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vírus

8.+10.0Írusconsiste em um áci-
'3: circundado por A Figura 19.1 Os vírus (em vermelho) que estãobro.
proteica tando das células estão vivos?
-"ós,virus somente se repro-
nas células hospe-
2%rVdeíras Uma vida emprestada
viroides e príons são fotografia da Figura 19.1 mostra um evento marcante: à esquerdaestá
patógenos formidáveis de uma célula humana sendo atacada, liberando mais invasores que irãoinfee
animais e plantas tar outras células. Os inimigos (em vermelho) são os vírus da imunodeficiência
humana (Hl V). (Um cenário semelhante é apresentado na fotomicrografia abai-
xo, à esquerda.) Ao injetar sua informação genética em uma célulaeum_único
vírus sequestra a célula, recrutando sua maquinaria celular para produzir novos
vírus e promover mais infecção. Se não tratado, o HI V causa a Síndromeda
Imunodeficiência Adquirida (Aids), destruindo células vitais do sistema imune
Comparados com os eucariotos, e mesmo com as células procarióticas
os vírus são ainda menores e mais simples. Eles não possuem as estruturasea
maquinaria metabólica encontrada nas células; a grande maioria dos vírussão
genes empacotados com capas proteicas.
Os vírus são estruturas vivas ou não? Os vírus são capazes de causarum
grande número de doenças e de se espalhar entre os organismos; por isso,os
pesquisadores no final dos anos 1800 traçaram um paralelo com as bactériase
propuseram que os vírus seriam as formas de vida mais simples. Entretanto,os
vírus não podem se reproduzir ou desempenhar suas atividades metabólicas
fora das células hospedeiras. Atualmente, a maioria dos biólogos que estudam
os vírus provavelmente irá concordar que eles não são seres vivos, mas existem
em uma área nebulosa entre formas vitais e químicas. Uma expressãosimples
usada recentemente por dois pesquisadores os descrevem de maneira adequa-
da: os vírus levam uma "vida emprestada".
Praticamente, a biologia molecular iniciou nos laboratórios dos biólogos
que estudavam os vírus que infectam bactérias. Experimentos com essesõ
forneceram evidências importantes de que os genes são formados por ácidos
BIOLOGIA DE CAMPBELL 393

enciais para estabelecer os mccanis-


sendo ess rocessos fundamentais, como a re- Figura 19.2 Pesquisa
nucleicos, de p
IOIecÚlares
n e a tradução do DNA.
transcrição O que causa a doença do mosaico do tabaco?
a sistemas experimentais, os ví-
licaçá0, seu valor como
dc único e interessante por
mecanismogenético Experimento No final do século XIX, Martinu3 Beyjerrnck,da
de como os vírus
auxilia na compreensão Technical School em Delft, Holanda, Investigou as propriedades
rosP também disso, o estudo dos vírus levou ao do agente que causava a doença do mosaico do tabaco (ent;o
doenças. Além que permitem aos cientistas chamada doença das manchas).
causam as d e técnicas
de um organismo para
genes e transferi-los
desenvolvimento
ularemos um papel importante na
manip técnicasdesempenham
Essas e aplicações na medicina. Por
iotecnologia
básica, b como agentes para transfe-
pesquisa
vírus utilizados
os
exemplo, Conceito 20.4).
na terapia génica (ver
degenes vamos explorar a biologia dos vírus.
Nestecapítulo, depo
pela estrutura e
Iniciaremos
A seguir, discutiremos o papel dos vírus
sereplicam.
eles de doeiàças, Otfagentes patogéni-
como agentescausadores o Serva extraída da Seva passada o Servafiltrada
consideranc:c alguns agentes infeccio- planta de tabaco
cos,econcluiremos viroid' os príons. com a doença do
em um filtro de esfregada em
maissimples, os porcelana que plantas de
sosainda mosaico do retém bacténas tabacogudàvzs
tabaco

CONCEITO 19.1
em um nucleico
0 vírusconsiste
por uma cav
circundado
foramcapazes dc
Oscientistas tectar os vírus indireta-
O Plantas saudáveis
muitoantes de terem sido capazes de ver esses orga-
mente tornaram-seInfectadas
Ahistóriado descobrimento dos vírus tem início
nismos.
ao final do século XIX.
próximo Resultados Quando a seiva filtrada foi esfregada em plantas
saudáveis, elas tornaram-se Infectadas. Sua seva foi, entáo. ex-
dos vírus: pesquisa científica traída e filtrada e podia atuar como fonte de infecçào para outro
Adescoberta
grupo de plantas. Cada grupo sucessivo de plantas desenvolveu
do mosaicodo tabaco retarda o desenvolvimento
Adoença a doença da mesma manejra que os grupos anteriores.
dasplantas
de fumo e confere às folhas uma coloração sal-
picada,
ouem mosaico.Em 1883, Adolf Mayer, um cientista Conclusão Os agentes infecciosos aparentemente nào eram
alemão,
descobriuque poderia transmitir a doença de planta bactérias, porque podiam passar pelo filtro que retém bacténas.
para
plantaesfregandoa seiva extraída de uma folha doente O patógeno deve ter se reproduzido nas plantas porque sua ca-
emumaplantasadia.Após uma procura sem êxito por um pacidade de causar doença não reduzia após vártas transferên-
micróbio cias de planta para planta.
infecciosona seiva, Mayer sugeriu que a doença era
causada
porumapequena bactéria pouco comum, invisível Fonte: MJ. Beijerinck,Concerning a contagium vivum fluidum as cause of
aomicroscópio.
Essahipótese foi testada uma década depois the spot disease of tobacco leaves, Verhandelingen der Komnkyke
porDimitri Wettenschappente Amsterdam 65:3-21 (1898). Traduçáo para o tngbêspubá-
Ivanowsky,um biólogo russo que filtrou a seiva cada em Phytopatholoycal Classtcs Number 7 (1942). Amencan Phytopatho-
defolhas
defumoinfectadas para remover bactérias. Após a logical Socjety Press, St. Paul, MN.
filtragem,
a seiva ainda produzia a doença do mosaico.
Noentanto,Ivanowsky Se Beijerincktivesse observado que a infecçào de cada
queabactéria permaneceu fiel à hipótese de
causavaa doença do mosaico do tabaco. Ele grupo ia enfraquecendo de um grupo para outro e que finalmente a
Pensou
quetalveza bactéria fosse pequena o suficiente seiva não causava mais a doença, o que ele teria conduido?
Para
Passarpelofiltro
Porele.Asegunda ou produzia uma toxina que passava
botânico possibilidade foi descartada quando o
holandêsMartinus Beijerinck em placas de petri ou em tubos de ensaio. Beijerinck imagi-
experimentos realizou uma série
clássicos
iosoencontrado que mostrou que o agente in- nou uma partícula reprodutora muito menor e mais simples
(Figura
19,2).
na seiva filtrada podia se reproduzir que uma bactéria. Desde então, ele é considerado como o
Defato,o primeiro cientista a enunciar o conceito de vírus. Suas sus-
patógeno se reproduzia somente no hospe- peitas foram confirmadas em 1935,quando o cientista ame-
queinfectava.
mostrou Nos experimentos seguintes, Beijerinck
quediferentemente ricano Wendell Stanley cristalizou a partícula infecciosa,
naquela das bactérias usadas em labora- agora conhecida como o vírus do mosaico do tabaco (TMV,
saicodo época, 0 misterioso tobacco mosaic virus). Posteriormente, o TMV e vários vírus
tabaco não agente da doença do mo-
pod ia ser cultivado
em meio nutriente, foram observados com o auxílio de microscopia eletrónica.
394 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON

Estrutura dos vírus é organizado como uma única molécula linearou


embora o genoma de alguns vírus possa ser
O menor vírus tem apenas 20 nm de diâmetro, menor que
um ribossomo. Milhões deles cabem na cabeça de um alfine- de múltiplas cópias de ácido nucleico. O menorvírus
te. Mesmo o maior vírus conhecido, com diâmetro de cente- nhecido possui somente quatro genes em seu genoma ctp

maior deles possui de várias centenas a um milhar.


nas de nanómetros, é dificilmente observado ao microscópio
óptico. A descoberta de Stanley de que alguns vírus pode- comparação, o genoma de uma bactéria contém
cercu
riam ser cristalizáveisfoi uma notícia instigante e desafia- 200 a poucos milhares de genes.
dora. Nem mesmo a célula mais simples pode se agregar em
cristais regulares. Mas se os vírus não são células, então o Capsídeose envelopes
que eles são? Examinando a estrutura dos vírus mais detalha- A capa proteica que circunda o genoma viralé
damente, observa-se que eles são partículas infecciosascons, nada capsídeo. Dependendo do tipo de víri1S, o cápsfdeo
tituídas por um ácido nucleico circundado por uma camadcv pode ter a forma de bastão, ser poliédricoou apresenút
proteica e, em alguns casos,cmenvelope membranoso„ forma mais complexa (como o T4). Os capsídeossãocortÇ
tituídos por um grande número de subunidades_proteicà
Genomas virais denominadas capsômeros, mas o número de diferentes
Normalmente pensamos que os genes são constituídos por tipos de proteínas em um capsídeo é pequeno. O
um DNA de dupla-fita, a dupla-hélice convencional, mas mosaico do tabaco possui capsídeo rígidoem forma de
muitos vírus desafiam essa convenção. Seus genomas po- bastão, constituído por mais de uma centenademoléC1&
dem ser de DNA de dupla-fita, DNA de fita simples, RNA Ias de um único tipo de proteína organizada emhélice.
poi
de dupla-fita ou RNA de fita simples, dependendo do tipo essa razão, os vírus em forma de bastão são normalmente
de vírus. Um vírus é denominado vírus de DNA ou vírus denominados vírus helicoidais (Figura 19.3a).Osadertfk
de RNA de acordo com o tipo de ácido nucleico de seu ge- vírus que infectam o trato respiratório dos animais
pos-
noma. Em qualquer um dos casos, normalmente o genoma suem 252 moléculas de proteínas idênticas organizadasem

RNA Envelope RNA


Capsômero membranoso
DNA
Capsídeo Cabeça DNA

Capsômero
do capsideo Revestimento
da cauda

noau
Fibra
da cauda

Glicoproteína
Glicoproteína
18 x 250 nm 70—90nm (diâmetro) 80—200 nm (diâmetro) 80 x 225 nm

20 nm 50 nm
(a) Vírus do mosaico do tabaco (b) Adenovírus possuium 50 nm 50
(c) Vírus influenza possui um to&5
tem um capsídeo helicoidal e capsídeo Icosaédrico com (d) Bacteriófago T4. como
envelope externo cravejado posta um
forma de bastáo. espículas de glicoproteinas os fagos T pares,
com espículas de glicoprote[nas.
em cada vértice. capsídeo complexo formaú
O genoma é formado por oito
por uma cabeça tcosaédnca
moléculas de RNA diferentes
cada uma circundada por um uma cauda.
capsídeo helicoidal,

A Figura 19.3 Estrutura viral. Os vírus são constituídos de áci- denominadas capsómeros. Embora variados em tamanhoe
do nucleico (DNA ou RNA), envolvidos em uma capa proteica (cap- os vírus têm características matona
sídeo) e algumas vezes recobertos por um envelope membranoso. estruturais em comum, a (Tod'b$
quais aparecem nos quatro
As subunidades proteicas individuais que formam o capsídeo são exemplos aqui apresentados.
micrografias são MET coloridas.)
BIOLOGIADt CAMPBELL 395

triangulares, um receptoras originalmente desempenhavam outras funções


com 20 facetas
e vírus de forma similar que beneficiavamas célulasdo hospedeiro, mas foram
icosaédñcm(Figura 19.3b). posteriormente coadaptadas pelos vírus como portais de
cdro. estruturas acessórias que os au- entrada.) Alguns vírus possuem ampla especificidade de
dos
exemplo, um envelopçy hospedeiro. Por exemplo, o vírus do Oeste do Nilo e o vírus
hospedeiro.Por influenza e mui- da encefalite equina podem infectar mosquitos, pássaros,
0 capsídeo do vírus
circunda cavalos e seres humanos. Outros vírus possuem especifici-
encontra o dade tão restrita que infectam apenas uma espécie. O vírus
vírus deriva o
virais,
pídeos e proteínas da membrana do sarampo, por exemplo, pode infectar apenas seres hu-
envelopes
$ também contém proteínas e gli- manos. Além disso, a infecção viral de eucariotos multice-
Eles
hospedeiras.
&lulas ligados.) Alguns vírus pos- O vírus da gripe humana infecta somente as células que
covalenten-lente revestem o trato respiratório superior, e o vírus da Aids se
carb0idratos enzimas virais em seu capsídeo.
moléculasde pertencem aos ví- liga a um receptor presente somente em determinados ti-
capsídeos mais complexos
dos denominados bacteriófagos, ou pos de células do sistema imune.

Escherichia coli.
Esses sete fagos foram cha- Características gerais dos ciclos replicativos virais
ordem
infectam
tipo 2 (T2) e assim por diante, na Uma infecção viral inicia quando o vírus se liga à célula
tipo( (TI), três fagos pares (T2, T4 e T6) apre-
os hospedeira e o genoma viral entra na célula(Figura
19.4).
descoberta. seus capsídeos possuem
muitosimilares.
estruturas circundando seu DNA. Ligada a
icosaédricas
cabeças o O vírus entra na
célula e sofre desnudação, ViRUS Enquanto isso, as
(Figura 19.3d).
cabeça,
essa fago se liga bactéria liberando o DNA viral e enzimas do hospedeiro
dasquais0 como essas poucas estruturas vi- as proteínas do capsideo. transcrevem o genoma viral
seção,veremos componentes celulares para em RNAm viral. o qual é
com Capsídeo utilizado pelos ribossomos
emconjunto virais. do hospedeiropara produzir
número CIEpartículas As enzimas do
mais proteínas do capsídeo.
um grande
roduzir hospedeiro replicam
o genoma viral.

DO CONCEITC
mosaico do tabaco (TMV) CÉLULA
& HOSPEDEIRA
as estruturas
l. Compare influenza (w, 19.3).
eovirusda
É!ófagos foram usados para DNA viral
2. de ONA possuía a informação
fornecerevidénctas o experimento rea-
16.4). Descreve RNAm
(verfigura —ciuindo em sua descrição por
Cha.
lizadoporHershey e
escov -i am fagos.
queos pesquisadores proteínas •
Apêndice A. DNA viral
Ver respostassugeridas no do capsideo

19.2
CONCEITO
somentese reproduzem nas
Osvírus
hospedeiras
células
equipa-
nãopossuemenzimas metabólicas nem
Osvirus Eles
comoos ribossomos, para produzir_proteínas.
mento, O Os genomas virais e
pala-
intracelulares obrigatórios; em outras
sioparasitos as proteinas do capsideo
iras,sópodemse reproduzir dentro das células_hospedei- se juntam, em novas
um particulasviras. que
dizerque os vírus isolados são apenas
tas.Éhazoável deixam a célula.
degenesem trânsito de uma célula para outra.
pacote
viral simplificado. Um virus
Figura 19.4 Ciclo replicativo
limitadade hospedeiros, denominada especificidade_
se replicar. Este é
do vírus. Essa especificidade de hospedeiro sua célula hospedeira para
dehospedeiro pequenas moléculas de é um vírus de ONA c@m
simples, no qual o parasito
da evoluçãodos sistemas de reconhecimento
éresultante o ciclo Viral mais proteína.
de um único tipo de
Osvírusidentificam as células hospedeiras por
vírus. um capsídeo composto
Umencaixe "chave-fechadura"entre as proteínas da super- com uma palavra que repre-
Marque cada seta preta
virale asmoléculasreceptoras específicas do exterior que esta ocorrendo,
Ascélulas. sente o nome do processo
(Deacordocom um modelo, essas moléculas
JACKSON
396 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY &

O mecanismo de entrada do genoma depende do tipo de que frequentemente danifica ou destrói as


danos ou essa morte celular, bem como a respostaE
Vírus e do tipo de célula hospedeira, Por exemplo, os fa-
gos T pares usam o aparato elaborado de sua cauda para ganismo a essa destruição, causam muitosdos ec
sinto
injetar o DNA na bactéria (ver Figura 19.3d).Outros vírus
associados à infecção viral. A progénieviral
são absorvidos por endocitose ou, no caso dos vírus com célula tem potencial para infectar outras células,dis
envelope, pela fusão do envelope viral com a membrana nando a infecção viral.
plasmática da célula hospedeira. Tão logo o genoma viral Há muitas variações do ciclo reprodutivoviral
está dentro da célula, as proteínas por ele codificadas po- plificados aqui de forma geral. Agora veremos
dem comandar o hospedeiro, reprogramando a célula para lhadamente algumas dessas variações nos vírusba
nos (fagos) e vírusde animais. Mais adiante,
copiar o ácido nucleico viral e produzir as proteínas virais.
O hospedeiro fornece os nucleotídeos para a produção dos
ácidos nucleicos, bem como as enzimas, os ribossomos, o
RNAt, os aminoácidos, o ATP e outros componentes ne- Ciclos reprodutivos dos fagos
cessários para a produção das proteínas virais, A maioria Os fagos são os vírus mais bem compreendidos,
dos vírus de DNA usa a DNA-polimeraseda célula hos- alguns deles também sejam os mais complexos.As
pedeira para sintetizar novos genomas a partir do molde sas com fagos levaram à descoberta de que algun7vR
fornecido pelo DNA viral. Por outro lado, para replicar seu
DNA de dupla-fita podemreproduzir-se por meio
os vírus de RNA usam polimerases codificadas no mecanismos alternativos: o ciclo lítico e o ciclo lisogénico
ç,enoma viral, que pode usar o RNA como molde.
' 2imente, células não infectadas não produzem enzi-
esse processo.) O ciclo lítico
a produção das moléculas de ácido nucleico O ciclo_reprodutivo do fagoque culmina na mortedacéh.
rapsómeros, eles se reúnem espontaneamente em Ia hospedeira é conhecido como ciclo líticq(Figura 1931
v:rus. De fato, os pesquisadores podem separar o O termo refere-se ao último estágio da infecção,duranteo
e os capsómeros do TMV e, então, formar um vírus qual ocorre a lise (explosão) da bactéria e a liberação»
completo simplesmente misturando seus componentes fagos produzidos dentro da célula. Cada um dessesfagos
em condições adequadas. O tipo de ciclo reprodutivo vi- pode infectar uma célula saudável e poucos cicloslítico,
ral mais simples termina com a saída de centenas ou mi, sucessivos podem destruir uma população bacteriana in.
lhares de vírus da célula hospedeira infectada, processo teira em poucas horas. Um fago que se replicasomente

V Figura 19.5 Ciclo lítico do fago T4— um O Adesão. O fago T4 usa suas fibras
fago virulento. O fago T4 tem quase 300 genes, da cauda para ligar-se a sítios de
os quais sáo traduzidos e transcritos usando a ma- receptoresespecíficos na superfície
quinaria da célula hospedeira. Um dos primeiros externa da célula de E. coli.
@ Entrada do DNAdofap
genes do fago traduzido após a entrada do DNA Liberação. O fago coordena e degradação do DNA
viral no hospedeirocodifica uma enzima que de- a produção de uma enzima do hospedeiro.
grada o DNA da célula hospedeira(passoO); o que danifica a parede celular O revestimento da carda
DNA do fago é protegido da degradaçáo porque bacteriana permitindo a contrai-se injetando o
entrada de líquido. A célula do fago na célulae
contém uma forma modificada da citosina não re- incha e finalmente explode, deixando o capsideovao
conhecida pela enzima. Todo o ciclo lítico, desde o liberandode 100 a 200 do lado de fora.O DNA±
primeiro contato com a superfície celular até a lise, partículasde fago. célula é hidrolisado.
leva cerca de 20 a 30 minutos a 37 0C.

Montagem do fago

t t t

proteioS
Montagem. Três séries distintas de Síntese do genoma e proó.*,»
proteínas reúnem-se para formar a cabeça virais. O DNA coordenaa
Fibras do fago, a cauda e as fibras da cauda. das proteínas e do genoma
Cabeça Cauda
da cauda O genoma do fago é empacotado dentro pelas enzimas do da
do capsldeo durante a formaçáo da cabeça. os componentes do inter•
BIOLOGIA DE CAMPBELL 397

virulento. A Figura 19.5 ilustra O ciclo lisogênico


é um fago lítico do T4, um típico fago
lítico s do ciclo Ao contrario do ciclo lítico, que mata a célula
etapa descrevem 0 processo; é o ciclo lisogênico permite a replicação do genoma do fago
rincipais e as legendas prosseguir.
antes de sem destruir a célulahospedéira. Os fagos capazes de usar
I estudá-las lítico você pode estar_se
0 ciclo os doistipos de replicação em uma bactéria são denomina-
a leiturasobrefagos não exterminaram todas as dos fagos temperados. Um fago temperado denominado
que os
ndopor que as bactérias têm suas próprias de- lambda, representado pela letra grega À,é amplamente uti-
A razãoé natural favorece as bactérias mu- lizado na pesquisa biológica. O fago k se assemelha ao T4,
baciérias.
primeiro, a mais reconhecidos por
que não mas sua cauda possui uma única fibra curta.
Segundo, quando um fago A infecção de uma E. coli por um fago X é iniciada
tipo de fago.
determinado quando o fago se liga à superfície da célula e injeta seu ge-
uma
entra em e é clivado por enzimas ce- noma de DNA linear (Figura 19.6). No hospedeiro, a mo-
dePNA como es tranho
reconhecido enzimas de restrição, que recebem lécula de DNA do X forma um círculo. O que acontecerá
é denominadas restringir a capacidade
devidoà sua atividade de
nome na bactéria. O DNA da célula bacte- lisogênico. Durante o ciclo lítico, os genes virais imediata-
de a impedir 0 ataque por suas pró- mente tornam a célula hospedeira uma fábrica produtora
metiladode modo Assim como a
restrição. de e, então, a célula lisa, liberando a progénie viral. Entre-
enzimasde recepto
com
a bactéria
favorece
eficazes,ela também
favorece_osfagosmutanz incorporada a um sítio específico no cromossomo de E. coli
dereétfiCao ligar-se aos receptores alterados_ou resis=_ pelas_proteínasvirais que quebram a molécula de DNA
tesquepodem enzimas de restrição. Dessa forma, o circular e ligam uma à outra. Quando integrado desta ma-
adeterminadas
tentes paveAo-hospedeiroéA.rm.fluxomrolutivo neira no cromossomo bacteriano, o DNA viral é conhecido
relacionamento
como prófago. Um gene de prófago codifica uma proteína
constante,
: eira razão importante para a bacté- que impede a transcriçãoda maioria dos outros genes do
Há ainda uma
poupa, extinção como resultado da ativi- prófago. Assim, o genoma do fago fica silencioso dentro da
riater sido
En- de lisar as células hospedeiras, mui- bactéria. Cada vez que a E. coli se prepara para dividiregl@
dadedos fagos.
coexistc, elas em um estado denominado replicao DNAdo fagojuntamente com seu próprio cro-
tos fagos
que vere:
lisóóema, agora. mossomo passando as cópias do fago para suas células-fi-

Célula-filha
O fago adere à célula com prófago
dc hospedeirae injeta seu DNA Muitas divisóes
celulares produzem
uma grande
Fibrada cauda DNA do fago populaçáo de
Fago
circularizado bactérias infectadas
com o prófago
Cromossomo Ocasionalmente, o prófago sai
bacteriano do cromossomo bacteriano
iniciando o ciclo lítico

Ciclo lítico Ciclo lisogênico

Certos fatores A bacténa se reproduz normalmente


usedacélulae liberaç¿o dos determinam se copiando o prófago e transmitindo-o
fagos
para suas células-filhas
O ciclo lític02 OU CICIOlisogênico Prófago
Lé induzido j é ativado

Novos DNA e proteínas do O DNA do fago se integra no


fago são sintetizados e cromossomo bacteriano
reunidos em fagos, tornando-se um prófago.
Figura19.6 0
ciclolítico e lisogénico do fago À, um fago
Apósentrarna
célula bacteriana e circularizar, o DNA vez iniciado o ciclo lisogénico, o prófago pode ser levado juntamen-
imedlatamente Iniciar
do fago (CICIO a produção de um grande número
Progénie te com o cromossomoda célula hospedeira por muitas
(CICIO lítico) ou integrar o cromossomo bac- O fago tem uma curta fibra principal na cauda.
lisogénico).Na maioria
dos casos, o fago segue o
398 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON

lhas. Uma única célula


infectada rapidamente dá origem a
uma grande população Tabela 19.1 Classes de vírus de animais
de bactérias portadoras do vírus na
forma de prófagos. Esse
mecanismo permite que o vírus se Exemplos
propague sem matar a célula Família/Classe Envelope que
causam
O termo lisogênico
hospedeira da qual depende. doenças
humanas
implica que o prófago seja capaz de l. DNA de dupla-fita (dsDNA)
produzir fagos ativos que Não
lisam as células hospedeiras. Isso Adenovírus Doenças
ocorre quando o genoma (ver Figura 19 Pb)
respiratórias;
do \ (ou de outro fago tempera- turrü
do) é induzido a sair do Papilomavírus Náo
cromossomo bacteriano e iniciar o Verrugas, cancer
ciclo lítico. Sinais ambientais, Poliomavírus Náo Tumores
cervical
como determinados agentes
químicos ou radiação de alta Herpesvírus Sim
energia, normalmente provo- Herpes Simples
I e II
cam a alteração do modo herpes genital); (herpes
lisogénico para o lítico.
Além dos genes para as proteínas breiro, varicela); varicela-zósterto
que impedem a virus
Epstein•
transcrição, outros poucos genes do (mononucleose,
linfoma de
prófago podem ser ex- Poxvírus Sim Vírus da varíola;
pressos durante a lisogenia. A vírus da
expressão desses genes pode variola
alterar o fenótipo do hospedeiro,
um fenómeno importan- II. DNA de fita simples (ssDNA)
te na medicina. Por exemplo,
as três espécies de bactérias
que causam as doenças humanas Parvovírus Não Parvovlrus BI 9
(erupçóes
febre escarlatina não seriam difteria, botulismo e 193)
tão nocivas se não tivessem III. RNA de dupla-fita (dsRNA)
determinados genes do prófago que Reovírus Náo Rotavírus (diarreia);
fazem a bactéria pro- vírus
duzir toxinas. A diferença entre a do carrapato Colorado da febre
cepa de E. coli, que reside
em nossos intestinos, e a cepa IV. RNA de fita simples (ssRNA)
0157:H7, que tem causado
r,)ditos obitos por intoxicação Picornavírus Não
alimentar, parece ser a pre- Rinovírus (resfriado
comum);
nça do prófago na cepa 0157:H7. vírus, vírus da hepatite
A
vírus entéricos (intestinais)
Coronavírus Sim Síndrome respiratóriaaguda
replicativos dos vírus de animais (SARS) sem
G nos já sofremos de infecções virais, seja resfriado, Flavivirus Sim Vírus da febre amarela,
vírusdo
ou gripe comum. Como todos os vírus, Oeste do Nilo; vírus da
aqueles que hepatitec
aosam as doenças em seres humanos e em Togavlrus Sim Vírus da rubéola; vírus da
outros animais encefahe
equina
podem se reproduzir dentro das células hospedei-
(as. Náuitas variações no esquema básico de V. ssRNA, atua como molde para síntese de RNAm
infecção e repro- Filovírus Sim
Oução virais estão presentes entre os vírus de Vírus ebola (febre hemorrágica)
animais. Uma
variável fundamental é a natureza do genoma viral (DNA Ortomixovírus Sim Vírus influenza (ver figura 193c
ou RNA, de dupla-fita ou fita simples), que é a base para a e 19.9b)
Paramixovírus Sim Vírus do sarampo; vírusda canarói
classificação comum dos vírus apresentada na Tabela 19.1.
Rabdovírus Sim Vírus da rava
Os vírus de RNA de fita simples são ainda classificadosem
três classes (IV-VI) de acordo com o modo de funcionamen- Vl. ssRNA-molde para a síntese de DNA
to de seu genoma de RNA na célula hospedeira. Retrovírus Sim HIV, vírus da imunodeficiênciahu-
mana (Aids); vírus de tumoresde
Poucos bacteriófagos possuem envelope ou genoma RNA (leucemia)
de RNA, mas muitos vírus de animais contém ambos. De
fato, quase todos os vírus de animais com genoma de RNA
possuem envelope, assim como alguns com genoma de
DNA (ver Tabela 19.1).Em vez de considerarmos todos os adicionam os açúcares. As glicoproteínas viraisresultantes
mecanismos de infecção e reprodução virais,nos detere- embebidas na membrana derivada da célula hospedeira,sio
mos no papel dos envelopes virais e no funcionamentodo transportadas para a superficie celuláóEm umproceso
RNA como material genético de muitos vírus de animais. semelhante à exocitose, novos capsídeos viraisbrotamda
célula. Em outras palavras, o envelope viral é
membrana plasmática da célula hospedeira, emboratodas
Envelopes virais ou grande_parte das moléculas dessa membranasejam T
Um vírus de animal que _possuienvelope, isto é, membrana dificadas pelos genes virais. Os vírus envelopadosagora &
externa, usa essa membrana para entrar na célula hospedei- tão livres para infectar outras célula-sl%se cicloreprodútiw
ra, Glicoproteínas virais projetam-se da superfície externa não mata necessariamente a célula hospedeira,diferentedo
desse envelope e se ligam às moléculas de receptores espe- que ocorre no ciclo lítico dos fagos.
cíficos da superfície da célula hospedeira.A Figura 19.7 Alguns vírus possuem envelopes
resume os eventos do ciclo reprodutivo de vírus envelopado fi-
membrana plasmática. Os herpesvírus,_porexemplo,
com genoma de RNA. Os ribossomos, associados ao retí- cam temporariamente escondidos na membranaderiw&
culo endoplasmático (RE) das células hospedeiras, produ- do envelope nuclear do hospedeiro, depois descartames•q
zem as proteínas que fazem parte das glicoproteínas do en- membrana no citoplasma e adquirem novo envelope OU•
velope. As enzimas celulares do RE e do aparelho de Golgi tituído pela membrana de Golgi.Esses ving
do aparelho
BIOLOGIA DE CAMPBELL 399

O As glicoproteínas do envelope viral se


ligam às moléculas receptoras especificas
cap5ideo
(não apresentadas) da célula hospedeira,
promovendo a entrada do vírus na célula.
RNA @ O capsideo e o genoma vira!
entram na célula. A digestao do
capsldeo pot enzimas celulares
Envelope
glicoproteinas)
libera o genoma viral.
.com
CÉLULA O O genoma viral (em
HOSPEDEIRA
vermelho) atua como molde
para sintesede fitas de RNA
Genoma viral complementar (em alaranjado)
(RNA) pela enzima viral.
Molde 1

RNAm
O Novas cópias do genoma
de RNA viral sào produzidas
de RNA
AS fitastambém proteínas do usando as fitas de RNA
complementar o qual é Glicopro-
o capsídeo Cópia do
complementar como molde.
como
RNAm,
do teínas 00 000 genoma (RNA)
atuam nas proteínasnas 00
traduzido(no citosol) e
capsídeo

vesículas transportam
AS do envelope a O Cada novo vírus brota
asglicoproteínas plasmática. da célula e seu envelope
membrana
paraa é cravejado com as
A montagem do glicoproteínas virais
capsideoocorre ao redor embebidas na membrana
de cada genoma viral. derivada da célula hospedeira.
de RNA envelo- os vírus de RNA envelopados, a formação do novo envelope para
19.7 Ciclo replicativo de um vírus
Figura representadoum vírus com genoma de RNA de fita a progénie viral ocorre pelo mecanismo representado nesta figura.
Aqui,está
moldepara a síntese de RNAm. Alguns vírus en-
quesoe de célula hospedeira por fusão do envelope com Diga o nome de um virus que o tenha infectado e que tenha um
entramna
flopad05 endocitose. Em todos ciclo reprodutivo semelhante a esse. (Dica: ver Tabela 19.1.)
plasmática,outros entram por
membrana

dupla-fita e se reprodu- usam um genoma de RNA como molde para a transcrição


possuem umgenoma de IDNAde
hospedeiras, usando uma com- do RNAm requerem a síntese de RNA —+RNA. Esses ví-
nonúcleodas céla!as
c:: -lares e virais para replicar e trans- rus usam uma enzima viral capaz de realizar esse processo.
binaçãode enzimas
seu DNA. No dos herpesvírus, cópias do DNA Não há esse tipo de enzima na maioria das células. A enzi-
crever
como minicromossomos no_nú- ma usada nesse processo é empacotada durante a monta-
liral podem perman•
deo dédetefminadc
- glas nervosas. Ali eles_permane- gem com o genoma dentro do capsídeo viral.
cemlatentesaté que
tipo de estresse físico ou emo- Os vírus de RNAde animais com ciclo replicativos mais
v
cionalative um nove
de produção viral. A infecção de complicado são os retrovírus (classe VI)vEss-es-Yírus-pos-
outras células por ec rus causa as bolhas característi- suem uma enzima denominada transcriptase reversas_que
casdoherpes, como pes labial ou herpes genital. Uma transcreve um molde de RNA em DNA, estabelecendo_um
vezadquirida infecç herpesvírus, o indivíduo pode fluxo de informação RNA DNA, oposto à direçào nor-
recaídas :
apresentar por toda a vida. mal. Esse fenómeno pouco comum deu origem ao nome re-
trovírus (retro significa contrário). Clinicamente importante
RIAcomomaterial ç;Éfjético viral é inglês, human immunodeficiencyvírus (vírus
Embora
algunsfagose a maioria dos vírus de plantas sejam da imunodeficiência humanal), o retrovírus apresentado
vírusde
RNA,a maior variedade de genomas de RNA é en- na Figura 19.1, que causa a Aids (do inglês, acquired immu-
contrada
entreos vírus que infectam animais. Há três tipos no deficiencysyndrome [síndrome da imunodeficiência
degenomade RNAde fita simples encontrados nos vírus adquirida]). O HIV e outros retrovírus envelopa-
deanimais.
O genoma dos vírus de classe IV podem atuar dos que contém duas moléculas idênticas de RNA de fita
diretamente
como RNAm e serem traduzidos imediata- sihh@lese duas moléculas de transcriptase reversa.
mentenasproteínasvirais após a infecção. A Figura 19.7 A Figura 19.8 representa o ciclo replicativo típico
mostra
umvírusde classe V no qual o genomayirabser- dos retrovírus. Após entrarem uma célulaatranscriptase_
demoldepara a síntese
de RNAm. O RNA genómico reversa do HlV é liberada no citoplasma, o qual catalisa@
transcritoemfitas de RNA complementar, que atuam síntese do DNA viral. Em seguida, o DNA viral recém-sin-
tanto
comoRNAmquanto
tetizado entra no núcleo da célula e se integra ao DNA cro-
deRNAgenómico como molde para a síntese de
cópias
adicionais. Todos os vírus que mossômico. O DNA viral integrado, denominado provírusp
MINORSKY & JACKSON
400 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN,
tem mostrado que as sequências
tos genomas virais são muito
nunca deixa o genoma hospedeiro e reside perrnanente-
outro ticas de alguns vírus relação
similaresàquelas
mente na célula. (Lembre-se de que o prófago, por que parecem ter uma mais distante.Por
lado, deixa o genoma hospedeiro no início do ciclo lítico.) compartilham sequências
alguns vírus de animais sim
A RNA-polimerasedo hospedeiro transcreve o DNA pro- res aos vírus de plantas. Essa similaridade
genética
viral em moléculas de RNA que podem atuar tanto como refletir a persistência de
grupos de genes virais
RNAm para a síntese das proteínas virais quanto genoma no início da evolução dos favorecid
pela seleçâo natural
para os novos vírusque serão montados e liberados da cé- serviam como suas víruse
a células eucarióticas que hospedeirP$
lula. No Capítulo 43 descreveremos como o Hl V causa O debate acerca da origem dos vírus foi reativad'
deterioração do sistema imune que ocorre na Aids. recentemente em 2003, pela descrição
descobertos. Os
maiores vírus até hoje mimivírusããovi'rt
dupla-fita com capsídeo icosaédrico
Evolução dos vírus de DNA de
(O nome é derivado da commais
Começamos este capítulo questionando se de 400 nm de diâmetro,
microbe (micróbio),
os vírus estão vivos ou não. Realmente os vírus não se en- de mimicking (mimetizar) porque
0
uma pequena bactéria.) Seu
caixam em nossa definição de organismo vivo. Um vírus vírus é do tamanho de genoma
isolado é biologicamente inerte, incapaz de replicar seus contém 1,2 milhão de bases (cerca de 100vezesmaisque
genes ou regenerar o próprio suprimento de ATP. Ainda o genoma do vírus influenza) e um númeroestimado de
assim, possui um programa genético escrito na linguagem mil genes. Talvez o aspecto mais surpreendentedos
universal da vida. Os vírus são a mais complexa associação mivírus, entretanto, seja que alguns dos seus genescodifi
de moléculas ou aforma mais simples de vida da natureza? cam produtos antes classificados como
Seja qual for a resposta, devemos flexibilizar nossa defini- genomas celulares. Esses produtos incluem as proteínas
çâo comum. Embora os vírus não possam se replicar ou envolvidas na tradução, reparo do DNA, dobramento d?
realizar atividades metabólicas de maneira independente, proteínas e síntese de polissacarídeos. Ainda não estábem
o fato de usarem o código genético torna difícil negar stw definido se os mimivírus evoluíram antes das primeirascé
conexão evolutiva com o mundo vivo. lulas e então desenvolveram um relacionamentoexplora.
Como os vírus surgiram? Os vírus infectam todas as dor com elas, ou se evoluíram mais recentementeeapena;
formas de vida, não apenas bactérias, animais e plantas, selecionaram os genes de seus hospedeiros. Em2013,um
mas também arqueias, fungos, algas e outros protistas. Por vírus maior ainda foi descoberto e não podeserclassifi-
dependerem das outras células para sua própria propaga- cado com nenhum vírus conhecido. Esse vírus temI
çáo, parece provável que os vírus não sejam descendentes (1.000 nm) de diâmetro, com genoma de DNA dedupla:
de formas pré-celulares de vida, mas evoluíram após o apa- -fita (dsDNA) com cerca de 2 a 2,5 Mb, maior do queo
recimento das primeiras células, provavelmente múltiplas genoma de pequenos eucariotos. Além disso,maisde
vezes. Muitos biologistas moleculares acreditam na hipó- dos seus cerca de 2 mil genes não são relacionadoscomge-
tese de que os vírus se originaram de pedaços de ácidos nes celulares, o que serviu de inspiração para batizá-lo
de
nucleicos nus que se moveram de uma "pandoravírus'! A questão de como esse e todososoutros
talvez por algum dano na superfície da célula. A evolução vírus se encaixam na árvore da vida ainda é umaquestão
dos genes que codificam as proteínas do capsídeo pode ter intrigante e sem solução.
permitido a ligação dos vírus às membranas celulares, faci- O avanço no relacionamento evolutivo entre osvírus
litando a infecção de células não danificadas. e o genoma de suas células hospedeiras é uma associação
Os candidatos a fontes originais de genomas virais in- que torna os vírus sistemas experimentais muitoúteisna
cluem os plasmídeos e os transposons. Os plasmídeos são biologia molecular. O conhecimento acerca dos vírustany
pequenas moléculas de DNA circular encontrados em bac- bém tem muitas aplicações práticas, pois os vírustêmum
térias e em eucariotos unicelularesdenominados levedu- grande impacto em todos os organismos devido a suahabi-
ras. Os plasmídeos existem separados do genoma celular, lidade em causar doenças.
podem se replicar de maneira independente do genoma e
ocasionalmente são transferidos entre as células. Discuti-
remos os plasmídeos com mais detalhes nos Capítulos 20 REVISÃO DO CONCEITO 19,2e
e 27. Os transposons, segmentos de DNA que podem mo- 1. Compare o efeito de um fago lítico (virulento)e deumfago
ver-se de um local para outro no genoma celular, serão de- lisogénico (temperado) na célula hospedeira.
talhados no Capítulo 21. Assim, os plasmídeos, transpo- 2.
sons e vírus compartilham uma característica importante: uma RNA-polimerase viral que atua na etapa 3 do cidore
são elementos genéticos móveis. plicativo. Compare-a com uma RNA-polimerasecelularem
A descrição de pedaços de DNA que passam de uma termos de molde e funções gerais (ver Figura 17.9).
célula a outra está de acordo com a observação de que o 3. Por que o HIV é denominado retrovírus?
genoma viral pode ter mais pontos em comum com o ge- 4. Se você fosse um pesquisador tentandocombate
noma de seu próprio hospedeiro do que com o genoma dos uma infecção por HIV, que processo molecularpoderia
vírus que infectam outros hospedeiros. Na verdade, alguns tar bloquear? (Ver Figura 19.8).
genes virais são essencialmente idênticos aos genes do hos- Apêndxe
pedeiro. Por outro lado, o recente sequenciamento de mui- Ver respostas sugeridas no
BIOLOGIA DE CAMPBELL 401

Glicoproteina Envelope viral

alicoproteínas Capsídeo
AS permitem
envelope RNA (duas fitas idênticas)
especifico s
tores de
presentado)
3
Transcriptase
reversa

00 vírus se fusiona com a membrana plasmática.


As proteínas do capsídeo são removidas, liberando
Membrana
o RNA e as proteínas virais.
leucócito
OA transcriptase reversa
catalisa a síntese de uma
fita de DNA complementar
CÉLULA ao RNA viral.
• HOSPEDEIRA
Transcriptase
reversa O A transcriptase
reversa catalisa
RNA viral a síntese de
uma segunda
fita de DNA
Híbrido complementar
RNA-DNA à primeira.

00 DNA de
DNA dupla-fita é
-lula incorporado como
entram
um provírus no
NÚCLEO DNA da célula
hospedeira.
DNA Provírus
cromossomal OS genes do
provirus são
transcritos em
Genoma de moléculas de RNA
RNA para a que atuam como
próxima genoma para a
geraçáo viral RNAm próxima geração
e como RNAm
para tradução em
proteínas virais.

O As proteínasvirais incluem
as proteínas do capsideo,
a transcriptase reversa
(produzida no citoplasma)
e as glicoproteinas do
envelope (produzidas no RE).

Os capsídeos são OAS vesículas transportam


unidos ao redor as glicoproteínas para a
lavoHIVdeixando
a célula dos genomas virais membrana plasmática das
@Novos vírus, com glicoproteínas e das moléculas de células.
do envelope viral, brotam da transcriptase reversa.
celula hospedeira.
figura19.8 Ciclo
Aids.Observe replicativo do HIV, o retrovírus que cau- Descreva o que se sabe a respeito da ligação
no passo O que o DNA sintetizado a partir do
Viral
deRNAestá integrado do HIVàs células do sistema imune (ver Figura 7.8). Como isso foi
gnosorno como um provírus ao DNA do descoberto?
da célulahospedeira,
Asfotografias uma característica exclusiva dos
à esquerda (MET coloridas artificialmente)
o HIVentrando
e deixando um leucócito humano.
& JACKSON
402 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY

sultado, interferem na síntese de acido nucleico


CONCEITO desses fármacos é o aciclovir, que impede a repli
19.3 herpesvírus inibindo a polimerase que sintetiza
azidotimidina (AZT) controla
Vírus, viroides e príons são patógenos ral. Igualmente, a a rep
do HIV interferindo na síntese
de DNA pela
formidáveis de animais e plantas tase reversa. Nas últimas duas décadas, muitos
As doenças causadas por infecções virais afligem o têm sido aplicados no desenvolvimento de medicamen
mano, a agricultura e a pecuária em todo o mundo. Outras contra o HIV. Atuaimente, tratamentos com
entidades menores e menos complexas conhecidas con10 medicamentos, algumas vezes denominados
tratamentos normalmente
viroides e príons também causam doenças em plantas e são mais eficazes. Esses inclu
animais, respectivamente. uma combinação de dois análogos denucleosfdeose
inibidor de protease que interferem com a necessidadeut
Doenças virais em animais
Uma infecção viral pode produzir sintomas por diferentes
rotas. Os vírus podem danificar ou matar as células cau- Vírus emergentes
sando a liberação de enzimas hidrolíticas dos lisossomos. Os vírus que surgem repentinamente ou são novospara
Células infectadas com alguns vírus produzem toxinas que cientistas médicos são, muitas vezes, chamadosdevios
causam os sintomas das doenças; alguns vírus possuem emergentes.O HI V, o vírus da Aids, é um exemploclássi{
componentes moleculares tóxicos, como as proteínas do Esse vírus apareceu em São Francisco, no início dadécada
envelope. A quantidade de dano que um vírus pode causar de 1980,sem origem determinada, embora maistarde
depende parcialmente da capacidade do tecido infectado de tros estudos tenham descoberto um caso no Congo
se regenerar por divisão celular. Normalmente, as pessoas ocorrido no início de 1959. O vírus letal Ebola,
se recuperam de um resfriado porque o epitélio do trato do inicialmente em 1976 na África Central, é um entrevá.
respiratório, infectado pelo vírus, consegue se recuperar de rios vírus emergentes que causa febre hemorrágica,síndrry
maneira eficiente. Por outro lado, o dano causado pelo po- me (série de sintomas) frequentemente fatal caracteri74
liovirus em neurónios maduros é permanente porque essas por febre, vómito, intenso sangramento e colapso do siste.
células não se dividem e normalmente não podem ser subs- ma circulatório. Vários outros vírus emergentesperigosos
tituídas. Muitos dos sintomas temporários associadoscom causam encefalite, inflamação do cérebro. Um exemploéo
infecções virais, como febre e dor, são resultantes dos esfor- vírus do Oeste do Nilo, que apareceu na AméricadoNorte
cos do próprio organismo em se defender contra a infecção pela primeira vez no final de 1999 e se disseminounos48
e não pela morte das células causada pelo vírus. estados contíguos dos Estados Unidos, resultandoemmais
O sistema imune é uma parte complexa e crucial das de 5 mil casos e 300 mortes em 2012.
rieíesas naturais do organismo (ver Capítulo 43). Ele tam- Em 2009, a disseminação descontrolada,ou epide-
a base para as principais estratégias clínicas na pre- mia, de uma doença semelhante à gripe surgiunoMéxico
v infecções virais, as vacinas. A vacina é uma va- e nos Estados Un_idos.O agente infeccioso foi rapidamente
VT.c1ensivaou derivada de um patógeno que estimula identificado como vírus influenza, relacionadoaossurtos
imune a montar uma defesa contra o patógeno sazonais de gripe (Figura 19.9a). Esse vírus foi denomina-
: Judicial. A varíola, doença viral que, antigamente, foi do HINI por razões que serão explicadas resumidamente
;AàStadoraem muitas partes do mundo, foi erradicada A doença espalhou-se rapidamente, levando à Organiza.
um. programa de vacinação desenvolvido pela Orga- çâo Mundial da Saúde a declarar uma epidemia global,ou
nizaçáo Mundial da Saúde. A restrição de hospedeiro do pandemia. Seis meses depois, a doença já haviaatingido
vírus da varíola (ele infecta apenas os seres humanos) foi 207 países, infectando mais de 600 mil pessoas e matando
fator fundamental para o sucesso do programa. Campa- quase 8 mil. Agências de saúde pública atuaramrapida-
nhas de vacinação mundiais similares estão em curso para mente, orientando o fechamento de escolas e outroslocais
erradicar a pólio e o sarampo. Vacinas eficazes também públicos, acelerando os esforços para o desenvolvimento
estão disponíveis para proteger contra rubéola, caxumba, de vacinas e métodos de detecção (Figura 19.9b).
hepatite B e várias outras doenças virais. Como que esses vírus surgem na populaçãohumana,
Embora as vacinas possam prevenir algumas doenças dando origem a doenças nocivas previamente rarasouaté
virais, a tecnologia na medicina, no momento, não pode mesmo desconhecidas? Trés processos contribuerwparag
fazer muito para curar a maioria das infecções virais quan- emergência de doenças virais. O primeiro, e talvezo mais
do elas acontecem. Os antibióticos que auxiliam na recu- importante, é a mutação nos vírus existentes. Os vírus_dc_
peraçào das infecções bacterianas são ineficazes contra os RNA_tendema apresentar altas taxas de
vírus. Os antibióticos matam as bactérias inibindo enzimas erros na replicação de seu genoma de RNA não corrigidos
específicas das bactérias, mas não possuem efeito nas en- pela verificação deerros. Algumas mutações transformam
zimas codificadas por células eucarióticas ou vírus. En- os vírus existentes em novas variedades genéticas(cepas)
tretanto, poucas enzimas codificadas pelos vírus tém sido que podem causar doenças, mesmo em indivíduosimu-
usadas como alvo para outros fármacos. A maioria dos fár- nes ao vírus ancestral. Por exemplo, as epidemiasdegripe
macos antivirais assemelha:se a nucleosídeos e, como re- sazonais são causadas por novas cepas do vírus influenza,
BIOLOGIA DE CAMPBELL 403

denominadas HINI, O nome


identifica as formas das duas
proteínas presentes na superfície viral:
e neuraminidase (N), Há hemagIutínínaffO
16 tipos diferentes dc hemagrutí•
nina, uma proteína que auxilia o vírus
da gripe a atacar a
célula hospedeirae nove tipos dc ncuraminidase,Amaen-
zima que auxilia a liberação das novas partículas virais da
eruR célula infectada. As aves aquáticas têm vírus com todas as
combinações possíveis de He W.
Um cenário provável para a pandemia de 1918 e outras
pandemias é que elas iniciam quando o vírus sofre mutação
ao passar de uma espécie para outra. Quando um animal,
como um porco ou um pássaro,é infectado com mais de
HINI de (b) Investigação da pandemia de uma cepa do vírus da gripe, as diferentes cepas podem so-
influenza 2009. No aeroportoda Coreia frer recombinaçãogenética caso as moléculas de RNA de
2009.
ndemiade podem do Sul, sensores térmicos foram
p3 (em azuis) usados para detectar passageiros seu genoma se misturem e se unam durante a montagem do
em uma com febre, os quais poderiam
observados
ser verde) vírus. Provavelmente,os porcos foram os principais hospe-
estar infectados com o vírus HINI
deiros para a recombinação que levou à formação do vírus
nesta
Influenza no ser humano. da gripe de 2009, o qual, por sua vez, continha sequências
Figura19.9 dos vírus de pássaros, porcos e seres humanos. Juntamente
com a mutação, esses rearranjos podem levar ao surgimen-
geneticamentedas cepas anteriores o suficiente
diferentes
to de uma cepa viral capaz de infectar células humanas. Se-
apresentem pouca imunidade contra res humanos nunca expostos a essa determinada cepa não
queas pessoas
para desse processo no Exercício de
Vocéveráum exemplo terão imunidade,e o vírus recombinante torna-se poten-
eles. Científicas, em que irá analisar as alterações cialmente patogénico.Se esse vírus da gripe recombinar-
Habilidades
nasvariantesdo vírus influenza HINI de 2009 e
genéticas
-se com os vírus que circulam amplamente entre os seres
coma disseminação da doença.
correlacionar humanos, ele pode adquirir a capacidade de se disseminar
pode levar à emergência
Umsegundoprocesso que facilmentede pessoa para pessoa, aumentando o potencial
viral é a disseminação de uma doença viral de uma importante epidemia humana.
deumadoença isolada.
população Por exemplo, a Aids Uma potencial ameaça a longo prazo é a gripe aviária,
deumapequena
permaneceudesconhecida e não detectada por décadas causada pelo vírus H5N1, que infecta aves domésticas e sel-
a se espalhar pelo mundo. Nesse caso, fatores
atécomeçar vagens.A primeira transmissãodocumentada de aves para
e sociais, incluindo o baixo custo das viagens
kecnológicos a espécie humana ocorreu em Hong Kong em 1997. Des-
trancvlsões sanguíneas, promiscuidade se-
internacionais, de então, a taxa de mortalidade devido ao H5N1 tem sido
wale abuso de drc
intravenosas, permitiram que uma acima de 50%dos indivíduos infectados, um número alar-
humana ar-
doença ara se tornasse um problema global. mante. Igualmente,a variedade de hospedeiros do H5N1
Umaterceira de novas doenças virais no ser.bu- vem crescendo, proporcionando maior oportunidade para
manoé sua dissen Áoa partir dos vírus existentes nos que as diferentes cepas do vírus recombinem seu material
animais.Os cientis timam que cerca de três quartos das genético e promovam o surgimento de novas cepas. Se o ví-
doenças hut s se originam dessa maneira. Ani- rus da gripe aviária H5N1 evoluir aponto de se disseminar
maisque portam e smitem determinado vírus, sem se- facilmente de pessoa para pessoa, poderá representar uma
remafetadospor e! como reservatórios naturais. Por ameaçaglobal semelhante à pandemia de 1918.
aemplo,
o HINI qu - Alisoua pandemia dg gripe_em 2009. Com que facilidade isso pode ocorrer? Há pouco tem-
supramencionada, passou para a espécie hu- po, cientistas trabalhando com furões (pequenos mamife-
mana
a partirdos porcos. Por essa razão, a doença causada ros usados como modelos animais para a gripe humana)
poressevírusfoi origlnalmente denominada de "gripe suína'! observaram que poucas mutações no vírus da gripe aviária
Asepidemias de gripe fornecem um exemplo educa- seriam suficientespara permitir a infecção de células hu-
tilodosefeitosdo movimento dos vírus entre as espécies. manas da cavidade nasal e da traqueia. Além disso, quando
Hztréstiposde vírus influenza: tipo B e os cientistas transferiram as amostras nasais de um furão
tipo C que infec-
tam somenteo ser humano e nunca causaram epidemias, para outro, o vírus tornava-se transmissível pelo ar. Essa
a tipoAqueinfecta muitos animais,
incluindo pássaros, descoberta surpreendente foi divulgada em uma conferên-
Porcos,
cavalose seres humanos. As cepas de influenza A cia científica em 2011, iniciando um debate acirrado a res-
causaramas quatromaiores epidemias de
gripe no ser hu- peito da publicação ou não desses resultados. Recentemen-
mano nosúltimoscem anos. A
de"gripe pior delas foi a pandemia te, a comunidade científica e vários grupos governamentais
espanhola"(epidemia global) que matou, entre identificaram os potenciais benefícios da compreensão da
1918e1919,40 a 50 milhões
soldados
da
de pessoas, incluindo muitos prevenção das pandemias, que superam os riscos do uso
Primeira Guerra
Mundial. da informação para propósitos prejudiciais, e o estudo foi
Diferentes
cepasde influenza A têm recebido nomes
padrão:
porexemplo, publicado em 2012,
ea quecausou as cepas que causaram a gripe de
1918
a pandemia de gripe em 2009 foram novos. Eles são vírus já existentes que se mutaram€dis-
404 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN. MINORSKY & JACKSON

EXERCíClO DE HABILIDADES CIENTíFlCAS


Análise da árvore filogenética com base na sequência para
entender a evolução viral
Como um dado de sequência pode ser usado para ras- do gene da hemagluti-
trear a evolução do vírus da gripe durante as ondas de nina (HA) de diferentes
pandemias? Em 2009. o vírus influenza A HINI causou uma cepas virais e, conforme
pandemia e continuou ressurgindoem surtos por todo o mundo. as mutaçóes ocorreram,
Os pesquisadores em Taiwan se perguntaram como o vírus conti- organizaram os isolados A Vacinação para a gripe
nuava surgindo apesar das Iniciativas de vacinação em massa. Eles em uma árvore filogené- HINI
sugeriram que novas cepas vanantes que evoluíramdo vírus HINI tica (ver na Figura 26.5
eram capazes de escapar das defesas do sistema imune humano. como se lê uma árvore filogenética).
Para testar essa hipótese, eles precisavam determinar se cada
Dados do experimento A figura superiorà esquerda
onda de suno da gripe era causada por uma cepa variante HINI mostra
diferente. uma árvore filogenética. Nas extremidades de cada ramo está
uma variante do vírus HINI com uma sequência de HA especifica
Como o experimento foi conduzido Os cientistas
obtiveram A árvore é uma forma de visualizar a hipótese sugerida a cercado
as sequências genómrcas de 4.703 vírus Isolados coletados de pa- relacionamento evolutivo entre as variantes do H INI.
cientes com gripe HINI em Taiwan. Eles compararam as sequências
Interprete os dados
1. A árvore filogenética mostrao relacionamento
164/2010}Grupo 3 evolutivo sugerido entre as variantes das ce-
pas do Hl NI. Quanto mais relacionadasduas
1338'2009
AãarwarVT072U200P variantes se encontram, mais semelhantessáo
AfTarwarUT182V2009 suas sequências génicas HA Cada forquilha
A'Tarwaw937Q009 de um ramo, denominada nó, mostraondeas
AITarwarv'T 13 39F2009
A.'Ta,warV940'2009
Grupo 7 duas linhagens divergiram devido às diferentes
AffatwarV741&Q009 mutações acumuladas. O comprimentodos
ramos é a medida do número de diferençasnas
AITarwarv'd909Q009
Afla,warV8542f2009 sequências entre as variantes, indicando a dtstàn-
Cia do relacionamento evolutivo entre elas. Com
Grupo 9
relaçào a essa árvore filogenética: as variantes
A'TawaN2826Q009
mais relacionadas são: AJTaiwan101&Q011e
A,'Taiwan/552/2011ou Maiwan1018QOll e
78732009 Aflaiwan/8542f2009? Explique sua resposta.
17082009
Grupo 8 2. Os cientistas organizaram os ramosem grupos
constituídos por uma variante ancestrale todos
Affa,warv'527CV2010 seus descendentes, variantes mutadas. Elesestáo
Grupo 8-
A'TawarV3994'2010 com código de cores na figura. Usando o grupo
A'Tar.•.rorV264Y2011
Grupo 10 1 1 como exemplo, identifique as linhagens de
A/Tarv.arV4SOW201 suas variantes. (a) Todos os nós têm o mesmonú-
mero de ramos ou de extremidades? (b) Todosos
A'Tarwar-v'461
ramos de um mesmo grupo têmo mesmocom-
A'Tarwarü550óQ011 Grupo 11 primento? (c) O que esses resultadosindicam?
A'TarwarV2883/20' 1
3. O gráfico abaixo à esquerda mostra,no eixoy,
A/TarwaNB4U2010 o número de isolados coletados (cada umde
AfTawarü3697/2011 um paciente doente) e no eixo x, o mêse ano
de coleta. Cada grupamento de varianteestá
representado separadamente com uma linhade
Onda 1 Onda 2 Intervalo Onda 3 cores de acordo com o diagrama da árvore. (a) Qual grupode
800
variante causou a primeira onda de gripe HINI em mas de
700 Key 100 pacientes em Taiwan? (b) Quando um grupo de variante
600 Grupos 1,3, 6 atingiu o maior número de infecções,os membrosdessema•
g 500 Grupo 7 mo grupo posteriormente causaram outra onda de infecçào?
Grupo 8 (c) Uma variante do grupo 1 (emNerde, a mais superiorna
Grupo 8-1 árvore) foi usada para produzir a vacina que foi distribuida
b 300 Grupo 9 logo no início da pandemia. Com base nos dados do gráfico,
200 Grupo IO
Grupo 11
a vacina foi eficaz?
100 4. Os grupos 9,10 e 11 têm variantes HINI que causaramum
MJJASONDJFMAMJJASONDJFMA grande número de infecções ao mesmo tempo em Taiwan.Isso
2010 2011 significa que a hipótese dos cientistas, de que novasvariantes
2009
causam novas ondas de infecçào. estava incorreta?Exphque
sua resposta.
A Os cientistasrepresentaramno gráfico o númerode isolados
conforme o mês e o ano de cada isolado da colegão para mostrar Dados de J. R. Yang et al., New variants and age shift to high fatality
o período no qual cada variante viral está causando a doença ativa groups contribute to severe successive waves in the 2009 influenza
nas pessoas. pandemic in Tawan. Pios ONE 6(11): e28288 (2011).
BIOLOGIA DE CAMPBELL 405

nas espécies Ilospedeiras Viroides e príons: os agentes infecciosos mais simples


lharam para novas esp cies. Antera-
Por menores e simples que os vírus pareçam, tornam-se
os ospe eiros ou no ambiente
ocomportamento grandes quando comparados a outra classe de patógenos:
os viroides. Viroides são moléculas de RNA circulares, com
exemplo poucas centéiiákQlenucleotídeos de comprimento, que _in-
a disseminação dos vírus entre
Fodempermitir
previamente isoladas. Igualmente, a
fectam plantas. Os viroides não codificam proteínas, mas
00 ' •.eshumanas podem se replicar nas células vegetais hospedeiras, apa-
para expandir áreas de plantações
dasflorestas em contato com outros animais rentemente usando as enzimas da célula hospedeira. Essas
colocaras pessoas pequenas moléculas de RNA parecem causar erros nos sis-
de infectar o ser humano.
Y' de vírus capazes temas de regulação que controlam o crescimento das plan-
tas, e os sinais típicos das doenças virotdes são desenvolvi-
virais em plantas
Doenças
mento anormal e interrupção do crescimento. Uma doença
mais de 2.000 ti os de doenças virais de causada por viroide denominada cadang-cadang já matou
conhecidos mais de 10 milhões de coqueiros nas Filipinas.
onsáveispor uma perda anual de 15 bilhões
dehortaliçasgplantaçóes, Uma lição importante dos viroides é queuma única
comuns das infecções virais incluem molécula pode ser o agente infeccioso a disseminar uma
características doença. No entanto, os viroides são ácidos nucleicos,
ou pontos pretos nas folhas e frutas (como
déCOIoraçâo abaixo), interrupção do crescimento cuja habilidadede se replicar é bem conhecida. Ainda
da figura
naabóbora mais surpreendentes são as evidências da existência de
raízes, diminuindo a produção e a qua-
nasflorese
?danos proteínas infecciosas,denominadaspríons, que pare-
lavouras.
lidadedas possuem a mesma estrutura básica cem causar inúmerasdoenças cerebrais degenerativas
Os\írusde plantas em varias espécies animais. Essas doençasinCluem a
que os vírus de animais. A maioria
enododereprodução serapie em ovinos (um tipo de encefalopatia espongifor-
deplantas descobertos até hoje, incluindo o ví-
dosvirus me transmissível);a doença da vaca louca, que flagelou a
tabaco (TMV), possui genoma de RNA.
ré omosaicodo indústria de carne europeia há poucos anos; e a doença
podemter um capsídeo helicoidal, como o TMV, ou
Eles de Creutzfeldt-Jakob no ser humano, que causou
icosaédrico(ver Figura 19.3).
apsideo de 150 pessoas na Grã Bretanha. É provável que os príons
Asdoençasvirais de plantas disseminam-se por duas se•am transmitidos nos alimentos, como ode ocorrer
rotas.Na primeira rota, denominada traus=
prinapa1S
uma planta é infectadapor uma fon,
lorizontal, quando as pessoas se alimentam de carne de gado com
missio wca•lOUa-Cóiítéihdopríons. O kuru, outra doença cau-
tééítéñd"írus. O vírus invasor tem de passar pela
sada por príons, foi identificada no início da década de
amaaprotetorade células da planta (a epiderme); por 1990 entre os nativos de South Fore da Nova Guiné. Uma
A),umaplantatorna-se mais suscetível às infecções vi-
estiverdanifica& por vento, lesão ou herbívoros. epidemia de kuru ocorreu na década de 1960, desafiando
raisse
princip mente os insetos, podem atuar os cientistas, que inicialmente acreditavam que a doença
Osherbívoros,
carreadores dos
como -as, transmitindo a doença de possuía um componente genético. Entretanto, com o
phntapara planta. ultores e jardineiros podem tempo, as investigações antropológicas revelaram como
transmitir
os vírus de as inadvertidamente nas te- a doença se disseminava: rituais canibalistas, prática co-
souras
de poda e out: -strumentos.A outra rota de mum entre os nativos de South Fore naquela época.
infecção
Viralé a traz Jâo vertical, na qual a planta Duas características dos príons sáo_parti-
hádñihfecçáovirai •)anta parental. A transmissão cularmente alarmantes. Primeiro, os príons
Mical pode ocorrer -gopagação assexuada (p. ex., atuam silenciosamente, com um período de
enxertos)
ou por '0 sexuada por meio de se- incubação de pelo menos dez anos antesdo
mentes
infectadas. desenvolvimento dos sintomas. O extenso
Umavezdentro da célula vegetal e iniciada período de incubaçãoimpede a identificação
sua
repl!caçáo,
o_genomaviral e proteínas associa- das fontes de infecções, a qual ocorre muito de-
das_podem
se espalhar pela plantapor meio dos pois do aparecimento dos primeiros casos. Segun-
plasmodesmos,
as conexões citoplasmáticas que do, os príons são praticamente indestrutíveis. Não
p€netram
nasparedesentre as células vegetais são destruídos nem desativados_peloaqueci-
aJacentes
ver Figura 36.18). A passagem de mento em temperaturas normais de cozimen-
macromoléculasvirais de célula para célu- to. Até hoje, não há cura conhecida para as
liéfacilitada
por proteínas codificadas no doenças causadas por príons e a única espe-
genomaviralque causam um rança para o desenvolvimento de tratamentos
aumento dos
plasmodesmos. Os cientistas ainda não des- eficazes reside no entendimento do processo
cobriram
a cura para a de infecção.
sadores maioria dos vírus cau-
dedoençasem Como uma proteína que (fio-pode-repli=
temente, plantas. Consequen-
seus car-se pode tornar-se um patógeno transmis-
naredução esforços têm sido concentrados
da transmissão sível? De acordo com o modelo atual, um príon
ftuzarnento dessas doenças e no
de variedades
resistentes. é uma forma maldobrada de uma proteína_pre-
406 REECE, URRY, c AIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON

Figura 19.10 Modelo da


dos príons. Os príons propagação
são versões maldobra- Prion Prion
das de proteínas cerebrais original
normais. Quando
um príon faz contato com
uma versão nor-
malmente dobrada de uma mesma
ele pode induzir a proteína
proteína,
normal a assumir a Agregados
forma anormal. A reaçào em
cadela resultan- de príons
te pode continuar até que altos Novo
níveis desses
príons se agreguem causando príon
disfunção celu- Proteína
lar e, por fim, degeneração normal
cerebral.

sente nas células cerebrais. Quando um Há muitas questões notáveis acerca desses pequenos
príon atinge uma
célula contendo a forma normal da proteína, ele de algu- tes infecciosos. agen.
ma maneira converte as moléculas de proteína
normais na
versão maldobrada do príon. Vários príons
então se agre- REVISÃO DO CONCEITO 19.3
gam em um complexo capaz de converter
outras proteínas
normais em príons que se ligam à cadeia (Figura 19.10).
1. Descreva as duas maneiras que os vírus
A agregação dos príons interfere
com a função celular nor- tornar-se vírus emergentes.
mal e causa os sintomas da doença. Esse
modelo foi rece- 2. Compare a transmissão horizontal e vertical dos vírus
bido com ceticismo quando proposto por Stanley és
Prusiner plantas.
no início da década de 1980,mas atualmente é
amplamen- 3. O TMV tem sido isolado em quasetodos
te aceito. Prusiner recebeu o Prémio Nobel em
1997por dutos comerciais do tabaco. Por que então a infecção
com os príons. Recentemente ele propôs que TMV não é um perigo adicional aos fumantes?
também estão envolvidosem doenças neuro-
--viativas como a doença de Alzheimer e Parkinson. Ver respostas sugeridas no Apênúe
A

Revisão do capítulo

RESUMO Dos CONCEITOS-CHAVE O fago se liga a urnacélula


hospedeira e yryet.aseu DRA
DNA do fago

CONCEITO
19. I prófago
Cromossomo
bactenano
O vírus consiste em um ácido nucleico circundado por
uma capa proteica (p. 393-395)
Ciclo lítico Ciclo lisogénico
Os pesquisadores descobriram os vírus no final do século XVIII • Fago virulento ou temperado • Somentefago temperado
estudando uma doença de plantas: a doença do mosaico do tabaco. • Destruaçàodo DNA do hospedeiro • O genoma se Integra no cru•rmm
• Produçao de novos fagos
• Os vírus sáo um pequeno genoma de ácido nucleico circundado bacteriano como prófago o qu
• A Ilse da célula hospedeira causa
(1 ) é replicado e passadoàs
por um capsídeo proteico e algumas vezes com um envelope viral a liberaçôoda progêruedo tago (2) pode ser Induzido a deu o
cromossomo e intoaro ocb ata
membranoso. O genoma pode ser de DNA ou RNA de fita simples
ou dupla.
ma de RNA em DNA, o qual pode se integrar no genoma dohospe
Os vírus considerados organismos VIVOSou não? Explique deiro como provírus
• Como os vírus podem se replicar somente dentro das células,p
vavelmente eles evoluíram após o aparecimento da primeira
CONCEITO 19.2 talvez como fragmentos de acido nucleico celular empacotado,

Os vírus somente se reproduzem nas células Descreva as enzimas que não são encontradas na maioria
Ias, mas que são necessárias à replicação de determinadosopos
hospedeiras (p. 395-400)
• Os vírus usam enzimas, ribossomos e pequenas moléculas da cé-
lula hospedeira para sintetizar sua progénie viral durante a repli- CONCEITO
19.3
cação. Cada tipo de vírus possui vários hospedeiros específicos. de
Vírus, viroides e príons são patógenos formidáveis
• Os fagos (vírus que infectam bactérias) podem se replicar por dois
mecanismos alternativos: o ciclo lítico e o ciclo lisogénico. animais e plantas (402-406)
• Muitos vírus de animais possuem envelope. Os retrovírus (como o • Os sintomas das doenças virais podem ser causadospelo
HIV) usam a enzima transcriptase reversa para copiar seu geno- ral direto às células ou pela resposta imune do próprio

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