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Vírus
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vírus (do latim virus, "veneno" ou "toxina") são
pequenos agentes infecciosos, a maioria com 20-300 Vírus
nm de diâmetro, apesar de existirem vírus ɡiɡantes de
(0,6–1,5 µm), que apresentam genoma constituído de
uma ou várias moléculas de ácido nucleico (DNA ou
RNA), as quais possuem a forma de fita simples ou
dupla. Os ácidos nucleicos dos vírus geralmente
apresentam-se revestidos por um envoltório proteico
formado por uma ou várias proteínas, que pode ainda
ser revestido por um complexo envelope formado por
uma bicamada lipídica.[1][2]
Quase 200 mil tipos diferentes de vírus se espalham Vireae (Barkley 1949)
nos oceanos do mundo, de acordo com um estudo. A
contagem de 2019 é 12 vezes maior do que o censo anterior de vírus marinhos registrado em
2016.[6]
Existem, individualmente, cerca de dez nonilhões (10³¹) de vírus no planeta Terra, uma
quantidade cem milhões de vezes maior que o número de estrelas no universo observável.[7]
Etimologia
A palavra "vírus" vem do latim virus, que se refere a veneno, ou alguma substância nociva. Foi
usada pela primeira vez, em inglês, em 1392. O termo "virulento", do latim virulentus (venenoso),
data de 1400.[8][9] O termo "virion" também é usado para se referir a uma única partícula viral
infecciosa.[10]
Histórico
Em meados do século XIX, Louis Pasteur propôs a teoria
microbiana das doenças, na qual explicava que todas as doenças
eram causadas e propagadas por algum “tipo de vida diminuta”
que se multiplicava no organismo doente, se transmitia para outro
e o contaminava. Pasteur, no entanto, ao trabalhar com a raiva,
constatou que, embora a doença fosse contagiosa e transmitida
pela mordida de um animal raivoso, o micro-organismo não podia
ser observado. Pasteur concluiu que o agente infeccioso estava
presente mas era muito pequeno para ser observado através do
microscópio.[11]
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Em 1898, Friedrich Loeffler e Paul Frosch identificaram o primeiro agente filtrável de animais, o
vírus da febre aftosa (Aphtovirus). E em 1901, Walter Reed identificou o primeiro vírus humano, o
vírus da febre amarela (Flavivirus).[22] Em 1908, Vilhelm Ellerman e Olaf Bang demonstraram o
potencial oncogênico de um agente filtrável, descobrindo o vírus da leucose aviária.[23] E em 1911,
Peyton Rous transmitiu um tumor maligno de uma galinha para outra, descobrindo o vírus do
sarcoma de Rous, e demonstrando que o câncer poderia ser transmitido por um vírus.[24]
Em 1915, o bacteriologista Frederick William Twort ao tentar propagar o vírus da vaccínia num
meio de cultura bacteriana observou que as colônias morriam e que o agente dessa transformação
era infeccioso. Twort propôs várias explicações para o ocorrido, como uma ameba, um
protoplasma, um vírus ultramicroscópico ou uma enzima que afetava o crescimento.[25][26]
Independentemente, em 1917, o microbiologista Félix Hubert d'Herelle descobriu que colônias
bacterianas eram atacadas por um agente e imediatamente o reconheceu como sendo um vírus,
cunhando o termo bacteriófago. Ele utilizou os fagos para o tratamento de doenças bacterianas e
fundou diversos institutos de fagos em vários países.[25][19]
Inicialmente, o único meio para recuperar quantidades significativas de vírus era por meio de
infecção em animais suscetíveis.[27] Em 1913, Edna Steinhardt e colaboradores conseguiram fazer
crescer o vírus da vaccínia em fragmentos de córneas de cobaias.[28] Em 1928, H.B. Maitland e
M.C. Maitland cultivaram o vírus de vaccínia em suspensão de rins de galinhas moídos.[29] Em
1931, o patologista Ernest William Goodpasture cultivou o vírus da varíola aviária na membrana
corioalantóide de ovos de galinhas embrionados.[30] Em 1937, Max Theiler cultivou o vírus da
febre amarela em ovos de galinha e desenvolveu uma vacina a partir de uma estirpe do vírus
atenuado.[31] Em 1949, John Franklin Enders, Thomas Weller e Frederick Robbins cultivaram o
vírus da poliomielite em culturas de células embrionárias humanas, o primeiro vírus a ser
cultivado sem a utilização de tecido animal sólido ou ovos.[32] Este método permitiu a Jonas Salk
desenvolver uma vacina eficaz contra a poliomielite.[33]
As primeiras imagens de vírus foram obtidas após a invenção do microscópio eletrônico em 1931
pelos engenheiros Ernst Ruska e Max Knoll. Em 1935, o bioquímico e virologista Wendell Meredith
Stanley examinou o vírus do mosaico do tabaco e descobriu que o mesmo era constituído
principalmente por proteínas.[34] Em 1937, Frederick Bawden e Norman Pirie separaram o vírus
do mosaico em porções proteicas e de RNA.[35] O vírus do mosaico do tabaco foi o primeiro a ser
cristalizado e, por conseguinte, a sua estrutura pode ser analisada em detalhes. As primeiras
imagens de raios-X de difração do vírus cristalizado foram obtidas por Bernal e Fankuchen em
1941.[36] Com base nos seus quadros, Rosalind Franklin descobriu a estrutura completa do vírus
em 1955.[37] No mesmo ano, Heinz Fraenkel-Conrat e Robley Williams demonstraram que o RNA
do vírus do mosaico do tabaco e o seu revestimento de proteína purificada (capsídeo) podiam
montar-se por si só para formar vírus funcionais, sugerindo que este mecanismo simples foi,
provavelmente, o meio pelo qual os vírus foram replicados dentro das células hospedeiras.[1]
A segunda metade do século XX foi a idade de ouro da descoberta do vírus e foram reconhecidas
mais de 2 000 novas espécies de vírus de animais, plantas e bactérias.[38] Em 1957, descobriu-se o
arterivírus equino e o vírus da diarreia bovina (um pestivírus). Em 1963, Baruch Blumberg
descobriu o vírus da hepatite B, e em 1965, Howard Temin descreveu o primeiro retrovírus. A
transcriptase reversa, que é a enzima fundamental dos retrovírus, que utilizam para copiar o seu
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ARN para ADN, foi descrita em 1970, por Howard Martin Temin e David Baltimore, de forma
independente.[39] Em 1983, a equipe de Luc Montagnier do Instituto Pasteur, na França, isolou
pela primeira vez o retrovírus que hoje conhecemos por HIV.[40]
Taxonomia
Classificação taxonômica
Os vírus também são classificados dentro de grupos taxonômicos, assim como os seres vivos,
porém, seguindo uma regra particular de classificação. Vírus não são agrupados em domínio,
reino, filos ou classes. Desta maneira, a estrutura geral da taxonomia dos vírus é a seguinte:[5]
Ordem (-virales);
Família (-viridae);
Subfamília (-virinae);
Gênero (-virus);
Espécie.
A nomenclatura para ordens, famílias, subfamílias e gêneros é sempre precedida pelos sufixos
apresentados acima. Já a nomenclatura de espécies não possui um padrão universal. Cada ramo da
virologia (vegetal, animal, bacteriana) adota um padrão de nomenclatura específico. Espécies de
vírus de plantas normalmente apresentam nomes que fazem referência a planta hospedeira e a
característica do sintoma causado pela infecção (e.g. Vírus do mosaico do tabaco). Espécies de
vírus de bactérias (bacteriófagos) podem ser denominados como "fago" seguido de uma letra grega
(e.g. Fago λ) ou código alfanumérico (e.g. Fago T7). Vírus que infectam vertebrados podem receber
nomes em alusão à espécie hospedeira de origem (e.g. Papillomavírus Bovino), ao local de origem
do vírus (e.g. Vírus Ebola, do rio Ébola, no Congo), à doença causada pelo vírus (e.g. Vírus da
imunodeficiência humana - HIV).[41]
Classificação de Baltimore
O Sistema de Classificação de Baltimore, criado por David
Baltimore, é um modo de classificação que ordena os vírus em
sete grupos, com base na característica do genoma viral e na
forma como este é transcrito a mRNA. Neste sistema, os vírus
são agrupados como apresentado a seguir:[5]
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Vírus de DNA
No vírus de DNA, a replicação do genoma da maioria dos vírus de DNA ocorre no núcleo da célula.
Se a célula possui o receptor apropriado na superfície, esses vírus entram por fusão com a
membrana celular ou por endocitose. A maioria dos vírus de DNA é completamente dependente
das máquinas de síntese de DNA e RNA da célula hospedeira e de suas máquinas de
processamento de RNA. O genoma viral deve passar pelo envelope nuclear da célula para acessar
esse mecanismo.[42][43]
Vírus de RNA
Os vírus de RNA são únicos porque suas informações genéticas são codificadas em RNA; Isso
significa que eles usam ácido ribonucleico (RNA) como material genético ou que, no processo de
replicação, precisam de RNA. A replicação geralmente ocorre no citoplasma.[44] Os vírus de RNA
podem ser classificados em cerca de quatro grupos de acordo com seu modo de replicação. A
polaridade do RNA (se pode ou não ser usado diretamente para produzir proteínas) determina em
grande parte o mecanismo de replicação e se o material genético é de fita simples ou dupla. Os
vírus de RNA usam suas próprias replicasses de RNA para criar cópias de seu genoma.[45][46]
A origem
A origem dos vírus não é totalmente clara, e provavelmente, esta seja tão complexa quanto a
origem da vida. Porém, foram propostas algumas hipóteses.[1] Além disso, o material genético viral
ocasionalmente se integra à linha germinativa dos organismos hospedeiros, pela qual eles podem
ser passados verticalmente para os filhotes do hospedeiro por muitas gerações.[47] Isso fornece
uma fonte inestimável de informações para os paleovirologia rastrearem vírus antigos que existiam
há milhões de anos. Existem três hipóteses principais que visam explicar as origens dos vírus:[48]
Hipótese regressiva: Os vírus podem ter sido células pequenas que parasitaram células
maiores. Com o tempo, os genes não exigidos pelo parasitismo foram perdidos. As bactérias
rickettsia e clamídia são células vivas que, como os vírus, podem se reproduzir apenas dentro
das células hospedeiras.[49] Eles apoiam essa hipótese, pois sua dependência do parasitismo
provavelmente causou a perda de genes que lhes permitiram sobreviver fora de uma célula.
Isso também é chamado de 'hipótese da degeneração', ou 'hipótese de redução';[50]
Hipótese de origem celular: Alguns vírus podem ter evoluído a partir de pedaços de DNA ou
RNA que "escaparam" dos genes de um organismo maior. O DNA escapado pode ter vindo de
plasmídeos (pedaços de DNA nu que podem se mover entre células) ou transposons
(moléculas de DNA que se replicam e se movem para diferentes posições dentro dos genes
da célula).[51] Uma vez chamados de "genes saltadores", os transposons são exemplos de
elementos genéticos móveis e podem ser a origem de alguns vírus. Eles foram descobertos
no milho por Barbara McClintock em 1950.[52] Às vezes, isso é chamado de "hipótese da
vaga",ou "hipótese da fuga";[50]
Hipótese de co-evolução: Isso também é chamado de "hipótese do vírus primeiro"[50] e propõe
que os vírus podem ter evoluído a partir de moléculas complexas de proteínas e ácidos
nucleicos ao mesmo tempo em que as células apareceram pela primeira vez na Terra e que
seriam dependentes da vida celular por bilhões de anos. Os viróides são moléculas de RNA
que não são classificadas como vírus porque não possuem uma camada protéica. Eles têm
características comuns a vários vírus e são frequentemente chamados de agentes subvirais.
Os viróides são patógenos importantes das plantas. Eles não codificam proteínas, mas
interagem com a célula hospedeira e usam o mecanismo hospedeiro para sua replicação.[53]
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O vírus da hepatite delta em humanos possui um genoma de RNA semelhante aos viróides,
mas possui uma camada protéica derivada do vírus da hepatite B e não pode produzir um
deles. É, portanto, um vírus defeituoso. Embora o genoma do vírus da hepatite delta possa se
replicar independentemente uma vez dentro de uma célula hospedeira, ele requer a ajuda do
vírus da hepatite B para fornecer um revestimento protéico para que possa ser transmitido
para novas células.[49]
No passado, havia problemas com todas essas hipóteses: a hipótese regressiva não explicava por
que mesmo os menores parasitas celulares não se assemelham a vírus de forma alguma. A hipótese
de escape não explicou os capsídeos complexos e outras estruturas nas partículas virais. A hipótese
do primeiro vírus violou a definição de vírus, na medida em que requerem células hospedeiras.[50]
Os vírus agora são reconhecidos como antigos e como tendo origens anteriores à divergência da
vida nos três domínios. Essa descoberta levou os virologistas modernos a reconsiderar e reavaliar
essas três hipóteses clássicas.[54]
Genoma
Ao contrário das células, que apresentam genoma constituído Diversidade dos genomas virais
por DNA e RNA, os vírus possuem DNA ou RNA como
Propriedade Parâmetros
material genético, e todos os vírus possuem apenas um ou
outro no vírion. No entanto, existem vírus que possuem DNA
Ácido
ambos, porém, em estágio diferentes do ciclo reprodutivo.[55] nucleico RNA
As moléculas de ácido nucleico dos vírus podem ser fita DNA/RNA (ambos)
simples ou dupla, linear ou circular, e segmentada ou não. O
genoma dos vírus de RNA tem ainda a característica de Linear
Forma
possuir senso positivo (atua como mRNA funcional no Circular
interior das células infectadas) ou senso negativo (serve de Segmentada
molde para uma RNA-polimerase transcrevê-lo dando origem
Fita simples
a um mRNA funcional).[2] A quantidade de material genético
Fita dupla
viral é menor que a da maioria das células.[55] O peso Estrutura
Fita dupla com
molecular do genoma dos vírus de DNA varia de 1,5 × 106 a regiões fita
200 × 106 Da. Já o dos de RNA varia de 2 × 106 a 15 × 106 Da. simples
No genoma dos vírus estão contidas todas as informações
genéticas necessárias para programar as células hospedeiras, Senso positivo (+)
Sentido Senso negativo (−)
induzindo-as a sintetizar todas as macromoléculas essenciais
Ambisenso (+/−)
à replicação do vírus.[2]
Um genoma viral, independentemente do tipo de ácido nucleico, é quase sempre de fita simples ou
dupla. Os genomas de fita simples consistem em um ácido nucleico não emparelhado, análogo à
metade de uma escada dividida no meio. Os genomas de fita dupla consistem em dois ácidos
nucleicos emparelhados complementares, análogos a uma escada. As partículas virais de algumas
famílias de vírus, como as pertencentes aos Hepadnaviridae, contêm um genoma que é
parcialmente de fita dupla e parcialmente de fita simples.[56]
Mutação genética
Os vírus sofrem alterações genéticas por vários mecanismos. Isso inclui um processo chamado
desvio antigênico, em que bases individuais no DNA ou RNA se transformam em outras bases. A
maioria dessas mutações pontuais é "silenciosa" - elas não alteram a proteína que o gene codifica -
mas outras podem conferir vantagens evolutivas, como resistência a medicamentos
antivirais.[57][58]
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Estrutura
Dentre os vários grupos de vírus existentes, não existe um padrão
único de estrutura viral. A estrutura mais simples apresentada por A mudança antigênica, ou
um vírus consiste de uma molécula de ácido nucleico coberta por rearranjo, pode resultar em
cepas novas e altamente
muitas moléculas de proteínas idênticas. Os vírus mais complexos
patogênicas da gripe
podem conter várias moléculas de ácido nucleico assim como
humana
diversas proteínas associadas, envoltório proteico com formato
definido, além de complexo envelope externo com espículas. A
maioria dos vírus apresentam conformação helicoidal ou isométrica. Dentre os vírus isométricos, o
formato mais comum é o de simetria icosaédrica.[1]
Partícula
Os vírus são formados por um agregado de moléculas mantidas unidas por forças secundárias,
formando uma estrutura denominada partícula viral. Uma partícula viral completa é denominada
vírion. Este é constituído por diversos componentes estruturais (ver tabela abaixo para mais
detalhes):[1][2]
Morfologia
Abaixo estão listadas as estruturas de vírions mais comuns:
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Ciclo de replicação
Como já mencionado anteriormente, vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, pois
necessitam do ambiente intracelular de um organismo vivo para se reproduzir. Ao processo de
reprodução de um vírus dá-se o nome de replicação viral. O tempo de duração do ciclo de
replicação viral varia entre as diversas famílias de vírus, podendo levar poucas horas ou até
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dias.[65] Esta seção apresentará as etapas envolvidas num ciclo de replicação viral, focado
principalmente em vírus que infectam animais. De uma maneira geral, a replicação pode ser
dividida em 7 etapas:[4]
Visão geral de um ciclo de replicação viral hipotético: 1. Adsorção; 2. Entrada; 3. Desnudamento; 4. Transcrição e
tradução; 5. Replicação do genoma; 6. Montagem; e 7. Liberação.
Nos momentos iniciais da adsorção, a partícula viral interage com um ou poucos receptores,
caracterizando uma ligação reversível. Porém, à medida que mais receptores se associam ao vírion,
esta ligação passa a ser irreversível, possibilitando a posterior entrada do vírus na célula.[67] Os
receptores em geral são proteínas ou carboidratos presentes em glicoproteínas e glicolipídios.
Muitas das proteínas receptoras são imunoglobulinas, transportadores transmembrana e canais,
ou seja, são estruturas produzidas pelas células para executar funções comuns e essenciais ao bom
funcionamento celular. Muitas funcionam como receptores de quimiocinas e fatores de
crescimento, ou são responsáveis pelo contato e adesão célula a célula. Os vírus subvertem o papel
primordial destas moléculas, utilizando-as como meio para adentrar nas células hospedeiras.[4][5]
Entrada no citosol
Uma vez aderidos à membrana celular, os vírus devem introduzir seu material genético no interior
da célula, a fim de que este seja processado (transcrito, traduzido, replicado). Este processo
envolve a entrada (penetração) do vírion no citosol e posterior desmontagem do capsídeo para
liberação (desnudamento) do genoma viral.[65] Para alcançar o ambiente intracelular, cada vírus
utiliza um mecanismo particular. Entre os principais mecanismos (veja imagem abaixo), estão:
Endocitose: Após a adsorção, a partícula viral pode penetrar no citoplasma por meio de um
processo denominado endocitose mediada por receptores, pela formação de endossomos
(vesículas). Quando um vírus entra por endocitose, o seu vírion encontra-se envolto pela
membrana vesicular. Vírus envelopados liberam os nucleocapsídeos de dentro dos
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Endocitose e lise da Endocitose com injeção Endocitose seguida por Entrada por fusão de
membrana endossomal do genoma no citosol fusão de membranas membranas
Entrada por
translocação
Síntese de mRNA
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Como mencionado anteriormente, o Sistema de Classificação de Baltimore foi criado com base nos
diferentes mecanismos de transcrição que os vírus adotam para sintetizar mRNA a partir dos seus
variados tipos de material genético. Os vírus podem ter genoma constituído por dsDNA, ssDNA,
dsRNA, ssRNA, além de alguns serem capazes de realizar a transcrição reversa (ssRNA-RT e
dsDNA-RT).[4] Outra propriedade notável dos ácidos nucleicos virais é a polaridade (sentido, ou
senso) das fitas de DNA e RNA. Fitas senso positivo (+) apresentam sequência idêntica à do
mRNA, enquanto as senso negativo (-) apresentam sequência nucleotídica complementar. Diante
desta complexidade de características, as estratégias de transcrição do genoma viral são tão
variadas quanto os mecanismos de entrada, e podem envolver mais de uma etapa, as quais levam à
conversão da informação genética viral em mRNA.[5]
Grupo I (dsDNA): Vírus de DNA dupla fita apresentam ORFs em ambas as fitas de DNA, as
quais servem diretamente como moldes para a síntese de mRNA. Vírus do grupo I que
transcrevem o DNA no interior do núcleo utilizam RNA polimerase II celular para a síntese de
mRNA, já aqueles que executam este processo no citosol devem possuir sua própria RNA
polimerase DNA-dependente (RpDd) para produzir os transcritos.[4][62]
Grupo II (ssDNA): Vírus de DNA fita simples apresentam fita positiva ou negativa. Para a
síntese de mRNA, estes vírus produzem uma respectiva fita complementar ao seu genoma,
gerando uma dupla fita que serve como molde para a transcrição. Estes procedimentos
ocorrem no núcleo, com o auxílio de enzimas celulares (RpDd e DpDd (DNA polimerase DNA-
dependente)).[4]
Grupo III (dsRNA): Vírus de RNA dupla fita apresentam uma fita positiva e outra negativa. A
fita negativa é utilizada como molde para a síntese de mRNA, em processo que ocorre no
citosol, com auxílio de uma RNA polimerase RNA-dependente (RpRd).[4][68]
Grupo IV ((+)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso positivo apresentam genoma com
sequência idêntica à do mRNA, e podem ser utilizados prontamente para a síntese de
proteínas. No entanto, é usual a síntese de novas cópias positivas do genoma, mediante a
ação de uma RpRd, que produz uma fita negativa que serve como molde para a síntese de
novas fitas positivas (mRNAs).[4][5]
Grupo V ((-)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso negativo, por possuírem genoma com
sequência complementar ao mRNA, servem diretamente como molde para a produção de fitas
senso positivo. A maioria dos vírus (-)ssRNA (e.g. Rhabdovírus, Filovírus, Bunyavírus,
Arenavírus) normalmente procede a transcrição no citosol. Algumas exceções, como os
Orthomixovírus, transcrevem seu material genético no núcleo.[4][68]
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Grupo VI (ssRNA-RT): Vírus de RNA com transcrição reversa apresentam genoma de senso
positivo. Por meio de uma enzima denominada transcriptase reversa (uma DNA polimerase
RNA-dependente), os retrovírus produzem uma fita simples de DNA senso negativo que
posteriormente serve de molde à síntese de uma fita positiva de DNA. Ao final, este processo
gera uma fita dupla de DNA, que poderá ser integrada ao genoma do hospedeiro no núcleo, e
utilizada para a síntese de mRNA viral.[5][62]
Grupo VII (dsDNA-RT): Vírus de DNA com transcrição reversa (e.g. Hepadnavírus) são vírus
dsDNA que promovem a síntese de mRNA no núcleo, sob a ação da RNA polimerase II
celular. Neste grupo, a transcrição reversa não ocorre antes síntese de mRNA, como
observado nos retrovírus, mas sim posteriormente a replicação do genoma viral.[41][62]
Síntese de proteínas
As proteínas virais são sintetizadas pela maquinaria celular (ribossomos e tRNAs). O processo de
tradução ocorre no citosol, em ribossomos livres ou associados ao retículo endoplasmático.
Algumas das proteínas sintetizadas em ribossomos livres são transportadas para o núcleo.
Proteínas produzidas em ribossomos associados ao retículo são transportadas desta organela para
o complexo de Golgi, onde podem sofrer modificações pós-traducionais (glicosilação e
fosforilação). O destino final de muitas destas proteínas é a membrana celular, onde estas se
concentram em regiões específicas. Em estágios finais da infecção, estas farão parte do envelope de
partículas virais que sairão por brotamento nessas regiões.[5][41] Dentro do ciclo de replicação, os
primeiros produtos gênicos sintetizados são proteínas não estruturais, como proteínas de ligação
ao DNA e enzimas. Entre estas enzimas estão as polimerases e outras moléculas catalíticas, as
quais são componentes essenciais à replicação do genoma viral.[69] Já as proteínas estruturais, que
formarão as novas partículas virais, normalmente são sintetizadas tardiamente no ciclo de
infecção. As novas cópias de material genético sintetizadas são utilizadas para a síntese de mRNAs,
os quais codificarão proteínas estruturais que a partir de então serão produzidas em grandes
quantidades para compor os vírus em formação.[70] Os diferentes vírus de DNA e RNA possuem
mecanismos próprios de regulação da expressão gênica, os quais controlam a produção de
proteínas em momentos e quantidades apropriadas às necessidades virais.[71]
Montagem do vírion
A montagem corresponde ao processo de formação
das partículas virais infectivas (vírions). Neste estágio
do ciclo de infecção, as proteínas estruturais
sintetizadas em etapas anteriores se associam para
constituir o capsídeo. Capsídeos com formato
helicoidal são formados em torno da superfície da
molécula de ácido nucléico.[69] Já os capsídeos de
simetria icosaédrica são montados previamente e
depois preenchidos com o genoma viral, através de
um poro na estrutura pré-formada denominada pró-
capsídeo. O pró-capsídeo de alguns vírus pode sofrer
modificações que levam a formação do capsídeo
maduro.[5] O sítio de montagem dos capsídeos
depende do local de replicação viral na célula, e varia
entre as diversas famílias de vírus.[4] O procedimento
de montagem de vírus não envelopados se resume a
formação dos nucleocapsídeos, enquanto que para
vírus envelopados a montagem só se finaliza depois da
aquisição do envelope viral. A membrana lipídica do
envelope se origina a partir de estruturas celulares,
como: membrana plasmática (e.g. Paramyxovírus,
Orthomixovírus, Rhabdovírus) e compartimentos
membranosos intracelulares (complexo de Golgi,
Eventos finais da replicação viral:
retículo endoplasmático, núcleo).[65] Outro
1. Transporte do genoma (DNA ou RNA) para o
mecanismo de aquisição de envelope é a denominada sítio de processamento (núcleo ou citosol)
“síntese de novo” de membranas, no qual o envelope é 2. Transcrição (síntese de mRNA)
gradualmente construído em volta do nucleocapsídeo. 3. Síntese de proteínas não estruturais
Este processo pode ocorrer no núcleo (e.g. 4. Replicação do material genético
Baculovírus) ou no citoplasma (e.g. Poxvírus).[5] 5. Síntese de proteínas estruturais
6. Montagem dos nucleocapsídeos
7. Vesícula com glicoproteínas direcionadas ao
Liberação de novas partículas virais complexo de Golgi
8. Transporte das proteínas de envelope à
A liberação dos vírions do citosol pode se dar por lise membrana plasmática
celular ou brotamento. A liberação por lise celular é 9. Liberação de partículas virais por lise (vírus
mais comum aos vírus não envelopados, e ocorre não envelopados), ou por brotamento (vírus
quando a membrana plasmática da célula infectada se envelopados)
rompe, levando-a morte celular.[4] Porém, nem todo
processo de liberação viral causa danos a célula
hospedeira. O brotamento é um mecanismo de liberação que pode provocar pouco ou nenhum
prejuízo à célula.[41] Vírus que obtém envelope a partir da membrana plasmática saem da célula
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por meio de brotamento direto do nucleocapsídeo em contato com a face interna da membrana,
em regiões específicas, onde se localizam as glicoproteínas virais sintetizadas em momentos
prévios da infecção. Vírus com envelope originado de compartimentos intracelulares (organelas)
são liberados da célula por meio de vesículas que se fundem com a membrana plasmática. Após a
liberação, quando os vírions se encontram no meio extracelular, a maioria deles permanece inerte
até que outra célula hospedeira seja infectada, reiniciando o ciclo de replicação viral.[5]
Epidemiologia
A epidemiologia viral é o ramo da ciência médica que lida com a transmissão e o controle de
infecções por vírus em humanos. A transmissão de vírus pode ser vertical, o que significa de mãe
para filho, ou horizontal, o que significa de pessoa para pessoa.[77] Exemplos de transmissão
vertical incluem o vírus da hepatite B e o HIV, onde o bebê já nasceu infectado pelo vírus. Outro
exemplo, mais raro, é o vírus da varicela zoster, que, apesar de causar infecções relativamente leves
em crianças e adultos, pode ser fatal para o feto e o bebê recém-nascido.[78]
A epidemiologia é usada para quebrar a cadeia de infecção nas populações durante surtos de
doenças virais. São usadas medidas de controle baseadas no conhecimento de como o vírus é
transmitido. É importante encontrar a fonte ou fontes do surto e identificar o vírus.[81] Uma vez
identificado o vírus, às vezes a cadeia de transmissão pode ser interrompida pelas vacinas. Quando
as vacinas não estão disponíveis, o saneamento e a desinfecção podem ser eficazes.
Frequentemente, as pessoas infectadas são isoladas do resto da comunidade e as que foram
expostas ao vírus são colocadas em quarentena.[51]
Epidemias e pandemias
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O vírus de Marburg,
vista no microscópio
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Câncer
Os vírus são uma causa estabelecida de câncer em humanos
e outras espécies. O câncer viral ocorre apenas em uma
minoria de pessoas infectadas (ou animais). Os vírus do
câncer provêm de uma variedade de famílias de vírus,
incluindo vírus de RNA e DNA, e, portanto, não existe um
tipo único de "oncovírus" (um termo obsoleto originalmente
usado para retrovírus de transformação aguda). O
desenvolvimento do câncer é determinado por uma
O vírus da Hepatite B, vista no variedade de fatores, como imunidade ao hospedeiro[98] e
microscópio
mutações no hospedeiro.[99]
Quando as células são atacadas por vírus, o sistema de defesa do organismo parasitado passa a
produzir anticorpos específicos que combatem o vírus invasor. Isso ocorre porque os vírus são
formados por proteínas diferentes das do organismo parasitado. Estas proteínas são reconhecidas
como não próprias do organismo e são neutralizadas pelos anticorpos. Assim, caso o mesmo vírus
invada o organismo novamente, a memória imunológica desencadeará rapidamente uma resposta
imune específica contra o vírus, e a doença não se instalará.[67]
Vacina virais
As vacinas são soluções médicas eficazes para prevenir algumas infecções virais. Elas podem ser
produzidas a partir de vírus inativados ou atenuados, ou a partir de subunidades de proteínas
virais. Uma vez introduzidos num indivíduo, os componentes das vacinas são capazes de estimular
o organismo a produzir uma resposta imunológica humoral e/ou celular.[102] O indivíduo
desenvolve memória imunológica quando é exposto uma ou algumas vezes aos antígenos presentes
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Drogas antivirais
As drogas antivirais são substâncias utilizadas no tratamento
específico contra determinados vírus. Entre as principais
substâncias antivirais, estão: o aciclovir (contra o herpesvírus), a
ribavirina (contra o vírus da hepatite C), o oseltamivir (contra o
vírus da gripe), o ritonavir, o indinavir, a zidovudina, entre outras,
contra o vírus da AIDS (SIDA).[104] Diferentemente do que ocorre
nos casos de infecções bacterianas, os antibióticos não são úteis
contra infecções virais. O uso abusivo e inadequado de
antibióticos, como contra infecções virais, tem se tornado um Oseltamivir, um antiviral com
grave problema de saúde pública por ser uma das causas do ação seletiva contra
recorrente surgimento de bactérias resistentes a múltiplos Influenzavirus A e B
antibióticos.[105]
Vírus de planta
Existem muitos tipos de vírus de plantas, mas geralmente causam apenas uma perda de
rendimento, e não é economicamente viável tentar controlá-los. Os vírus das plantas são
frequentemente transmitidos de planta para planta por organismos, conhecidos como vetores.
Geralmente são insetos, mas alguns fungos, vermes de nematóides e organismos unicelulares têm
se mostrado vetores.[107][108]
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Quando o controle de infecções por vírus de plantas é considerado econômico, para frutos perenes,
por exemplo, os esforços estão concentrados na morte dos vetores e na remoção de hospedeiros
alternativos, como as ervas daninhas. Os vírus vegetais não podem infectar seres humanos e outros
animais porque eles podem se reproduzir apenas nas células vegetais vivas.[109][110]
Vírus de bactéria
Os bacteriófagos são um grupo comum e diversificado de vírus e são
a entidade biológica mais abundante em ambientes aquáticos - há até
dez vezes mais desses vírus nos oceanos do que as bactérias,[111]
atingindo níveis de 250 000 000 bacteriófagos por mililitro de água
do mar. Esses vírus infectam bactérias específicas ligando-se às
moléculas receptoras da superfície e entrando na célula.[112]
Vírus de animais
Os vírus são patógenos importantes do gado. Doenças como febre aftosa e febre catarral ovina são
causadas por vírus.[114] Animais de companhia, como gatos, cães e cavalos, se não forem
vacinados, são suscetíveis a infecções virais graves. O parvovírus canino é causado por um pequeno
vírus de DNA e as infecções geralmente são fatais em filhotes.[115] Como todos os invertebrados, a
abelha é suscetível a muitas infecções virais. A maioria dos vírus coexiste inofensivamente no
hospedeiro e não causa sinais ou sintomas de doença.[116]
Vírus de arqueias
Alguns vírus se replicam dentro das arqueias: são vírus de DNA de fita dupla com formas
incomuns e às vezes únicas.[117] Esses vírus foram estudados com mais detalhes nas arqueias
termofílicas, particularmente as ordens Sulfolobales e Termoproteales.[118]
As defesas contra esses vírus envolvem interferência de RNA de sequências repetitivas de DNA em
genomas arcaicos que estão relacionados aos genes dos vírus.[119][120] A maioria das arqueias
possui sistemas CRISPR-Cas como defesa adaptativa contra vírus. Isso permite que a arqueia
retenha seções do DNA viral, que são usadas para direcionar e eliminar infecções subsequentes
pelo vírus, usando um processo semelhante à interferência do RNA.[121]
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Os microrganismos constituem mais de 90% da biomassa no mar. Estima-se que os vírus matem
aproximadamente 20% dessa biomassa por dia e que haja 10 a 15 vezes mais vírus nos oceanos do
que bactérias e archaea.[127] Os vírus também são os principais agentes responsáveis pela
destruição do fitoplâncton, incluindo a proliferação de algas prejudiciais, o número de vírus nos
oceanos diminui ainda mais no mar e mais fundo na água, onde há menos organismos
hospedeiros.[128][129]
Vírus satélites: são moléculas de DNA ou RNA viral que carecem de informações genéticas
essenciais para garantir sua independência replicativa. Vírus satélites dependem de outros
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vírus (vírus helper) para obter os fatores biológicos (proteínas) necessários para a infecção de
uma célula;[132][133]
Virusóides: são moléculas de ssRNA circular que não codificam proteínas. Dependem de vírus
helpers para se replicar e formar capsídeos;[132]
Viróides: são patógenos de plantas constituídos apenas por moléculas de ssRNA circular,
altamente estáveis, as quais não são capazes de codificar nenhuma proteína;[132]
RNAs satélite: considerados subtipos de virusóides, são constituídos por pequenas moléculas
de RNA, que variam de 200 a 1700 nucleotídeos, sendo que os maiores são capazes de
codificar algumas proteínas;[132]
RNAs interferentes defectivos (DI-RNAs): são pequenas moléculas de RNA viral provenientes
de genomas virais que perderam função essenciais em decorrência de seguidas deleções. Um
DI-RNA depende essencialmente do vírus parental (que o originou) para se replicar;[133]
Príons (ou priões): são agentes infecciosos que não possuem nenhum ácido nucleico, sendo
constituídos exclusivamente por um único tipo de proteína estruturalmente modificada que tem
a capacidade de converter proteínas semelhantes e normais em proteínas alteradas quanto a
conformação tridimensional. Tais proteínas alteradas se agregam e causam danos em células
nervosas.[134]
Aplicações
A genética usa vírus como vetores para inserir genes nas células
que estudam. Isso é útil para fazer com que as células produzam
matérias estranhas ou para estudar o efeito da inserção de novos
genes no genoma. Da mesma forma, a terapia de vírus usa vírus
como vetores para tratar várias doenças, porque pode atingir Cientista estudando o vírus
influenza H5N1
especificamente células e DNA.[136] Usos promissores são
mostrados no câncer e na terapia genética. Os cientistas da Europa
Oriental têm usado a fagoterapia como uma alternativa aos antibióticos há algum tempo, e o
interesse nessa abordagem está aumentando devido ao alto nível de resistência a antibióticos em
algumas bactérias patogênicas.[137]
Armas
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A capacidade dos vírus de causar epidemias devastadoras nas sociedades humanas levou à
preocupação de que os vírus pudessem ser armados para a guerra biológica. Outra preocupação foi
levantada pela recreação bem-sucedida do infame vírus da influenza de 1918 em um
laboratório.[138]
O vírus da varíola devastou inúmeras sociedades ao longo da história antes de sua erradicação.
Existem apenas dois centros no mundo autorizados pela OMS a manter estoques de vírus da
varíola: o VECTOR do Centro Estadual de Pesquisa em Virologia e Biotecnologia na Rússia e os
Centros de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos.[139] Pode ser usada como arma,
pois a vacina contra a varíola às vezes teve efeitos colaterais graves, não sendo mais usada
rotineiramente em nenhum país. Assim, grande parte da população humana moderna quase não
tem resistência estabelecida à varíola e seria vulnerável ao vírus.[138][139]
O tamanho e a forma dos vírus, o número e a natureza dos grupos funcionais em sua superfície são
definidos com precisão. Como tal, os vírus são comumente usados na ciência dos materiais como
andaimes para modificações de superfície ligadas covalente mente. Uma qualidade específica dos
vírus é que eles podem ser adaptados pela evolução direcionada. As poderosas técnicas
desenvolvidas pelas ciências da vida estão se tornando a base das abordagens de engenharia para
os nanomateriais, abrindo uma ampla gama de aplicações muito além da biologia e da
medicina.[141]
Devido ao seu tamanho, forma e estruturas químicas bem definidas, os vírus têm sido usados como
modelos para organizar os materiais em nanoescala. Exemplos recentes incluem trabalhos no
Naval Research Laboratory em Washington, DC, usando partículas do vírus do mosaico do caupi
(CPMV) para amplificar sinais em sensores baseados em microarrays de DNA.[142] Nesta
aplicação, as partículas do vírus separam os corantes fluorescentes usados para sinalizar para
impedir a formação de dímeros não fluorescentes que atuam como inibidores. Outro exemplo é o
uso do CPMV como uma placa de ensaio em nanoescala para eletrônica molecular.[143]
Vírus sintéticos
Muitos vírus podem ser sintetizados de novo ("do zero") e o primeiro vírus sintético foi criado em
2002. Embora seja um equívoco, não é o vírus real que é sintetizado, mas seu genoma de DNA (no
caso de um vírus de DNA) ou uma cópia de cDNA de seu genoma (no caso de vírus de RNA). Para
muitas famílias de vírus, o DNA ou RNA sintético nu (uma vez convertido enzimaticamente a
partir do cDNA sintético) é infeccioso quando introduzido na célula.[144][145]
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Ou seja, eles contêm todas as informações necessárias para produzir novos vírus. Essa tecnologia
está sendo usada agora para investigar novas estratégias de vacinas. A capacidade de sintetizar
vírus tem conseqüências de longo alcance, uma vez que os vírus não podem mais ser considerados
extintos, desde que as informações de sua sequência genômica sejam conhecidas e células
permissivas estejam disponíveis.[145]
Ver também
Lista de doenças causadas por vírus
Lista de vírus
Introdução aos vírus
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Bibliografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vírus 34/35
31/03/24, 10:39 Vírus – Wikipédia, a enciclopédia livre
Ligações externas
«International Committee on Taxonomy of Viruses - ICTV» (http://www.ictvonline.org/index.as
p) (em inglês)
«ViralZone - SIB Swiss Institute of Bioinformatics» (http://expasy.ivec.org/viralzone/) (em
inglês)
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