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Características gerais

dos vírus – métodos


de diagnóstico e
Importância a saúde pública

Dra. Tania Regina Tozetto-Mendoza


Instituto de Medicina Tropical de São Paulo – FMUSP
Laboratório de Virologia (novembro/2022)
UM POUCO DE HISTÓRIA:
A LETALIDADE DOS PRINCIPAIS SURTOS
PROVOCADOS POR VÍRUS AO LONGO
DOS SÉCULOS.

Número
de 50 milhões ~50 milhões >33 milhões 152.000-575.400* > 6 milhões
mortos
1520 1918 1981 2009 2022
Variola Influenza HIV Influenza A SARS-CoV2
Orthopoxvírus Gripe espanhola aids Gripe suína COVID-19

1796 – Jener Edward Sorologia/ Estudo molecular


– imunização. Diagnóstico molecular Sequenciadores de
Variola Erradicada terceira e quarta
em 1977- vacinação geração.

DNA dupla hélice


Watson e Crick, 1953
* 12 meses entre 2009-2010
Uma das pioneiras vacinas: contra a varíola
no século XVIII

Foto: Wellcome Collection. Attribution 4.0 International (CC BY 4.0)


Declarada a Erradicação da
varíola pela OMS – década de 80.

Multidão em Itajaí (SC, Brasil) em 1970 para ser vacinada.


Imagem: Acervo da Casa de Oswaldo Cruz
Organização Mundial de Saúde: 8 de maio de 1980,
a OMS: vírus da varíola completamente erradicado
Gripe espanhola
1918 e 1919
• Influenza anteriormente chamada de gripe espanhola devido a
liberdade de imprensa da Espanha que divulgava seus casos.
500 milhões de pessoas afetadas, cerca de um quarto da
população mundial na época.

Fonte: biblioteca nacional de medicina dos EUA


Irradicação da poliomielite: uyma
grande conquista em saúde pública
• No Brasil, o último caso de poliomielite causado por vírus
selvagem ocorreu em 1989. O país recebeu o Certificado
de Eliminação da Poliomielite em dezembro de 1994.

Vacinação contra a
poliomeielite = uma grande
Fonte: Microscopia Eletrônica de transmissão conquista da saúde pública
dos Poliovírus. "Polioviruses" by GrahamColm -
Own work. Licensed under CC BY-SA 3.0 via no início da década de 1990.
Wikimedia Commons
Produção vacinas contra a
poliomielite

(foto: Freepik/Reprodução)
FIOCRUZ, 2022

Ministério da saúde, Brasil 2022 Fonte: FOCRUZ - 2022


Vírus atenuado Fonte: foto Glícia Lopes
Preocupação e educação
sanitária: incessantes para o
controle e a prevenção

Ação: Programas de saúde pública

Projeto Educação
Fonte Imagem: Prefeitura Mario Campos
COMO IDENTIFICAR,
DIAGNOSTICAR, TRATAR,
PREVINIR vírus patogênicos?

COMO SÃO OS VÍRUS?

COMO INVADEM UMA CÉLULA?

COMO causam DOENÇA?


OS VÍRUS
✔Como são esses vírus?
✔Como invadem uma célula? Composição
✔Como são transmitidos e se multiplicam viral

Relação
✔Causam sempre doenças? vírus+
✔Como Tratar? hospedeiro+
✔ como Previnir? ambiente

Dados Clínicos +
✔Como identificar ou diagnosticar? Laboratoriais +
Epidemiológicos
COMO OS VÍRUS SÃO?
CARACTERÍSTICAS GERAIS
DOS VÍRUS
DEFINIÇÃO

Os vírus são parasitos sub-

microscópicos, intracelulares

obrigatórios

MEDIDAS COMUMENTE USADAS EM VIROLOGIA:


∙ MICRON (μ) = 1/1000 mm (10-3 mm)
∙ NANÔMETRO (nm) = 1/1000 000 mm (10-6 mm)
∙ ÂNGSTROM = 1/10 000 000 mm (10-8 mm)
∙ DALTON ( x 1000= kiloDalton, kDa) = 1.66 x 10-24 g
VÍRUS É ACELULAR E SUB-
MICROSCÓPICO

CÉLULA VERMELHA HUMANA


BACTÉRIA (UNICELULAR)

BACTERIA
por MICROSCOPIA
ELETRÔNICA

MEV. SARS-CoV2. Vírus (colorido


MET. SARS-CoV2. Vírus + espiculas
em amarelo) saindo da célula
(membrana celular em azul e
Foto: microscopia eletrônica. NIAID/RML roxo) em cultivo.
Por MICROSCOPIA
ELETRÔNICA

Vírus da hepatite B, com partículas de


Dane.
Por MICROSCOPIA
ELETRÔNICA

C. Goldsmith, CDC Public Health Image Library


(domínio público). Particula viral – zika virus
Por MICROSCOPIA
ELETRÔNICA SARS-COV2

Imagem de Microscopia eletrônica – Prof. Dr. Antonio Sesso – IMT-FMUSP, SARs-CoV2


em cultura de células VERO por Lucy Santos Vilas Boas (ano 2020)
Estrutura dos vírus
Estrutura viral

Fonte: Google imagem


CAPSÍDEO VIRAL COMPOSTO DE
PROTEÍNAS QUE PROTEGEM O
GENOMA VIRAL

✔ Ecosaédrico*

✔ Helicoidal

✔ complexo
Componentes do virion

• Componentes do virion:
• Capsídeo (subunidades protéicas chamadas
capsômeros);
• Envelope (lipídeos, proteínas e carboidratos)
• Internamente: ácido nucleico (DNA ou RNA)
IDENTIDADE DOS VÍRUS

Proteínas, glicoproteínas, ácidos


nucléicos e presença ou não de
envoltório lipídico
 Glicoproteínas

 Proteínas

 Ácido nucléico

 Lipídeo
Modelo: vírus CMV
Citomegalovírus=>
herpesvírus (HHV-5)
propriedade do
envelope viral
MICROSCOPIA
ENVELOPE
ELETRÔNICA

CAPSIDEO+ENVELOPE
ENVELOPE

Capídeo sem envelope

CAPSIDEO+ENVELOPE
VÍRUS ENVELOPADOS OU NÃO

adaptado de Madigan et al. Brock Biology of Microorganisms. 15ª ed. 2019


ENVELOPADOS

Exemplos:
✔ Herpesvirus =DNA
✔ Hepatite B (VHB)=DNA
✔ Varíola =DNA
✔ HIV =RNA
✔ SARS-CoV2 =RNA
✔ Rubéola, caxumba, sarampo=RNA
✔ Influenza vírus=RNA
✔ Poxvírus (Variola, Monkeypox)=DNA
✔ Vírus dengue, zika, Chikungunya = RNA *Envelope adquirido das
membranas celulares
NÃO ENVELOPADOS –
VÍRUS NU

Exemplos:
✔ Adenovirus = DNA
✔ HPV = DNA
✔ Norovirus, Rotavirus=RNA
✔ Rhinovírus = RNA
✔ Poliovírus = RNA
CAPSÍDEO E ENVELOPE VIRAL E O GRAU
DE PROPAÇÃO DO VIRUS EM AMBIENTES

• Vírus não envelopado


✔ Estáveis no meio ambiente: ampla transmissão.
Apresenta capsídeo protéico mais resistente =>
Confere resistência ao vírus em ambientes secos, hostis.
=> Resistente a ação de as sabões, detergentes, álcool.
✔ Resistentes a U.V. 03, Cloro, variações de temperature e
pH, aos ácidos biliares e certas enzimas proteolíticas.
✔ Favorece a ocorrência de surtos. Pode ser também via
fômites (objetos, roupas, maçaneta, corrimão), água e
alimento contaminados.

• Vírus envelopados
✔ são adaptados a ambientes úmidos; pouco resistente à
amobientes secos.
✔ Vírus envelopadas são inativados mais facilmente do
que os vírus não envelopados.
✔ Esse tipo de vírus é mais sensível a desinfetantes e fatores
físicos e químicos, pois, a ação desses agentes remove o
envelope, assim como desnatura os ácidos nucléicos,
inativando o virus,
✔ sensíveis a sabões, detergentes e solvents, álcool.
vírus não-envelopados
com grande potencial
de transmissão

Baixa Dose infectante:


< 20 particulas virais

Suficiente para infectar


1.000 pessoas
Exemplo: Norovírus
Capacidade de
provocar grandes surtos
FUSÃO: ENVELOPE E MEMBRANA CELULAR

envelope viral e membrana plasmática


cellular => Composição Lipoprotéica
Glicoproteínas virais
Interação receptor celular e ligante
viral: tropismo viral em direção a
células específicas
RECONHECIMENTO: VÍRUS +
CÉLULA ALVO
Chave+fechadura

Ligantes virais
(glicoproteínas= espículas)

Receptores na célula alvo


proteínas + acúcares
(glicoproteínas)
RECONHECIMENTO: HIV + CÉLULA
ALVO LINFÓCITO T CD4+ e CO-
RECEPTORES CCR5 E/OU CCR4

gp120/gp41
COMO UMA MUTACÃO/VARIAÇÃO EM
UM CO-RECEPTOR CELULAR PODE
RESTRINGIR CONTRA A ENTRADA DE UM
VÍRUS NA CÉLULA? = SUSCEPTIBILIDADE
DO HOSPEDEIRO

indivíduo com
mutação CCR5
delta 32 não produz
CCR5

Célula com co- Célula sem co-


receptor CCR5 receptor CCR5
Nao há interação
receptor e ligante =
células “fechadas”
para o HIV
RECONHECIMENTO:
SARS-COV2 + ACE2 NA
CÉLULA ALVO
SPIKE + ACE2

SARS-
CoV-2

Fonte: Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, SARS-CoV-2. por


Dr. Ng Haig They.
RECONHECIMENTO:
Herpes simples tipo 1 +
RECEPTORES DA CÉLULA EPITELIAL

HSV-1 = herpes simples do tipo 1

(A) A entrada do HSV-1 nas células hospedeiras ocorre por fusão da membrana
e requer 4 proteínas virais e um receptor celular. (B) O modelo atual propõe que
ao se ligar ao receptor, gD muda sua conformação, que sinaliza para gH/gL,
que ativa gB, o fusogênio da membrana.
INTERAÇÃO COM A CÉLULA ALVO:
Interação de ligantes da superfície do vírus e
receptores celulares, fusão entre o envelope viral e
a membrana celular.
EXPOSIÇÃO DE GLICOPROTEÍNAS
VIRAIS NA SUPERFÍCIE CELULAR
A)

M.B

M.B
B)

Adsorção e penetração viral na célula


EXPOSIÇÃO DE
GLICOPROTEÍNAS VIRAIS NA
SUPERFÍCIE CELULAR

Rastro de antígenos virais: alerta a


resposta imune específica do
hospedeiro.
SISTEMA IMUNE DO HOSPEDEIRO
ATIVADO PELOS ANTÍGENOS VIRAIS
CAA
Linfócito B +
Vírus X + receptor de X
Marcador biológico da fase
das infecções agudas ou
Expansão recentes
clonal de
células

Anticorpos IgM anti-X


(proteínas específicas
circulantes)

Linfócitos de
Linfócitos
memória
efetores
SISTEMA IMUNE DO HOSPEDEIRO
ATIVADO PELOS ANTÍGENOS VIRAIS
CAA

Vírus X + Linfócito B “memória”

Marcador imunológico de
infecções crônicas ou
pregressas

Anticorpos IgG anti-X


(proteínas específicas
circulantes)
IgG (proteína que se liga com alta
afinidade) a um dado antígeno
específico)
Neutralização do vírus por meio
de anticorpos
ANTÍGENOS VIRIAIS + RECEPTORES
DO SISTEMA IMUNE
Proteínas e glicoproteínas virais
• Antígenos na superfície do vírus
• Antígenos na superfície celular
Neutralização dos
vírus pelos Fagocito
anticorpos

Receptor livre Fagocitose impedida


M.P

Não há infecção
Célula humana
Atividade funcional de
anticorpos medido in vitro –
neutralização do vírus pelos
anticorpos
Destruíção da célula infectada
por vírus
Exemplo de RESPOSTA
IMUNE INATA E RESPOSTA
IMUNE ADQUIRIDA anti-viral

• Exemplo: destruição de células infectadas pelo vírus:


células natural Killer (células NK) ou linfócitos T Citotóxicos
( célula CD8+)= produção de interferon- gama e produtos
citotóxicos.

Linfócito T CD8+

Citocinas

Célula infectada
SE O VÍRUS TIVER ÊXITO NA INFECÇÃO DAS
CÉLULAS - ESCAPE DO SISTEMA IMUNE DO
HOSPEDEIRO:
Gerará cópias de si mesmo com a maquinária celular –
replicação/multiplicação viral
ENTRADA E SAÍDA DO
VÍRUS DA CELULA
Entrada saída

Replicação viral no interior da célula


Vírus se multiplicando no interior da
célula alvo
REPLICAÇÃO E ATIVIDADE NO
INTERIOR DA CÉLULA ALVO
• Infecção lítica: produção e
liberação de vírus pela
célula alvo, que se rompe
(lise);

• Infecção não lítica:


produção e liberação de
vírus pela célula por
brotamento pela membrana
celular;

• Infecção latente: produção


de proteínas virais, vírus
integrado no genoma da
célula ou na forma
epissomal; sem produção de
particulas virais.

• Infecção oncogênica: perda


do controle da divisão
cellular.
FASES PARA REPLICAÇÃO
VIRAL E PRODUÇÃO DE VIRIONS

• Adsorção
• Penetração
• Desnudamento
• Replicação
• montagem
• Liberação
FASES DA REPLICAÇÃO VIRAL

✔ Lise
✔ endocitose

✔ núcleo
✔ citoplasma
FASES PARA REPLICAÇÃO
VIRAL E PRODUÇÃO DE VIRIONS

• Adsorção (fixação) – especificidade alta: receptores e


ligantes/ tropismo viral à célula alvo.
• Penetração – endocitose ou fusão das membranas
• Desnudamento – capsídeo digerido por enzimas celulares e
liberação do genoma viral (acido nucléico viral)
• Replicação – cópias virias direto no ribossomo ou por meio
de produtos intermediários no núcleo ou no citoplasma
• Reunião das partículas (maturação ou montagem do vírus)
• Liberação do vírus: lise da célula, por exocitose ou por
brotamento
MECANISMOS DE ESCAPE
dos vírus

1. Variação antigênica
2. Latência
3. Camuflagem ou mimetismo de moléculas do sistema
imune
4. microRNA virias controlam a expressão de genes do
hospedeiro para evitar à apoptose
5. Imunortalização de células (bloqueio do controle de
divisão célular) levando à tumorigenese.
6. Supressão da resposta imune do hospedeiro
Variação antigênica
Mutações na sequência de nucleotídeos que levam a troca de
aminoácidos e mudança na conformação da proteína =>
anticorpos do hospedeiro perdem parte da capacidade da
neutralização específica
Variação antigênica em HA e NA
=> estratégia viral de vencer a
neutralização dos anticorpos

Portanto: a formulação de
algumas vacinas, especialmente
contra vírus de RNA, devem ser
anualmente atualizadas.
Ex: vacina da Influenza.

Modelo: vírus
Influenza A, B
ALGUMAS VARIAÇÕES GENÉTICAS OBSERVADAS
NAS SEQUENCIAS DE NUCLEOTÍDEOS
TAXA DE ERRO DA TRANSCRIPTASE
REVERSA E A PRODUÇÃO DE VARIANTES
VIRAIS
Exemplo: retrovírus HIV

Taxa de erro da enzima transcriptase


reversa: 1/2.000 => favorece à
produção de variantes virais => ALTERA
A PATOGENICIDADE E ALTERA A
CAPACIDADE VIRAL DE ESCAPE DA
RESPOSTA IMUNE.

Os vírus RNA são consideravelmente geneticamente menos estáveis,


com taxas de mutação espontânea entre 10-3 a 10-4 por nucleotídeo
incorporado.

As RNA-polimerases em geral não possuem capacidade de correção de


erros.

·
TAXA DE ERRO DA DNA POLIMERASE É BAIXA =>
VARIABILIDADE MENOR = CONSERVAÇÃO DO GENOMA DE
DNA OU SEUS TRECHOS.
• As enzimas DNA-polimerases da célula eucariota podem replicar genomas
pequenos ou médios (papilomavírus, poliomavírus), enquanto os genomas
grandes geralmente codificam as suas próprias polimerases (adenovírus,
herpesvírus, poxvírus).

DNA-polimerases

Exemplo: herpesvírus

Taxa de erro da enzima. Os vírus DNA são comumente e geneticamente


mais estáveis do que os vírus RNA; a taxa de mutação é de 10-8 a 10-11
por nucleotídeo incorporado. Isso se deve, em parte, que as DNA-
polimerases capacidade de correção de erros (reparo).
O GENOMA VIRAL
MATERIAL GENÉTICO VIRAL

✔ com uma única fita de nucleotídeos (ss)


✔ com uma dupla fita de nucleotídeos (ds)
✔ Circular, Linear, segmentado

• Vírus de DNA (= genoma com


ácido dexorribonucléico)

• Vírus de RNA (= genoma com


ácido ribonucléico)
GENOMAS VIRAIS DIFEREM EM TAMANHO

• Herpesvírus: ~ 190.000 a 230.000 ds


linear(190 a 230 kb)
• Hepatite B: 3.200 nt – ds circular (3,7 kb)
• Adenovírus: ds, linear, 30.000 a 42.000 nt
(30 a 42 Kb)
DNA vírus • HPV (papilomavírus): ds circular, 8.000 nt
(8,0 kb)
• Poxvírus: ds linear 170.000 – 200.000 (170 a
200 kb)
GENOMAS VIRAIS DIFEREM EM TAMANHO
E ESTRUTURA

• Coronavidae RNA linear + ss SARS-CoV-2; 28 a


33 kb
• Flaviviridae: RNA+ linear ss vírus FA*, dengue,
Zika; RNA+ ss Virus da hepatite C: 10-12 kb
• Togaviridae: RNA linear +ss alphavírus
RNA vírus Chikungunya, Ribivírus (Rubéola): 10-13 kb
• Reoviridae: Rotavírus RNA segmentado ds
• Retroviridae: RNA ss + Transcriptase reversa:
HIV-1: 9 kb
• Orthomyxoviridae: RNA - segmentado ss Influenza,

*FA = febre amarela


DIFERENTES ESTRUTURAS DOS
GENOMAS VIRAIS DE DNA

DNA dupla fita DNA dupla fita DNA simples fita


Ex: herpesvírus ✔ Integrado Ex: Parvovírus B19
• Genoma Linear ✔ Epissomal
(produtiva) Ex: papiloma
• Genoma circular virus
epissomal na
célula (latência)
DIFERENTES ESTRUTURAS DOS
GENOMAS VIRAIS DE RNA

RNA simples fita RNA dupla fita


Duas simples fitas de
Ex: vírus segmentado
RNA e enzima
hepatite C Ex: Rotavirus A,
transcriptase reversa
Atua como mais comum.
RNAm Trechos Ex: HIV-1
segmentados geram RNA=> cDNA
recombinantes (intercala no
genoma celular)
GENOMA E A CLASSIFICAÇÃO DE
BALTIMORE, 1971

ssRNA+RT DNA ds=+RT


DNA DNA RNA RNA+ RNA- Retrovirus Retrovírus

ds ss ds ss ss RNA =>
DNAc
DNA=>RNA
=>DNA

• I: Vírus dsDNA: vírus DNA cadeia dupla Adenovirus, Herpesvirus (tem sua própria DNA
polimerase), Poxvirus (varíola, monkeypox), Poliomavirus e papilomavirus= usa a DNA polimerase do
hospedeiro)
• II: Vírus ssDNA: vírus DNA cadeia simples (Parvovirus, Torquenovirus= usam DNA polimerase da célula
hospedeiro
• III: Vírus dsRNA: vírus RNA cadeia dupla Reovirus = Rotavirus
• IV: Vírus (+)ssRNA: vírus RNA cadeia simples positivo (e.g. Picornavirus (EV, Rinovirus), Togavirus
(sarampo
• V: Vírus (-)ssRNA: vírus RNA cadeia simples negativo (e.g. Orthomyxovirus (Influeza virus), poxvirus
• VI: Vírus ssRNA-RT: vírus RNA cadeia simples com DNA intermediário (e.g. Retrovirus: HIV, HTLV)
• VII: Vírus dsDNA-RT: vírus DNA cadeia dupla com RNA intermediário (e.g. Hepadnavirus: Hepatite B vírus)
ESTRATÉGIA COMUM ENTRE OS VÍRUS

• Os genomas virais devem produzir/ter mRNA que


pode ser lido pelos ribossomos das células
hospedeiras
• O mRNA é fundamental para produção de proteínas virais.
Proteína viral

RNAm viral

Ribossomo “escravizado” da célula hospedeira = produção de


proteínas estruturais ou não estruturais
REPLICAÇÃO VIRAL

• Vírus de DNA- replicam no núcleo. Exceto poxvirus que


replica no citoplasma.

• Vírus RNA – replicam no citoplasma; deve ser transcrito


por uma RNA polimerase dependente de RNA, de
origem viral. São exceções: o vírus Influenza é um
genoma segmentado que replica no núcleo. HIV que
tem a enzima para a transcrição reversa, produz cDNA
e se integra obrigatóriamente no genoma da célula
hospedeira.
Vias de transmissão
VIAS DE TRANSMISSÃO DE VÍRUS
2. FOMITES, ALIMENTOS, ÁGUA
1. PESSOA A PESSOA/PESSOA
A ANIMAL/ANIMAL A PESSOA
(fluidos corporais)

via fecal-oral Iatrogenia

3. arbovírus transmitidos
por PICADA DE INSETOS
Via sexual

via respiratória/saliva
ou perdigotos

mercado de
animais vivos
Diagnóstico clínico +
laboratorial + epidemiológico
Diagnóstico clínico

(sinais e sintomas) (Portador assintomático)


“Fenômeno do iceberg”

Doença clássica
Doença clínica

Sintomas clínicos brandos

Doença subclínica Infecção assintomática


Infectividade persistente (+)
“Fenômeno do iceberg”

Doença clínica

Doença clássica

Doença subclínica

Escape
O “iceberg” da febre
amarela
Diagnóstico laboratorial

 Isolamento em cultura e observação do


efeito citopático em células cultivadas in
vitro ou tecido infectado.
 Pesquisa de antígenos
 Pesquisa de anticorpos (sorologia)
 Sequenciamento de nucleotídeos
(genoma viral completo ou parcial)
Vírus agentes filtrantes

 Primeiras descrições: vírus são


agentes filtráveis (ano 1.800)

Bacterias não passam

Figura 1. Filtros de membrana podem ser usados para remover células ou vírus de uma solução. (a) Esta
micrografia eletrônica de varredura mostra células bacterianas em forma de bastonete capturadas na
superfície de um filtro de membrana. Observe as diferenças no tamanho comparativo dos poros da
membrana e das bactérias. Os vírus passarão por este filtro. (b) O tamanho dos poros no filtro determina o
que é capturado na superfície do filtro (animal [vermelho] e bactérias [azul]) e removido do líquido que
passa. Observe que os vírus (verde) passam pelo filtro mais fino. (crédito a: adaptado do trabalho do
Departamento de Energia dos EUA). https://www.coursehero.com/study-guides/microbiology/isolation-
culture-and-identification-of-viruses/
Isolamento em cultura

Fonte: Pictorial Press Ltd / Alamy Stock


Photo | Crédito: Alamy Stock Photo
Direitos autorais: Credit: Pictorial Press Ltd / Alamy
Stock Photo

• Isolamento do poliovírus em cultura antes do processo de inativação ou atenuação


Observação das células em
microscópio de inversão
Inocular material
biológico tratado:
Crosta de lesão,
fezes, swab vaginal, Dias
sêmen, plasma,
biópsia, secreção
respiratória, etc

Sincício

Efeito citopático = Exemplo: Síncício (múltiplos núcleos).


VSR (vírus sincicial respiratório): um dos agentes dos
quadros de bronqueolítes em crianças pequenas.
Microscópio de inversão: Msc Lucy Vilas Boas
EFEITO CITOPÁTICO DOS VÍRUS PÓLIO
APÓS COLORAÇÃO E OBSERVAÇÃO
EM MICROSCÓPIO COMUM
ADENOVIRUS
Cultivo e efeito citopatico do virus
Isolamento do primeiro
caso do vírus monkeypox
em São Paulo.
EFEITO CITOPÁTICO

Pro-eritroblasto gigante (percursor dos glóbulo vermelho) com


inclusões citoplasmáticas, sugerindo a infecção por Parvovírus B19,
aspirado de medula óssea.
Testes para Pesquisa de
antígenos ou anticorpos
TESTE QUE PESQUISAM
ANTÍGENOS VIRAIS
• Antigenemia - detecção da proteína pp65 da
estrutura matrix do Citomegalovírus. Amostra: no
sangue (neutrófilos). Aplicação: Monitoramento viral
em pacientes imunocomprometidos (transplantados)
Gradiente para
separar as células
brancas
(especialmente os
neutrófilos)

Preparo de
lâmina/
coloração

Células Neutrófilos: célula positiva para o Ag pp65


(cor marron)
Leitura microscópio ótico comum. Contagem
baseada em cópias de células positivas
Detecção de Vírus respiratório
Imunofluorescência direta: busca
Antígeno viral

Kit diagnostico =
anticorpos
monoclonais anti-
Adeno + FITC*
Células do epitélio respiratório
coletadas em lavado nasal:
positivas (céulas verde);
negativas (céulas vermelhas) =>
microscópio de fluorescência.
TESTE QUE PESQUISAM ANTÍGENOS
VIRAIS (testes diretos)

• Imunocromatográfico: detecção de antígenos


(proteínas ou glicoproteínas do virus) – sensibilidade
/especifoicidade menor= custo beneficio: rápido,
acessível.

Sangue digital (dengue, zika , chikungunya,


hepatites)
Secreções respiratórias (COVID-19, Influenza A)
TESTES QUE PESQUISAM ANTICORPOS
ESPECÍFICOS= DIAGNÓSTICO
SOROLÓGICO (testes indiretos)

• IgM = marcador de infecção


aguda/recente
• IgG = marcador de infecção
crônica/ pregressa

• Pesquisas podem ser feitas


principalmente no soro, plasma a
partir da coleta de sangue.
TESTES QUE PESQUISAM
ANTICORPOS - DIAGNÓSTICO
SOROLÓGICO

SORO

Anticorpo IgM no
soro
marcador indireto de
infecção aguda

• Importância no diagnóstico pré-natal: detecção de anticorpos IgM


específicos como marcador de primo-infecção:
• Ex: diagnóstico sorológico: anticorpos IgM anti- vírus da Rubéola ou IgM
anti-citomegalovírus => devido ao risco de infecção viral do feto (virus
atravessa a barreira placentária) e mal formação congênita.
DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO: pesquisa
de anticopos específicos

A B

Teste imunocromatográfico Teste imunoenzimático para


para pesquisa de anticorpos pesquisa de anticorpos IgG e
IgG e IgM IgM
Teste de neutralização
 Pesquisa de anticorpos neutralizantes: anticorpos que
bloqueiam a entrada do vírus na célula in vitro

Fonte: https://www.cdc.gov/polio/what-is-polio/lab-
testing/diagnostic.html
Estudos soroepidemiológios

• – avaliar a dinâmica da transmissão ou exposição


prévia de uma população ou grupo de risco por meio
da pesquisa de anticorpos (Ac) específicos no soro.

Ac

Enquéritos sorológicos: pesquisar anticorpos IgG


no soro de um grupo populacional e verificar a
dinâmica de exposição da população a um dado
patógeno => soroepidemiologia.
INVESTIGANDO A GENÉTICA
VIRAL
Tecnologia da
amplificação do DNA viral
e a enzima Taq polimerase

• identificação do patógeno por PCR evoluiu bastante


após a descoberta de uma enzima de uma bactéria
capaz de funcionar em altas temperaturas. Essas
altas temperaturas são necessárias durante a
ciclagem de amplificação das fitas de DNA por meio
da enzima Taq polimerase.
Tecnologia da amplificação
do DNA: identificação do
patógeno viral por PCR

• Descoberta da fonte da enzima Taq polimerase na


bactéria Thermo aquaticus (JOURNAL OF BACTERIOLOGY,
Aug. 1969, p. 289-297 Vol. 98, No. I)
• uma das enzimas mais importantes em biologia
molecular devido ao seu uso na técnica de reação
em cadeia da polimerase (PCR).

Bactérias que vivem em extremos de temperatura: fonte da enzima dos testes de PCR
Pesquisa do material
genético viral
 PCR em tempo real – pesquisa de pesquisa de um
trecho de ácidos nucléicos do vírus

 Genotipagem ou tipagem viral

 Sequenciamento parcial ou completo do genoma viral


Investigação do vírus em diferentes
fontes

Faltou
uma luva

Vírus entéricos podem ser pesquisados


nas fezes/vômitos dos pacientes ou
tripulantes de um navio ou na água,
alimentos suspeitos e superfícies.

 Enterovírus
 Rotavírus
 norovírus
Do PCR em laboratório ao PCR
um “sache”
Pelo menos duas ou três salas: extração de
DNA/RNA; preparo dos reagentes e pré´- PCR;
sala de pós PCR.

Apenas um ambiente pode ser fora do


laboratório: campo, UTI, etc
*PCR = reação em cadeia da polimerase
Diagnóstico molecular e estudo
do genoma do zika vírus

Sequenciador portátil: detectar cada


nucleotídeo sequencial do genoma
viral: < 1h: 30 mim.
INVESTIGAÇÃO DE TRANSMISSÃO
IATROGÊNICA DE HIV

CHIN-YIH OU et al.,
1992

Molecular epidemiology of HIV transmission in a dental Via sangue


practice. CHIN-YIH OU et al. Science, 256:1165-1171, 1992.
revisto posteriormente por HILLIS e colaboradores que
confirmaram os dados iniciais e suas conclusões
ÁRVORE FILOGENÉTICA PARA A
. CLASIFICAÇÃO DE UM VÍRUS:
GENÓTIPOS, CLADOS, SUBTIPOS –
VARIABILIDADE GENÉTICA

RatG13 = roedores e morcegos


PcoV GX P5E = pangolin

NOROVIRUS
CORONAVIRUS
MONITORAMENTO DA
VARIABILIDADE GLOBAL DE
UM VÍRUS
• rede de monitoramento de vírus, que causam surtos:
Exemplo: calcinet , noronet
• compartilhamento de dados virológicas, moleculares
e epidemiológicos do Norovírus
• Norovirus Typing Tool version 2.0 - disponível na
net/geneBank.
MONITORAMENTO DA
VAROIABILIDADE GLOBAL
DE UM VÍRUS
• rede de monitoramento de vírus, que causam surtos:
calcinet , noronet
• compartilhamento de dados virológicas, moleculares
e epidemiológicos do Norovírus.
• classifica os genótipos virais a partir de sequencias
de nucleotídeos depositados no site em 5 segundos.

GII.2
VIGILÂNCIA GENÔMICA

• Ferramenta essencial
vigilancia genônica do
SARS-CoV-2 no Brazil -
pandemia COVID-19
• Exemplo ferramenta:
Genov (padrocínio
DASA)

Fonte: https://dasa.com.br/genov/dados/variante-omicron-tem-
predominancia-total-no-brasil-e-surgimento-de-novos-recombinantes-
acende-alerta
Necessidade de testes acessíveis
para o controle sanitário do vírus
Prevenção
Programas de educação
sanitária desde as crianças,
famílias e profissionais
Programas de educação Sanitária
institucionais em diferentes setores
PREVENÇÃO E
CONTROLE
• Limpar superfícies com
hipoclorito 2%
• NoV persiste em fômites
(superfícies secas) por 8
horas a 7 dias.
Conhecendo o vírus e fazendo
vacinas
POLIOMIELITE
POLIOVÍRUS SELVAGEM (PVS) SOROTIPO 2 FOI
DECLARADO ERRADICADO EM 2015
EM 1994, O BRASIL GANHOU CERTIFICADO DE
Imagem CDC ERRADICAÇÃO
• 1950 -1960

Sequelas motoras
Crianças em Pulmão de aço

Para manter a erradicação => cobertura vacinal: 95% das crianças


vacinadas.
Sistema Único de Saúde (SUS) para a imunização da pólio: a inativada (Salk) e a atenuada (Sabin). A vacina inativada deve ser aplicada nos bebês aos
2, 4 e 6 meses de idade. Já o reforço da proteção contra a doença é feito com a vacina atenuada, aquela administrada em gotas por via oral entre os
15 e 18 meses e depois, mais uma vez, entre os 4 e 5 anos de idade.
Vacina
contra a poliomielite
Esquema vacinal - Organização
Mundial da Saúde (OMS) - processo
de erradicação mundial da pólio.
1/200 – paralisia

Salk- Vírus inativado


três doses da vacina injetável –
VIP (2, 4 e 6 meses)

Sabin (vírus atenuado)


Mais duas doses de reforço
com a vacina oral bivalente –
VOP (gotinha).
HPV = verrugas na pele e
câncer do colo do útero

• Condiloma envolvendo o meato uretral


Papilomavirus vacinação

Ag L1
98%
eficácia
da vacina

HPV vírus
HPV não envelopado

• Vacina tetravalente: subtipos 16 e 18 (oncogenes de alto risco para CCU) e 6 e 11


(baixo risco; verrugas genitais benignas).
• Composição vacinal: proteína do capsídeo viral L1 => induz forte resposta de
anticorpos anti-HPV.
Prevenção da Febre
amarela

A vacinação = vírus atenuado, cepa 17D, em


ovos embrionados de galinha (Fundação
Oswaldo Cruz – Bio-Manguinhos).

Replicação viral nos linfonodos, células


musculares e disseminação para o
fígado e diversos órgãos
Alerta a Reativação do VZV
(herpesvirus do tipo 3 ou varicella
zoster) na população maior de 50
anos.

Complicações clínicas: quadro Recomendação:


vacina
persistente de intensa dor crônica =
neuralgia pós-herpética.
Identificando as viroses de
IMPORTÂNCIA A SAÚDE
PÚBLICA:
Acomentando a população
geral ou grupos específicos
TÓPICOS DE ESTUDO
1.Introdução: impacto das viroses sobre a civilização humana, descobertas das vacinas
e programas sanitários de prevenção; mudança de olhares a luz da tecnologia;
2. Características gerais dos vírus: identificação de seu comportamento em cultura até
a visualização de sua estrutura sub-microscópica por microscopia eletrônica.
3. Composição do virion e importância dos glicoproteínas de superfície viral;
4. Vírus não envelopados – composição do virion e resistência ao ambiente
5. Fase de latência, fase lítica viral e reativação viral
6. Tropismo viral para uma células específica
7. Fases da replicação viral (por meio de enzimas polimerases e transcriptase reversa)
8. Genoma viral: Virus de DNA e RNA e a replicação viral
9. Métodos de investigação e monitoramento viral
10. Importância de monitorar a variabilidade viral
11. Marcadores de infecção viral aguda e pregressa
12. Diagnóstico clínico, contexto epidemiológico e teste laboratorial
13. Diagnóstico diretos (testes de pesquisa de antígenos protéicos virais; pesquisa de
RNA e DNA viral) e indiretos (sorologias)
14. Evolução dos testes de diagnóstico laboratorial e acessibilidade
15. Educação sanitária, Prevenção e controle das viroses
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
• Murray P; Rosenthal KS; Kobayashi GS; Pfaller MA.
Microbiologia Médica. Ed. Guanabara Koogan.

• Abbas AK; Lichtman AH; Pober JS. Imunologia Celular e


Molecular. Ed. Revinter.

• Minns C; Playfair J; Roitt I; Wakelin D; Willians R.


Microbiologia Médica. Ed. Manole.

• Veronesi. Tratado de infectologia. Ed. Atheneu.


https://www.cdc.
gov/
Nomenclatura dos vírus
MUITO OBRIGADA

tozetto@usp.br

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