ensino não enfatiza mais o oral exclusivamen-
te, mas o bimodal. O bimodalismo4passa a ser
4 Grifo nosso, por entendermos que o uso simultâneo da língua de modalidade
oral e dos diferentes códigos manuais, seja reconhecido como bimodalismo.
20 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
à aquisição de segunda língua tendo sua primeira língua
como língua de instrução para aquisição da segunda.
Esse aspecto corrobora para que esse sistema de ensi-
no na escola bilíngue seja organizado de forma que a língua
de sinais seja utilizada como a primeira língua, ou seja, a
criança precisa primeiros e apropriar da sua língua natural
(língua de sinais) e somente depois é que ela terá acesso à
segunda língua, definindo dessa forma que a língua de ins-
trução seja a Língua de sinais. Vejamos:
O princípio fundamental do bilinguismo é ofe-
recer à criança um ambiente linguístico, onde
seus interlocutores se comuniquem com ela de
uma forma natural, da mesma forma que é feito
com as crianças ouvintes através da língua oral.
(MOURA, 1997, p. 355 apud LEITÃO, 2003, p. 75)
22 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
de abril de 2002,que assegura “(...)a inclusão nos cursos de
formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Ma-
gistério, em seus níveis médio e superior, o ensino da Lín-
gua Brasileira de Sinais –Libras(...)” (Art. 4). Assim, essa foi
uma das primeiras iniciativas do Governo Federal de garan-
tir uma formação adequada para os que trabalham com as
crianças surdas, buscando desenvolver, bem como a forma-
ção do profissional que coopera com a comunicação entre o
sujeito surdo e o profissional, sobretudo o professor.
Em 2005, o Decreto nº 5626/05, permitiu então o aces-
so à escola por alunos surdos, a implantação da disciplina
de Libras na grade curricular das universidades, especifi-
camente nos cursos de Licenciaturas e de Fonoaudiologia,
além de exigir a certificação e a formação de professores e
intérpretes em Libras.
Com a aprovação do Decreto nº 5626/05 surge o debate
sobre a educação bilíngue, essa modalidade de ensino pro-
põe que o aluno surdo tenha acesso a Libras desde os anos
iniciais como L1, ou seja, como língua materna e a Língua
Portuguesa como L2, na modalidade escrita. A educação
bilíngue reforça a proposta de educação inclusiva e não só
permite que o aluno surdo tenha acesso a matrícula na es-
cola, mas que seja verdadeiramente incluído e tenha a aqui-
sição dos conteúdos na sua língua. Para tanto o documento
orienta que:
A formação de docentes para o ensino de Libras
na educação infantil e nos anos iniciais do ensi-
no fundamental deve ser realizada em curso de
Pedagogia ou curso normal superior, em que
a Libras e Língua Portuguesa escrita tenham
constituído línguas de instrução, viabilizando a
formação bilíngüe. (Art. 5º)
24 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
é necessária uma formação em que possibilite o ensino das
crianças surdas através da Libras.
Políticas públicas no cotidiano da escola fizeram mui-
tas diferenças, a educação para o surdo saiu de um cenário
onde não existia nenhuma lei ou sequer uma formação espe-
cífica, e entra em outra realidade, onde não só garante o uso
da Libras para o ensino dessas crianças, como também dire-
trizes da formação do professor para o ensino e promoção
de acessibilidade linguística para as crianças surdas.
Por serem políticas recentes, tal modelo educacional
para surdos, ainda está em construção principalmente no
Brasil, necessitando ainda de estudos e práticas para certi-
ficar, não só a qualidade da escola, mas também, se essa for-
mação que está sendo pensada e oferecida aos professores
está garantido a qualidade do ensino para esses alunos e se
essa formação oferecida está sendo suficiente para favorecer
o trabalho do professor em uma perspectiva de fato bilíngue.
Conclusão
26 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
Referências
28 | ANGERLINE COSTA BARROS • LETICYA EWELLYN SANTOS RIBEIRO • NINA ROSA SILVA DE ARAÚJO
TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
(TEA) E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Referências
Introdução
48 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
Metodologia
50 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
Marcos legais e normativos nacionais sobre o profissio-
nal de apoio
52 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a edu-
cação especial na perspectivada educação in-
clusiva, disponibilizar as funções de instrutor,
tradutor/intérprete de Libras e guia-intérprete,
bem como de monitor ou cuidador dos estudan-
tes com necessidade de apoio nas atividades de
higiene, alimentação, locomoção,entre outras,
que exijam auxílio constante no cotidiano esco-
lar. (BRASIL, 2017b) (grifamos)
54 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
disponibilizados aos demais estudantes [...] O
profissional de apoio deve atuar de forma arti-
culada com os professores do aluno público alvo
da educação especial, da sala de aula comum, da
sala de recursos multifuncionais, entre outros
profissionais no contexto da escola. (BRASIL,
2016c) (grifamos).
56 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
Art. 30. De acordo com a necessidade dos estu-
dantes da educação especial atendidos, as esco-
las devem contar com profissionais de apoio à
docência e às rotinas escolares.
§ 1º. Entende-se por profissionais de apoio aque-
les necessários para a promoção do atendimento
às necessidades específicas dos estudantes no
âmbito da acessibilidade, da comunicação e da
atenção aos cuidados pessoais de alimentação,
higiene e locomoção, prestando auxílio indivi-
dualizado aos estudantes que não realizam es-
sas atividades com independência devido à sua
condição de funcionalidade ou sua condição de
deficiência, buscando a sua autonomia.
§ 2º. Não é atribuição do profissional de apoio
responsabilizar-se por atividades próprias do
professor regente (FORTALEZA, 2017).
58 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
X – realizar atividades de apoio a outros educan-
dos e educandas, sem se desviar das suas funções e
desde que atendidas as necessidades dos educan-
dos e educandas pelas quais o serviço foi i ndicado;
XI – comunicar à direção da Unidade Educacional,
em tempo hábil, a necessidade de aquisição de
materiais para higiene do educando ou educanda;
XII – reconhecer as situações que ofereçam risco
à saúde e bem estar do educando ou educanda,
bem como outras que necessitem de intervenção
externa ao âmbito escolar tais como: socorro
médico, maus tratos, entre outros e comunicar a
equipe gestora para providências cabíveis;
XIII – preencher a Ficha de Rotina Diária, regis-
trando o atendimento e ocorrências e encami-
nhar à Equipe Gestora para arquivo mensal no
prontuário dos educandos e educandas;
XIV – comunicar ao Supervisor Técnico/Coorde-
nação do Projeto Rede e a Equipe Gestora da Uni-
dade Educacional, os problemas relacionados ao
desempenho de suasfunções;
XV – receber do Supervisor Técnico, dos profissio-
nais da U.E. e do CEFAI as orientações pertinentes
ao atendimento dos educandos eeducandas;
XIV – assinar o termo de sigilo, a fim de preservar
as informações referentes ao educando e educan-
da que recebe seus cuidados e à U.E. ondeatua.
§ 1º – As atividades de locomoção, higiene e ali-
mentação atribuídas ao AVE, poderão ser desem-
penhadas em conjunto com os demais profissio-
nais do Quadro de Apoio da U.E., de acordo com
as especificidades do atendimento às necessida-
des dos educandos e educandas.
§ 2º – A ausência do AVE não deverá implicar
em prejuízo no atendimento às necessidades de
alimentação, higiene e locomoção dos educan-
dos e educandas, devendo a escola se organizar
conforme o Art. 3º do Decreto 57.379/2016. (SÃO
PAULO, 2017).
60 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
-SC; “Monitor de Educação Especial” – Prefeitura de Angra
dos Reis-RJ, “Cuidador na Modalidade de Educação Espe-
cial” – Prefeitura de Fundão-ES, “Cuidador aos alunos com
deficiência” – Prefeitura de Sorocaba-SP, entre outros. O
essencial não são as nomenclaturas dadas a este profissio-
nal, mas sim a definição adequada de suas funções, atri-
buições e/ou responsabilidades.
Considerações finais
62 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
DI/DPEE n° 24/2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/index.php?option=com_docman&view=download&a-
lias=13287-nt24-sistem-lei12764-2012&category_slug=ju-
nho-2013-pdf&Itemid=30192>. Acesso em 02 nov. 2017e.
. Lei n° 10.098, de 19 de dezembro 2000. Estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessi-
bilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mo-
bilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 dez 2000.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L10098.htm>. Acesso em: 08 fev. 2016a.
. Decreto federal n° 3.956, de 08 de outubro de 2001.
Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Porta-
doras de Deficiência. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, DF, 09 out. 2001. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956.htm>.
Acesso em: 08 fev. 2016b.
. Orientações para implementação da política de edu-
cação especial na perspectiva da educação inclusiva Brasil.
Nota Técnica MEC / SEESP / GAB n° 19/2010, de 08 de setem-
bro de 2010. Profissionais de apoio para alunos com deficiên-
cia e transtornos globais do desenvolvimento matriculados
nas escolascomuns da rede pública de ensino. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_do-
cman&view=download&alias=17237-secadi-documento-
-subsidiario-2015&Itemid=30192>. Acesso em: 08 fev. 2016c.
FORTALEZA. Prefeitura Municipal. Resolução do Conselho Mu-
nicipal de Educação de Fortaleza – CME n° 10/2013. Disponível
em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esr-
c=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjqnvHY27LXAhUI-
kJAKHVYcDo8QFggnMAA&url=http%3A%2F%2Fcme.sme.
fortal eza.ce.gov.br%2Findex.php%2Fresolucoes%3Fdown-
load%3D88%3Aresol-cme-n-010- 2013&usg=AOvVaw0vfZ-
bWlR8FcM-XO8iIrLes>. Acesso em 02 nov. 2017.
64 | ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES • JOCILEIDE SALES CAMPOS • RAFAELE LIMA BATISTA ORIÁ
outubro de 2016, que “Institui no Sistema Municipal de Ensi-
no a Política Paulistana de Educação Especial, na Perspectiva
da Educação Inclusiva”. Diário Oficial [do] Município de São
Paulo, São Paulo, SP, 24 dez. 2016, pp. 09 a 142016. Disponí-
vel: <http://www.sinesp.org.br/index.php/179-saiu-no-doc/
1217-portaria-n-8-764-de-23-12-2016-regulamenta-o-decreto-
-n-57-379-2016-institui-no-sistema-municipal-de-ensino-a-
-politica-paulistana-de-educacao-especial-na-perspectiva-
-da-educacao-inclusiva>. Acesso em: 09 set. 2017.
Introdução
66 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
gular de ensino” (BRASIL, 1988, p, 161)1, com garantia de re-
cursos humanos capacitados, material e equipamentos públi-
cos adequados e de vaga em escola próxima à sua residência.
No Entanto, os maiores avanços se deram ao longo de
década de 1990, com a já mencionada Lei de Diretrizes e Ba-
ses da Educação Nacional nº 9.394/96; o Decreto 6.571/2008,
que regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao De-
creto no 6.253, de 13 de novembro de 2007; a Resolução nº 04
de 02 outubro de 2009, que instituiu as Diretrizes Operacio-
nais para o AEE na educação básica.
Com a retomada democrática, grandes e significati-
vas modificações atualizaram os dispositivos anteriores e
garantiram a prioridade da escolarização dos alunos com
deficiência nas instituições públicas. Contudo, mesmo com
os significativos progressos, é importante notarmos, que to-
dos estes avanços refletem uma luta por direitos não só no
âmbito da educação especial, mas se inserem num contexto
macro político de busca por liberdade civil.
Pensar sobre essa realidade, trouxe-nos inquietações,
questionamentos e reflexões, desta forma, pretendemos
neste estudo, debruçar-nos em alguns pontos chave, a fim
de compreendermos com maior exatidão as interferências
proporcionadas pela implementação do ensino integral no
Atendimento Educacional Especializado (AEE), em uma Es-
cola de Ensino Médio.
Desse modo, temos como objetivo compreender o
processo de constituição e consolidação do Ensino Especial
e do Atendimento Educacional Especializado – AEE na pro-
moção de uma educação inclusiva em uma escola de ensino
68 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
O período Pré-Republicano, apesar de ser marcado
por um descaso do poder público, ainda assim houve alguns
avanços, embora que tímidos, com relação a educação espe-
cial. O surgimento de algumas instituições pioneiras nesta
modalidade de educação é um indicativo desses avanços,
é nesse período que temos o surgimento do Instituto dos
Meninos Cegos em 1854. Coexistia na época duas vertentes
de educação especial, a médica-pedagógica na qual cabia ao
médico o diagnóstico e a educação dos alunos, e a psicope-
dagógica, nesta, introduzia-se princípios psicológicos. É
importante notarmos, que essas vertentes, principalmente
a primeira, eram fundamentalmente marcadas pelo pensa-
mento cinético hegemônico do período o higienismo. Essa
influência tornava os discursos educacionais contraditórios
e imprecisos, agravando ainda mais o sistema dualista de
educação e que a partir do movimento escola novista, encar-
regado de enfatizar as características individuais, acabaria
por resultar em uma segregação de alunos com deficiência
no chamado “ensino emendativo”. (MENDES, 2010).
O Estado Novo introduziu mudanças no panorama da
educação nacional, a começar pela fundação da Universida-
de de São Paulo, a criação de escolas técnicas e é justamente
nesse período de expansão educacional que começam as pri-
vatizações na educação. De acordo com Mendes (2010), a par-
tir da Segunda República almeja-se uma educação de cunho
liberal e democrático que é muito bem refletido nos artigos
da Lei de Diretrizes e Bases 4.024/1961(LDB), bem como no
surgimento de várias instituições filantrópicas encarrega-
das da educação especial, dentre elas, a Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais-APAE. Com relação à Ditadura
Militar, esta foi marcada por uma nova LDB (7.692/1971) e
pelo primeiro Plano Nacional para a Educação Especial, res-
guardando lugar privilegiado a iniciativa privada, além disso,
70 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
reito dado pelo art. 206. Inciso I da Constituição Brasileira
de 1988, na qual afirma que a educação é direito de todos;
outros documentos também podem ser mencionados como
inspiradores para as recentes transformações, como já
mencionada Declaração Universal dos Direitos Humanos,
Declaração Mundial sobre Educação para Todos, Declaração
de Salamanca e outros.
Por outro lado, Carvalho (2004), caracteriza o mundo
atual como agregador de fortes vertigens pós-modernas em
que se coloca a serviço do homem possibilidades antes utó-
picas na área da educação. No entanto, mesmo vários países
compartilhando de interesses comuns no que se refere à su-
peração do fracasso escolar, ainda não sabemos como res-
ponder questões fundamentais como, por exemplo: 1) como
efetivar, na prática, os direitos assegurados a todos para que
possam se beneficiar da educação de qualidade? 2) como
garantir que os sistemas educacionais criem escolas inclusi-
vas com as condições necessárias e indispensáveis? 3) como
garantir, em escolas inclusivas, o princípio de integração e
a elevação dos níveis de qualidade no processo educacional
escolar?
Como se sabe, são inúmeras as providências políticas,
administrativas e econômicas para que esses fundamentos
sejam viabilizados, entretanto, para Carvalho (2004), para
termos a escola que tanto almejamos, é preciso que essas
providências estejam articuladas com as demais políticas
públicas, através da integração das unidades politicas res-
ponsáveis pela distribuição dos recursos financeiros, pro-
gramas de saúde, nutrição, bem-estar, família, ciência e tec-
nologia, desporto, lazer e várias outras.
Essa integração estratégica é fundamental para que
possamos chegar a tão almejada “escola inclusiva”, na qual
a educação promova a aquisição de habilidades, prevenção
72 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
tipos de deficiência, defende também a ampliação desse con-
junto de serviços a todos os aprendizes (CARVALHO, 2004, p.
80). Sobre isso, Lima (2006), também admite a escolarização
de alunos com deficiência em situação especial – perspec-
tiva que passa longe ao que preconiza Mantoan (2003), uma
vez, que na inclusão total, não haverá espaço para divisões de
qualquer natureza – desde que tal serviço não lhes seja im-
posto sem nenhuma alternativa e não limite seu processo de
igualdade junto aos demais (LIMA, 2006, p.35).
Essa definição vai em direção aos pressupostos de
uma “escola inclusiva”, definida pela Declaração de Sala-
manca nos seguintes termos;
Escola inclusiva é o de que todas as crianças de-
vem aprender juntas, sempre que possível, inde-
pendentemente de quaisquer dificuldades ou di-
ferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas
devem reconhecer e responder às necessidades
diversas de seus alunos, acomodando ambos os
estilos e ritmos de aprendizagem e asseguran-
do uma educação de qualidade à todos através
de um currículo apropriado, arranjos organi-
zacionais, estratégias de ensino, uso de recurso
e parceria com as comunidades [...] Dentro das
escolas inclusivas, crianças com necessidades
educacionais especiais deveriam receber qual-
quer suporte extra requerido para assegurar
uma educação efetiva. (UNESCO, 1994, p. 17- 18).
74 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
para o direito da cidadania e para que as pessoas com defi-
ciência tenham participação ativa na sociedade. Segundo
este autor, a ética da inclusão é um imperativo do direito a
cidadania, que busca a democratização dos direitos e deve-
res. Fundamenta-se no princípio de que as pessoas com de-
ficiência possam ter oportunidades iguais às da maioria da
população, para que assim sejam valorizadas as suas especi-
ficidades e particularidades.
Uma participação dos excluídos no processo social re-
vela uma função e uma atitude voltada para o aperfeiçoamen-
to moral e ético dos indivíduos. Esse é um dos motivos para
que tenhamos uma ética da inclusão, além da igualdade de di-
reitos e valores, o reconhecimento e o respeito às diferenças.
O processo de inclusão, segundo Pires (2006), reflete uma luta
ainda maior pela educação para todos, que por sua vez está in-
serida em algo ainda mais abrangente, o reconhecimento da
igualdade de valores e direitos entre os seres humanos.
Até o próprio sistema escolar, nas palavras do autor,
“diferencia, hierarquiza, exclui, controla, disciplina” (PI-
RES, 2006, p. 37). A meritocracia é a falsa premissa de que
todos têm a mesma igualdade de oportunidades, mas se vi-
vêssemos de fato numa meritocracia, todos deveriam sair
juntos, ao mesmo tempo e do mesmo ponto de partida.
Constata-se que não bastam apenas leis voltadas ao
princípio da inclusão, é necessária uma mudança atitudinal
dos cidadãos para a construção de uma nova ética e a partir
de uma nova ética, construirmos uma nova sociedade, uma
sociedade para todos, onde haja qualidade de vida, respeito
às diferenças, valorização da diversidade e um reconheci-
mento da igualdade de direitos e deveres de todos os cida-
dãos, sejam estes indivíduos com deficiências ou não.
Um dos principais pontos a serem analisados são os
desafios impostos atualmente para o oferecimento de uma
76 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
Laplane (2007) destaca ainda que a questão da educa-
ção para todos não se resume apenas ao âmbito educacional,
mas está relacionada a diversos outros aspectos, como polí-
ticas sociais e a prevalência de oportunidades desiguais de
acesso à cultura e distribuição de renda.
O discurso educacional, não apenas da inclusão, mas
na sua totalidade, em diversos momentos trata de difundir
ideologias que muitas vezes fogem e/ou camuflam comple-
tamente a realidade. Ignoram-se as diferenças sociais, eco-
nômicas, culturais presentes no ambiente escolar, além do
que, muitas vezes o discurso do fracasso é dito como algo
natural, responsabilizando os próprios indivíduos pelo
seu fracasso ou sucesso, de acordo com a falsa premissa da
meritocracia.
A heterogeneidade do aluno é algo constatado de ime-
diato, como aponta Carvalho (2008), são todos diferentes
uns dos outros, sejam em características corporais, compor-
tamentais, atitudinais, seja em interesses ou em motivações
para a aprendizagem. Sendo assim, o papel do professor não
é apenas pedagógico, é também um papel político-social
(CARVALHO, 2008). Da mesma forma Saviani (1992), des-
taca que o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e
intencionalmente, a humanidade. O trabalho pedagógico na
diversidade permite ao homem humanizar-se.
Com vistas a tornar eficaz a educação especial e inclu-
siva Carvalho (2008), propõe uma articulação de diferentes
esferas educacionais, relacionando o sistema educacional
em três dimensões: o macropolítico, o mesopolítico e o
micropolítico. No primeiro, destacam-se as políticas pú-
blicas de ordem sistêmica, prioritariamente o sistema edu-
cacional como um todo, envolvendo os diversos níveis fun-
damental, médio e superior, onde apesar do crescimento
na área da inclusão, ainda existe uma falta de articulação. O
78 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
Nessa perspectiva, é necessário que o processo edu-
cativo esteja centrado na chamada pedagogia de abertura,
possibilitando a relação com o desconhecido a partir da al-
teridade e da liberdade, reconhecendo as singularidades e,
transformando, desta forma, o sujeito em autor e coautor do
seu próprio conhecimento (PIRES, 2008). São as interações
do sujeito com o outro, com o ambiente, com o meio e com a
realidade que permitem o verdadeiro processo inclusivo, ca-
berá ao educador construir essa identidade inclusiva, onde
através do processo de inclusão o aluno possa se libertar e
se reconhecer como sendo autor e coautor dos seus conhe-
cimentos, valorizando as singularidades presentes no pro-
cesso educativo.
80 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
em pressupostos integracionistas fundamentado no princí-
pio da normalização, modelo clínico que ainda entendia as
deficiências como fator incapacitante (BRASIL, 2015).
Essa “nova” diretriz ao definir como modalidades de
atendimento em educação especial, as escolas e classes espe-
ciais; atendimento domiciliar; ensino itinerante e outros, os
mantendo como mecanismos que funcionavam como substi-
tuto a educação especial, ainda por cima, pressupondo cer-
tos condicionamentos ao acesso dos alunos com deficiência
a classe comum, como por exemplo, exigia-se, neste sentido,
a condição de acompanhar e desenvolver as atividades no
mesmo ritmo dos alunos “ditos normais”. Tal posicionamen-
to reproduzia as antigas práticas tradicionais de segregação
entre “normais” e “anormais” sem proporcionar uma verda-
deiramente inclusão educacional (BRASIL, 2015, p. 9-10).
Existia certa ambiguidade na política inclusiva brasi-
leira, uma vez que ao mesmo tempo em que estimulavam a
matricula de estudantes com deficiência na rede regular de
ensino e frisavam a necessidade de atendimento educacio-
nal voltado para as especificidades apresentadas pelos es-
tudantes, contraditoriamente, mantinham a possibilidade
do educacional especializado funcionar como substitutivo
à escolarização na escola regular. Toda essa perceptiva era
fundamentada e respaldada pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (1996) e a Resolução 02 do Conselho
Nacional de Educação (2001), que entendiam e regulamenta-
vam de forma contraditória os princípios da inclusão conti-
dos nos documentos internacionais acima citados (BRASIL,
2015, p. 10).
Essa realidade começou a mudar em função da re-
definição do paradigma internacional sobre o conceito de
deficiência que, até então, encarava a deficiência como fator
incapacitante a integração social dos sujeitos, ainda, segun-
82 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
ço deva “integrar a proposta pedagógica da escola, envolver
a participação da família e ser realizado em articulação com
as demais políticas públicas” (BRASIL, 2008).
Tendo, dentre tantos objetivos, prover condições de
acesso e aprendizagem no ensino regular para alunos com
deficiência, fomentar o desenvolvimento de recursos didá-
ticos e pedagógicos eliminando as barreiras para a aprendi-
zagem e prover condições de continuidade aos outros níveis
de ensino. Esses objetivos seriam alcançados através da im-
plantação de salas de recursos multifuncionais, formação
continuada de professores, gestores e demais profissionais
escolares, com vistas à educação inclusiva e AEE, adequação
arquitetônica para melhoria da acessibilidade, produção e
distribuição de recursos pedagógicos para a acessibilidade
e outros métodos (BRASIL, 2008).
Neste sentido, a Resolução de nº 4, de 2 de outubro de
2009, vem para orientar a implementação decreto 6.571, tra-
zendo as diretrizes operacionais para o Atendimento Educa-
cional Especializado- AEE na Educação Básica, modalidade
Educação Especial. Para isso, determina no seu artigo quin-
to que,
o AEE é realizado, prioritariamente, na sala de
recursos multifuncionais da própria escola ou
em outra escola de ensino regular, no turno in-
verso da escolarização, não sendo substitutivo às
classes comuns, podendo ser realizado, também,
em centro de Atendimento Educacional Especia-
lizado da rede pública ou de instituições comu-
nitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Edu-
cação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito
Federal ou dos Municípios (BRASIL, 2009).
84 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
de especificar com melhor precisão o significado de comple-
mentar e suplementar. No que tange aos objetivos do AEE,
disposto no artigo terceiro, com alguns acréscimos com re-
lação ao decreto de 2008. No inciso primeiro onde salienta
como objetivo do AEE “prover condições de acesso, partici-
pação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços
de apoio especializados de acordo com as necessidades indi-
viduais dos estudantes” (BRASIL, 2011).
Ainda nas pegadas dessa “progressão” legislativa sobre
o AEE, desta vez em nível estadual (Acre), temos a Instrução
Normativa nº. 001 de 30 de janeiro de 2018, que vem para
suprir uma exigência da Resolução nº 4, de 2 de outubro de
2009, que determina em seu parágrafo único que os centros
de AEE “[...] devem cumprir as exigências legais estabeleci-
das pelo Conselho de Educação do respectivo sistema de en-
sino” no que diz respeito a credenciamento e organização,
sempre obedecendo as orientações preconizadas nestas
Diretrizes Operacionais [resolução nº 4, de 2 de outubro de
2009] (BRASIL, 2009). Essa instrução normativa tem a fina-
lidade de regulamentar as diretrizes pedagógicas e adminis-
trativas sobre o atendimento educacional especializado, no
âmbito da educação básica no Estado do Acre.
Para estes fins, define Atendimento Educacional Es-
pecializado (AEE), aos moldes dos já citados dispositivos
(resolução nº 4, de 2 de 2009; decreto nº 7.611, de 17 de 2011)
com o diferencial de dar ênfase para a necessidade de arti-
culação com à proposta pedagógica da escola. Dentre outros
aspectos, alguns que não convém discorrer, a definição de
estudantes com Deficiência; os tipos de transtornos e de-
ficiência contemplados pela AEE; Sala de Recursos Multi-
funcionais; Plano do AEE. Esse último item, em particular,
além de nos orientar como deveria funcionar o AEE no Acre,
chama atenção ao suprimir a previsão de participação das
86 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
atendimento dos alunos contemplados pelo AEE. O primeiro
(Art. 26) define que o atendimento educacional especializa-
do “[...] para estudantes matriculados em escolas de tempo
parcial, deverá ocorrer em turno oposto à sua escolaridade,
na classe comum, para evitar prejuízo nos conteúdos desen-
volvidos nas aulas das diversas disciplinas do currículo da
Educação Básica” (ESTADO DO ACRE 2018). Já o segundo
(Art. 26), dar uma saída um pouco mais complexa, de certa
forma, difícil de imaginar como verdadeiramente irá correr
na prática. Ou seja, determina que esse atendimento (AEE)
nas escolas de tempo integral, deva ocorrer,
[...] a partir da articulação do professor do AEE
com o professor da classe comum, permeando os
diversos ambientes de aprendizagem da escola,
uma vez que os princípios educativos que emba-
sam o ensino integral contemplam, parcialmen-
te, as atividades complementares e suplementa-
res do AEE (ACRE, 2018, p. 06).
Resultados e discussões
rio.ac.gov.br/download.php?arquivo=KEQxQHI3IyEpRE8xNTMzMTY2OD-
gxMjc4Mi5wZGY=> acesso em: 09 ago. de 2018.
88 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
sivo, que não guarda nenhuma relação com a realidade das
escolas públicas como nos afirma Laplane (2007), em seu
texto, Notas para uma Análise dos Discursos sobre Inclusão
Escolar.6
A falta de amparo aos professores, no que refere a
qualidades profissionais, estruturais e materiais, a desregu-
lação entre as diversas instâncias de atuação – aquelas de-
finidas por Carvalho (2008), macropolítico, mesopolítico e
o micropolítico – geram discursos que inconscientemente
representam um desabafo, um verdadeiro protesto face aos
desafios enfrentados diariamente no ambiente escolar. Nas
palavras da professora fica evidente as dificuldades que per-
meiam o ensino especial:
[...] são situações diferentes para as quais eu
não estou preparada ou até mesmo um aluno
que tenha um problema mais sério, por exem-
plo, ano passado nós tínhamos um aluno que
ele é esquizofrênico, de ultimo grau, de chegar
a agredir professor e tudo na sala de aula. Como
se lida com um aluno desse? Quem é capacitado
para lidar com um aluno desse? Você, professor,
que estava numa licenciatura você não tem essa
competência, nós não temos essa competência.
(PROFESSORA AEE, 2017).
6 LAPLANE, Adriana Lia. Notas para uma Analise dos Discursos sobre Inclu-
são Escola. In: Góes, M.C.R.; LAPLANE, A. L. F. (orgs) Políticas e Práticas de
Educação Inclusiva. 3 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007.
90 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
Em meio a este emaranhado de complexidades, um
novo desafio surge para dificultar ainda mais a realização e
efetivação da educação especial, essa nova configuração faz
parte das transformações que se seguiram com o advento da
introdução da educação em tempo integral. As atividades no
AEE, tradicionalmente, funcionavam no contra turno dos
horários de aula, onde os alunos com deficiência, além das
aulas nas turmas regulares tinham acesso a atividades com-
plementares que os ajudava a manter certo nível de apren-
dizado e progresso em tarefas no qual tinham significativa
dificuldade, dessa forma contribuindo com o processo de in-
clusão educacional e social. Porém, com o advento do ensino
integral esse cronograma foi alterado, uma vez que os alunos
têm aula ao longo do dia inteiro, não lhes restando espaço
para as atividades complementares ou suplementares no
AEE, que tanto os ajudava, mesmo com todos os problemas
que demostramos anteriormente. A preocupação quanto a
este assunto é expresso pela professora participante dessa
pesquisa da seguinte forma:
[...] na educação integral o que vamos fazer com
os alunos “especiais” que precisam desse aten-
dimento especial, nós não temos um tempo pra
ele. É o almoço? É o lanche? É um horário de sala
de aula? E aí, e o horário da sala de aula? Vai ser
feito o que? Então aí já temos um problema, na
escola regular não tem problema nenhum não
[...]. (PROFESSORA AEE, 2017).
92 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
– seja comtemplado pelo atendimento educacional especia-
lizado. Isso ocorre principalmente quando a família carrega
forte vínculo religioso, acabando por atribuir algumas defi-
ciências, principalmente as de ordem intelectual – coinci-
dentemente o tipo de deficiência mais recorrente na escola
pesquisada – como possessão demoníaca, negando, desse
modo, qualquer ajuda de cunho científico que não religiosa.
No entanto, esse tipo de posição por parte de algumas famí-
lias, carrega outro motivo além do religioso, a negação em
admitir a existência de uma pessoa com deficiência na famí-
lia, um “anormal”.
É importante ressaltar que a não aceitação da famí-
lia com relação ao atendimento educacional especializado
acarreta uma serie de complicações ao desenvolvimento do
aluno com deficiência, como por exemplo, o não desenvolvi-
mento de uma identidade inclusiva.
Considerações finais
94 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
nacionais e internacionais e a desfragmentação dos níveis e
setores educacionais. Para este fim, delimita três níveis de
articulação o macropolítico, o mesopolítico e o micropolítico.
Esse conjunto de estratégias são fundamentais para
viabilizar a “Educação Inclusiva”, definida aqui por autores
como Mantoan (2003), adepta da uma inclusão incondicio-
nal, ou seja, a quebra do paradigma moderno de educação,
que segundo a autora, carrega a gênese da exclusão e desi-
gualdade, assim de nada adianta abrir a escola a novos su-
jeitos se ainda mantemos o mesmo padrão institucional de
conhecimento e visão de mundo, que segrega os alunos em
normais e diferentes. Carvalho (2004), por outro lado, ao
propor uma melhor articulação entre as políticas públicas
de inclusão, demostra não comungar com essa visão mais
radical de ruptura institucional como único caminho a in-
clusão, ainda assim, não deixa de defender a ampliação des-
se conjunto de serviços educacionais a todos os aprendizes.
Junto ao conceito de educação inclusiva, deve-se en-
tender de igual maneira o que seria uma “escola inclusiva”.
Seria ela uma escola aberta a todos, independentemente de
qualquer circunstância, procurando atender as necessida-
des de cada aluno respeitando seus ritmos de aprendizagem
(UNESCO, 1994, p. 17- 18).
Para concretizarmos uma inclusão escolar nestes ter-
mos, primeiramente ou concomitantemente, precisamos
instituir e incorporar socialmente uma “ética da inclusão”,
pautada nos princípios de igualdade de direitos e valoriza-
ção das diferenças, como forma de aperfeiçoamento moral e
ético dos indivíduos, desassociando-os da falsa premissa da
meritocracia e dando a cada um segundo suas potencialida-
des, causando com isso uma mudança atitudinal nos cida-
dãos, assim conclui Pires (2006). Ao contrário do que salien-
ta este autor, ao defender uma “ética da inclusão”, com vistas
96 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
a adoção de mecanismos incompatíveis com a realidade em-
pírica vivenciada pelos educadores.
Nos níveis mesopolítico e micropolítico as inade-
quações são diversas, indo desde a falta de estrutura para
abrigar os alunos em tempo integral, falta de profissionais
qualificados para atender as demandas exigidas pelos alu-
nos com deficiência até a pouca estrutura e materiais dispo-
níveis nas salas de atendimento educacional especializado.
Tudo isso corrobora para o que chamamos de inclusão ex-
cludente, situação onde a escola integra o aluno com defici-
ência no ensino comum, porém, não lhes dar qualidade de
ensino e respeito à diversidade, justamente os dois princí-
pios fundamentais usados para definir a educação inclusi-
va. O desrespeito à diversidade do aluno com deficiência é
flagrante quando percebemos a impossibilidade do mesmo
em participar das aulas comuns e usufruir do atendimento
especializado, sem ser obrigado a sacrificar algum momen-
to das horas aulas nas turmas regulares.
Outro entrave encontrado durante a pesquisa que ser-
ve como fator impeditivo para a efetivação de uma educação
inclusiva de qualidade é, sem duvida, o ceticismo das famí-
lias em aceitar que seus parentes com deficiência recebam
ajuda especializada por meio do AEE. Geralmente isso ocor-
re por vergonha de admitirem que seus familiares são “di-
ferentes”, e na maioria das vezes, por motivos religiosos, no
qual atribuem a deficiência a influência sobrenatural, pos-
sessão demoníaca”. É importante ressaltar que isso ocorre
mesmo com a escola fazendo forte trabalho de envolvimen-
to familiar e conscientização.
A luz dos resultados apresentados no presente traba-
lho pode-se perceber que ainda há um longo caminho a ser
trilhado, entre caminhos e descaminhos, para que possa-
mos, definitivamente, concretizar uma educação inclusiva,
Referências
98 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
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100 | ANTÔNIO MAICON BATISTA BEZERRA • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA • JOSEANE DE LIMA MARTINS
INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO ESCOLAR
NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
Introdução
102 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
Por meio da análise dos resultados, foi possível per-
ceber que o psicopedagogo institucional tem ampliado as
suas ações na instituição escolar, sobretudo na efetivação da
educação inclusiva, atuando junto ao corpo docente, à equi-
pe técnica e aos alunos, traçando objetivos e elaborando um
plano de trabalho que favorece toda a comunidade escolar.
No próximo tópico, vamos conhecer a metodologia
que embasou os resultados da pesquisa.
Metodologia
A inclusão escolar
104 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
A ampliação de estudos no campo da educação e a de-
fesa dos direitos humanos vêm modificando os conceitos,
as legislações e as práticas pedagógicas, promovendo a re-
estruturação do ensino regular e inclusivo. Em 1994, com a
Declaração de Salamanca, novos patamares surgiram e se
estabeleceu como princípio que as escolas do ensino regular
devem educar todos os alunos, enfrentando a situação de ex-
clusão escolar das crianças com deficiência, das que vivem
nas ruas ou que trabalham, das superdotadas, em desvan-
tagem social e das que apresentam diferenças linguísticas,
étnicas ou culturais.
No Brasil, a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, implementada
pelo Ministério da Educação (MEC), tem como objetivo:
assegurar a inclusão escolar de alunos com defi-
ciência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades/superdotação, orientando os
sistemas de ensino para garantir: acesso ao en-
sino regular, com participação, aprendizagem e
continuidade nos níveis mais elevados do ensi-
no; transversalidade da modalidade de educação
especial desde a educação infantil até a educação
superior; oferta do atendimento educacional
especializado; formação de professores para o
atendimento educacional especializado e de-
mais profissionais da educação para a inclusão;
participação da família e da comunidade; aces-
sibilidade arquitetônica, nos transportes, nos
mobiliários, nas comunicações e informação; e
articulação intersetorial na implementação das
políticas públicas.
106 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
alunos, bem como identificar e minimizar os problemas de
aprendizagem, realizando os encaminhamentos necessá-
rios, investigando as relações do indivíduo com o conheci-
mento e os seus vínculos com a aprendizagem. Em conso-
nância com Bossa (2000, p. 91):
A Psicopedagogia, no âmbito da sua atuação
preventiva, preocupa-se especialmente com a
escola. Dedicando-se a áreas relacionadas ao
planejamento educacional e assessoramento
pedagógico, colabora com planos educacionais e
sanitários no âmbito das organizações, atuando
numa modalidade cujo caráter é clínico, ou seja,
realizando diagnóstico institucional e propostas
operacionais pertinentes.
108 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
tos envolvidos no processo. Em seguida, vamos conhecer o
trabalho de uma psicopedagoga e sua atuação em uma esco-
la da rede particular de ensino.
110 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
o professor; ao sujeito ensinante que sustenta
o professor, sua relação com o grupo de alunos,
com os pais e com o psicopedagogo, assim como
ao sujeito aprendente que também se encontra
no professor; e ao sujeito aprendente que se en-
contra no próprio psicopedagogo.
112 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
Eu entro em sala quando é preciso e utilizo como
recurso psicopedagógico a observação. Este
procedimento de observação serve para que eu
tenha uma outra perspectiva do que acontece e
que possa ser compartilhada com o professor.
Desta forma o próprio poderá analisar a situação
e pensar no que pode ser feito. Assim é uma cons-
trução em conjunto. A observação que faço tem
como base o modelo de OOSA – Observação Ope-
rativa de Sala de Aula, criada pela Laura Monte
Serrat Barbosa, apesar de não acontecer da mes-
ma forma. A OOSA não vai dizer se o professor
está certo ou errado, mas os registros feitos pelo
psicopedagogo institucional servem para o pro-
fessor fazer uma autoavaliação, não é um recurso
de vigilância, monitoramento, nem mesmo de
supervisão, mas uma promoção da autoavaliação.
114 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
aprendizagem. Participo de reuniões de pais,
de profissionais, principalmente, nos casos que
chamam mais atenção. Em casos iniciais fica
com os professores e supervisão e quando há
um retorno de profissionais e um diagnóstico eu
sempre participo. Como temos muitas informa-
ções do aluno, vamos contra-argumentando com
o profissional e fazemos uma troca, porque por
inúmeras variáveis e pela rotina, não podemos
fazer tudo o que é solicitado a princípio. Os enca-
minhamentos são refletidos e acordados.
116 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
A formação de professores é o primeiro ponto,
porque com frequência eles trazem a queixa de
que não estão preparados. Mas não é uma forma-
ção pontual, e sim uma contínua, onde se faz o
estudo e continua, com o acompanhamento da-
quilo que está em processo, à estrutura de fun-
cionamento, a quantidade de hora aula e a orga-
nização das salas, tudo isso precisa ser revisto.
Conclusão
118 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
Nesse contexto, percebemos que a relação existente
entre o ensinar e o aprender deve ser unificada para que
ocorra a aprendizagem. Os educadores devem ser acolhidos
e treinados, tornando-se agentes ativos desse processo, tra-
zendo numerosas contribuições aos alunos.
A pesquisa aqui descrita revelou a importância e a
necessidade do psicopedagogo na escola, bem como os im-
pactos positivos do referido profissional no desempenho
dos alunos, auxiliando de forma integradora a comunidade
escolar. Destacamos que o psicopedagogo realiza um traba-
lho preventivo junto aos grupos de alunos, favorecendo o
processo de construção do conhecimento e do sujeito en-
quanto ser individual. Por meio de observações, estratégias
de ensino, escutas e observações do contexto institucional,
parcerias são formadas dentro da escola para promover o
desenvolvimento dos sujeitos. Esse profissional atua tam-
bém analisando a situação de aprendizagem vivida pelo
aluno a fim de solucioná-la e prevenindo o surgimento de
outras dificuldades.
Avaliando os resultados desta pesquisa, percebemos
que a atuação do psicopedagogo escolar possui diferentes
performances, sendo primordial a parceria com os profes-
sores e profissionais, bem como a formação continuada
dos mesmos. Essa atuação se dá no sentido de conhecer ne-
cessidades e conflitos vivenciados pelos educadores, bem
como promover o conhecimento científico, para fazer com
que o processo educacional avance. Este artigo aponta para
novas discussões sobre o psicopedagogo escolar, reconhe-
cendo seu importante papel como suporte à inclusão e aos
desafios da escola contemporânea diante dos problemas de
aprendizagem.
120 | IVNA TEIXEIRA MASIH • ROSANE DE FATIMA FERREIRA SERRA • MARIA JOSÉ BARBOSA
TRIVIÑOS, A. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a
pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica: uma visão
diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 8. ed.
Rio de Janeiro: DP & A Editora, 2001.
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma vi-
são diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 11.
ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2012.
Introdução
A
Política Nacional da Educação Especial na Pers-
pectiva da Educação Inclusiva 2008 (PNEEPEI)
reafirmou a natureza complementar e suplementar da Edu-
cação Especial, ao ressignificar o Atendimento Educacional
Especializado. Diante disso, percebe-se a necessidade de co-
nhecer a implementação da supracitada política nas escolas
municipais do ensino Fundamental I da cidade de Fortale-
za-CE e averiguar como acontece a atuação do professor do
AEE no âmbito escolar.
Mantoan (2015, p. 24), sobre a implantação da PNEE-
PEI reforça que,
O conhecimento do percurso de implantação
dessa Política é de fundamental importância
para que se possa prosseguir na direção do que
esse documento orienta, com dados que respal-
dem novas iniciativas, e que suscitem desafios a
serem enfrentados pelo poder público, e por to-
dos os que se interessam e se dedicam a transfor-
mar nossas escolas em ambientes educacionais
inclusivos.
122 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
cia na escola regular, tendo em vista que garante o direito a
educação para os alunos público-alvo da educação especial
na escola regular e não mais nas escolas especiais, deman-
dando desafios a serem superados, tanto pelo poder público
quanto por todos os atores envolvidos neste processo no âm-
bito escolar (MANTOAN, 2015).
Nesse sentido, este estudo aborda os desafios enfren-
tados pelo professor do AEE diante o processo de constru-
ção de uma prática inclusiva em quatro (04) escolas públicas
de ensino Fundamental I, situadas no município de Forta-
leza-CE. Foram sujeitos desta pesquisa membros da Gestão
Escolar, Professor da Sala Comum e Professor do AEE.
Nesse percurso observamos alguns desafios relacio-
nados a docência do professor do AEE nas escolas pesquisa-
das, bem como realizamos o levantamento de fatores que be-
neficiam ou dificultam a implementação da PNEEPEI/2008
na rede pública de ensino.
Com relação aos profissionais da educação no proces-
so inclusivo, Araújo, diz que,
[...] precisam assumir uma postura acadêmico-
-científica que leve à reinvenção da educação;
esse modelo de escola consolidado no século XIX
tem, agora também, de dar conta de demandas
e necessidades de uma sociedade democrática,
inclusiva, permeada por diferenças e pautada
no conhecimento inter, multi e transdisciplinar,
como o que vivemos neste início do século XXI
(2011, p.39).
124 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
Quadro 1 – Objetivos da PNEEPEI
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva – PNEEPEI
Transversalidade da educação especial desde a educação infantil
até a educação superior;
Atendimento Educacional Especializado;
Obje-
Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do
tivos ensino;
Formação de professores para o AEE e demais profissionais da
educação para a inclusão escolar;
Participação da família e da comunidade;
Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e
equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e
Articulação intersetorial na implementação das políticas
públicas.
Fonte: MEC/SECADI (PNEEPEI/2008).
Metodologia
Educação inclusiva
126 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
sam a ser responsáveis pela criação de situações capazes
de promover uma educação de qualidade para todos e fazer
adaptações que atendam às necessidades educacionais dos
alunos com deficiências, TGD e AH/S.
Dessa forma, o sistema educacional ao atender os
alunos da Educação Especial deixou de fazê-lo em caráter
assistencialista, garantindo o ingresso destes educandos,
nas salas regulares, em busca de oferecer-lhes suporte e
condições necessárias à inclusão. Nessa perspectiva, todos,
sejam crianças, jovens ou adultos e, não somente, os que
apresentarem deficiências, devem ser acolhidos nas escolas
regulares.
A educação inclusiva busca valorizar as diferenças,
como fator de enriquecimento do processo educacional,
transpondo barreiras para a aprendizagem e a participação
com igualdade de oportunidades. Sendo assim, as escolas
devem se transformar para acolher toda diversidade apre-
sentada por seu alunado, quer seja aqueles que apresentam
deficiências físicas, intelectuais, sensoriais ou múltiplas,
ou, também, os que apresentam características atípicas.
Essa ação se contrapõe à homogeneização padronizada dos
alunos, mostrando a importância do sistema educacional se
adequar às necessidades dos seus educandos, sem impor a
esses que se amoldem às escolas.
Muito se tem discutido sobre os processos de inicia-
ção da inclusão de estudantes que apresentem diferenças
em relação aos padrões de normalidade, socialmente ins-
tituídos. Pesquisadores de instituições de ensino superior
públicas e privadas têm se ocupado deste tema, dentre os
quais se destaca Mantoan (2005, 2006), que enfatiza a ne-
cessidade dos ambientes humanos de convivência e de
aprendizados serem plurais por natureza. As pessoas com
deficiência precisam ser amparadas por práticas culturais
128 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
suas particularidades nas vidas individuais, mas alerta para
suas sequelas, principalmente na autoestima e nas motiva-
ções dos sujeitos. Nesse sentido, a educação inclusiva tem
como meta prioritária, formar cidadãos para o convívio hu-
manizado, respeitando as individualidades e a diversidade,
que caracteriza o universo dos educandos, numa perspec-
tiva educativa cultural e social. Compreendendo a educação
como um direito de todo ser humano, independente de suas
características e como um elemento formador, essencial à
sociedade cidadã.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) nº. 9.394/96 (BRASIL,1996), todos os alunos
têm direito à educação, permanência na escola, respeito à
diversidade e à pluralidade de culturas. Esses direitos de-
vem ser respeitados e praticados, por meio de ações capazes
de reorientar a educação incentivando a educação inclusiva,
oportunizando as pessoas com deficiências, o convívio em
escolas comuns e, não apenas, um modelo educativo restri-
to, oferecido em classes ou escolas especiais.
130 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
O AEE nas escolas pesquisadas – resultados e
discussões
2 G1 – Gestor da escola 01
3 G2 – Gestor da escola 02
4 G3 – Gestor da escola 03
132 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
atividades adequadas, de atividades adaptadas e simples-
mente flexibilizadas de acordo com a necessidade do aluno,
isso nos facilitou bastante, temos um encontro no meu pla-
nejamento e a Professora do AEE faz um esforço para que
esse encontro aconteça.
Levar em conta as características dos alunos respei-
tando o seu estilo de aprendizagem, ritmo, nível de desen-
volvimento intelectual, características do funcionamento
cognitivo além de seu desenvolvimento efetivo-social. (SIL-
VEIRA & FIGUEIREDO, 2010, p. 19).
Percebemos ao analisarmos a fala da P2, que está em
conformidade com o MEC/SEESP, (2008), o professor do AEE
tem como funções: gerir os processos de aprendizagem, es-
tabelecer interlocução com o professor da SC, acompanhar
o processo de aprendizagem do educando, contribuir com a
formação de professores de SC e avaliar o desenvolvimento
e funcionalidade do estudante.
A P3 afirmou ter dois alunos com deficiência e outros
com comportamento hiperativo. Ela lastima não ter diminu-
ída a quantidade de alunos na turma conforme as matrícu-
las de crianças com deficiência, pois sente dificuldades em
elaborar atividades flexibilizadas, dado o elevado número de
alunos, porém, recebe o apoio da Professora do AEE, que na
maioria às vezes seu tempo no planejamento não contempla
essa profissional devido a grande cobrança na aprendiza-
gem exigida na rede.
Nas entrevistas com as professoras do AEE encontra-
mos falas variadas. A PAEE16, afirmou que atende todos os
alunos público alvo da educação especial que estão matricu-
lados na escola, a maioria no contra turno.
134 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
sistiva (TA). Ressaltou a importância da interlocução com a
Professora de SC e da dificuldade nas barreiras atitudinais,
no tocante a flexibilização curricular.
Encontramos apenas uma PAEE4 que trabalha em
uma SRM padrão MEC, atende todos os alunos no contra
turno e planeja com as professoras uma vez por mês. No en-
tanto, sua sala apresenta algumas dificuldades na acessibili-
dade instrumental.
De acordo com as observações que realizamos nas
SRMs, percebemos que a maioria das escolas da rede públi-
ca municipal de ensino são desprovidas de recursos oriun-
dos do MEC, e que a maioria dos recursos pedagógicos e de
Tecnologia Assistiva são construídos pelos professores do
AEE. Cada aluno tem o seu material de uso tanto no AEE
como da SC, conforme a fala da PAEE2:
“[...] nos adequamos aos planejamentos e dispo-
nibilidades dos Professores das SC para elabo-
ração da flexibilização dos conteúdos, tanto na
adequação, como na adaptação ou só apenas na
flexibilização”. E que, “o apoio da gestão escolar é
de fundamental importância para a rede de apoio
interdisciplinar8 na inclusão desse público alvo”.
Considerações finais
136 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
Desta forma, conclui-se que se faz necessário o conhe-
cimento e apoio dos gestores para que a escola se torne um
ambiente inclusivo. O professor do AEE necessita de apoio
da gestão e dos demais profissionais da escola para desen-
volver seu trabalho, e que muito do identificamos nas ati-
tudes inclusivas nas escolas se devem a atuação destes pro-
fessores, que buscam muitas vezes sozinhos fazer valer as
orientações da política nacional.
Dentre as escolas pesquisadas encontramos aque-
las que apresentam avanços na compreensão da educação
como direito de todos, e a necessidade de reconhecer as
orientações da política sobre Educação Especial, assegu-
rando a inclusão do público alvo na escola comum. Além de
demonstrarem a importância da atuação do professor do
AEE na formação e esclarecimento de todos os segmentos
da escola.
Referências
138 | MARIA DE LOURDES LEITE PAIVA • ELCILANE MARIA MURTA DA SILVA • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL
MARIA JOSÉ BARBOSA
EDUCAÇÃO ESPECIAL E O SISTEMA
PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
BÁSICA DO ESTADO DO CEARÁ (SPACE) NO
MUNICÍPIO DE FORTALEZA – DISTRITO DE
EDUCAÇÃO 3
Introdução
Avaliações externas
140 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
avaliações externas ou em larga escala, são elaboradas por
profissionais externos. Outra característica é que essas ava-
liações são aplicadas simultaneamente a um grande número
de respondentes.
Sousa e Arcas (2010, p. 197), ao investigar o Sistema de
Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
(SARESP), criado em 1996, concluíram que:
[…] a avaliação em larga escala, tomada como
referencial para a criação de índices, para pa-
gamento de bônus, para o direcionamento de
políticas, não passa despercebida pelas escolas
e vem repercutindo no currículo escolar. Faz-
-se necessário, dessa forma, termos um olhar
atento para os seus desdobramentos que podem
inviabilizar até mesmo a perspectiva de um com-
promisso com a aprendizagem de todos os que
ingressam na escola.
142 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
titativos; destaque à avaliação externa não arti-
culada à autoavaliação’. Também a prática da di-
vulgação dos resultados das avaliações por meio
de rankings é uma peculiaridade deste processo
que dá margem à ‘classificação e da seleção in-
corporam, consequentemente, a exclusão, como
inerente aos seus resultados, o que é incompa-
tível com o direito de todos à educação (SOUSA,
2009).
144 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
tárias de intervenção na rede pública de ensino
(SEDUC, 2008).
• Avaliação do Ensino Médio: possibilita montar
um quadro a respeito dos resultados da aprendi-
zagem dos alunos, pontos positivos e negativos,
características dos professores e gestores das
escolas estaduais. Permite ainda acompanhar a
evolução da aprendizagem de cada aluno ao lon-
go do tempo (SEDUC, 2008).
146 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
Desse modo, a Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) é a confirmação
do direito humano, pois é uma ação política, cultural, social
e pedagógica, construída em defesa do direito de todos os
alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem
nenhum tipo de discriminação.
A Educação Inclusiva não consiste apenas em matri-
cular o aluno com deficiência na escola regular como um
espaço de convivência para desenvolver sua “socialização”.
A inclusão só será verdadeira se proporcionar o ingresso e
permanência do aluno na escola com aproveitamento aca-
dêmico (GLAT; PLETSCH; FONTES, 2007). Além disso, me-
canismos de seleção e discriminação, até então utilizados,
são substituídos por procedimentos de identificação e re-
moção das barreiras à aprendizagem (BLANCO, 2003).
Nesse sentido, para promover o acesso, a permanên-
cia e o sucesso de todos os alunos, a Educação Especial tra-
balha em uma perspectiva inclusiva, oferecendo serviços de
apoio que auxiliam a escola regular a desenvolver o ensino e
aprendizagem de seus alunos. Assim, a Política Nacional da
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (2008) definiu
como um dos serviços da Educação Especial o Atendimen-
to Educacional Especializado (AEE), e seu público-alvo são:
alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
mento (TGD) e altas habilidades ou superdotação.
De acordo com o art. 11 da Resolução 10/2013 do Con-
selho Municipal de Educação de Fortaleza, o AEE não substi-
tui a escolarização, mas tem como função complementar ou
suplementar a formação dos estudantes com deficiências,
por meio da disponibilização de serviços, recursos de aces-
sibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua
plena participação na escola e na sociedade, assegurando o
desenvolvimento de sua aprendizagem.
148 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
vimento e das avaliações estaduais, não serão beneficiados
pelas melhorias vindas da reforma escolar (SMITH, 2008).
O estudo realizado por Monteiro (2010) com alunos
com deficiência de duas escolas distintas do município de
Santos (SP) na Prova Brasil ocorreu da seguinte forma: Na
escola C-1, a SEDUC orientou que os alunos iriam fazer uma
atividade diferenciada, fora de sala, no momento da prova,
caso eles não conseguissem realizar o exame. Essa ação dei-
xa claro que os alunos estão na escola, porém não incluídos.
Já na escola E-2, o aluno da educação especial fez a prova e o
questionário socioeconômico com o auxílio do ledor.
Constatamos nesse estudo que a metodologia utilizada
para aplicar a referida avaliação não atinge seu objetivo cen-
tral, que é a partir do resultado obtido, reestruturar uma re-
forma educacional que envolva todos os alunos, visto que os
alunos da educação especial não participam desse processo.
Para aplicar avaliações, devem-se tomar por referên-
cia os diferentes aspectos intrínsecos do aluno (cognitivo,
social e afetivo), associando-se aos fatores relacionados
ao currículo e às condições em que o ensino é ministrado
(GUSTSACK; RECH, 2010).
Smith (2008) afirma que os profissionais da área eram
favoráveis à participação do público-alvo da Educação Espe-
cial nas avaliações em larga escala, pois esses alunos pode-
riam apresentar bons resultados, desde que apoiados ade-
quadamente na realização das provas, com as adaptações
necessárias.
Existe a necessidade de uma maior articulação entre
as ações e os programas oriundos das políticas das áreas da
Educação Especial e da Avaliação Educacional (CARDOSO;
MAGALHÃES, 2013).
A seguir, conheceremos o aporte metodológico utiliza-
do na elaboração dessa pesquisa, seus resultados e discussões.
150 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
desempenho pedagógico a partir dos resultados expedidos
nos relatórios.
Resultados e discussão
152 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
Gráfico 1 – Alunos participantes da pesquisa
154 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
esse público, em vez de apenas isentá-los das avaliações em
larga escala (CEARÁ, 2016).
A culpa do insucesso em avaliações externas não deve
ser atribuída apenas às escolas. Os sistemas de ensino de-
vem colaborar com a elaboração de políticas avaliativas es-
pecíficas aos alunos da educação especial, pois as escolas são
responsáveis por possibilitar a avaliação de aprendizagem e
o sistema de ensino pelos processos que mapeiem a apren-
dizagem do aluno como um todo (CARDOSO; MAGALHÃES,
2012). Concordamos com o estudo, pois não podemos culpar
apenas o grupo docente da escola pelo insucesso desses alu-
nos. Em nossa pesquisa, 37% estão nos níveis mais críticos
(Alfabetizado Incompleto e Não Alfabetizado).
Segundo Cardoso (2011), as avaliações externas, espe-
cificamente a Prova Brasil, são inadequadas para aferir os
avanços, seja pequenos ou grandes, observados na aprendi-
zagem dos alunos com deficiência, pois os alunos não rece-
bem nenhuma orientação, apoio ou adaptação nos instru-
mentos avaliativos.
No gráfico 3, foram analisados apenas os alunos com
DI, totalizando 56. O nível de proficiência dos alunos resulta
em 18% no Desejável, 12% no Suficiente, 28% no Intermedi-
ário e na Alfabetização Incompleta, finalizando com 14% no
Não Alfabetizado.
O processo de avaliação para crianças com DI baseado
em medidas quantitativas e que desconsideram o processo,
objetivando apenas o produto final do aprendizado escolar,
é pouco favorável à inclusão. Esse tipo de avaliação deve ser
utilizado como instrumento para identificar o que o aluno
é capaz de fazer com ou sem ajuda, assim oferecendo sub-
sídios ao planejamento da prática do professor. Para serem
favoráveis, as avaliações devem ser dinâmicas (VALENTIM;
OLIVEIRA, 2013).
Conclusão
156 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
res da prefeitura de Fortaleza, em especial, as 94 crianças
do Distrito de Educação 3, têm condição de participar e ter
o resultado contabilizado nas avaliações externas como o
SPAECE-Alfa. Na atual situação, o resultado dos alunos pú-
blico-alvo da Educação Especial não é enxergado, causando
uma exclusão na elaboração de políticas públicas, a partir
das avaliações de larga escala. Constatamos que nas escolas
pesquisadas no município de Fortaleza (Distrito 3) os pro-
gramas e as atividades extracurriculares desenvolvidas,
como reforço escolar e Mais Educação, não contemplam os
alunos da Educação Especial.
Constatamos que o tipo de deficiência mais presente
nas escolas participantes do estudo é a Deficiência Intelec-
tual, e dentro de tal grupo 58% estão entre os níveis de Inter-
mediário a Desejável e 42%, entre os níveis Não Alfabetizado
e Alfabetização Incompleta.
Desse modo, concluímos que atualmente os resul-
tados do SPAECE- alfa dos alunos com deficiência da Rede
Municipal de Ensino não interferem na (re)elaboração das
políticas públicas para o desenvolvimento do processo de
ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência matricu-
lados nas unidades escolares do III Distrito de Educação.
Acreditamos que as escolas deveriam dispor de uma
equipe multidisciplinar formada por profissionais como:
Psicólogo, Psicopedagogo, Terapeuta Ocupacional e Assis-
tente Social para trabalhar de forma interdisciplinar com os
professores, proporcionando aos alunos melhor qualidade
de atendimento no ambiente escolar.
158 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
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160 | BRUNA GONÇALO DO NASCIMENTO • CÁTIA MENEZES CARNEIRO SIEBRA • ELOANA DAMASCENO ARAÚJO OLIVEIRA
CLASSES HOSPITALARES NO BRASIL:
ASPECTOS HISTÓRICOS, CONCEITUAIS E
NORMATIVOS
Introdução
162 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES
gráfica por realizar uma análise e síntese de informações
disponibilizadas por pesquisas relevantes sobre o tema, e
que foi fundamentada a partir da leitura e compreensão da
literatura já existente presente em livros, artigos científicos
publicados na mídia impressa, eletrônica e digital.
164 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES
educandos com deficiência, transtornos globais do desen-
volvimento e altas habilidades ou superdotação”. Todavia,
o atendimento nas classes hospitalares não se limita para
os sujeitos que fazem parte desse público, uma vez esse que
deve ser ofertado para todos os indivíduos impossibilitados
de frequentar a escola regular por motivos de enfermidade,
conforme dispõe a LDB 9394/96 no Art. 4-A.
Com isso, percebemos que existe uma incoerência
entre os documentos normativos que orientam as práticas
educacionais nos hospitais, o que gera dúvidas para as redes
de ensino, bem como para os enfermos e seus familiares.
No entanto, o que são as classes hospitalares? Como
elas se organizam atualmente? Quem são os profissionais
que nela devem atuar? Os próximos tópicos se propõem a
esclarecer essas questões.
166 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES
que articulem brincar e aprender “mediante situações que
instigam o desejo, a motivação, o interesse, a autoestima, a
atenção, a inteligência e a criatividade” das crianças (SILVA
e ANDRADE, 2013, p. 64). Só dessa forma a pedagogia hos-
pitalar poderá promover um espaço que permita uma escu-
ta pedagógica e uma educação da emoção (FONTES, 2005),
transformando o período de hospitalização em um tempo
de aprendizagens e, consequentemente, desenvolvimento.
168 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES
No próximo capítulo, trataremos mais especificamen-
te de como se processa o atendimento da classe hospitalar.
170 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES
para o desenvolvimento de atividades socializadas, visto
que muitas estão fragilizadas em decorrência da sua situ-
ação de enfermidade e só podem ocorrer mediante boas
condições. Segundo Silva e Andrade (2013, p. 119), é neces-
sário que:
As atividades socializadas devem ser aplicadas
levando em conta a situação da criança ou do
adolescente hospitalizado e do propósito do
profissional. A escolha da atividade deve ser
considerar as condições de participação dos su-
jeitos nelas, afinal, existem aqueles que pode-
rão – ou estarão autorizados – a se dirigirem até
a brinquedoteca e outros que somente poderão
participar da atividade pedagógica realizada no
leito.
Considerações finais
Referências
172 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9.394/96, de 20 de
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174 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • ROBÉRIA VIEIRA BARRETO GOMES
A IMPLANTAÇÃO E A CONSOLIDAÇÃO DA
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
(2008) NOS CENTROS DE ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
INTRODUÇÃO
176 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
da Educação Especial ao longo dos anos. Na década de 1930,
há a influência das teorias de aprendizagem psicológicas no
campo educacional, que também sofrem reflexos do con-
texto econômico da época, marcado pela industrialização e
movimento da Escola Nova. Conforme Januzzi (2004, p.12),
o “[...] eixo da educação desloca-se do médico para o psico-
lógico[...]” com a permanência das instituições e das classes
especiais.
A partir da década de 1960, a educação esteve ainda
mais atrelada ao desenvolvimento econômico com o adven-
to da tecnocracia. Com essa tendência educacional, surgiu
a necessidade de escolarização das pessoas que apresentas-
sem algum comprometimento, com o objetivo de atender às
necessidades do mercado. No entanto, somente os sujeitos
que estavam “aptos” a serem alfabetizados na época tinham
seus direitos reconhecidos (BRASIL, 2010). Dessa forma, as
instituições especializadas2, algumas delas privadas, rece-
biam aquela população e desenvolviam trabalhos direciona-
dos aqueles que teriam possibilidade de progredir educacio-
nalmente, para que pudessem experienciar uma vida mais
próxima da normalidade.
Destarte, as instituições especializadas para pessoas
com deficiência ofereciam atividade de treinamento de ha-
bilidades e as oficinas oferecidas “[...] se empenhavam numa
formação específica para um determinado trabalho, mesmo
porque os serviços ali desenvolvidos eram os conseguidos
dentro do que sobrava no mercado de trabalho” (JANUZZI,
2004, p.15), mostrando o enfoque sobre o desenvolvimento
de habilidades simplórias, manuais.
Ao final da década de 1970, início dos anos 80, a nor-
malização passou a compor um dos princípios da educação,
2 As Instituições especializadas aqui nos referimos aos locais destinados ao
atendimento dos alunos com deficiência por área a serem escolarizados.
178 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
modalidade de educação especial desde a educação infantil
até a educação superior; oferta do atendimento educacional
especializado; formação de professores para o atendimento
educacional especializado e demais profissionais da edu-
cação para a inclusão. O documento define que a Educação
Especial passe a integrar a proposta pedagógica da escola
regular, traçando diretrizes que norteiem o atendimento ao
seu público-alvo ao mesmo tempo em que possa ser compre-
endida como modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidades.
Diante do exposto, a presente pesquisa se justifica
devido ao fato de estarmos lidando, atualmente, com uma
política de Educação Especial que redirecionou o trabalho
pedagógico das instituições especializadas, as quais passa-
ram a ser denominadas de Centros de Atendimento Educa-
cional Especializados (AEE). Dessa forma, o trabalho suscita
alguns questionamentos referentes aos Centros de AEE lo-
calizadas no Município de Fortaleza: O que diz a legislação
brasileira sobre o AEE desenvolvido pelos Centros de AEE?
Quais as semelhanças e diferenças dos atendimentos educa-
cionais oferecidos pelas instituições com os propostos pela
nova legislação? Que mudanças de paradigmas existem? De-
pois de 10 anos da publicação da PNEEPEI, como as institui-
ções estão trabalhando? Houve realmente uma adequação
ou continua sendo oferecido o mesmo serviço das escolas
especiais, porém, com outro nome?
Buscando responder a tais problematizações, o tra-
balho teve como objetivo analisar, nos Centros de AEE de
Fortaleza – CE, as condições pedagógicas e operacionais que
atualmente são predominantes nos processos de implemen-
tação e consolidação da PNEPEEI (BRASIL, 2008). Compre-
endemos que esta política nacional buscou propiciar ao seu
público-alvo um sistema cada vez mais inclusivo, rompendo
180 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
especializados, em ambas as situações, o atendimento visa
uma complementação/suplementação3 da “[...] formação do
aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de
acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para
sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de
sua aprendizagem” (BRASIL, 2009).
A Resolução Nº 4 de 2009, que nos apresenta Diretri-
zes Operacionais para a implantação do AEE na Educação
Básica na Modalidade Educação Especial (BRASIL, 2009),
no seu artigo 1º, orienta que os alunos da Educação Especial
devem ser matriculados nas classes comuns do ensino regu-
lar e no AEE, ofertado em Salas de Recursos Multifuncionais
(SRM) ou Centros de AEE da rede pública ou de instituições
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, sem fins lu-
crativos. O atendimento, de acordo com a mesma resolução,
não é substitutivo ao ensino das classes comuns.
Atuando em conjunto com as escolas, temos os Cen-
tros de AEE, que substituíram as antigas escolas especiais e
instituições especializadas. Esses locais, antes da PNEEPEI
(BRASIL, 2008), atuavam oferecendo serviços clínicos (psi-
cologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, etc.) e educa-
cionais para as pessoas público-alvo da Educação Especial
que viviam segregadas com seus familiares. Como não fre-
quentavam as escolas regulares, as instituições atuavam na
escolarização, oferecendo um espaço educativo para essas
pessoas. Com a publicação da PNEEPEI, as instituições pre-
cisaram se reorganizar diante das mudanças propostas nas
3 A complementação e suplementação tem relação com as especificidades do
público-alvo da Educação Especial. Complementação seria trabalhar com
os recursos que possibilitem ao aluno transpor barreiras impostas a sua
aprendizagem na classe comum, voltado mais para os alunos com deficiên-
cia física, visual, auditiva e intelectual. Já a suplementação tem relação com
a aprendizagem dos alunos com Altas Habilidades/Superdotação por meio
de enriquecimento curricular nas áreas em que o aluno apresenta grande
interesse, facilidade ou habilidade.
182 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
Sobre o caráter pedagógico que os Centros de AEE de-
senvolvem com os alunos público-alvo, relacionado à atuação
do professor do AEE nesses espaços, a Nota Técnica nº 55/2013
estabelece como atribuições: participação da elaboração do
Projeto Político Pedagógico (PPP) dos Centros de AEE; elabo-
ração, execução e avaliação do plano de AEE dos estudantes;
realização do atendimento conforme as necessidades especí-
ficas de cada estudante, estabelecendo o cronograma e a carga
horária, individual ou em pequenos grupos; acompanhamen-
to e avaliação da funcionalidade e aplicabilidade dos recursos
pedagógicos e de acessibilidade utilizado pelo estudante na
sala de aula comum; planejamento e produção de materiais
pedagógicos acessíveis; articulação com os professores do en-
sino comum e orientação aos professores e às famílias sobre a
utilização de recursos pedagógicos e de acessibilidade.
Transcorrida uma década desde a publicação do PNE-
EPEI (BRASIL, 2008) e a partir da observância sobre o que
a legislação preconiza quanto à inclusão escolar de pessoas
público-alvo da Educação Especial de garantia de acesso,
permanência, participação e aprendizagem, consideramos
imperativo verificar como os atuais Centros de AEE tem se
reorganizado a fim de cumprirem o que determina a legisla-
ção, sobretudo como a oferta de seus serviços tem contribu-
ído nesse processo de inclusão com ‘’qualidade’’.
Percurso metodológico
184 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
Para o desenvolvimento da pesquisa, inicialmente
realizamos um estudo bibliográfico documental, o qual foi
utilizado como acervo de documentos legais, sobretudo a
legislação do campo educacional, especificamente aquelas
vinculadas à área da Educação Especial (Política Nacional de
Educação na perspectiva da Educação Inclusiva, 2008; Dire-
trizes Operacionais para o AEE – Resolução 04/2009; Dire-
trizes Curriculares Nacionais gerais para a Educação Básica
– Resolução 04/2010).
Em seguida, realizamos um processo de coleta de da-
dos por meio da aplicação dos questionários com os sujeitos
participantes a fim de obter um diagnóstico de como essas
instituições estão funcionando e se de fato atuam conforme
o que a legislação determina. No item a seguir, são apresen-
tados os resultados da pesquisa.
186 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
tos, tendo este último público o maior número nos dois lo-
cais. O C3 atende apenas crianças e adolescentes entre 5 e
16 anos, enquanto que o C1 atende maiores de 18 anos. Com
base nessas informações, constatamos a predominância
de atendimento às pessoas adultas e idosas, público que já
era acompanhado pelas instituições anteriormente guiadas
pela política vigente da época. Pelo contexto histórico e pela
experiência exclusiva em espaços segregados, os próprios
Centros identificaram uma dificuldade do público em ser
incluído na Educação de Jovens e Adultos (EJA), por isso
permaneceram realizando atendimentos para garantir o de-
senvolvimento de algumas atividades pedagógicas.
Com a ressignificação do papel das instituições es-
pecializadas a partir da publicação da PNEEPEI (BRASIL,
2008), essas instituições, agora centros de AEE, tornaram-
-se responsáveis por oferecer o AEE, mas permaneceram
realizando outros serviços que promovem o processo de in-
clusão dos alunos. Com as novas orientações, as instituições
tiveram que rever a sua atuação, elaborando um novo mo-
delo de trabalho o mais próximo possível do que a legislação
estabelece.
No entanto, de acordo com os dados coletados, cons-
tatamos durante a pesquisa, que alguns centros (C1, C3 e C4)
ainda funcionam com o modelo de classes especiais, muitas
por não compreenderem como realizar essa mudança, visto
já trabalharem com o modelo de escolas especiais há anos
e por não possuírem por parte dos órgãos competentes um
acompanhamento adequado para a transição. Fazem parte
desse grupo crianças e adolescentes que estão regularmente
matriculados no ensino regular e adultos e idosos que não
foram direcionados à EJA.
Em relação ao modo de funcionamento, dentre os qua-
tro centros selecionados, dois deles, C3 e C4, possuem aten-
188 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
varia desde itens de papelaria básica aos recursos tecnológi-
cos mais avançados.
No caso do professor que trabalha no C1, com alunos
que apresentam deficiência visual, a necessidade de recur-
sos tecnológicos é indispensável, mas não há financiamento
para a compra dos equipamentos, ficando a cargo da direção
da instituição. Alguns profissionais relataram também que
a instituição está passando por dificuldades financeiras.
A Nota Técnica nº 55/2013 orienta, em relação ao fi-
nanciamento do AEE nas redes públicas de ensino, que a
União deve prestar apoio técnico e financeiro aos sistemas
públicos de ensino:
[…] e às instituições comunitárias, confessionais
ou filantrópicas sem fins lucrativos com o intui-
to de ampliar a oferta do AEE ao público alvo da
educação especial. Essa política de financiamen-
to estabelece a dupla matrícula, contabilizando a
matrícula no AEE no âmbito do Fundo de Manu-
tenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação
(FUNDEB) para as instituições. Além disso exis-
te a destinação anual de recursos do Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para
o atendimento de estudantes matriculados nos
centros de AEE, nos termos do convênio com a
rede pública de ensino […]. (BRASIL, 2013).
190 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
escolarização, a partir da observação e avaliação, buscando
informações com o próprio discente, com a família e com os
professores. De posse dessas informações, o professor ela-
bora o plano de AEE, que deve ter incluso ações a serem re-
alizadas com o aluno na SRM, na confecção e adequação de
material a ser utilizado na sala de aula, na articulação com o
professor do ensino comum e com a família do aluno.
Desta forma, a metodologia utilizada hoje no AEE,
conforme as orientações legais, é uma inovação que provo-
ca rupturas no modelo conservador de Educação Especial,
uma vez que se constitui como um serviço que complemen-
ta o ensino comum oferecendo suporte para a aprendizagem
do aluno e favorecendo a sua permanência na escola comum
(FIGUEIREDO, 2010).
Uma das inovações da PNEEPEI/2008 se refere à inter-
locução entre a educação especial e o ensino comum. Con-
forme a Resolução nº 04/2009, os alunos da Educação Espe-
cial devem estar matriculados nas classes comuns do ensino
regular e no AEE.
Ao serem questionados sobre a matrícula e frequência
dos alunos nas escolas regulares, os professores divergiram
em suas respostas. Mais uma vez o professor do C1 mencio-
nou uma característica de funcionamento das escolas espe-
ciais, afirmando que não atende alunos de escola regular,
apenas os que estudam na instituição na modalidade da EJA,
associados e outras pessoas sem vínculo com a instituição,
mas que apresentam deficiência visual.
As professoras dos C2 e C4 relataram que os alunos
mais novos estão matriculados e frequentando a rede regu-
lar de ensino após muito esforço e orientação aos familiares.
Apenas as pessoas de idade mais avançada, que apresentam
resistência, realizam o seu processo de escolarização exclu-
sivamente na instituição, demonstrando que a política não
192 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
respostas dos professores, as formações são insuficientes e
não atendem as suas necessidades. Até o ano de 2017 o Esta-
do não inseria os professores dos Centros de AEE nas forma-
ções. Após muitas reivindicações, somente em 2018 passou a
inserir os docentes nos programas de formação continuada.
Alguns centros realizam por conta própria suas for-
mações, como nos casos de C1 e C4, convidando outros pro-
fissionais da área para ministrá-las. A professora do C2 rela-
tou que a maioria dos professores que atua no centro busca
a formação por conta própria, em especial os cursos ofereci-
dos pelo CREAECE4.
A partir do levantamento realizado, verificamos que as
antigas instituições vêm se estabelecendo como Centros de
AEE, implementando o que preconizam a política e a legisla-
ção. No entanto, vem se constituindo como um processo que
ainda traz dúvidas sobre como operar em algumas situações.
No que se refere à consolidação, identificamos que
ainda há falhas a serem superadas, em especial quanto a
forma como alguns atendimentos têm sido organizados e
oferecidos, bem como em relação ao número de alunos por
atendimento e o atendimento oferecido a adultos e idosos
com deficiência que não estão matriculados na rede regular
de ensino, que são frutos de uma história de exclusão esco-
lar, de atividades simplórias e pouco estímulo às aprendi-
4 O Centro de Referência em Educação e Atendimento Especializado do Ceará
(CREAECE) integra a estrutura organizacional da Secretaria da Educação do
Estado do Ceará – SEDUC, vinculado à Coordenadoria do Desenvolvimento
da Escola e da Aprendizagem/Área da Diversidade e Inclusão Educacional,
conforme Decreto nº 31.221 (DOE 06.06.2013). O CREAECE atende ao pú-
blico-alvo da Educação Especial e oferece serviços educacionais comple-
mentares e suplementares, consolidando práticas pedagógicas inclusivas
orientadas pela Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da
Educação Inclusiva. As ações desenvolvidas são organizadas em três eixos:
atendimento educacional especializado, formação continuada para profes-
sores e profissionais que atuam na educação especial e produção de material
didático-pedagógico para pessoas com deficiência visual.
Considerações finais
194 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
seu papel e sua função social, deixando de atuarem como es-
colas, responsáveis pela escolarização, para atuarem como
centros de apoio do processo de inclusão dos alunos público
da Educação Especial nas escolas da rede regular de ensino,
auxiliando as escolas e seu corpo docente a promoverem um
ensino de fato inclusivo.
A pesquisa retratou que são necessários alguns ajustes
para que a PNEEPEI se consolide nos centros, mas que são
necessárias ações que contemplam as diferentes realidades
dessas instituições. Torna-se fundamental uma maior aten-
ção especial das esferas governamentais para a realização de
um acompanhamento e apoio aos centros, procurando sa-
nar suas dúvidas, trabalhar possíveis interpretações equivo-
cadas e proporcionar formação continuada de “qualidade”
também aos professores que atuam nos referidos espaços.
Referências
196 | FRANCISCA JAMILIA OLIVEIRA DE BARROS • VALDILENE SOUSA DA SILVA • NEIDYANA SILVA DE OLIVEIRA •
LILIANNE MOREIRA DANTAS
A INTERLOCUÇÃO ENTRE O PROFESSOR DE
SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS (SRM)
E SALA REGULAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Introdução
198 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
como a formação deve ser e o mais importante como vem
ocorrendo dentro das escolas municipais de Fortaleza e
Maracanaú.
A pesquisa demonstrou que os professores da sala co-
mum não se sentem contemplados com formação direciona-
da à perspectiva inclusiva, afirmam que as mesmas, são vol-
tadas para atuação de conteúdos e estratégias pedagógicas,
sem levar em consideração a diversidade que existe na sala
de aula, deixando-os na maioria das vezes angustiados sem
saber como realizar um trabalho pedagógico que atenda as
especificidades de todos, contando apenas com o professor
do Atendimento Educacional Especializado (AEE).
A metodologia utilizada para realização dessa pesqui-
sa foi de natureza qualitativa com a utilização de questioná-
rio aberto e análise documental. No próximo item vamos
conhecer a sistemática que orientou a escrita desse artigo.
Metodologia da pesquisa
200 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
básica, que estabelece as diretrizes para a formação dos pro-
fessores que atuam na SRM e sua articulação com os profes-
sores da sala de aula regular.
A referida resolução ressalta que a educação especial
é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,
etapas e modalidades, realiza o AEE, disponibilizando re-
cursos e serviços e orientando quanto a sua utilização no
processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do
ensino regular. Para Machado, (2011, p.04):
A Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/2008)
apresenta como uma das estratégias de apoio
aos sistemas de ensino, com vistas ao alcance
do objetivo de garantir o acesso, a participação
e a aprendizagem dos alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação, a formação de profes-
sores para o atendimento educacional especiali-
zado e demais profissionais da educação para a
inclusão escolar.
202 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
Estabelecer articulação com os professores da
sala de aula comum, visando à disponibiliza-
ção dos serviços, dos recursos pedagógicos e
de acessibilidade e das estratégias que promo-
vem a participação dos alunos nas atividades
escolares.
204 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
Relação entre o professor do AEE e da sala de aula
regular
206 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
sala de aula é constituída por um grupo heterogêneo de alu-
nos, onde há crianças com as mais variadas capacidades, e,
também, necessidades.
Podemos afirmar que a sala de aula inclusiva repre-
senta uma heterogeneidade desejada. Sendo assim, a or-
ganização do ensino colaborativo favoreceria a Educação
Inclusiva e evitaria que as salas com estudantes incluídos
fossem responsabilidade apenas de um professor. A colabo-
ração entre os docentes da sala regular e da SRM facilitaria
o atendimento escolar, porque, nesses espaços, na interação
com o outro, com o coletivo, os estudantes conseguiriam
aprender a respeitar o outro.
Consideramos que as práticas pedagógicas, aqui apre-
sentadas favorecem a inclusão escolar na medida em que,
propõe uma reflexão sobre os direitos de aprendizagem me-
diados por estratégias interativas dos estudantes incluídos,
o que faz uma grande diferença na sala de aula regular.
Resultados e discussões
208 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
Portuguesa na modalidade escrita como segunda
língua, do sistema Braille, do Soroban, da orien-
tação e mobilidade, das atividades de vida autô-
noma, da comunicação alternativa, do desenvol-
vimento dos processos mentais superiores, dos
programas de enriquecimento curricular, da
adequação e produção de materiais didáticos e
pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e
não ópticos, da tecnologia assistiva e outros.
§ 2º No caso dos estabelecimentos de ensino per-
tencentes à rede municipal de educação, o docente
deve pertencer ao quadro efetivo de professores.
210 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
discentes autistas, por exemplo. Estas crianças
saíram do primeiro ano, mas prosseguirão na es-
cola com nas demais turmas. Por tanto, pensar
e propor uma formação que pense em assuntos
referentes a inclusão é imprescindível. Sabemos
que a formação deve ser contínua e esse suporte
de formação é necessário para um trabalho de
qualidade que respeite a criança com deficiên-
cia e que, de fato, possa garantir uma inclusão de
verdade.
212 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
as potencialidades das crianças com deficiência,
por exemplo. Nós encontramos brechas e nos
aproveitamos delas, mas seria mais interessante
espaços/tempo de formação no contexto escolar
e em outros espaços para que pudéssemos trocar
mais ideias, partilhar experiências exitosas e, in-
clusive, realizar estudos de caso que possam nos
ajudar em determinados casos.
214 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
polo industrial, ficando na escala da 4ª cidade mais populosa
do Estado. Tem uma área aproximada de 106,648 km2 e sua
população estimada em 209.057 habitantes. Apresenta um
contingente bastante expressivo de pessoas com deficiência.
A Secretaria Municipal de Educação atua na Educação
Infantil, Fundamental Educação de Jovens e Adultos (EJA)
com 44.340 estudantes, distribuídos em 83 escolas, as quais
buscam valorizar as diferenças, consolidando a inclusão no
sistema de ensino. Contamos atualmente com cerca de 1600
estudantes matriculados na rede de ensino com deficiência,
TEA e AH/S. O município conta com 45 (quarenta e cinco)
SRM, nas quais 53 (cinquenta e três) professores especialis-
tas realizam o AEE. Vale ressaltar que temos uma escola com
duas SRM.
A educação inclusiva no Município tem como objeti-
vo garantir e implementar as políticas de inclusão promo-
vendo a construção de uma escola para todos, que respeita
e valoriza a diversidade, desenvolve práticas colaborativas,
forma redes de apoio à inclusão e fomenta a participação
da comunidade. A atenção à diversidade e à inclusão de es-
tudantes com deficiência, Transtorno do Espectro Autista
(TEA) e Altas Habilidades/Superdotação (AH/S) se efetiva a
partir de um novo olhar, do cumprimento da legislação, na
formação de professores e profissionais de apoio, na elimi-
nação de barreiras atitudinais, metodológicas, arquitetôni-
cas, programática, instrumental, tecnológica e comunica-
cional, entre outras.
216 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
• Assessorar sistematicamente os professores das
SRM e profissionais de apoio;
• Orientar e sugerir alternativas de práticas pedagó-
gicas aos professores da sala comum e SRM para
estudantes com deficiência, TEA, AH/S;
• Promover estudos e reflexões sobre a práxis educa-
tiva com base nos conceitos, fundamentos e docu-
mentos legais que norteiam a Educação Especial;
• Realizar momentos de estudos com os professores
das SRM, para subsidiar suas ações;
• Alinhar a política de formação continuada da Edu-
cação Especial do Município de Maracanaú com
os programas e projetos, em conformidade com a
legislação da Educação Especial.
218 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
Ambos conversam sobre a melhor maneira de
trabalhar com o estudante com deficiência, para
obter melhores resultados. É um trabalho em
parceria, onde todos devem estar envolvidos.
Referências
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222 | ANA PAULA DE HOLANDA LIMA • ELIZETE DE PAULA DANTAS MELO • LAURINETE PAIVA G. ALMEIDA
SINARA MOTA NEVES DE ALMEIDA
FERRAMENTA HAGÁQUÊ: POSSIBILIDADES DE
AMPLIAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
PARA O ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO
DO AUTISMO
Introdução
224 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
se pautou nas seguintes questões: Como acontece o uso do
HagáQuê na SRM para alunos com TEA? Quais as contribui-
ções dessa ferramenta para o desenvolvimento da CA no alu-
no com TEA? Como se dá o processo de formação dos profes-
sores que utilizam esse recurso educacional?
Portanto, para responder a esses questionamentos,
buscamos, no que diz respeito aos objetivos, analisar o uso
da ferramenta HagaQuê na SRM para alunos com TEA em
uma escola municipal de Fortaleza, de modo a conhecer as
contribuições dessa ferramenta no desenvolvimento da CA
destes alunos, assim como compreender o processo de for-
mação em TA dos professores da SRM das escolas munici-
pais de Fortaleza.
Fundamentação teórica
226 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
ras publicações sobre autismo, denunciava falsas publica-
ções e curas milagrosas.
Para Kanner, tal comprometimento fazia-se
evidenciar pela dificuldade em adotar uma ati-
tude antecipatória que assinalasse ao adulto a
vontade ser pego no colo (ex.: inclinar o rosto,
estender os braços e após, acomodar-se ao colo);
um ‘fechamento autístico extremo’, que levava a
criança a negligenciar, ignorar ou recusar tudo
o que vinha do exterior (BATISTA; BOSA, 2002,
p. 23).
228 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
mos dela e realmente conhecer o seu potencial. A pesquisa-
dora americana C. Lord já chamava a atenção para o ques-
tionamento sobre até que ponto o retraimento social de
pessoas com autismo é inerente à síndrome ou resultado da
falta de oportunidades sociais oferecidas (LORD; MAGILL,
1989 apud BATISTA; BOSA, 2002, p. 37). Assim, para conviver
com o autismo: [...] faz-se necessário estar aberto a diversas
formas de ver o mundo, percorrendo caminhos nem sempre
equipados com um mapa nas mãos, é falar e ouvir uma ou-
tra linguagem, é criar oportunidades de troca e espaço para
nossos saberes e ignorância (GOMES et al., 2016, p. 64).
Portanto, pactuamos do mesmo pensamento de Ba-
tista e Bosa (2002): “[...] estudar autismo é ter em mãos um
‘laboratório natural’ de onde se vislumbra o impacto da pri-
vação das relações recíprocas desde cedo na vida” (BATISTA;
BOSA, 2002, p. 37).
A comunicação humana é um processo sócio-histó-
rico que se desenvolve ao longo da vida. Suas formas mais
comuns são a comunicação oral e escrita, porém não pode-
mos desconsiderar gestos, expressões corporais e tópicos
específicos à intersubjetividade, como a “reciprocidade e
as crenças dos sujeitos em interação” (TOMASELLO, 2003
apud GOMES et al., 2016, p. 65). Mas, quando na comuni-
cação existem erros, a intersubjetividade é afetada, o que
causa prejuízo na construção ou compreensão de sentidos e
significados na forma da linguagem expressada.
Dessa forma, é muito importante o uso da Comuni-
cação Alternativa (CA) como apoio no processo de comuni-
cação, fornecendo condições de suplementar, complemen-
tar ou construir esse processo. (PASSERINO; BEZ; VICARI,
2013) Explicando melhor:
A Comunicação Alternativa (CA) é uma das áre-
as mais importantes dentro do que conhecemos
230 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
dades de rotina, sejam de vida diária, lazer, educacionais ou
laborais (COUTINHO; RODRIGUES; PASSERINO, 2017).
Portanto, concordamos com Figueiredo (2006) quan-
do afirma que a prática da inclusão na sociedade atual exige
o uso de recursos tecnológicos e a utilização de mecanismos
que propiciem o desempenho de atividades por todas as pes-
soas, suscitando a equiparação de oportunidade que resulta
na acessibilidade e assegura a inserção interativa de todas as
pessoas na realidade sociocultural (FIGUEIREDO; BONETI;
POULIN, 2017).
A seguir, apresentamos detalhadamente a metodolo-
gia utilizada para contemplação do estudo.
Metodologia
232 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
adequada, pensamos em uma estratégia que favorecesse a
comunicação e interação do aluno. Os materiais, recursos
e equipamentos são ferramentas indispensáveis para o AEE
promover a inclusão, e a previsão de recursos para obten-
ção desses equipamentos deve estar no projeto político-pe-
dagógico da escola. De acordo com a Resolução CNE/CEB N°
04/2009 e o Parecer CNE/CEB N° 13/2009, que estabelecem
as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional
Especializado na Educação Básica, o projeto político-peda-
gógico da escola deve contemplar o AEE como uma das di-
mensões da escola das diferenças (BRASIL, 2014). Portanto,
pactuamos com o pensamento de Mantoan (2003, p. 35) a
respeito do projeto político-pedagógico:
[...] é uma ferramenta de vital importância para
que as diretrizes gerais da escola sejam traçadas
com realismo e responsabilidade. Não faz parte
da cultura escolar a proposição de um documen-
to de tal natureza e extensão, elaborado com au-
tonomia e participação de todos os segmentos
que a compõem. Tal projeto parte do diagnóstico
da demanda penetra fundo nos pontos positivos
e nos pontos fracos dos trabalhos desenvolvidos,
define prioridades de atuação e objetivos, pro-
põe iniciativas e ações, com metas e responsáveis
para coordená-las.
Resultados e discussões
234 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
De acordo com os autores Baptista e Silva (2015), para
formar o professor é necessário investimento na formação
continuada que possibilite o diálogo entre teoria e prática.
Para que esse investimento aconteça, é indispensável mu-
dança no aspecto que contemple práticas pedagógicas do-
centes, “buscando o desenvolvimento de ações inovadoras
e percebendo a formação como instrumento motivador de
movimentos transformadores na/da escola” (JESUS; VIEI-
RA, 2011 apud BAPTISTA; SILVA, 2015, p. 78).
Dessa forma, a formação de professores ofertada pela
prefeitura de Fortaleza oportunizou o conhecimento sobre
o software HagáQuê, recurso pedagógico e de acessibilida-
de que permite ao profissional do AEE utilizá-lo nos atendi-
mentos.
Esse software foi utilizado a partir da constatação (pela
mãe) da preferência de JV por carrinhos, sendo adotado em
um período de três meses com o objetivo de trabalhar seu
vocabulário, a construção compartilhada do conhecimento
e a superação do isolamento, interagindo mais significativa-
mente com os outros pares da sala.
No próximo item vamos conhecer a utilização do Sof-
tware HagáQuê com o sujeito da pesquisa.
236 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
tímulos sensoriais que nos chegam frequente-
mente provocando na pessoa com autismo difi-
culdades em níveis diversos, especialmente em
sua capacidade de autorregulação e no manejo
funcional ante esses estímulos, o que leva a uma
sensação de inadequação ao meio, percebido
muitas vezes como aversivo e hostil (SERRANO,
2016 apud BRAGA, 2018, p. 85).
238 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
BRASILIANA DINIZ DA SILVA CRUZ • ANTONIA KÁTIA SOARES MACIEL • ADEMÁRCIA LOPES DE OLIVEIRA COSTA
A partir dos atendimentos seguintes, JV passou a de-
monstrar interesse pelo HagáQuê, assim como a tentar re-
produzir os sons associados à cores, formas e tamanho dos
carros. Aos poucos esses carros construídos no software fo-
ram substituídos por outros objetos do interesse do aluno,
como animais e brinquedos.
Após a utilização do software HagáQuê, observou-se
que, na sala de aula regular, aos poucos, JV manifestava to-
lerância a barulhos externos, sentindo-se mais à vontade na
sala, permitindo um contato maior com o conhecimento,
com seus colegas e professoras, e empenhando-se em man-
ter um diálogo, e sua ecolalia diminuía, porém ainda per-
manecia com apego a um determinado objeto. Estava mais
atento aos acontecimentos, identificando os momentos que
antecipavam a hora do lanche, recreio e parquinho. Na SRM,
o aluno apresentava mais segurança, autonomia e iniciativa,
escolhendo os jogos não somente por meio dos gestos, mas
tentando expressar-se oralmente.
Conclusão
Referências
240 | FRANCISCA JANAÍNA DANTAS GALVÃO OZÓRIO • QUEREM HAPUQUE MONTEIRO ALVES MUNIZ •
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Introdução
244 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
e explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, com
precisão possível, observando e fazendo relações, conexões,
considerando a influência que o ambiente externo exerce
sobre eles”.
Assumiu-se o estudo de caso para o desenvolvimento
da investigação, tendo em vista que a mesma está concentra-
da em três escolas, localizadas no município de Fortaleza/
CE. Nesse entendimento, Ponte (2006, p. 2) explica ser uma
investigação que se debruça deliberadamente sobre uma
situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo
menos em certos aspectos, procurando descobrir o que há
nela de mais essencial e característico e, desse modo, con-
tribuir para a compreensão global de um certo fenômeno de
interesse.
Para a coleta de dados, utilizamos a aplicação de ques-
tionários com cinco professores da rede pública municipal
do ensino regular que têm em sua sala de aula alunos com
deficiência. O trabalho de análise de conteúdo do material
pesquisado envolveu leituras prévias, seletivas, críticas e
por fim, leituras interpretativas com a finalidade de estabe-
lecer relações com o objeto investigado.
246 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
Nessa mesma linha de raciocínio, Saviani (2009) afir-
ma que é necessário instituir um espaço específico de forma-
ção de professores para atuarem no contexto da Educação
Inclusiva. Entende-se que é necessário apresentar e avaliar
propostas de reorganização da escola e da prática docente,
considerando seus desafios, limites e possibilidades. O pro-
fessor do ensino regular não só precisa estar convencido da
legitimidade da inclusão, mas também da necessidade de al-
terar as condições de ensino, especialmente as relacionadas
à sua atuação, considerando tanto os limites quanto as difi-
culdades desse processo. E isso pode requerer assessoria e
parceria com outros profissionais.
A formação dos professores é um aspecto que merece
destaque quando se aborda a inclusão, pois muitos professo-
res sentem-se inseguros e ansiosos diante da possibilidade
de receber pessoas com deficiência na sala de aula. Tal situ-
ação ocorre pelo fato de que “estes docentes não receberam
uma formação voltada a Educação Inclusiva” (LIMA, 2002, p.
40 apud LIMA, 2006, p. 119).
Muitos educadores apontam a falta de preparação
para realizar o trabalho com a Educação Inclusiva, sinali-
zando a necessidade de oferta de cursos de formação con-
tinuada, seja a distância ou presencial, uma formação para
habilitá-los na realização do ensino e aprendizagem de to-
dos os alunos, tenham deficiência ou não.
Nessa perspectiva, a LDB n° 9.394/96 definiu que os
sistemas de ensino devem assegurar aos estudantes com de-
ficiência “[...] professores com especialização adequada em
nível médio ou superior, para atendimento especializado,
bem como professores do ensino regular, capacitado para a
integração desses educandos nas classes comuns”.
Como é possível perceber, há uma diferenciação en-
tre educadores com especialização para os atendimentos
248 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
das necessidades educacionais, e partindo desse pre supos-
to, projetar formas de conhecimento que possam melhor e
adequar a sua formação e necessidades e expectativas.
Muitos professores argumentam não está preparado
para esse trabalho, na formação de professores, os mesmos
são instruídos de maneira fragmentada e grande parte des-
se profissional necessita aprimorar seus conhecimentos em
cursos de especialização.
Porém é de suma importância registrar que atualmen-
te algumas escolas na cidade de Fortaleza não têm seguido
tais orientações legais, e por esse motivo alguns professores
sentem dificuldades em desenvolver os alunos em sala com
conteúdo ou mesmo estratégias que possam incluir a todos,
inclusive os que são portadores de deficiência ou mobilida-
de reduzida.
Resultados e discussões
250 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
Foi questionado também às professoras se na sua
formação inicial ou continuada lhes foram oportunizados
processos formativos que abordassem a Educação Inclusiva.
Como resposta, obtivemos:
Em minha formação inicial estudei a Disciplina
de Educação Inclusiva, mas o conteúdo foi apre-
sentado de forma bem superficial, ficando muito
distante da prática usada em sala de aula com
crianças com deficiência (Professora P2).
252 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
dos docentes cujo objetivo último é melhorar a
aprendizagem do aluno e a renovação e melhoria
contínua da escola.
254 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
dar esses alunos que precisam ser inclusos dentro de uma
sala regular numerosa, e com pouco recursos didáticos para
realizar um trabalho mais proveitoso e cabível a todos.
Em síntese, as principais dificuldades apresentadas
pelos professores dizem respeito às barreiras criadas, quan-
do as famílias se negam a reconhecer a deficiência dos filhos
e não buscam o atendimento adequado, bem como à ausên-
cia ou insuficiência de formação e à necessidade de tempo
para planejamento, pois as atividades do aluno com defici-
ência têm que ser elaboradas de uma forma flexibilizada em
certas ocasiões.
Outro agravante destacado pelas docentes diz respei-
to à falta de material didático que auxilie o aluno a superar
suas limitações, de Salas de Recursos Multifuncionais nas
escolas e de profissionais especializados em AEE. A falta
desses recursos na escola acaba por dificultar o atendimen-
to a algumas necessidades específicas que demandam o au-
xílio de recursos de tecnologias assistivas: como computa-
dores, softwares e hardwares especiais, dispositivos para a
adequação de postura sentada, recursos para a mobilidade
manual e elétrica, equipamentos de comunicação alternati-
va, entre outros.
Considerações finais
256 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
Acredita-se que é necessário que ocorram mudanças
na forma como vem sendo conduzida a formação de pro-
fessores da rede municipal de Fortaleza para que se possa
incluir alunos e professores respeitando o que preconiza a
legislação vigente.
Referências
258 | JANAÍNA RODRIGUES DE SOUSA • MARISA CARMEM ARAÚJO XIMENES • ADRIANA RAMOS DOS SANTOS
O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA CRIANÇAS COM
AUTISMO LEVE E ALTAS HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO EM UMA INSTITUIÇÃO
ESPECIALIZADA DE FORTALEZA-CE
Introdução
260 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
Breve histórico da Educação Especial e Inclusiva para
os alunos com AH/SD
262 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
temas educacionais inclusivos. Em 2005, foram instituídos,
em parceria com as Secretarias de Educação, os Núcleos de
Atividades para Alunos com Altas Habilidades/Superdo-
tação – NAAH/S, em todas as capitais do país e no Distrito
Federal. Articuladamente com os professores do AEE, os
profissionais que atuam nos NAAH/S buscam identificar
e atender às especificidades educacionais desse alunado,
além de apoiar a formação continuada dos professores das
escolas de Educação Básica como descrito pelas Notas Téc-
nicas Nº 046 e 40 (BRASIL, 2013, 2015).
Outra iniciativa relevante foi a criação da Política Na-
cional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008), a qual apresenta a Educação Espe-
cial como modalidade transversal a todas as etapas, níveis
e modalidades de ensino de forma complementar ou suple-
mentar e dispõe sobre os recursos e os serviços como o AEE,
que, para os referidos educandos, conforme afirma a Nota
Técnica Nº 40/ 2015, possui caráter suplementar, caracteri-
zando-se pela “[...] realização de um conjunto de atividades,
visando atender as suas especificidades educacionais, por
meio do enriquecimento curricular, de modo a promover a
maximização do desenvolvimento de suas potencialidades e
habilidades”.
Do mesmo modo, ressaltamos a Resolução nº 04/20092,
da Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional
de Educação (CNE), que institui as “Diretrizes Operacionais
para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
Básica” e que consolida a articulação e parceria entre a esco-
la, NAAH/s e as Instituições de Ensino Superior (IES), visan-
do ao enriquecimento curricular dos alunos com AH/SD.
Mediante o exposto estabelecido na legislação, vimos
que o serviço do AEE para os alunos com AH/SD está bem
definido e estruturado. No entanto, como acontece esse
264 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
tavam respostas incomuns ao ambiente, que hoje sabemos
estarem relacionadas ao autismo, dentre elas: resistência a
mudanças, dificuldades da atividade global motora e atraso
na aquisição da fala (embora não em todas).
Segundo Bosa (2002, p. 9):
Kanner acreditava que as crianças com autismo
eram inteligentes, porém não o demonstravam.
Tal noção levou ao mito da criança ‘secretamente
inteligente’. A implicação imediata dessa noção é
o perigo de se superestimar as potencialidades
da criança, criando demandas sociais e intelec-
tuais acima das suas capacidades, com desastro-
sas consequências.
266 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
Para Klin (2006, p. 5):
As possíveis razões para o grande aumento na
prevalência estimada do e das condições re-
lacionadas são: 1) a adoção de definições mais
amplas de autismo (como resultado do reco-
nhecimento do autismo como um espectro de
condições); 2) maior conscientização entre os
clínicos e na comunidade mais ampla sobre as
diferentes manifestações de autismo (e.g., gra-
ças à cobertura mais freqüente da mídia); 3)
melhor detecção de casos sem retardo mental4
[...]; 4) o incentivo para que se determine um
diagnóstico devido à elegibilidade para os ser-
viços proporcionada por esse diagnóstico (e.g.,
nos EUA, como resultado das alterações na lei
sobre educação especial); 5) a compreensão de
que a identificação precoce (e a intervenção)
maximizam um desfecho positivo (estimulando
assim o diagnóstico de crianças jovens e encora-
jando a comunidade a não ‘perder’ uma criança
com autismo, que de outra forma não poderia
obter os serviços necessários); e 6) a investiga-
ção com base populacional (que expandiu amos-
tras clínicas referidas por meio do sistemático
‘pente-fino’ na comunidade em geral à procura
de crianças com autismo que de outra forma po-
deriam não ser identificadas).
268 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
se; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conheci-
mento; capacidade de produção acadêmica (BRASIL, 1995).
Já o tipo criativo se relaciona às seguintes caracterís-
ticas: originalidade, imaginação, capacidade para resolver
problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade
para as situações ambientais, podendo reagir e produzir
diferentemente e, até de modo extravagante; sentimento de
desafio diante da desordem dos fatos; facilidade de autoex-
pressão, fluência e flexibilidade.
O tipo social revela capacidade de liderança e caracte-
riza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude
cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato
com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações so-
ciais, percepção acurada das situações de grupo, capacida-
de para resolver situações sociais complexas, alto poder de
persuasão e de influência no grupo.
O tipo talento especial pode se destacar tanto na área
das artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou
cênicas, evidenciando habilidades especiais e alto desempe-
nho para essas atividades. O tipo psicomotor se destaca por
apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomo-
toras, evidenciando desempenho fora do comum em veloci-
dade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e
coordenação motora.
A atualização da definição de alunos com AH/SD pela
Política Nacional de Educação Inclusiva na Perspectiva In-
clusiva aponta que esse público:
[...] demonstra potencial elevado em qualquer
uma das seguintes áreas, isoladas ou combina-
das: intelectual, acadêmica, liderança, psico-
motricidade e artes, além de apresentar grande
criatividade, envolvimento na aprendizagem e
realização de tarefas em áreas de seu interesse
(BRASIL, 2008, p. 9).
270 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
rante o seu processo educacional. Exemplos dessas seriam:
exacerbada cobrança por parte dos próprios professores,
assim como das famílias; falta de oportunidade para desen-
volvimento de suas capacidades e interesses. Apresentam
também alto índice de evasão por não se adaptarem à me-
todologia do Ensino Tradicional, considerada monótona e
entediante para esses discentes (VIEIRA; FREITAS, 2013).
Metodologia
272 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
Análise dos resultados
6 Nessa fase, a criança não estabelece relação entre a escrita e a fala (pronún-
cia). Ela exerce sua escrita por meio de desenhos, rabiscos e letras, utilizan-
do-as sem correspondência sonora (FERREIRO; TEBEROSKY, 1986)
274 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
com autismo, mesmo que as habilidades acima da média
não sejam suficientes para caracterizar AH/SD. As ativida-
des desenvolvidas para suplementar as aprendizagens des-
ses sujeitos são jogos pedagógicos, atividades específicas de
Matemática, interpretação e produção de textos e interpre-
tação de histórias.
O AEE para esse público tem caráter de suplementa-
ção, enriquecimento do processo de aprendizagem, direcio-
namento para os interesses específicos e estímulo de suas
habilidades e potenciais (VIEIRA; FREITAS, 2013). Entretan-
to, de acordo com a fala das professoras, percebemos que
algumas crianças ditas alto habilidosas ou superdotadas po-
dem apresentar dificuldade de relação com os colegas que
não têm as mesmas habilidades, bem como perfeccionismo
exacerbado nas atividades realizadas e bastante criticida-
de sobre as dos colegas. Diante disso, a falta de estimulação
adequada às suas habilidades acarretará, provavelmente,
comportamentos indesejáveis no ambiente escolar. Esses
indivíduos podem correr o risco de serem classificados
como possuindo algum tipo de desajuste e, consequente-
mente, não serem incluídos de fato na escola, prejudicando
assim o desenvolvimento de suas habilidades.
Cumpre ressaltar que as professoras atuantes na insti-
tuição são contratadas pela rede pública de ensino e lotadas
através de uma seleção e, diferentemente das professoras da
Secretaria de Educação do Município (SEM) que realizam o
AEE em escolas regulares, as professoras da instituição em
questão contam com o suporte de um agente terapêutico, o
que, segundo elas, facilita o trabalho com os alunos atendidos.
Por fim, no que diz respeito à articulação entre a insti-
tuição especializada e a Escola Regular para inclusão desses
alunos, constatamos que essa acontece por meio de visitas
e diálogo, inicialmente feitos pelo coordenador educacional
Considerações finais
276 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
pedagógico. A articulação entre a instituição pesquisada e a
Escola Regular acontece de forma esporádica devido à exis-
tência de alguns percalços, resultando, portanto, em um
efeito precário em relação ao protagonismo desse indivíduo
na Escola Regular.
Convém ressaltar que os docentes reconhecem o po-
tencial da criança com autismo, considerando suas habili-
dades, muitas vezes, acima da média, mesmo que não sejam
reconhecidas como AH/SD. Cumpre mencionar que essa di-
ficuldade no processo de identificação dos estudantes com
AH/SD, principalmente quando estes possuem associação
com autismo leve, indica a falta de inter-relação entre os ser-
viços instituídos pela Política de Educação Especial (PNEE-
PEI, 2008), incidindo à falta de interesse do Poder Público
em consolidar essa política.
Referências
278 | HELOISA FONSECA BARBOSA • INGRID FACUNDO RODRIGUES LOPES • JOSILENE ALENCAR FÉLIX •
TANIA VICENTE VIANA
O ESTUDO DE CASO NA PERSPECTIVA
DOS PROFESSORES DO ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
280 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
O fio da meada: o estudo de caso no Atendimento
Educacional Especializado
282 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
coletadas na análise de documentos, na entrevista com a fa-
mília, na avaliação pedagógica, na observação do aluno nos
diversos espaços da escola, na apresentação dos principais
conceitos e fundamentos teóricos referentes à deficiência
apresentada pelo aluno e na proposta de intervenção que
será implementada no AEE.
Com base na metodologia “estudo de casos através da
resolução de problemas”, Gomes, Poulin e Figueiredo (2010)
desenvolveram cinco etapas para a sua elaboração. Em cada
etapa são agrupadas informações que contribuem na priori-
zação das atividades e intervenções realizadas pelo profes-
sor do AEE, de modo a atender às condições individuais de
aprendizagem dos alunos da Educação Especial.
Para refletirmos sobre as etapas estabelecidas nessa
metodologia, consideramos importante descrevê-las à luz
do pensamento de Gomes, Poulin e Figueiredo (2010):
Aluno(a):
Idade:
Ano escolar:
284 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
ção dos objetivos de aprendizagem a serem alcançados pelo
aluno em longo, médio e curto prazos. Apontam também
para a necessidade de planejar as atividades de acordo com
os objetivos e em parceria com os demais agentes envolvi-
dos no processo de aprendizagem do aluno, bem como para
a importância de se avaliarem aspectos como a exequibi-
lidade e a coerência do plano supracitado na resolução do
problema.
As ações previstas no plano favorecem a inclusão do
aluno com deficiência, na medida em que contemplam suas
necessidades específicas, por meio de atividades realizadas
no contexto de Sala de Recursos Multifuncionais, de sala de
aula comum e demais ambientes da escola, em parceria com
os profissionais. O objetivo das ações é também colocar as
potencialidades identificadas no aluno a serviço do seu de-
senvolvimento, superando as barreiras impostas pela defici-
ência (GOMES, POULIN e FIGUEIREDO, 2010).
Percurso metodológico
286 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
Desvendando o estudo de caso no atendimento
educacional especializado: múltiplos olhares
288 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
mais participantes apontaram que seguem parcialmente as
orientações do documento, três por se sentirem inseguros
e quatro porque sentem dificuldades em segui-lo da forma
como se apresenta, optando por fazerem adequações e/ou
resumos das etapas do estudo de caso.
As falas acima refletem as inquietações vivenciadas
pelos docentes na efetivação da sua prática pedagógica, que
possui como instrumento norteador um roteiro disponibili-
zado pelo MEC para a elaboração do estudo de caso. Entre-
tanto, não encontramos na literatura vigente estudos que
analisem a funcionalidade desse instrumento, fato esse que
evidencia a necessidade emergente de ações por parte do
Ministério da Educação, que contemplem pesquisas cujos
dados possam vir a contribuir de forma efetiva no redimen-
sionamento de novas discursões sobre o estudo de caso e,
consequentemente, tornar essa metodologia de trabalho
mais efetiva nas práticas pedagógicas do professor.
O professor do AEE precisa ser criterioso na organiza-
ção dos dados coletados para elaboração do estudo de caso
de seus alunos, garantindo que todas as informações impor-
tantes e necessárias à elaboração do Plano de AEE estejam
contextualizadas e explícitas na proposição do caso, possi-
bilitando, assim, a “identificação das necessidades educa-
cionais específicas dos alunos, a definição dos recursos ne-
cessários e das atividades a serem desenvolvidas” (BRASIL,
2009, p. 2).
A Figura 1 apresenta o quantitativo das diferentes res-
postas dadas pelos participantes, ao serem questionados sobre
a eficiência do roteiro disponibilizado pela SME, e se o conside-
ravam de fácil utilização na elaboração do estudo de caso.
290 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
O roteiro é bastante interessante. Mas não é mui-
to funcional. Precisamos de algo mais prático e
eficaz. Acredito que, devido à complexidade que
envolve o atendimento dos alunos público-alvo
do AEE e ao número de alunos atendidos, a maio-
ria dos professores de AEE não disponibilizam
de tempo suficiente para realizar o estudo de
caso de todos os educandos, conforme o modelo
proposto.
292 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
Constatamos que 65% dos participantes apontaram
a etapa 3 – identificação da natureza do problema – como a
mais difícil de desenvolver. Foi comum em suas falas a afir-
mação de que esta etapa é facilmente confundida com a etapa
2 – esclarecimento do problema – e, por considerá-las muito
próximas, boa parte dos professores pesquisados classificou-
-as como parecidas e repetitivas. Esse argumento foi bem
ilustrativo na fala do participante 2, quando apontou que “as
etapas não são difíceis de desenvolver, porém o esclarecimen-
to do problema deixa implícita a natureza do problema, visto
que, ao esclarecermos a problemática, nos reportamos à sua
natureza e também deixamos nossa impressão sobre ele”.
Apesar de a maioria dos professores participantes
ter apontado que sente maior dificuldade na elaboração da
etapa 3 – identificação da natureza do problema –, 23% des-
tacaram possuir dificuldade na etapa 2 – esclarecimento do
problema. Essa barreira pode estar relacionada à falta de
compreensão sobre quais informações devem ser identifi-
cadas e esclarecidas nessas etapas.
A etapa 4 – resolução do problema – foi informada por
12% como sendo a mais difícil de ser elaborada. Enquanto
as etapas 1 e 5 – apresentação do problema e elaboração do
plano de AEE, respectivamente – não foram citadas por ne-
nhum dos professores entrevistados.
A etapa da resolução de problemas envolve as propos-
tas dos professores de AEE para favorecer a inclusão dos
alunos da educação especial por meio da eliminação das
barreiras de acesso ao conhecimento. Desse modo, se con-
figura etapa importante onde também estarão presentes a
previsão dos recursos que precisarão ser adquiridos e/ou
elaborados para os alunos considerando as necessidades
apresentadas e as parcerias a serem estabelecidas no pro-
cesso de inclusão do aluno.
Considerações finais
294 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
Assim, os dados revelam a necessidade de ressignifi-
car os conhecimentos teórico-práticos dos professores des-
sa modalidade, para que possam estabelecer, no estudo de
caso, mediações pedagógicas coerentes com seus alunos,
com pretensões de favorecer o processo de inclusão educa-
cional de todos os alunos, sobretudo daqueles que apresen-
tam deficiência, TEA e altas habilidades/superdotação.
Esta ressignificação da prática deve acontecer por
meio de uma formação continuada de professores do AEE
que os permita refletirem sobre sua própria atuação e que
possam identificar na ação docente a importância da utiliza-
ção do estudo de caso como metodologia que permite aten-
ção às questões subjetivas do aluno e do contexto escolar.
Referências
296 | ADELAIDE DE SOUSA OLIVEIRA NETA • ALINE DE OLIVEIRA REBOUÇAS • FRANCISCA SUELI FARIAS NUNES
SOBRE OS AUTORES
SOBRE OS AUTORES
| 297
Inclusão pela Universidade Cândido Mendes. Especialista em
Neuropsicopedagogia pela Universidade Cândido Mendes. For-
mação em Atendimento Educacional Especializado, Transtorno
do Espectro do Autismo, Deficiência Visual e Lingua Brasileira de
Sinais pelo Centro de Referência em Educação e Atendimento Es-
pecializado do Ceará – CREAECE. Professora da rede municipal de
ensino, atuando na sala de recursos multifuncionais.
E-mail: ninedapaz@gmail.com
SOBRE OS AUTORES
| 299
dual Vale do Acaraú (UVA), especialista em Gestão Escolar (2004)
pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), especia-
lista em Planejamento Educacional (2001) pela Universidade Vale
do Acaraú (UVA) e Licenciada em Pedagogia (2000) pela Universi-
dade Estadual do Ceará (UECE). É professora polivalente da Pre-
feitura Municipal de Fortaleza (2004) tendo atuado como: alfabe-
tizadora, coordenadora na rede estadual e municipal, professora
da educação profissional e docente da Universidade Estadual Vale
do Acaraú (UVA). Atualmente está lotada no Conselho Municipal
de Educação de Fortaleza.
E-mail: elcimurta@yahoo.com.br
SOBRE OS AUTORES
| 301
Ivna Teixeira Masih – Graduação em Fonoaudiologia pela Univer-
sidade de Fortaleza. Licenciatura plena em Pedagogia pela Univer-
sidade estadual do Ceará. Especialista em Psicopedagogia Clínica e
Institucional pela Universidade estadual do Ceará. Mestranda em
Educação pela Universidad Americana. Extensão Universitária de
Educação Inclusiva e Especial pela Universidade Federal do Ceará.
E-mail: masihivna@yahoo.com.br
SOBRE OS AUTORES
| 303
Prefeitura Municipal de Fortaleza. Professora do Curso de Licen-
ciatura em Educação Física da UVA-IDJ.
E-mail: lourdesleitep@yahoo.com.br
SOBRE OS AUTORES
| 305
exercendo a função de docente na Universidade Federal do Ceará,
Subchefe do Departamento de Estudos Especializados, Professora
do Departamento de Estudos Especializados e coordenadora de
projetos de extensão Pedagogia Hospitalar e Política de educação
especial e inclusiva.
E-mail: aee.roberia@gmail.com
SOBRE OS AUTORES
| 307
Este livro, com o formato final de 14 x 21 cm, contém 307 páginas.
O miolo foi impresso em papel Off-Set 75 g/m2 LD 64 x 88 cm.
A capa foi impressa no papel Cartão Supremo 250 g/m2 LD 66 x 96 cm.
Tiragem de 1000 exemplares.
Impresso no mês de setembro de 2019.
Fortaleza-Ceará.